intelectual e/ou multideficiência numa unidade de restauração UFCD 7298 - Turismo inclusivo na restauração 4.1. Condições de acessibilidade e produtos de apoio
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• Os clientes com deficiência intelectual ligeira ou moderada apresentam significativas limitações, nomeadamente no que diz respeito à compreensão das situações, à comunicação, à utilização de linguagem oral, da escrita e do cálculo, à orientação no espaço e no tempo e às tomadas de decisão. • Apresentam também níveis de capacidades, em matéria de mobilidade, agilidade, visão, audição e de autonomia pessoal e social, que fazem com que não se coloquem especiais necessidades relativamente às questões de acessibilidade e produtos de apoio. Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 3 • Os clientes com deficiência intelectual severa ou com outras deficiências de natureza física (motora, sensorial) associadas à deficiência intelectual (multideficiência) e um elevado grau de dependência, apresentam necessidades especiais importantes em matéria de acessibilidades e produtos de apoio. •A situação mais frequente é tratar-se de pessoas com deficiência motora, que se deslocam em cadeira de rodas, em que as suas capacidades para manobrarem a cadeira são, de um modo geral, bastante mais limitadas do que as das pessoas sem deficiência intelectual. Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 4 • As competências de apoio e assistência pessoas, assim como de mobilização e operação dos produtos de apoio à mobilidade que os profissionais precisam de ter, sendo embora semelhantes às do cliente com deficiência motora, precisam também de algum grau de ajustamento às circunstâncias concretas de cada um destes clientes. •O mesmo se passa relativamente às situações em que se associem limitações do foro sensorial (visuais ou auditivas). • Os clientes com deficiência intelectual severa ou multideficiência, requerem dos serviços de restauração cuidados específicos, em grande parte mediados pelos acompanhantes. Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 5 • Embora o serviço a prestar seja frequentemente intermediado pelo acompanhante (familiar ou técnico), não deixa de haver lugar a serviços prestados diretamente ao cliente. • Devemos interagir com ele, não fingir que ele não existe e não presumir que ele não compreende ou não sente nada. • Quando as deficiência associadas sejam de natureza motora, visual ou auditiva, devemos mobilizar as competências relativas ao apoio e assistência pessoal aos clientes com estes tipos de necessidades especiais. Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 6 • Na posse dos conhecimentos relativos a este tipo de clientes, devemos elaborar uma lista de verificação dos requisitos de acessibilidade física e produtos de apoio disponíveis na unidade de restauração para clientes com limitações motoras ou sensoriais associadas à deficiência intelectual. • Devemos utilizar uma lista de verificação adequada às necessidades do cliente com deficiência intelectual ou multideficiência, verificar os requisitos de acessibilidade física e produtos de apoio disponíveis na unidade de restauração, informar os serviços adequados sobre as não conformidades detetadas e verificar regularmente as condições de funcionalidade do espaço e produtos de apoio. Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 7 4.2. Acolhimento do cliente
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• No caso do cliente com limitações intelectuais ligeiras ou moderadas, os cuidados especiais no acolhimento terão essencialmente a ver com a comunicação: Adaptar a linguagem ao interlocutor Utilizar palavras de fácil compreensão Procurar compreender o código de linguagem do cliente, o qual poderá ser bastante limitado
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• O estabelecimento de uma relação de proximidade, empatia e respeito com o cliente, desde a chegada, facilitará todo o processo de comunicação ao longo do serviço. • No caso do cliente com deficiência intelectual severa ou multideficiência, o acolhimento é feito ao conjunto (acompanhante/familiar e pessoa com deficiência), pelo que o profissional não deverá comunicar apenas com o acompanhante, mas também com o cliente com multideficiência, de modo a que este se sinta também devidamente acolhido, se sinta também considerado como uma pessoa e como cliente. Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 10 • Devemos encaminhar o cliente para a mesa tendo em conta a forma como se desloca, caso seja em cadeira de rodas ou com outro tipo de apoio a mobilizar, escolher a mesa mais adequada, com maior proximidade das saídas de emergência e perto da casa de banho e procurar também que a mesa se encontre mais próxima do empregado para facilitar a capacidade de resposta às necessidades do cliente. • A acomodação do cliente deve ser efetuada de acordo com a situação específica em presença, em termos de deficiência física associada e tipo de limitações. Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 11 4.3. Serviço de mesa, bar e cafetaria
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• Ao apresentar a carta ao cliente e tomar nota do pedido, devemos ter em atenção as dificuldades do cliente com limitações intelectuais para compreender quais as opções disponíveis. • Devemos dispor de uma ementa simples, com imagens, dar explicações curtas e claras e não utilizar palavras ou expressões complexas. • Devemos compreender o que o cliente deseja, tendo em vista o maior ajustamento possível entre os gostos do cliente e a oferta de alimentos e bebidas disponível. Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 13 • No caso de se tratar de um cliente com multideficiência devemos informar-nos junto do acompanhante acerca de eventuais cuidados específicos de dieta, dos seus gostos, dos produtos de apoio que o cliente precise e procurar que o cliente participe nas escolhas a fazer, tendo em conta as suas capacidades e dificuldades de comunicação. • Nos casos em que se justifique, a mise-en-place pode ser ajustada convenientemente para melhor adequação do serviço às necessidades especiais do cliente.
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• Devemos recorrer a utensílios que proporcionem uma maio estabilidade, tais como: Copos sem pé Talheres mais pesados Pratos côncavos Serviços de loiça contrastantes com a toalha e com os guardanapos
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• Quanto ao serviço, devemos servir porções generosas, pois os clientes com deficiência intelectual costumam gostar de ser “bem servidos”, encarando a valorização da quantidade sem estranheza, respeitando as opções do cliente. • Contudo, temos de apelar ao bom-senso e não esquecer as insuficiências de autocontrolo que alguns destes clientes podem ter relativamente a excesso de consumo de bebidas e comidas, nomeadamente as bebidas alcoólicas. • Em matéria de empratamento, devemos ajudar no que for necessário, tal como na preparação do peixe e no corte de carne e legumes. Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 16 •A escolha das sobremesas poderá ser facilitada pela apresentação das opções disponíveis, utilizando o carro de sobremesas ou um tabuleiro. • Temos de adotar uma postura especialmente atenta e pró- ativa, nomeadamente no que se refere à reposição de alimentos e bebidas e a outras solicitações de serviço, procurando eliminar dificuldades de comunicação e possíveis atitudes de inibição por parte dos clientes.
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• No final do serviço, é importante perceber até que ponto o cliente e o acompanhante ficaram satisfeitos com o serviço prestado. • Quando exista na unidade de restauração um sistema de avaliação da satisfação dos clientes, é relevante obter informação específica sobre as condições de resposta da unidade às necessidades especiais dos clientes com deficiência intelectual ou multideficiência.
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4.4. Serviço de buffet, coffee-break e room-service
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• No caso dos clientes com deficiência intelectual ligeira ou moderada, o apoio a prestar pelo profissional terá essencialmente um carácter supletivo relativamente às atividades em que o cliente encontre mais dificuldade, como: Orientação para acesso aos utensílios Identificação e serviço dos alimentos e bebidas Apoio nas situações de reposição de alimentos e bebidas
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• No caso dos clientes com deficiência intelectual severa ou multideficiência, dependendo do tipo e gravidade das limitações associadas, o profissional poderá ser chamado a uma intervenção mais específica, articulada com a do acompanhante, de forma a ultrapassar as dificuldades: De deslocação ao longo das mesas do buffet e na sala De identificação e escolha dos alimentos e bebidas Do ajustamento da mise-en-place Da mobilização de produtos de apoio Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 21 • No caso do serviço de room-service, o profissional poderá ter que disponibilizar o seu apoio ao cliente: Na adaptação do mobiliário do quarto e mise-en-place Na escolha de um menu que melhor sirva os gostos do cliente No empratamento e preparação dos alimentos no prato Na mobilização de produtos de apoio necessários
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4.5. Relacionamento interpessoal
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• No plano do relacionamento interpessoal, o cliente com deficiência intelectual ou multideficiência e os seus familiares/acompanhantes realçam a expectativa de não serem discriminados e de não serem olhados com estranheza ou com pena, esperando que os profissionais sejam pacientes, disponíveis e perspicazes no entendimento das suas necessidades. • A atitude do profissional pode fazer toda a diferença, em que no lugar de encarar a pessoa à luz dos preconceitos e estigmas que ainda imperam na sociedade, deve-se optar por reconhecer as suas aptidões, méritos e competências. Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 24 Devemos rejeitar os estereótipos que tendem a caracterizar negativamente as pessoas com deficiência intelectual, tais como: • A pessoa é incapaz de fazer coisas sozinha • É fonte de tristeza e infelicidade para si própria e família • Só consegue fazer tarefas repetitivas • Não se interessa pelo meio que a rodeia • Não é ambiciosa e contenta-se facilmente • É agressiva Prof. José Fernandes - 7298 - Turismo inclusivo na restauração 25 • Não devemos generalizar e considerar que todas as pessoas são diferentes e mesmo duas pessoas tendo o mesmo tipo de deficiência, as suas capacidades, limitações e necessidades podem ser completamente distintas. • Ao rotularmos alguém, não estamos a olhar para o que essa pessoa realmente é ou sente. • Os rótulos negativos marcam a pessoa e são geradores de sofrimento e criam um círculo vicioso de discriminação e exclusão.
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