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TBG/PETROBRAS/SULGÁS
FINEP
PROJETO ENCOMENDA CTPETRO
21.01.0399.00
SUBPRODUTO DO PROJETO:
CONTROLE DE ATMOSFERAS EM FORNOS À GÁS NATURAL
FORNOSGN
1 – Introdução
Nesta etapa foram realizados o acompanhamento do processo de conversão de fornos de
tratamento térmico a óleo, GLP e energia elétrica para fornos que operem a gás natural, e a análise
de diversos fatores que afetam a qualidade final dos produtos tratados termicamente. Fatores como
taxa de aquecimento, atmosfera dos fornos/analise dos gases de combustão, homogeneidade do
aquecimento e qualidade metalúrgica de peças tratadas termicamente em fornos a gás natural foram
analisados fornecendo subsídios para difusão da cultura de utilização desta fonte de energia no
maior pólo industrial do estado.
O desenvolvimento das atividades no contexto do projeto consistiu, em linhas gerais, em
avaliações de fornos para tratamentos térmicos que empregam energia elétrica ou gás GLP,
caracterizando os produtos tratados termicamente visando estabelecer os critérios tanto de
processamento como de qualidade dos produtos para direcionar a conversão destes equipamentos
para uso do energético GN.
Com os dados obtidos e todas demais atividades já realizadas bem como com a experiência
acumulada, o objetivo principal desta etapa do projeto foi estabelecer um roteiro de procedimentos
para subsidiar futuras conversões de equipamentos que empregam energia elétrica ou GLP para
utilização do GN.
Cabe ressaltar que a gama de equipamentos de tratamentos térmicos utilizados, bem como
também de tipos de tratamentos a serem realizados é bastante grande, o que determina diferentes
tipos de equipamentos e ciclos térmicos empregados, além de diferentes tipos de queimadores a
serem selecionados conforme cada necessidade.
2 – Metodologia
A determinação dos procedimentos de conversão de fornos deve se dar a partir da avaliação
de aspectos como tipo de material a ser tratado (tipo de aço), objetivo do tratamento térmico (tipo
de tratamento), regime de tratamento (intermitente – pequenos volumes, contínuo – grandes
volumes) e equipamentos (fornos tipo câmara, com atmosferas controladas, tipo mufla, etc.) a
serem empregados. Os componentes apresentados como exemplo de tratamentos térmicos no
presente relatório já estão sendo tratados em fornos convertidos para GN, já homologados a partir
dos resultados do projeto em andamento.
2.1 - Tipo de Material a ser Tratado
Devem ser avaliados que materiais serão tratados usualmente no equipamento a ser
convertido. Resumindo algumas possibilidades, um aço baixo carbono (SAE 1010) e outro
componente mecânico de aço baixa liga (SAE 8620), os quais devem receber um tratamento termo-
químico de endurecimento superficial de carbonitretação, que consiste inserir a peça em uma
câmara com atmosfera contendo nitrogênio e carbono, o qual irá difundir para a superfície da peça,
resultando em um endurecimento com o objetivo de proporcionar resistência ao desgaste.
Este tipo de componente associado ao tratamento térmico necessário determina o tipo de
equipamento (forno) a ser empregado. Neste caso, é necessário um forno tipo câmara, onde a fonte
de calor não deve ser exposta a atmosfera carbonitretante a qual a peça esta inserida devido à
degradação dos elementos de aquecimento. As resistências elétricas, por exemplo, seriam afetadas
por esta atmosfera gerando degradação dos elementos resistivos e do aquecimento do forno. Isso
determina a utilização de um forno tipo câmara com aquecimento confinado em tubos radiantes que
no caso de fornos elétricos, tem elementos resistivos no interior de tubos de aço refratário, os quais
irradiam a temperatura para o interior da câmara de tratamento.
Outro caso poderia ser uma biela de motor VR – 125 CC, usada em motores de kart,
fabricada em aço SAE 4320, a qual é cementada, temperada e revenida. Trata-se de outro exemplo
de componente mecânico em aço baixa liga, que deve empregar tratamento em forno tipo câmara
com atmosfera cementante e, posteriormente encaminhado para têmpera e revenimento. Também
neste caso vale a conversão do equipamento elétrico com resistência e tubo irradiante para uso de
microqueimador com queima confinada no interior dos tubos irradiantes, permitindo a elaboração
de atmosfera controlada em seu interior.
Isso pode determinar a utilização de microqueimadores instalados no interior dos tubos com
queima confinada, e ajustes precisos da relação ar/GN para que a queima e o aquecimento se
processem adequadamente. Conforme desenvolvido no decorrer do projeto, com ajuste da queima
confinada em um tubo de quartzo, para posterior emprego nos tubos de aço refratário.
Fig. 1 – Ajuste de queima de GN com microqueimadores no interior de tubos irradiantes.
(a) (b)
Fig. 2 – Fornos para tratamentos térmicos intermitentes (2a) contínuo 2b com emprego de microqueimadores.
Também podem ser empregados fornos com tipo mufla com queimadores adquiridos no
mercado, os quais podem apresentar aspectos econômicos interessantes (baixo custo), porém sem
proporcionar grande homogeneidade térmica no interior do forno.
2.2 - Objetivo do Tratamento Térmico (Tipo de Tratamento)
Como já descrito anteriormente, tratamentos termo-químicos (cementação, carbo-nitretação,
nitretação etc) necessitam de fornos com atmosferas específicas, assim como também tratamentos
de aços especiais de alto carbono equivalente como têmperas de aços ferramenta etc. Isso
determina o tipo de aquecimento e queimador a ser utilizado.
Já tratamentos térmicos, como normalização, recozimento ou solubilização de aços
inoxidáveis, por exemplo, requerem outros tipos de equipamentos e também de queimadores a
serem utilizados. No caso de componentes como mostrado na figura 3, que são peças
microfundidas de aço inoxidável da classe CF8 (similar a um inoxidável AISI 304, porém fundido)
que após fundição deve ser solubilizado. Este tratamento deve solubilizar precipitados e carbonetos
para garantir inoxidabilidade do material e devem ser realizados em temperaturas elevadas. Neste
caso, o emprego de microqueimadores ou de um queimadores comercial é utilizado.
Fig. 3 – Componente em aço inoxidável microfundido da classe CF8 para tratamento de solubilização.
Para tratamentos de normalização e recozimento de aços carbono e baixa liga, podem ser
empregados queimadores com pré mistura, da ETIN com ponteira de tela cônica, mostrados na
figura 4. São queimadores de elevada eficiência de combustão uma vez que utilizam a tecnologia
de pré-mistura, com sistema “plug and play” no entanto para temperaturas até 1000oC, já que não
resistem à temperaturas mais elevadas.
Ponteira Cônica
em tela de aço
Queima em Forno
Piloto.
Sistema de pré-mix
microcontrolado
1000
900
800
700
Temperatura (C)
600
500
400 Perfil com E. Elét.
300 Perfil com GN
200
100
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5
Fig. 6 – Avaliação dos perfis térmicos de um forno elétrico e após conversão para GN.
(a) (b)
Fig. 7 – Normalização realizada no antes da conversão empregando energético elétrico (a) e após a conversão para GN
(b). Ataque de nital. 500x.
Como pode ser observada, a primeira carga tratada após a conversão apresentou uma
descabonetação mais significativa em relação ao tratamento quando o forno ainda utilizava
energético elétrico. Este aspecto dá indícios da presença de uma atmosfera oxidante no interior do
forno como conseqüência da queima do combustível com uma mistura ainda não otimizada.
Este fato determina a próxima etapa do procedimento de conversão de fornos para GN, que
é exatamente a avaliação dos gases de combustão, que tem como objetivos principais avaliar as
emissões resultantes da queima, bem como otimizar a relação ar/combustível visando aumento da
eficiência de queima e propiciando uma atmosfera mais adequada ao forno e ao material tratado
termicamente.
O2
CO
CO2
HC
Após este ajuste, observou-se uma redução significativa da descarbonetação, conforme pode
ser observado na figura 10.
Fig. 10 – Caracterização da ausência de descarbonetação após ajuste dos queimadores através da medida dos produtos
de combustão.
1200
1000
Temperatura (C)
800
600
400
Forno Com GN
200 Forno Elétrico
0
0 1 2 3 4 5 6
Fig. 11 – Comparação dos ciclos térmicos de normalização de aço SAE 1038, realizados em forno elétrico e após a
conversão para forno a GN.
Como pode ser observado, neste forno de normalização, o ciclo de tratamento após a
conversão, apresentou alguns aspectos diferentes em relação ao ciclo com o emprego de energia
elétrica. A primeira observação, está relacionada à taxa de aquecimento que, como pode ser
observado, é relativamente superior com a utilização do GN em relação à energia elétrica. Tal
comportamento está relacionado ao fato de que com o GN, a queima do combustível com uma
estequiometria otimizada através da medida dos gases de combustão, favorecem uma queima com
transferência de calor mais direta em relação à energia elétrica, a qual transfere o calor
praticamente somente por convecção.
O segundo aspecto está relacionado ao patamar na temperatura desejada. Como pode ser
observada, a variação de temperatura em torno do patamar é maior quando se emprega o GN. Isto
está relacionado ao fato de que o sistema de controle do patamar possui uma maior inércia térmica
em relação ao sistema elétrico.
Caber ressaltar que esta variação esta dentro da faixa de temperatura desejada e permitida
para o tratamento térmico de normalização, não comprometendo o produto final e o processo de
tratamento desejado.
No caso apresentado, o tratamento realizado no forno após convertido para GN foi
homologado no que tange ao ciclo térmico proporcionado pelo forno.
Fig. 12 – Caracterização microestrutural após o tratamento de normalização no forno convertido para GN. Ataque de
nital 2%.
Fig. 13 – Caracterização microestrutural superficial após a normalização, mostrando a ausência de descarbonetação.
No caso apresentado, o tratamento térmico com o forno convertido está homologado sob o
ponto de vista de qualidade do produto final, cumprindo os requisitos de qualidade com ausência de
descarbonetação, homogeneidade microestrutural, refino de grão e nível de dureza desejado.
1. Avaliação do Material Tratado Termicamente – Classe do material como tipo do aço ou liga
não ferrosa a ser tratada;
2. Avaliação do Volume de Material Tratado Termicamente;
3. Determinação de Problemas no Tratamento destes Materiais – Susceptibilidade à
descabonetação, à crescimento de grão, oxidação etc;
4. Avaliação Quanto ao Tipo de Tratamento Térmico – Normalização, recozimento ou
tratamentos de endurecimento (têmpera e revenimento), tratamentos termo-químicos
(cementação, nitretação etc). Esta etapa em conjunto com os itens 1, 2 e 3 determinarão o
tipo de queimador e forma de queima a ser utilizada;
5. Qualificação do Produto com o Energético Originalmente Utilizado – Microestrutura obtida
e desejada, homogeneidade microestrutural, durezas etc;
6. Avaliação do Regime de Trabalho do Forno no Tratamento Utilizado – Contínuo ou
intermitente. Em conjunto com os itens 1, 2, 3 e 4 auxiliarão na definição de tipo de
queimador e forma de queima;
7. Determinação das Condições de Operação e de Ciclos Térmicos do Forno com Energético
Original – Taxa de aquecimento, estabilidade em patamar de temperatura, perfil térmico do
forno etc;
8. Definição do Tipo de Queimador e Forma de Queima – Em função dos itens anteriores;
definir a utilização de queimadores diretos na câmara, utilização de microqueimadores
distribuídos na câmara, ou queimadores com pré-mixtura, ou microqueimadores em queima
confinada para tubos irradiantes;
9. Determinação do Número e Distribuição do Microqueimadores (se for o caso);
10. Aquisição dos Materiais Necessários – Refratários, queimadores, válvulas e sistemas de
segurança, tubulações e ventoinhas necessárias medidores de vazão e pressão (se for o
caso), etc;
11. Alteração do Forno para Receber o Sistema par Emprego do GN – Furação para entrada dos
queimadores, chaminés para tiragem etc;
12. Montagem dos Sistemas;
13. Testes Preliminares – Acionamento dos queimadores, avaliação das condições de queima e
ajustes iniciais;
14. Acionamento do Forno para Regime de Trabalho – Acionamento do forno para avaliações e
regulagem de cada queimador, utilizando a analise de gases para otimização da queima de
cada queimador;
15. Avaliação dos Gases de Saída – Coleta e avaliação dos gases de saída (tiragem) para ajustes
finais das queimas e da atmosfera interna do forno;
16. Realização de Ciclo Térmico Experimental – Realização de tratamento em regime de
trabalho com carga, com monitoramento da taxa de aquecimento, trabalho em patamar de
temperatura e avaliação dos gases de saída para avaliação das condições de aquecimento e
queima do combustível com analise dos gases para ajustes finos;
17. Avaliação do Produto Final – Análise microestrutural do produto final, tomada em
diferentes peças da carga em diferentes locais da câmara, avaliando homogeneidade
microestrutural, qualidade da microestrutura obtida, decarbonetações e dureza, tendo como
base de avaliação os parâmetros desejados pelo cliente bem como o obtido antes da
conversão do forno;