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Os processos comunicativos da Polícia Militar

 Por Demétrio Cardoso da Silva

As atividades policiais-militares requerem o emprego de processos comunicativos nas


mais diversas esferas de atuação da instituição policial-militar. Na Polícia Militar da
Bahia, os processos comunicativos têm importância decisiva no desenvolvimento da
instituição e na execução da missão de Segurança Pública, especialmente nas atividades
de policiamento ostensivo1, que é a missão precípua da Polícia Militar.

A comunicação está presente em todas as ações policiais-militares, tanto em nível da


atividade administrativa como nas atividades de policiamento, seja ela executada pelo
policial militar em simples policiamento ostensivo a pé, exercido pelo soldado de
serviço nas praças, ruas, avenidas etc.; seja na ação de patrulhamento2 com viaturas,
com bicicletas; ou em atividades administrativas, as quais os policiais militares
conceituam como atividade meio3, desenvolvidas pela administração na área de ensino,
promoção e comunicação social ou de entretenimento, a exemplo das apresentações da
banda de música, desfiles e outras atividades que demandam comunicação, tanto no
âmbito interno como externo da corporação policial-militar.

Neste sentido, a comunicação na Polícia Militar da Bahia, especificamente no âmbito do


Batalhão de Juazeiro, ainda não alcançou um patamar no campo de estudo da
Corporação, em que se pudesse visualizar a comunicação como ferramenta principal de
desenvolvimento das atividades policiais-militares e, até, como suporte de pesquisa na
área de Segurança Pública e no campo das ciências humanas. Evidenciando os diversos
processos comunicativos potencialmente utilizados pela instituição policial-militar.

Intercâmbio e influência

Um estudo para compreender e abranger as diferentes concepções teóricas da


comunicação precisa partir do conceito de teoria. (…)

A formulação de teorias nas ciências exatas e naturais leva a resultados mais


conclusivos, já nas ciências humanas as interpretações são mais abertas, uma vez que o
sujeito-objeto de estudo de suas pesquisas é o ser humano. Algumas áreas das ciências
humanas identificam claramente seu objeto de estudo, estabelecem pressupostos
teóricos mais rígidos e definem seus métodos de investigação de maneira clara. As
teorias empregadas para explicar os fenômenos da comunicação, dada a sua
complexidade, enfrentam dois entraves: a caracterização da teoria com a utilização de
conceitos forjados em outras áreas de conhecimento para compreender a comunicação e
a natureza do ato comunicativo realizado tanto nas relações inter-pessoais quanto entre
máquinas, nos meios de comunicação de massa, ou empregando recursos verbais,
gestuais ou pictóricos [SANTOS, 2003, p.13/14].
Os processos de comunicação na atividade policial-militar, na análise desta pesquisa,
são considerados como estratagemas essenciais na transmissão de mensagens da
instituição. Para que essa transmissão se efetive, vários elementos da comunicabilidade
estão envolvidos.

Entre esses elementos, os mais indispensáveis poderiam ser descritos da forma seguinte:
a fonte e o emissor, como pontos de partida da mensagem; o código, responsável pela
organização e conseqüente potencial compreensivo da mensagem; um canal por onde a
mensagem possa transitar; e o receptor (os sujeitos)4, aos quais a mensagem visa a
atingir e a influenciar na sensação de segurança. Porém, observa-se que os tipos de
processos comunicativos, identificados ou não identificados na Polícia Militar,
abrangem à comunicação interativa, que pressupõe necessariamente o intercâmbio e
mútua influência da corporação e da sociedade na produção das mensagens transmitidas
aos dois pólos, a PM e o cidadão.

Limitações da linguagem

Os processos comunicativos na Polícia Militar envolvem cooperação, integração,


comunhão, diversidade, colaboração, compromisso etc. Mas também envolve
adversidade de interesses, conflitos ideológicos, cerceamento de liberdade. Além disso,
outros mecanismos comunicativos interagem nas relações com o ambiente interno e
externo, alcançando um estágio de desenvolvimento organizacional capaz de mobilizar
ações coletivas para a obtenção dos objetivos da instituição.

Próprio de um certo tipo de policiamento que tem sido buscado por alguns batalhões da
Polícia Militar da Bahia, com exclusividade o 3º Batalhão em Juazeiro, a comunicação
na atividade policial-militar se dá face-a-face, via conversação direta, com diálogo vivo
entre o policial militar e as pessoas, sendo a conversação considerada como a forma
mais perfeita da interagir com a população.

A postura do policial militar, o ar de interesse ou a deselegância, pressa ou calma,


interrupções e intromissões, o riso, as meias palavras, tudo isso compõe um conjunto
complexo de sinais e signos de representação institucional, como produtores da imagem
da PM, sem os quais a interatividade da corporação, com o cidadão, não seria possível
acontecer.

A comunicação policial-militar também ocorre no plano epistolar, dentro das relações


internas da organização, quando sofre limitações da linguagem escrita e do largo espaço
de tempo entre a organização e a coletividade A temporalidade desse tipo comunicação
pode anular a potencialidade de interação e os participantes do processo poderão não
compartilhar do mesmo sistema5. Neste caso, a comunicação aqui está associada à
tramitação de documentos internos6, à distribuição de releases7 aos meios de
comunicação de massa e aos documentos oficiais de conhecimento do público interno e
externo.

Subjetiva, interpessoal e massiva


Outros processos de comunicação, a exemplo da comunicação telefônica e da
comunicação mediada por computador, são potenciais ferramentas utilizadas na
atividade policial-militar, mas que excluem qualquer possibilidade de coexistência dos
vários sentidos humanos, centralizando-se em apenas um deles. No caso do telefone,
toda a comunicação fica reduzida à voz e ao sentido receptor da escuta. Já os programas
computacionais, a exemplo do correio eletrônico, da intranet8, do site da organização e
de outros recursos tecnológicos, são mais interativos.

O processo de comunicação social nas instituições policiais, especialmente na PM da


Bahia, foi se tornando cada vez mais presente até se mostrar imperioso a partir do
aparecimento da web, que foi o maior avanço da instituição e se faz cada dia mais
interativo. Além de apresentar com uma variedade de aplicações no campo da
Segurança Pública.

A tecnologia digital é capaz de alcançar níveis de interatividade bidirecional bem


similares àqueles que se fazem presentes na conversação. A interatividade na
comunicação mediada por computador, a partir da criação do site www.pm.ba.gov.br,
trouxe profundas mudanças na melhoria da mentalidade policial, bem como deu maior
impulso às transformações da estrutura organizacional da Polícia Militar.

Voltando o foco da pesquisa para os processos comunicativos da Polícia Militar, vale


lembrar que alguns desses processos não são evidenciados na atividade policial-militar,
apesar de serem potenciais mecanismos de produção de mensagem em qualquer das
instâncias da comunicação da organização, seja a comunicação verbal, seja a
comunicação não-verbal ou pictórica.

‘Os processos comunicativos podem ocorrer por diferentes mecanismos de


comunicação elaborados no organismo biológico do ser humano, dadas as necessidades
e condições estabelecidas nas relações sociais, com duas formas básicas de
comunicação: a comunicação verbal e a comunicação não-verbal; a comunicação verbal
(digital) pode ser oral ou escrita, traduzida no diálogo, na leitura, enquanto a
comunicação não-verbal (analógica) é gestual, se institui nos gestos e posicionamentos
do corpo, ou pictórica, estimulada por meio de desenhos, pinturas, etc.; do ponto de
vista de sua amplitude a comunicação pode ser: subjetiva: realiza-se enquanto o
indivíduo pensa, medita, reflete sobre a vida, sobre o mundo; inter-pessoal: que envolve
um grupo de pessoas; massiva: quando ocorre via meios de comunicação, os quais têm
maior alcance e atingem um grande número de receptores.

Características do sistema social

Em todo processo de comunicação estão presentes os elementos: interlocutores: os que


emitem e a quem se destina a comunicação; mensagens: seqüência de sinais
transmitidos, os quais formam signos a serem organizados por meio de códigos
compreendidos pelo receptor; meios: os mecanismos utilizados na transmissão da
mensagem; e contexto: local onde o ato comunicativo se realiza, do ponto de vista
histórico, cultural, social etc.’ [SANTOS, 2003, p.18/19]
A evidência da comunicação na organização policial, especificamente na Polícia Militar
da Bahia, se contata mais na linha da divulgação nos meios de comunicação ou como
estratégia de marketing da instituição. No caso da Bahia, a Polícia Militar avançou
consideravelmente nos processos comunicativos utilizando as tecnologias digitais.

O domínio desses processos comunicativos está em nível dos setores de comunicação


social, evidenciados como meios de divulgação das informações da Corporação.
Entretanto, outros processos mecanismos utilizados pelos policiais militares, facilmente
identificados por eles, são ressaltados como de grande importância, ao lado dos
processos de comunicação de massa10 geridos pela instituição policial-militar.

‘… a eficácia dos meios de comunicação de massa pode ser analisada apenas dentro do
contexto social em que estes agem. Sua influência deriva mais das características do
sistema social a eles circunstante do que do conteúdo que difundem’ (WOLF, 2002,
p.37).

A sensação de segurança

Na opinião da população pesquisada, investigada sobre como a comunicação ocorre na


atuação da PM, fica evidente que a polícia militar se ‘comunica com a população, mas é
pouco’. Do ponto de vista dos entrevistados, o percentual maior da comunicação da
instituição é pelo rádio11. A imagem da corporação, ‘através da proteção que é dada
com a presença’, também institui um processo comunicativo. Neste caso, pela
representação dos símbolos (farda, equipamentos, viaturas, distintivos etc.).

Para a população, a comunicação não está clara ou talvez nem exista, uma vez que o
policial militar ‘age primeiro e analisa em segundo. Às vezes quem está certo termina
saindo errado, e os infratores saem impunes. Onde está a comunicação? Já que sempre
quem está certo são os donos da verdade?12‘ (sic) Na opinião desse entrevistado, a
comunicação não se estabeleceu no plano concreto, no âmbito das expectativas de vida,
do seu dia-a-dia do entrevistado.

Embora os elementos comunicativos estivessem presentes, não se estabeleceu o canal


comunicativo.

‘Quer diga respeito a relações que implicam máquinas, seres biológicos ou organizações
sociais, o processo de comunicação responde a esse esquema linear que faz da
comunicação um processo estocástico, ou seja, afetado por fenômenos aleatórios, entre
um emissor que tem liberdade para escolher a mensagem que envia e um destinatário
que recebe essa informação (…). Tomam-lhe de empréstimo as noções de informação,
de transmissão de informação, codificação, decodificação, recodificação, redundância,
ruído disruptor e liberdade de escolha. A fonte, ponto de partida da comunicação, dá
forma à mensagem que, transformada em `informação´ pelo emissor que a codifica, é
recebida no outro extremo da cadeia’ (MATTELART, 1999).
Os processos comunicativos na Polícia Militar estão associados inteiramente à sensação
de Segurança Pública. Os indivíduos relacionam a falta de comunicação do policial
militar, a empáfia das ações policiais, ao descaso do organismo estatal para com a
proteção dos indivíduos. Em situações contrárias, quando o Policial Militar age com
polidez, o indivíduo é contagiado pela sensação de segurança. Neste caso, a
comunicação ocorreu no plano real de suas expectativas de proteção individual.

Farda intimida porque tem força

Na opinião do cidadão entrevistado, ele diz: ‘Referindo-se ao socorro do cidadão, a


primeira comunicação é via telefone. Observação: apesar de não ter sido abordada, já
observei em outras atuações que são educados, se comunicando bem na abordagem13‘
(sic). Aqui a comunicação foi positiva, disseminou a sensação de segurança.

Em outra situação, contrariamente a expectativa de segurança do entrevistado, ele


considera que ‘simplesmente não existe comunicação, a maioria dos policiais já chegam
agredindo, sem o devido conhecimento dos fatos ocorridos’ (sic). Nesta análise, a
população avalia o nível dos processos de comunicação da Polícia Militar a partir das
ações policiais, os elementos comunicativos estão interligados ao sentimento de
proteção individual.

Como se vê acima, as pessoas entrevistadas referem-se a diferentes tipos de


comunicação, no entanto ao responderem ao questionamento: quais os tipos de
comunicação presentes na ação da Polícia Militar? Os entrevistados parecem não saber
explicitar tão bem. Apresentam os mais variados conceitos sobre a presença da
comunicação na ação policial-militar. A comunicação é vista como um tipo de ‘canal de
denúncia pelo telefone’, também ocorre ‘pela presença’ da Polícia Militar, que ‘se
comunica pela sirene quando toca ou pela cor da viatura’. O cidadão não sabe bem
definir os tipos de comunicação, mas sabem que existem diferentes processos
comunicativos.

O cidadão sabe perfeitamente diferenciar em algumas situações os tipos de


‘comunicação verbal e não-verbal’. Para as pessoas ‘a farda inibe a ação de pessoas que
queiram praticar algo contra outra. A farda do policial intimida porque tem força. A
força da organização’ (sic).

Os processos comunicativos

Neste sentido, a comunicação não-verbal se apresenta como um processo comunicativo


de transmissão de mensagem da organização policial-militar dentro conceito de
Segurança Pública. Às vezes, o cidadão consegue associar alguns mecanismos como: ‘o
telefone, rádio amador, sistema de câmeras, viaturas, a polícia de entre diligência que
nos guarnecem sem que saibamos, e a imprensa falada e escrita’ (sic), ao sistema de
Segurança Pública.
Um entrevistado, indignado com a situação em que se apresenta a Segurança Pública,
considera que ‘dependendo do caso, é melhor nem falar sobre isso. Já que às vezes
quem está certo termina saindo errado e nem sempre os infratores são punidos, por isso
não há eficiência na comunicação’ (sic). Na opinião de um dos entrevistados, o tipo
comunicação na ação da PM ‘dependendo da ocasião, depende do policial; às vezes a
comunicação é direta e precisa, já outros são arrogantes e agressivos’. O que se conclui
também como um processo comunicativo.

Para este trabalho, foram entrevistados Policiais Militares em diferentes atividades no


Terceiro Batalhão da Polícia Militar em Juazeiro. Na entrevista, aberta, os PM
responderam aos seguintes questionamentos: qual a comunicação mais presente na
Polícia Militar? Qual o objetivo dessa comunicação? Que tipo de comunicação você
trabalha na atividade policial-militar? Quais são os resultados da comunicação
trabalhada na PM? Quais são as dificuldades de comunicação na PM? Em que
influencia a comunicação na Polícia Militar? Que mensagem a comunicação da PM
passa à comunidade?

Na opinião dos policiais militares, os processos comunicativos estão presentes em todas


as atividades da Polícia Militar. O policial militar tem claro que ‘na polícia militar as
comunicações mais comuns são verbal e escrita, porém a mais utilizada é a verbal. O
famoso ‘bisú14‘ de praça, que nem sempre funciona, pois as informações acabam sendo
distorcidas. Contudo a presença do policial fardado caracteriza também uma
comunicação visual para a sociedade’ (sic).

Orientações e determinações

Foi observado que os policiais militares consideram o processo de comunicação interna


como o mais importante e como sendo resultante da linguagem utilizada pela instituição
no plano administrativo. Por outro lado, a vista no plano estratégico de integração com a
população, os processos mais presentes na Polícia Militar estão em nível da
comunicação verbal e não-verbal, a exemplo do que diz um PM na entrevista: ‘a
comunicação entre policiais é uma comunicação verbal que utiliza códigos, já a
comunicação entre polícia e a sociedade é uma comunicação tanto verbal como visual,
pela sua presença fardada’ (sic). Outros já acentuam como ‘comunicação verbal’, como
comunicação ‘pessoal’ etc.

Para alguns Policiais Militares entrevistados, ‘a comunicação tem como objetivo


informar, dar conhecimento, transmitir informações que seja de interesse comum, bem
como passar uma sensação de segurança para a comunidade’ (sic). A comunicação
interna também se enquadra como suporte ‘entre policiais para fazer com que as ordens
emanadas sejam passadas como informação, de maneira que outras pessoas não
desvendem e para que com sua presença seja acionado ou possa prestar-lhes
informações’ (sic). [PM]

‘Passar determinações, orientações, informações inerentes ao serviço policial’ (sic),


servir de ‘intercâmbio com a população inerente ao servir de segurança pública’ (sic),
na opinião dos entrevistados, são objetivos primordiais da comunicação interna da
organização policial-militar.

Quando se questiona qual o tipo de comunicação que o policial militar desenvolve na


sua atividade de policiamento ostensivo, ele acentua a comunicação escrita como forma
de passar ou adquirir conhecimentos. A ‘comunicação verbal, que é aquela que é usada
para passar orientações e determinações inerentes ao serviço policial-militar e
comunicação visual, através da nossa ação de presença’ (sic); a comunicação ‘com
outros policiais. Uma comunicação verbal e escrita, e verbal com a sociedade através de
esclarecimento ou informação’ (sic). Os mecanismos da comunicação verbal, escrita,
rádio específico ( hand talk), visual representada pela imagem etc. sedimentam todos os
processos da comunicação interna na Polícia Militar.

A influência no serviço prestado

Os resultados da comunicação trabalhada na PM têm como objetivo ‘buscar um melhor


relacionamento público interno e externo’ (sic); ‘fazer com que as missões sejam
executadas, e que haja uma maior facilitação na transmissão de informações para a
sociedade e buscar maior solução e eficácia na resolução de situações’ (sic). ‘Se a
comunicação for aplicada de forma correta, terá como retorno a solução do problema
com rapidez e eficiência’15 (sic).

As dificuldades de comunicação na organização Polícia Militar, na visão dos policiais e


cidadãos entrevistados, são ‘ainda a falta de relações inter-pessoais entre os integrantes
da corporação, principalmente no que tange a oficiais e praças, e isto de certa forma
reflete no tratamento dado pela Polícia Militar à sociedade’ (sic).

Os policiais militares enfatizam que ‘às vezes encontram dificuldades na transmissão ou


na recepção de mensagens, ou na ambigüidade de palavras na própria língua e ainda na
questão das normas de linguagem devido às diversidades culturais e no grau de
instrução das pessoas que fazem parte do dia-a-dia’ (sic).

Na opinião dos entrevistados, as ‘falhas em equipamentos’ (sic) dificultam a


comunicação na atividade de policiamento, em outras situações, quando o interlocutor é
a tropa, na maior parte das ações, ‘ocorre entendimento na comunicação’ (sic), porém
quando essa comunicação é processada entre a PM e a comunidade, ‘o entendimento
muitas vezes fica comprometido por falta de conhecimento da missão da Polícia Militar’
(sic), em relação aos ‘direitos da comunidade.’

Em resposta à pergunta: em que influencia a comunicação na Polícia Militar? Os


policiais militares responderam que ‘a comunicação influencia no resultado final do
serviço prestado pela Polícia Militar à sociedade. Quando esta comunicação é bem
trabalhada, o resultado, lógico, é positivo. Quando não, o resultado não é satisfatório’
(sic).

Uma linguagem organizacional


Isso implica dizer que ‘a comunicação visual influencia na presença do policial fazendo
com que as pessoas possam sentir-se mais seguras e evitando as ocorrências. Na
comunicação verbal influencia para a resolução de situações e para que haja uma
melhor relação entre todos os integrantes da Polícia Militar’ (sic). Aqui está evidente
que o policial militar sabe da importância da comunicação pictórica e da comunicação
verbal nos resultados de sua ação de polícia.

Os entrevistados consideram que os processos comunicativos são decisivos ‘no


desenvolvimento do trabalho com a comunidade’ (sic). Além da ‘influência no bom
andamento do serviço, se houver clareza na mensagem; sendo passada de forma concisa
o resultado será rápido e com êxito’ (sic).

Na análise das opiniões dos policiais militares, há a identificação clara de que os


processos comunicativos na corporação estão associados à imagem da instituição,
concomitantemente à ação do policial militar no relacionamento com a população.
Claramente, no plano concreto, a comunicação é a ferramenta principal do organismo
policial-militar potencializada a disseminar nas pessoas o sentimento de proteção
individual para que haja o contágio da sensação de segurança necessário ao convívio
coletivo ou a difusão do medo, via ação negativa do PM.

Em análise ao questionamento: que mensagem a comunicação da Polícia Militar passa à


comunidade? A pesquisa tende a revelar que os policiais militares têm, no senso
comum, uma visão compartilhada da importância e da influência da comunicação na
atividade da Polícia Militar, apesar de não ocorrer o domínio de todos os processos
comunicativos.

Nessa ótica, a nova ordem16 instituída na Polícia Militar da Bahia, especialmente no


Batalhão de Juazeiro, teve sustentação nos processos comunicativos que se
estabeleceram como mecanismos de integração da instituição com a coletividade e
como melhoria das relações sociais no âmbito interno da organização. Esses processos
comunicativos consubstanciaram as representações simbólicas do organismo policial e
fortaleceram os signos no âmbito interno e externo, instituindo uma nova linguagem
organizacional.

‘Tranqüilizar e esclarecer dúvidas’

‘Os indivíduos precisam utilizar sinais para realizar qualquer ato comunicativo que
sejam reconhecidos por seus interlocutores. A partir do desenvolvimento fisiológico e
do controle da fala, o ser humano passou a criar palavras novas para designar as coisas
do mundo, dando corpo à linguagem pela abstração de sinais compartilhados por grupos
humanos, para realizar processos comunicativos denominados de signos, elemento que
está no lugar de um objeto real. Para que o signo possa representar o significado, o
objeto precisa ser um elemento comum tanto a quem o emprega como a seu
interlocutor, para que possa viabilizar o processo comunicativo de tal forma que tanto o
emissor quanto o receptor concordem que o signo se refira a um determinado objeto
compartilhado por todos para se comunicar’ [SANTOS, 2003, p.21]
A linguagem policial-militar obedece a essa nova ordem instituída no propósito de
integração da organização policial-militar com a comunidade, o que torna irreversível a
partir dos mecanismos comunicativos e das novas tecnologias disponíveis o processo de
evolução de uma nova mentalidade nas ações policiais e na construção de novos
paradigmas de comunicação.

Entretanto, um estudo mais aprofundado sobre os elementos envolvidos na atividade de


policiamento ostensivo, certamente ampliará os horizontes de pesquisas na busca de
alternativas científicas para os fenômenos que envolvem as questões de Segurança
Pública, especialmente na linha de investigação da importância e da formação dos
signos simbólicos que dominam os códigos da comunicação e sua influência na
atividade da organização, especificamente no âmbito Polícia Militar em Juazeiro.

Na linha de interpretação da mensagem que a Polícia Militar passa à população, os


Policiais Militares entrevistadosconsideram que a instituição passa uma, ‘mensagem de
segurança, de proteção e tranqüilidade. De informação das ações policiais
desencadeadas com o objetivo de alcançar está tranqüilidade social com relação à
segurança pública’ (sic). Eles dizem que tentam ‘levar à sociedade uma mensagem’ de
segurança através dos processos de comunicação existente na Polícia Militar. Essa
comunicação tem como objetivo ‘servir e proteger17 cada vez mais e melhor a todos,
tanto policial militar, quanto a sociedade’ [PM entrevistado].

Sobre a mensagem que a Polícia Militar passa à população, a pesquisa tende a revelar
uma certa obediência da linguagem policial militar a uma ordem de discurso18 da
instituição. Para os policiais militares, a mensagem mostra o ‘desempenho das ações’
desenvolvidas pela Polícia Militar, mantendo ‘a comunidade informada das ocorrências
policiais, com objetivo de tranqüilizar e esclarecer dúvidas’ (sic), e isso, na visão dos
entrevistados, proporciona tranqüilidade e a confiança da população nas atividades
desenvolvidas pela Polícia Militar.

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Janeiro, 1999. Disponível em: http://www.policiamilitar.rj.gov.br/rel_pol.htm. Acessado
em 20 jun. 2005.

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Oficial da PMBA, pedagogo, Advogado, Cientista Social, especialista em Ensino da Comunicação Social,
especialista em Educação, Cultura e Contextualidade, professor, cronista e poeta.

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