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Intercâmbio e influência
Entre esses elementos, os mais indispensáveis poderiam ser descritos da forma seguinte:
a fonte e o emissor, como pontos de partida da mensagem; o código, responsável pela
organização e conseqüente potencial compreensivo da mensagem; um canal por onde a
mensagem possa transitar; e o receptor (os sujeitos)4, aos quais a mensagem visa a
atingir e a influenciar na sensação de segurança. Porém, observa-se que os tipos de
processos comunicativos, identificados ou não identificados na Polícia Militar,
abrangem à comunicação interativa, que pressupõe necessariamente o intercâmbio e
mútua influência da corporação e da sociedade na produção das mensagens transmitidas
aos dois pólos, a PM e o cidadão.
Limitações da linguagem
Próprio de um certo tipo de policiamento que tem sido buscado por alguns batalhões da
Polícia Militar da Bahia, com exclusividade o 3º Batalhão em Juazeiro, a comunicação
na atividade policial-militar se dá face-a-face, via conversação direta, com diálogo vivo
entre o policial militar e as pessoas, sendo a conversação considerada como a forma
mais perfeita da interagir com a população.
‘… a eficácia dos meios de comunicação de massa pode ser analisada apenas dentro do
contexto social em que estes agem. Sua influência deriva mais das características do
sistema social a eles circunstante do que do conteúdo que difundem’ (WOLF, 2002,
p.37).
A sensação de segurança
Para a população, a comunicação não está clara ou talvez nem exista, uma vez que o
policial militar ‘age primeiro e analisa em segundo. Às vezes quem está certo termina
saindo errado, e os infratores saem impunes. Onde está a comunicação? Já que sempre
quem está certo são os donos da verdade?12‘ (sic) Na opinião desse entrevistado, a
comunicação não se estabeleceu no plano concreto, no âmbito das expectativas de vida,
do seu dia-a-dia do entrevistado.
‘Quer diga respeito a relações que implicam máquinas, seres biológicos ou organizações
sociais, o processo de comunicação responde a esse esquema linear que faz da
comunicação um processo estocástico, ou seja, afetado por fenômenos aleatórios, entre
um emissor que tem liberdade para escolher a mensagem que envia e um destinatário
que recebe essa informação (…). Tomam-lhe de empréstimo as noções de informação,
de transmissão de informação, codificação, decodificação, recodificação, redundância,
ruído disruptor e liberdade de escolha. A fonte, ponto de partida da comunicação, dá
forma à mensagem que, transformada em `informação´ pelo emissor que a codifica, é
recebida no outro extremo da cadeia’ (MATTELART, 1999).
Os processos comunicativos na Polícia Militar estão associados inteiramente à sensação
de Segurança Pública. Os indivíduos relacionam a falta de comunicação do policial
militar, a empáfia das ações policiais, ao descaso do organismo estatal para com a
proteção dos indivíduos. Em situações contrárias, quando o Policial Militar age com
polidez, o indivíduo é contagiado pela sensação de segurança. Neste caso, a
comunicação ocorreu no plano real de suas expectativas de proteção individual.
Os processos comunicativos
Orientações e determinações
‘Os indivíduos precisam utilizar sinais para realizar qualquer ato comunicativo que
sejam reconhecidos por seus interlocutores. A partir do desenvolvimento fisiológico e
do controle da fala, o ser humano passou a criar palavras novas para designar as coisas
do mundo, dando corpo à linguagem pela abstração de sinais compartilhados por grupos
humanos, para realizar processos comunicativos denominados de signos, elemento que
está no lugar de um objeto real. Para que o signo possa representar o significado, o
objeto precisa ser um elemento comum tanto a quem o emprega como a seu
interlocutor, para que possa viabilizar o processo comunicativo de tal forma que tanto o
emissor quanto o receptor concordem que o signo se refira a um determinado objeto
compartilhado por todos para se comunicar’ [SANTOS, 2003, p.21]
A linguagem policial-militar obedece a essa nova ordem instituída no propósito de
integração da organização policial-militar com a comunidade, o que torna irreversível a
partir dos mecanismos comunicativos e das novas tecnologias disponíveis o processo de
evolução de uma nova mentalidade nas ações policiais e na construção de novos
paradigmas de comunicação.
Sobre a mensagem que a Polícia Militar passa à população, a pesquisa tende a revelar
uma certa obediência da linguagem policial militar a uma ordem de discurso18 da
instituição. Para os policiais militares, a mensagem mostra o ‘desempenho das ações’
desenvolvidas pela Polícia Militar, mantendo ‘a comunidade informada das ocorrências
policiais, com objetivo de tranqüilizar e esclarecer dúvidas’ (sic), e isso, na visão dos
entrevistados, proporciona tranqüilidade e a confiança da população nas atividades
desenvolvidas pela Polícia Militar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSY, Maria Rita do Amaral. Agitar, policiar, noticiar em maio de 98. Mestrado em
psicologia clínica, São Paulo, 2000.
BARTHES, Roland. Elementos de semiologia. Editora Cultrix. 15ª Edição, São Paulo,
(título original: elemets de sémiologie – Editions du Seuil, Paris – 1964.
BAUMAN, Zigmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Tradução: Mauro Gama, 1998.
JOLY, Martine. Introdução à análise da Imagem. Papirus Editora, 8ª Edição, São Paulo,
2005.
WOLF, Mauro. Teorias das comunicações de massa – leitura e crítica. São Paulo:
Livraria Martins Fontes Editora Ltda, 2003.
_____DICIONÁRIO. Priberam Informática. São Paulo, 2005. Disponível em:
http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx. Acessado no decorrer deste trabalho, em 2005.
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Oficial da PMBA, pedagogo, Advogado, Cientista Social, especialista em Ensino da Comunicação Social,
especialista em Educação, Cultura e Contextualidade, professor, cronista e poeta.