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Fórum Mulher

Avaliação de Meio-Termo do Fórum Mulher em Agosto de 2008


como parte da Planificação Estratégica 2009-2013

Consultora: Solange Rocha

Consultora Assistente: Luísa Mboana

“O real não está na saída nem na chegada: Ele se dispõe para a gente é
no meio da travessia.”

- Guimarães Rosa

Maputo, 31 de Agosto de 2008

ÍNDICE

1. Introdução............................................................................................... 03

2. Metodologia ........................................................................................... 07

3. O que foi feito - Revisão documental ................................................. 10


3.1 Resultados - Objectivos institucionais ......................................... 12

4. Onde estamos

Resultados de Eficácia, Impacto, Eficiência,


Aprendizado.................16

5. Análises Conceptuais, Conclusões e Recomendações ....................


34

6. Bibliografia..............................................................................................43

Anexo 1 - Termos de Referência

Anexo 2 - Lista das Organizações-membro

Anexo 3 - Organograma e composição dos Órgãos Sociais

Anexo 4 - Programação e Lista de Organizações Participantes

1. Introdução

A reflexão nesta avaliação analítica trilha os caminhos vivenciados e


experimentados pelo Fórum Mulher, na sua trajectória histórica, mais
especificamente no período dos últimos 3 anos referente ao Plano Estratégico
iniciado em 2005, com previsão de término para 2009. Ou seja, é uma avaliação
de “meio do caminho” que tem como objectivo tirar as lições aprendidas e
orientar a definição da nova estratégia para o período de 2009-2013, assim
como definir estratégias para a abordagem do Fundo Comum, que é um dos
maiores desafios institucional para o próximo período.

O Resultado Esperado é que esse seja um relatório sintético com


recomendações para o próximo período estratégico. Essa avaliação de meio-
termo não tem o objectivo de uma avaliação institucional como a realizada em
2004, mas tem o compromisso de analisar os caminhos percorridos até então,
tendo como referência as recomendações do documento da Análise Institucional
e Funcional de 2004, assim como o Plano Estratégico decorrente desse
processo realizado em 2004, para a vigência no período de 2005-2009.

No entanto, esse relatório se tornou extenso na busca de apreender e analisar


os problemas institucionais e os avanços estratégicos por vários ângulos.
Durante todo o documento serão apontadas as contradições relacionadas às
diferentes percepções sobre processos, resultados e dinâmicas institucionais,
optamos por explicitar exaustivamente essas diferentes percepções com o
objectivo de explicitar os “nós” históricos e revelar os possíveis caminhos de
avanços para o próximo planeamento estratégico.

Nesta revisão do Plano Estratégico e do redesenho de estratégias futuras


considera-se que é central para as organizações da sociedade civil o crescente
investimento no desenvolvimento institucional. Organizações como o Fórum
Mulher, que trabalham cada vez mais articuladas no campo da sociedade civil, e
que se identificam com a proposta de consolidação de uma rede de relações
entre diferentes sujeitos colectivos, assumem cada vez mais um papel de
coordenadora de processos políticos e de mobilização social. Desta forma, é
uma necessidade aprimorar a sua capacidade de formação de parcerias e
alianças, assim como de avançar na sua capacidade de gestão que assegure
sua sustentabilidade e legitimidade.

Assumimos que esse processo não é sem tensão. Dado que o Fórum Mulher é
uma instituição bastante complexa – trata-se de uma organização não
governamental, que exerce o papel de uma rede em defesa dos direitos das
mulheres, composta por 80 organizações locais, nacionais e internacionais;
organizações não-governamentais - laicas, religiosas, de acção comunitária, de
investigação; organizações governamentais, agências de cooperação, agências
bilaterais1; e tem um Gabinete coordenador, sendo a definição de papéis entre
essas partes é um dos seus “nós” históricos ( Anexo - lista de membros).

Tabela 1 - Composição do Fórum Mulher por tipo de organização 1994, 1999, 2003 e 2008

Ano ONG’s ONG’s Organizações Agências de cooperação bilaterais Total


nacionais internacionais governamentais e multilaterais
1994 12 4 12 10 38
1999 20 5 15 8 48
2003 29 7 15 10 61
2008 39 9 15 17 80

Fonte: FÓRUM MULHER/ Relatório Análise Funcional 2004, actualizado em 2008


A dinâmica de trabalho no Gabinete é realizada por uma equipe executiva,
formada pela directora executiva e 14 trabalhadoras/os, que desempenham os
papéis de coordenação, administração, articulação, contribuição para a
capacitação interna e dos seus membros e coordenação de acções junto aos
seus membros, ao mesmo tempo executam acções directas na mesma
dimensão que alguns de seus membros.

Conforme explicitado no seu documento de planificação, “a gestão do Fórum


Mulher continua seguindo seu estatuto vigente, e é formado por três órgãos
sociais, nomeadamente a Assembleia Geral, o Conselho de Direcção e o
Conselho Fiscal. Estes órgãos são compostos por membros efectivos eleitos em
Assembleia Geral com um mandato de três anos”. A última eleição ocorreu em
Dezembro de 2006; na 14ª Assembleia Geral, em 2007, foi tomada posse pelos
novos órgãos sociais eleitos, seguindo o processo democrático de fortalecimento
do Fórum Mulher, a partir da eleição de seus membros dirigentes para o novo
período institucional (Anexo - organograma).

O Fórum Mulher define-se como sociedade civil com o papel de mediadora entre
sociedade civil e Estado nas relações com as políticas governamentais, tendo
órgãos governamentais como seus membros, o que traz questionamentos sobre
a autonomia do Fórum como sociedade civil, ao mesmo tempo em que esse mix
– ONG/OG, facilita diálogos para implementação de políticas públicas. Na
relação com membros não governamentais o Fórum apoia o desenvolvimento
institucional de grupos e associações, que são membros constitutivos do Fórum,
assim como media relações com agências doadoras. Algumas agências de
cooperação e solidariedade são membros, mas também o FM recorre a elas na
busca de recursos para manter suas acções em rede. Todas essas relações
ocorrem em um contexto nacional e internacional bastante desafiador.

É no período de exercício deste Plano Estratégico que se inicia o mandato do


actual Presidente de Moçambique, Armando Emílio Guebuza, eleito em
Dezembro de 2004. Nesse contexto, e como reflexo da abertura democrática
aumentou a criação de grupos sociais, motivando novas formas de participação
e de mobilização social tendo em vista a concentração de esforços para resolver
problemas sociais. No actual Governo, a sociedade civil luta por ampliação de
direitos com implementação de políticas públicas, o Fórum Mulher,
especificamente, luta pela incorporação de género, tanto no Legislativo como na
efectivação de políticas públicas pelo Executivo.

Teve como um dos seus principais resultados a elaboração do Plano de Acção


em Combate à Pobreza Absoluta - PARPA II (2005) que contou com forte
participação de organizações sociais, dentre elas o Fórum Mulher que contribuiu
com a incorporação da perspectiva de género. Tal perspectiva relaciona o
enfrentamento da pobreza, que é entendida em seus aspectos referentes à falta
de poder, isolamento, vulnerabilidade.
Esse é um importante avanço na construção da política pública, tendo em vista a
epidemia de Sida, que atinge sobremaneira, mulheres, jovens e crianças, num
contexto de fortes tradições culturais patriarcais e de práticas sexuais de risco.
Tais vulnerabilidades incidem sobre as mulheres e definem papéis na família e
na comunidade, desta forma são mais atingidas pela epidemia de SIDA e sofrem
mais fortemente a violência sexual e doméstica. (Lima Vieira, 2006)

Nesse cenário o Fórum Mulher passa a ter participação activa no Lobby e


Advocacia sobre as políticas públicas, tanto no nível legislativo como no
executivo, para enfrentar grandes problemas sociais que se agravam na
conjuntura diante do agravamento de condições sociais e económicas em que
vivem as mulheres. É, portanto, sobre as políticas de ampliação dos direitos das
mulheres, e em particular sobre políticas contra a violência de género que o
Fórum Mulher tem dedicado seus maiores esforços e logrado bons resultados no
legislativo e na formulação de políticas especificas.

É importante inicialmente também resgatar um breve histórico institucional do


Fórum Mulher para que esse actual momento de repensar estrategicamente a
instituição não aconteça descolado de seu processo de amadurecimento
organizacional. Abaixo tomamos como referência as conceitualizações
institucionais que estão nos documentos de avaliações e planeamentos
anteriores.

• O Fórum Mulher nasce em 1993, por iniciativa de feministas e activistas


dos direitos das mulheres. Era o período de preparação da Conferência
de Beijing, do Ciclo de Conferência da ONU, nos anos 90, onde era
grande o interesse de mobilizar as organizações de mulheres. O contexto
de Moçambique era, conforme os documentos do Fórum, de “grave crise
económica, política e social que saía de um longo período de guerra com
amplos segmentos sociais, principalmente mulheres e crianças, vivendo
abaixo da linha de pobreza”.

• A institucionalização do Fórum Mulher ocorre no final de 1993, com a


efectiva aprovação de seu Estatuto.

• No final de 1998, foi feita uma avaliação externa do Fórum Mulher2 que
apontou a falta de clareza com relação ao papel da organização e seu
futuro. E colocaram duas alternativas: 1) assumir um perfil de organização
facilitadora, estimuladora e capacitadora de seus membros e, através
deles, das organizações locais e da opinião pública. 2) actuar como uma
organização não-governamental à qual seriam delegadas, por seus
membros, actividades e responsabilidades relacionadas à integração da
perspectiva de género nas organizações participantes e na sociedade em
geral.

• Em Dezembro de 1999 foi desenvolvido, no âmbito da rede de


formadores, um trabalho de reflexão que alimentou a posterior revisão de
seu estatuto que define o Fórum Mulher como uma “rede das ONG’s
nacionais e estrangeiras, organizações humanitárias e instituições do
Governo que desempenham actividades em prol da mulher3.

• Em Dezembro de 2003 é realizada outra avaliação institucional4, cujo


relatório foi divulgado em 2004, onde aprofunda a análises sobre os
problemas da gestão, assim como das relações institucionais. Nesse
relatório permanece a avaliação de que se espera que o Fórum
desempenhe um papel de articulação, aglutinação, coordenação e
interlocução em nome das organizações. Contudo, de forma geral, o
Fórum Mulher continuava sendo confundido com seu Gabinete, as
recomendações apontavam para aprimoramentos de mecanismos de
gestão e revisão de estatuto com vista a definir melhor papéis do gabinete
e responsabilização de seus membros.

• Durante muitos anos a gestão do Fórum Mulher foi por projectos, e só em


2001 passa a uma gestão baseada em planos estratégicos, presta contas
através de relatórios, realiza monitoramento, avaliação e planificação.
Entretanto, as avaliações já realizadas apontam a necessidade de
avançar nos seus instrumentos. Um dos avanços desse período foi ter um
plano estratégico baseado em resultados e processos, reflectindo na
melhoria das análises e do aprendizado institucional.

2. A Metodologia

Esta é uma avaliação de meio-termo, qualitativa, realizada em Agosto de 2008


com o objectivo de auscultar o Gabinete, órgãos sociais, membros e parceiros
para subsidiar o Plano Estratégico 2009-2013.

Considerando que a matriz do Planeamento Estratégico 2005-2009 está sob a


orientação do Marco Lógico, trabalhamos com essa referência – relacionando às
análises da avaliação na matriz de eficiência, impacto, eficácia e aprendizado,
conforme os termos de referência, cotejando essas informações com as metas
dos objectivos almejados para esse período, assim como com as
recomendações da avaliação institucional e funcional realizada anteriormente.

Foram utilizados métodos de avaliação e planeamento tomando como referência


o aprendizado feminista de educação popular, para trabalhar Desenvolvimento
Institucional, onde seu principal fundamento é favorecer análises críticas,
através do diálogo e reflexão colectiva. Desta forma, foi valorizado o trabalho de
grupo e a fala dos/as participantes, tendo como referência à história e aos
processos de trabalho e da acção política.

Conceptualmente tomamos três campos de análise: 1) Género como uma


categoria para entender as bases políticas e filosóficas da autuação do Fórum
Mulher diante de sua missão: “O Fórum esforça-se por lutar por uma sociedade
mais justa e próspera com uma maior equidade e igualdade de género e
defensora dos direitos humanos das mulheres por meio de coordenação das
intervenções, integrando as diferentes organizações e instituições que trabalham
em prol da mudança por uma maior equidade e igualdade de género e dos
direitos humanos das mulheres”. 2) Sustentabilidade das organizações do
campo democrático como uma categoria para entender as dinâmicas e desafios
de organizações complexas, como o Fórum Mulher. 3) Cultura Institucional,
como uma categoria para entender os entraves e problemas para avançar na
definição de papéis e responsabilidades. Ter essa chave de compreensão
favorece a desburocratizar processos de mudanças, que não se viabilizam
apenas por formalidades e acordos nos papéis.

A Avaliação foi executada em duas fases: A primeira parte consistiu de um


trabalho de revisão documental feita pela consultora com o objectivo de obter
conhecimento de como o Fórum funciona e tem trabalhado ao longo dos anos
de implementação do Plano Estratégico, assim como analisar o progresso
alcançado em relação aos objectivos estratégicos e as acções estratégicas. Os
documentos analisados foram:

• Plano Estratégico FM 2005-2009


• Relatórios de Actividades 2005, 2006, 2007
• Relatórios financeiros 2005, 2006, 2007
• Relatório da Análise Institucional e Funcional 2004

A segunda fase foi presencial, aconteceu entre os dias 04 a 11 de Agosto de


2008, e envolveu Gabinete, Órgaos Sociais e demais membros do Fórum Mulher
(ver quadro anexo), sendo o local do encontro no Hotel Girassol, na Cidade de
Maputo. O método usado foi o agrupamento de grupos de trabalho por áreas de
actividades (ver dinâmicas utilizadas em anexo), sendo a destacar :
Grupo 1: Membros do Gabinete do Fórum Mulher, sendo este o grupo de
coordenação do processo de avaliação /planeamento e preparação do processo
de trabalho ;

Grupo 2: Membros da área de Educação e Sindicatos:

Grupo 3: Membros da área de Desenvolvimento Comunitário;

Grupo 4: Membros dos Órgãos Sociais;

Grupo 5: Parceiros de Cooperação;

Grupo 6: Outros Parceiros e Rede de Formadores;

Grupo 7: Membros da área de Direitos Humanos, incluindo os da Violência


Doméstica Saúde, etc.

Grupo 8: Membros da Agricultura e Desenvolvimento Económico;

Grupo 9: Membros do Gabinete para a coordenação do processo de


avaliação/planeamento para apresentar primeiros resultados e apresentação das
linhas gerais do documento final.

Os workshops foram nossa principal estratégia de trabalho, constituindo espaços


participativos, onde a partir de dinâmicas (linha da vida, exercícios que
facilitavam a exposição de falas e críticas) propiciaram que as pessoas
contribuíssem com avaliações a respeito do trabalho do FM. Desta forma,
permitiram a reflexão e a partilha de experiências e expectativas colectivas.
Foram envolvidas individualidade que trabalham nas várias dimensões, desde
os níveis de decisão mais elevados, até os níveis das práticas do quotidiano

A concepção adoptada, tendo como referência Tenório (1999), é que planificar é


um processo de aprendizagem, “é uma forma de pensar o futuro” e nesse
processo avaliar os caminhos percorridos, analisar o contexto interno e externo
são elementos para conhecer as experiências institucionais e criar as estratégias
para enfrentar os desafios futuros.

Como afirmámos anteriormente, partiremos como estratégia de análise por


considerar que o diagnóstico apresentado na Análise Institucional e Funcional
em 2004 e no último Plano Estratégico apontaram desafios e recomendações
que continuam válidos, desta forma vamos analisar avanços e as
potencialidades que o Fórum Mulher tem para superar tais desafios. Queremos
saber se existem actualmente as condições para superar tais problemas.
3. O Que foi Feito - Revisão Documental
O Plano Estratégico para o período 2005-2009 foi aprovado na Assembleia de
Dezembro de 2004, com o compromisso de “promover o desenvolvimento do
Fórum Mulher como uma rede das organizações e instituições que defendem os
direitos das mulheres e que trabalham em prol da equidade e igualdade do
género”. Actuando também em outras áreas importantes como a “de informação
e a de mobilização das mulheres por uma participação mais activa na defesa
dos seus direitos”. Os objectivos que reflectem sua missão foram reafirmados:

“O Fórum esforça-se por lutar por uma sociedade mais justa e próspera com
uma maior equidade e igualdade de género e defensora dos direitos humanos
das mulheres por meio de coordenação das intervenções, integrando as
diferentes organizações e instituições que trabalham em prol da mudança por
uma maior equidade e igualdade de género e dos direitos humanos das
mulheres”.

Esse documento de planificação apresenta o contexto de Moçambique, como


um momento que “atravessa um período de desenvolvimento económico e
social resultante da implementação de diferentes políticas que visam promover o
bem-estar, após um longo período de estagnação resultante de uma prolongada
guerra. Os desafios que se colocam hoje têm um enquadramento diferente, pois
eles se centram fundamentalmente na defesa dos direitos humanos e de
protecção das mulheres dos abusos económicos e sociais cometidos em nome
do desenvolvimento económico – tais como a dilapidação de florestas, a
expropriação de terras, a contaminação da água, o uso abusivo da imagem da
mulher na publicidade, a violência contra as mulheres entre outros”.

O Plano Estratégico 2005-20095 foi resultado de um processo de reflexão e


análise que definiu acções prioritárias para o desenvolvimento institucional do
Fórum Mulher. Apontando desde questões sobre sua forma organizativa,
dinâmicas internas, até definição de seu papel, visto a heterogeneidade da
composição de seus membros. Investir na resolução de tais problemas é parte
das recomendações detectadas em avaliações anteriores, particularmente a
última, chamada de Análise Institucional e Funcional realizada pela consultora
Iara Marques, em Dezembro de 2003, com relatório divulgado em 2004.

Como afirma o Plano Estratégico, esta avaliação de 2004 levantou questões


críticas sobre o funcionamento do Fórum,

De entre estas questões salientam-se a falta de clareza dos papéis da


organização e dos seus membros e o conflito daí resultante entre ser um órgão
coordenador ou órgão executor; O seu carácter multi-institucional e a dificuldade
daí resultante de gerir a diversidade de membros e dos seus diferentes
interesses; a desarticulação entre os diferentes doadores e a daí resultante
fragmentação das intervenções do Fórum; A informalidade da estrutura de
gestão executiva, que não está reflectida nos estatutos do Fórum; O enfoque do
Gabinete na planificação da realização das suas próprias actividades em
detrimento de objectivos relacionados com o desenvolvimento das mulheres.

A análise funcional recomendou que o Gabinete tivesse um papel catalisador e


facilitador para acções de intervenção para o desenvolvimento das mulheres no
país; e um papel executor de acções conduzidas directamente ou em parceira
com outras organizações membro.

Tais análises tornaram-se referências para avançar nos desafios assumidos


para o Plano deste período, cujas definições estratégicas buscavam “avançar
sobre o papel a desempenhar do Fórum, que é de coordenação, entretanto foi
percebido como assumindo um papel de executor directo, reflectindo na sua
organização interna e, principalmente, na relação com os seus membros”. Por
outro lado, também foi diagnosticado que a participação dos membros na gestão
do Fórum era significativamente menor quando comparado com a fase inicial da
constituição do Fórum. Essa relação foi analisada como um dos motivos
centrais para que o Gabinete, “pretendendo assegurar que os objectivos sejam
alcançados, assumisse um papel preponderante como executor”.

Em relação aos membros, foi percebido que havia confusão em relação à


participação individual dos seus representantes com a participação institucional.
Isto resultava na pouca clareza em relação a representações já que quem é
membro do Fórum são organizações e não pessoas individuais. Em relação ao
Gabinete apontavam que o actual espaço físico precisava ser adequado às
necessidades de um órgão coordenador de várias organizações_ membro.

Para avançar nesses desafios foi reafirmado que o Gabinete “mantém uma
relação positiva, profissional e de confiança com os diferentes membros,
doadores e financiadores dos programas do Fórum”. Entretanto precisava
avançar no seu “modelo de gestão visto que a heterogeneidade e a diversidade
dos modelos organizativos e de gestão dos membros por um lado e, de certa
maneira, a ausência de modelos de gestão compartilhada que sirvam de
referência, tanto para os membros como para o Fórum, afecta e contribui para
que prevaleçam o modelo e os processos actuais de gestão vertical e a
predominância de execução sobre a coordenação”.

3.1 Resultados segundo os objectivos institucionais

Desta forma o Plano Estratégico de 2005 – 2009 formulou objectivos e acções


estratégicas, que se expressam em seus indicadores, que passam a ser
executadas e analisadas em seus relatórios anuais deste período. A actual
avaliação de meio termo, tendo como referência os relatórios e as reflexões
internas do Gabinete, apontou como importantes os seguintes resultados
institucionais relativos aos seus objectivos no período de 2005-2007:

Objectivo Estratégico 1 - Organizações e instituições que trabalham pela


mudança em prol da equidade e igualdade de género e da defesa dos
direitos das mulheres intervindo de uma forma mais coordenada,
articulada e integrada no Fórum.

Aumentou a participação dos membros nas acções do FM, através dos


mecanismos de coordenação, nos quais se destaca a acção de fortalecimento
institucional através do programa de Mentoria – “é um avanço porque permitiu-
nos conhecer melhor as organizações e melhorar seu desempenho [...]
conseguimos financiar iniciativas das organizações que estão no âmbito do
programa”. Para dar continuidade a essa acção de fortalecimento dos membros
do Fórum Mulher, o Gabinete avalia que é necessário um instrumento que
oriente e sirva de guia para avaliar o grau de desenvolvimento das
organizações.

Outro importante resultado desse período é a avaliação por parte dos membros
que a existência do Fórum Mulher incentivou o surgimento de associações de
mulheres, aumentando a rede de grupos que defendem os direitos das
mulheres. Assim como o Gabinete avalia que o apoio aos grupos existentes
torna o Fórum mais fortalecido, como por exemplo, o crescimento, fortalecimento
e autonomia do Nafeza, como Fórum de Associações Femininas na Zambézia, e
este feito é um resultado do Trabalho do FM no nível de capacitação e
assistência Técnica. “ Ajudamos a AVIMAS (Associação das Viúvas e Mães
Solteiras) a reerguer-se depois da crise que se gerou depois da morte da
fundadora”.

Também se ressalta a expansão do Fórum para outras regiões como Niassa e


Tete, que é um marco de crescimento. O Gabinete avalia que “os pontos focais
do Fórum Mulher nas províncias foram um contributo importante. Em algum
momento as pessoas formadas não estão mais ligadas ao FM, mas acreditamos
que estas pessoas, onde quer que estejam, fazem uso dos conhecimentos sobre
género”.

Também foram realizadas actividades de mobilização das Organizações para


fortalecimento de estratégias conjuntas para acesso a recursos do Fundo Global
para a Saúde Sexual e Reprodutiva. Embora esta seja uma batalha em
processo, espera-se que venha favorecer para que seus membros também
tenham capacidades para aceder aos recursos e realizar projectos colectivos.

Muitas organizações afiliadas e parceiras também puderam aceder a recursos


de diversos doadores como o Urgent Fund for África, graças ao apoio e
capacitação do Gabinete.

Objectivo Estratégico 2 - Sociedade mais informada, consciente e actuante


sobre as questões de equidade e igualdade de género e dos direitos
humanos das mulheres.
Tanto o Gabinete, como os membros do Fórum Mulher consideram que houve
uma melhoria no acesso à informação através do Boletim Electrónico. Mas
permanece outra dificuldade apontada no relatório de 2006, que é a ausência de
meios electrónicos de comunicação por parte de muitos grupos membros, o que
dificulta a comunicação e a agilidade de respostas para as demandas que
chegam ao Fórum.

Há uma maior tomada de consciência sobre género e direitos humanos sobre a


necessidade de envolver os homens no engajamento dos projectos a partir da
acção: Homens na Luta contra a Violência – Movimento Homens como
Parceiros. O que representa novas estratégias e novas alianças políticas para
serem incrementadas para o próximo período.

Outro avanço substantivo deste actual Plano de Acção foi a “simplificação da Lei
da Família” sendo publicada como material de divulgação, com linguagem
acessível permitindo que mais pessoas tivessem acesso a conhecimentos sobre
a Lei. Essa foi uma importante estratégia, mas o Gabinete pressente que alguns
“doadores não estão mais interessados nesse tipo de actividade”. O impacto
dessa acção passa a ser um argumento para futuras estratégias de captação de
recursos e diálogo com os doadores.

O Gabinete também aponta como importante resultado no campo de direitos a


“quebra de mitos em relação à questão do Aborto, e sobretudo os malefícios do
aborto inseguro, que representa 11% da causa de mortalidade materna .
Formamos uma rede de contactos de pessoas e organizações – mídia,
parlamentares e agentes governamentais capazes de advogar pelo assunto”. Tal
estratégia também deve ter continuidade para o próximo Plano estratégico,
alargando para outras temáticas no contexto dos Direitos Sexuais e
Reprodutivos das mulheres, à Luz da Declaração de Maputo6.

Objectivo Estratégico 3 - As políticas e estratégias nacionais de


desenvolvimento adoptadas sensíveis às questões de equidade e
igualdade de género e dos direitos humanos das mulheres

O Gabinete reconhece que “as acções de advocacia sobre Violência Doméstica


permitiram um maior reconhecimento de que a Violência Doméstica é um crime.
A entrega da proposta de Lei ao Parlamento foi marco grande para a sociedade
e para o movimento das mulheres, liderado pelo Fórum Mulher”. Esse é um dos
maiores resultados desse período, apontados nos relatórios e reafirmados na
avaliação de Agosto de 2008.

Também é uma conquista os espaços para a participação da sociedade civil


na formulação de politicas e programas governamentais, onde o Fórum
Mulher teve a iniciativa de mobilizar outras organizações para participarem em
acções de Lobby. Mas o Gabinete aponta que “um desafio continua, o de
assegurar uma participação efectiva nos processos de monitoria da
implementação dessas politicas e leis”.

Outro importante resultado estratégico sobre as políticas públicas está


relacionado ao “processo de capacitação em orçamento na óptica de género que
permitiu consciencializar e criar capacidades dos técnicos dos sectores para as
questões de integração de género nos planos e orçamentos. Hoje contamos
com técnicos que são aliados e apoiam as iniciativas de integração de género
nos Planos e orçamentos Sectoriais”.

Essa acção terá repercussões a longo prazo e incide sobre o núcleo central para
efectivação de uma política com enfoque de género, ou seja, actua sobre o
orçamento que efectiva uma política de género transversal aos vários sectores.
Igualmente, está associada à grande agenda global sobre a eficácia da ajuda, o
Gabinete ressalta que “recentemente esse tema foi discutido em Accra, no
contexto da revisão da implementação da Declaração de Paris”.

No campo das relações institucionais o Gabinete avalia que “despertamos a


consciência do Ministério do Interior sobre a necessidade de institucionalização
dos Gabinetes de Atendimento mulher e criança”. Essa é uma acção político-
educativa permanente do Gabinete e Membros de Fórum tanto no nível
governamental, como no nível de parceiros da sociedade civil.

O Gabinete também destaca o apoio no desenvolvimento de pesquisas sobre o


estatuto da mulher. Como exemplo: “Análise de género nos Acordos de Parceria
Económica; Análise de Género nos Recursos Humanos da Função Publica e
Desenho das Estratégia de Género nos Recursos Humanos da Função Publica
(em curso); Desenho do Perfil de Género de Cabo Delgado (em curso);
Pesquisa sobre Género, Tradição e Cultura nos Programas de Desenvolvimento
(em curso); Género e Violência: O atendimento Psico-social; O custo dos
cuidados domiciliários. Direitos de Propriedade e Herança”.

Tais pesquisas fazem com que o Fórum Mulher se constitua como uma
referência na produção de conhecimento neste campo, tais informações
fundamentam a acção educativa e de inserção política. Sendo assim, a
produção de conhecimento é uma estratégia que vem se consolidando nos
últimos anos.

Objectivo Estratégico 4 - Mulher moçambicana desempenhando um papel


mais activo e consciente na defesa dos seus direitos e na promoção de
equidade e igualdade de género e dos direitos humanos das mulheres.

O Gabinete avalia que a conquista de espaços a nível regional, trouxe maior


visibilidade e fortalecimento de redes e parcerias regionais e a nível global.
Assim como “a existência de pontos focais do Fórum Mulher em diferentes
províncias facilita a visibilidade das intervenções do Fórum a nível nacional”.
Apontam também como estratégico nesse período o fortalecimento do Cluster
de Género e Direitos Humanos na África Austral. Assim como ressaltam o
desenvolvimento da parceria com a IPAS, que tem contribuído para o
fortalecimento das entidades governamentais e da sociedade civil na questão do
aborto inseguro e suas implicações, bem como o reforço para uma Lei sobre a
Livre interrupção da Gravidez, como forma de salvar a vida das mulheres.

4. Onde Estamos – Eficácia, Impacto, Eficiência, Aprendizado

A iniciativa de realizar um processo de planificação estratégica é em si uma


demonstração de desejos de avançar e rever trajectórias, compartilhar e
entrelaçar conhecimentos e expectativas. Para tal, neste capitulo o Plano 2005-
2009 deverá ser revisto a partir dos avanços de seus objectivos e dos resultados
relacionados a: Eficácia, Impacto, Eficiência, Aprendizado.

Assim, seguindo os termos de referência, foi realizado em Agosto de 2008 um


processo de auscultação com integrantes do Gabinete, membros, órgãos
sociais, parceiros/as, doadores, como subsidio para a planificação estratégica
2009-2013. Essa é mais uma fonte de informação analítica a partir da fala de
quem compõe o Fórum Mulher.

Eficácia – analisar a gestão relacionada a melhorias em seu funcionamento interno e nas


relações com seus membros. Apontando também como as actividades contribuíram para
a mobilização e consciencialização de mulheres e homens, e para o aumento da liderança
;se mulheres, assim como as actividades de Advocacia contribuíram para um melhor
ambiente legal e político adaptável à situação da mulher e a defesa dos seus direitos.

Sobre a gestão e relacionamento com membros

Era sabido que um dos grandes desafios deste período estava no nível interno
com o começo da operacionalização do Plano Estratégico 2005-20097, que
priorizou acções para o desenvolvimento institucional (DI) com enfoque no
Gabinete.

Nos relatórios, assim como nas análises dos grupos, há limites e


constrangimentos relacionados a dois campos de desafios, um de dimensão
organizacional que está relacionado à necessidade de espaço físico e melhorias
de condições de trabalho, e um outro está relacionado à necessidade de
avançar no fortalecimento institucional de seus membros, desde os aspectos
organizacionais até a sustentabilidade política, já que o Fórum Mulher tem como
forma de actuação o trabalho em rede, e essa rede é alimentada e sustentada
pela acção de seus membros.

Esses três anos foram marcados especialmente por parte da coordenação do


gabinete, por mudanças internas nos recursos humanos. Foram renovados
cerca de 50% da equipe, o que significou um esforço extra para superar a
sobrecarga de agenda e responder satisfatoriamente a execução das
actividades anuais. Tais mudanças acarretaram problemas, por exemplo, com o
Sector de Formação e Desenvolvimento Institucional que não mostrou o
desempenho esperado, devido à ausência do Responsável. Tais mudanças
ocorreram como parte de um processo institucional de renovação, como também
por necessidade de resolver desafios apontados nas avaliações anteriores, em
um caso, a mudança ocorreu por ocasião da morte de uma de suas
trabalhadoras.

Nessas mudanças, que ocorriam desde de 2004, incluiu-se a contratação de


nova Directora Executiva, facto este que é um importante passo para alcançar
os objectivos de avanços institucionais, mas também imprimiu mudanças de
dinâmicas, que visavam responder satisfatoriamente às recomendações das
avaliações precedentes, entretanto esses ajustes e renovações são processos
lentos em um contexto de muitas outras mudanças institucionais. Os membros
afirmam que o “Facto de o FM decidir escolher uma jovem mulher como
Directora Executiva, que é muito dinâmica e se faz representar em várias frentes
para defender o FM é muito bom”.

Entretanto vale destacar que tais mudanças no Gabinete preservaram uma


memória institucional, em pessoas da equipe que estão desde a origem, assim
como em membros fundadores, ou mesmo em documentos que asseguram a
manutenção de valores internos que são fundamentais para a preservação da
história institucional. Contudo, é importante registrar que todo processo de
renovação traz conflitos e desejos de mudanças, o desafio do Fórum Mulher é
equilibrar uma memória institucional ao mesmo tempo que avança em
mudanças na sua cultura interna, transformando dinâmicas e politicas internas
que já foram percebidas que não estão mais de acordo com a nova conjuntura
em que vive o Fórum Mulher.

A nova formação da equipe do Gabinete, que ainda é considerada uma equipe


pequena para o crescimento do Fórum Mulher, tem se desdobrado para a
execução das actividades, visto que o orçamento quase que duplicou de 2005
para 2007, cuja projecção orçamentária novamente duplica para 2008. Para o
novo Plano estratégico o Gabinete coloca como desafio “gerir e sustentar esse
crescimento”.

Quando o Gabinete foi perguntado qual é o maior problema que têm o Fórum e
como gostaria de resolver, responderam que além da sobrecarga de trabalho, há
problemas internos “falta espírito de equipe, falta partilha e coesão, falta mais
capacidade técnica, humana, financeira para o FM funcionar melhor”. Colocam
também que “não há hora de saída devido ao fluxo de trabalho e logo a
compensação de trabalho é anulada, devendo o FM criar condições para o
reajuste, se possível”.
Nesse sentido, é preciso avançar no próximo Plano Estratégico no trabalho
sobre a cultura institucional que relaciona o porquê das escolhas das agendas
gerar conflitos e desarmonia interna, e enfrentar esse problema é crucial para
dar seguimento às recomendações para o avanço da gestão. Procurar
responder até que ponto as mulheres trabalhadoras do FM compartilham
princípios feministas de solidariedade/igualdade/autonomia? Se forem
compartilhados são vivenciados? Quais as dificuldades? Como fazer para que
princípios de justiça sejam aplicados nas dinâmicas internas e em relação aos
membros?

Em relação às melhorias das condições de trabalho o Fórum conseguiu avançar


alguns passos nos procedimentos para aquisição de casa própria, que para o
Gabinete é a realização de um “Sonho de longos anos! Mas muito ainda há por
fazer para que este sonho se torne realidade”.

Na relação com os membros, o Gabinete analisa que são poucos os membros


que se preocupam muito com a execução das actividades, “só querem
resultados, mas não ajudam”. Também colocam que “os membros cobram-nos
como gabinete, esperam muito mais do staff, sem darem o seu máximo”. Por
exemplo, o “FM tem rapidez de circular a informação, mas não há resposta
imediata nos membros, assumimos muito e damos aos membros, mas eles não
correspondem, e logo, temos que entrar e envolver-nos”; “o diálogo é difícil entre
os membros e FM, o nível de formação de grande parte dos membros está
aquém do esperado e cria problemas para a coesão”.

Quando essa mesma pergunta foi feita para os membros a resposta foi “O
Problema está na coordenação de actividades. O FM deve explorar as
potencialidades dos membros, pois às vezes sentem-se que o FM está a afogar-
se, mas não descentraliza”. Entretanto consideram que “a coordenação é boa,
só que às vezes o FM nos convida, mas nós é que não participamos, por
sobreposição de actividades nos nossos grupos”.

O Gabinete é percebido por alguns membros como suporte “quando temos


conferência tem nos providenciado materiais de apoio”, assim como realiza
capacitação institucional aos grupos, sendo percebido como “activa no seu
desenvolvimento”. Desta forma, permanece o desafio de construção de uma
rede de membros fortalecida que efective a acção do Fórum Mulher e que
compartilhem mais as responsabilidades institucionais.

Muitas vezes grupos dos membros dizem que não colaboram mais com o FM,
porque lhes faltam recursos financeiros, entretanto reconhecem que podem ser
feitas muitas coisas sem dinheiro, e reconhecem os esforços do Gabinete em
apoiá-los no seu desenvolvimento institucional e que não é papel do FM apoiar
financeiramente as necessidades de seus membros. Reconhecem também que
para ser membro tem que pagar as quotas, isso significa que os grupos
deveriam ter o mínimo de condições para colaborar com o Fórum.
Os membros reconhecem também que não existe feedback do que se faz entre
os membros. Como exemplo, desrespeitam o acordo de enviar os relatórios
anuais para o Gabinete. Por outro lado, os que mandaram reclamam feedback.
“Todos recebemos sempre as acções do que o FM faz, simplesmente os
membros não participam”. Mas também revelam que recebem informações, mas
“não temos segurança de que todas as actividades são anunciadas”; “A
comunicação e participação existe quando são eventos, mas a execução das
acções não é compartilhada, e isso não traz segurança de que é tudo”. Aqui se
percebe um clima de desconfiança, que pode fragilizar as relações, ou mesmo
pode ser justificativa para omissões.

Contraditoriamente é reconhecido que as dinâmicas institucionais também


avançaram nos processos de desenvolvimento institucional interna aos seus
mecanismos de gestão em relação aos seus membros. E já traz respostas
positivas à estratégia de fortalecer os membros de sua rede, com formação e
apoio directo. Sendo este um lugar de grande investimento nesse período, o
resultado é uma melhoria na participação, mesmo que ainda não esteja no grau
desejado. As actividades de DI assim como de formação dos membros são
reconhecidas como tendo alcançado bons resultados relacionados à maior
incorporação da perspectiva de género por parte de seus membros.

Um importante avanço também foi o incremento dos mecanismos de reuniões


temáticas com membros, cuja pauta e a condução do debate foram assumidas
pelos mesmos, trazendo mais participação e apropriação dos membros em
relação ao conjunto do Fórum Mulher. Aqui também vale ressaltar que os
relatórios apontam que essa participação ainda é baixa, a frequência das
reuniões fica em torno de 20% a 25% de seus membros.

Para a melhoria das relações institucionais um dos principais avanços foi na


comunicação institucional que fez aumentar a socialização de informações
melhorando as relações entre seus membros e o Gabinete. Contudo, é
percebido que essa estratégia apenas iniciou seu trabalho, e o retorno de
comunicação de seus membros ao Gabinete ainda é baixo. Alguns membros
assumem a dificuldade de responder, ou mesmo de ler todas as comunicações
que recebem do Gabinete. Permanece assim a necessidade de desenvolver
novas estratégias de desenvolvimento institucional com seus membros para a
definição de prioridades em relação ao tempo que os membros dedicam na
efectivação do quotidiano e das acções do Fórum Mulher.

Quando foi perguntado como definem o papel dos membros, Gabinete,


Direcção, as respostas divergiam, entretanto muitos membros definiam os
papéis como o “Gabinete, convoca os membros e coordena os membros , é
órgão executivo; a direcção responde pela coordenação e representação do FM
junto a sociedade. O Gabinete executa as acções aprovadas pela direcção e
implementa o plano das actividades e liga-se aos membros. Existe uma
influência de membros para o gabinete e vice-versa, para o desenvolvimento
das acções”. Contudo, a maioria dos grupos principalmente os membros mais
novos, parecem não compreender muito os papéis de cada órgão citado acima.

É importante destacar que houve mudanças de pessoas não somente interno ao


Gabinete. Também têm uma renovação de grupos integrantes como membros
do FM; foram admitidos cerca de 20 novos grupos no decorrer desse Plano
Estratégico, considerando também que nos grupos antigos também ocorreram
mudanças de pessoal e, consequentemente, de representação junto ao FM.

Todas essas mudanças implicam em quebra de fluxo de comunicação e de


transmissão de conhecimento dos processos em execução. Por outro lado,
verifica-se que a nível interno de muitas das organizações membros a
comunicação é frágil. Aqueles que têm a oportunidade de participar nos eventos
organizados pelo Gabinete não partilham informação a nível das suas
organizações.

Entretanto é importante compreender que essa é a dinâmica, as entradas e


saídas não são fatos esporádicos, fazem parte do quotidiano. Um Fórum com
tamanha diversidade, precisa construir fluxos permanentes de comunicação e
conexão com seus membros tendo em vista a fluidez dessas relações. Isso traz
uma dimensão das explicações do porquê é baixo o compromisso dos membros
na execução do Plano Estratégico, ou mesmo usando o recente exemplo do
baixo conhecimento dos membros que participaram dessa avaliação sobre o
planeamento de 2004.

Mas é unânime da parte dos membros reconhecerem que têm muito o que
avançar na resolução de problemas. Em geral, os membros se sentem como
parceiros na luta pelo direito das mulheres, valorizam o Fórum e se sentem
valorizados por estarem no Fórum.

Essa relação histórica de assumir papéis de execução e coordenação, gerando


criticas do lado do gabinete e de membros, sobre as responsabilidades de cada
qual, acompanha a trajectória do Fórum e é apontada como sendo seu maior
desafio. Entretanto, o relatório de Análise Funcional aponta a possibilidade de
um papel do Gabinete explicitamente misto entre coordenar e executar acções
que não podem ser assumidas por seus membros, mas que são estratégicas
para efectivação da sua missão.

Permanece a dificuldade de gestão diante da diversidade de seus membros, ao


mesmo tempo em que aumenta a tensão dessa relação, tendo em vista que a
democracia em Moçambique avança na abertura para o surgimento de sujeitos
colectivos defendendo interesses da sociedade civil. Isso exige maior autonomia
do Fórum Mulher em relação às instâncias governamentais e também uma
grande capacidade de diálogo sobre os diferentes papéis de seus membros para
que não haja rupturas, que não são desejadas, e sim um processo de
crescimento de parcerias e colaboração mútua.
Nesta actual avaliação de meio termo percebemos avanços em campos que
estavam recomendados como estratratégicos e são eles: apoio as organizações
membros e à formação para o desenvolvimento institucional de membros,
visando a maior definição de papéis entre as partes. Contudo, três campos
precisam avançar, sendo que um está relacionado com acordos e definições nas
referências político-teóricos do Fórum, tais definições podem ajudar a clarificar
papéis entre seus membros. O segundo está relacionado à necessidade de
avançar no posicionamento politico do Fórum no âmbito da sociedade civil,
definir se é integrante constitutiva dos movimentos sociais que lutam no campo
da justiça, da igualdade e dos direitos humanos, em particular, dos direitos das
mulheres. O terceiro diz respeito a democracia interna, suas dinâmicas e
processos decisórios internos à organização.

Sobre actividades e orçamento

De acordo com os relatórios anuais, outro factor do contexto interno que gerou
tensões e sobrecargas nesses últimos três anos foram as entradas tardias de
alguns recursos, de acordo com o Gabinete “decorrentes da mudança de certos
procedimentos administrativo-financeiros ao nível das agências de apoio
programático facto esse que associado ao começo de novos programas, trouxe
a necessidade de adaptações e mudanças de agenda para não produzir impacto
negativo nos resultados finais das acções planificadas”.

Os atrasos foram justificados como decorrentes da demora na chegada das


parcelas, ou de início de projectos, mas sem comprometimento do conjunto das
actividades. As acções de Lobbie e Advocacia crescem nesse período de 57%
em 2005 para 77% em 2007, relativas ao conjunto das actividades do Fórum,
revelando que o FM está trabalhando diante das recomendações estratégicas e
actuando fortemente sobre a conjuntura. Desta forma tem alcançado seus
objectivos e resultados previstos exercendo um “papel catalisador e facilitador”
onde gabinete e seus membros actuam sobre o desenvolvimento do País.

Entretanto, esse aumento percentual de concentração das acções, e


consequentemente dos apoios de projectos em Lobbie e Advocacia, pode ser
um risco no equilíbrio entre as linhas programáticas, por exemplo, a linha de
formação que é estratégica para a instituição diminuiu sua participação no
orçamento geral em 100%, a execução de actividades nessa área passou de
20% para 10%. Como também a área de Desenvolvimento Institucional, diminuiu
sua participação de 23% em 2005 para 13% em 2007, sendo o DI o campo de
actividades centrais para a sustentabilidade e desenvolvimento estratégico do
Fórum Mulher.

Apesar de ter diminuído percentualmente o orçamento no Desenvolvimento


Institucional, foi realizado com grande êxito o processo de fortalecimento
institucional interno ao Gabinete e com seus membros. Tendo em consideração
que foi iniciado um processo, recomendado pelas avaliações anteriores, mas
sob forma de um processo, a planificação do próximo período precisa definir
acções directas aos membros que avancem no desenvolvimento institucional do
Fórum Mulher na relação de execução de seu plano.

Outro campo estratégico é a Rede de Formadores, que renova a sua actuação


em 2006, trazendo grandes avanços para o fortalecimento de membros na
incorporação de género e da agenda do Fórum Mulher. Todavia mantém
lacunas teóricas e de coordenação de suas acções diante da demanda que
chega ao Fórum Mulher. Iniciaram-se nesse período acções formativas de
consultorias para a Rede de Formadores do Fórum Mulher como parte da
estratégia de fortalecer o Fórum no seu papel de educador e de consolidação de
referência nacional na formação de género

Os relatórios do período demonstram a execução das actividades previstas e o


alcance dos resultados principais. Destaca-se como resultado geral o
lançamento da campanha pela aprovação da Proposta de Lei Contra a Violência
Doméstica que, conforme o relatório de 2007, “constituiu um desafio muito
grande, porque os acontecimentos a volta do processo têm mostrado que a luta
pelos direitos das mulheres não é uma agenda fácil. Ainda se torna necessária a
luta por fazer mulheres e homens perceberem, ou seja, tomarem a consciência
das desigualdades existentes na nossa sociedade”. Tal acção foi de coordenar a
elaboração da proposta de Lei e luta pela revisão de toda a legislação
discriminatória, pela implementação dos instrumentos regionais e internacionais
assinados e ratificados por Moçambique e a ratificação de outros que versam
sobre os direitos humanos em geral e sobre os direitos humanos das mulheres
em particular.

Destaca-se também como importantes acções as relacionadas ao sector de


Informação, Lobbie e Advocacia do Fórum Mulher, que em coordenação com
outras organizações membros e não membros do Fórum Mulher, tem
desenvolvido várias actividades com vista à melhoria da condição de vida da
mulher e para o alcance do equilíbrio de género na sociedade moçambicana.
Como por exemplo o começo da iniciativa “salvando a vida das mulheres”; o
lançamento da iniciativa “Mulher e Eleições”, o lançamento da iniciativa “Homens
como Parceiros”. Como afirmam os relatórios, estas iniciativas envolveram de
forma intensa o gabinete e membros do Fórum Mulher, que procuraram
intensificar as acções de Lobbie.

Os membros apontam como importantes resultados a divulgação de leis, as


pressões para novas leis como a do aborto inseguro, a pressão para a definição
de quotas no parlamento e nos órgãos de decisão, e colocam como muito
importante o facto do Fórum Mulher ter exercido nesses últimos 4 anos um papel
fundamental para a mudança de atitude nos órgãos decisores.

Seguindo as recomendações dos documentos de avaliação e planificação foi


retomada a comunicação institucional através de boletins e informes, tal acção
foi avaliada por seus membros em Agosto de 2008 como um dos avanços
importantes do Fórum Mulher nesse período e que proporciona mais
transparência e mais informação aos membros, apesar dos membros
reconhecerem que não têm cumprido o acordo de alimentar o Gabinete com
relatos periódicos de suas actividades.

Percepção sobre o sentido político do Fórum Mulher

Para o grupo de agências de cooperação e parceiros o FM é percebido como


representante, coordenador e visibiliza as actividades de mulheres e da agenda
de todas as questões de género, “ele nos dá informação sobre que tipo de
grupos trabalham com a temática de género e aonde eles estão a nível
Nacional”. Consideram que o FM conseguiu levantar as questões chaves de
mulheres, “é verdade que ainda deve imprimir maior dinâmica, e maior
coordenação, sente-se também a falta de pessoal dentro do Gabinete”.

Por parte dos membros o Fórum Mulher é percebido como uma referência nas
questões de género e direitos da mulher, e que recebem influências mudando
comportamentos individuais e institucionais. Ressaltam que há mudanças mas
consideram que não é fácil, “devido às culturas matriacal/patriacal a mudança é
muito lenta”. Por conta dessas dificuldades alguns grupos passaram a trabalhar
na área da rapariga. Muitos se sentem desanimados/as no caso de violência, “se
levas o problema a polícia, ele diz que é problema social e resolvam em casa,
então é frustrante ainda”. Mas afirmam que continuam na luta e revelam
estratégias “para encorajar a mulher, dá se prioridade a elas, como exemplo, na
formação de 5 pessoas, vão 2 homens e 3 mulheres”.

Sobre as relações institucionais, as agências de cooperação e parceiros


esperam do Fórum mais parcerias e dizem que “existem muitas coisas que
estão a acontecer e estamos preocupados, pois não temos informação, o FM
tem máquina grande, e não queremos ser doadores eternos, mas parceiros”.
Compreendem que o FM dinamizou a compreensão da esfera da mulher na
sociedade. E afirmam que querem “ser actores activos com FM e não só dar
dinheiro, deve ser um actor de saber e ser referência para outros pontos”, nessa
dimensão avaliam que o FM deve ser mais “agressivo para se impor perante a
sociedade”, assim como colocam que pode ser mais activo como grupo de
pressão sobre os vários ministérios que implementam políticas de género.

Percebem que os membros “têm pouca visibilidade em relação ao Gabinete e


deve ser vista uma forma de se envolver os membros e não se sobrecarregar
apenas o Gabinete”, sendo assim, recomendam que o FM deve transmitir a
experiência para os seus membros e isso é percebido como a grande fraqueza
do FM, “pois quando um dia as pessoas saírem corre-se o risco de não se
continuar com as tarefas”.
Sobre definições das referências politico-teóricas as análises do grupo de
agências de cooperação e parceiros coincidem com o grupo de órgãos sociais,
com a perspectiva do Gabinete e com a avaliação de muitos membros
fundadores, defendem que o Fórum Mulher tem uma perspectiva feminista,
mesmo considerando o facto da dificuldade histórico-cultural de adoptar
publicamente tal dimensão. E exemplificam com o fato de que a defesa dos
direitos humanos da mulher, é uma agenda feminista. “defender à discriminação
positiva é importante em África, em particular, para se defender a mulher”.
Nesse sentido, percebe-se que é adoptado o conceito dos direitos das mulheres
como a emancipação, no sentido feminista, no sentido da busca pela igualdade
e liberdade das mulheres, pelo direito de decidir sobre suas vidas.

Para o Gabinete, membros e parceiros é positiva a adopção da perspectiva


feminista para defender os direitos das mulheres, entretanto sabem dos limites
políticos em relação ao conjunto de membros que não se percebem feministas e
se afirmam como adoptando uma perspectiva de género. Nesse sentido seria
“perigoso” avançar na definição do fórum pelo Feminismo, pode afastar os
homens. Por outro lado, pontuam que a ousadia no sentido positivo, dá espaço
para nos impor perante outrem e que “utilizar a palavra feminista ás vezes é
necessária para que as outras organizações saibam onde se encontram, ás
vezes existem algumas delas que o são, mas elas não sabem”. Esse é um
debate de grande importância para o Fórum e que pode avançar em definições
teórico-conceptuais demarcando uma perspectiva do campo de actuação do
Fórum Mulher.

Sobre a acção do Fórum é ressaltado que a estratégia de mobilizações e


campanhas traz visibilidade e marca outra forma de fazer política. O fato de ir
para as ruas com reivindicações de direitos é percebido pelos seus membros
como uma importante forma de sensibilizar a sociedade.

Impacto – analisar até que ponto as actividades contribuíram para


combater os problemas identificados no Plano Estratégico e como se
relacionou com o contexto. E se houve mudanças ao nível dos membros, e
da comunidade e até que ponto essas mudanças podem ser atribuídas ao
trabalho do Fórum Mulher.

O Fórum também actua de acordo com a conjuntura nacional, que desde 2005
estava motivada pela entrada de um novo Governo e pelo processo de
elaboração do PARPA II, que desta vez, procurou envolver a sociedade civil,
demandando uma forte actuação do Fórum Mulher. Assim como o anúncio da
elevação das taxas de prevalência do HIV/SIDA de 14% para 16.4% “levou à
concertação de esforços e mentes na tentativa de descobrir formas mais
criativas de fazer face ao problema”, tais acções no campo da política pública
incidiram directamente nos objectivos estratégicos do período, em particular no
que diz respeito ao indicador que espera nesse período ter “Introduzido nas
diferentes políticas em elaboração, no período de vigência do Plano Estratégico,
aspectos sensíveis à equidade e igualdade de género”.

No nível internacional/Global as mobilizações e actividades se concentraram no


âmbito da agenda da Organização das Nações Unidas (ONU) e avaliação dos
Objectivos do Milénio, o que trouxe visibilidade e legitimidade internacional ao
Fórum Mulher, quando actuou nesses processos de forma articulada com os
movimentos feminista e de mulheres internacionais. Ao mesmo tempo o Fórum
intervém no movimento internacional da Marcha Mundial das Mulheres contra a
feminização da Pobreza, violência e HIV/SIDA.

Entretanto destaca-se como um importante impacto desse período as acções


relacionadas ao sector de Informação, Lobby e Advocacia no desenvolvimento
de actividades no âmbito do legislativo e da politica pública, assim como o
sector de Formação com a perspectiva de género, que trouxe impactos com
vista ao avanço dos direitos das mulheres.

Confirmando o que está posto nos relatórios deste período, o Gabinete percebe
que depois de 2005, com a iniciativa de lei sobre a violência doméstica e pelo
facto de ter sido submetida ao parlamento, embora não tenha sido aprovada,
trouxe reconhecimento ao Fórum a partir das manifestações, “o Fórum Mulher
passou a ser mais visível”. Também avaliam que o processo de divulgação da lei
de família e a do aborto, assim como a integração de género no PARPA II,
favoreceu para visibilizar a importância do lobby para estes trabalhos e esse é
um resultado da legitimidade do Fórum. Um indicador foi a abertura de espaços
da sociedade civil no processo de elaboração de políticas de Estado, nesse
actual Governo, “que incorporou discussões e os documentos elaborados pelo
FM”.

Em relação aos impactos sobre a sociedade em geral, o Gabinete, assim como


seus membros, percebe que muita gente não sabia o que era a lei de família, e
que as estratégias de divulgação, com publicações, mídia e mobilizações, como
a “Marcha da sociedade para a incorporação da lei de família” fez com que todos
os sectores da sociedade de alguma forma começassem a tomar consciência
sobre esses direitos.

Os membros ressaltam que a estratégia de fazer marchas pelos direitos das


mulheres é uma importante acção “porque só assim é que os parlamentares
notaram que existe a preocupação para tal, a partir da marcha as organizações
começaram a trabalhar no assunto e o Governo é sensível”. Afirmam que “é uma
honra ser membro do FM , pois a gente beneficia-se dele em muitos aspectos, a
marcha levou para a visibilidade o Fórum para a sociedade. Fortifica as
associações na gestão e liderança delas.”

É uma opinião geral que “o FM tem sido um exemplo para o exercício


democrático em Moçambique, e o exemplo disso são as leis aprovadas com o
grupo de pressão do Fórum e marchas pacíficas trazem para a sociedade uma
vantagem”.

Quando perguntados se acham que o FM está a seguir os objectivos


institucionais, foi unânime responder que “sim, está no caminho certo”. E que
existe mudança com relação a incorporação da perspectiva de género, “sim
existe mudança, a formação e capacitação ajuda a mudar a mentalidade da
mulher e do próprio homem para com relação a ela”. Afirmam que “antes a
mulher não tinha voz e os homens é que estavam a dirigir, mas hoje nalgumas
comunidades temos mulheres a representar as organizações. O FM ajuda a
resolver os problemas nacionais, assim como internacionais estamos
representados.”

E internamente aos grupos também vêem mudanças, “para dentro dos grupos a
questão de quota passa a ter peso na direcção, sobre a violência muda a
perspectiva pessoal e passamos a compreender mais a necessidade do respeito
das mulheres”. Afirmam que “a influência do FM na equidade do género é
notória. Já houve seminários, workshops e é graças ao FM que nos
beneficiamos”. Ressaltam que os grupos membros também influenciam nas
comunidades “a mentalidade foi mudada, com base na nossa insistência e
formação, então sentimos que houve crescimento”.

Apontam como positivo a inserção em “fóruns regionais e internacionais como


parcerias e isso engrandeceu bastante o FM”; consideram que “a gestão
financeira transparente levou a que os parceiros depositassem a sua confiança
ao FM” e que “há discussão sobre género a todos os níveis, apesar de a lei da
violência doméstica não ter sido aprovada , já existem gabinetes de mulher e
criança nas esquadras , o que é bom e que já existe especialização do Género e
o próprio Governo já incorporou Género e Orçamento como linha de enfoque”.

A percepção dos Órgãos Sociais não difere muito do explicitado pelos membros,
mas avançam em questões centrais relacionadas aos “nós” históricos como por
exemplo, a diversidade entre seus membros. Analisam que “2008 é positivo, o
contexto é totalmente diferente do de ontem (da sua fundação), por isso deve
mudar a sua estratégia para corresponder às expectativas e à própria
conjuntura”, nesse sentido, avançam na reflexão do papel do Fórum como
sociedade civil e questionam se podem continuar com indiferenciações de
papéis entre organizações não governamentais e governamentais.

Reafirmam que o FM nasce como voz de segmento da Sociedade Civil com


ênfase na defesa dos direitos das mulheres, no entanto, no seu processo de
construção agregou muitos outros segmentos. Mas, consideram que nesse
momento existe a necessidade de democratizar a Sociedade Civil, segundo reza
a Constituição da República de 1990. Consideram que o “FM agora está mais
abrangente e com um papel de relevância e que deve ter outro papel da
renovação”, “o FM tem um papel político real, e deveria ter ainda um papel
maior, mais activo, no sentido de que quando apareça algo na imprensa a
desfavor da mulher o FM deveria aparecer imediatamente, mas infelizmente
ainda não consegue”.

Sobre a constituição do Fórum em relação a diversidade de seus membros o


grupo de Agências de Cooperação e Parceiros acham positivo, colocam que
facilita “quando o FM consegue furar caminhos para negociar e alcançar
resultados”. Mas ponderam que é complicado “quando o Governo é um entrave
para se penetrar a outros fóruns que não vêem o Governo de bons olhos”. “Mas
o que é bonito é que quando se quer fazer pressão ao Governo, separa-se as
pessoas e negociam com transparência”. Entretanto afirmam que “é preciso
conciliar os papéis”.

A Rede de Formadores avalia que a metodologia com a qual trabalham precisa


ser revista e reciclada, no sentido de enfrentar modelos culturais patriarcais,
visto o exemplo do aumento da epidemia de HIV/SIDA. Entretanto consideram
que trabalhar na formação de género mudou suas vidas no seu quotidiano, mas
avaliam que ainda é preciso aprofundar conceitos e rever a metodologia.
Entende-se que a formação é linha e princípio do Fórum, mudar as relações de
género é um objectivo, logo a rede de formadores tem também como objectivo
reciclar o Fórum Mulher.

Eficiência - Até que ponto procedimentos foram implementados para garantir o uso mais
eficiente dos recursos (financeiros, materiais, tempo, intelectual)? Ex planificação,
processo de monitoria e avaliação, etc. E se o Gabinete se considera eficiente em função
dos resultados obtidos, incluindo a relação entre o gabinete e seus membros e outros
parceiros... doadores, etc.

Sobre dinâmicas e metodologia de trabalho os membros apontam como


importante o trabalho que o Fórum está fazendo de fortalecer seus membros, na
sua capacidade organizacional e de formação nos temas dos direitos das
mulheres, se sentem mobilizados para lutar para ampliação desses direitos.
Apontam como necessidade de avançar em acções nacionais do FM, articular e
coordenar acções em redes junto às redes de seus membros. Reconhecem que
“de facto o FM é conhecido por todos tendo em conta que Maputo é capital e
todas as organizações, estão na capital”, Mas questionam, “Será que o FM é só
Maputo, ou em Lichinga também existe? Não é possível disseminar a nível
nacional mesmo com dificuldades financeiras? o objectivo é que em cada
província haja representação do FM”.

Os membros valorizam a metodologia de trabalho “é participativa e os tópicos


são recebidos antes dos encontros e mesmos depois dos encontros, os
encontros são partilhados com outros colegas”. Apesar de alguns membros
apontarem dificuldades na comunicação. Possivelmente essas diferentes visões
estão relacionadas ao grau de envolvimento e participação dos membros nas
dinâmicas do Fórum.
Sobre a possibilidade de assumirem mais as tarefas do FM alguns membros
revelam que seus próprios grupos já estão sobrecarregados e que é sempre
difícil assumir mais tarefas. Por outro lado, alguns membros colocam que
“pensando bem, acham que teriam prazer e não sobrecarga ao receber as
tarefas do FM” e que teriam tempo para isso, “faríamos sem problemas”.

Os membros também analisam que “as vezes as agências de cooperação e


parceiros querem executar pessoalmente as actividades e não é assim que
devia ser, não temos recebido subsídios, querem que sejamos só voluntários e
assim não temos nada, etc.”. Os grupos que são menos estruturados se sentem
atingidos na sua autonomia e colocam que é “ grande esse problema e devia ser
vista esta situação”.

Sobre a dinâmica e gestão do Fórum, o grupo de Órgãos Sociais percebem que


“o Fórum é um movimento que lidera processos de luta sobre equidade, porque
para além de assuntos internos nacionais, também é uma organização, que
também tem financiamento e com parceiros. Tem uma autonomia relativa
porque tudo depende dos doadores e a escolha dos projectos não é em função
da necessidade real e prioridade do Fórum, mas sim do parceiro . Então, com
este Planeamento Estratégico está a buscar-se o papel de um Fórum que tenha
um fundo comum para todos os problemas, pois o FM implementa projectos de
cada doador e isto é uma pressão, sobre outra, sem resolver os problemas de
fundo que se prendem com a sustentabilidade da própria organização. E então,
se conseguir-se este objectivo do fundo comum vai ser muito importante”.

Sobre a gestão, os Órgãos Sociais avaliam “que pode melhorar ainda mais a
evolução do Gabinete, na capacidade e em número, pois da maneira como está
não satisfaz as demandas dos membros. Isto é derivado pela redução de
recursos financeiros”. Concordam que de 2004 para cá, houve mudança e houve
reflexão conjunta dos aspectos que estão a falhar, então está-se neste momento
a reformular o FM por forma a caminhar com nossos próprios meios”. Acredita-
se que se entrar na questão do Fundo Comum é possível ultrapassar as
dificuldades.

Analisam que em relação aos membros, “nem todos acham que temos nossos
deveres para com o FM. Alguns pensam que devem ter benefícios sem nenhuns
esforços e não cumprem com os seus deveres. Então como o FM não tem essa
vocação, então gera-se conflitos, existem conflitos interpessoais, nalguns
momentos não temos sido muito solidárias. O FM tem delegado aos seus
membros, mas também acumulam as tarefas. Outra preocupação é de que o FM
não seja um intermediário para trespasse de recursos para os grupos membros
“no momento em que começa a redistribuir o dinheiro pode falhar a sua
direcção, é necessário cuidado com isso”.

Avaliam também que a “distribuição de informação é dinâmica e existe sempre


tendência de juntar os membros para reuniões bimensais, e de acordo com as
áreas vão sendo convidados os membros para dar o seu contributo”. Entretanto,
“os membros não prestam contas internamente”. Um avanço positivo “é o envio
de solicitação de temas para serem apresentados nas reuniões bimensais”.
Chamam à atenção de que os membros que participam do FM têm um
compromisso, eles deviam responder às solicitações do FM, e que os grupos
que entram têm que ter a ideia da dimensão e das suas responsabilidades”.

O grupo de agências de cooperação e parceiros consideram o Fórum


estratégico para o avanço dos direitos das mulheres e que consolida sua
referência para o desenvolvimento e democracia de Moçambique, consideram
que sua administração é eficiente, mas reconhecem que precisam aperfeiçoar
seus instrumentos de monitoramento e de gestão administrativa, incorporar mais
os membros na execução de actividades, assim como, percebem a necessidade
de aumentar a equipe, e melhorar o espaço de trabalho.

Em relação a gestão do FM quanto aos recursos, apontam que o Fundo Comum


“ajudaria a harmonização de implementação, favorece a flexibilidade, pode
executar qualquer actividade chave sem ter que condicionar a tarefa. A outra
vantagem é que a agenda será definida pelo FM de acordo com a realidade e
ele poderá medir a sua capacidade de implementação”. Consideram que o
Fundo Comum vai priorizar a implementação do plano de acção de acordo com
as necessidades do FM e não dos parceiros. Pelo que recomendam que o FM
não adie o seu programa, no entanto dizem que “Estamos a espera do
memorando de entendimento que o FM –Gabinete, no ano passado prometeu e
até hoje não deu e que devia demonstrar como é que os fundos deverão ser
aplicados, então dificilmente poderemos dizer se sim ou não ao Fundo Comum,
sem esse documento”.

Em relação ao FM receber fundos e trespassar a outros grupos, é unânime


considerar que não é uma boa estratégia, “podia fragmentar o FM e os seus
objectivos e as pessoas não estão preparadas para isso. Até o FM pode
desaparecer devido a conflitos. [...]Pela experiência já vivida é negativo. Cada
ONG deve negociar os fundos sem ter que passar pelo FM. Não se recomenda
que FM receba recursos para trespassar para os membros. [...]A auditoria no FM
é difícil e pode minar as relações dos parceiros”.

Quanto ao Gabinete, nesse período aumentou a captação de recursos, através


de novos projectos, reafirmando a capacidade de articulador e executor dos
compromissos institucionais. O Fundo Comum passa a ser uma estratégia aceita
pelo conjunto de seus membros, assim como, pelo conjunto de seus doadores e
parceiros, contudo é necessário avançar nos mecanismos para sua efectivação,
esse processo é um dos objectivos do Planeamento Estratégico que está sendo
realizado em 2008.

Em relação ao orçamento cresceu de US$ 612.248 em 2005, para US$ 798.405


fechando o ano de 2007 com a receita de US$ 1.118.558. É um aumento de
captação de recursos que quase dobra o orçamento de 2005 para 2007, tanto
em relação aos projectos, como na captação de fundos próprios (ver tabela
anexo). Esse crescimento sinaliza que há reconhecimento por parte de doadores
e parceiros sobre o trabalho do Fórum Mulher como uma organização de
referência no campo dos direitos das mulheres.

Contudo é necessário avaliar até onde esse crescimento é sustentável.


Observando que a duplicação do orçamento não significou duplicação da equipe
ou de actividades sendo assumidas e executadas por membros. A ver os relatos
da avaliação esse crescimento significa a consolidação do Fórum Mulher em
suas áreas de trabalho, mas também trouxe um aumento e sobrecarga de
trabalho, que por sua vez aumenta a exigência de respostas às demandas e por
sua vez cresce a tensão sobre os “nós” históricos do Fórum: 1) Compartilha de
actividades e responsabilidades entre Gabinete e Membros. 2) Agilidade para
tomada de definições políticas e estratégicas no contexto de crescimento e
diversidade do Fórum. 3) Tamanho da equipe do Gabinete e estruturação de um
espaço mais amplo e adequado para o Fórum.

Aprendizagem - Qual é o valor adicionado (added value) do Fórum Mulher e em que


sentido o trabalho do Fórum Mulher poderia ser melhorado e como? Incluindo o papel de
coordenação do FM.

Uma importante avaliação do Gabinete, considerando todo esse processo de


mudanças dos recursos humanos, é que a equipe afirma estar motivada e que o
Fórum Mulher é um constante espaço de aprendizado, e que o mesmo mudou a
vida de cada um/a dos que lá trabalham, especificamente as mudanças estão
relacionadas a mudanças pessoais e familiares quanto aos papéis de género, é
uma opinião bastante geral que o Fórum fortaleceu as mulheres que trabalham
no Gabinete, o trabalho não é uma repetição técnica, burocrática, é um
aprendizado de vida e é dinâmico diante das inúmeras agendas.

A equipe reafirma que querem continuar trabalhadoras/es do Fórum, querem


aprender mais e crescer. Nesse sentido existe uma avaliação positiva de gestão.
O Gabinete também avalia o quanto este Fórum tem um grande objectivo para a
sociedade. Entretanto apontam que é preciso conciliar o direito das mulheres
para fora do Gabinete e para dentro, “o Gabinete tem poucos técnicos e muitas
responsabilidades o que faz com que todo o pessoal fique sobrecarregado”.

Na percepção do Gabinete o Fórum Mulher faz de melhor Lobby e advocacia


para a mudança de política e mentalidade de desenvolvimento. Entendem que o
FM faz o trabalho e a articulação entre as organizações e busca resolver os
problemas junto aos seus membros, que articula também acções no nível local,
nacional e internacional. “ O FM é convergência das agendas das organizações
em prol de uma agenda comum das mulheres, suas acções principais é de
mobilizar, fazer campanhas, e executar o que ele é melhor capacitado que são
as formações”. Outro destaque é o trabalho que se faz para o fortalecimento das
organizações de base, que é percebido como estratégico para que o Gabinete
possa exercer outras funções, quando as organizações de base assumem
actividades de execução directa.

Quanto aos membros a percepção é que o Fórum “fortifica a luta dos direitos
das mulheres” e apontam que a “diferença é que traz a perspectiva de igualdade
de género das mulheres”. Dizem que “estando todos juntas a luta é mais forte,
por isso a ligação destas organizações com o FM, é uma questão de
sobrevivência porque congrega todos os esforços para que as mulheres tenham
mais direitos”. Analisam que de 2004 a 2008, o FM conseguiu apoiar na
formação e sente-se uma grande diferença hoje na qualidade dos seus
membros.”

O Fórum é percebido como defensor das associações e que seus membros


defendem os interesses das mulheres, para isso, preocupa-se com a formação,
com o objectivo de elevar as suas associações para trabalhar no
“desenvolvimento da mulher nas comunidades”. Para os membros o “FM está
para a divulgação das leis para o bem da mulher e seu emponderamento. É uma
coligação das associações que lutam pelos direitos da mulher e crianças. É líder
das organizações que trabalham no emponderamento da mulher, na luta pelos
seus direitos”. E percebem que quem lidera esse Fórum são as próprias
organizações que compõem o FM, “a liderança do FM é participativa, pois não
toma nenhuma decisão sem consultar, e é por isso que estamos aqui.”

Os membros compreendem o Fórum Mulher como “uma organização social de


lobby e advocacia, que influencia política e socialmente elevando o papel, o
nível de formação e educação dos seus membros”, assim como também,
“implementa política favorável ao desenvolvimento social e igualdade de género
na defesa da mulher e criança”. O “FM faz advocacia junto aos partidos políticos
para a aprovação de certas leis, mas não faz política partidária”. O Fórum
também “faz divulgação da informação dos direitos humanos, faz formação
intensiva dos seus membros na defesa dos direitos da mulher e das crianças
vítimas de HIV/SIDA, e dá assistência social” assim como “pressionou para a
aprovação da lei de trabalho e influenciou na mudança dalgumas cláusulas
desfavoráveis ao trabalhador”.

Sobre o que gostariam de ver mudado no FM, os membros apontam a


fragilidade de atender as demandas gerais, “ainda é fraca a respostas às
demandas do publico geral”. E internamente avaliam que falta capacidade de
delegação de tarefas. Um exemplo é de uma estudante de direito que não
conseguiu acesso a documentos do FM depois de ter sido recomendada muito
bem pelo professor, o que pode desacreditar os esforços .

Os órgãos sociais percebem que o Fórum Mulher deve tentar aumentar a


autonomia para poder negociar melhor, então deve ter agenda própria para
definir seus programas, definir a agenda para Moçambique e não a dos
doadores. O FM como está “não é possível desempenhar seu papel de
desenvolvimento, pois depende dos doadores e de quem dá mais”, logo o FM
ainda é muito dependente de uma politica do financiamento, “precisa ter uma
agenda política. Para isso, deve ser aprofundado os seus conceitos”.

Desta forma o FM se percebe no momento histórico com o outro patamar e


percebe que esse é um momento necessário para poder avançar e mudar a sua
estratégia. Deve avançar na sua definição política da sua identidade, só que
esse avançar político leva a ampliação do espaço dos seus membros e da
própria organização interna, e ao querer avançar vai logicamente criar algum
choque que deve ser reajustado e vai precisar de muita coesão, de muita força.

Essa tensão que sempre é apontada sobre papéis, responsabilidades, também


está relacionada à acumulação de informação e conhecimento que se dá pelo
grau de envolvimento e participação, e essa é uma forma que afere poder e
referência para quem acumula. O relatório de 2006 aponta a irregularidade de
participação de membros, e mesmo de consultores da rede de formadores, o
que diminui a coesão e faz com que algumas pessoas e/ou grupos acumulem
mais poder institucional. Os relatórios apontam a rotatividade de participantes de
processos educativos e políticos, como um problema para a consolidação de
processos “cada sessão vem pessoas diferentes”, essa dinâmica faz também
com que o Gabinete assuma actividades que não deveria ser de sua execução.

Em relação ao aprendizado, como já colocado anteriormente, para o grupo de


agências de cooperação e parceiros o FM hoje tem um importante papel para “o
FM tem significado forte que é dar visibilidade aos problemas das mulheres
moçambicanas e das organizações que trabalham em prol da mulher. Faz a sua
advocacia através do FM quer através dos membros”. O Fórum também é
percebido “como órgão de coordenação de todas organizações que trabalham
na área do género”, e desta forma, “trabalhando com o FM conseguiremos ter
visão global do que cada organização está a fazer na área do género”.

A Rede de Formadores reafirma a percepção do Fórum já descrita e destaca


que o FM produz impacto também nas relações internacionais, para além das
políticas nacionais, e que o FM “é importante porque na sua articulação com
seus constituintes constrói a sua legitimidade e age como rede”.

Todo esse processo está associado a um contexto de crescimento do Fórum e


como afirma o relatório de 2007, “aumenta a expectativa das organizações em
relação ao Fórum Mulher e a capacidade deste de gerir tais expectativas dentro
da missão que lhe foi conferida”. O que levou a necessidade dessa avaliação de
meio-termo para averiguar o grau de avanço nos desafios institucionais.

O último relatório (2007) do Fórum Mulher termina suas conclusões com a


seguinte reflexão: É importante que se unam esforços para se lutar pela justiça e
pela defesa dos direitos humanos das mulheres, sobretudo aquelas que menos
vozes têm perante suas famílias e, por tanto, são subjugadas no seio doméstico
e pelo sistema social como um todo.

É perseguindo esse desejo de transformações na sociedade que o Fórum


Mulher avança na sua capacidade de gestão para responder os enormes
desafios que estão postos na sociedade de Moçambique, onde alguns desses
referentes à condição das mulheres são tomados por essa rede como foco de
sua acção e contribuição de mudança para uma sociedade mais democrática.

5. Análises conceituais, Conclusões e Recomendações

5.1 Perspectiva de Género:

A perspectiva de género passa a ser adoptada pelas organizações sociais como


uma conquista do movimento feminista internacional, que toma relevância com a
articulação do género e desenvolvimento no Ciclo de Conferência da ONU dos
anos 908. Tal abordagem passa a ser assumida por agências bilaterais,
agências internacionais de cooperação e solidariedade, algumas passam a
assumir tal perspectiva por pressão dos movimentos de mulheres e feministas,
no entanto, o reflexo desse processo é que projectos e programas sociais
adoptaram a concepção de género para enfrentar as desigualdades sociais.
Entretanto, apesar do enfoque de género passar a ser adoptado por um largo
conjunto de organizações doadoras e contrapartes, não significou que na prática
fossem adoptadas reflexões e práticas numa dimensão de transformação da
realidade em que vivem as mulheres (GOUVEIA, 2007).

De acordo com o que foi exposto nos workshops a perspectiva de género


adoptada pelo Fórum Mulher parece não estar muito definida, foi constante
perceber abordagens distintas definindo género. A primeira delas aborda
género como explicitado por Gouveia (2007) “uma estrutura de dominação,
onde “homens e mulheres são subjugados/as na mesma medida, embora em
diferentes esferas da vida”. O problema apontado pela autora é que nessa
concepção, apesar de caminhos distintos, desaparecem as dinâmicas de poder,
“ignorando deliberadamente os privilégios que os homens em sua vida real
obtém com tal estrutura. Não negamos que homens e mulheres possam vir a ser
aliados/as na busca de uma sociedade igualitária, mas isso não se resolve com
uma equivalência teórica e política como oprimidos/as”.

Em outros momentos, os/as participantes da avaliação definiam género como


“relações das dimensões estruturante da vida social”. Desta forma, a mesma
Gouveia (2007) considera, “o poder como sendo um dos operadores centrais
das estruturas e instituições sociais”, sendo assim se afasta “das abordagens
teórico-políticas que tomam género numa acepção relacional complementar
frequentemente radicada no conceito da diferença, e não de desigualdade”.
A autora analisa que “essas visões tendem a restringir os problemas quase que
somente às relações entre homens e mulheres concretos, desconsiderando as
dinâmicas e as práticas institucionais. [...] Como resultado, trabalhar a dimensão
de género se reduz à busca de uma harmonia entre as partes, com pequenas
mudanças comportamentais aqui e ali, deixando intactas as estruturas
produtoras e reprodutoras de desigualdades”. (GOUVEIA, 2007)

Por isso definir a concepção na qual orienta politicamente uma organização


define sua prática e suas relações, definem seu sentido político. Sendo assim,
“Assumir a perspectiva de género implica em dedicar tempo para a luta pela
igualdade entre mulheres e homens. Esse é um tempo interno organizacional,
mas também é um tempo externo ao tornar tais desigualdades numa questão
pública, de interesse da sociedade e da construção da democracia”. (SILVA,
2007)

A despolitização da categoria de género não reconhece as mulheres nas suas


relações sociais e de sujeitos colectivos. Género é percebido pela maioria das
organizações como sendo uma perspectiva para equidade entre homens e
mulheres, e muitas se referem a política de género como promotora de acesso
das mulheres a postos de trabalho onde as mulheres são excelentes executoras,
não removendo desigualdades estruturais.

O uso crítico da categoria de género evidencia problemas, como pontua


Laranjeira (2008):

“nos programas e políticas, ajuda a entender que estes, se construídos a partir


de uma ideia homogénea da população não possibilita a universalização de
direitos; na acção política, evidencia a luta das mulheres, seu impacto nas
demais agendas e o carácter estratégico que representa uma aliança com os
movimentos de mulheres; na gestão do trabalho, revela como as relações de
género geram formas diferenciadas de lidar com o poder, orientando, também, o
funcionamento das instituições”.

A autora sintetiza as diferenças conceituais entre igualdade e equidade de


género:

“Igualdade de género significa igualdade de direitos entre homens e mulheres.


Essa noção traduz um posicionamento político em defesa de direitos como
condição fundamental para que haja democracia. Ter a igualdade como
horizonte político implica reconhecer e afirmar que as mulheres são sujeitos de
direitos; afirmar sua autonomia e admitir que as relações desiguais de poder
entre homens e mulheres expressam-se em diferentes dimensões da vida
quotidiana, comprometendo a perspectiva de as mulheres viverem livre de
opressões e restringindo-lhes o exercício pleno da cidadania. Por outro lado,
fortalece a luta por direitos em um contexto no qual a lógica neoliberal faz
avançar a privatização do Estado, provocando a retracção de direitos já
conquistados, impulsionando uma lógica – à qual nos opomos – de que a
cidadania poderia ser alcançada pela via do mercado. Já a noção da equidade
coloca como perspectiva a construção de um equilíbrio nas diferentes situações
experimentadas por homens e mulheres, que lhes permita lidar com situações
de desigualdade, sem que isso signifique, necessariamente, a elaboração de
propostas efectivas para o enfrentamento de suas causas. Portanto, as
iniciativas voltadas para a equidade (como políticas de cotas, por exemplo)
precisam vir acompanhadas de medidas que construam condições reais para
atingir a igualdade”. (LARANGEIRA, 2008)

Projectos de instituições que visam a promoção de transformações sociais


precisam enfrentar esse problema. É preciso aprofundar a análise crítica sobre o
campo teórico no qual o FM está inserido para que seja melhor percebido o seu
campo de luta e também que propicie um alargamento da capacidade de
argumentação e consequentemente abrir mais espaços para as vozes das
mulheres. Nesse sentido algumas categorias precisam ser melhor definidas:
género, feminismo, Direitos Humanos, direitos das mulheres.

5.2 Sustentabilidade das organizações do Campo Democrático

A abordagem teórica dos movimentos sociais, expressão que designa a acção


de mobilização da sociedade civil, na luta por injustiças sociais, revela que não
há um conceito e sim várias visões sobre movimentos sociais, que se alteram de
acordo com as perspectivas políticas e históricas. No entanto, é possível
demarcar, dois campos de diferenças no centro do debate. Um campo se coloca
como movimentos sociais que redefiniram as estratégias de lutas de classe, não
abandonado-as, um outro campo explica que essa movimentação está em
defesa de direitos e lutas organizadas a partir das identidades de sujeitos que
sofrem violações e explorações.

A autora Quartim de Moraes (2001) exemplifica o feminismo, e o movimento de


mulheres em geral, como um expressivo movimento social surgido no século
passado, em determinadas condições históricas, que põe em confronto
pensamentos distintos dentro do próprio movimento. Mas que articulam lutas
colectivas e globais em defesa dos direitos e autonomia das mulheres.

Uma noção que está posta para movimentos sociais, como o movimento de
mulheres, é a de sujeito colectivo que se relaciona a uma identidade de luta no
âmbito dos movimentos de contestação. Sader (1998), demarca que a noção de
“sujeito” é um conceito em disputa e que vem entre os anos 1970, 1980,
associada com a ideia de projecto e de autonomia. Entretanto ressalta que “a
rigor a constituição de um colectivo qualquer, enquanto sujeito não implica sua
autonomia”. O autor se refere a muitos colectivos constituídos através de
identidades atribuídas, que até actuam como actores sociais, ou seja, incidem
no cenário político, no entanto, podem representar padrões que expressam
subordinação a um projecto que é exterior.

E é nessa perspectiva que o Fórum Mulher está desafiado a avançar em suas


definições políticas, conceituais e de papéis na sua acção social. Desta forma
poderá avançar na sua sustentabilidade ao definir seu projecto político, ou como
foi posto na avaliação “definir sua agenda própria”. Entendendo que projecto
político está relacionado a missão institucional, ao que se quer transformar na
sociedade, e em relação com os outros sujeitos. Para tal a instituição precisa
constituir as condições para a efectivação desse projecto, e essas construções
devem ser realizadas de acordo com a conjuntura, com as condições reais da
organização e da experiência produzida diante dos desafios institucionais. Para
isso são necessários acordos, coesão, coerência e planificação para definir seu
papel de sujeito colectivo, com autonomia, com agenda de luta para se
consolidar como constitutivo da sociedade civil que realiza movimentações
sociais contra injustiças e por avanços de direitos..

O papel do FM é questionado nos últimos relatórios e avançar na sua definição é


o grande desafio das últimas planificações estratégicas. Entretanto, percebemos
nesse processo de avaliação que os/as componentes do Fórum Mulher não
conseguem definir o Fórum na sua dimensão política de projecto político.
Quando perguntados/as sobre o papel político do Fórum é definido como
funciona o Fórum, é explicado, por exemplo, que é uma organização que
coordena acções para mudanças sociais, em especial para elevar o status da
mulher.

Explica-se também que é uma organização, actuando como rede para efectivar
os direitos das mulheres e na sua composição os seus membros são diversos,
com diferentes crenças e posições políticas, mas, se aglutinam na causa comum
que é o direito da mulher. O direito da mulher, a luta contra a opressão em que
vivem as mulheres se conforma em luta comum, mas não é percebido como
projecto político. Contudo essa luta, na prática, toma caminhos distintos e
consequentemente esse é um campo de conflito e disputa sobre estratégia e
visão de mundo.

A diversidade do Fórum, e as contradições internas de visões e formas de


actuação, trazem questões relacionadas à sustentabilidade do Fórum, como
sujeito de referência no campo das lutas sociais. Questionamos se tal
aglutinação ainda é sustentável, diante da demanda de uma agenda comum, ou
mais ainda, de um projecto político comum. Ou poderíamos entender o Fórum
como a intersecção de vários projectos que lutam por direitos e nesse momento
constitui uma unidade de luta.

É necessário criar as condições para enfrentar o problema de indefinição de seu


papel: o FM constitui um campo político? É consenso no processo de avaliação
que esse Fórum é integrante e constituinte da sociedade civil, como é possível
avançar na definição desse campo? Essa definição é premente na actual
conjuntura sob o risco de ser questionada a sua legitimidade e
representatividade.

Na definição do campo e estratégias de acção recomenda-se um debate mais


conceptual sobre sociedade civil – movimento social – sujeito colectivo para que
com essas definições mais acordadas possam superar o que se pontua
frequentemente de “indefinição de papéis”.

3. Cultura interna

As organizações sociais do campo dos direitos e da justiça social lutam por


transformações para um mundo mais justo, convivendo com contradições e
disputas por interesses particulares que estão externas às organizações, mas
que também estão reflectidas no interior dessas.

Assim, um desafio central é a busca permanente da coerência entre discurso e a


prática. É necessário um olhar crítico e atento sobre o quotidiano, sobre os
processos de trabalho, sobre o exercício de poder, analisar as estruturas e
buscar alargar a democracia em todos os níveis institucionais. Construir as
condições para reafirmar valores e princípios que permitam a coerência
institucional é fundamental para uma organização que se pretende democrática.
(LARANGEIRA, 2008)

Tais problemas quando não são enfrentados se transformam em limites e


tensões que dificultam o avanço dos trabalhos. É importante ressaltar que as
diferentes formas de exercício do poder individual ou colectivo, independente de
cargos, ou funções, precisam ser consideradas e assumidas institucionalmente
porque é esse exercício de poder que influi sobre os processos decisórios, afere
legitimidade de decisões, actua sobre os conflitos da organização e de suas
relações.

Para enfrentar essa delicada e complexa construção da cultura institucional é


importante questionar como acontecem as decisões institucionais, como é a
relação entre equipas, membros e direcção, como são definidas as micro
decisões e estratégias. Muitas vezes os poderes estão legitimados em espaços
e em pessoas que não estão em cargos ou posições de decisão. É necessário
reconhecer como essa dinâmica acontece para diminuir a tensão e conflitos que
minam o andamento dos trabalhos e incidem sobre as relações. (LARANJEIRA,
2008)

Como foi revelado nesse processo de avaliação é preciso fazer um olhar critico
sobre as contradições do Fórum Mulher desde o gabinete, aos espaços de
decisões e relações com os membros. É preciso enfrentar os limites impostos
pelas relações de poder, de classe, de determinações culturais e aumentar a
análise crítica sobre todos os processos. É urgente rever as dinâmicas internas
de tomada de decisão e resolução de conflitos: intra_ gabinete; do gabinete com
direção política; do gabinete com membros; dos membros com gabinete e
instâncias colectivas; e recomenda-se iniciar processo de diálogo com seus
grupos discutindo em que medida dinâmicas internas de cada grupo membro do
FM viabiliza ou não a efectivação do projecto colectivo.

O FM vive um dilema antigo segundo alguns depoimentos “um problema que


tem barba branca” se seu gabinete tem um papel executor ou coordenador.
Entretanto, já foi apontado na avaliação anterior que esse papel pode ser misto,
mas tal recomendação parece que ainda não foi incorporada pelos que
compõem o FM. No actual momento seus membros o definem como tendo um
papel coordenador apesar de realizar projectos, actividades de execução que
poderiam ser partilhados ou realizados por membros, e que por vezes essa
sobreposição gera conflitos de interesses. Por sua vez o gabinete, reconhece
esse problema, mas, avalia que muitas vezes tem que executar porque os
membros não podem ou não se dispõem a fazê-lo.

As mudanças nesse nível não parecem estar relacionadas a definição de papéis,


mas sim de uma redistribuição e de responsabilização sobre esses papéis, o
que implica mudanças de atitude das organizações membros; para isso é
necessário seguir com o trabalho de fortalecimento desses grupos, para que
possam melhor responder as demandas, e por outro lado uma maior
responsabilização desses membros.

No nível da política institucional é preciso uma definição de agenda comum, de


forma participativa com métodos que permitam uma apropriação das decisões
tomadas e das responsabilidades de cada parte. Para isso é necessário um
elevado nível de análise critica e de participação para avaliar problemas e
pensar soluções conjuntas. Para isso também é preciso criar mecanismos para
racionalizar a agenda quotidiana de trabalho, ao mesmo tempo propiciar o
alargamento do campo de acção do Fórum Mulher.

E como instrumento de democratização é reconhecido que o FM avançou na


comunicação interna com seus membros, democratizando informação, mas
recomenda-se aumentar sua visibilidade, para isso é preciso incrementar as
estratégias de comunicação.

Recomendações

Definições conceituais e estratégicas para a sustentabilidade:

• Definir a concepção de género, de direitos das mulheres a serem


adoptadas pelo Fórum Mulher, e que reflictam na sua acção pedagógico-
política.
• Definir o papel do FM no campo da sociedade civil, desta forma definir as
relações internas ao Fórum.
• Enfrentar tensões e conflitos oriundos e formadores da cultura interna,
para avançar numa organização mais democrática nas suas relações
internas e externas.
• Investir em formação e definições conceptuais para a Rede de
Formadores em Género.
• Investir no Desenvolvimento Institucional nas relações do Fórum como
também no fortalecimento de seus membros.
• Enfrentar os conflitos oriundos das diferenciações na participação dos
membros do Fórum Mulher.
• Definir o campo político de actuação do Fórum, caso reafirme o que está
posto na avaliação e nos seus documentos de fundação, que é uma
organização identificada politicamente com o campo da sociedade civil,
recomenda-se rever e mediar os diferentes níveis de participação de
seus membros.
• Investir em processos de educação em duas dimensões: participantes
com experiência para aprofundar conhecimentos; e participantes
principiantes numa perspectiva de renovação e fortalecimento
institucional.

Dinâmica de trabalho:

• Discutir a agenda do FM junto com os membros, e que seja incorporada


como agenda dos membros e deixar de ser um trabalho extra dos grupos
e associações.
• Aperfeiçoar fluxos de trabalho interno e na relação com membros.
• Criar condições mais favoráveis para execução das actividades que não
sobrecarreguem o Gabinete e que seja mais compartilhado com os
membros, e que por sua vez assumam com mais responsabilidade as
actividades e representações atribuídas.

Participação e representação:

• Investir em instrumentos de acompanhamento e em um trabalho


educativo com os membros para que assumam mais a efectivação do
Plano e que incorporem as acções do Fórum nas suas agendas
quotidianas.
• Reafirmar os critérios de ingresso ao Fórum e informar melhor sobre os
trâmites e processos de aceitação para se ser membro e as
responsabilidades de assumir tal participação.
• Melhorar os processos de formação e dos mecanismos de monitoramento
das representações.
Fortalecimento dos membros e das relações institucionais:

• Criar um instrumento que oriente e sirva de guia para avaliar o grau de


desenvolvimento das organizações.
• Investir na mobilização para ampliar delegações nas províncias .
• O grupo de agências de cooperação e parceiros recomendam que seja
melhor coordenado o apoio aos grupos e associações para evitar
duplicações. Isso significa uma coordenação planificada das acções do
FM, junto aos doadores, para dar transparência sobre qual é o montante
a dar e que se defina um mecanismo de coordenação para avaliação, “só
assim é que se chegará a ajudar de facto e suprir as várias dificuldades
de género”.
• Fortalecimento do FM como sujeito político no âmbito da sociedade civil.
• Que o FM aumente seu desempenho entre as associações provinciais e
as direcções provinciais. Deve se criar o associativismo nas mulheres
carenciadas para se integrarem em algum projecto.
• Realizar encontros dentro das áreas temáticas como foi feito agora para a
revisão do Plano Estratégico para que não haja sobreposição das funções
dos membros.
• Importante que as pessoas e grupos definam a sua pertença e como
querem trabalhar junto ao FM.
• Evitar a rotatividade de participantes nos processos educativos e de
representação política, para avançar na acumulação de conhecimento e
não fragmentar.

Comunicação:

• Melhorar o site – ser mais informativo sobre o FM, para que novos
membros e sociedade em geral tenham mais informações;
• Criar mecanismos de coordenação e articulação de comunicações das
representações para manter o fluxo/transmissão da informação;
• Aumentar a actuação do FM na Rádio/Jornal local dentro das
comunidades por ser um meio de comunicação que mais atinge toda
população.
• Incentivar e apoiar a informatização dos grupos membros.

Actividades e Financiamento:

• É recomendado que o FM não seja via de trespasse de recursos para


seus membros, não actue como doador financeiro.
• É recomendado o Fundo Comum – pede-se com urgência a formulação
do documento de padronização.
• Que o FM inclua de forma mais prioritária na Planificação actividades
para combater o HIV/SIDA, Tuberculose, incluindo também a perspectiva
de orientação sexual. Assim como incluir outros segmentos de mulheres
como as portadoras de deficiência.
• Fortalecer as áreas de Lobbie e advocacia; ampliar as áreas de
Formação e de Desenvolvimento Institucional.

Expectativas para o Plano Estratégico 2009-2013

Que esse novo Plano reflicta o que se discutiu e que coloque no papel decisões
para o desenvolvimento do FM. De forma que as organizações que ainda não
estão filiadas se sintam atraídas, as que já são membros se sintam motivadas a
fortalecer e trabalhar pelo Fórum Mulher e que o próprio Governo veja o FM de
uma forma diferente, perceba-o como um sujeito colectivo que expressa
democraticamente desejos por mudanças da condição das mulheres de
Moçambique.

“ Que no fim tenhamos um PE realístico que funcione, que não seja um PE de


gabinete e que os membros façam o seu uso, que os membros se apropriem
dele”.

“ Ver incorporada a vivência dos membros do FM, que os problemas sejam


espelhados, é preciso explorar mais “.

“ Que o PE seja assumido, e que não falhe”.

“ Após este momento que os membros estejam envolvidos na implementação


das actividades, espírito de equipe, e partilha no grupo entre FM e as restantes
Organizações.”

“Aumento de salário de acordo com o fluxo, por exemplo para o caso dos
motoristas que não têm horas extras, aventando a possibilidade de acrescer
algo que possa motivá-los.”

“Que depois deste exercício o grupo de mulheres portadoras de deficiência se


faça sentir”.

“Que o FM se faça sentir ao nível das províncias, que capacite e sensibilize mais
para que elas consigam negociar também” .

Referências Bibliográficas

DOMINGOS, Armani. Construindo Pontes. Salvador. CESE. 2003.


GOUVEIA, Taciana. PORTELA, Ana Paula. Ideias e Dinâmicas para Trabalhar com Género.
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Desenvolvimento Institucional. Recife. SOS CORPO. 2007.

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LARANJEIRA, Márcia Jacome. Género e Mobilização de Recursos: reflexões para um debate.


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