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Por Salvador Jeremias, UEM, Abril, 2020

Platao e as principais ideias da republica

o programa político de Platão

o programa político de Platão corporizou-se na sua teoria de justiça desenvolvida na obra A


República. E, o ponto de partida de Platão para a formulação do conceito de justiça são as
suas exigências fundamentais expressas em duas fórmulas: uma correspondente à sua teoria
idealista de mudança; a segunda, o seu naturalismo. A fórmula idealista é: detenha-se toda a
mudança política. A mudança é maléfica; o repouso é divino. Toda a mudança pode ser
detida se se fizer do estado cópia exacta de seu original; isto é, a forma ou ideia da cidade.
Para Platão, isto é possível e praticável, voltando-se à natureza:

Voltemos ao estado original de nossos antepassados, o estado


primitivo fundado de acordo com a natureza humana e, portanto,
estável; voltemos ao patriarcado tribal anterior a queda; ao natural
governo de classe dos poucos sábios sobre muitos ignorantes
(PLATÃO APUD POPPER, 1987: 100).
À luz disso, o programa político de Platão é caracterizado pelos seguintes elementos: a) A
estrita divisão em classes, isto é, a classe governante que consiste em pastores e cães de vigia,
deve ser estritamente separada do gado humano; b) a identificação do destino do Estado com
o da classe dirigente; exclusivo interesse por esta classe e por sua unidade e, subordinados a
ela todos os outros; regras rígidas para criar e educar essa classe, com estreita supervisão e
colectivização dos interesses dos seus membros; c) A classe governante tem o monopólio de
coisas tais como as virtudes e o adestramento militares, o direito de portar armas e de receber
a educação de qualquer espécie; mas é excluída de qualquer participação em actividades
económicas, especialmente de ganhar dinheiro; d) Deve haver censura de todas as actividades
intelectuais da classe dirigente e uma propaganda contínua visando moldar-lhe e unificar-lhe
as mentes. Qualquer inovação em educação, legislação e religião deve ser evitada ou
suprimida; e) O Estado deve ser auto-suficiente e autonomia visar à autarquia económica; de
contrário, os governantes teriam de depender dos comerciantes ou tornar-se comerciantes eles
próprios.

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Por Salvador Jeremias, UEM, Abril, 2020

A primeira dessas alternativas minar-lhes-ia o poder; a segunda solaparia a sua unidade e a


estabilidade do Estado. Tal Estado, para Popper, é totalitário e baseado numa sociologia
historicista (POPPER, 2007: 76).

2. A Justiça de Platão

Platão entendia por justiça: “ cada um deve ocupar-se de uma função na cidade, aquela para a
qual a sua natureza é mais adequada” (PLATÃO, 2012: 433a). Dito de outra forma, a justiça
em Platão consiste numa manutenção de privilégio e rígida divisão de classes. Na República,
Platão usou justiça com sinónimo de aquilo que é do interesse do Estado melhor. E o
interesse do Estado melhor é deter qualquer mudança. A justiça é o tópico central da
República. Haverá justiça “ quando cada classe na cidade, se preocupa só com seus próprios
afazeres, a classe que detenha o dinheiro, por um lado, assim como os auxiliares e os
guardiões, por outro, então isto será justiça. Em suma, a cidade é justa quando cada uma de
suas três classes cuida de suas próprias tarefas.

Platão com esta sua teoria, identifica a justiça com o princípio do predomínio de classe e do
privilégio. Neste sentido, o princípio de cada classe dever ater-se a suas tarefas próprias
significa simplesmente que o Estado é justo quando o governante governa, o trabalhador
trabalha e o escravo se deixa escravizar. Platão considera justo o privilégio de classe, ao
passo que costumeiramente se considera justiça a ausência de semelhantes privilégios. Como
se pode depreender, em Platão, a divisão desigual de privilégios é condição suficiente para
firmar de um Estado justo. Tais privilégios são definidos pela natureza ou pelas forças
cósmicas. Esta ideia de justiça, cria desigualdades sociais e políticas

3.o princípio de liderança em Platão

“ Os sábios deverão dirigir e governar” (PLATÃO, 2012: 429 a)

A ideia de justiça de Platão reclama que os governantes naturais governem e os subordinados


acatem. Isto é parte da ideia historicista de que o Estado, a fim de deter qualquer mudança,
seja uma cópia de sua ideia, ou de sua verdadeira natureza. Platão, desta forma, via o
problema fundamental da política na indagação: quem deverá governar? A resposta é:

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Por Salvador Jeremias, UEM, Abril, 2020

(…) É a ciência da vigilância e encontra-se naqueles chefes que


agora mesmos classificámos de guardiões perfeitos (…) é graças à
mais diminuta classe e sector, e à ciência que encerra, ao que ocupa
a sua presidência e chefia, que uma cidade fundada de acordo com a
natureza pode ser toda ela sábia. E é, ao que parece, por natureza
extremamente reduzida esta raça, a quem compete participar desta
ciência, a única dentre todas as ciências que deve chamar-se
sabedoria (IDEM, 428 d – 429 a)

Em Platão, quem deve governar é o melhor, o mais sábio, o governante nato, aquele que
conhece a arte de governar (que possui a ciência da vigilância).

o posicionamento de Platão acerca do governante permite concluir, que o poder político é


essencialmente livre de controlo: alguém deve assumir o poder (indivíduo, um corpo
colectivo, uma classe). Aquele que detém o poder, pode fazer o que lhe apraz; pode reforçar o
seu poder, aproximando-o mais e mais de um poder ilimitado e incontrolado. O poder político
é essencialmente soberano. Portanto, faz sentido, afirma Popper, indagar quem deve
governar. Essa denominou-a, Popper, de teoria de soberania, não no sentido de Bodin,
Rousseau ou Hegel, mas no sentido de colocar o poder nas melhores mãos (cfr. POPPER,
1987: 137).

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