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APRESENTAÇÃO

Esta apostila é uma coletânea de informações extraídas dos códigos internacionais de construção e
montagem, principalmente dos códigos ASME, recomendações práticas de inspeção do Instituto
Brasileiro do Petróleo (IBP), recomendações práticas do American Petroleun Institute (API), artigos
técnicos emitidos por entidades reconhecidas internacionalmente, como o The Welding Institute (TWI),
livros técnicos e Normas Regulamentadoras de Segurança válidas no território nacional, todos
referentes à fabricação, montagem, controle de qualidade, soldagem, inspeção e manutenção de vasos
sob pressão, bem como, da experiência adquirida em mais de 20 anos de trabalho no acompanhamento
de serviços relativos à fabricação, montagem, controle de qualidade, soldagem, manutenção, inspeção e
avaliação da integridade física de vasos sob pressão e caldeiras aquotubulares.

As informações contidas nesta apostila têm, basicamente, a finalidade de:

- facilitar o acompanhamento da exposição feita durante o curso;

- auxiliar na definição e decisões inerentes aos serviços de inspeção, manutenção e avaliação da


integridade de vasos sob pressão em operação; e

- servir como fonte de consulta na resolução de problemas futuros, durante sua vida profissional.

Considerando que existe um desenvolvimento contínuo de novas técnicas, com conseqüente


aperfeiçoamento das Normas e requisitos de qualidade, os assuntos aqui abordados podem ser
modernizados. Por isso, sempre que possível, o autor procurou informar o local de onde foram tiradas as
informações apresentadas.

Compete ao usuário verificar se esses conceitos não foram atualizados antes de aplicá-los, o que
não invalida o trabalho apresentado, pois sem conhecer o atual , não haverá a curiosidade no futuro.

Agradeço a todos os profissionais que colaboraram para a elaboração desse trabalho e espero que
o mesmo contribua na preparação de técnicos que venham ou estejam atuando no ramo de inspeção e/ou
manutenção dos vasos de pressão.

Nestor Ferreira de Carvalho


Eng. de Equipamentos e
Profissional Habilitado

CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO


Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
EXERCÍCIO SOBRE NOMENCLATURA DE INSPEÇÃO

INDIQUE, COM UMA SETA, NO ESQUEMA EM ANEXO OS


LOCAIS DETERIORADOS DESCRITOS A SEGUIR:

1. Corrosão alveolar generalizada no pescoço do bocal do topo do vaso.

2. Seções de bandejas soltas das bandejas localizadas entre o distribuidor de topo e a


primeira retirada de topo da torre.
3. Erosão do casco junto ao vertedor lateral da primeira bandeja acima da panela de
retirada, próximo da boca de visita.

4. Os pratos laterais estão deformados.

5. Telas dos filtros obstruídos.

6. Falta da junta de vedação na boca de visita da panela.

7. Grampos de fixação das laterais dos vertedores centrais das bandejas entre o topo e a
segunda boca de visita (a contar de cima para baixo), estão fora de posição.

8. A chapa do fundo da caixa de retirada da torre está deformada.

9. Faltam 10% das válvulas de bandeja abaixo do distribuidor de carga da torre.

10. Erosão nos furos do distribuidor intermediário da torre.

11. Dreno da calota da torre está entupido.

12. Corrosão uniforme severa nos tirantes de fixação da saia sustentação da torre.

13. Trinca na solda circunferencial do pescoço com o flange do bocal de retirada da


panela.

14. Qual o nome dos pontos indicados no esquema em anexo ( página seguinte ) ?

Curso: Inspeção em Vasos de Pressão Página 1 de 2


Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
1

PONTO NOME

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07 6

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15 12
17

16

Curso: Inspeção em Vasos de Pressão Página 2 de 2


Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
EXERCÍCIOS SOBRE ANÁLISE DE DESCONTINUIDADES

1. EXERCÍCIOS SOBRE ÁREA COM REDUÇÃO DE ESPESSURA

EXERCÍCIO 1: Durante a inspeção de um vaso de pressão foi detectado uma corrosão acentuada
numa região do vaso ao próxima a um cordão de solda longitudinal do vaso. A seguir
estão descritos os dados do vaso e o resultado da inspeção realizada. Verificar pelo
nível 1 de avaliação se a região precisa ser reparada imediatamente
Dados técnicos:
 código de construção: ASME seção VIII divisão 1.
2 o
 condições de projeto: 21 Kgf/cm e 180 C

 diâmetro interno: 1220 mm.


 espessura de fabricação: 19 mm.
 material: ASTM A 516 gr. 70
 sobre espessura de corrosão: 3,0 mm.

 perda de corrosão prevista até a próxima inspeção: 2,5 mm.


 eficiência de junta soldada: 85%
Dados da inspeção: a menor espessura medida, com ultra som, na região com redução de espessura é
de 9 mm. e as dimensões dessa região é de 270 mm. na direção longitudinal e 230
mm. na direção circunferêncial.

EXERCÍCIO 2: Durante a inspeção de um vaso de pressão foi detectado uma corrosão acentuada no
tampo elíptico de um vaso de pressão. A região corroída está localizada na parte
esférica do tampo do vaso. A seguir estão descritos os dados do vaso e o resultado da
inspeção realizada. Verificar pelo nível 1 de avaliação se a região precisa ser reparada
imediatamente
Dados técnicos:
 código de construção: ASME seção VIII divisão 1.
o
 condições de projeto: 2.000 MPa e 340 C
 diâmetro interno: 2200 mm.
 espessura de fabricação: 19 mm.
 material: ASTM A 516 gr. 70

 sobre espessura de corrosão: 3,0 mm.


 perda de corrosão prevista até a próxima inspeção: 1,5 mm.
 eficiência de junta soldada: 100%

Dados da inspeção: a menor espessura medida, com ultra som, na região com redução de espessura é
de 14 mm. e as dimensões dessa região são de 200 mm. na direção circunferêncial
e 100 mm. na direção meridional, (figura abaixo)

Área com redução de


espessura

200 100

IBP CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO


Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
2. EXERCÍCIOS SOBRE ANÁLISE DE DESCONTINUIDADES DO TIPO TRINCA
Exercício 1: Foi detectada uma falha do tipo trinca na parte cilíndrica de um vaso de pressão durante
uma inspeção de manutenção. Os dados do vaso e o resultado da inspeção estão descritos
abaixo, com base nestas informações determine se essa descontinuidade é aceitável ?
Dados técnicos do vaso:
o
 condições de projeto: 300 psi e 650 F

 Diâmetro interno = 95 polegadas ( 2400 mm)


 Espessura de fabricação = 1,25 polegadas ( 32 mm) ≈

 perda de espessura uniforme atual = 0,06 polegadas ( 1,5 mm) ≈

 perda de espessura prevista para o vaso até a próxima inspeção = 0,06 polegadas ( 1,5 mm)

 Material: ASTM A 516 GR. 70


 Eficiência de junta soldada = 85%
 TTAT: Sim, na fabricação
o
 Temperatura mínima de pressurização do vaso: 100 F
 Código de construção: ASME seção VIII divisão 1

 sobre espessura de corrosão = 0,125 polegadas ( 3,0 mm) ≈

Dados da Inspeção: A trinca está localizada na ZTA de uma solda longitudinal na superfície interna do
vaso. A profundidade da máxima da trinca, estabelecida por ultra-som, é de 0,22”
( 5,6 mm). O comprimento da trinca estabelecido pelo ensaio de partículas

magnéticas é de 3,0” ( 76,2 mm). A distância da região trinca até uma


modificação estrutural é de 60” ( 1524 mm). Trinca paralela ao cordão de solda.


Exercício 2: Foi detectada uma falha do tipo trinca interna a espessura do vaso, localizada na parte
cilíndrica de um vaso de pressão durante uma inspeção de manutenção. Os dados do vaso
e o resultado da inspeção estão descritos abaixo, com base nestas informações determine

se do
Dados técnicos essavaso:
descontinuidade é aceitável ?
o
 condições de projeto: 250 psi e 400 F

 Diâmetro interno = 118 polegadas ( 3000 mm) ≈

 Espessura de fabricação = 1,5 polegadas ( 38 mm) ≈

 perda de espessura uniforme atual = 0,04 polegadas ( 1,0 mm) ≈

 perda de espessura prevista para o vaso até a próxima inspeção = 0,04 polegadas ( 1,0 mm)

 Material: ASTM A 285 GR. C

 Eficiência de junta soldada = 85%


 TTAT: Não
o
 Temperatura mínima de pressurização do vaso: 95 F.
 Código de construção: ASME seção VIII divisão 1

 sobre espessura de corrosão = 0,125 polegadas ( 3,0 mm) ≈

Dados da Inspeção: A trinca está localizada na ZTA de uma solda longitudinal a uma distância da
superfície interna do vaso de 14 mm. A altura máxima da trinca, estabelecida por,
é de 0,31” ( 8,0 mm). O comprimento da trinca estabelecido por ultra-som é de

4,0” ( 100,0 mm). A distância da região trinca até uma modificação estrutural é

de 30” ( 762 mm). A trinca é paralela ao cordão de solda.


14 Superfície interna
38 8
16
2

IBP CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO


Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
PRINCIPAIS BIBLIOGRAFIAS UTILIZADAS

1. Telles, Pedro C. da Silva - Materiais para Equipamentos de Processo


Editora: Interciência

2. The American Society of Mechanical Engineers -


ASME Boiler and Pressure Vesses Code Sec. VIII , Div. 1

3. Telles, Pedro C. da Silva - Vasos de Pressão


Editora: Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda.

4. Silva, Adelino Carlos Leandro - Vasos de Pressão


Editora: PETROBRÁS - CENSUD

5. Dieter, George E. - Mechanical Behavior of Materials Under Tension


Editora: MacGraw - Hill

6. Dieter, George E. - Mechanical Metallurgy


Editora: MacGraw - Hill

7. Towers, Oliver - Metal Construction


Artigo Técnico

8. Towers, Oliver - Testing sub-size Charpy specimens part.1


Artigo Técnico

9. Duncan, Adrian - Further Developmente of a Scheme for Classificaction of Ferritic Weld Metal
Microstructures
Editor: The Welding Institute Research Bulletin, 08.86

10. Parlane, A. J. A. - Residual Stresses and Their Effect


Editor: The Welding Institute, 1981

11. British Standards Institution - Methods for Crack Opening Displacement (COD) Testing
Editora: British Standards Institution - BS. 5762 - 1979

12. British Standards Institution - Guidabce On Some Methos For The Derivation Of Acceptance
Leveks For Defects In Fusion Welded Joints.
Editora: British Standards Instituition - BS. 6493 - 1980

13. Monteiro, Sergio Neves - Metalurgia Física e Mecânica


Editor: Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem - CETS - 1990
14. Instituo Brasileiro de Petróleo - Trabalhos Técnicos do 18o Seminário Brasileiro de Inspeção de
Equipamentos
Editor: Instituo Brasileiro de Petróleo - 1991

15. Instituo Brasileiro de Petróleo - Guias de Inspeção

1
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - BIBLIOGRAFIAS
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
16. Upitis, Elmar - Pressure Vessel Breakdown Prevention, Examination and Restauration
Editor: CBI - LIX Construções Ltda.

17. Donato, Guilherme Vitor & Pereira, João B. Santini - Tratamento Térmico de Alívio de Tensões
Localizado em Equipamentos de Caldeiraria
Editora: IV Encontro Técnico de Caldeiraria e Tubulação - PETROBRÁS - 1994

18. American Society for Testing and Material - ASTM E-425

19. Ramos, Ernesto A. S. & Paula Sergio R. & Freire Nelson B. J. - A Utilização Industrial de
Técnicas de Metalografia Não Destrutiva Aplicadas a Avaliação de Integridade
Editora: Simpósio Nacional sobre Integridade em Centrais de Vapor - A.B.C.M - 1991

20. Pedrão Nelson & Ferrari Lúcio - Análise da Integridade de um Tubulão de Caldeira pelo Método
de Elementos Finitos.
Editora: Simpósio Nacional sobre Integridade em Centrais de Vapor - A.B.C.M. - 1991

21. The Materials Properties Council - FS-26 - Fitness for Service Evaluation Procedures for
Operating Pressure Vessels, Tanks, and Piping in Refinery and Chemical Service draft # 5
Editora: The Materials Properties Council Inc. - 345 East, 47 Th Street, New York, NY 10017

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CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - BIBLIOGRAFIAS
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
API 510 – PRINCIPAIS INFORMAÇÕES

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho é uma tradução dos itens contidos no código API 510 (Pressure Vessel
Inspection Code: Maintenance Inspection, Rating, Repais, and Alteration) que, na opinião do
autor, podem auxiliar na decisão de um Profissional de Inspeção no exercício do seu trabalho
para atendimento aos requisitos da Norma Brasileira NR-13.
Nessa tradução está inclusa a interpretação do autor que tem uma experiência na área de
inspeção e reparos em vasos de pressão superior a 28 anos.
O principal objetivo deste trabalho é levar ao Profissional Habilitado informações sobre
as técnicas de inspeção e reparos em vasos de pressão praticadas não apenas nos Estados
Unidos mas também na Europa e América Latina, onde o Código API tem grande influência e
inúmeros seguidores.
Os conceitos descritos a seguir são gerais e podem ser aplicados para todos os tipos de
vasos de pressão independente das condições de projeto, produto e dimensões.
Para facilitar consultas futuras diretas ao Código API sempre que possível foram citados
os itens de onde foram extraídos os assuntos aqui descritos.
Esse trabalho foi feito com base no Código API 510 oitava edição de Junho de 1997,
incluindo as modificações relativas às emendas de dezembro de 1998, dezembro de 2000 e
dezembro de 2001.

2. APLICAÇÕES (item 1)
Este código se aplica na inspeção de manutenção, reparos, alterações, e reclassificações
em vasos de pressão usados em Industrias químicas e do petróleo e demais industrias
correlatas. Pode ser aplicado para vasos de pressão que estejam em serviço e tenham sido
construídos de acordo com os requisitos do código ASME seção VIII ou outros códigos
reconhecidos internacionalmente.
A seção 8 desse código é especifica para vasos de pressão usados nos serviços de
Exploração e Produção (E&P) de petróleo. Com exceção da seção 6 todas as demais são
aplicadas aos vasos de pressão pertencentes a serviços considerados embarcados (E&P).
Este código também não se aplica nos seguintes casos:
a) Vasos de pressão sobre estruturas móveis, cobertos por outros códigos;
b) Vasos com volume e pressão inferiores a 0,141 metros cúbicos e 250 psig,
respectivamente;
c) Vasos com volume e pressão inferiores a 0,042 metros cúbicos e 600 psig,
respectivamente.
O código API RP 579 fornece detalhes sobre a análise de descontinuidades e constitui-
se como fonte de referência nesse código para esse tipo de assunto.

3. REFERÊNCIAS (seção 1)
Os códigos citados a seguir são fontes de referência importantes nesse assunto e são
citados nesse código.
API:
RP 572 – Inspection of Pressure Vessel
RP 574 – Inspection of Piping System Components
RP 576 – Inspection of Pressure Relieving Devices
RP 579 – Fitness for service
Publ 2201 – Procedures for Welding or Hot Tapping on Equipment in Service
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho Página: 1 de 16
API 510 – PRINCIPAIS INFORMAÇÕES
ASME – seção V, VI, VII, VIII, IX e XI
NACE:
RP 0472 – Methods and Controls to Prevent in Service Environmental Cracking of
Carbon Steel Weldments in Corrosive Petroleum Refining Environments
MR 0175 – Sulfide Stress Cracking Resistant Metallic Materials for Oilfield Equipment
NATION BOARD NB 13 – National Board Inspection Code
WRC Bulletin 412 – Challenges and Solutions in Repair Welding for Power and
Processing Plants.

4. DEFINIÇÕES (seção 3)

4.1. ALTERAÇÃO
Modificação física em algum componente do vaso ou modificação que altere a
capacidade do vaso em conter pressão.

4.2. PRESSÃO MÁXIMA DE TRABALHO ADMISSÍVEL (PMTA)


Máxima pressão permitida no vaso, medida no topo do vaso na condição de operação
para a temperatura de projeto. Esta pressão é calculada usando a espessura mínima para todas
partes do vaso, excluindo-se a sobre espessura para corrosão e a tensão provocada por outros
carregamentos que não sejam a pressão a que o vaso é submetido.

4.3. ESPESSURA MÍNIMA ADMISSÍVEL (tmin)


Espessura requerida para cada parte do vaso, calculado considerando a temperatura e
pressão de projetos e todos os demais carregamentos que o vaso estiver sujeito.

4.4. INSPEÇÃO EM SERVIÇO


Inspeção para estabelecer a adequabilidade do vaso de pressão continuar em operação.
Podem ser usados Exames Não destrutivos (END) para auxiliar nessa avaliação. Durante essa
inspeção o vaso pode ou não estar em operação. Portanto essa inspeção pode ou não ser
acompanhada por uma inspeção interna.

4.5. VASO DE PRESSÃO


Recipiente projetado para ser submetido a pressão interna ou externa. Esta pressão pode
ser imposta por fonte interna ou externa, pela aplicação de calor por fonte direta ou indireta ou
uma combinação delas. Esta definição inclui geradores de vapor sob fogo e outros vasos
geradores de vapor que operem em unidades de processo.

4.6. REPAROS
Trabalho necessário para restaurar um vaso a condições seguras de operação na sua
condição de projeto. A substituição ou adições de partes pressurizadas ou não a um vaso
também será considerado reparo se condições de projeto NÃO forem alteradas.

4.7. RECLASSIFICAÇÃO
Toda modificação na temperatura ou PMTA de um vaso ou de ambas. Quando a PMTA
ou temperatura de projeto do vaso for aumentada ou a temperatura mínima diminuída teste
mecânico adicionais são necessários e isto deve ser considerado uma alteração.

Autor: Nestor Ferreira de Carvalho Página: 2 de 16


API 510 – PRINCIPAIS INFORMAÇÕES
4.8. DEPÓSITOS DE SOLDA CONTROLADOS
Quando técnica de soldagem usada exige controle de refino de grão e revenimento para
se obter uma ZTA de melhor tenacidade. Existem várias técnicas de controle de deposição
como: passe de revenimento (temper-bead1 ), técnica da meia camada (half-bead 2 ). O controle
da técnica de deposição inclui: detalhe da junta, pré-aquecimento, pós-aquecimento, controle
dos parâmetros de soldagem e técnica de deposição. Nesses casos deve ser consultado o
boletim 412 do WRC (Welding Research Council).

5. PRÁTICAS DE INSPEÇÃO (seção 5)

5.1. SEGURANÇA
Na inspeção interna de vasos de pressão devem ser tomadas precauções porque trata-se
de serviço em especo confinado. O vaso deve estar isolado através de raquetes e
completamente livre de líquidos, gases ou vapores. Os vasos devem ser drenados, purgados,
limpos, ventilados e testados quanto a presença de misturas explosivas ou quantidade
adequada de oxigênio. A inspeção deve ser executada com o uso dos EPI’s indicados pelos
especialistas em segurança.
Os equipamentos e ferramentas usados na inspeção interna devem ser adequados para
trabalho em atmosferas gasosas. A saúde dos inspetores também deve ser controlada.

5.2. MODOS DE DETERIORAÇÕES


O manuseio de fluidos contaminados com: enxofre, cloreto, sulfeto de hidrogênio,
hidrogênio, carbono, cianetos, ácidos, água ou outro constituinte químico pode provocar a
corrosão das partes de um vaso. Nos locais onde podem haver tensões flutuantes podem
ocorres trincas de fadiga. Falhas de fadiga podem ocorrem também quando se tem variação de
pressão ou temperatura.. Locais onde existem união de materiais com coeficientes de
dilatação diferentes pode haver falhas por fadiga térmica.
Outras formas de deterioração como: corrosão sob tensão, ataque pelo hidrogênio,
carbonetação, grafitização e erosão, podem ocorrer em circunstâncias especiais.
Deteriorações por fluência podem ocorrer em equipamentos sujeitos a temperaturas
acima das de projeto, principalmente em pontos com concentração de tensões. A fluência
depende do tempo, temperatura, tensão e resistência do material a fluência.
Baixas temperaturas também podem levar equipamentos em aços ferríticos a falhar por
fratura frágil. Vasos em aço ferrítico tem falhado durante o teste hidrostático quando este é
executado numa temperatura abaixo da temperatura de transição do material. Atenção
especial deve ser dado aos aços baixa liga com 2.1/4 Cr – 1Mo, porque estes estão sujeitos a
um fenômeno denominado Fragilização ao Revenido (perda da ductilidade do material e
redução da tenacidade devido ao serviço prolongado em altas temperaturas – acima de
3700C).

5.3. DETERMINAÇÃO DA TAXA DE CORROSÃO


Paramétodos:
seguintes determinar uma taxa de corrosão inicial de um vaso deve ser empregado um dos

1
Temper-bead: controle do revenimento do metal depositado e zta de uma solda através do controle de
parâmetros de deposição do consumível.
2
Half-bead: remoção de metade da camada depositada para facilitar o revenimento obtido com o calor da
próxima deposição.
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho Página: 3 de 16
API 510 – PRINCIPAIS INFORMAÇÕES
a) A taxa de corrosão pode ser estimada a partir dos resultados medidos em vasos com
serviços similares;
b) A taxa de corrosão pode ser adotada de literaturas confiáveis para vasos de serviços
similares;
c) A taxa de corrosão pode ser estimada a partir de medidas feitas após no mínimo
1000 horas de exposição ao meio. As medidas devem ser feitas um exame não
destrutivo confiável.
Após um intervalo de tempo confiável devem ser feitas novas medidas para validar a
taxa de corrosão do vaso.

5.4. DETERMINAÇÃO DA PRESSÃO MÁXIMA DE TRABALHO ADMISSÍVEL


(PMTA)
A PMTA para uso continuado de um vaso de pressão deve ser baseada calculada com
base na última edição do Código ASME ou do código de construção que o vaso foi
construído. O resultado desse cálculo não pode ser maior do que a PMTA srcinal calculada
para o vaso.
Devem ser feitos novos cálculos apenas se algum detalhe essencial do vaso for
modificado, como: alteração de material, tensão admissível, eficiência de junta, modificações
do projeto e requerimentos de serviço cíclico. Em serviços corrosivos,a espessura usada no
cálculo deve ser reduzida da perda de corrosão estimada até a próxima inspeção.

5.5. INSPEÇÃO
Deve ser dada atenção especial a observação visual quanto a presença de deformações
no vaso.
O exame visual é o método mais importante e aceito universalmente. Outros métodos de
inspeção podem suplementar o exame visual, como: exame de partículas magnéticas ou
líquido penetrante para avaliação de descontinuidades superficiais, exame radiográfico,
medição de espessura com ultra-som, corrente parasita, exame metalográfico, teste de emissão
acústica, teste de martelo com o equipamento fora de operação e teste de pressão.
Os vasos com revestimento interno ou externo (refratário, pintura, lining metálico, etc.)
que estiverem em boas condições não precisão ter removido para avaliação do metal base.
Entretanto, após algum tempo de operação pode ser necessária a remoção de pequenas partes
para essa avaliação.
Serviços que deixam depósitos aderidos ao metal base precisam ter pequenas regiões
removidas para avaliação do metal sob o depósito.
Vasos que possuem internos não precisam ter essas partes totalmente removidas mas
apenas o suficiente para avaliação do vaso.
O exame de ultra-som é necessário quando o vaso tiver descontinuidades do tipo trinca e
for analisado pelo API RP 579.

5.6. PARTES A SEREM INSPECIONADAS


As
a) partes
Examecomuns na emaioria
do casco tampos.dos vasos
Deve seradada
serematenção
inspecionadas
especial são:
as regiões de ligação com
os suportes e regiões de maior conformação dos tampos. Se forem observadas
deformações é necessária uma avaliação dimensional mais detalhada.
b) Exame de juntas soldadas e zonas termicamente afetadas pelo calor da solda (ZTA).
c) Exame de todos as bocas de visita e bocais do vaso, atenção particular deve ser dada
às soldas de atracação com o casco e tampos. Normalmente, os furos de teste de
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho Página: 4 de 16
API 510 – PRINCIPAIS INFORMAÇÕES
chapas de reforço devem ser deixados abertos para fornecer evidências de
vazamentos quando houver. As faces de assentamento dos flanges devem ser
avaliadas com cuidado quanto a empenamentos e condição da superfície de vedação.

5.7. DETERMINAÇÃO DA ESPESSURA MÍNIMA E DA CORROSÃO


A corrosão pode ser uniforme ou localizada. A primeira pode ser difícil de ser detectada
visualmente e precisa da medição de espessura para ser corretamente avaliada sua extensão. A
corrosão localizada pode ser menor do que a estimada visualmente e também deve ser medida
para uma melhor avaliação.
Tanto a medida da espessura mínima quanto a taxa de corrosão máxima de um vaso
podem ser determinados como segue:
a) Uso de um exame não destrutivo adequado, como ultra-som ou radiografia ou outro
método mais moderno como ultra-som com A-scan, B-scan ou C-scan.
b) Medir as aberturas que estiverem disponíveis.
c) Medir a profundidade de uma área corroída e comparar com uma área vizinha sem
corrosão.
d) Para uma área com corrosão considerável pode ser adotada como espessura mínima
medida a espessura média determinada numa linha na direção perpendicular a
direção de maior tensão no elemento e com a extensão de:
d.(1) para vasos com diâmetro menor do que 150 cm a extensão máxima da linha de
medida é de metade do diâmetro do vaso ou 50 cm, o que for menor.
d.(2) para vasos com diâmetro maior do que 150 cm a extensão máxima da linha de
medida é um terço do diâmetro do vaso ou 100 cm, o que for menor.
Quando a área tiver uma abertura, a extensão em que é válido usar a espessura
média não pode exceder a circunferência do reforço do bocal.
Para cálculo da taxa de corrosão deve ser usada a espessura média determinada
como descrito acima, mas para a espessura mínima de cada parte do vaso deve ser
adotada a menor espessura medida.
e) Regiões com corrosão localizada (pitting) podem ser desconsideradas na
determinação da espessura mínima e da taxa de corrosão se todos os critérios
descritos a seguir forem satisfeitos:
e.(1) Nenhum pitting pode ter uma profundidade maior do que metade da espessura
mínima do vaso calculada conforme os critérios do Código ASME.
e.(2) A soma da área das superfícies de todos os pittings não pode exceder a 45
centímetros quadrados quando dentro de um círculo com diâmetro de 20
centímetros.
e.(3) A soma das dimensões ao longo de uma reta dentro do círculo não pode
exceder a 5 centímetros.
f) Como procedimento alternativo para avaliar a necessidade de reconstituição de uma
área com espessura reduzida por corrosão ou outro tipo de desgaste ou provocada
pela remoção de descontinuidades pode ser usado o método de análise descrito no
Apêndice 4 do Código
cavidades devem ASME para
ser suavizadas seção VIIImaior
evitar divisão 2. É importante
concentração ressaltar que
de tensões.

5.8. ANÁLISE DA INSPEÇÃO


A análise de degradações ou descontinuidades encontradas durante a inspeção que
podem comprometer a resistência mecânica de alguma parte do vaso devem ser analisadas
como descrito no Código API RP 579, como segue:
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho Página: 5 de 16
API 510 – PRINCIPAIS INFORMAÇÕES
a) Perdas de espessura em grandes regiões – usar a seção 4 do API RP 579.
b) Perdas de espessura localizadas – usar a seção 5 do API RP 579.
c) Regiões com pitting – usar a seção 6 do API RP 579.
d) Regiões com empolamento e dupla laminação – usar a seção 7 do API RP 579.
e) Desalinhamentos e deformações - usar a seção 8 do API RP 579.
f) Análise de descontinuidades do tipo trinca - usar a seção 9 do API RP 579.
g) Análise de vasos sujeitos a incêndio - usar a seção 11 do API RP 579.

6. INSPEÇÃO E TESTES EM VASOS DE PRESSÃO E DISPOSITIVOS DE


SEGURANÇA (seção 6)

6.1. GERAL
Os vasos devem ser inspecionados quando de sua instalação no local definitivo. A
inspeção interna não é necessária em vasos novos se forem acompanhados dos relatórios de
inspeção e tiverem sido inspecionados pelo comprador na fábrica. Para assegurar a
integridade do vaso estes devem ser inspecionados numa freqüência como descrito nesse
código.
A seleção dos métodos de inspeção a serem empregados durante a inspeção dependem
das condições operacionais do vaso e das características do meio a que o vaso esta exposto. A
escolha dos métodos de inspeção pode incluir vários exames não destrutivos e a inspeção
visual. A inspeção interna sempre é preferida pois este é o lado de maior degradação do vaso,
como esta degradação pode não ser uniforme pode não ser detectada quando o vaso é
inspecionado pelo lado externo. A inspeção em serviço pode ser aceita como substituta da
inspeção interna em circunstâncias especiais como descrito no item 6.4.
A inspeção deve fornecer informações de todos os componentes essenciais do vaso para
que este opere com segurança até a próxima inspeção. O risco associado a parada e partida do
vaso e o aumento da corrosão devido ao contato com o ar devem ser considerados na
definição da necessidade da inspeção interna do vaso.

6.2. INSPEÇÃO COM BASE NO RISCO (RBI)


A identificação e a determinação do potencial de propagação são importantes etapas na
análise da probabilidade de falha de um vaso de pressão. A combinação entre a análise da
probabilidade de falha e as conseqüências da falha são os elementos essenciais no estudo da
Inspeção com base no risco (RBI).
A probabilidade da falha deve levar em consideração todas as formas de degradação que
podem atuar em todas as partes do vaso. Exemplos: perda de metal devido a corrosão interna
ou externa, ocorrência de trincas, deteriorações pelo hidrogênio, corrosão sob tensão (na
superfície interna ou externa), deteriorações microestruturais, degradação das propriedades
mecânicas, possibilidade de fadiga, fluência, fragilização, etc. Devem ser consideradas
também as eficiências das técnicas de inspeção e exames não destrutivos usados nas inspeções
para detectar as deteriorações esperadas.

mais Outros fatores


apropriado, devem ser
condições considerados
operacionais também
dentro das na análise RBI,
condições como: uso
de projeto, do material
efetividade do
programa de monitoração utilizado e a qualidade das inspeções realizadas.
As conseqüências das falhas devem considerar o potencial dos acidentes quando ocorrer
um vazamento, incluindo a possibilidade de explosão, incêndio, exposição a produtos tóxicos,
impactos ao meio ambiente e outros problemas ligados a uma falha.

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API 510 – PRINCIPAIS INFORMAÇÕES
É importante que todos os dados que levaram as conclusões de uma análise RBI sejam
registradas para futuras revisões.
Após a análise RBI de um vaso podem definir a estratégia de inspeção a ser adotada
para um vaso de pressão, estabelecendo basicamente o seguinte:
a) Quais os métodos de inspeção mais indicados, a extensão da inspeção e as ferramentas de
inspeção mais indicadas para o vaso com base nos mecanismos de deterioração indicados
no estudo.
b) A periodicidade de inspeção mais apropriada.
c) A necessidade de teste de pressão após a detecção de descontinuidades ou a execução de
reparos ou a execução de alterações no vaso.
d) Ações para reduzir a probabilidade de falhas ou conseqüências das falhas.
A análise RBI pode ser usada para aumentar ou reduzir a periodicidade de inspeção
limitada em 10 anos no item 6.4.

6.3. INSPEÇÃO EXTERNA


Todo vaso não enterrado deve sofrer inspeção visual externa, preferencialmente em
operação, no mínimo a cada 5 anos ou junto com a inspeção interna, o que for menor. Essa
inspeção deve, no mínimo, avaliar as condições de:
a) Isolamento térmico externo. Deve ser dada atenção quanto a presença de inchaço no
isolamento que podem ser causados pela corrosão sob o isolamento, principalmente em
vasos que operam entre –4oC e 120oC ou com operação intermitente. Pode ser necessária a
remoção do isolamento para uma melhor avaliação. Isto não é necessário para vasos que
operam em temperaturas inferior a –4 oC ou acima de 120 oC.. Alternativamente, durante a
inspeção interna pode ser medida a espessura de parede nas regiões mais prováveis de
deterioração, como: anéis de suportação do isolamento, ao redor de bocais ou locais onde
existe falhas ou frestas no isolamento.
b) Suportação, avaliando a possibilidade de dilatação do vaso e as ligações do vaso ao
suporte.
c) Sinais de vazamento devem ser investigados para se estabelecer a srcem.
O intervalo de inspeção externa deve ser determinado com base na taxa de corrosão do
vaso, determinada por um dos seguintes métodos:
a) Pela taxa de corrosão de tubulações conectadas ao vaso, com material similar ao
vaso.
b) Pela taxa de corrosão determinada através de monitoração da corrosão.
c) Pela determinação da taxa de corrosão do vaso em partes representativas do vaso.
d) Pela taxa de corrosão de vasos em situações similares.

6.4. INSPEÇÃO INTERNA OU EM SERVIÇO


A periodicidade da inspeção interna ou em serviço deve ser o menor valor entre metade
da vida remanescente do vaso, calculado pela sua taxa de corrosão ou 10 anos. Nos casos
onde a vida remanescente for menor do que 4 anos, o intervalo de inspeção interna pode ser
igual a vida de
remanescente remanescente
3 anos, pode até umintervalo
ter um máximodedeinspeção
2 anos.interna
Exemplo
igual aum vasoe outro
2 anos com vaso
vida
com vida remanescente de 1,8 anos, pode ter um intervalo de inspeção interna igual a 1,8
anos.
Para vasos de pressão que operam intermitentemente e são mantidos fora de operação
com gás inerte ou outro fluido não corrosivo. O prazo de inspeção será relativo apenas ao
período em que o vaso estiver em operação. Enquanto que os vasos que não forem
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preservados quando estiverem fora de operação devem ter seu intervalo de inspeção interna
reavaliado quanto a possibilidade de aumento da corrosão no período que este for mantido
fora de operação. Já o intervalo da inspeção externa não deve ser alterado permanecendo o
mesmo se o vaso opera-se de maneira continua.
Exceto nos casos descritos abaixo, a inspeção interna normalmente é o método preferido
de avaliação para os vasos sujeitos a corrosão localizada e outros tipos de deteriorações. No
entender de um inspetor ou engenheiro autorizado em vasos de pressão a inspeção interna
pode ser substituída por uma inspeção em operação nas seguintes situações:
a) Quando a dimensão do vaso ou de seu acesso interna é fisicamente impossível da entrada
do inspetor.
b) Quando a taxa de corrosão interna do vaso for inferior a 0,125 mm/ano e vida estimada for
maior do que 10 anos e todas as seguintes condições forem verdadeiras:
b.1) Os constituinte que provocam a corrosão são conhecidos e controlados pelo menos a
cada 5 anos.
b.2) Os prazos da inspeção externa são respeitados.
b.3) O vaso não opera numa temperatura abaixo da temperatura mínima de pressurização
do material com que o vaso foi construído.
b.4) O vaso não está sujeito a trincas de corrosão sob tensão ou deteriorações pelo
hidrogênio.
b.5) O vaso não é revestido internamente com lining, clad ou outro tipo de revestimento.
Se todos os itens descritos no item b acima não forem respeitados o vaso deverá ser
submetido a inspeção interna. O resultado da inspeção interna de um vaso pode ser tomado
como referência para que a próxima inspeção interna seja substituída por uma inspeção em
operação se sua condições operacionais não forem modificadas.
Quando a Inspeção em operação é usada como substituta da Inspeção Interna algum
exame não destrutivo como ultra-som, radiografia, ou outro END apropriado para avaliar a
espessura e a integridade das soldas de todas as partes do vaso pressurizadas.
Um número representativo de medições deve ser executado de maneira a possibilitar
uma análise de todas as partes pressurizadas do vaso. Por exemplo, devem ser avaliados o
casco, tampos, seções cônicas e amostras representativas dos bocais. Também deve ser
estabelecida a vida remanescente para cada parte do vaso e o intervalo entre inspeções com
base na pior condição.
A decisão sobre o número e localização dos pontos de medição de espessura deve
considerar o resultado de inspeções anteriores, se existir e a conseqüência da falha em um
componente do vaso. O número de medidas deve ser suficiente para estabelecer a taxa de
corrosão geral e localizada das partes do vaso. Um número mínimo de pontos de medição é
aceito quando as medidas indicarem um taxa de corrosão geral baixa e quando não existir
corrosão localizada. Para vasos com corrosão localizada é importante que se conheça o
mecanismo dessa corrosão para se definir o número de pontos de medição a serem usados.
Para vaso com corrosão localizada é importante a utilização utilizar métodos de avaliação da
corrosão do tipo escaneamento, como perfil radiográfico, ultra-som ou outro método não
destrutivo similar.
A vida remanescente de um vaso deve ser calculada usando a seguinte fórmula:
tatual - tmínima requerida
vida remanescente =
taxa de corrosão
onde: tatual = espessura atual, medida para um componente do vaso
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tmínima requerida = espessura mínima requerida, calculada conforme a fórmula
do código de construção do vaso antes de se adicionar a
sobre espessura de corrosão e outros adicionais.
É possível o calculo de duas taxas de corrosão de longo tempo (LT) e de curto (short)
tempo (ST) como mostrado a seguir:
tinicial - tatual
taxa de corrosão (LT) =
tempo entre as duas medidas

taxa de corrosão (ST) = tmedida prévia - tatual


tempo entre as duas medidas
onde: tatual = espessura atual, medida para um componente do vaso
tmedida prévia = espessura medida durante uma inspeção anterior
As taxas de corrosão de longo e curto tempo devem ser avaliadas e o inspetor deverá
usar para cálculo da vida remanescente do vaso a taxa de corrosão que melhor represente a
situação atual do vaso.
Para a definição da taxa de corrosão a ser usada pode ser usada uma análise estatística.
Essa análise pode ser usada para determinar o intervalo de inspeção do vaso. Análise
estatística não pode ser usada para vasos que apresentem corrosão localizada.
A determinação da taxa de corrosão pode ser determinada usando-se duas ou mais
medições realizadas no vaso. O inspetor deverá avaliar ambas as taxas de corrosão de curto e
longo tempo para determinar a melhor taxa de corrosão a ser usada no cálculo da vida
remanescente do vaso.
Para vasos grandes com duas ou mais regiões de diferentes taxas de corrosão essas
regiões podem ser tratadas separadamente. Quando o intervalo de inspeção interna do vaso é
determinado pela região mais crítica as regiões com baixa deterioração podem ter a Inspeção
interna substituída por uma Inspeção em operação.
Um método alternativo para determinar o intervalo entre inspeções de um vaso grande é
determinar a vida remanescente com base na PMTA de cada parte do vaso e usar o menor
intervalo como o intervalo do vaso. Nesse caso também limitado a 10 anos.
Quando o vaso estiver sujeito a outros tipos de deteriorações não causadas pelo meio,
como: carregamento externo, uso de material inadequado, etc. o intervalo de inspeção deve
ser adaptado para evitar falhas.
Caso ocorra mudança nas condições de operação ou projeto do vaso, o intervalo entre
inspeções deve ser reavaliado considerando as novas condições.
Se o vaso for modificado de local o vaso deve ser submetido a inspeção interna e
externa antes de ser reutilizado e um novo intervalo de inspeção deve ser estabelecido
considerando as novas condições operacionais.

6.5. TESTE DE PRESSÃO


Quando o inspetor acreditar ser necessário um teste de pressão ou quando o vaso for
submetido a reparos com solda ou alterações o teste deve ser conduzido numa pressão
estabelecida de acordo com o código de construção usado para determinar a PMTA do vaso.
Para reduzir riscos de fratura frágil durante o teste, a temperatura do metal deve ser mantida
17oC acima da Temperatura Mínima de Pressurização do material das partes do vaso (ver
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figura UCS 66 do ASME) para vaso com espessura maior do que 2”, ou 6oC para os vaso com
espessura menor ou igual a 2”. A temperatura de teste não deve exceder a 50 oC a menos que
existam informações de que o material está sujeito a fratura frágil também nessa temperatura.
Nesse caso são aceitas temperaturas de teste mais altas.
O teste pneumático pode ser usado quando o teste hidrostático é impraticável por causa
da temperatura, fundação, revestimento refratário, ou razões de processo; entretanto o risco de
um teste pneumático deve ser considerado, antes de se decidir pelo seu uso.No mínimo as
exigências contidas no código ASME devem ser atendidas antes do teste. Antes de se realizar
o teste hidrostático no equipamento devem ser verificadas os suportes, estruturas e fundações
do vaso.
Quando a pressão de teste ultrapassar o valor de abertura do dispositivo de segurança
esse deverá ser removido. Como alternativa a remoção da válvula de segurança podem ser
usados grampos que evitam a abertura da válvula durante o teste. Não é recomendado evitar a
abertura da válvula de segurança com aplicação de carga sobre a mola da válvula.

6.6. VÁLVULAS DE SEGURANÇA


As válvulas de segurança devem ser inspecionadas, manutenidas e testadas. A
documentação de acompanhamento de uma válvula de segurança deve ter no mínimo o
seguinte: identificação, número da revisão, responsável pela manutenção, trabalho realizado,
desenho e especificação, materiais de todas as partes, locais de inspeção, reparos executados,
resultados do teste de ajuste e outras informações importantes.
As válvulas de segurança devem ser inspecionadas, manutenidas e testadas conforme os
requisitos do API RP 576.
O intervalo de inspeção, manutenção e calibração das válvulas de segurança devem ser
determinados considerando seu histórico e o conhecimento do serviço ao qual a mesma está
submetida. Esse intervalo não deve exceder a 5 anos a menos que seu histórico indique que
intervalos maiores são admissíveis. Para serviços com fluidos limpos e não corrosivos podem
ser aceitos intervalos de inspeção de até 10 anos. Quando a inspeção mostrar que a válvula
estava muito suja ou inoperante o prazo de inspeção deve ser reduzido. Recomenda-se
também determinar a causa dos problemas identificados.

6.7. RELATÓRIOS
Os relatórios devem ser mantidos durante toda a vida do vaso. Os relatórios devem ser
mantidos atualizados com informações sobre operação, inspeção e manutenção, formando o
histórico do vaso.
A documentação dos vasos de pressão deve conter quatro tipo de informações relativas a
integridade mecânica do vaso, como descrito a seguir:
a) Informações sobre as características de projeto e construção. Por exemplo:
identificação do vaso, fabricante, relatórios de inspeção da fabricação, cálculos de projeto,
desenhos de construção, dados da construção (TTAT, sodas, inspeções realizadas, etc.),
coeficiente de segurança utilizado, valores de tensões admissíveis adotados, pressão e
temperatura de projeto,
b) Histórico data de fabricação,
de operação etc.Por exemplo: condições de operação normal,
e inspeção.
incluindo descontroles que podem afetar a integridade mecânica do vaso, relatórios das
inspeções realizadas, medidas de espessura, reparos realizados, cálculo da vida remanescente,
testes e exames não destrutivos realizados, resultados das inspeções, procedimentos usados de
inspeção e ensaios, e inspetores que realizaram as inspeções e testes.

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API 510 – PRINCIPAIS INFORMAÇÕES
c) Reparos, alterações e reclassificação. Por exemplo: reparos e alterações realizadas,
procedimentos adotados e qualificação das pessoas que realizaram os serviços.
d) Análise de descontinuidades realizadas. Documentação e cálculos das
descontinuidades avaliadas que permanecem no vaso, conforme API RP 579.

7. REPAROS, ALTERAÇÕES E RECLASSIFICAÇÃO DE VASOS DE PRESSÃO


(seção 7)

7.1. INTRODUÇÃO
Esta parte se refere a reparos e alterações realizadas em vasos de pressão por soldagem.
Os reparos devem seguir os requisitos do código de construção que o vaso foi construído.
Todo material e procedimento de reparo que será usado devem ser autorizados por
profissional experiente em vasos de pressão.
Uma trinca numa solda ou outro defeito numa chapa podem ser reparados com a
preparação de um chanfro do tipo U ou V na profundidade da remoção total do defeito e a
cavidade depois recomposta com depósito de solda, como descrito no item 7.2 a seguir.
Reparos em regiões com maior concentração de tensões devem ser calculados antes do reparo.
Áreas corroídas podem também ser reconstituídas com deposição de solda. Irregularidades
superficiais e contaminações devem ser removidas antes da recuperação com solda. Deve ser
especificado o controle de qualidade mais adequado para o reparo realizado.

7.2. SOLDAGEM
Os reparos devem ser realizados por pessoal qualificado e procedimentos qualificados
conforme o código ASME seção IX.

7.2.1. PRÉ-AQUECIMENTO OU MÉTODOS DE CONTROLE DE DEPOSIÇÃO COM


ALTERNATIVAS PARA O TRATAMENTO TÉRMICO PÓS-SOLDAGEM
O pré-aquecimento e o controle de deposição, como descrito em 7.2.1.1. e 7.2.1.2, pode
ser usado em substituição ao tratamento térmico após soldagem, onde este é mecanicamente
desnecessário. Para se usar um método de reparo alternativo é necessário uma avaliação
metalúrgica para se avaliar se o reparo proposto é adequado. Essa avaliação deve considerar
quais são as razões que srcinaram a necessidade do tratamento térmico após a soldagem,
fatores como: possibilidade de trincas por corrosão sob tensão, tensões residuais de soldagem
elevadas, suscetibilidade a trincas pelo hidrogênio, possibilidade de trincas por fluência, etc.
A seleção do procedimento de soldagem deve se basear nas regras do código de projeto,
na condição sem tratamento para as condições de operação e de teste.
As condições de substituição do TTAT por métodos alternativos descritos em 7.2.1.1. e
7.2.1.2, são válidas apenas aos materiais de mesmos P número de G número descritos, os
materiais não listados deverão ser submetidos a TTAT aos os reparos de solda, conforme os
requisitos do código ASME. Quando se adotar os métodos alternativos de reparos descritos
em 7.2.1.1. e 7.2.1.2, a eficiência de junta usada nos cálculos não precisa ser alterada.

7.2.1.1. MÉTODO DO PRÉ-AQUECIMENTO (Não é requerido teste de tenacidade)


a) O teste de tenacidade (Charpy, CTOD ou similar) não é requerido quando se adotar
este método de soldagem.
b) O método está limitado aos seguintes materiais: Número P 1, Grupos 1, 2 e 3, e para
Número P3, Grupos 1 e 2 (excluindo-se os aços Mn-Mo no grupo 2).
c) Os processos de soldagem estão limitados a: eletrodo revestido, TIG e MAG.
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API 510 – PRINCIPAIS INFORMAÇÕES
d) A região a ser soldada deverá ser pré-aquecida e mantida numa temperatura mínima
de 1500C durante a soldagem. A temperatura de 150 0C deve ser verificada a 10 mm
da região de solda ou quatro vezes a espessura do material a ser soldado, o que for
maior, dos dois lados do chanfro preparado. A temperatura máxima interpasses não
deve exceder a 3150C. Quando a solda não penetrar através de toda a espessura do
material a medida das temperaturas de pré-aquecimento e interpasses deve ser feita a
10 mm da região a ser soldada ou quatro vezes a profundidade do reparo, o que for
maior, para cada lado do chanfro.

7.2.1.2. MÉTODO DE CONTROLE DE DEPOSIÇÃO (é requerido teste de tenacidade)


a) O teste de tenacidade, deve ser como estabelecido no código ASME seção VIII,
divisão 1, partes UG-84 e UCS-66, conforme projeto do vaso.
b) Os materiais estão limitados a aços com Número P 1, Número P 3, e Número P 4.
c) Os processos de soldagem estão limitados a: eletrodo revestido, TIG e MAG.
d) A especificação do procedimento de soldagem (EPS) deve ser qualificada para cada
aplicação. O procedimento deve definir as temperaturas de pré-aquecimento e
interpasses e incluir o tratamento térmico após soldagem, conforme requerido em
f.1, abaixo. A faixa de espessura qualificada deve ser de acordo com a tabela 7.1.
O material usado na qualificação do procedimento deve ser o mesmo do utilizado no
vaso (especificação, grau, classe e condição de tratamento térmico). Se a
especificação srcinal for obsoleta, deve ser usada a especificação mais próxima
possível da usada na fabricação, mas o material não pode ter resistência mecânica
inferior ao srcinal ou ter um teor de carbono maior do que 0,35%.
e) quando o teste de impacto for requerido pelo código de construção, o corpo de prova
usado na qualificação do procedimento deve ter tamanho suficiente para possibilitar
uma avaliação da tenacidade da solda, zona termicamente afetada pelo calor e metal
base, na condição como soldado, na temperatura mínima de projeto (conforme
ASME seção VIII, divisão 1, partes UG-84 e UCS-66). Se existir necessidade de
controle de dureza este deve ser feito conforme NACE RP 0472 e MR-0175, os
valores devem ser incluídos no procedimento de soldagem.
f) Requerimentos adicionais que devem ser incluídos no procedimento de soldagem:
f.1. devem ser respeitas as variáveis essenciais suplementares do código ASME
seção IX, parágrafo QW-250.
f.2. a energia de soldagem (heat imput) de cada camada não deve exceder a usada na
qualificação do procedimento.
f.3. a temperatura mínima de pré-aquecimento de soldagem não deve ser menor do
que a usada na qualificação do procedimento.
f.4. a temperatura máxima interpasses para a soldagem não deve ser maior do que a
usada na qualificação do procedimento.
f.5. a temperatura deve ser verificada a uma distância de 10 mm da região a ser
soldada ou quatro vezes a espessura do material, o que for maior, de cada lado
do chanfro.deverá
verificação Quandoser afeita
solda
a 10não
mmpenetrar
da regiãotoda
a sera soldada
espessura
ou do material,
quatro vezes aa
profundidade da deposição, o que for maior, para cada lado do chanfro.
f.6. para o processo de eletrodo revestido, devem ser usados apenas consumíveis de
baixo hidrogênio, com classificação H8 ou menor. Quando for utilizado processo
protegido por gás deve ter ponto de vaporização maior do que –500C.. a região a

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ser soldada deve ser mantida seca, livre de sujeiras, óxidos, óleos, graxas ou
outro material orgânico.
f.7. deve ser usada a técnica de deposição com passe de revenimento ou meia
camada. A mesma técnica deve ser usada na qualificação do procedimento.
f.8. quando for usado o processo de eletrodo revestido, dever feito um pós-
aquecimento de 2600C ± 300C por no mínimo de 2 horas, para possibilitar a
difusão do hidrogênio retido. Esse tratamento pode ser omitido quando se usar
eletrodo com classificação H4 (assim como E-7018-H4).
f.9. após terminado o reparo, a solda deve ser resfriada até a temperatura ambiente.
A camada do passe de revenimento deve ser removida, e a região deve ficar com
a superfície lisa e nivelada com o metal base.
7.2.2. EXAME NÃO DESTRUTIVO DA SOLDA
Antes da soldagem, a área preparada para soldagem deve ser examinada usando exame
de partículas magnéticas ou liquido penetrante, para confirmar que à área está isenta de
descontinuidades. Depois de completada a soldagem um desses dois exames não destrutivos
acima deve ser repetido para garantir que não existe defeitos superficiais. Em adição os vasos
de pressão que srcinalmente tiveram suas soldas radiografadas, deverão também ser
radiografadas. Nas regiões onde não for possível executar o exame radiográfico deverá ser
usado outro exame não destrutivo considerado mas apropriado para garantir a sanidade da
solda.

7.2.3. TRATAMENTO TÉRMICO LOCALIZADO APÓS A SOLDAGEM


Antes de se decidir pela realização de Tratamento Térmico após a soldagem (TTAT),
deve ser feita uma avaliação metalúrgica para se avaliar a necessidade da realização do TTAT
devido as características do fluido armazenado no vaso.
O TTAT localizado pode se substituído por um tratamento envolvendo 360 graus ao
redor do reparo para todos os materiais, desde que sejam tomadas as precauções descritas a
seguir:
a) o procedimento deve ser elaborado por um engenheiro com experiência em TTAT
localizado em vasos de pressão.
b) As variáveis descritas a seguir devem ser consideradas: espessura do metal base,
gradiente térmico e propriedades do material (dureza, constituintes e resistência
mecânica); modificações devido ao TTAT localizado; a necessidade de sola com
penetração total e a superfície da região tratada. Devem ser consideradas também as
possibilidades de distorções devido à redução da área a ser tratada.
c) Um pré-aquecimento mínimo de 150 oC deve ser mantido durante o procedimento de
soldagem.
d) A temperatura de Tratamento deve ser mantida numa distância de no mínimo duas
vezes a espessura do metal base. A temperatura de tratamento deve ser monitorada
por um número adequado de termopares (no mínimo dois). Na determinação do
número adequado
tratada. Todo bocaldeoutermopares
atracação deve
(clip) ser
queconsiderado o tamanho
estiver dentro da tratamento
da área de área a ser
deverá ser incluído no tratamento.

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7.2.4. REPAROS PARA CHAPAS COM REVESTIMENTO EM AÇO INOXIDÁVEL
DEPOSITADO COM SOLDA DE SOBREPOSIÇÃO (Weld Overlay) E CLADING
O procedimento de reparo a ser adotado deverá ser submetido para avaliação de um
engenheiro com experiência em reparos em vasos de pressão.
Devem ser considerados alguns fatores que podem dificultar o reparo como: nível de
tensão, número P do material base, características do meio, possibilidade do material estar
carregado com hidrogênio, tipo de lining, deteriorações das propriedades úteis do metal base
(por exemplo: fragilização dos aços cromo molibdênio), temperatura mínima de pressurização
e a necessidade de inspeção periódica futura.
Para equipamentos em serviço com hidrogênio e temperaturas elevadas ou que operem
com meios corrosivos com a reação catódica de geração de hidrogênio atômico com
possibilidade de migrar para o metal base, os fatores descritos a seguir devem ser
considerados:
a) Gaseificação do metal base (metal base pode estar carregado com hidrogênio)
b) Endurecimento do metal base devido à soldagem, usinagem ou abertura de arco.
c) Pré-aquecimento e controle da temperatura entre passes.
d) Tratamento térmico após soldagem para reduzir a dureza e restaurar as propriedades
mecânicas.
O reparto deve ser acompanhado por um inspetor de soldagem. Depois de completado o
reparo este deverá ser inspecionado pelo método de líquido penetrante e usado o critério de
aceitação do código ASME seção VIII divisão, apêndice 8.
Os vasos de pressão construídos com materiais P-3, P-4 ou P-5, o metal base, na área do
reparo, deverá ser inspecionado com exame de ultra-som de acordo com o código ASME
seção V, artigo 5, parágrafo T-543. Está inspeção preferencialmente após 24 horas de
completado o reparo nos equipamentos que trabalham com hidrogênio e tenha aços cromo
molibdênio como metal base, devido a possibilidade de trincas no resfriamento, provocadas
pelo hidrogênio.

7.2.5. PROJETO
Juntas de topo devem ter penetração total. Partes do vaso a serem substituídas devem ser
projetadas respeitando-se os requisitos do código de construção. Caso seja necessário novo
bocal podem ser instalados no vaso, respeitando-se os requisitos do código de projeto.
Juntas para soldas sobrepostas ou de ângulo (sem penetração total) devem ser
verificadas quanto a permissão de projeto, nível de tensões e principalmente quanto a
eficiência de junta do vaso. Juntas sobre postas (sem penetração) podem ser usadas para
reparos temporários. Reparos temporários devem ser aprovados por um engenheiro de projeto
com experiência em vasos de pressão. Os reparos provisórios devem ser substituídos por
reparos permanentes na próxima manutenção do equipamento. Reparos provisórios podem
permanecer por um longo período de tempo apenas se for inspecionado, aprovado e calculado
por um engenheiro de vasos de pressão experiente. Reparos usando soldas sobrepostas, sem
penetração, podem ser aplicadas tanto interno com externamente em cascos e tampos de vaso
de pressão nas seguintes
a) reparos situações:
com sodas sobrepostas devem atender os requisitos de projeto para reforço
de uma abertura.
b) Reparos com sodas sobrepostas devem ser projetados para absorver deformações de
membranas, respeitando os requisitos a seguir:
b.1. As tensões de membrana não podem exceder os valores permitidos pelo código
de projeto.
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b.2. As deformações no reparo não resultem em tensões acima do limite permitido
para juntas sobrepostas.
Reparos com juntas sobrepostas devem ter seus cantos arredondados. Reparos do tipo
“insert” (bolachas) devem ter cantos arredondados e serem feitos com junta de topo.
Reparos com o vaso em operação devem respeitar os requisitos do API 2201.
Um reparo envolvendo toda a circunferência do vaso, pode ser considerado como um
reparo de longa duração se for aprovado por um engenheiro experiente em projetos de vasos
de pressão e deve seguir os requisitos descritos a seguir:
a) O reparo não pode ser feito sobre trincas existentes no casco do vaso.
b) Deve ser projetado para resistir a pressão de projeto.
c) As juntas longitudinais devem ter penetração total, com inspeção e eficiência de
junta igual ao do projeto do vaso.
d) As juntas circunferênciais sobrepostas de união com o metal base do vaso devem ser
calculadas de maneira a resistirem a tensão longitudinal do vaso, considerando uma
eficiência de junta de 0,45, sem considerar a resistência do metal que está sendo
coberto. Outros exames não destrutivos além do exame visual podem ser feitos na
próxima parada do vaso para manutenção se as condições e o acesso não permitir
uma completa examinação, para reparos realizados com o vaso na condição de
operação (equipamentos liberados para reparo, mas sem acesso interno).
e) Deve ser verificada a possibilidade de trincas por fadiga nas soldas devido a
diferencial de expansão térmica.
f) O material usado no reparo junto com o metal base deve ter bom comportamento
quanto a resistência a corrosão, (evitar a corrosão galvânica). Na espessura do reparo
deve ser adicionado a sobre espessura de corrosão adequada para o uso.
g) O mecanismo de degradação que levou a necessidade do reparo deve ser
considerado na definição da periodicidade de inspeção do reparo.
Bocais sem penetração podem ser usados como reparos de longo tempo sobre outros
bocais trincados. No cálculo do reforço a ser usado não deve considerada a região do vaso sob
o novo bocal. O material do novo bocal deve considerar a resistência a corrosão devido ao
meio e ser usada uma sobre espessura de corrosão apropriada. O mecanismo de degradação
deve ser considerado no estabelecimento da periodicidade de inspeção para o reparo.

7.2.6. MATERIAL
O material usado para reparos ou alterações deve ser os reconhecidos pelo código
ASME para vasos de pressão. O material escolhido deverá ter soldabilidade conhecida e
compatibilidade com o metal base existente. Não devem ser soldados aços carbono e aço liga
com teor de carbono acima de 0,35 %.

7.2.7. INSPEÇÃO
O critério de aceitação dos reparos ou alterações deve incluir exames não destrutivos de
acordo com o código de projeto. Onde não for possível usar os exames não destrutivos
necessários
em inspeçãoexames
de vasosalternativos
de pressão.podem ser usados com a provação de engenheiro experiente
Para vasos construídos em materiais que podem estar sujeitos a fratura frágil nas
condições de serviços ou outras condições (incluindo paradas, partidas e teste hidrostático),
deve ser considerada uma inspeção apropriada a ser realizada após os reparos ou alterações
que envolvam solda. Descontinuidades, entalhes ou outro fator de concentração de tensões
podem iniciar uma fratura frágil durante teste hidrostático ou em serviço. Exame de partículas
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho Página: 15 de 16
API 510 – PRINCIPAIS INFORMAÇÕES
magnéticas ou outro similar devem ser considerados. Técnicas de inspeção devem ser
realizadas de maneira a detectar falhas críticas.

7.2.8. TESTE
Depois de completada um reparo com solda, um teste de pressão deve ser aplicado se o
inspetor com experiência em vasos de pressão acreditar que ele seja necessário. Um teste
hidrostático é normalmente realizado após uma alteração. Quando o teste hidrostático não for
realizado deve ser aplicado um outro exame não destrutivo apropriado. A substituição do teste
hidrostático por outro exame não destrutivo após uma alteração só deve ser executada após
aprovação de um inspetor de vasos de pressão autorizado.
Quando o exame de ultra-som for usado no lugar do exame radiográfico deve ser
especificada uma qualidade mínima para a realização do exame.

7.2.9. CONSUMÍVEL (METAL DE ENCHIMENTO)


Os metais de enchimento (consumível) usados para reparos de solda devem ter um
limite de resistência maior ou igual ao do metal base. Se a resistência mínima do metal de
deposição for menor do que a do metal base, houver compatibilidade química com o metal
base, boa soldabilidade com o metal base e não houver possibilidade de degradação na
condição de serviço, deve ser atendido o seguinte:
a) A espessura do reparo não deve ser maior do que 50 % da espessura do metal base,
excluindo-se a sobre espessura de corrosão.
b) A espessura do reparo deve ser aumentada numa razão igual a das resistências do
metal base e do metal depositado.
c) O aumento da espessura do reparo deverá ter cantos arredondados e uma inclinação
para o metal base de 3 para 1 (concordância entre a espessura do reparo e o metal
base).
d) O reparo deverá ser feito com no mínimo dois passes de solda.

7.2.10. RECLASSIFICAÇÃO
A reclassificação de um vaso de pressão na temperatura ou pressão máxima de trabalho
admissível só pode ser feita após serem seguidos todos os requisitos listados a seguir:
a) O vaso deve ser recalculado por um engenheiro experiente em vasos de pressão ou
pelo projetista.
b) A reclassificação deve ser estabelecida de acordo com os requerimentos do código
de construção de quando o vaso foi construído ou usando-se a última edição do
código de construção.
c) A inspeção deverá verificar através do último relatório de inspeção se as sobre
espessuras de corrosão estão adequadas com a nova proposta. Um aumento de
pressão ou temperatura deverá levar em consideração os dados mais recentes de
medição de espessura, considerando a última inspeção interna ou inspeção em
serviço.
d) Se o vaso
pressão derequerida
teste pressão foi
ou testado a pouco
a integridade do tempo numa
vaso está pressãoatravés
garantida maiordeouinspeção
igual a
com outros exames não destrutivos no lugar do teste hidrostático, não é necessário
fazer um novo teste na nova condição de projeto.

Autor: Nestor Ferreira de Carvalho Página: 16 de 16


Com a intenção de facilitar à exposição e posterior consulta, esta apostila foi
dividida em 6 partes, cujos conteúdos estão descritos no índice geral a seguir.

ÍNDICE GERAL

PARTE 1

ASSUNTO PÁGINA
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 01

2. COMPONENTES.......................................................................................... 01

3. CLASSIFICAÇÃO........................................................................................ 11

4. SUPORTAÇÃO............................................................................................ 13

5. CÓDIGOS DE CONSTRUÇÃO.................................................................... 17

6. DEFINIÇÕES................................................................................................ 25

7. MATERIAIS................................................................................................. 38

8. REVESTIMENTOS...................................................................................... 44

9. JUNTAS SOLDADAS.................................................................................. 50

PARTE 2
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO
Autor:Nestor Ferreira de Carvalho
ASSUNTO PÁGINA

1. INSPEÇÃO DE FABRICAÇÃO.................................................................... 01

2. INSPEÇÃO DIMENSIONAL DE FABRICAÇÃO........................................ 04

3. CRITÉRIOS DE ACEITAÇÃO DOS END’S CONVENCIONAIS............... 15

4. EMISSÃO ACÚSTICA.................................................................................. 20

5. RÉPLICA METALOGRÁFICA..................................................................... 25

PARTE 3

ASSUNTO PÁGINA

1. TENSÕES RESIDUAIS................................................................................. 01

2. MÉTODOS DE REDUÇÃO DAS TENSÕES RESIDUAIS........................... 05

3. ALÍVIO DE TENSÕES COM TRATAMENTO TÉRMICO.......................... 08

PARTE 4

ASSUNTO PÁGINA

1. REVISÃO DOS ENSAIOS DE TRAÇÃO E IMPACTO................................ 01

2. ENSAIO PARA A DETERMINAÇÃO DO CTOD........................................ 15

PARTE 5

CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO


Autor:Nestor Ferreira de Carvalho
ASSUNTO PÁGINA

1. INSPEÇÃO DE MANUTENÇÃO
1.1. HISTÓRICO............................................................................................ 01
1.2. MISSÃO.................................................................................................. 02
1.3. NOMENCLATURA................................................................................ 02
1.4. INSPEÇÃO EM CAMPANHA................................................................ 03
1.5. INSPEÇÃO EM PARADA...................................................................... 04
1.6. TEXTOS NACIONAIS REFERENTES A INSPEÇÃO EM VASOS DE 09
PRESSÃO.....................................................................................
1.7. SELEÇÃO DOS EXAMES NÃO DESTRUTIVOS NA INSPEÇÃO DE 12
VASOS DE PRESSÃO..........................................................................
1.8. PRINCIPAIS CAUSAS DE DETERIORAÇÃO EM VASOS DE 17
PRESSÃO...............................................................................
1.9. INTERVALO DE INSPEÇÃO.................................................................. 23
1.10. PLANEJAMENTO DA ATIVIDADE INSPEÇÃO................................. 29

1.11. TESTES.................................................................................................. 34
1.12. REGISTROS DA INSPEÇÃO................................................................ 44

PARTE 6

CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO


Autor:Nestor Ferreira de Carvalho
ASSUNTO PÁGINA

1. ANÁLISE DE DESCONTINUIDADES........................................................ 01

1.1. QUALIDADE CONVENCIONAL.............................................................. 01

1.2. QUALIDADE PARA USO ESPECÍFICO................................................... 02

1.3. CRITÉRIO DE ACEITAÇÃO DE DESCONTINUIDADES ESPECÍFICO 05


PARA VASOS DE PRESSÃO EM OPERAÇÃO......................................
1.3.1. DESCONTINUIDADE DO TIPO TRINCA............................................. 05

1.3.2. INCLUSÃO DE ESCÓRIA...................................................................... 23

1.3.3. CORROSÃO POR PITTING................................................................... 23

1.3.4. ÁREA COM REDUÇÃO DE ESPESSURA............................................ 24

1.3.5. ÁREA COM EMPOLAMENTO.............................................................. 34

2. REPAROS .................................................................................................... 37

3. AVALIAÇÃO DE INTEGRIDADE............................................................... 53

PARTE 1

CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO


Autor:Nestor Ferreira de Carvalho
OBJETIVOS :

1. Revisão dos conceitos fundamentais de um vaso de pressão.

2. Nomenclatura de inspeção em vasos de pressão

3. Exigências do código ASME sobre materiais, revestimentos e juntas soldadas de um vaso de


pressão

PROGRAMA DA PARTE 1
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO
Autor:Nestor Ferreira de Carvalho
ASSUNTO PÁGINA

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 01

2. COMPONENTES.......................................................................................... 01

3. CLASSIFICAÇÃO........................................................................................ 11

4. SUPORTAÇÃO............................................................................................ 13

5. CÓDIGOS DE CONSTRUÇÃO.................................................................... 17

6. DEFINIÇÕES................................................................................................ 25

7. MATERIAIS................................................................................................. 38

8. REVESTIMENTOS...................................................................................... 44

9. JUNTAS SOLDADAS.................................................................................. 50

PARTE 2

CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO


Autor:Nestor Ferreira de Carvalho
OBJETIVOS :

1. Revisar os conceitos de inspeção de fabricação e dimensional.

2. Revisar os exames não destrutivos mais empregados na inspeção dos vasos de pressão

3. Conceituação e uso na inspeção de vasos de pressão os exames de Emissão Acústica e da Réplica


Metalográfica.

PROGRAMA DA PARTE 2

CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO


Autor:Nestor Ferreira de Carvalho
ASSUNTO PÁGINA

1. INSPEÇÃO DE FABRICAÇÃO................................................................... 01

2. INSPEÇÃO DIMENSIONAL DE FABRICAÇÃO........................................ 04

3. CRITÉRIOS DE ACEITAÇÃO DOS END’S CONVENCIONAIS............... 15

4. EMISSÃO ACÚSTICA.................................................................................. 20

5. RÉPLICA METALOGRÁFICA..................................................................... 25

PARTE 3

CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO


Autor:Nestor Ferreira de Carvalho
OBJETIVOS :

1. Revisão do conceito de tensões residuais.

2. Rever as principais variáveis e influências de um tratamento térmico.

3. Principais cuidados na execução de um tratamento térmico de campo.

PROGRAMA DA PARTE 3

CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO


Autor:Nestor Ferreira de Carvalho
ASSUNTO PÁGINA

1. TENSÕES RESIDUAIS................................................................................. 01

2. MÉTODOS DE REDUÇÃO DAS TENSÕES RESIDUAIS........................... 05

3. ALÍVIO DE TENSÕES COM TRATAMENTO TÉRMICO.......................... 08

PARTE 4

CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO


Autor:Nestor Ferreira de Carvalho
OBJETIVOS:

1. Revisar as principais propriedades mecânicas dos materiais.

2. Revisar o conceito do ensaio Charpy.

3. Conceito do valor do CTOD.

PROGRAMA DA PARTE 4

CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO


Autor:Nestor Ferreira de Carvalho
ASSUNTO PÁGINA

1. REVISÃO DOS ENSAIOS DE TRAÇÃO E IMPACTO............................... 01

2. ENSAIO PARA A DETERMINAÇÃO DO CTOD........................................ 14

PARTE 5

CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO


Autor:Nestor Ferreira de Carvalho
OBJETIVOS :

1. Revisar os conceitos básicos relativos a inspeção de manutenção em vasos de pressão.

2. Comentar as recomendações internacionais e normas nacionais referentes a inspeção em vasos de


pressão.

3. Comentar de maneira simplificada as principais causas de deterioração em vasos de pressão.

4. Verificar maneiras de definir o intervalo de inspeção em vasos de pressão.

5. Utilização do planejamento nos serviços de inspeção.

6. Principais teste que complementam a inspeção dos vasos de pressão.

7. Registros da inspeção.

PROGRAMA DA PARTE 5

CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO


Autor:Nestor Ferreira de Carvalho
ASSUNTO PÁGINA

1. INSPEÇÃO DE MANUTENÇÃO
1.1. HISTÓRICO............................................................................................ 01
1.2. MISSÃO.................................................................................................. 02
1.3. NOMENCLATURA................................................................................ 02
1.4. INSPEÇÃO EM CAMPANHA............................................................... 03
1.5. INSPEÇÃO EM PARADA...................................................................... 04
1.6. TEXTOS NACIONAIS REFERENTES A INSPEÇÃO EM VASOS DE 09
PRESSÃO.......................................................................................
1.7. SELEÇÃO DOS EXAMES NÃO DESTRUTIVOS NA INSPEÇÃO DE 12
VASOS DE PRESSÃO............................................................................
1.8. PRINCIPAIS CAUSAS DE DETERIORAÇÃO EM VASOS DE 17
PRESSÃO...............................................................................................
1.9. INTERVALOS DE INSPEÇÃO............................................................... 23
1.10. PLANEJAMENTO ................................................................................ 29

1.11. TESTES.................................................................................................. 34
1.12. REGISTROS DA INSPEÇÃO................................................................ 44

PARTE 6

CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO


Autor:Nestor Ferreira de Carvalho
OBJETIVOS :

1. Apresentar uma metodologia para análise de defeitos.

2. Revisar as exigências do código ASME sobre a execução de reparos.

3. Mostrar alternativas de reparos.

4. Conceituar a técnica de avaliação de integridade.

PROGRAMA DA PARTE 6

CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO


Autor:Nestor Ferreira de Carvalho
ASSUNTO PÁGINA

1. ANÁLISE DE DESCONTINUIDADES........................................................ 01

1.1. QUALIDADE CONVENCIONAL.............................................................. 01

1.2. QUALIDADE PARA USO ESPECÍFICO................................................... 02

1.3. CRITÉRIO DE ACEITAÇÃO DE DESCONTINUIDADES ESPECÍFICO 05


PARA VASOS DE PRESSÃO EM OPERAÇÃO......................................
1.3.1. DESCONTINUIDADE DO TIPO TRINCA............................................. 05

1.3.2. INCLUSÃO DE ESCÓRIA...................................................................... 23

1.3.3. CORROSÃO POR PITTING.................................................................... 23

1.3.4. ÁREA COM REDUÇÃO DE ESPESSURA............................................. 24

1.3.5. ÁREA COM EMPOLAMENTO.............................................................. 34

2. REPAROS .................................................................................................... 37

3. AVALIAÇÃO DE INTEGRIDADE............................................................... 53

CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO


Autor:Nestor Ferreira de Carvalho
1. INTRODUÇÃO
Entende-se como "Vaso de Pressão" todos os reservatórios, de qualquer tipo, dimensões ou
finalidades, não sujeitos a chama, que contenham qualquer fluido, projetado para resistir com
segurança uma pressão interna superior a 1 Kgf/cm 2 ou inferior à pressão atmosférica; ou
submetidos à pressão externa.

Em refinarias de petróleo, indústrias químicas e petroquímicas os vasos de pressão constituem um


conjunto importante de equipamentos que abrangem os mais variados usos. Nas refinarias de
petróleo, os vasos de pressão são utilizados, principalmente, para os seguintes motivos:

- ARMAZENAMENTO DE GÁS : por motivos econômicos, os gases são armazenados sob pressão
normalmente liquefeitos, para que se possa ter grande peso
armazenado num volume relativamente pequeno. Exemplo :
esferas de GLP.

- PROCESSAMENTO : inúmeros processos necessitam, para sua realização, de um ambiente


pressurizado. Exemplo: vasos em unidades de destilação, reforma,
craqueamento, geração de vapor, etc.

A construção de um vaso de pressão envolve uma série de cuidados especiais relacionados com o
seu projeto, fabricação, montagem, inspeção e testes. Pois a falhas de um vaso de pressão, quando
em operação, além de provocar perda de produto e parada de um processo, pode acarretar perda de
vidas. Assim, um vaso de pressão, normalmente é considerado um EQUIPAMENTO DE GRANDE
RISCO DE PERICULOSIDADE.

2. COMPONENTES
A Subcomissão de Inspeção de Equipamentos do Instituto Brasileiro de Petróleo em fevereiro de
1963 aprovou a Guia nº. 2 de Inspeção de Equipamentos que padronizou a Nomenclatura a ser
usada para equipamentos e acessórios nas refinarias de petróleo. A figura 1 mostra um resumo da
nomenclatura usada para os vasos de pressão.

Com o objetivo de melhor familiarizar o técnico de inspeção com os acessórios internos usualmente
encontrados nos vasos de pressão alguns ítens indicados na figura 1 serão melhor detalhados:

2.1. ALÇAPÃO (item 9.5 da figura 1)


Em torres de processo com diâmetro acima de 1 metro as bandejas são divididas em seções para
possibilitar sua entrada no equipamento, já que, em geral, as bocas de visita tem no máximo 915
milímetros de diâmetro.

1
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
LEGENDA :
1. CASCO 11. DEFLETOR
1.1. - Revestimento metálico interno 11.1. - Anel.
(clad ou lining ). 11.2. - Disco.
1.2. - Revestimento de proteção contra 11.3. - Saia.
fogo ( fire-proofing ). 11.4. - Prato perfurado.
2. TAMPOS OU CALOTAS 12. CHAPA DE DESGASTE
2.1. - Elipsoidal. 13. ANTIVÓRTICE
2.2. - Toroesférico.
2.3. - Hemisférico. 14. PORCAS,
ESTOJOS PARAFUSOS OU
2.4. - Cônico. 15. FILTRO
2.5. - Torocônico. 16. ENCHIMENTO
3. BOCAL OU CONEXÃO 17. SUSTENTAÇÃO DO ENCHIMENTO
3.1. - Pescoço. 18. TIRANTE
3.2. - Flange. 19. POTE OU BOTA
3.3. - Meia luva. 20. RETENTOR DE GOTÍCULAS
4. BOCA DE VISITA 21. BOCA DE INSPEÇÃO
5. VIGIA 22. GRADE
6. JUNTAS DE VEDAÇÃO 23. ANEL DE REFORÇO
7. BRAÇO DE CARGA. 24. ANEL DE SUSTENTAÇÃO DO
8. TUBOS INTERNOS ISOLAMENTO
8.1. - Retirada de produto. 25. ISOLAMENTO
8.2. - Distribuidor. 26. BERÇO
8.3. - Serpentina. 27. APOIOS
8.4. - Feixe tubular.
9. BANDEJA 27.1. - Saia cilíndrica.
27.2. - Saia cônica.
9.1. - Assoalho da bandeja. 27.3. - Colunas.
9.2. - Borbulhador de campânula. 27.4. - Boca de visita da saia.
9.2.1. - Suporte. 28. ANEL DE SUSTENTAÇÃO DE
9.2.2. - Cruzeta. ACESSÓRIOS
9.2.3. - Colarinho. 29. GRAMPO DE FIXAÇÃO
9.2.4. - Campânula. 29.1. - Grampo.
9.3. - Vertedor. 29.2. - Parafuso.
9.3.1. - Vertedor central. 29.3. - Arruela.
9.3.2. - Vertedor lateral. 29.4. - Porca.
9.4. - Caixa de retirada. 30. GRAMPO DE FIXAÇÃO
9.5. - Alçapão.
9.6. - Vigas de sustentação.
10. PANELA
10.1. - Fundo.
10.2. - Vedação.
10.3. - Chaminé.

FIGURA 1 - Nomenclatura adotada pela guia de Inspeção do I.B.P (LEGENDA).

2
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
23
30 27.3
27.1

8.2
24
27.4

16 CHAPA CANTONEIRA
17
22 27..2
11.1

18
CHAPA
11.2
10.3

25 15
10.2
29.2
8.1
9.2.4
29.4
10.1 9.2.2
29.3 9.3.2

9.3.1 9.2.3

9.2.1
29.1 9.2 3.3
9.1
20 1.1
28
3.1
11.3
14

12 11.4

19 8.3
26
3.2
2.4

FIGURA 1 - (Continuação) -Figura relativa a legenda da página anterior.

3
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
Para facilitar a inspeção e limpeza das torres durante uma parada operacional, bem como facilitar a
montagem e desmontagem, em todas as bandejas uma das seções é de fácil remoção, normalmente,
chamada de ALÇAPÃO ou boca de visita da bandeja. Esta seção é facilmente identificada pois seu
sistema de fixação é através de arruela ovais, enquanto nas demais seções da bandeja as arrula são
redondas. As arruelas ovais possibilitam a remoção do alçapão sem que seja necessário remover os
parafusos que prendem estas arruelas, reduzindo o serviço e evitando a queda e/ou perda de peças
durante a abertura das bandejas, antes da limpeza interna da torre. Por isso, usa-se a expressão abrir
e não remover alçapões ( figura 2 ).

Existem alguns casos em que os alçapões são fixados com feixes de abertura rápida, usado
principalmente em equipamentos onde as seções de bandejas são soldadas entre si.

ALÇAPÃO

ARRUELA OVAL

ARRUELA REDODNDA

FIGURA 2 - Fixação de alçapões.

2.2. BORBULHADORES DE CAMPÂNULA (item 9.2 da figura 1)


São assim chamados porque sua principal função é borbulhar gás em contra-fluxo numa lamina de
líquido formada sobre o assoalho da bandeja, cujo nível é determinado pela altura do colarinho do
borbulhador, que deve ser igual a altura da chapa de nível da bandeja, situada sobre o assoalho da
bandeja e próxima ao vertedor.

Os borbulhadores podem ter forma circular ou retangular, com uma das extremidades aberta e
dentada e a outra fechada. São instalados com a extremidade aberta voltada para o assoalho da
bandeja, como mostra a figura 3, onde também podem ser vistas as diversas maneiras de fixação
dos borbulhadores ao assoalho da bandeja, sendo os esquemas 3 e 8, os mais usados.

OBS. Muitos profissionais chamam os borbulhadores de campânula, simplesmente de


borbulhadores.

4
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
FIGURA 3 - Métodos de fixação dos borbulhadores de campânula.

2.3. BORBULHADORES TIPO VÁLVULA (item 31 da figura 1)


Os borbulhadores tipo válvula ou simplesmente válvulas, são assim chamados porque ao contrário
dos borbulhadores de campânula, regulam o fluxo do gás borbulhado através de um movimento de
sobe-desce, dentro de um curso pré-fixado pelas exigências do processo, como uma válvula de
controle.

Estas válvulas tem um formato de disco com um diâmetro de aproximadamente 5 cm e possuem


três pernas espaçadas de 120°, com um comprimento que pode variar de 3 a 10 mm,
aproximadamente. São mantidas junto ao assoalho da bandeja pela, deformação das pontas de suas
pernas, de maneira que sua movimentação seja possível, sem que se soltem do assoalho, com
mostra a figura 4.

2.4. ANEL DE SUSTENTAÇÃO DE ACESSÓRIOS INTERNOS (item 28 da


figura 1)
As bandejas e outros internos podem se unidos ao casco do vaso de duas maneiras : solda ou através
de grampos fixados a um anel de sustentação soldado ao casco.
2.4.1.União por Solda
Os internos cuja sua existência não impede o acesso ao interior do equipamento, não precisam ser
removidos para manutenção, não são descartáveis após um determinado período e são do mesmo
material do casco, costumam ser soldados diretamente ao casco. Todos os outro acessórios que não
satisfazem essas exigências, são fixados por grampos presos a um anel de sustentação, de material
similar ao casco, soldado a este.
5
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
2.4.2. União por Grampos (Item 29 da Figura 1)
A utilização de grampos que fazem a ligação do acessório interno com o casco do vaso, através do
anel de sustentação tem como principal vantagem a facilidade de remoção do acessório e evita a
necessidade de soldas dissimilares, quando estes são de material diferentes do casco. A figura 5
mostra detalhes dessa união.

As seções de bandejas tem que ser unidas de maneira a evitar desníveis no assoalho e/ou
vazamentos que possam comprometer o nível da bandeja. Essa união é feita com um rebaixo em
uma das seções da bandeja e uma união través de parafuso com porcas, como mostra o esquema da
figura 6.
As demais partes que formam uma bandeja, como : vertedores (item 9.3 da figura 1), chapas de
nível etc. são unidos ao casco da mesma maneira que as bandejas, apenas usando como peça
intermediária anéis de fixação na posição longitudinal ao casco,algumas vezes chamadas de
″orelhas″.

FIGURA 4 - Borbulhadores tipo válvula.

6
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
PAREDE DO VASO

ARRUELA PORCA SEXTAVADA

ARRUELA DE

MAT. ISOLANTE SECÇÃO DE BANDEJA

GRAMPO NO 20F

SOLDA PARAFUSO/GRAMPO

GUARNIÇÃO PARAFUSO
DE MAT.
ISOLANTE
ANEL DE
SUSTENTAÇÃO
DA BANDEJA

FIGURA 5 - União de acessórios internos ao casco.

PORCA SEXTAVADA

ARRUELA
ALÇAPÃO ESTOJO CHANFRADO

SECÇÃO DE BANDEJA

ARRUELA

PORCA SEXTAVADA

FIGURA 6 - União entre seções de bandeja.

7
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
2.5. VIGAS DE SUSTENTAÇÃO (item 9.6. da figura 1)
Em equipamentos de grandes diâmetros ( acima de 1,5 metros ) é usual a utilização de vigas de
sustentaçào para melhorar a suportação e a rigidez das seções de bandejas e outros internos. Essas
vigas são integrais e atravessam todo o diâmetro do vaso, sendo fixadas por parafuso e porcas, em
pequenas chapas soldadas ao casco, popularmente chamadas de ″orelhas″.

2.6. ENCHIMENTO (item 16 da figura 1)


Em algumas torres de processo usadas para a separaçao ou extração de líquidos ou gases, as
bandejas sao substiuídas por enchimento. Enchimentos, são pequenas peças na forma cilíndrica,
esférica ou de sela cuja finalidade é aumentar o rendimento do processo. Essas pequenas peças
recebem nomes variados em funçào de sua forma e detalhes construtivos,com mostra a figura 7 e
são colocadas no interior do equipamento de maneira aleatória num espaço pré-determinado, como
mostra a figura 8.

ANÉIS RASCHING ANÉIS PALL SELAS

ESFERAS
ANÉIS LESSING

FIGURA 7 - Constituintes de um enchimento.

Outro
mesmatipo de enchimento,
do descrito mais moderno,
anteriormente. A figura 9émostra
o chamado de leitodeestruturado,
a instalação cuja finalidade
um leito estruturado éa
no interior
de uma torre de processo. Normalmente, as placas que formam o leito são de material plástico
resistente ao meio, o principal limite deste tipo de interno é a temperatura de projeto do vaso.

8
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
VISTA INTERNA
DO VASO

GRADE DE
SUPORTAÇÃO
ANEL PALL
(PALL RING)

DISTRIBUIÇÃO
ALEATÓRIA

FIGURA 8 - Leito recheado com anéis de pall.

TELHAS ARRUMADAS DE MANEIRA A


POSSIBILITAR AO PRODUTO VÁRIOS
CAMINHOS DIFERENTES

FIGURA 9 - Leito estruturado.

2.7. RETENTORES DE GOTÍCULAS ( item 20 da figura 1 )


9
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
Retentores de gotículas podem ser usados tanto para reter gotículas como partículas sólidas. Os
retentores de gotículas são usados para evitar o arraste de líquido em correntes de vapores. Os
vapores em movimento no interior de um vaso arrastam gotículas que ao passarem pelo retentor
ficam retidas nas suas malhas. As gotículas acumuladas formam gotas que caem novamente sobre o
nível líquido do vaso. Assim, os vapores saem secos evitando problemas futuros (figura 10).

Os retentores são fabricados com fios de arame formando malhas com dimensões controladas e
adequadas as exigências do processo. A exemplo das bandejas, os retentores também são divididos
em seções, conpactadas e montadas entre grades ligadas por arames, o que facilita seu manuseio,
montagem, aumento ou redução do número de camadas do retentor e permitem a sua instalação no
interior dos vasos. Os materiais mais usados na fabricação dos fios, que constituem o retentor e
parte estrutural, são : aço carbono ou inoxidável austenítico para a parte estrutural e aço inoxidável,
monel ou plástico para os fios que compoem a malha do retentor.

SAÍDA DE GÁS

DEMISTER RETENTOR
DE
ENTRADA GOTÍCULAS
DE
PRODUTO

FASE
LÍ UIDA

DRENAGEM

FIGURA 10 - Retentores de gotículas.

Os retentores de partículas são usados para reter as partículas sólidas contidas na corrente de gases
e são fabricados da mesma maneira que os retentores de gotículas. O material particulado retido na
malha será removido apenas nas paradas operacionais, quando o conjunto deve ser removido para
limpeza e manutenção.

Quando a espessura da malha do retentor estiver inferior ao projetado ou parte dela estiver
danificada podem ser adicionadas mais camadas ou substituídas as danificadas, sem a necessidade
10
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
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de mexer nas demais camadas, desde que o fio usado na malha esteja em boas condições físicas. A
falta de limpeza desses retentores pode limitar a saída de produto do vaso.

Os retentores de gotículas ou partículas sólidas são popularmente chamados de ″DEMISTER″.

3. CLASSIFICAÇÃO
Nos vasos de pressão podemos distinguir três dimensões, como sendo necessárias em todos os
vasos : diâmetro interno (DI), diâmetro externo (DE) e comprimento entre tangentes (CET).

O Comprimento entre tangentes (CET), representa o comprimento total entre as linhas de tangência,
traçadas entre o corpo e as calotas de um vaso de pressão.

Baseando-se na posição em que essas três dimensões estão em relação ao solo, podemos classificar
os vasos de pressão como mostrado a tabela 1.

CLASSIFICAÇÃ TIPO DE POSIÇÃO DE DI E DE POSIÇÃO DE CET EM


O DO VASO CASCO EM RELAÇÃO AO RELAÇÀO AO SOLO
(figura 11) SOLO
CILÍNDRICO CILÍNDRICO PARALELOS PERPENDICULAR
VERTICAL
CILÍNDRICO CILÍNDRICO INCLINADOS INCLINADA
INCLINADO
CILÍNDRICO CILÍNDRICO PERPENDICULARES PARALELA
HORIZONTAL
ESFÉRICO ESFÉRICO INDEFINIDA INDEFINIDA

TABELA 1 - Classificaçào dos vasos de pressão.

A partir dessa classificação, podem ser definidos outros tipos de vasos, mudando-se algum dos
componentes do vaso. Por exemplo: mudando-se as calotas de um vaso cilíndrico vertical, para
calotas cônicas, teremos um vaso cilíndrico cônico, etc.

11
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DE
CET
DE DI DI

CILÍNDRICO HORIZONTAL

CILÍNDRICO VERTICAL

DE
DI CET

DE
DI

ESFÉRICO

CILÍNDRICO INCLINADO

FIGURA 11 - Classificação dos vasos de pressão.

12
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4. SUPORTAÇÃO
4.1. INTRODUÇÃO
Todos os vasos de presào devem ter suporte próprio não se admitindo, mesmo para vasos leves ou
de pequenas dimensões, que fiquem suportados pelas tubulações a ele ligadas.

O apêndice G, da divisão 1, seção VIII, do código ASME, considerando que um vaso suportado na
posição vertical ou horizontal terá cargas concentradas impostas ao casco, nas regiões de apoio, faz
uma série de recomendações práticas a serem adotadas no projeto de suporte e ligações de um vaso
de pressão. Dentre essas recomentdações merecem destaque as descritas a seguir :

*Todos os suportes devem ser projetadas de forma a evitar tensões excessivas localizadas
*Deve ser evitado grandes concentrações de tensões, nas proximidades de mudanças de
formato, de nervuras de reforço e próximo as uniões soldadas ;
*Quando uma saia cilíndrica for fixada no casco por uma solda de ângulo, situada acima da
lnha de tangência do tampo, a tensão localizada de flexão é similar à de uma junta
sobreposta circunferêncial, podendo ser considerada satisfatória ;
*Quando a saia for fixada abaixo da linha de tangência do tampo, são introduzidas tensões
localizadas e pode ser necessário um aumento na espessura da parede do vaso ;
*Os vasos horizontais podem ser suportados por selas ou suportes equivalentes, excetuados
os excessivamente pequenos, o apoio proporcionado pelas selas deve estender-se no
mínimo, sobre 1/3 da circunferência do casco do vaso.
*A quantidade de supores, para vasos horizontais, deve ser a menor possível,
preferencialmente dois, no comprimento do vaso.

4.2. SUPORTES PARA VASOS HORIZONTAIS


Normalmente os vasos de pressão horizontais são suportados por dois berços, distribuindo-se
igualmente o peso do vaso e do seu conteúdo.

Teoricamente, considerando-se o vaso como uma viga com os extremos em balanço, os berços
deveriam ser localizados de tal forma a obter um momento fletor no meio do vão igual aos
momentos fletores nos pontos de apoio, como mostra a figura 12.

Este problema foi estudado por ZICK que, levando em consideração o efeito enrrigecedor dos
tampos sobre a parte cilíndrica, construiu um ábaco permitindo localizar adequadamente os
suportes de um vaso de pressão horizontal.

A figura 13 mostra desenhos dos suportes de vasos de pressão horizontais mais usados na indústria.

13
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FIGURA 12 - Momento fletor atuante devio aos apoios de um vaso de pressão horizontal.

CHAPA DE REFORÇO

120o

ESTRUTURA SOLDA
DE CHAPAS

CHUMBADORES C/ FUROS
OVALADOS P/ DILATAÇÃO REFORÇO

CHUMBADORES C/ FUROS
REDONDOS.

SUPORTE TIPO BERÇO

PARAFUSOS

CHUMBADORES CHUMBADORES C/
REFORÇO
C/ FUROS FUROS OVALADOS P/
REDONDOS. DILATAÇÃO

VASOS HORIZONTAIS SUPERPOSTOS

FIGURA 13 - Suportação para vasos horizontais.

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4.3. SUPORTES PARA VASOS VERTICAIS
Os vasos verticais podem ser suportados por meio de saias cilíndricas ou cônicas, colunas ou
sapatas (lugs). Sempre que possível, devem ser usadas colunas.

Conforme a Norma Petrobrás, a seleção do tipo de suporte de vasos verticais deve ser feita de
acordo com a figura 14, a não ser que outras exigências sejam aplicáveis.

De maneira geral, as torres são suportadas por meio de saias, sendo que a espessura mínima das
saias é 6,3 mm.

CET (mm )
SAIA DE
SUPORTAÇÀO
6.000

2.000 COLUNAS DE
SUPORTAÇÀO

300 2.000 3.000 DIÂMETRO ( mm)

FIGURA 14 - Seleção do tipo de suporte mais adequado para vasos verticais.

OBS. Deve ser prevista a soldagem ao vaso de uma chapa de material igual ao do vaso,
antes da soldagem de qualquer acessório externo nos seguintes casos:

a) Vasos de aço liga, aço inoxidável e metais não ferrosos;


b) Vasos de materiais para baixa temperatura (menor que 15º C);
c) Vasos de aço de baixa liga, com number "P" diferente do material do acessório.

A figura 15 mostra os suportes para vasos verticais mais usados na indústria.

15
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saia
cônica
saia cilíndrica

VASO COM SAIA CÔNICA


VASO COM SAIA CILÍNDRICA

sapatas
saia intermediária

VASO SUPORTADO EM SAPATAS

saia inferior

VASOS SUPERPOSTO
colunas de
sustentação

VASO SOBRE COLUNAS

FIGURA 15 - Suportação para vasos verticais.

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5. CÓDIGOS DE CONSTRUÇÃO
As normas e códigos de projeto foram estabelecidas não só com a finalidade de padronizar e
simplificar o cálculo e projeto dos vasos de pressão, mas principalmente para garantir condições
mínimas de segurança para a sua operação.

A prática tem comprovado que a observância dessas normas torna muito baixa a probabilidade de
ocorrência de acidentes graves. Por essa razão, embora muitas vezes não sejam de uso legal
obrigatório, nem eximam de qualquer responsabilidade o projetista, são em geral adotadas como
requisito mínimo de segurança por quase todos os projetistas e usuários dos vasos de pressão.

Um código ou norma de projeto representa um conjunto coerente de premissas que são


características do documento, relacionando critérios de cálculo, coeficientes de segurança,
padronização e especificação de materiais, detalhes de fabricação e inspeção, extensão mínima dos
exames nao destrutivos e critérios de aceitação a serem adotados para os materiais e juntas
soldadas. Esses ítens não devem ser desvinculados, ou seja, não se deve aplicar apenas parte do
documento, mas sim o documento como um todo.

Podemos dividir os códigos de projeto de vasos de pressão em dois grandes grupos a partir da
filosofia de projeto neles implícita.

A grande maioria dos códigos de projetos estabelece ou limita as tensões de membranas nas
diversas partes de um vaso de pressão a uma fração arbitrária do limite de resistência ou
escoamento do material em que o vaso foi fabricado e incluem regras, baseadas na experiência
adquirida ao longo dos anos, para o dimensionamento de componentes especiais como tampos e
bocais. Este é o projeto tradicional ou convencional dos vasos de pressão, bastante utilizado.

Seguem esta filosofia, o A.D.Merkblatt; SNCT; ASME VIII Divisão 1 e a B.S.5500 (Projeto
Simplificado).
O outro grupo, mais recentemente desenvolvido, tem por filosofia a adoção de maiores tensões de
projeto, associadas a uma rigorosa e criteriosa análise de tensões dos equipamentos. O projeto
conforme esta filosofia desenvolveu-se bastante com a indústria nuclear e com a introdução de
técnicas computacionais que passaram a facilitar a análise de tensões em descontinuidades, bocais,
etc. Seguem esta linha de projeto o ASME VIII Divisão 2 e a B.S.5500 (Projeto baseado em análise
de tensões).
Os principais códigos relacionados com o projeto, fabricação, montagem, testes e inspeção de vasos
de pressão são os seguintes:

5.1. CÓDIGO INGLÊS

Elaborado pela British


Vessels, aborda Standards
aspectos relativosInstitution,
a materiais,o código
projeto,B.S.5500,
fabricação,Unfired Fusion
inspeção Welded
e testes Pressure
dos vasos de
pressão. Inclui vários apêndices, entre os quais destacamos os seguintes:

- APÊNDICE A: trata do critério para análise de tensões para equipamentos ou condições de


projeto que não puderem ser enquadrados nas fórmulas mais simplificadas
de cálculo. É bastante similiar ao Apêndice 4 do Código ASME, Seção
VIII, Divisão 2.

17
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
- APÊNDICE B: Considera o efeito combinado de pressão e outros carregamentos, como
peso e vento.

- APÊNDICE C: Trata da análise de fadiga.

- APÊNDICE G: Trata das tensões causadas por cargas localizadas (Reações de apoio e
esforços provenientes de dilatação de tubulações).

5.2. CÓDIGO ALEMÃO


Elaborado pela Associação dos Construtores de Vasos de Pressão, este código alemão é constituído
das seguintes seções:

Série G - Parte Geral

Série A - Acessórios

Série B - Projeto

Série H - Soldagem

Série W - Materiais

5.3. CÓDIGO FRANCÊS


A norma francesa foi elaborada pelo Sindica National de la Chandronnerie, Tôlerie e Tuyanterie
Industrialle (SNCTTI). A que está relacionada com vasos de pressão é a SNCTTI n ° 1.

5.4. CÓDIGO INTERNACIONAL


Elaborada sob responsabilidade da "International Standard Organization", pelo Techincal
Committee n° 11 (TC-11), a norma DIS 2694 é baseada nas normas européias. Esta norma destina-
se a ser adotada em todos os países membros da ISO, mas até hoje não tem tido grande aplicação.

5.5. CÓDIGO BRASILEIRO


A norma brasileira foi elaborada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A norma
relacionada com vasos de pressão é a NB-109.

5.6. CÓDIGO AMERICANO


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Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
A American Society of Mechanical Engineers é um comitê organizado em 1911 com a finalidade de
padronizar regras para a construção de caldeiras a vapor e outros vasos de pressão. Este comitê
atualmente é chamado de Boiler and Pressure Vessel Cominittee.

Hoje a função desse comitê é estabelecer regras para que os métodos de projetos, fabricação,
montagem, inspeção e testes utilizados possam oferecer condições operacionais mais seguras e com
menor taxa de deterioração.

O código ASME, pode ser considerado um código dinâmico, pois o comitê de Vasos de Pressão e
Caldeiras reune-se regularmente para discutir propostas adicionais e executar as revisões que se
fizerem necessárias.

Este código é dividido em várias seções:

Seção I -Caldeiras

Seção II -Especificação de Materiais

Seção III -Vasos Nucleares (Div. 1 e 2)

Seção IV -Caldeiras para Aquecimento

Seção V -Ensaios Não-Destrutivos

Seção VI - Aquecimento
Recomendação quanto a segurança e Operação de Caldeiras para

Seção VII -Recomendações quanto a segurança e Operação de caldeiras

Seção VIII -VASOS DE PRESSÃO

DIVISÃO 1 -PROJETO PADRÃO

DIVISÃO 2 -PROJETO ALTERNATIVO

Seção IX - Qualificação de Soldadores, Operadores de Solda e de Diversos Processos de Soldagem.

Seção X - Vasos de Pressão em Plástico Reforçado com Fibra de Vidro.

Seção XI -Recomendações para a Inspeção em Serviço de Reatores Nucleares.

5.6.1. Limitações do Código ASME-Seção VIII


Os seguintes tipos de vasos de pressão não se encontram no escopo do ASME-Seção VIII-Divisão 1
e Divisão 2:

- Os cobertos por outras seções do ASME;


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CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
- Aquecedores flamo-tubulares;
- Recipientes pressurizados que componham, em parte ou no todo, equipamentos roativos ou
alternativos;
- Componentes de tubulação, como tubos, flanges, parafusos, juntas, válvulas, etc.
- Vasos para armazenamento de água com pressão de projeto menor do que 300 psig (21,0
Kgf/cm2) ou temperatura de projeto menor do que 210 F (99º C);
- Vasos para armazenamento de água, aquecida por vapor ou outro meio indireto, quando nenhuma
das seguintes limitações for excedida: a) aquecimento de 200.000 BTU/hora
b) temperatura de 210ºF (99º C);
c) capacidade de 120 gal. (454 litros);
- Vasos com uma pressão de operação interna ou externa menor que 15 psi;
- Vasos com o diâmetro interno, largura, altura ou diagonal da seção transversal inferior a 6".

Os limites físicos de projeto, seja na Divisão 1 ou Divisão 2, são:

a) Quando uma tubulação é ligada externamente ao vaso :

- Primeira junta circunferencial de uma ligação soldada;


- Primeira rosca de uma união roscada.;
- Face do primeiro flange de uma ligação flangeada.

b) Quando partes não pressurizadas são soldadas diretamente ao equipamento o limite é a junta
soldas de ligação desta parte não pressurizada ao vaso.

5.6.2. Divisão 1 - Seção VIII - Código ASME


É o PROJETO CONVENCIONAL de um vaso de pressão. A filosofia de projeto da divisão 1 está
bem explícita no parágrafo UG-23 (c), do código, onde se lê: A espessura de parede de um vaso
de pressão, dimensionado de acordo com as regras estabelecidas nesta divisão, deve ser tal que :
a tensão máxima primária geral de membrana, resultante dos carregamentos a que esteja sujeito
o equipamento, durante sua operação normal, não exceda os limites de tensão admissível do
material do vaso e que, excetuando-se alguns casos especiais, os carregamentos aos quais o vaso
esteja sujeito, não provoquem uma tensão primária de membrana, mais flexão, superior a 1,5 a
tensão máxima admissível do material do vaso”.

A DIVISÃO 1 do código ASME está dividida da seguinte forma:

- Sub-seções (A, B e C);


- Apêndices Obrigatórios;
- Apêndices Não-Obrigatórios.

A tabela 2 mostra de maneira resumida o conteúdo de cada uma dessas sub-seções e quando utilizá-
las.

5.6.3. Divisão 2 - Seção VIII - Código ASME


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CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
É um PROJETO ALTERNATIVO para os vasos de pressão.

Na Divisão 2, as regras são mais restritivas quanto ao material a ser utilizado. Por isso, permite-se:
a utilização de maiores valores de intensificação de tensões de projeto, na faixa de temperaturas em
que estes são limitados pelo limite de resistência ou escoamento; a utilização de procedimentos de
cálculo mais detalhados e precisos, tornando possível uma redução no coeficiente de segurança.
Além disso, para assegurar melhora na qualidade os processos de fabricação são restringidos,
reduzindo os pontos de concentração de tensões; são adotadas maiores exigências na qualificação
dos procedimentos de soldagem, aumentando a eficiência da junta soldada; e maior extensão de
inspeção, reduzindo a quantidade de defeitos internos.

SUB-SEÇÃO PARTE REQUISITOS APLICAÇÃO


A UG GERAIS TODOS OS VASOS
UW SOLDAGEM VASOS COM PARTES SOLDADAS
B UR REBITAMENTO VASOS COM PARTES REBITADAS
UF FORJAMENTO VASOS COM PARTES FORFADAS
UB BRAZAGEM VASOS COM UNIDAS POR
BRAZAGEM
UCS AÇO CARBONO E VASOS COM PARTES EM AÇO
BAIXA LIGA CARBONO OU BAIXA LIGA
UNF METAIS NÃO VASOS COM PARTES EM METAIS
FERROSOS NÃO FERROSOS
UHA AÇO ALTA LIGA VASOS COM PARTES EM AÇO DE
ALTA LIGA
C UCI FERRO FUNDIDO VASOS COM PARTES EM FERRO
UCL REVESTIMENTOS FUNDIDO
VASOS COM PARTES REVESTIDAS
UCD FERROS FUNDIDOS ( CLAD OU LINING )
MALEÁVEIS VASOS COM PARTES EM FERRO
UHT AÇO DE ALTA FUNDIDO MALEÁVEL
RESISTÊNCIA VASOS COM PARTES EM AÇO DE
ALTA RESISTÊNCIA
OBS. Para qualquer vaso sempre será necessária consultar uma parte de cada uma das
sub-seções A,B e C, dependendo das características de fabricação.
TABELA 2 - Consulta ao código ASME

A filosofia de projeto da Divisão 2 estabele regras específicas para o caso do projeto de vasos mais
comuns, assim como a Divisão 1. Quando isto ocorre uma completa análise de tensões é necessária
e pode ser feita de acordo com os procedimentos estabelecidos nos seguintes apêndices:

- Apêndice 4: Projeto Baseado em Análise de Tensões


- Apêndice 5: Projeto Baseado em Análise de Fadiga
- Apêndice 6: Análise Experimental de Tensões

OBS. Na Divisão 2 não há limites para a pressão de projeto do vaso

A DIVISÃO 2 está dividida da seguinte forma:


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CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
- Parte AG-Requisitos Gerais
- Parte AM -Materiais
- Parte AD -Projeto
- Parte AF-Fabricação
- Parte AR-Dispositivos de Alívio de Pressão
- Parte AI-Inspeção e Radiografias
- Parte AT-Testes
- Parte AS-Marcação e Relatórios
- Apêndices Obrigatórios
- Apêndices Não Obrigatórios

5.6.4. Comparação entre as Divisões 1 e 2 da Seção VIII do Código ASME


As PRINCIPAIS diferenças entre as duas divisões do código ASME, são as seguintes:

a) Espessura mínima de parede

- A divisão 1 utiliza fórmulas de cálculo simplificadas.


- A divisão 2 exige uma análise de todas as tensões atuantes em cada parte do vaso.(apêndice 4).

b) Critério de resistência mecânica

- A divisão 1 usa como critério a maior tensão normal devido a Lamé ou a Rankine: “A maior
tensão de tração e a maior tensão de compressão não devem ultrapassar as tensões limites
obtidas respectivamente nos ensaios de tração e compressão convencionais.”
- A divisão 2 usa como critério a maior tensão de cisalhamento devido a Saint-Venant e a
Tresca: “A maior tensão de cisalhamento não deve ultrapassar a metade da tensão limite de
tração, determinada no ensaio de tração convencional.”

c) Análise de Fadiga

- A divisão 2 considera a possibilidade de falha por fadiga e dá regras para esta análise.( apêndice
5)

d) Escolha de materiais

- A divisão 2 faz exigências adicionais para a certificação do material a ser utilizado na


fabricação do equipamento. (parte AM)
Exemplo: Maior número de corpos de prova nos exames destrutivos exigidos ou maior
quantidade de exames näo destrutivos (requisitos adicionais AM-2 a AM-5).
- admissíveis
A divisão 2 mais
é mais restrita na escolha de materiais, porém permite que sejam atingidas tensões
elevadas.

e) Processo de fabricação

- A divisão 2 exige requisitos adicionais referentes a procedimentos de soldagem, tratamento


térmico, etc (artigos AF-1 a AF-8).

f) Inspeção e testes
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CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
- Embora os critérios de aceitação sejam os mesmos para as duas divisões, a divisão 2 não aceita
as limitações de abrangência de exames não destrutivos permitidas na divisão 1.
Exemplo: A divisão 2 não admite radriografia parcial (spot) em juntas soldadas.

g) Geral

- A divisão 2 não limita a pressão máxima de operação, enquanto a divisão 1 à limita em


3.000psi (212 Kgf/cm2).

5.7. NORMA PETROBRÁS


A Petrobrás possui uma Comissão de Normas Técnicas (CONTEC), que subdividida em
subcomissões tem elaborado Normas a serem seguidas no projeto, fabricação, montagem, inspeção,
testes e transporte dos equipamentos para suas instalações.

A exemplo de outros códigos, as Normas Petrobrás estão divididas por tipos de serviço,
especialização e equipamentos, sendo elaborados por subcomissões diferentes.

De uma maneira geral, na subcomissão 02 - Caldeiraria, estão as Normas Petrobrás de maior


aplicação no projeto, fabricação, montagem, testes e transporte dos vasos de pressão. Entretanto,
para a inspeção, além das Normas da subcomisão 02 devem ser usados também as Normas da
subcomissão 27, exames não destrutivos.

Em geral, nas refinarias da Petrobrás, os vasos de pressão construídos antes de 1967 utilizaram as
exigências
junto com odocódigo
código ASME. Entretanto, atualmente, é comum a utilização das Normas Petrobrás
ASME.

A Norma Petrobrás recomenda que o projeto de todos os vasos de pressão sejam feitos de acordo
com a última edição, da seção VIII, divisão 1, do código ASME. Entretanto, admite-se o projeto
executado de acordo com outros códigos, quando aprovado pela Petrobrás.

A utilização da divisão 2, da seção VIII, do código ASME é admitida em um dos casos descritos à
seguir:
1 - Quando a espessura da parede do vaso exceder a 50 mm.
2 - Nos vasos projetados para pressões superiores a 212 Kgf/cm2 .
3 - Nos casos de construção ou projeto especiais, no entender da Petrobrás.

A tabela 3, mostra um fluxograma simplificado de utilização das Normas Petrobrás no projeto,


fabricação e montagem dos vasos de pressão.

CONSIDERAÇÕES GERAIS: Conforme a Norma Petrobrás, quando houver divergências entre


esta e outros documentos, deve ser observada a seguinte ordem de preferência:

a) Desenhos básicos do vaso, folha de dados, ou outro documento específico para o vaso;
b) As Normas Petrobrás;
c) Outros códigos referidos nas Normas Petrobrás.

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CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
TIPO DE EQUIPAMENTO ASSUNTO NORMA A
CONSULTAR
CONDIÇÕES DE OPERAÇÀO, N-254
PROJETO E TESTES

ACESSÓRIOS INTERNOS N-253 e N-2049

ACESSÓRIOS EXTERNOS N-253 e N-2054

VASOS DE PRESSÃO BOCAIS N-253 e N-2012


EM GERAL SUPORTES PARA VASO N-253 e N-2013
HORIZONTAL

SUPORTES PARA VASO VERTICAL N-253 e N-2014

REQUISITOS DE FABRICAÇÃO N-253 e N-268

REQUISITOS DE MONTAGEM N-253 e N-269

ESFERAS DE GÁS ESPECÍFICOS N-1281

PERMUTADORES ESPECÍFICOS N-466

VASOS REVESTIDOS COM ESPECÍFICOS N-1707


AÇO INOXIDÁVEL

VASOS PARA SERVIÇOS A ESPECÍFICOS N-1552


BAIXA TEMPERATURA

VASOS PARA SERVIÇO ESPECÍFICOS N-1704


COM HIDROGÊNIO

VASOS PARA SEVIÇO ESPECÍFICOS N-1705


COM SODA

VASOS SUJEITOS A CST. ESPECÍFICOS N-1706

TABELA 3 - Aplicação das normas Petrobrás para vasos de pressão.

6. DEFINIÇÕES
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CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
O apêndice 3, do código ASME na seção relativa a vasos de pressão apresenta os termos
relacionados com os vasos de pressão. A seguir estão descritos os termos mais usuais:

6.1. PRESSÃO DE OPERAÇÃO


É a pressão no TOPO de um vaso de pressão em posição normal de operação, correspondente a uma
determinada temperatura de operação. Ela não deve exceder a PMTA do vaso, sendo mantida
abaixo da pressão de ajuste dos dispositivos de alívio de pressão do vaso.

6.2. TEMPERATURA DE OPERAÇÃO OU DE TRABALHO


É a temperatura da parede do vaso quando sujeito à pressão de operação.
OBS. Quando num equipamento existirem zonas com diferentes temperaturas de operação,
podemos estabelecer condições de projeto distintas para cada uma dessas zonas.

6.3. PRESSÃO DE PROJETO


É a pressão que será utilizada no dimensionamento do vaso, devendo ser considerada como atuando
no TOPO do equipamento.
O Código ASME, Seção VIII, estabelece que a pressão de projeto deverá ser determinada
considerando-se as condições de pressão e temperatura mais severas que possam ocorrer em serviço
normal.

De acordo com os procedimentos adotados pela PETROBRÁS, a pressão de projeto de um


equipamento, associada a uma temperatura de projeto, será o maior dos seguintes valores:
1
-- 1,1.PMO
PMO ou PMOquando for utilizada
+ 0,36 válvula for
Kgf/cm2 quando de alívio de pressão
utilizada convencional
válvula de ou balanceada;
segurança operada por piloto;
- 1,5 kgf/cm2.
OBS.Quando aplicável, a altura estática do líquido armazenado deve ser adicionada à pressão de
projeto para dimensionar-se qualquer parte do vaso submetida a esta coluna de líquido.

6.4. TEMPERATURA DE PROJETO


É a temperatura da parede do vaso correspondente a pressão de projeto. O Código ASME
estabelece que esta temperatura não deverá ser menor que a temperatura média da superfície
metálica nas condições normais de operação.
Com a finalidade de padronizar seus equipamentos a norma Petrobrás adota o seguinte critério, para
estabelecer a temperatura de projeto de um vaso de pressão:
- Vasos operando entre 15º C e 400º C: TMO 2 + 30ºC
- Vasos operando acima de 400º C: TMO
- Vasos operando abaixo de 15º C: TMinO 3
OBS.: Vasos com possibilidade de operação em condições distintas de operação devem ter
inicialmente suas condições de projeto estabelecidas para cada condição de operação, de
acordo com os parâmetros estipulados pela PETROBRÁS. Posteriormente, será adotada à

1
PMO = pressão máxima de operação.
2
TMO = temperatura máxima de operaçào.
3
TMinO = temperatura mínima de operaçào.
25
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
condição mais crítica de projeto, a partir das relações entre a pressão de projeto e tensão
admissível na temperatura de projeto.

6.5. PRESSÃO MÁXIMA ADMISSÍVEL DE TRABALHO


É a pressão máxima, no TOPO do vaso, em posição de operação normal, que acarreta no componente
mais solicitado do equipamento, uma tensão igual a tensão admissível do material, na temperatura
considerada, corrigida pelo valor da eficiência de junta adotada no projeto do equipamento.

A pressão máxima admissível de trabalho é calculada para a temperatura de projeto com o vaso na
condição corroída. Para determiná-la devemos considerar a pressão máxima que poderá atuar em cada
componente do vaso, devendo ser levado em conta no cálculo a tensão decorrente da coluna de líquido
atuante no vaso na condição de operação. As espessuras decorrentes das tolerâncias de fornecimento
das chapas e sua conformação, devem ser descontadas.

A PMTA é a base para a determinação da pressão de ajuste dos dispositivos de alívio de pressão que
protegem o vaso. A pressão de projeto pode ser utilizada em lugar da PMTA, quando esta não for
calculada.

6.6. PRESSÃO DE AJUSTE DO DISPOSITIVO DE ALÍVIO DE PRESSÃO


O código ASME Seção VIII, Divisão 1 aborda os requisitos para dispositivos de alívio de pressão, em
sua parte UG, parágrafos UG-125 a UG-136 e no apêndice 11.

Num vaso de pressão instalamos dispositivos de alívio de pressão para proteção contra condições
anormais de operação e contra a excesso de pressão provocado por fogo.

Para condições anormais de operação, o dispositivo de alívio de pressão, quando 1 (um) só dispositivo
é utilizado, deve ter sua pressão de ajuste não superior a pressão máxima admissível de trabalho do
equipamento.

6.7. TENSÕES ADMISSÍVEIS


Tensões admissíveis de um determinado material são as tensões utilizadas para o dimensionamento
dos diversos componentes de um vaso de pressão.

As tensões admissíveis estão relacionadas com a tensão de escoamento ou de ruptura.

Denomina-se coeficiente de segurança (C.S.) à relação entre as tensões de escoamento ou ruptura e a


admissível (Sadm) de um determinado material.

C.S. = ( Sesc ou Srupt ) / Sadm

Inúmeros säo os fatores que afetam a fixação dos valores das tensões admissíveis de um código. Entre
os principais citaremos:
26
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- TIPO DE MATERIAL: Para os materiais frágeis adota-se um coeficiente de segurança maior do que
o adotado para os materiais dúteis.
- CRITÉRIO DE CÁLCULO: Uma tensão admissível só deverá ser aplicada em combinação com o
critério de cálculo para o qual foi estabelecida. Cálculos grosseiros e
grandes aproximações exigem a adoção de elevados coeficientes de
segurança.
- TIPO DE CARREGAMENTO: A consideração de esforços cíclicos e alternados, choques e
vibrações exige uma redução sensível no valor da tensão
admissível determinada para esforços estáticos.
- TEMPERATURA: A resistência mecânica de um material diminui com o aumento da temperatura e
consequentemente, a tensão admissível também diminuirá.
- DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES: Defeitos de fabricação como ovalização, decorrente da
calandragem incorreta de chapas; redução da espessura dos
tampos em consequência de sua prensagem ou martelamento;
desalinhamento de solda, etc., resultam numa distribuição real de
tensões diferente da teórica.
- SEGURANÇA: Equipamentos de grande periculosidade, envolvendo sério risco humano e material,
exigem elevados coeficientes de segurança.
O critério de projeto adotado pelo código ASME seção VIII divisão 1, estabelece como tensão
admissível, para chapas de materiais ferrosos, o MENOR VALOR entre os especificados na tabela 4,
em função da temperatura de projeto.

TEMPERATURA TENSÃO ADMISSÍVEL MOTIVOS DA


DE PROJETO ( o menor valor entre ) LIMITAÇÃO
( C)
- imprecisões no
- 1/4 DA TENSÃO DE RUPTURA. levantamento das
ABAIXO OU cargas atuantes.
IGUAL A 370 - 2/3 DO LIMITE DE ESCOAMENTO. - heterogeneidades das
propriedades
mecânicas dos
materiais.
- 100% DA TENSÃO QUE PROVOCA
UMA DEFORMAÇÃO DE 1% APÓS 100
HORAS NA TEMPERATURA DE redução da resistência
PROJETO. mecânica dos materiais
ACIMA DE 37O - 67% DA TENSÃO MÉDIA DE RUPTURA devido ao fenômeno da
NA TEMPERATURA DE PROJETO. fluência.
- 80% DA MENOR TENSÃO DE
RUPTURA APÓS 100.000 HORAS NA
TEMPERATURA DE PROJETO.

TABELA 4 - Critérios de projeto do ASME seção VIII divisão 1

27
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Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
Para a divisão 2 o critério de projeto adotado é um pouco menos conservativo e estabelece como
tensão admissível, para chapas de materiais ferrosos, o MENOR VALOR entre os especificados na
tabela 5, em função da temperatura de projeto.

TEMPERATURA TENSÃO ADMISSÍVEL MOTIVOS DA


DE PROJETO ( o menor valor entre ) LIMITAÇÃO
( C)
- imprecisões no
- 1/3 DA TENSÃO DE RUPTURA. levantamento das
ABAIXO
IGUAL A OU
370 - 2/3 DO LIMITE DE ESCOAMENTO. cargas atuantes. das
- heterogeneidades
propriedades
mecânicas dos
materiais.
- 100% DA TENSÃO QUE PROVOCA
UMA DEFORMAÇÃO DE 1% APÓS 100
HORAS NA TEMPERATURA DE redução da resistência
PROJETO. mecânica dos materiais
ACIMA DE 37O - 67% DA TENSÃO MÉDIA DE RUPTURA devido ao fenômeno da
NA TEMPERATURA DE PROJETO. fluência.
- 80% DA MENOR TENSÃO DE
RUPTURA APÓS 100.000 HORAS NA
TEMPERATURA DE PROJETO.

TABELA 5 - Critérios de projeto do ASME seção VIII divisão 2.

6.8. ESPESSURA DE PAREDE PARA VASOS DE PRESSÃO

6.8.1. INTRODUÇÃO

A espessura de parede de um vaso de pressão deve ser, o MAIOR valor entre:

- espessura mínima calculada para resistir à pressão interna e/ou externa atuante no vaso e demais
carregamentos adicionando-se a sobre espessura de corrosão, quando aplicado.

- espessura mínima estrutural. Esta espessura destina-se a garantir à estabilidade estrutural do vaso,
para permitir a sua montagem, e evitar o colapso pelo próprio peso ou por ação do vento.

OBS. A espessura mínima devido a resistência estrutural pode prevalecer sobre a calculada para os
vasos de diâmetro muito pequeno ou para pressões muito baixas.

28
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6.8.2. COMPOSIÇÃO DA ESPESSURA DE UM VASO DE PRESSÃO

A figura 16 representa esquematicamente a composição da espessura nominal das partes de um vaso


de pressão.
PAREDE DO VASO

LEGENDA :
eM == espessura
C mínima.
sobre espessura para corrosão.
A = adição para espessura
comercial e conformação.
eP = espessura de projeto.
eN = espessura nominal.

eM C A
eP
eN

FIGURA 16 - Composição da espessura de parede de um vaso de pressão

A sobre espessura de corrosão ( C ) é o valor determinado com base na corrosão prevista e na vida
útil especificada no projeto do vaso. Como regra geral, quando a taxa de corrosão prevista for superior
a 0,3 mm/ano, ou quando a sobre espessura para corrosão prevista for maior do que 6 mm, recomenda-
se que seja usado outro material de maior resistência à corrosão.

Quando não for possível estabelecer valores confiáveis para a taxa de desgaste e o material base for
aço carbono ou baixa liga recomenda-se a utilização dos valores descritos a seguir em função da
agressividade do meio:

a) Serviços com água ou hidrocarbonetos: C = 3 mm;


b) Potes de acumulação (botas) para hidrocarbonetos: C = 6 mm;
c) Serviços com vapor e ar: C = 1,5 mm;
d) Armazenamento de gases: C = 1,5 mm;
e) Serviço com meios aquoso ácidos ou alcalinos: C = 6 mm.

A sobre espessura de corrosão pode ser dispensada apenas nos casos em que o desgaste por corrosão,
erosão ou outro processo for reconhecidamente desprezível ou for aplicado revestimento interno anti-
corrosivo ou anti-erosivo. É importante lembrar que a sobre espessura de corrosão de nada adianta
contra alguns processos de deterioração que não ocorrem com perda de material, como a corrosão
sobtensão, corrosão intergranular, fadiga, fluência, grafitização, etc.

A espessura mínima calculada usando-se as fórmulas do código de construção adotado, adicionada a


sobre espessura de corrosão é chamada de espessura de projeto ( eP ).
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A espessura final adotada para as partes de um vaso de pressão, usualmente chamada de espessura
nominal ( eN ), é o valor da espessura de projeto adicionado a quantia necessária para compensar as
perdas na conformação e para ajustar a espessura de projeto a uma espessura normal de mercado.
Assim, a espessura nominal sempre será maior ou igual a espessura de projeto.

6.8.3. PRINCIPAIS FATORES QUE INTERFEREM NO CÁLCULO DA ESPESSURA

O fator de maior preocupação dos projetistas no cálculo da espessura mínima das partes de um vaso
de pressão é a influência do estado de tensões ao qual o material será submetido, na resistência
mecânica dos materiais. Pois os cálculos baseiam-se em informações determinadas em testes onde os
corpos de prova são carregados unidirecionalmente, como no ensaio de tração, e nas utilizações
práticas os materiais estarão submetidos a esforços combinados, resultando num estado bi ou triaxial
de tensões.

Além do problema descrito acima o projetista também deverá considerar outros fatores como:
imprecisões no levantamento de todas as cargas atuantes, imprecisões quanto a homogeneidade das
propriedades mecânicas do material e os desvios de fabricação em relação ao projeto.

Devido aos problemas e incertezas descritos acima os códigos de construção utilizam para o cálculo da
espessura a tensão admissível do material com o intuito de garantir que o material trabalhe dentro do
regime elástico e relativamente longe do limite de escoamento (σe ). A figura 17 mostra
esquematicamente o descrito.

30
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
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σe margem de segurança

σadm

deformação

FIGURA 17 - Relação entre a tensão admissível usada no cálculo da espessura e as propriedades do


material determinadas no ensaio de tração.

6.8.4. TIPOS DE TENSÕES QUE ATUAM NUM VASO DE PRESSÃO


As tensões que podem estar atuando nas paredes de um vaso, quando este estiver sobre pressão são
classificadas em três tipos: tensões primárias, secundárias e localizadas. As tensões primárias são,
normalmente, as únicas a serem consideradas no cálculo da espessura dos vasos, pela maioria dos
códigos de construção utilizados, as outras duas são consideradas apenas em casos específicos.

6.8.4.1. TENSÕES PRIMÁRIAS


São chamadas de tensões primárias aquelas decorrentes das cargas atuantes nas paredes do vaso e
necessárias para satisfazer a condição de equilíbrio estático entre forças e momentos. Essas tensões
podem ser de tração, compressão ou cizalhamento.

São exemplos de tensões primárias aquelas decorrentes de cargas do tipo: pressão interna ou externa,
pesos, ação do vento, etc.
As tensões primárias normais podem ser de membrana ou de flexão. A tensão de membrana é a
componente da tensão primária mais significativa e supostamente constante ao longo de toda a
espessura da parede do vaso.

A tensão primária seria igual a tensão de membrana se a espessura de parede fosse nula, como a
espessura não é nula teremos como tensão primária a soma das tensões membrana e flexão.
A tensão de membrana devido apenas a pressão interna será sempre uma tração, porque a parede do
vaso tende a aumentar de dimensão. As tensões de flexão aparecem porque o raio de curvatura da
parede aumenta, como conseqüência da pressão interna. A tensão de flexão varia ao longo da
espessura de parede, sendo máxima de tração na superfície interna e máxima de compressão na
superfície externa.
Assim, a tensão primária resultante na superfície interna será a tensão de membrana mais a tensão de
flexão e na superfície externa a tensão de membrana menos a tensão de flexão. As tensões de flexão
serão tanto maiores quanto maior for a espessura do vaso. Quando o diâmetro do vaso for muito maior

31
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do que a espessura , as tensões de flexão serão pequenas e podem ser desconsideradas na determinação
da tensão resultante.
6.8.4.2. TENSÕES SECUNDÁRIAS
As tensões secundárias são aquelas resultantes não de cargas aplicadas, mas devido as restrições
geométricas do próprio vaso, ou devido a restrições causadas por estruturas ligadas ao vaso. Essas
tensões são conseqüência dos vasos não serem livres para se deformar ou dilatar.

6.8.5. TENSÕES DE CÁLCULO

No cálculo da espessura
circunferênciais para vasos
e longitudinais, sendode pressão são
desprezadas consideradas
as tensões radiais.basicamente as tensões primárias

6.8.5.1. TENSÕES RADIAIS

As tensões radiais causadas pela pressão interna são esforços de compressão na parede do vaso e para
a grande maioria das condições operacionais ( pressões inferiores a 211 Kgf/cm2 ) são desprezíveis.

6.8.5.2. TENSÕES CIRCUNFERÊNCIAIS

As tensões circunferênciais são aquelas que tendem a romper o vaso segundo a sua geratriz quando
este estiver sobre pressão interna. ( figura 18 )

Em geral são as mais críticas e são calculadas conforme a expressão matemática a seguir:

( pressão interna ) x (raio médio )


tensão = espessura

tensões circunferênciais
devido a pressão interna

FIGURA 18 - Tensões circunferênciais atuantes num vaso de pressão.

32
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6.8.5.3. TENSÕES LONGITUDINAIS

As tensões longitudinais são aquelas que tendem a romper o vaso segundo a sua seção transversal
quando este estiver sobre pressão interna. ( figura 19 )

Em geral são menos críticas e são calculadas conforme a expressão matemática a seguir:

( pressão interna ) x (raio médio )


tensão longitudinal =
2 x espessura

tendência a ruptura
transversal

tensões longitudinais
devido a pressão interna

FIGURA 19 - Tensões longitudinais atuantes num vaso de pressão.

6.8.6. FÓRMULAS DE CÁLCULO DA ESPESSURA

A fórmula de cálculo da espessura para as partes de um vaso de pressão variam em função do código
adotado, da geometria da parte do vaso e se essa parte do vaso está sujeita a pressão interna ou externa.

As fórmulas dos códigos são baseadas na teoria da membrana contendo alguns coeficientes de
seguranças empíricos. Dessa forma, não são levados em consideração os esforços de flexão.

A seguir serão mostrados alguns exemplos de fórmulas de cálculo de espessura adotadas pelo código
ASME seção VIII divisão 1.

33
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
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6.8.6.1. CÁLCULO DA ESPESSURA PARA CASCOS

O parágrafo UG - 27 do código ASME seção VIII divisão 1 estabelece um roteiro e fórmulas para o
cálculo da espessura mínima para o casco de vasos de pressão com base na pressão interna ou externa
ao qual o vaso estará submetido. Após calculada essa espessura mínima é necessário verificar se a
mesma será suficiente para resistir a outros carregamentos descritos no parágrafo UG -16 (b). (ver item
6.8.7 ).

A seguir serão apresentadas algumas dessas fórmulas de cálculo, para vasos sujeitos a pressão
interna.

6.8.6.1.a. CASCO CILÍNDRICO

A espessura mínima requerida ou a Pressão Máxima de Trabalho Admissível (PMTA) deve ser a
Maior das espessuras ou a MENOR das pressões calculadas para as tensões circunferências e
longitudinais utilizando as fórmulas a seguir:

6.8.6.1.a.1. Espessura mínima requerida considerando a tensão circunferêncial

P.R S. E. t
t= ou P=
SE − 0,6.P R + 0,6. t
6.8.6.1.a.2. Espessura mínima requerida considerando a te nsão longitudinal

t= P.R ou P = 2S. E. t
2SE + 0,4.P R − 0,4. t

ONDE: t = espessura mínima requerida, em cm. ( t = e M da figura 16 )


P = pressão interna de projeto ou a PMTA, em Kgf/cm2
R = raio interno da parte do vaso em questão, em cm.
S = tensão admissível do material ( tabelas na sec. II da parte D do código ASME , para Aço
carbono e Baixa liga, usar a tabela UCS-23)
E = eficiência das juntas soldadas da parte do vaso em questão ( tab. UW-12 )

OBS. As fórmulas acima só serão válidas se t 0,5.R ou P 0,385.S.E


6.8.6.1.b. CASCO ESFÉRICO

A espessura
MAIOR mínima requerida
das espessuras ou a Pressão
ou a MENOR Máxima
das pressões de Trabalho
calculadas Admissível
utilizando a fórmula(PMTA)
a seguir:deve ser a

34
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Espessura mínima requerida

P.R 2.S. E. t
t= ou P=
2SE − 0,2.P R + 0,2. t

OBS. 1. As fórmulas só serão válidas se t 0,356.R ou P 0,665.S.E


2. A fórmula para tampos esféricos é a mesma que a usada para cascos esféricos.

6.8.6.2. CÁLCULO DA ESPESSURA PARA TAMPOS

O parágrafo UG - 32 do código ASME seção VIII divisão 1 estabelece um roteiro e fórmulas para o
cálculo da espessura mínima para os tampos de um vaso de pressão com base na pressão interna ou
externa ao qual o vaso estará submetido. Após calculada a espessura mínima é necessário verificar se a
mesma será suficiente para resistir a outros carregamentos descritos no parágrafo UG -16 (b). (ver item
6.8.7 ).

6.8.6.2.a. TAMPO ELÍPTICO

A espessura mínima requerida ou a Pressão Máxima de Trabalho Admissível (PMTA) deve ser a
MAIOR das espessuras ou a MENOR das pressões calculadas utilizando a fórmula a seguir:

P. D. K 2.S. E. t
t= ou P=
2.S. E − 0,2. P D. K + 0,2. t

1 ⎡ ⎛ D ⎞2⎤ D
ONDE: K = . ⎢2 + ⎜ ⎟ ⎥ OBS. No tampo padrão 2:1 =2 e K = 1,00
6 ⎢⎣ ⎝ 2. h ⎠ ⎥⎦ 2h

Valores de K
( usar os valores mais próximos, não é preciso interpolar )
D/2h 3,0 2,9 2,8 2,7 2,6 2,5 2,4 2,3 2,2 2,1 2,0
K 1,83 1,73 1,64 1,55 1,46 1,37 1,29 1,21 1,14 1,07 1,00
D/2h 1,9 1,8 1,7 1,6 1,5 1,4 1,3 1,2 1,1 1,0
K 0,93 0,87 0,81 0,76 0,71 0,66 0,61 0,57 0,53 0,50

35
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t
h

D
TAMPO ELÍPTICO

6.8.6.2.b. TAMPO TORESFÉRICO


A espessura mínima requerida ou a Pressão Máxima de Trabalho Admissível (PMTA) deve ser a
maior das espessuras ou a menor das pressões calculadas utilizando a fórmula a seguir:

0885
, . P. L t.S. E PARA r ≤ 0,006 L
t= ou P=
S. E − 0,1. P 0,885. L + 0,1. t

P. L. M 2.S. E. t PARA DEMAIS


t= ou P= VALORES DE r
2. S. E − 0,2. P L. M + 0,2. t
1 ⎛ L⎞
ONDE: M = 4 . ⎝⎜ 3 + r ⎟⎠ OBS. No
tampo padrão 2:1 ⇒ M = 1,32 – pois: r = 0,17 D e
L = 0,9 D – onde: D = diâmetro interno do vaso.

Valores de M
( usar os valores mais próximos, não é preciso interpolar )
L/r 1,00 1,25 1,50 1,75 2,00 2,25 2,50 2,75 3,00 3,25 3,50
M 1,00 1,03 1,06 1,08 1,10 1,13 1,15 1,17 1,18 1,20 1,22
L/r 4,00 4,50 5,00 5,50 6,00 6,50 7,00 7,50 8,00 8,50 9,0
M 1,25 1,28 1,31 1,34 1,36 1,39 1,41 1,44 146 1,48 1,50
L/r 9,50 10,00 10,50 11,00 11,50 12,00 13,00 14,00 15,00 16,00 16,66
M 1,52 1,54 1,56 1,58 1,60 1,62 1,65 1,69 1,72 1,75 1,77

NOTA
padrãp IMPORTANTE:
toresférico (falsa Conforme o parágrafo
elipse) pode UG –usando
ser calculada 32 do aASME a espessura
fórmula de cálculomínima para oelíptico
para tampo tampo
padrão 2:1.

t
36
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L
r
6.8.7. ESPESSURA MÍNIMA REQUERIDA ( e M da figura 16 )
O parágrafo UG 16 (b) do código ASME seção VIII divisão 1 estabelece que a espessura mínima
adotada para as partes de um vaso de pressão, após sua produção final, deve ser MAIOR OU IGUAL a
1,6 mm., sem considerar o valor da sobre espessura de corrosão, com as seguintes exceções:
a) essa espessura não se aplica a espelhos de trocadores de calor;
b) essa espessura não se aplica a tubulações internas ou externas ao vaso;
c) para tubulões de caldeira ou coletores de caldeira não sujeitos a chama a espessura mínima é de 6,4
mm, sem considerar a sobre espessura de corrosão.
d) para os vasos em serviço com ar comprimido, vapor ou água a espessura mínima é de 2,4 mm, sem
considerar a sobre espessura de corrosão.

O parágrafo UG 22 do código ASME seção VIII divisão 1, estabelece que no cálculo da espessura
mínima requerida para as partes de um vaso de pressão devem ser considerados os seguintes
carregamentos:
a) pressão de projeto interna ou externa do vaso;
b) peso do vaso nas condições normais de operação ou condições de teste;
c) reações estáticas de outros equipamentos, tubulações ou estruturas ligadas ao vaso;
d) a existência de internos no vaso e o tipo de apoio ou suportação adotada;
e) a possibilidade do vaso ou seus bocais estarem sujeitos a carregamento cíclico;
f) à ação do vento;
g) reações de impacto devido a choque de fluídos;
h) gradientes de temperatura e diferencial térmico de expansão.

Devido a essas exigências do código e com o intuito de facilitar a definição da espessura mínima
estrutural os projetista adotam como valor mínimo o maior valor entre 4,0 mm e o calculado pela
expressão matemática: e = 2,5 + 0,001.Di + C
ONDE: e = espessura mínima estrutural, em mm.
Di diâmetro interno da parte considerada, em mm.
C ==sobre espessura de corrosão da parte considerada, em mm.
Para vasos de pequeno diâmetro ou pressões de projeto muito baixas a espessura mínima calculada
devido a pressão interna ou externa são menores que o valor obtido com o critério descrito acima.
Assim, por facilidade, muitas vezes é adotado o valor da espessura mínima estrutural como espessura
mínima requerida para o vaso. Isso poderia ser evitado com a utilização de reforços localizados apenas
nas regiões do vaso onde necessário.
6.8.8. EXEMPLO DE APLICAÇÃO
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CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
Determinar a espessura mínima requerida e a PMTA na condição corroída e quente para um vaso de
pressão com 60.000 horas de operação, considerando os dados descritos a seguir.

- Vaso horizontal suportado por dois berços.


- Diâmetro interno = 2.000 mm.
- CET = 8.000 mm.
- Tampos toresféricos com L/r = 16,66 e L = 1.200 mm.
- Material do casco e tampos = ASTM A 516 gr. 60.
- Espessura atual: - casco = 30 mm. e tampos = 32 mm.
- Sobre espessura de corrosão = 3 mm.
- Código de construção: ASME seção VIII divisão 1.
- Radiografia total
- Serviço: Tambor de topo da torre fracionadora
- Pressão de projeto = 20 Kgf/cm2.
- Temperatura de projeto = 300 o C.

OBS. A resolução será feita durante a exposição.

7. MATERIAIS
7.1. INTRODUÇÃO

Os fatores, normalmente, a serem considerados na escolha do material para a fabricação de um vaso de


pressão, são principalmente os seguintes: resistência mecânica, à deterioração, às condições
operacionais, facilidades de manutenção e fabricação e condições de mercado.

Entretanto, o material mais comumente empregado na construção dos vasos de pressão é o aço
carbono, sendo também utilizados aços liga, inoxidáveis e outros materiais quando se precisa maior
resistência mecânica, ou maior resistência à deterioração, ou em condicões extremas de temperatura
(altas e baixas).

Segundo a Norma Petrobrás N-253, como regra geral, são admitidos os materiais constantes nas
normas ASME Seção II (partes A, B e C) e Seção VIII. Entretanto, são aceitos materiais equivalentes
aos da norma ASME, quando de sociedades de normalização reconhecidas internacionalmente (BS,
DIN, JIS etc).

Independentemente dos limites de temperatura, para cada material, estabelecidos em outros códigos, a
Petrobrás estabelece seus próprios limites na Norma N-253 (tabela 6). Para as partes pressurizadas, os
limites são em função da resistência mecânica, enquanto que, para as partes não pressurizadas, estão
baseadas na temperatura de escamação do material (scaling temperature).

TEMPERATURA LIMITE DE
UTILIZAÇÃO (°C)
MATERIAL

38
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
PARTES PARTES NÃO
PRESSURIZADAS PRESSURIZADAS
AÇO CARBONO DE QUALIDADE 150 530
ESTRUTURAL.
AÇO CARBONO NÃO ACALMADO. 400 530
AÇO CARBONO ACALMADO COM Si. 450 530
AÇO LIGA COM ½ Mo. 500 530
AÇO LIGA 1 ¼ Cr + ½ Mo. 530 530
AÇO LIGA 2 ¼ Cr + 1 Mo. 530 570
AÇO LIGA 5 Cr + ½ Mo. 480 600
AÇO INOXIDÁVEL : 405, 410, 410S. (3) 480 600
AÇO INOXIDÁVEL : 304, 316. (1) e (2) 600 800
AÇO INOXIDÁVEL : 304L, 316L. 400 800
AÇO INOXIDÁVEL : 310. (2) 600 1100

TABELA 6 - Limites de temperatura para os aços mais usuais na indústria.

NOTAS: (1) Para temperaturas de projeto superiores a 550ºC, recomenda-se o uso de aços
inoxidáveis tipo "H".
(2) Chama-se atenção para a possibilidade de formação de "Fase Sigma", para
temperaturas acima de 600ºC, resultando em severa fragilização do material.
Essa mudança na estrutura metalúrgica ocorre principalmente para os aços 316
e 310.
(3) Esses materiais são suscetíveis à fragilização quando expostos em torno de 475ºC
por períodos longos.

7.2. MATERIAIS MAIS USUAIS


Esse capítulo faz um resumo das principais características, limites de utilização e cuidados das ligas
metálicas mais usadas na fabricação de vasos de pressão para a indústria petroquímica.

7.2.1. AÇO CARBONO


O aço carbono é o material mais usado na fabricação dos vasos de pressão. Suas propriedade são
influênciadas pela: composição química; método de produção; tipo, forma e quantidade de impurezas;
e condições de projeto.

O elemento químico que mais influe nas propriedades do aço carbono é o carbono, por isso o aço leva
seu nome, como identificação. A influência do teor de carbono e/ou outros elementos químicos
costuma ser medida por uma variável chamada ″CARBONO EQUIVALENTE″ ( C ), determinada
pela expressão matemática abaixo, conforme recomendação do The Welding Institute.eq

Ceq = %C + (%Mn) / 6 + (%Cr + %Mo + %V) / 5 + (%Ni + %Cu) / 15


Um aumento do carbono equivalente produz, principalmente os seguintes efeitos sobre as propriedades
do aço carbono e carbono-manganês :

- Aumento nos limites de resitência à tração e de elasticidade;


- Aumento na dureza e temperabilidade;
39
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
- Redução da dutilidade e soldabilidade.

Devido a esses efeitos os valores recomendados de carbono equivalente para os aços a serem aplicados
na fabricação de vasos de pressão são:

- PARTES SOLDADAS E SUJEITAS A PRESSÃO: Ceq ≤ 0,45%


- PARTES SOLDADAS SEM PRESSÃO : Ceq ≤ 0,50%

NOTA.Os aços com carbono equivalente acima de 0,50% apresentam alta suscetibilidade a trincas a
frio durante os processos de soldagem.

Os aços carbono podem ser acalmados 4 com adições de silício ou alumínio, durante seu processo de
produção. Um aço acalmado tem menor quantidade de heterogêniedades e menor tamanho de grão,
como consequência suas propriedades mecânicas serão mais homogêneas e sua suscetibilidade a
defeitos internos será menor.

A resitência mecânica do aço carbono começa a ser reduzida em temperaturas superiores a 370 ° C,
devido ao fenômeno da fluência, sendo que após 420° C a possibilidade de GRAFITIZAÇÃO 5 pode
acelerar mais ainda essa redução.

Em temperaturas superiores a 530° C o aço carbono sofre intensa oxidação, quando exposto a meios
oxidantes o que inviabiliza econômicamente sua utilização.

Abaixo de 15° C a resitência ao impacto do aço carbono começa a ser reduzida, inviabilizando seu uso
em temperaturas abaixo de - 30° C. Na faixa de 15 a - 30 ° C o código ASME recomenda à adoção de
medidas adicionais, como por exemplo, a exigência de teste Charpy na qualificação dos processos de
soldagem, etc.

A resitência à corrosão do aço carbono, também é muito baixa para a maioria dos fluidos e atmosferas
com umidade relativa acima de 60%. Por essa razão, é adicionado na sua espessura uma sobre-
espessura para desgaste por corrosão.

Em vistas dos motivos descritos acima, na fabricação de vasos de pressão a utilização dos aços
carbono costuma ser restrita à faixa de - 30° C a 420° C, sendo necessários cuidados adicionais
quando a temperatura de projeto do vaso estiver próxima dos valores extremos.

7.2.2. Aço Liga


Denomina-se aço liga a todo aço que possue qualquer quantidade de outr os elementos químicos, além
dos normalmente existentes, na composição química de um aço carbono 6 . Dependendo da soma dos

4
aços acalmados = são aços com menos bolhas devido a adição de Si e/ou Al, que além de removerem o oxigênio do aço
líquido, também atuam como refinadores de grão.
5
GRAFITIZAÇÃO = é a reação de separação do carbono da cementita para a forma de carbono grafítico que ocorre após
longa exposição do aço carbono em temperaturas acima de 420°C.
6
A composição química usual do aço carbono é : C = 0,008 a 2,06% ; P = 0,04 a 0,10% ; S = até 0,06% ; Mn = 0,25 a 1,0%
; Si=0,05 a 0,3%; Al,H,O,N = traços.
40
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
elementos de liga presentes na composição química do aço, estes são classificados como mostra a
tabela 7.
SOMA DOS ELEMENTOS CLASSIFICAÇÃO DO AÇO
DE LIGA ( em % )
até 5 BAIXA LIGA
de 5 a 10 MÉDIA LIGA
acima de 10 ALTA LIGA

TABELA 7 - Classificação dos aços liga.

Os aços liga são empregados nos casos em que a utilização do aço carbono é inadequada. Para
aplicações acima de 420° C, prefere-se o uso de aços liga com cromo e molibdênio e nos casos de
temperatura inferiores à 30° C, são empregados aços com níquel.

A utilização dos aços liga está limitada pela possibilidade de precipitação de fases frágeis quando estes
são expostos a temperaturas acima de 420 ° C ou abaixo de - 45° C por longos períodos.

7.2.3. Aços Inoxidáveis


Aços inoxidáveis são aços de alta liga com um teor de cromo acima de 12% na sua composição
química, o que lhes conferem uma melhora nas propriedades mecânicas em temperaturas entre 400 e
650° C e excelente resistência a corrosão em meios oxidantes até 1100 ° C, proporcional aos teores de
cromo e níquel presentes na liga.

De acordo com sua microestrutura e composição química os aço inoxidáveis são classificados como na
tabela 8.

CLASSIFICAÇÃO DO AÇO MICROESTRUTURA ELEMENTOS QUÍMICOS


INOXIDÁVEL AUSTENÍTICO AUSTENÍTICA Cr + Ni
INOXIDÁVEL FERRÍTICO FERRÍTICA Cr + Al
INOXIDÁVEL MARTENSÍTICO MARTENSÍTICA Cr

TABELA 8 - Classificação dos aços inoxidáveis.

Os aços austeníticos mantém o comportamento dútil mesmo em temperaturas extremamente baixas,


podendo ser empregados até - 250° C, sem perda da tenacidade.
7
Os aços austeníticos
fenômeno chamado deem geral, exceto os
SENSITIZAÇÃO 8 estabilizados e os de baixo carbono, estão sujeitos a um
. Os aços sensitizados estão sujeitos a corrosão intergranular,
principalmente quando expostos a meios ácidos.

7
Aços inoxidáveis austeníticos estabilizados são aços que contém na sua composição química Ti, Nb ou Ta, ou ambos, com
a finalidade de precipitarem carbonetos com maior ponto de solubilização do que os carbonetos de cromo.
8
SENSITIZAÇÃO é a precipitação de carbonetos de cromo que ocorrem em aços com mais do que 12% de cromo quando
expostos a temperaturas na faixa de 450°C a 850°C.
41
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
Quando expostos a soluções aquosas de ácido clorídrico ou meios com cloretos, os aços inoxidáveis
austeníticos estão sujeitos a corrosão por pitting e/ou sobtensão.

7.3. ESPECIFICAÇÕES MAIS EMPREGADAS EM VASOS DE PRESSÃO


Os tipos de aço carbono mais utilizados, na faixa de temperatura recomendável (-30º C a 420º C), são:
SA-285 Gr C; SA-515 Gr 60 e Gr 70; SA-516 Gr 60 e 70.

Numa abordagem bem ampla poderíamos classificar o SA-285 Gr C como um aço de médio carbono,
adequado para partes não pressurizadas ou para serviços não tóxicos, em pressões e temperaturas não
muito elevadas;
temperaturas os elevadas;
mais SA-515 Gre o60SA-516
e 70 como
Gr 60aços
e 70decomo
médio carbono,
aços acalmados
de médio carbono,com silício, para
acalmados com
alumínio, para serviços em baixas temperaturas.

Um aço carbono, de qualidade estrutural, bastante aplicado na fabricação de vasos de pressão é o SA-
283 Gr C. O Código ASME permite sua utilização, mesmo para partes pressurizadas, desde que não se
destine a caldeiras ou a casos em que a temperatra de projeto esteja abaixo de - 29° C ou acima de
343ºC.

Numa faixa de temperatura mais elevada e para serviços com hidrogênio são muito utilizados os aços
liga Mo e Cr-Mo, sendo mais comuns as seguintes especificações : SA-204 Gr A/B/C (1/2 Mo); SA-
387 Gr 11(1 1/4 Cr-1/2 Mo); SA-387 Gr 22 (2 1/4 Cr - 1 Mo).

Numa faixa de temperatura mais elevada seriam indicados os aços inoxidáveis austeníticos, cujas
principais especificações são : SA-240 Gr 340 (AISI 304); SA-240 Gr 304 L (AISI 304 L); SA-240 Gr
316 (AISI 316); SA-240 Gr 316 L (AISI 316 L); SA-240 Gr 321 (AISI 321).

Para baixas temperaturas são utilizados:


- Aços Liga ao Níquel : SA-203 Gr A/Gr B (2 1/4 Ni); SA-203 Gr D/Gr E(3 1/2 Ni); SA-353 (9 Ni);
- Aços Inoxidáveis Austeníticos, nas especificações : SA-240 Gr 340 (AISI 304); SA-240 Gr 304 L
(AISI 304 L); SA-240 Gr 316 (AISI 316); SA-240 Gr 316 L (AISI 316 L); SA-240 Gr 321 (AISI
321);
- Metais não ferrosos, como as ligas de Alumínio/Magnésio - SB-209 (5083) e as ligas de
Alumínio/Sílico - SB-209 (6061).

Muitas vezes, quando além da resistência mecânica é necessário que o material seja resistente à
corrosão, torna-se necessário a utilização de chapas revestidas. Neste caso a chapa base, que resistirá
aos esforços mecânicos é usualmente de aço carbono e a chapa de revestimento fina (em geral 3mm),
de um material mais nobre como o aço inoxidável ferrítico ou martensítico; ou o monel 9 .
7.4. DIMENSÕES
Devem ser adotadas de preferência, como espessuras nominais (comerciais) os seguintes valores, em
milímetros: 4,75 - 6,30 - 8,00 - 9,50 - 11,20 - 12,50 - 14,00 - 16,00 - 17,50 19,00 - 20,60 - 22,40 -
23,60 - 25,00 - 28,60 - 31,50 - 34,90 - 37,50 - 41,30 - 44,40 - 47,40 - 47,50 - 50,0.

Para espessuras superiores a 50,0 mm devem ser adotados valores inteiros em milímetros.

9
Monel = liga Ni/Cu, com aproximadamente 67% de Ni e 32% de Cu que alta resistência à corrosão em meios ácidos
fortes, como o ácido clorídrico e o fluorídrico.
42
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
As tolerâncias de fornecimento das chapas não precisam ser consideradas, desde que as chapas estejam
de acordo com as normas ASTM A-20 e PB-35.

Para tampos abaulados e outras peças prensadas ou conformadas, deve ser previsto um adequado
acréscimo na espessura, para compensar a perda de espessura na prensagem ou conformação, de forma
que a espessura final da peça acabada tenha, no mínimo, o valor desejado. A tabela 9 mostra as
reduções de espessura adotadas por um fabricante nacional de tampos (EICA).

ESPESSURA DA CHAPA A REDUÇÃO NA ESPESSURA


SER CONFORMADA ( mm ) APÓS CONFORMAÇÀO (mm )
6,35 2,0
8,0 2,3
9,5 2,3
12,7 2,5
15,8 2,8
19,0 3,0
22,0 3,2
25,4 3,8
31,8 4,0
38,0 4,5

TABELA 9 - Redução de espessuras dechapas para a conformaçào de tampos toriesférico 2:1.

Nos vasos em que forem previstas diferentes espessuras de chapas para os diversos anéis, permite-se
ao projetista modificar para mais essas espessuras, com a finalidade de acertar as alturas dos anéis,
com as dimensões comerciais das chapas.

Deve-se sempre acrescentar uma adequada sobre-espessura para corrosão nas espessuras calculadas,
exceto quando, a corrosão for reconhecidamente inexistente ou desprezível, ou for aplicado um
revestimento anti-corrosivo.
Chapas com espessura igual a 4,75 mm devem ter as seguintes dimensões : 6000 mm de comprimento
por 1500 mm de largura, para as demais espessuras recomenda-se adotar 12000 mm de comprimento
por 2440 mm de largura.

7.5. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS CONFORME O CÓDIGO ASME


Com o intuito de facilitar referências a grupos de materiais com propriedades similares, o código
ASME agrupa os materiais em duas classificações considerando composição química e soldabilidade,
dois fatores de grande influência em nas propriedades mecânicas de uma junta soldada.(tabela 10).

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS UTILIZAÇÃO


DO METAL BASE PRINCIPAIS BÁSICA
METAIS BASE QUE TEM A
GRUPO P MESMA SOLDABILIDADE E QUALIFICAÇÃO DE
(P NUMBER) PROPRIEDADES MECÂNICAS PROCEDIMENTOS DE
SIMILARES NUMA JUNTA DE SOLDAGEM.
SOLDA HOMOGÊNEA.
43
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS UTILIZAÇÃO
DO METAL BASE PRINCIPAIS BÁSICA
METAIS BASE DO MESMO QUALFICAÇÃO DE
GRUPO G GRUPO P COM RESISTÊNCIA AO PROCEDIMENTOS DE
(G NUMBER) ENSAIO CHARPY DIFERENTES SOLDAGEM, COM
APÓS SOLDA HOMOGÊNEA. EXIGÊNCIAS DE
IMPACTO.
(ENSAIO CHARPY)

TABELA 10 - Classificação dos metais base conforme o código ASME.


A tabela 11 mostra uma classificação similar para as soldas, considerando a composição química do
metal depositado e a soldabilidade do consumível utilizado.

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS UTILIZAÇÃO


PRINCIPAIS BÁSICA
GRUPO A COMPOSIÇÃO QUÍMICA QUALIFICAÇÃO DOS
(A NUMBER) DO METAL DEPOSITADO PROCEDIMENTOS DE
SIMILARES. SOLDAGEM.
GRUPO F HABILIDADE REQUERIDA QUALIFICAÇÃO DE
(F NUMBER) NO MANUSEIO DO SOLDADORES E
CONSUMÍVEL SIMILARES. OPERADOES DE SOLDA.

TABELA 11 - Classificação das soldas conforme o código ASME.

8. REVESTIMENTOS
Devido a necessidade da disponibilidade de materiais que possuam ao mesmo tempo boas resistências
mecânica e ao desgaste, em muitas aplicações, é mais econômico a utilização de materiais revestidos.
A filosofia em se optar por materiais revestidos, é a redução do custo pela utilização de um material
menos nobre, como metal resistente, unindo a superfície deste, que ficará exposta ao meio agressivo,
outro material de baixa espessura, apenas com a finalidade de evitar o desgaste superficial.
Dependendo da superfície revestida do material em relação ao equipamento, o revestimento é
classificado em interno, quando a superfície revestida está voltada para o interior do equipamento ou
externo, quando estiver voltada para fora do equipamento.

A tabela 12 mostra uma classificação dos revestimentos usados em vasos de pressão, considerando
apenas o tipo de desgaste que se deseja evitar.

TIPO DE DESGASTE CLASSIFICAÇÃO DO TIPO DE REVESTIMENTO


REVESTIMENTO MAIS USUAL EM VASOS
DE PRESSÃO
CORROSÃO ANTICORROSIVO METÁLICO
EROSÃO ANTIEROSIVO NÃO METÁLICO
POR TEMPERATURA REFRATÁRIOS NÃO METÁLICO

TABELA 12 - Classificação dos revestimentos quanto ao tipo de desgaste.


44
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
A durabilidade de um revestimento depende fundamentalmente de sua aderência ao metal base. Com
base no método de aplicação ao substrato (metal base) os revestimentos são classificados como mostra
a tabela 13.

Os metais básicos mais usados em vasos de pressão quando da utilização de revestimentos são:
- AÇO CARBONO: para temperaturas de projeto até 400° C;
- AÇO BAIXA LIGA: para temperaturas de projeto entre 400 e 530° C.

Para temperaturas de projeto acima de 530 ° C, em geral, não é mais atrativo econômicamente a
utilização de revestimentos, preferindo-se, nesses casos, aplicar um material mais nobre que alie
resistência mecânica e ao desgaste.

Os revestimentos metálicos mais usados em vasos de pressão são os aplicados por CLAD ou LINING,
a tabela 14 mostra um resumo comparativo das principais características desses revestimentos.

Os revestimentos tipo LINING, em geral, tem uma performace inferior aos do tipo CLAD e só devem
ser aplicados quando da impossibilidade da utilização do clad, como em: bocais de pequeno diâmetro,
modificações realizadas após a montagem do vaso, alto custo etc.

Experiências desenvolvidas pela Petrobrás mostraram ser mais recomendada aplicação de LINING na
forma de tiras com: 100 a 140 mm de largura por 900 a 1500 mm de comprimento, dispostas no
sentido longitudinal quando aplicado nas partes cilíndricas e radial nos tampos, como mostrado nas
figuras 20 e 21.

A
açonorma ASTM-A-263
carbono é aEsta
ou baixa liga. geralmente usadaum
norma exige nateste
fabricação de chapas
de aceitação cladeadasdocom
de aderência clad,metal base em
que conciste
2
na aplicação de uma carga cisalhante de no mínimo 14 Kgf/cm , sobre o clad de um corpo de prova
preparado como mostrado na figura 22.

CLASSIFI- TIPO DE
CAÇÃO DO REVESTI- MÉTODO DE LIGAÇÃO AO ALTERAÇÕES NO METAL BASE
REVESTI- MENTO APLICAÇÃO SUBSTRATO
MENTO
METÁLICO LAMINAÇÃO OU
CLAD EXPLOSÃO TOTAL MUITO PEQUENA
TIRAS CRIAÇÃO DE PEQUENAS ZONAS
SOLDADAS PARCIAL DE LIGAÇÃO COM FUSÃO DO
(FIGURA 20 ) METAL BASE
LINING METÁLICO
DEPÓSITO TODA A CHAPA TERÁ UMA ZONA
CONTÍNUO DE TOTAL DE LIGAÇÃO COM FUSÃO DO
SOLDA METAL BASE
PLÁSTICO NÃO PULVERIZAÇÃO
45
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
CLASSIFI- TIPO DE
CAÇÃO DO REVESTI- MÉTODO DE LIGAÇÃO AO ALTERAÇÕES NO METAL BASE
REVESTI- MENTO APLICAÇÃO SUBSTRATO
MENTO
OU ELASTÔ- METÁLICO A PISTOLA E TOTAL DESPREZÍVEL
MEROS CURA A QUENTE
CONCRETOS PINOS,
OU REFRA- NÃO GRAMPOS, PARCIAL CRIAÇÃO DE PEQUENAS ZONAS
TÁRIOS METÁLICO TELAS OU DE LIGAÇÃO COM FUSÃO DO
AMBOS. METAL BASE
NÃO REAÇÃO
PINTURA METÁLICO QUÍMICA TOTAL NENHUMA

TABELA 13 - Classificação dos revestimentos quanto o método de aderência.

OBS. As zonas de ligação com fusão do metal base podem nuclear ou propagar descontinuidades ou
defeitos no metal base.

46
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
FIGURA 20 - Métodos de aplicação de lining.

FIGURA 21 - Método recomendado para a aplicação de lining em tampos.

FAIXA DE MATERIAL RECOMENDADO PARA O APLICAÇÀO


TEMPERATURA REVESTIMENTO
(°C)
AÇOS INOXIDÁVEL AUSTENÍTICOS MEIOS SEM CLORETOS
ATÉ 300 ESTABILIZADOS OU COM BAIXO OU ÁCIDOS FORTES
CARBONO
AÇOS INOXIDÁVEIS FERRÍTIOS MEIOS NEUTROS,
300 A 700 COM BAIXO CARBONO ALCALINOS OU
LEVEMENTE ÁCIDOS
ATÉ 350 MONEL MEIOS ÁCIDOS FORTES,
COMO HCl E HF
ATÉ 60 CHUMBO ÁGUA SALGADA

TABELA 14 - Principais características dos revestimentos tipo clad e lining.

47
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
Os revestimentos não metálicos, denominados concretos, são bastante utilizados no revestimento de
vasos de pressão, sendo classificados em dois grupos:

- CONCRETO SIMPLES: concretos empregados com uma só finalidade. Por exemplo, os concretos
isolantes.
- CONCRETO DUPLO: concretos empregados com mais de uma finalidade. Por exemplo, concretos
onde a primeira camada é isolante e a segunda camada, aplicada sobre a
primeira, resistente à erosão.

A tabela 15 mostra um resumo das principais características desses concretos.

Devemos ressaltar ainda, um concreto simples, normalmente chamado de ″FIRE-PROOF″, largamente


utilizado em vasos de pressão, localizados em áreas chamadas de classificadas 10 . Este revestimento
consiste de uma argamassa refratária, aplicada na estrutura de sustentação e/ou suportação dos vasos,
com a finalidade de impedir o desabamento ou inclinação destes, quando submetidos a um
aquecimento excessivo, durante incêndios, devido a redução da resistência mecânica do material usado
na fabricação
dos suportes ou esruturas. O “fire-proof” isola o matrial por um curto período de tempo, enquanto são
tomadas providências de combate ao incêncido. Seu método de aplicação é o mesmo utilizado por
qualquer outro concreto simples (figura 23).

CLASSIFICAÇÃO VELOCIDADE TIPO DE MÉTODO DE APLICAÇÃO


DO CONCRETO DO FLUXO CAMADA
PINOS OU GRAMPOS
BAIXA EXTERNA TOTALMENTE COBERTOS
SIMPLES (FIGURA 20)
MÉDIA OU EXTERNA TELA HEXAGONAL
ALTA (FIGURA 21)
PINOS OU GRAMPOS
INTERNA TOTALMENTE COBERTOS
DUPLO QUALQUER (FIGURA 20)

EXTERNA TELA HEXAGONAL


(FIGURA 21)

TABELA 15- Principais características dos concretos usados em vasos de pressão.

10
ärea classificada é uma área onde é possível ocorrer vazamento de produtos que podem entrar em ignição espontânea, na
temperatrura ambiente.
48
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
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APLICAÇÃO DA CARGA
CLAD EM
TESTE CORPO DE PROVA
t
CLAD A SER TESTADO
a
19,1
W 25,4
63,5
19 1
CLAD REMOVIDO
76,2 W
63,5 a
t T

63,5
t + 0,127 OBS. 1. t = T - a
2. a = 3,18 máx.
3. w = 1,5 a.
BLOCOS DE CISALHAMENTO 4. todas as medidas estão em milímetros.
5. a = espessura do clad a ser testado.

FIGURA 22 - Teste de aceitação de clad conforme ASTM-A-263.

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CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
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CONCRETO REFRATÁRIO
PINOS DE ANCORAGEM

75

CASCO DO VASO

32

6
45o

ESPESSURA DO
CONCRETO

16

FIGURA 23 - Atracação de concreto através de pinos ou grampos.

TELA HEXAGONAL

METAL BASE
DETALHE DA TELA HEXAGONAL

FIGURA 24 - Atracação de concreto através de tela hexagonal.

50
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ESPESSURA DA
CAMADA INTERNA
DE CONCRETO
TELA HEXAGONAL

PINO DE CABEÇA •
RETANGULAR

CONCRETO ANTI EROSIVO


• CONCRETO ISOLANTE
METAL BASE

FIGURA 25 - Atracação de concreto duplo.

9. JUNTAS SOLDADAS

9.1. TIPOS DE JUNTAS


A escolha da junta soldada a ser usada na fabricação ou montagem de um vaso de pressão depende
basicamente dos seguintes fatores:

a) Resistência mecânica esperada da junta soldada em relação a resistência do metal de base


(eficiência de junta).
b) Condições operacionais: juntas que serão expostas a fluidos que provoquem corrosão ou erosão,
depois de soldadas, não podem conter irregularidades, frestas ou outros problemas que facilitem a
deterioração da solda.
c) Grau de restrição: o tipo de junta pode ajudar a minimizar as distorções e a ocorrência de trincas
devido as contrações da solda.
d) Facilidade de soldagem: algumas juntas estão limitadas pelo acesso.
e) Dimensões do metal soldado: pequenas aberturas de raiz e pequenos ângulos requerem menor
deposição de metal, mas a eficiência de junta deve ser respeitada.
f) Tipo
únicade carregamento:
direção. certostensões
Similarmente, tipos estáticas
de juntase são adequadas
dinâmicas apenas
exigem para
juntas tensões aplicadas numa
diferentes.

Esses fatores apresentados acima, são suficiente para mostrar a responsabilidade e a dificuldade na
escolha do tipo de junta

51
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
Segundo a seção VIII do código ASME os tipos de juntas mais comuns em vasos de pressão são:

• JUNTAS DE TOPO

De maneira geral, é o tipo de junta mais usual quando a principal necessidade é resistência mecânica.
Entretanto, exigem maior deposição de metal, o que pode acarretar maiores problemas devido as
tensões de contração, bem como, maior custo.

• JUNTAS SOBREPOSTAS

As juntas sobrepostas são unidas por soldas de filete e/ou, soldas "plug", por isso tem menor volume
de metal depositado do que as juntas de topo. Assim, são preferidas por motivos econômicos e de
facilidade de preparação, quando e onde o código utilizado permitir.

A figura 26 mostra os tipos de juntas mais recomendados pelo código ASME, para as soldas de união
casco/calotas.

À atracação de bocais, bocas de visita, suportes e acessórios num vaso de pressão exige tipos de juntas
diferentes que devem ser analisadas separadamente. A figura 27 mostra exemplos de juntas deste tipo
aceitas pela seção VIII do código ASME.

OBS.:1. A distância entre duas soldas, em qualquer caso, não deve ser menor do que 4 vezes a
espessura da chapa mais fina, com o mínimo de 30 milímetros.

2. Todas as soldas submetidas aos esforços de pressão, no casco e nos tampos, devem ser de
topo, com penetração
impraticável, pode sertotal,
feitafeitas
apenaspelos dois lados
a externa, e radiográveis.
adotando-se Quando a solda
um procedimento queinterna
garantafora
qualidade da raiz da solda.

9.2. EFICIÊNCIA DE JUNTA (E)

A Norma Brasileira (NB-109), define eficiência de junta como o cociente entre as resistências à tração
do metal depositado e metal base, ou seja,

EFICIÊNCIA RESISTÊNCIA À TRAÇÃO DO METAL DEPOSITADO


DE =
JUNTA RESISTÊNCIA À TRAÇÃO DO METAL BASE

O código ASME, usa o termo eficiência de junta para definir o grau de inspeção a ser adotado após
soldagem, levando em consideração o tipo de junta adotada. Essa correlação está definia no parágrafo
UW-12 da seção VIII e resumida na tabela 16.

Obs.: Segundo a Norma Petrobrás, para qualquer vaso de pressão é obrigatório que todas as juntas
soldadas do casco e tampos tenham pelo menos inspeção radiográfica por amostragem (spot),
não sendo admitidas soldas não radiografadas, mesmo nos casos em que o código de construção
permita.

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CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
JUNTA DE TOPO COM PENETRAÇÃO
JUNTA DE TOPO COM PENETRAÇÃO TOTAL E CONCORDÂNCIA.
TOTAL
SOLDA TAMPÃO

JUNTA SOBREPOSTA SOLDADA POR UM JUNTA SOBREPOSTA SOLDADA POR UM


SÓ LADO SÓ LADO E SOLDA TAMPÃO.

JUNTA SOBREPOSTA OPCIONAL

JUNTA SOBREPOSTA SOLDADA POR UM


SÓ LADO E JUNTA DE TOPO.

FIGURA 26 - Juntas soldadas aceitas pelo código ASME para uniões casco/casco ou casco/calotas.

MATA JUNTA

MATA JUNTA
JUNTA DE TOPO COM PENETRAÇÃO
JUNTA DE TOPO COM PENETRAÇÃO
TOTAL SEM MATA JUNTA
TOTAL E MATA JUNTA . JUNTA DE TOPO COM PENETRAÇÃO
TOTAL COM MATA JUNTA . E BOCAL
PENETRANTE.

JUNTA DE TOPO COM PENETRAÇÃO JUNTA DE TOPO COM PENETRAÇÃO JUNTA DE TOPO COM PENETRAÇÃO
TOTAL E BOCAL PENETRANTE. TOTAL E BOCAL PENETRANTE. TOTAL, BOCAL PENETRANTE E
CHAPA DE REFOR O EXTERNA.

FIGURA 27 - Juntas soldadas aceitas pelo código ASME para a atracação de bocais.

CATEGO GRAU DO EXAME


TIPO DE JUNTA LIMITAÇÕES RIA DE RADIOGRÁFICO
JUNTA
53
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
CATEGO GRAU DO EXAME
TIPO DE JUNTA LIMITAÇÕES RIA DE RADIOGRÁFICO
JUNTA
Juntas de topo, soldada por TOTAL SPOT SEM
ambos os lados ou soldada por
um lado com qualidade similar a Nenhuma A,B,C, e 1,00 0,85 0,70
primeira, sem mata junta que D
permaneça após a soldagem.
Juntas de topo soldada por um
lado, sem mata junta que Nenhuma A, B, C e 0,90 0,80 0,65
permaneça após soldagem, que D
não esteja
Juntas incluída
de topo acima
soldada por um Aplicável somente para juntas circunferênciais
lado, com mata junta que com espessura até 15,8 mm e quando o A, B e C NA NA 0,60
permaneça após soldagem diâmetro externo for menor do que 24
polegadas.
Junta sobreposta soldada de Junta longitudinal com espessura até 9,5 mm A
ambos os lados. Juntas circunferênciais com espessura até 15,8 BeC NA NA 0,55
mm
Junta sobreposta, com solda Juntas circunferênciais de união casco/calota,
simples e solda tipo plug onde o diâmetro externo da calota não seja B
superior a 24 polegadas e espessura do casco
até 12,7 mm
Junta circunferêncial para atracação de camisa NA NA 0,50
no casco, quando a espessura da camisa não C
ultrapassar a 15,8 mm e a distância entre os
plugs de solda, não ultrapasse 1.1/2 vezes o
diâmetro do plug de solda
Junta sobreposta, com solda Atracação de calotas em casco, onde a
simples, sem solda tipo plug espessura
a 15,8 mm.requerida do filete, não seja superior AeB NA NA 0,45
Atracação de calotas em casco com diâmetro
menor do que 24 polegadas e espessura
requerida do filete até 6,3 mm

TABELA 16 - Resumo simplificado da tabela UW-12 do código ASME.

9.3 CATEGORIA DE JUNTA

O termo CATEGORIA DE JUNTA é usado pelo código ASME para agrupar as soldas de um vaso de
pressão que estarão sujeitas a níveis de tensões similares, quando em operação, levando em
consideração apenas a localização da junta (figura 28 ). Deve ser ressaltado, que juntas de mesma
categoria podem ser de tipos diferentes, bem como ter requisitos de radiografia diferentes, pois estas
variáveis depende mais de outros fatores do que da localização da junta no vaso.

OBS.: O parágrafo UW-2 da seção VIII do código ASME usa uma correlação especial entre
categoria de junta, tipo de junta e grau de inspeção nos seguintes casos:
a)Vasos que operam com substâncias letais;
b)Vasos que operam com temperaturas abaixo de -30º C;
c)Caldeiras não sujeitas a chama, com pressão de projeto acima de 345 KPa;
d)Vasos sujeitos ao fogo direto.

54
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
C C
A A
B C B
D
B
C
D
A D
D

A
B A A B
C B
A

FIGURA 28 - Categorias de junta, conforme o código ASME.

Analisando a figura 28 podemos fazer uma correlação entre tipo e categoria de juntas soldadas num
vaso de pressão, como mostra a tabela 17.

CATEGORIA RESISTÊNCIA
DE JUNTA TIPO DE JUNTA MECÂNICA
DESEJADA
1.TODAS AS LONGITUDINAIS MAIOR
A 2.TODAS DAS ESFERAS
3.CIRCUNFERÊNCIAIS CASCO/CALOTAS
QUANDO ANTES DA LINHA DE TANGÊNCIA
1. CIRCUNFERENCIAIS DA PARTE CILINDRICA
B 2. CIRCUNFERENCIAIS CASCO/CALOTAS APÓS
A LINHA DE TANGÊNCIA
C CIRCUNFERÊNCIAIS BOCAIS/FLANGES
D UNIÃO CASCO/BOCAL MENOR

TABELA 17 - Correlação entre categoria de junta e tipo de junta, conforme o código ASME.

O agrupamento de tipos de junta e seu correlação com a categoria de junta feito pelo código visa o
seguinte:

- Agrupar juntas com exigências de tensão similares quando o vaso estiver em operação;
- Generalizar exigências cujo estado de tensões tenham influência;
- Definir exigências mínimas por grupos de juntas;
- Definir uma eficiência de junta mínima, em função da extensão de solda radiografada.

9.4. REQUISITOS DE RADIOGRAFIA DE UMA JUNTA SOLDADA


55
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
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Levando em consideração a categoria de junta, tipo de junta, produto a ser armazenado e as condições
de projeto do vaso, o parágrafo UW-11 do código ASME defini os requisitos mínimos de radiografia
para uma junta soldada de um vaso novo, que deve ser satisfeito antes que o vaso entre em operação. A
tabela 18 faz um resumo desses requisítos mínimos.

GRAU DE EXTENSÃO CRITÉRIO DE


RADIOGRA- DA JUNTA A TIPO DE ACEITAÇÃO
FIA SER JUNTA DA USO OBRIGATÓRIO EM
RADIOGRA- SOLDADA RADIOGRA-
FADA FIA
1.ARMAZENAMENTO DE
SUBSTÂNCIAS LETAIS
2.QUANDO EXIGIDO PELA
TOTAL TODA A TOPO UW-51 TAB.UCS-5711
JUNTA 3.PRESSÃO DE PROJETO ACIMA
DE 345 Kpa
4.QUANDO EXIGIDO PELA TAB.
UW-12 (tabela 16)
150 mm + AS 1.JUNTAS DE CATEGORIA B,C e D
INTERSEC- 2.BOCAIS COM DIÂMETRO
PARCIAL ÇÕES COM TOPO UW-51 ACIMA DE 10 mm OU
JUNTAS DE ESPESSURA ACIMA DE 20 mm
CATEGORIA
A
POR TOPO E
AMOSTRA- UW-52 ÂNGULO UW-52 QUANDO EXIGIDO PELA
GEM TAB.UW-12 (tabela 16).

TABELA 18 - Requisitos de radiografia para vasos de pressão, conforme código ASME.

9.5. RESISTÊNCIA MECÂNICA DE UMA JUNTA SOLDADA

Com base no exposto nos intens anteriores podemos concluir que a resistência mecânica de uma junta
soldada num vaso de pressão depende, basicamente, dos seguintes fatores:

* TIPO DE CHANFRO

Os ítens que mais interferem na definição do tipo de chanfro a ser empregado numa junta soldada são:
- ACESSO AO LOCAL PARA A EXECUÇÃO DA SOLDA;
- PROCESSO DE SOLDAGEM MAIS ADEQUADO;
- ESPESSURA DA JUNTA;
- PENETRAÇÃO DESEJADA (total ou parcial).

* CARACTERÍSTICAS DO CONSUMÍVEL

11
A tabela UCS-57 do código ASME está reproduzida na tabela 19 deste trabalho.
56
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Lembrando que uma junta soldada deve ser o mais homogênea possível ao metal base, pode-se dizer
que os fatores que melhor caracterizam a escolha de um consumível são:
- Composição química;
- Resistência mecânica desejada.

* EFICIÊNCIA DE JUNTA

A eficiência de uma junta soldada fica definida basicamente por:


- Procedimento de soldagem utilizado;
- Extensão do exame radiográfico.

* NÍVEL DE TENSÕES NUMA JUNTA SOLDADA

Toda junta soldada está sujeita a um estado de tensões que pode ser considerado como a soma das
tensões introduzidas pelo processo e váriáveis de soldagem utilizados, peso próprio, carga do vento e
condições operacionais. Considerando que, com exceção desta última sitada, as demais tensões são
aproximadamente iguais em todas as juntas soldadas, podemos concluir que as soldas mais solicitadas
serão as longitudinais, pois quando o vaso estiver pressurizado as tensões circunferenciais serão
aproximadamente o dobro das longitudinais, como mostra a figura 29.

σLONG..
P

σCIRC. σCIRC. σLONG ≈ ½ σCIRC.

σLONG..

FIGURA 29 - Estado de tensões num cilindro pressurizado.

Numa esfera esse fato não ocorre, pois nesse caso as tensões longitudinais e circunferenciais
serão iguais e as juntas soldadas estarão solicitadas igualmente, com tensões da ordem das tensões
circunferenciais que atuam num cilindro pressurizado (figura 30).

57
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
σLONG..

P σCIRC. σCIRC. σLONG ≈ σCIRC.

σLONG..

OBS. AS TENSÕES CIRCUNFERENCIAIS E LONGITUDINAIS DE UMA


ESFERA SÃO AS TENSÕES CIRCUNFERENCIAIS DE UM

CILINDRO.

FIGURA 30 - Estado de tensões numa esfera pressurizada.

Essas constatações nos levam a melhor entender ao agrupamento de juntas soldadas que o ASME
utiliza quando define as juntas de mesma categoria e as exigências de radiografia, além de alertar o
inspetor quanto a possibilidade de defeitos em soldas que são mais solicitadas.

NÚMERO P DE NÚMERO DO GRUPO ESPESSURA NOMINAL


CLASSIFICAÇÃO DE CLASSIFICAÇÃO ACIMA DA QUAL É EXIGIDO
DO MATERIAL DO MATERIAL RADIOGRAFIA TOTAL DA
JUNTA SOLDADA ( mm )
1 1,2 e 3 31,7
3 1,2 e 3 19
4 1e2 15,8
5 1e2 0
9A 1 15,8
9B 1 15,8
10A 1 19
10B 2 15,8
10C 1 15,8
10F 6 19

TABELA 19 - Exigências de radiografia total, conforme o parágrafo UCS-57 do código ASME.

58
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
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ANEXOS

VALORES DE ESPESSURAS MÍNIMAS CONFORME ASME


SEÇÃO VIII
1. DIVISÃO 1 - UG.22
59
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 VASOS DE ALTA RESISTÊNCIA (PARTE UHT): 6,4 MM.
 VASOS P/ ÁGUA, AR COMPRIMIDO, VAPOR: 2,4 MM.
 VASOS EM GERAL, NÃO INCLUÍDOS ACIMA: 1,6 MM.

2. DIVISÃO 2
 VASOS EM AÇO CARBONO OU BAIXA LIGA: 6,4 MM.
 VASOS EM AÇO INOX. OU NÃO FERROSOS: 3,2 MM.

EMENDA PARA TAMPOS


DISPOSIÇÕES DOS CORDÕES DE SOLDA RECOMENDADAS PARA
EVITAR CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES NA REGIÃO DE MAIOR
CONFORMAÇÃO DO TAMPO

R R

0,75 R 0,75 R

SOLDA
SOLDAS

TAMPO COM DUAS CHAPAS TAMPO COM TRÊS CHAPAS

A(S) SOLDA(S) NÃO PODEM FICAR INTEIRAMENTE FORA DO CÍRCULO INTERNO

R
TAMPO EM GOMOS
FEITO POR PRENSAGEM

MÍN. 0,2 R
ESPESSURAS DE TAMPOS CONFORME ASME UG-32 E AP. 1

1. TAMPO ELÍPTICO

60
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P. D. K 2.S. E. t
t= ou P=
2.S. E − 0,2. P D. K + 0,2. t

2
1 ⎡ D ⎤
ONDE: K = . ⎢ 2 + ⎛⎜ ⎞⎟ ⎥
6 ⎢⎣ ⎝ 2. h ⎠ ⎥⎦

2. TAMPO TORIESFÉRICO

P. L. M 2. S. E. t
t= ou P=
2. S. E − 0,2. P L. M + 0,2. t

1 ⎛ L⎞
ONDE: M = .⎜ 3 + ⎟
4 ⎝ r⎠

3. TAMPO CÔNICO

P. R t.S. E.cos α
t = COS.α (S. E - 0,6. P) OU P = R + 0,6. t.cos α

4. TAMPO ESFÉRICO

P.R 2.S. E. t
t= ou P=
2SE − 0,2.P R + 0,2. t

PMTA DO VASO CONFORME ASME


1. CÁLCULO DA PMTA DO VASO (CONDIÇÃO CORROÍDO E
QUENTE)

61
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
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1.1. CADA PARTE DO VASO TEM SUA PMTA - PRESSÃO MÁXIMA DE
TRABALHO ADMISSÍVEL
1.2. A PMTA DEVE SER CALCULADO COM A FÓRMULA DO CÓDIGO DE
CONSTRUÇÃO, CONSIDERANDO O VASO NA CONDIÇÃO CORROÍDA E
A INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA TENSÃO ADMISSÍVEL DO
MATERIAL
1.3. QUANDO APLICÁVEL, A PRESSÃO DE COLUNA DE LÍQUIDO NA
CONDIÇÃO DE OPERAÇÃO DO VASO DEVERÁ SER CONSIDERADA NA
PMTA DO VASO
1.4. A PMTA DO VASO SERÁ A MENOR DAS PMTA DE TODAS AS PARTES
DO VASO - ( CURVA GH NA FIGURA ABAIXO - Pma)

2. OBTENÇÃO DA PMTA DO VASO ATRAVÉS DO GRÁFICO ACIMA


2.1 CURVA AB: VARIAÇÃO DA PRESSÃO DEVIDO A COLUNA DE LÍQUIDO
2.2 CURVA CD: VARIAÇÃO DA PRESSÃO DEVIDO A PRESSÃO DE
OPERAÇÃO + COLUNA DE LÍQUIDO
2.3 CURVA EF: PMTA DE CADA PARTE DO VASO
2.4E CURVA
EF COMGH: PMTA DO VASO -PARALELO
O DESLOCAMENTO PONTO DE DA
INTERSEÇÃO
CURVA CDDAS
ATÉCURVAS
TOCAR ACD
CURVA EF PMTA DO VASO CONFORME ASME
PRESSÃO DE TESTE HIDROSTÁTICO DO VASO CONFORME
ASME PARTE UG-99 (PT)
1. CÁLCULO DA “PT” DO VASO (CONDIÇÃO CORROÍDO E QUENTE)
62
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
1.1. DETERMINAR A “PMTA” DE CADA PARTE DO VASO
1.2. DETERMINAR A “PT” PARA CADA PARTE DO VASO
1.3. QUANDO APLICÁVEL, A PRESSÃO DE COLUNA DE LÍQUIDO NA
CONDIÇÃO DE OPERAÇÃO DO VASO DEVERÁ SER CONSIDERADA NA
“PT” DO VASO
1.4. A PT DO VASO SERÁ A MENOR DAS PMTA DE TODAS AS PARTES DO
VASO - (CURVA LM DA FIGURA ABAIXO)

2. OBTENÇÃO DA PT DO VASO ATRAVÉS DO GRÁFICO ACIMA


2.1 CURVA AB: VARIAÇÃO DA PRESSÃO DEVIDO A COLUNA DE LÍQUIDO
2.2 CURVA CD: VARIAÇÃO DA PRESSÃO DEVIDO A PRESSÃO DE
OPERAÇÃO + COLUNA DE LÍQUIDO
2.3 CURVA EF: PMTA DE CADA PARTE DO VASO
2.4 CURVA GH: PMTA DO VASO - PONTO DE INTERSEÇÃO DAS CURVAS CD
E EF COM O DESLOCAMENTO PARALELO DA CURVA CD ATÉ TOCAR A
CURVA EF
2.5 CURVA JK: PT DE CADA PARTE DO VASO (PT = 1,5. PMTA)
2.6DESLOCAMENTO
CURVA LM: PT DO VASO - PONTO DE INTERSEÇÃO DAS CURVAS AB E JK COM O
PARALELO DA CURVA AB ATÉ TOCAR A CURVA JK

REFORÇO EM ABERTURAS
1. EXIGÊNCIAS DO CÓDIGO ASME PARTE UG-36

63
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
A INSTALAÇÃO DE REFORÇO EM BOCAIS É OBRIGATÓRIO
QUANDO O DIÂMETRO DA ABERTURA FOR MAIOR OU IGUAL A
3.1/2” E A ESPESSURA DO VASO NA REGIÃO INFERIOR OU IGUAL
A 10 MM.
2. CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS
2.1. REFORÇO CONCENTRA TENSÕES PORQUE IMPEDE A
DEFORMAÇÃO
2.2. REFORÇO DODO
MAIOR VASO
QUEQUANDO ESTE É AUMENTA
O NECESSÁRIO PRESSURIZADO
A
CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES
2.3. O REFORÇO VISA RECOMPOR A RESISTÊNCIA DA PAREDE DO
VASO DEVIDO À ABERTURA
2.4. QUANTO MAIS PRÓXIMO O REFORÇO ESTIVER DA BORDA DA
ABERTURA E QUANTO MAIS SIMÉTRICO EM RELAÇÃO A
ABERTURA MENOR SERÁ O AUMENTO DE TENSÕES E
MELHOR SERÁ A DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES NA REGIÃO DO
BOCAL.
2.5. TIPOS DE REFORÇO ACEITOS PELO ASME FIGURA UW-16

0,7 em 0,7 em
½ em

REFORÇO COM ANEL DE REFORÇO REFORÇO COM ANEL MAIS


ESPESSO NO CASCO DO VASO
0,7 em
REFORÇO COM PESCOÇO
MAIS ESPESSO

OBS. em = menor espessura da junta soldada

TENSÃO ADMISSÍVEL X CÓDIGOS DE CONSTRUÇÃO


1. CÓDIGO ASME SEÇÃO VIII DIV. 1

64
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
1.1. ATÉ 370o C: O MENOR ENTRE: L.R / 4 OU L.E / 1,5

1.2. ACIMA DE 370o C: O MENOR ENTRE OS VALORES ACIMA E


TENSÃO QUE PROVOCA 1% DE DEFORMAÇÃO EM 100.000 HORAS

2. CÓDIGO ASME SEÇÃO VIII DIV. 2


o
2.1 ATÉ 370 C: O MENOR ENTRE: L.R / 3 OU L.E / 1,5
2.2. ACIMA DE 370o C: O MENOR ENTRE OS VALORES ACIMA E
TENSÃO QUE PROVOCA 1% DE DEFORMAÇÃO EM 100.000 HORAS

3. CÓDIGO B.S. 5500

3.1. ATÉ 370o C:


- AÇOS FERRÍTICOS: O MENOR ENTRE: L.R / 2,35 OU L.E / 1,5
- AÇOS AUSTENÍTICOS: O MENOR ENTRE: L.R / 2,5 OU L.E / 1,5

3.2. ACIMA DE 370o C: O MENOR ENTRE OS VALORES ACIMA E


(TENSÃO DE RUPTURA POR FLUÊNCIA EM 100.000 HORAS) / 1,3
4. CÓDIGO ALEMÃO - A.D. MERKLATT

4.1. ATÉ 370o C: L.E / 1,5

4.2. ACIMA DE 370o C: O MENOR ENTRE O VALOR ACIMA E :


- TENSÃO QUE PROVOCA 1% εEM 100.000 HORAS, E
- (TENSÃO DE RUPTURA POR FLUÊNCIA EM 100.000 HORAS) / 1,5

65
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 1
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
1. INSPEÇÃO DE FABRICAÇÃO

1.1. INTRODUÇÃO

Para possibilitar o atendimento dos requisitos aos códigos de construção é necessário a preparação de
uma mão de obra especializada, com condições de exercer as funções de fiscalização dos
procedimentos de fabricação e garantir a qualidade do produto.

Os novos conceitos guiados pelas técnicas da garantia da qualidade fazem com que essa mão de obra
assuma uma importância vital para a sobrevivência de qualquer industria.

Incentivado pelos códigos de construção, que especificam exigências relativas a fabricação e


montagem, muitos fabricantes também executam a montagem de seus produtos nas dependências do
cliente, seguindo a conhecida expressão ″ do poço ao posto ″, de maneira a garantir seu produto e a
satisfação do cliente. Outros preferem passar a outra empresa especializada a etapa de montagem de
seu produto nas dependências do cliente, num trabalho de parceria, sendo que ambos passam a ser
responsáveis pelo produto entregue.

A etapa de montagem do produto, nas dependências do cliente, deve ser considerada como uma
extensão da fabricação, a menos dos equipamentos que saem da fábrica prontos e testados
definitivamente. Nesses casos, a montagem no cliente fica resumida as exigências de transporte,
confecção de base adequada e içamento de carga.

A palavra montagem aqui aplicada refere-se apenas ao equipamento produzido e não a montagem de
unidades, onde outros códigos de construção específicos são aplicados, como os códigos ANSI, API,
etc. Portanto, quando se fala em inspeção de montagem deve se ter cuidado em não confundir
conceitos.
pressão nasAdependências
inspeção de montagem
do cliente,tratada nesse
cujos os curso, refere-se
requisitos apenas a instalação
a serem atendidos de um vasonos
são os especificados de
códigos de construção dos vasos de pressão.

Os técnicos treinados para executar as atividades descritas acima são chamados de INSPETORES.
Dependendo das características e tamanho da empresa, os inspetores dividem algumas das tarefas
descritas com os supervisores de fabricação e montagem, ficando com os inspetores apenas a função
de garantir a qualidade do produto.

Com a finalidade de auditar a qualidade do equipamento que será fabricado, são realizadas inspeções
periodicamente pelo cliente, ou pessoa por ele abilitada, nas instalações da empresa contratada para o
fornecimento do equipamento. Estas inspeções devem ser executadas desde a fase de projeto até a
liberação do equipamento, verificando-se todos os passos que constituem a fabricação de um vaso de
pressão.

Além da inspeção feita pelo cliente, o fabricante deve ter um plano de acompanhamento da fabricação,
de maneira a garantir a qualidade do seu produto, bem como, a rastreabilidade dos materiais
empregados na fabricação. Este plano de inspeção deve ser previamente aprovado pelo cliente, e
contem, no mínimo as seguintes informações: todas as etapas da fabricação, os procedimento que
serão utilizados, o executante de cada tarefa e os chamados PONTOS DE ESPERA, pontos em que o
processo de fabricação não pode prosseguir sem que as etapas anteriores sejam aprovadas pelo cliente
ou fabricante, conforme estipulado na aprovação do plano.

1
CURSO : INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOSO DE PRESSÃO - PARTE 2
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
1.2. FASES
Considerando as características da inspeção a ser realizada e o conhecimento que o inspetor deve ter a
inspeção de fabricação pode ser dividida em três fases, como descrito a seguir:

1a FASE: NESSA FASE O PROJETO ESTÁ CONCLUÍDO E O FABRICANTE ESTÁ SE


PREPARANDO PARA INICIAR A FABRICAÇÃO.
As principais atribuições do inspetor nessa fase são :
- Verificar se todos os desenhos de fabricação estão aprovados pelo cliente;
- Verificar a conformidade da matéria prima e consumíveis a serem utilizados, com seus respectivos
certificados de composição química e propriedades mecânicas;
- Aprovar os planos de fabricação e inspeção apresentaos pelo fabricante, definindo os pontos de
espera.
- Aprovar, certificar ou verificar a adequabilidade da qualificação dos procedimentos de soldagem,
execução e exames não destrutivos a serem empregados;
- Aprovar, certificar ou verificar a qualificação da mão de obra a ser usada para a soldagem,
montagem, inspeção e exames não destrutivos previstos no plano de fabricação aprovado.

⇒ Essa fase exige do inspetor um bom conhecimento dos códigos de construção e exames destrutivos
mais usuais como: tração, dobramento, charpy, etc.

2a FASE: ESSA FASE CARACTERIZA-SE PELAS ATIVIDADES LIGADAS AO


ACOMPANHAMENTO DOS SERVIÇOS DE PRÉ-MONTAGEM E PREPARAÇÃO DE
PARTES ISOLADAMENTE.
As principais atribuições do inspetor são :
- Verificação dimensional das partes a serem conformadas;
- Verificação dimensional da preparação das juntas antes da soldagem;
- Inspeção das juntas soldadas.

⇒ Essa fase exige do inspetor um bom conhecimento dos códigos de construção, exames não
destrutivos e verificações dimensionais.

3a FASE: COM O EQUIPAMENTO PRONTO AS ATIVIDADES DE INSPEÇÃO ESTARÃO


DIRIGIDAS, PARA :
- Verificação de todas as dimensões do equipamento, como : localização de acessórios, ovalizações,
comprimento, etc.;
- Acompanhamento dos testes estruturais e de estanqueidade;
- Verificação de toda a documentação que deve acompanhar o equipamento.

⇒ Essa fase exige do inspetor um bom conhecimento dos códigos de construção, tolerâncias
dimensionais de montagem, testes e análise de documentos.

2
CURSO : INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOSO DE PRESSÃO - PARTE 2
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
1.3. EXIGÊNCIAS DO CÓDIGO ASME
O parágrafo UG-90 da seção VIII do código ASME, relaciona os requisitos mínimos que um
fabricante deve cumprir na fabricação de um vaso de pressão. A seguir esses requisitos aparecem
descritos de maneira resumida.

1. Possuir autorização do comitê ASME para a fabricação de caldeiras e vasos de pressão (selo
ASME).
2. Ter à disposição todos os desenhos e cálculos do vaso.
3. Identificar todos os materiais que serão usados na fabricação do vaso, inclusive os consumíveis.
4. Ter à disposição todos os relatórios e não conformidades geradas durante o projeto e fabricação do
vaso.
5. Permitir acesso ao inspetor do cliente ao local de fabricação do vaso.
6. Comprovar a rastreabilidade da matéria-prima utilizada.
7. Consultar e pedir anuência do cliente quando da execução de reparos.
8. Ter à disposição procedimentos e registros de qualificação dos procedimentos de soldagem
utilizados. ( EPS’s e RQP’s ).
9. Ter à disposição todos os relatórios de inspeção referentes ao vaso.
10. Ter à disposição o registro de qualificação de todos os soldadores.
11. Ter à disposição o registro ou gráfico de todos os tratamentos térmicos realizados, inclusive da
matéria-prima.
12. Ter à disposição o relatório de todos os exames não destrutivos realizados, inclusive na matéria-
prima, quando executado pelo fabricante do vaso.
13. Submeter o vaso a teste hidrostático, na presença do inspetor do cliente.
14. Ter à disposição todas as radiografias das juntas soldadas, que devem fazer parte da documentação
a ser enviada ao cliente junto com o vaso.
O mesmo parágrafo UG-90, também relaciona as atribuições mínimas do inspetor do cliente, que estão
relacionadas a seguir de maneira resumida.

1. Verificar se o certificação de autorização do fabricante está dentro do prazo de validade.


2. Verificar se o fabricante está trabalhando dentro do Sistema de Qualidade aprovado quando da sua
certificação.
3. Verificar a disponibilidade dos desenhos e cálculos do vaso.
4. Verificar se os materiais aplicados atendem aos requisitos especificados pelo projeto.
5. Verificar a qualificação da mão de obra usada para a soldagem e exames não destrutivos.
6. Verificar se todos os tratamentos térmicos exigidos foram executados, inclusive da matéria prima.
7. Verificar se os procedimentos de soldagem e exames não destrutivos estão qualificados e atendem
aos requisitos do código ASME.
8. Verificar se todos os reparos foram executados dentro dos requisitos do código de construção

9. (ASME
Verificar).se todos os exames não destrutivos especificados, foram executados e aprovados.
10. Efeutar inspeção visual do vaso e todos os seus componentes.
11. Acompanhar os testes de aceitação do vaso ( resistência e estanqueidade ).
12. Verificar se o vaso tem placa de identificação e se a mesma está de acordo com os requisitos
mínimos do código.
13. Assinar o certificado de inspeção do vaso.
14. Emitir atestado de liberação do vaso, se todos os itens estiverem conforme.

3
CURSO : INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOSO DE PRESSÃO - PARTE 2
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
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CURSO : INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOSO DE PRESSÃO - PARTE 2
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
1.4. NOMENCLATURA
A Associação Brasileira de Manutenção (ABRAMAN), recomenda que seja adotada as definições
descritas a seguir, para diferenciar os termos certificação e qualificação de mão de obra.

CERTIFICAÇÃO: Atividade executada por entidade autorizada, para determinar, verificar e atestar,
por escrito, a qualificação de profissionais de acordo com requisitos
preestabelecidos.

QUALIFICAÇÃO: Status dado a uma entidade e/ou profissional que tenha demonstrado capacidade
para atender requisitos especificados.

CERTIFICADO: Documento que expressa o testemunho formal de uma qualificação, emitido sob as
regras do sistema de qualificação.

2. INSPEÇÃO DIMENSIONAL EM FABRICAÇÃO

2.1. EXIGÊNCIAS DO CÓDIGO ASME

O parágrafo UG-96 da seção VIII do código ASME, relaciona os requisitos mínimos que devem ser
verificados na inspeção de fabricação de um vaso de pressão. A seguir esses requisitos aparecem
descritos de maneira resumida.

A - VERIFICAÇÕES QUE PODEM SER FEITAS SEM O NIVELAMENTO DO VASO

A.1.
A.2. Esquadrejamento do fechamento
Alinhamento das juntas da virola antes da solda longitudinal.
antes da soldagem.
A.3. Verificação do ângulo e abertura das juntas a serem soldadas.
A.4. Medição dos diâmetros e perímetros das partes cilíndricas e tampos.
A.5. Medida da ovalização das partes cilíndricas.
A.6. Medida das espessuras de todas as partes do vaso e seus acessórios.
A.7. Medida das flechas de arqueamento.
A.8. Traçar as geratrizes do vaso que serviram como referência para a verificação da localização
de todos os bocais e acessórios do vaso.

B - VERIFICAÇÕES QUE SÓ PODEM SER FEITAS APÓS O NIVELAMENTO DO VASO.

B.1. Traçar os eixos dos tampos para servirem como referência da verificação das suas curvaturas.
B.2. Traçar as linhas de tangência nos tampos para servir como referência da distância entre
tangentes.
B.3. Nivelar o vaso sobre roletes de maneira a possibilitar sua rotação mantendo o nivelamento.
(esse nivelamento costuma ser feito com o emprego de mangueira d’água).
B.4. Verificar a orientação e rotação dos bocais.
B.5. Verificar a distância entre bocais.
B.6. Verificar a projeção dos bocais em relação ao lado externo e interno do vaso.
B.7. Verificar a elevação dos bocais em relação a linha de tangência do vaso.

5
CURSO : INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOSO DE PRESSÃO - PARTE 2
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
C - VERIFICAÇÕES A SEREM FEITAS APÓS A MONTAGEM DO VASO NA SUA BASE.

C.1. Verificação do desalinhamento de juntas soldadas no campo.


C.2. Verificação do ângulo e abertura das juntas a serem soldadas.
C.3. Medida dos diâmetros e perímetros das partes cilíndricas.
C.4. Medida da ovalização das partes cilíndricas.
C.5. Verificação da curvatura dos tampos cuja solda de união com a parte cilíndrica tenha sido feita
no campo.
C.6. Verificar se a tolerância dos internos está dentro do especificado pelo projetista.
C.7. Medida da verticalidade, para os vasos verticais.

De todos os itens descritos acima alguns deles precisam ser verificados novamente após um tempo de
operação, pois as variações estruturais e de processo inerentes a sucessivas campanhas podem
modificá-los de maneira a reduzir a estabilidade e/ou a resistência mecânica projetada para o vaso.
Esses itens estão descritos a seguir :

- Medida da espessura de parede de todas as partes do vaso.


- Verificação dimensional de novas juntas a serem soldadas.
- Medida da ovalização das partes cilíndricas.
- Medida da tolerância, posicionamento e operacionalidade dos internos.
- Medida da verticalidade, para vasos verticais.

OBS. As modificações feitas num vaso devem ser inspecionadas, como um novo equipamento.

A inspeção dimensional pode apresentar motivos para discussão e desentendimentos durante o


acompanhamento do processo
dimensões encontradas de fabricação
se afastam de um nos
das previstas vaso desenhos
de pressão.deIsto pode acontecer
fabricação. Nesta quando
ocasião asé
importante que estejam estabelecidas com precisão e clareza as tolerâncias dimensionais. A simples
referência as normas, nem sempre é satisfatório ou suficiente, pois dependendo do equipamento:

- Existem várias normas a serem obedecidas simultaneamente: ASME (AMERICAN SOCIETY


MECHANICAL ENGINEERS), ASTM (AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND
MATERIALS), USA Standar (UNITED STATES OF AMERICAN STANDAR), TEMA
(TUBULAR EXCHANGER MANUFACTURES ASSOCIATION) etc.

- Em algumas destas normas as tolerâncias estão apresentadas de maneira dispersa e pouca objetiva.

A figura 1, tirada da norma Petrobrás N-269 reúne as principais tolerâncias de montagem em vasos de
pressão contidas nas normas citadas acima, bem como inclui algumas tolerâncias, que não constam
como obrigatórias no código ASME, mas a empresa considera importante devido as particularidades
das industrias de caldeiraria nacionais.

6
CURSO : INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOSO DE PRESSÃO - PARTE 2
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
LEGENDA DA FIGURA 1:

1. VERTICALIDADE: Desvio máximo permitido = 1mm/ metro, mas no máximo 20 mm.


2. CET = ± 0,5 mm/ 300mm de comprimento, mas no máximo 12 mm.
3. Altura do vertedor = ± 3 mm.
4. Máximo desvio entre bandeja e vertedor: (φ = diâmetro interno do vaso)
a) φ 〈1200 mm = 3 mm.
b) 1200 〈 φ 〈 2800 mm = 5 mm
c) φ 〉 2800 mm = 7 mm
5. Desnivelamento máximo do topo do anel suporte da bandeja = 1 mm
6. Distância entre anéis consecutivos de suportes de bandejas = ± 3 mm
7. Distância do vertedor à bandeja = ± 3mm
8. Elevação do anel suporte da bandeja acima da linha de tangência = ± 6 mm
9. Altura total = ± 0,5 mm/ 300 mm de comprimento, mas no máximo, 20 mm
10. Folga máxima entre os diâmetros interno do flange e o externo do pescoço do bocal:
a)diâmetro nominal até 1200 mm = 4 mm;
b)diâmetro nominal de 1201 a 1800 mm = 6 mm;
c)diâmetro nominal de 1801 em diante = 8 mm.
11. Projeção dos bocais em relação ao eixo do bocal = ± ½ °
12. Perpendicularidade da face dos flanges em relação ao eixo do bocal = ± ½ °
13. Projeção das bocas de visita e acesso manual em relação ao lado externo do casco = ± 6 mm
14. Perpendicularidade da face dos flanges das bocas de visita em relação ao eixo da boca = ± 1°
15. Locação das linhas de centro de :

a) bocas
b) bocaisde visita
não e bocais
citados acimapróximos
= ± 6 mma acessórios internos = ± 3 mm;
16. Locação das linhas de centro de bocais em relação a linha de tangência = ± 12 mm
17. Anéis de reforço do casco e/ou suportes de isolamento = ± 4 mm
18. Linha de tangência as sapatas = + 6 mm e - 0
19. Ovalização = conforme ASME (vêr ítem 2.2.2 a seguir )
20. Perímetros de 9 a 24 mm dependendo do diâmetro.
21. Folga entre casco e saia, antes da soldagem = + 3 mm

7
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Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
LC
1

LINHA DE TANGÊNCIA

LINHA DE

3
4

15
5

6
7
2
9 11
6
12

LC 17
14
15

LC
16 19 e 20
18
LINHA DE TANGÊNCIA
21
LINHA DE SOLDA

PLANO DE
REFERÊNCIA

Figura 1 - Algumas tolerâncias de montagem para vasos de pressão.

8
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Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
2.2. PRINCIPAIS MEDIDAS DIMENSIONAIS

2.2.1. VERIFICAÇÃO DIMENSIONAL DE NOVAS JUNTAS SOLDADAS

a. Antes da soldagem: abertura: tolerância = - 1,5 mm em relação à dimensão especificada. ângulo


do chanfro: tolerância = ± 2° 30’.

b. Após a soldagem: desalinhamento: tolerância = devem seguir as mesmas tolerâncias de um


equipamento novo como mostrado na tabela 1.

d
e

SOLDA

DESALINHAMENTO MÁXIMO DE JUNTAS SOLDADAS ( d ) EM mm


ESPESSURA NOMINAL (e) JUNTA SOLDADA
EM mm LONGITUDINAL CIRCUNFERÊNCIAL
até 13 0,25 e 0,25 e
13 a 19 3,0 0,25 e

19
30 aa 38
50 3,0
3,0 4,8 e
0,125
acima da 50 menor valor entre 9,5 e menor valor entre 19 e
0,06 e 0,125 e

OBS. 1. e = espessura nominal da chapa mais fina da junta soldada.


2. Juntas em esferas ou calotas, casco cilíndrico e calotas deverão atender aos requisitos da
tabela acima, como se fossem juntas longitudinais em casco cilíndricos.
3.Qualquer desalinhamento que ultrapasse as tolerâncias da tabela acima poderá ser corrigido
por esmerilhamento ou enchimento com solda.

2.2.2. MEDIDA DA OVALIZAÇÃO DAS PARTES CILÍNDRICAS DE UM VASO

O método de medição a ser empregado, bem como as tolerâncias de ovalização das partes cilíndricas
estão descritas no parágrafo UG-80 da seção VIII do código ASME.
a. Vasos submetidos a pressão interna.

Medição: A medição deve ser feita com uma régua de maneira a se determinar os diâmetros máximo e
mínimo do vaso numa mesma cota, fazendo-se no mínimo três medições. A medição deve
ser feita pelo lado interno do vaso.(figura 2).

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Tolerâncias: A diferença entre o maior e o menor valores, do diâmetro interno, medidos de qualquer
parte do vaso não deverá ser superior a 1% do diâmetro interno de projeto. (figura2).

OBS. Quando a seção transversal passar por uma abertura admite-se um aumento, em relação ao
valor anterior, de 2% do diâmetro da abertura.

OVALIZAÇÃO

DMAX

DMÍN

MEDIDA DA OVALIZAÇÃO = DMÁX - DMÍN

FIGURA 2- Medida da ovalização em vasos submetidos a pressão interna.

b. Vasos submetidos à pressão externa.

Pequenas ovalizações poderão ser críticas em vasos que operam sujeitos à pressão externa. Por isso as
tolerâncias nesses casos são mais severas.
- Quanto a pressão interna : vale o descrito para os vaso submetidos somente a pressão interna.
- Quanto a pressão externa : é necessária a seguinte medida adicional:

Medição: Deve ser construído um gabarito de medição, com a curvatura da parte do vaso a ser medida
e um corda igual a duas vezes o comprimento de arco tirado da figura UG-29.2 do código
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ASME. (figura 3). Com esse gabarito deve-se medir a folga entre o gabarito e o casco do
vaso, como mostra a figura 4.

Tolerâncias: A folga medida da maneira descrita acima não deve exceder ao valor tirado da figura
UG 80.1 do código ASME. (figura 4).

FIGURA 3 - Valor máximo do arco na construção de gabarito para medida da ovalização em vasos
submetidos a pressão externa.( figura UG-29.2 do ASME ).

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AMASSAMENTO
GABARITO

ESPESSURA

GABARITO MEDIDA DA
FOLGA (FIG.5)

RAIO EXTERNO DO
VASO

2 x ARC
(FIG.3)

CONSTRUÇÃO DO GABARITO,
EM GERAL, EM MADEIRA

FIGURA 4 - Medida da ovalização em vasos submetidos a pressão externa.

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FIGURA 5 - Máxima folga admitida na medida da ovalização de vasos submetidos a pressão externa. (
figura UG-80.1 do ASME ).

EXEMPLO 1: Qual será a ovalização máxima para um vaso de pressão, construindo pela
divisão 1, da seção VIII do código ASME ? Características do vaso:

diâmetro externo = 2,4 m


espessura nominal = 20 mm
L = 5,0 m
Vaso sujeito a pressão interna de 20 Kgf/cm2.
Vaso sem anel de reforço.

RESOLUÇÃO
1. Cálculo do diâmetro interno do vaso (Di)

Di = De - 2.en ⇒ Di = 2400 - 2.20 ⇒ Di = 2360 mm.

2. Cálculo da ovalização máxima admissível.

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DIF. (DMAX - DMIN) medidos na mesma elevação deverá ser de no máximo = Di x 0,01 =
23,6mm.
EXEMPLO 2: Qual a máxima ovalização admissível num vaso construído conforme a divisão 1 da
seção VIII do código ASME ? Características do vaso:

diâmetro externo = 2,4 m


espessura nominal = 20 mm
L = 5,0 m
Vaso sujeito a vácuo.
Vaso sem anel de reforço.

RESOLUÇÃO

1. A mesma limitação do exemplo anterior.

2. Desvio máximo admissível.

2.1. Cálculo do gabarito a ser usado.

- Da figura 3 com: DEXT/ESP = 2.400 / 20 = 120 e L / DEXT = 5.000/2.400 = 2,1 teremos:


A = 0,18 DEXT ou A = 432 mm.

- Da figura5 com: DEXT / ESP = 120 e L / DEXT = 2,1 teremos: E = 0,62 x (ESP) ou
E= 12,4 mm. FOLGA MÁXIMA ADMISSÍVEL

2.2.3. MEDIDA DA CURVATURA DE TAMPOS

O parágrafo UG-81 do código ASME descreve como e quais as tolerâncias máximas admissíveis para
tampos, como mostrado de maneira resumida a seguir.

a) A superfície interna de uma calota torisférica, torocônica, hemisférica ou elíptica não deve desviar
de seu formato mais do que 1,25% D, medidos pelo lado INTERNO, nem 0,625% D, medido pelo
lado EXTERNO, onde D é o diâmetro nominal do vaso no ponto de encontro casco/calota. O desvio
deve ser medido perpendicularmente ao formato da calota.( figura 6).

b) Calotas hemisférias ou uma parte esférica de um torosférico ou elíptico projetada para pressão
externa, além de satisfazer o item acima, está sujeito as tolerâncias especificadas para esferas no
parágrafo UG-80 b) usando o valor de 0,5 para a relação L / DEXT.

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GABARITO PARA
MEDIR PELO LADO
INTERNO E ≤ 0,0125 Di
Di

OBS.
Di = diâmetro interno.
De = diâmetro externo. E 〈 0,00625 De
E = folga medida. De

GABARITO PARA MEDIR


PELO LADO EXTERNO

FIGURA 10 - Verificação da curvatura de tampos.

2.2.4. VERTICALIDADE

a) Para colunas de esferas: como especificado no projeto; caso não haja, adotar o seguinte:
3 mm x [comprimento da coluna, em metros / 3 ] , mas nunca maior do que 10 mm.

b) Para os demais vasos:

b.1. Desvio máximo permitido da perpendicular ao plano de referência é de 1 mm por metro e no


máximo 20 mm.

b.2. Desvio máximo permitido entre soldas horizontais adjacentes de ± 3 mm.

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3. CRITÉRIOS DE ACEITAÇÃO DOS EXAMES NÃO DESTRUTIVOS

3.1. INTRODUÇÃO
São considerados exames não destrutivos todo exame que realizado sobre peças semi-acabadas não
prejudicam nem interferem com o uso futuro da mesma.
A principal utilização dos exames não destrutivos (END), em vasos de pressão, é na garantia da
qualidade de solda. Por isso, os critérios de aceitação descritos a seguir referem-se a juntas soldadas de
vasos de pressão, construídos conforme os requisitos do código ASME.

3.2. CRITÉRIOS DE ACEITAÇÃO


3.2.1. Inspeção Visual
A inspeção visual é uma técnica subjetiva executada com uso da visão auxiliada ou não por
instrumentos ópticos.

É o exame não destrutivo mais empregado por ser simples, fácil de aplicar, rápido e de baixo custo.

A inspeção visual é indispensável como complementação de qualquer exame não destrutivo.

A inspeção visual deve ser feita como prescrito na norma Petrobrás N-1597. O código ASME não
considera a inspeção visual como um exame não destrutivo.

Os critérios de aceitação devem ser os mesmos utilizados para os exames de líquido penetrante ou
partículas magnéticas.
Na inspeção de equipamentos é o exame não destrutivos mais usual é indispensável em qualquer
situação ou material.

3.2.2. Líquido Penetrante


O líquido penetrante é um exame que permite detectar descontinuidades e defeitos que afloram à
superfície. Sua maior aplicação é nos materiais não magnéticos ou em materiais magnéticos, nos locais
de difícil acesso, onde o exame com partículas não pode ser utilizado.

O exame com líquido penetrante deve ser efetuado de acordo com o apêndice 8, quando o vaso é
projetado pela divisão 1, ou artigo 9-2 quando for usada a divisão 2, da seção VIII do ASME.

No critério de aceitação para Exame de Líquido Penetrante em Vasos de Pressão descrito no apêndice
8 da divisão 1, seção VIII do código ASME, toda superfície deve estar isenta de:
1. Indicação linear cuja maior dimensão seja maior do que 1,6 mm.
2. Indicação arredondada cuja maior dimensão seja maior do que 4,8 mm.
3. Quatro ou mais indicações arredondadas, cuja maior dimensão seja maior do que 1,6 mm, separadas
de menos do que 1,6 mm de borda a borda.

OBS. 1. Chama-se indicação arredondada a toda indicação na forma circular ou elíptica em que a
razão ( a/b ) seja menor ou igual a 3, onde a e b devem ser medidos como indicado na figura
7.

17
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2. Chama-se indicação alongada a toda indicação em que a razão ( a/b ) seja superior a 3, onde
a e b devem ser medidos como indicado na figura 7.
a
a/b ≤ 3 ⇒ INDICAÇÃO
ARREDONDADA
b
a/b 〉 3 ⇒ INDICAÇÃO
ALONGADA

FIGURA 7 - Medida das dimensões de uma indicação, conforme o código ASME.

3.2.3. Partículas Magnéticas


Partículas magnéticas é um exame não destrutivo aplicado somente aos materiais magnéticos, para a
detecção de descontinuidades e defeitos que afloram a superfície ou próximos da superfície.

O exame com partículas magnéticas deve ser efetuado de acordo com o apêndice 6, quando o vaso é
projetado pela divisão 1, ou pelo artigo 9-1 quando for usada a divisão 2, da seção VIII do ASME.

OBS. Esse critério de aceitação é igual ao descrito acima para líquido penetrante.

3.2.4. Radiográfico
O método radiográfico é um exame não destrutivo que utiliza raios X ou gama para detectar a presença
de descontinuidades e defeitos superficiais ou sub-superficiais em qualquer material metálico. As
maiores restrições para o método radriográfico são: a segurança humana e peças ou partes de
equipamentos de dimensões complicadas.

Todas as juntas soldadas, a serem radiografadas, devem ser examinadas de acordo com o artigo 2 da
seção V do código ASME.

O critério a ser empregado deverá ser como descrito no parágrafo UW-51, para soldas com requisitos
de exame total, ou UW-52 quando o exame for por amostragem, para vasos projetados pela divisão 1.

Nos vasos projetados pela divisão 2 o exame radiográfico deve atender aos requisitos do artigo I-5 da
divisão 2.

Conforme prescrito no parágrafo UW-11 do código ASME, as seguintes juntas soldadas devem ter
radiografia total:

a) Todas as juntas
que quando de topo
inalados, em cascos
misturados ou ou
nãocalotas
com o de
ar, vasos com substâncias
são perigosos letais (gases ou líquidos
para a vida);
b) Todas as juntas de topo em cascos ou calotas de vasos em que a espessura nominal for maior ou
igual a 38 mm; ou excederem os valores da tabela UCS-57.( tabela 2 );
c) Todas as juntas de topo em casco ou calotas de caldeiras não sujeitas a fogo, quando a pressão de
projeto exceder a 3 Kgf/cm2;
d) Todas as juntas de topo de bocais, carretel de comunicação etc., soldados em casco ou calotas de
vasos em que é requerido radiografia total;
e) Conforme requerido na tabela UW 12 (tabela 15 da parte 1)
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OBS.: Os vasos que operam com temperatura inferior a - 29º C estão sujeitos a regras adicionais.

NÚMERO P DE NÚMERO DO GRUPO DE ESPESSURA NOMINAL ACIMA


CLASSIFICAÇÃO DO CLASSIFICAÇÃO DO DA QUAL É EXIGIDO
MATERIAL MATERIAL RADIOGRAFIA TOTAL DA
JUNTA SOLDADA ( mm )
1 1,2 e 3 31,7
3 1,2 e 3 19
4 1e2 15,8
5 1e2 0
9A 1 15,8
9B 1 15,8
10A 1 19
10B 2 15,8
10C 1 15,8
10F 6 19

TABELA 2 - Exigências do código ASME quanto a obrigatoriedade de radiografia total em


juntas soldadas de vasos de pressão.

A tabela 3 mostra a diferença entre radiografia total, parcial e por amostragem (spot radiography).

TIPO DE EXTENSÃO RADIOGRAFADA CRITÉRIO DE


RADIOGRAFIA
TOTAL TODO A JUNTA SOLDADA ACEITAÇÃO
CONFORME UW-51
PARCIAL 150 mm + AS INTERSEÇÕES COM CONFORME UW-51
SOLDAS DE CATEGORIA A
POR PRIMEIROS 15 m DE SOLDA + 1 CONFORME UW-52
AMOSTRAGEM RADIOGRAFIA A CADA 15 m DE
SOLDA

TABELA 3 - Tipos de radiografia, conforme o código ASME.

O critério de aceitação para exame radiográfico de juntas soldadas de vasos de pressão, descrito no
parágrafo UW-51 está resumido a seguir :

Os tipos e dimensões das descontinuidades indicados a seguir são considerados defeitos:

a) Qualquer trinca, falta de fusão ou falta de penetração, independe de suas dimensões.


b) Indicações alongadas com comprimento acima de:
- 6,3 mm para (e) menor do que 19 mm;
- (1/3) x (e) para (e) entre 19 e 57 mm;
- 19 mm para (e) maior do que 57 mm.
onde: (e) = espessura radiografada.
c) Grupo de indicações alongadas alinhadas, onde a soma dos seus comprimentos seja maior do que
a espessura radiografada, medidas numa extensão da radiografia de 12 vezes a espessura

19
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radiografada ,exceto quando a distância entre escória sucessivas seja maior do que 6L, onde L é o
comprimento da maior escória do grupo.
d) Indicações arredondadas que excedem as dimensões da tabela 4.
e) Indicações arredondadas alinhadas cuja soma de seus maiores tamanhos sejam maiores do que a
espessura radiografada, medidas numa extensão da radiografia de 12 vezes a espessura
radiografada. (figura 8).
f) Grupo de indicações arredondadas alinhadas cuja soma dos tamanhos de cada grupo sejam
maiores do que a espessura radiografada, medidas numa extensão da radiografia de 12 vezes a
espessura radiografada. (figura 9).
g) Nuvem de indicações arredondadas, conforme as cartas do apêndice 4, da divisão 1, seção VIII do
código ASME.

ESPESSURA TAMANHO MÁXIMO TAMANHO MÁXIMO DE


RADIOGRAFADA ACEITÁVEL EM mm INDICAÇÕES NÃO
(mm) INDICAÇÃO INDICAÇÃO RELEVANTES EM mm
ALEATÓRIA ISOLADA
até 3,2 1/4 t 1/3 t 1/10 t
3,2 0,8 1,1 0,4
4,7 1,2 1,6 0,4
6,4 1,6 2,1 0,4
7,9 2,0 2,6 0,8
9,5 2,3 3,2 0,8
11,1 2,8 3,7 0,8
12,7 3,2 4,1 0,8
14,3 3,6 4,8 0,8
15,9 4,0 5,3 0,8
17,5 4,0 5,8 0,8
19,1 a 50,8 4,0 6,4 0,8
acima de 50,8 4,0 9,5 1,6
OBS. t = espessura mais fina da junta radiografada.

TABELA 4 - Critério de aceitação de indicações arredondadas do código ASME.

20
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L1 L3 L4 L5

L2

12 t (espessura mais fina da junta radiografada)

FIGURA 8 - Indicações arredondadas alinhadas.

L1 3L2 L2 3L3 L3 3L3 L4

12 t (espessura mais fina da junta radiografada)


FIGURA 9 - Grupo de indicações arredondadas alinhadas.

O critério de aceitação do exame radiográfico para juntas soldadas de vasos de pressão, com
radiografia por amostragem (spot), descrito no parágrafo UW-52, está resumido a seguir.

1. Deve ser feita no mínimo uma radiografia a cada 15 metros de solda de cada soldador. Quando
dois ou mais soldadores fazem a mesma solda, essa radiografia é válida para ambos os soldadores.
2. O comprimento mínimo da cada radiografia é de 15 cm.
3. Devem ser usados os critérios de aceitação descritos a seguir:
a) Qualquer tipo de trinca, falta de fusão ou de penetração não são aceitas.
b) Inclusões de escória isoladas com comprimento maior do que 2/3 de (e) ou 19 mm, o menor
deles, não são aceitas. (e = espessura da chapa mais fina da junta soldada).
c) Inclusões de escória em linha são aceitas se a soma do comprimento de todas elas for inferior
a (e), num comprimento 6 (e) e se as escórias estiverem separadas de no mínimo 3L, onde L
é o comprimento da maior escória. (e = espessura da chapa mais fina da junta soldada).
d) Indicações arredondadas não são fator de rejeição.

4. Reteste:
5.
4.1. Para cada radiografia reprovada devem ser tiradas mais 2 radiografias de no mínimo 15 cm, na
mesma solda da radiografia reprovada.
4.2. Se essas 2 radiografias adicionais, mais a radiografia do reparo efetuado forem aprovadas o
trecho de solda, representado por essas radiografias, também está aprovado.
4.3. Se qualquer uma das 2 radiografias adicionais for reprovada, o trecho de solda, representado
por essa radiografia, deve ser totalmente refeito e sujeito a radiografia como uma nova solda.

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3.2.5. Ultra-Som
O ultra-som é um exame não destrutivo que baseia-se na reflexão de onda, com comprimento acima do
audível, pode ser utilizado para detectar a presença de descontinuidades e defeitos superficiais ou sub-
superficias em qualquer material metálico.

O exame ultra-sônico em juntas soldadas, quando requerido ou permitido, deve ser executado de
acordo com o apêndice 12, para os vasos projetados pela divisão 1, ou artigo 9-3, nos vasos projetados
pela divisão 2 da seção VIII do ASME.

O critério de aceitação para exame de ultra-som nos vasos de pressão, está descrito no apêndice 12 da
divisão 1, seção VIII do código ASME e resumido a seguir.
a) A indicação será recusada se a amplitude ultrapassar a curva limite e tiver comprimento maior que
o especificado a seguir:
a.1) 6,3 mm para espessuras até 19 mm.
a.2) 1/3 da espessura para espessuras de 19 a 58 mm.
a.3) 19 mm para espessuras maior do que 58 mm.

b) Se tivermos certeza que se tratam de trincas, falta de fusão ou falta de penetração, a solda estará
condenada, independentemente da extensão da indicação encontrada.

3.2.6. Teste de Dureza


A medida da dureza é usada como um exame rápido, eficiente e econômico de se estimar as
propriedade de um material, principalmente a resistência à tração. Para certos tipos de peças, em que o
acabamento superficial é importante, o teste de dureza é considerado um exame destrutivo, mas na
maioria dos casos, onde impressão produzida não interfere no processo o exame é não-destrutivo.

O método de dureza utilizado é importante, pois a conversão de uma medida para outra, como Brinell
para Rockwell C, pode levar um erro de até 10% para muitos materiais.

A qualidade do teste de dureza depende de:

a) Calibração do equipamento;
b) Escala utilizada;
c) Distâncias entre impressão;
d) Acabamento superficial;
e) Espessura da peça;

Na inspeção de equipamentos as principais utilizações do teste de dureza, são:

a) Auxiliar na identificação de material;


b) Controle de qualidade de procedimento de soldagem;
c) Ajudar na avaliação da susceptibilidade à corrosão sob tensão;
d) Auxiliar na pesquisa de alterações metalúrgicas.

O exame de dureza deve ser conduzido de acordo com o parágrafo 4.1.2. do ASTM E-10 e empregado
aparelho portátil de medição como o telebrinell ou equipamento similar.

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CURSO : INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOSO DE PRESSÃO - PARTE 2
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Os critérios de aceitação das medidas de dureza devem ser de acordo com as especificações dos
materiais ou procedimento de soldagem.

4. EMISSÃO ACÚSTICA

4.1. PRINCÍPIO DO EXAME


Emissão acústica é a detecção de ondas mecânicas, emitidas por descontinuidades ou defeitos durante
a sua propagação. Estes sinais são captados por sensores acoplados a peça ou equipamento.(figura 10).

SINAL DETECTADO
MATERIAL SENSOR
PROCESSADOR
ELETRÔNICO
FONTE ONDAS

σ - SOLICITAÇÃO

FIGURA 10 - Princípio da emissão acústica.

A grande diferença entre esse exame e os exames não destrutivos convencionais, como raios X e ultra-
som é o caracter PASSIVO da técnica da emissão acústica, isto é, detectar os sinais emitidos pela
estrutura sem nada introduzir nela.

Todos os outros exames não destrutivos convencionais aplicam um determinado impulso sobre a
estrutura e analisam a sua resposta.

No exame por emissão acústica, nem todas as descontinuidades serão detectadas, pois somente as
fontes ativas entram em processo de fratura, à medida que a peça ou estrutura for solicitada
mecanicamente.

O exame de emissão acústica necessita, portanto que o equipamento a ser testado seja carregado
mecanicamente, de tal forma
nível de tensões aplicado que ative os não
ao equipamento processos de fratura nosalto
for suficientemente defeitos existentes.
para ativar Se, poroacaso,
os defeitos, mesmo o
será considerado não crítico e portanto, aceitável para aquela condição de carregamento.

23
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4.2. FONTES DE EMISSÃO
Os sinais de emissão acústica podem ser classificados em : contínuos e abruptos, conforme a figura 11.
A A
M M
P P
L L
I I
T T
U U
D
E D
SINAL ABRUPTO TEMPO
SINAL CONTÍNUO TEMPO

FIGURA 11 - Tipos de fontes de emissão acústica.


Os fatores que provocam sinal abrupto são : aços de alta resistência, anisotropia, heterogeneidades,
grandes espessuras, fraturas com características frágeis, baixas temperaturas, propagação de trincas,
materiais fundidos, granulação grosseira, etc.

Os fatores que provocam sinal contínuo são : aços de baixa resistência, isotropia, homogeneidade,
pequenas espessuras, fraturas dúcteis, altas temperaturas, materiais forjados ou laminados, granulação
fina, etc.

4.3. SENSORES DE EMISSÃO ACÚSTICA

Os sensores tem a finalidade de converter1 um sinal mecânico de uma onda recebida em um sinal
elétrico, através do princípio piezoeléctrico .

Os materiais piezoeléctricos utilizados são cristais de quartzo, lítio e materiais cerâmicos da família
Pb-Ti-Zr, obtidos por sinterização. ( figura 12 )

CONECTOR

CONDUTORES ELÉTRICOS CARCAÇA METÁLICA

AMORTECEDOR
ELETRODO

CRISTAL PIEZOELÉCTRICO

FIGURA 12 - Sensor usado na emissão acústica.

1
piezoeléctrico = fenômeno observado em cristais anisótropos nos quais deformações mecânicas provocam polarização
elétricas seguindo determinadas direções.
24
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4.4. ACOPLAMENTO DOS SENSORES
Os acoplamentos mais usados são óleos e graxas. Em condições de altas temperaturas, onde o sensor
pode ser danificado pelo calor, usam-se guias de ondas soldados à estrutura, conhecidos como WAVE
GUIDES. (figura 13).

SOLDA DE ACOPLANTE
UNIÃO SENSOR

VASO
VERTICAL

BARRA DE AÇO
CARBONO USINADA

ISOLAMENTO TÉRMICO
DO VASO

FIGURA 13 - Guias de onda.


4.5. EFEITO KAISER
Se a tensão para formar ou propagar um defeito não é atingida na primeira solicitação, isto também
não ocorrerá no recarregamento até o mesmo valor, não gerando emissão acústica. No caso em que o
primeiro carregamento produza propagações estáveis da trinca, no segundo carregamento, só voltarão
a ocorrer novos incrementos com tensões maiores. Isto é válido para os metais.

4.6. RESUMO DO TRABALHO A CORRELAÇÃO DE EMISSÃO ACÚSTICA


E CTOD EM UM AÇO ESTRUTURAL
A seguir será apresentado um resumo do trabalho referido acima, apresentado no 18 o Seminário
Brasileiro de Inspeção de Equipamentos do IBP. ( o trabalho está na parte 8 da apostila do curso ).

OBJETIVO DO TRABALHO : Identificar as características dos sinais da emissão acústica quando


uma trinca inicia o crescimento e durante sua propagação.

RESULTADO DOS TESTES REALIZADOS :

- Usando uma rejeição da ordem de 18 dB (o valor usual nos exames de emissão acústica é de 40
dB, para evitar ruídos ) ⇒ A localização do defeito pelas indicações dos sinais recebidos pelo
sensor da emissão acústica é BOA.
25
CURSO : INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOSO DE PRESSÃO - PARTE 2
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
- A emissão acústica só indicou o início de propagação de trincas com grande comprimento.
Fazendo-se uma correlação dos resultados obtidos no início de propagação de uma trinca nos
corpos de prova com uma esfera contendo uma espessura de 38 mm, construída em ASTM-A516
gr. 60, em teste hidrostático com 18 Kgf/cm2, o teste indicaria o início de propagação de uma
trinca com 15 mm de profundidade e 35 mm de comprimento.
- Os sensores da emissão acústica indicaram o instante em que o corpo de prova estava prestes a
romper.

CONCLUSÕES :

1. Os sinais produzidos por trincas são de baixa intensidade, por isso sua detecção pelos sensores da
emissão acústica não é boa.

2. A emissão acústica só detecta o início de propagação de trincas de grandes dimensões, perdendo o


interesse em termos de avaliação estrutural de um vaso de pressão de maneira preventiva.

3. A técnica da emissão acústica é boa, mas precisa ter seus parâmetros de indicação reavaliados
para terem aplicação em vasos de pressão metálicos.

4.7. RESUMO DO TRABALHO CONCEITOS DE EMISSÃO ACÚSTICA


Introdução :
- Os exames não destrutivos comuns analisam defeitos estáticos em materiais descarregados.

- O exame da emissão acústica analisa defeitos dinâmicos em materiais carregados, verificando seu
comportamento numa estrutura carregada.

- Os exames não destrutivos detectam DEFEITOS.

- A emissão acústica detecta DEFEITOS ESTRUTURAIS.

- Por quê alguns vasos de pressão operam muitos anos com uma trinca e nada acontece?

- Stahekopf em 76 através de experiências com corpos de prova concluiu : ″ A propagação de


trincas em materiais dúcteis emite sinais de pequena amplitude, o que inviabiliza a aplicação da
emissão acústica em vasos de pressão, ou seja, MATERIAIS DÚCTEIS SÃO SILENCIOSOS.”

- Entre 75 e 82 nos Estados Unidos e Europa foram feitos diversos exames de emissão acústica em
vasos de pressão e foram detectadas trincas que nuclearam de defeitos de fabricação e montagem.

- Dunegan em 84 através de experiências em laboratórios com corpos de prova e no campo em


vasos de pressão, concluiu que :
1. A propagação de trincas em corpos de prova de materiais ducteis é silenciosa.
2. A propagação de trincas em vasos de pressão são de grandes amplitudes e podem ser
perfeitamente identificadas pelo exame de emissão acústica tradicional.

26
CURSO : INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOSO DE PRESSÃO - PARTE 2
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
Explicações de Dunegan:
Em corpos de prova a carga é aumentada até que a trinca se propague. Enquanto que, em um vaso de
pressão, submetido a uma pressão interna, a carga é bem mais baixa e a trinca vai se propagar apenas
se houver uma intensificação de tensões junto a sua ponta, ou seja, o comportamento do metal,
próximo a ponta da trinca, terá grande interferência na probabilidade da trinca se propagar.
Caso ocorra uma propagação da trinca, o material ao seu redor terá uma deformação plástica, que
envolve o escorregamento de planos cristalográficos, este emite sinais de grandes amplitudes.

Conclusões :
Os sinais recebidos por um sensor de emissão acústica durante a propagação de uma trinca está
associado ao comportamento do metal ao redor do defeito. Portanto, em corpos de prova onde a
propagação de uma trinca não está associada a grandes deformações plástica do material ao redor da
ponta da trinca os sinais serão de baixa amplitude e a emissão acústica não dará identificação
satisfatória da propagação de defeito. - CORPOS DE PROVA DE MATERIAIS DÚCTEIS SÃO
SILENCIOSOS.

Quando o material ao redor do defeito reage de maneira intensificada os sinais emitidos serão de
grandes amplitudes e a propagação do defeito é identificada pela emissão acústica. - VASOS DE
PRESSÃO, DE MATERIAIS DÚCTEIS, NÃO SÃO SILENCIOSOS.

5. RÉPLICA METALOGRÁFICA

aA determinação
metalografia microscópica estuda ose de
de seus constituintes produtos metalúrgicos,
sua textura. coméofeito
Este estudo auxílio
emdo microscópio,
superfícies visando
previamente
polidas e, em geral, atacadas por um reativo químico adequado.

Convém esclarecer que os metais, de um modo geral. são agregados cristalinos cujos cristais
(perfeitamente justapostos e unidos) tanto podem ser quimicamente idênticos, como ser de composição
química diferente. Esses cristais chamam-se GRÃOS, em virtude de sua conformação, mas
dependendo de suas formas ou aspectos, podem chamar-se de: nódulos, veios, agulhas, glóbulos, etc.

Com o auxílio de uma técnica apropriada, consegue-se tornar visível a textura microscópica do
material, pondo-se assim em evidência os diversos grãos de que é formado.

A apreciação da natureza destes, suas respectivas percentagens, suas dimensões, arranjo e formato, e a
interpretação desses dados constituem o escopo do exame micrográfico dos metais.

A importância deste exame decorre do fato de as propriedades mecânicas de um metal dependerem


não só da sua composição química como também da sua textura. Com efeito, um mesmo aço pode
tornar-se mole, duro, duríssimo, quebradiço, elástico, tenaz, etc., conforme a textura que apresentar e
que lhe pode ser dada por meio de trabalhos mecânicos ou tratamentos térmicos adequados.

Se por um lado, a análise química revela de que se compõe o metal, os exames macro e micrográficos
fornecem preciosas informações sobre como o metal adquiriu as propriedades que apresenta.
Informações deste gênero interessam particularmente aos técnicos quando se precisa executar reparos
em equipamentos ou na análise da vida residual.
27
CURSO : INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOSO DE PRESSÃO - PARTE 2
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
A técnica de um ensaio micrográfico corrente pode ser dividida nas seguintes fases :

a) Escolha e identificação da região a ser estudada.


b) Remoção de uma amostra da região escolhida, com dimensões suficientes que permitam seu
manuseio durante a preparação.
c) Preparação de uma superfície plana e polida na amostra removida.
d) Exame ao microscópio para a observação das ocorrências visíveis sem ataque.
e) Ataque da superfície por um reagente químico adequado.
f) Exame ao microscópio para a observação da textura do metal.
g) Obtenção de documentos que reproduzam e conservem o aspecto observado (fotografia).

A escolha da região do equipamento onde se deve remover a amostra para o exame micrográfico deve
levar em consideração a homogeneidade do metal. No caso de metal homogêneo, a localização da
amostra é indiferente, mas se, não for, o técnico deverá remover várias amostras para melhor avaliar a
região pretendida.

Deve ser observado também que amostras muito superficiais podem levar o observador a conclusões
irreais, pois podem haver deteriorações superficiais como: descarbonetação, encruamento, tempera,
etc. que modificam as propriedades do metal localmente. Nestes casos, os resultados não podem ser
generalizados para toda a espessura do metal.

A análise da microestrutura dos materiais metálicos utilizados na fabricação de equipamentos e


tubulações que operam em temperaturas relativamente elevadas, permite a avaliação do seu grau de
envelhecimento o acúmulo de danos ou deteriorações, além de fornecer outras informações que podem
ver a ser relevantes na avaliação de integridade de um equipamento.

As técnicas
materiais metalográficas
e sua preparação emconvencionais, como
laboratório, isto descrito
é, são acima,
exames exigem Isto
destrutivos. a retirada de amostras
inviabiliza dos
a utilização
dessas técnicas em programas de avaliação de integridade, em virtude do grande número de regiões a
serem observadas em programas deste tipo, e das dificuldades que podem ser encontradas, na
reconstituição da espessura do metal nas regiões de retirada das amostras, em caso de envelhecimento,
grandes espessuras, juntas soldadas ou partes conformadas do equipamento.

Técnicas metalográficas não destrutivas devem ser aplicadas nesses casos. Essas técnicas podem ser
classificadas em dois tipos: a metalografia direta com microscópio de campo e a retirada de
RÉPLICAS METALOGRÁFICAS. Sempre que possível esses dois métodos devem ser utilizados de
forma conjunta, complementando-se.

Em ambos os casos a preparação inicial da superfície é a mesma da metalografia convencional, só que


executada com equipamentos de campo, e consiste no lixamento da região a ser analisada até a lixa de
mesh 600 e posterior polimento, mecânico ou eletrolítico. O ataque é executado com reativos normais,
como o Nital 3 (3% HNO3 em álcool) e o Picral 2 (2% ácido pícrico em álcool).

No primeiro caso a observação é feita diretamente no campo com microscópios de campo e no


segundo um filme de acetato é comprimido contra a superfície a ser analisada (figura 14) e levado para
o laboratório, onde são feitas as observações em um microscópio de bancada. A estrutura observada
corresponde a um espelho da estrutura do metal.

Entre as reações microestruturais que devem ser consideradas, quando o propósito for a avaliação de
integridade, estão :
28
CURSO : INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOSO DE PRESSÃO - PARTE 2
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
a) Reações microestruturais como: precipitações intergranulares, formação de fases frágeis,
grafitização, coalescimento de precipitados;

b) Danos por fluência observados na forma de vazios em contorno de grão;

c) Danos por fadiga térmica na forma de trincas largas, com espessura da ordem de diversos
tamanhos de grão;
d) Danos associados à interação com o meio com corrosão carbonetação e descarbonetação;

e) Transformações induzidas por processos de fabricação.

Uma orientação sobre como proceder a escolha dos pontos de observação pode ser encontrada na
Prática Recomendada ABCM/CTVP-PR:002-C metalografia de campo (projeto).

A utilização da técnica de réplica metalográfica tem se constituído atualmente numa poderosa


ferramenta de auxílio quando se deseja fazer uma avaliação de integridade de um equipamento,
tubulação ou sistema inteiro de uma planta industrial. Um exemplo disso é o trabalho ″ A utilização
industrial de técnicas de metalografia não destrutiva aplicadas à avaliação de integridade ″,
desenvolvido pelos técnicos do SEIEQ da Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão durante à
avaliação de um sistema de geração de vapor, onde foram avaliados todos os componentes de uma
caldeira de alta pressão e suas tubulações de interligação com as unidades consumidoras de vapor da
refinaria. (o trabalho está no anexo de trabalhos desta apostila).

LOCAL DE RETIRADA DA
AMOSTRA

VASO A SER AVALIADO


CARBONETOS
TRINCA

SUPERFÍCIE DA AMOSTRA APÓS


POLIMENTO E ATAQUE.
FILME DE ACETATO AMOLECIDO

CARBONETOS TRINCA

RÉPLICA COM ESTRUTURA DA AMOSTRA


FILME AMOLECIDO SE ADAPTA À
EM NEGATIVO
SUPERFÍCIE DA AMOSTRA

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CURSO : INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOSO DE PRESSÃO - PARTE 2
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FIGURA 14 - Esquema da retirada uma amostra para réplica metalográfica de um vaso de pressão.

30
CURSO : INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOSO DE PRESSÃO - PARTE 2
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
1. TENSÕES RESIDUAIS
1.1. CONCEITO
Tensões residuais são as tensões que permanecem numa peça ou estrutura após a remoção de toda
solicitação sobre a mesma.

As tensões residuais podem ser srcinadas de duas maneiras : quando uma peça ou parte de um
material é trabalhado a frio, ou devido a um aquecimento localizado, numa temperatura
suficientemente alta para provocar grandes dilatações no metal. Para o aço carbono essa temperatura é
da ordem de 500° C. (a peça fica avermelhada).

As tensões residuais são uma conseqüência das restrições impostas a dilatação e contração do metal
aquecido. As figuras 1 e 2 mostram exemplos típicos da introdução de tensões residuais em peças
devido ao aquecimento.

A A
A B B B

FRIO AQUECIDO RESFRIADO

OBS. 1. O bloco b foi colocado no vão do bloco a por interferência.


2. Apenas o bloco b foi aquecido.
3. O bloco b está sujeito a uma dilatação impedida durante o
aquecimento e contração livre no resfriamento.
4. Após o resfriamento o bloco b ficou menor.

FIGURA 1 - Tensões residuais devido a dilatação impedida e contração livre.

1
CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
A A B
A
A B B
B

FRIO AQUECIDO RESFRIANDO SERRADO


FURO NO B = PARTE IMAGINÁRIA DE
BLOCO A A QUE SERÁ AQUECIDA

OBS. 1. O bloco a é inteiriço com um furo.


2. B é uma parte imaginária de A que será aquecida.
3. Durante o aquecimento a parte B tende a aumentar suas dimensões - só a
parte B do bloco A é aquecida.
4. Durante o resfriamento B tende a ficar menor, por ter sido deformado por
compressão.
5. Após o resfriamento o bloco A é serrado no meio da parte B - as faces da linha
serrada vão se distanciar.

FIGURA 2 - Tensões residuais devido a dilatação e contração impedidos.

1.2. TENSÕES RESIDUAIS DEVIDO A SOLDAGEM


As tensões residuais devido a soldagem são geradas por escoamento parciais localizados, que ocorrem
durante o ciclo térmico de soldagem. Em juntas soldadas, em geral, temos uma situação similar ao
bloco A da figura 2, onde é feito um aquecimento com dilatação e contração impedidos.

As tensões residuais devido à soldagem podem ser melhor entendidos pela analogia da barra aquecida
com mostra a figura 3.

Descrição da experiência representada pela figura 3

1. Admita que apenas a parte B da chapa seja aquecida.


2. A dilatação térmica restringida provoca tensões de compressão na parte B da chapa e de tração nas
partes A e C, para que o equilíbrio seja mantido.
3. À medida que a temperatura se eleva, as tensões nas barras aumentam, atingindo o limite de
escoamento na parte B (ponto 1). A partir desse ponto, a dilatação térmica é absorvida com a
deformação da parte B que está aquecida e tem sua resistência mecânica reduzida.

2
CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
4. As curvas de σe indicam a variação do limite de escoamento com a temperatura. Continuando o
aquecimento, a tensão na parte B evolui ao longo de 1 para 2, onde a plastificação impede o
estabelecimento de tensões superiores ao limite de escoamento. O ponto 2 corresponde à
temperatura máxima atingida θ2.
5. Durante o resfriamento, a parte B se contrai tende para um comprimento livre menor do que L em
virtude da deformação plástica a que foi submetido. A tensão diminui, muda de sinal e atinge o
limite de escoamento, à tração, no ponto 3.
6. A partir do ponto 3 a contração térmica é absorvida por deformação plástica, não permitindo que a
tensão na barra ultrapasse o limite de escoamento. Ao longo de 3 para 4, o valor da tensão
acompanha a variação do limite de escoamento com a temperatura.
7. Concluído o resfriamento, a chapa ficará submetida a um sistema de tensões residuais. Na parte B
a tensão é de ração e da ordem do limite de escoamento do material na temperatura ambiente.
σ
TRAÇÃO CURVA DA VARIAÇÃO DE
σeco 4 σe COM A TEMPERATURA

θ0 θ1 θ2
θ

CURVA DA VARIAÇÃO DE σe
COM A TEMPERATURA

COMPRESSÃO
1
L
ONDE: σ = Tensão
σe = Limite de Escoamento
θ = Temperatura FURO
θ0 = Temperatura Ambiente B
θ1 = Início da Deformação Plástica FURO
θ2 = Início do Resfriamento
σe0 = Limite de Escoamento na Temperatura
Ambiente
1→2 = Deformação Plástica no Aquecimento REGIÃO AQUECIDA
3→4 = Deformação Plástica no Resfriamento
CHAPA DE TESTE

FIGURA 3 - Variação da tensão devido ao aquecimento localizado na parte B da chapa.

3
CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
Esse raciocínio é evidentemente simplificado. Não foi considerada a variação do módulo de
elasticidade e do coeficiente de dilatação térmica com a temperatura. A variação do limite de
escoamento com a temperatura foi considerada com a mesma configuração tanto à tração quanto à
compressão. A fluência do material também foi desprezada.

Uma peça soldada se assemelha ao descrito na figura 3. A curva de repartição térmica mostra que a
zona aquecida acima de θ1 sofre deformação plástica, analogamente à chapa da figura 3, determinando
o aparecimento das tensões residuais de contração (figura 4). O nível das tensões dependerá do grau de
restrição da estrutura, na direção longitudinal do cordão de solda. Verificações experimentais
confirmam que nessa direção as tensões são muito próximas do limite de escoamento do material.

SOLDA
θ1

L
6L
σ
≈ σe

TENSÃO TENSÃO
TRANSVERSAL LONGITUDINAL

L
6L

FIGURA 4 - Tensões residuais numa solda entre chapas livres.

4
CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
1.3. EFEITO DAS TENSÕES RESIDUAIS NUMA SOLDA
As tensões residuais numa junta soldada afeta as zonas fundida e térmicamente afetada (figura 5). Os
principais efeitos são:

a) Aumenta a dureza.
b) Redução da tenacidade.
c) Aumento do nível de tensões localizadamente.
d) Aumento do risco de fissurações associadas aos procedimentos de soldagem.
e) Redução da resistência à corrosão sob-tensão.
f) Redução da resistência à fissuração pelo hidrogênio.
g) Redução da resistência à fratura frágil.
h) Redução da resistência à fadiga.
i) Podem colaborar para a propagação de defeitos na solda.

ZONAS TÉRMICAMENTE AFETADA

ZONA

METAL METAL
BASE BASE

FIGURA 5 - Regiões de uma junta soldada.

2. MÉTODOS DE REDUÇÃO DAS TENSÕES RESIDUAIS


Os principais métodos de redução das tensões residuais estão descritos de maneira sucinta a seguir.

2.1. ALÍVIO DE TENSÕES A FRIO


Nestes métodos a estrutura metalúrgica do metal não é modificada, os principais são :

2.1.1. Martelamento
Introduz tensões de compressão na região aquecida para equilibrar as tensões de tração existentes. Este
método só alivia tensões superficiais e é muito difícil de ser controlado.

5
CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
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2.1.2. Teste de Carga
Consiste na aplicação de uma sobrecarga na peça tencionada. Nos pontos onde a sobrecarga se somar
as tensões residuais e o limite de escoamento for ultrapassado haverá escoamento do material e a
tensão é aliviada. Este é bastante usado em pontes rolantes que são ensaiadas com sobrecarga de 50%
acima de sua capacidade nominal.

2.1.3. Teste de Pressão


Bastante usado em vasos de pressão. A pressão é 50% acima da pressão de projeto. As tensões que
ultrapassarem o limite de escoamento serão aliviadas por deformação local.

No caso de vasos de pressão o efeito é possível para as juntas longitudinais, onde as tensões são o
dobro das tensões circunferênciais.

Pode ocorrer fissuras em vez de deformação local, dependendo do material e do estado de tensões do
equipamento antes do teste.

2.1.4. Vibração
Este é empregado para peças pequenas. O princípio é o mesmo do teste de carga, apenas a carga é
aplicada por vibração.

2.2. ALÍVIO DE TENSÕES A QUENTE


2.2.1. Pré - Aquecimento
Este método consiste em aquecer a região a ser soldada antes de se iniciar a solda, aumentado a área da
zona afetada pelo calor. Isso provoca um gradiente de temperatura que se estende por uma área mais
larga, com uma transição menos brusca de temperatura entre pontos vizinhos (menor gradiente de
temperatura), reduzindo o nível das tensões residuais, devido a uma redução no grau de restrição.
(figura 6).

2.2.2. Alívio com Chama


Quando uma junta soldada é aquecida até uma temperatura inferior a 300°C pode ocorrer uma
pequena redução de picos de tensão, devido a uma redução do limite de escoamento que ocorre nessa
temperatura.

2.2.3. Alívio com Tratamento Térmico


Quando uma junta soldada é aquecida a uma temperatura cerca de 50 a 100° C abaixo da temperatura
de transformação do metal, ocorre uma grande redução do nível das tensões residuais.

Este fato se deve a deformações plásticas localizadas que ocorrem nos locais onde as tensões residuais
estão atuando, devido a uma grande redução do limite de escoamento do metal que ocorre com a
elevação da temperatura. (figura 7).

6
CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
2.2.4. Alívio por Normalização
Quando uma junta soldada é aquecida a uma temperatura que ultrapasse a temperatura de
transformação do metal ocorrerá um alívio das tensões residuais acompanhado por uma modificação
da estrutura metalúrgica do metal. O princípio de redução das tensões é o mesmo descrito no item
anterior.
TEMPERATURA

TEMPERATURA
DE FUSÃO

TEMPERATURA DE
TRANSFORMAÇÃO

TEMPERATURA
AMBIENTE

ZTA ZTA

JUNTA SOLDADA COM JUNTA SOLDADA SEM PRÉ -


PRÉ - AQUECIMENTO AQUECIMENTO

- MAIOR ZTA. - MENOR ZTA.


- MENOR VELOCIDADE DE - MAIOR VELOCIDADE DE
RESFRIAMENTO. RESFRIAMENTO.
- MENOR GRADIENTE - MAIOR GRADIENTE
TÉRMICO. TÉRMICO.
- MENOR NÍVEL DE - MAIOR NÍVEL DE TENSÃO
TENSÃO RESIDUAL. RESIDUAL.

FIGURA 6 - Influência do pré - aquecimento no nível das tensões residuais.

7
CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
FASE 1 FASE 2
40

35 o
T=200 C
)I
S
K
( 30
o
T=320 C

L o
T=430 C
A 25
U
D
I
S 20
E
o
T=490 C

R 15
O
Ã
S
N 10 o
E T=540 C
T T=590 C
o

5
o
o
T=704 C
o T=650 C
T=760 C
0
0 0,5 1 1,5 2 4 6 8 10

TEMPO NA TEMPERATURA DE TRATAMENTO (HORAS)

FIGURA 7 - Influência do tempo e temperatura no tratamento térmico de alívio de tensões.

3. ALÍVIO DE TENSÕES COM TRATAMENTO TÉRMICO


3.1. CONCEITO
De um modo geral os métodos térmicos de alívio de tensões residuais podem ser divididos em:

- Tratamentos realizados no interior de fornos - o vaso é colocado totalmente ou em partes dentro


de um forno.
- Tratamento utilizando o vaso como forno - coloca-se uma fonte de calor no interior do
equipamento e este é isolado externamente.
- Tratamento localizado - só as partes que necessitam tratamento são tratadas, com aquecimento
localizado.

Admitindo algumas simplificações, o tratamento térmico de alívio de tensões consiste em aquecer


uniformemente o equipamento de modo que o limite de escoamento do material fique reduzido a
valores inferiores às tensões residuais. Nesta condição, as tensões residuais provocam deformações
plásticas locais e diminuem de intensidade.

A figura 7 mostra que o alívio de tensões se faz em duas fases:

8
CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
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FASE 1: Durante aproximadamente a primeira hora de tratamento ocorre a maior redução de tensões.
Nos tratamentos realizados em temperaturas elevadas (acima de 500° C), a principal causa de alívio de
tensões é a plastificação local resultante da redução do limite de escoamento. O pequeno alívio de
tensões que ocorre em temperaturas baixas, como por exemplo, a 200° C, não poderá ser atribuído à
redução do limite de escoamento e sim ao fenômeno de recuperação.

FASE 2: Nas horas subsequentes as tensões residuais diminuem também por deformação plástica,
resultante da fluência do material, quando a temperatura for superior a 500° C.

Somente os tratamentos feitos em temperaturas superiores a 500° C, para os aços carbono, são
realmente eficazes. Quanto maior for o nível inicial de tensões residuais, mais elevadas serão as
tensões após o tratamento térmico. Os aços resistentes à fluência requerem temperatura, ou tempo de
tratamento, mais elevados que para os aços carbono. Na soldagem em vários passes, a sucessividade
dos passes não reduz a intensidade das tensões residuais.

3.2. PARÂMETROS DO TRATAMENTO


Durante a realização do tratamento térmico deverão ser controladas principalmente as seguintes
variáveis:
- Taxa de aquecimento;
- Temperatura de tratamento;
- Tempo de permanência na temperatura de tratamento (tempo de encharque);
- Taxa de resfriamento.

Os códigos de construção especificam essas variáveis em função da composição química e espessura


do metal a ser tratado. A figura 8 faz um resumo dessas variáveis, conforme os requisitos do código
ASME. Os códigos: BS 5500 (código Inglês), ANCC (código Italiano), API e o DnT (código Alemão),
apresentam valores semelhantes.

TEMPO DE
TRATAMENTO =
2,36 MINUTOS/mm
MAS, NO MÍNIMO DE TEMPERATURA DE
15 MINUTOS
TRATAMENTO

TAXA DE
TAXA DE RESFRIAMENTO
AQUECIMENTO 〈 260°C / h .pol..
220°C / h. ol.

427°C
ABAIXO DE 427°C NÃO É NECESSÁRIO CONTROLE

TEMPO

FIGURA 8 - Variáveis do tratamento de alívio de tensões, conforme o código ASME.

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CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
A tabela 1 mostra as temperaturas de tratamento térmico de alívio de tensões recomendadas por
diversos códigos de construção para aços carbono e aços liga.

MATERIAL ANCC ASME BS 5500 DnT


AÇO C / C - Mn 600-650°C 〉 593°C 580-620°C 550-600°C
AÇO C-1/2 Mo 620-670°C 〉593°C 650-680°C 580-620°C
AÇO 1C r-1/2 Mo 630-680°C 〉593°C 630-670°C 620-660°C
AÇO 2.1/4Cr-1/2Mo 660-710°C 〉677°C 680-720°C 620-750°C
AÇO 5 Cr - 1/2Mo 680-730°C 〉677°C 710-760°C 670-740°C

TABELA 1 - Temperatura de alívio de tensões conforme vários códigos.

O controle de temperatura em qualquer estágio da realização de um tratamento térmico é fundamental.


O fluxo de calor e a distribuição de temperaturas, ao longo de toda a região tratada devem ser
controlados para que não se perca o controle do tratamento. O mais importante, evidentemente, para o
devido sucesso de um tratamento térmico de alívio de tensões, é medir e controlar adequadamente a
distribuição de temperaturas em todos os estágios do tratamento.

A medição e o controle da distribuição de temperaturas no componente tratado, deve ser realizada por
meio de termopares ligados à estrutura tratada térmicamente. A junção do dois arames constituintes do
termo-par deverá ser devidamente protegida da ação direta dos elementos de aquecimento e também,
da circulação da atmosfera existente no interior do forno. O número e a distribuição dos termopares
deverão ser adequados para avaliar a maior variação de temperaturas prevista e possível de ocorrer na
estrutura durante o tratamento térmico.

Um outro aspecto que deverá merecer a maior atenção durante a realização de um tratamento térmico é
a suportação do equipamento. A perda de resistência mecânica com o aumento de temperatura,
inerente à realização do tratamento térmico, poderá provocar deformações exageradas se:
- A suportação for inadequada ou insuficientemente quando o equipamento estiver na temperatura de
tratamento.
- A suportação não apresentar rigidez suficiente, na temperatura de tratamento, para suportar o peso
do equipamento.

Em certas situações, dependendo da geometria e rigidez do equipamento, será inevitável a utilização


de suportes ou reforços provisórios durante a realização do tratamento térmico.

3.3. INFLUÊNCIA DO ALÍVIO DE TENSÕES TÉRMICO NAS


PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS MATERIAIS.
Experiências feitas com corpos de prova em aço carbono e carbono-manganês confirmam que o
tratamento térmico para o alívio de tensões residuais altera as propriedades mecânicas de um material.
Da mesma maneira as experiências confirmam que restringindo-se a temperatura e o tempo de
tratamento, bem como o número de tratamento sucessivos esses efeitos ficam dentro de valores
aceitáveis para a construção de vasos de pressão.

10
CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
Os principais efeitos do tratamento térmico de alívios de tensões em temperaturas ou tempo acima dos
especificados pelos códigos de construção, ou a repetição do tratamento várias vezes, mesmo dentro
dos valores especificados são os seguintes:

- Progressiva redução do limite de escoamento.


- Aumento da temperatura crítica de transição, do comportamento dúctil para frágil (redução da
tenacidade).
- Redução da resistência a fluência para materiais que deverão operar acima de 400 ° C, após o
tratamento.

Esses feitos também podem ocorrer nos casos em que houver um descontrole da temperatura e/ou
tempo de tratamento, durante um ciclo térmico.

O método mais confiável para se estimar as propriedades mecânicas de um material após um ou mais
tratamentos térmicos é simular o ciclo térmico num corpo de prova com características iguais (mesma
corrida, mesma composição química, mesmo número de ciclos térmicos etc.) ou similares ao material
que será submetido ao novo ciclo térmico, ou seja, o procedimento de tratamento térmico deve ser
qualificado para cada caso específico.

Em equipamentos que já operaram ou já sofreram ciclos térmicos, é conveniente antes de se prescrever


um tratamento térmico verificar as condições em que o material se encontra. Quando possível isto
deve ser feito com a remoção de corpos de prova do equipamento e após submetido ao novo ciclo
térmico determinar suas propriedades mecânicas. Como na grande maioria dos casos isso é inviável,
pode se usar um parâmetro representativo para fazer essa avaliação. Esse parâmetro foi desenvolvido
por Larson-Muller.

O parâmetro de Larson-Muller (LMP), permite expressar com um único valor, as características de um


ciclo térmico considerando todas as suas variáveis. Este parâmetro está descrito a seguir:
LMP = T.(C + log. t ). 10 -3

ONDE: - LMP = parâmetro de Larson-Muller (admensional).


- T = temperatura do tratamento térmico (°K).
-t = tempo equivalente de tratamento (horas), calculado pela expressão: t = te + ta + tr
com: te = tempo de encharque (horas).
ta = tempo de aquecimento (horas), calculado pela expressão :
ta = T / [ 2,3 .Ka .(C - log. Ka)]
para : Ka = velocidade de aquecimento (°K / hora).
C = constante, igual a 20 para os aços C e C-Mn.
tr = tempo de resfriamento (horas), calculado pela expressão :
t = T / [ 2,3.Kr. (C - log. Kr )].
r
para : Kr = velocidade de resfriamento (°K / hora).
C = constante, igual a 20 para os aços C e C-Mn.

Por essa expressão, vê-se que o efeito da temperatura no alívio térmico é bem mais forte que o tempo
de tratamento.

Trabalhos técnicos recomendam que o valor de LMP seja sempre inferior a 19,5, mesmo após vários
tratamentos sucessivos
11
CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
A figura 9 mostra a influência do alívio de tensões nos limites de resistência à tração e ao escoamento
para aços carbono e carbono-manganês. Os testes foram feitos com corpos de prova de aços nas
especificações: ASTM A-537 C1.1; A-537 C1.2 e A-516 GR. 70.

4
E
D 2
E
T
I % 0
IM M
E
L -2
O VALORES
O N
N T MÁXIMOS
O E -4 VALORES
à M
Ç A -6 MÍNIMOS
A O
C
I C -8
F S
I E
D
O -10
M
-12
17 18 1 8, 5 19 19 , 5 20
PARÂMETRO DE LARSON-M ILLER

E %
D
E M -2
T E
I O
M
I Ã -4
L Ç
A
O R
N T CURVA MÁXIMA
O À
-6
à A CURVA MÍNIMA
Ç I
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F Ê
I T
D IS
O S -10
ME R

-12
17 18 18, 5 19 19, 5 20
PARÂMETRO DE LARSON-MILLER
FIGURA 9 - Influência do TTAT nos limites de resistência à tração e ao escoamento dos aços carbono
e carbono-manganês.

12
CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
S 0
I
A
U
ID L
A 20
S I TEMPO DE
E C
R I ENCHARQUE DE 1
S N
I
E HORA
Õ R 40
S O TEMPO DE
N L ENCHARQUE DE 4
E A
T
S
A O 60
V HORAS
TEMPO DE
D D
%
ENCHARQUE DE 6
O HORAS
à M 80
Ç E
U
D
E
R 100
315 370 430 480 540 595 650 705
TEMPERATURA DE ENCHARQUE
EM GRAUS CELSIUS
FIGURA 10 - Relação entre temperatura e tempo de tratamento no alívio das tensões residuais.

30
E S
U
D
A A
D I 25
S
R A L
U E
T N
I C
A M S
R R U20
E E A
P T R
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T , M
A O E
à ,
D b
l- 10
Ç
I tf
O S
T N 0
N A 2
E A 5
M R
T R
U A
A P
0
16 17 18 19 20 21
PARÂMETRO DE LARSON-MILLER

FIGURA 11 - Influência do TTAT na temperatura de transição dúctil/frágil.

13
CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
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A figura 9 mostra que em média, para um tratamento térmico de alívio de tensões residuais realizado
conforme os requisitos dos códigos de construção, o limite de escoamento do material cai de 5 a 10%,
por tratamento realizado. Essa redução do limite de escoamento é acompanhada por uma perda de
resistência mecânica e está associada a esferoidização dos carbonetos e a transformação da ferrita em
perlita.

Da figura 11 podemos verificar que em média, para cada tratamento de alívio de tensões residuais
realizado conforme os requisitos dos códigos de construção, a temperatura de transição pode aumentar
até 30° C. Essa queda progressiva da tenacidade ao entalhe é explicada pela migração do carbono e das
impurezas para os contornos de grãos da ferrita.

A figura 10 mostra a redução de tensões alcançada com cada tratamento térmico de alívio de tensões
realizado conforme os requisitos dos códigos de construção, em função do tempo de encharque.

Conjugando-se as curvas de propriedades (figuras 9 e 11) com a curva de relaxação (figura 10), tem-se
uma metodologia de prescrever-se o tratamento térmico que compatibilize o grau de alívio de tensões,
com as propriedades mecânicas necessárias ao serviço do equipamento. Por essas evidências, se
estabelecem que o alívio térmico das tensões, para os aços ao carbono, se deve enquadrar na faixa de
580 a 620° C, como prescrito pela maioria dos códigos de construção.

Quanto à redução da tensão de ruptura em altas temperaturas, nos aços carbono e carbono-manganês
acalmados com silício, particularmente, em virtude do tratamento térmico prolongado e/ou
temperaturas próximas a 650° C, a variação é significativa. Atribui-se esse comportamento à remoção
do nitrogênio ativo, dos interstícios dos grãos, pela precipitação como nitreto de silício, o que reduz a
resistência nas altas temperaturas (acima de 400° C). No caso de aços carbono acalmados com
alumínio ocorre a precipitação de nitreto de alumínio, com efeitos similares aos aços acalmados com
silício.

Para avaliar sucessivos tratamentos térmicos pode-se usar o parâmetro de Larson-Muller, usando com
tempo de tratamento ″t″ a soma de todos os tempos″t″ dos tratamentos realizados.

3.4. BENEFÍCIOS E INCONVENIENTES DO ALÍVIO DE TENSÕES


O principal objetivo do tratamento térmico é aquecer o material a um nível de temperatura suficiente,
para reduzir a sua resistência ao escoamento, a uma pequena fração do seu valor à temperatura
ambiente. Esse processo é acompanhado por um revenimento da região endurecida durante o processo
de soldagem do material, reduzindo sua dureza e restabelecendo a tenacidade da zona térmicamente
afetada pelo calor (ZTA).

Os benefícios mais importantes do alívio térmico, em relação à condição ″como soldado″, são:

1. Redução dos picos de tensão em cerca de 10 a 20% do seu valor residual após a soldagem. Isso é
válido quando há total liberdade de dilatação durante o tratamento térmico.
2. Promove a estabilidade dimensional da peça ou componente, especialmente para os que serão
usinados.
3. Elimina ou reduz a tendência à corrosão sob tensão do material.
4. Reduz a dureza e restaura a ductilidade e a tenacidade da junta soldada.
5. Melhora a resistência à fratura frágil.
6. Elimina o hidrogênio dissolvido na solda, evitando a fissuração pelo hidrogênio.
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CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
O alívio térmico no entretanto apresenta alguns inconvenientes :

1. A queda da resistência mecânica com a temperatura, pode ensejar a propagação de fissuras


preexistentes.
2. O relaxamento das tensões compressivas que impediam a propagação de trincas.
3. A redução da tensão de escoamento e o aumento da temperatura crítica de transição dúctil/frágil, do
material tratado térmicamente, comparativamente ao metal base, sem solda.
4. Risco de reação, do hidrogênio dissolvido, na estrutura do metal, com o carbono, gerando o gás
metano com conseqüente fragilização do material.

No caso do tratamento térmico localizado acresce-se também o risco de geração de novas tensões
térmicas residuais nas interfaces da região aquecida, e o risco de falha estrutural em equipamentos
esbeltos.

3.5. EXIGÊNCIAS DO CÓDIGO ASME QUANTO A NECESSIDADE DE


TRATAMENTO TÉRMICO PARA ALÍVIO DE TENSÕES
a) PARA SOLDAS NOVAS EM AÇO CARBONO

O tratamento térmico para o alívio de tensões em soldas de vasos novos é requerido nos seguintes
casos:
a.1. Espessuras maiores do que 38 mm.
a.2. Espessuras maiores do que 31 mm a menos que se faça pré-aquecimento de 100 °C durante a
soldagem.
a.3. Qualquer espessura para vaso em serviço letal.
a.4. Qualquer espessura para vaso em serviço à temperatura inferior a - 45 ° C.
b) PARA SOLDAS NOVAS EM AÇO BAIXA LIGA C-1/2 Mo e ½ Cr-1/2 Mo

O tratamento térmico para o alívios de tensões em soldas de vasos novos é requerido no seguintes
casos:
b.1. Para espessura superiores a 16 mm.
b.2. Qualquer espessura para vaso em serviço letal.
b.3. Qualquer espessura para vaso em serviço à temperatura inferior a - 45°C.

c) PARA REPAROS DE SOLDA EM AÇO CARBONO

É exigido tratamento térmico ADICIONAL em vasos de pressão novos que tenham sido reparados
com solda nos seguintes casos :
c.1. Qualquer profundidade de reparo para vasos em serviço letal.
c.2.
c.3. Qualquer
Qualquer profundidade
profundidade de
dereparo
reparopara
em vasos
bocaisem serviço
com à temperatura
diâmetro inferior a inferior a - 45não
2 polegadas
° C.
precisam
ser tratados, desde que sejam pré - aquecidos a 100°C, durante a soldagem, não tenham : chanfro
superior a 13 mm, altura de garganta superior a 13 mm e anel de reforço.
c.4. As soldas com garganta inferior a 13 mm não precisaram ser tratadas se utilizarem pré -
aquecimento de 100° C, durante a soldagem.
c.5. Os revestimentos feitos com depósito de solda ou solda de fixação de lining’s não precisam ser
tratados se pré - aquecidos a 100° C, durante a soldagem.
15
CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
c.6. Pequenas restaurações da superfície devido a remoção dos dispositivos de soldagem não precisam
ser tratados se não houver risco de contato com o produto a ser armazenado.
c.7. Quando a profundidade total do reparo de qualquer junta soldada, que não se enquadrem nos itens
acima, exceder a 38 mm (soma das profundidades de reparos de cada lado da solda).

d) PARA REPAROS DE SOLDA EM AÇO BAIXA LIGA C-1/2 Mo e ½ Cr-1/2 Mo

É exigido tratamento térmico ADICIONAL em vasos de pressão novos que tenham sido reparados
com solda nos seguintes casos :
d.1. Qualquer profundidade de reparo para vasos em serviço letal.
d.2. Qualquer profundidade de reparo para vasos em serviço à temperatura inferior a - 45°C.
d.3. Soldas de bocais e acessórios em paredes não pressurizadas, com chanfro até 13 mm o
tratamento não é exigido se a solda for executada com pré - aquecimento de 100 °C e o carbono
equivalente1 for inferior a 0,25%.
d.4. Soldas circunferênciais em tubos de espessura inferior a 13 mm, o tratamento térmico não é
exigido se o carbono equivalente for inferior a 0,25%.
d.5. Os revestimentos feitos com depósito de solda ou solda de fixação de lining’s não precisam ser
tratados se pré - aquecidos a 100°C, durante a soldagem e se o carbono equivalente for inferior a
0,25%.
d.6. Pequenas restaurações da superfície devido a remoção dos dispositivos de soldagem não precisam
ser tratados se não houver risco de contato com o produto a ser armazenado.
d.7. Quando a profundidade total do reparo de qualquer junta soldada, que não se enquadrem nos itens
acima, exceder a 16 mm (soma das profundidades de reparos de cada lado da solda).

3.6. TRATAMENTO TÉRMICO LOCALIZADO


O tratamento térmico localizado produzirá deformações plásticas no equipamento tratado. O gradiente
térmico durante o aquecimento, encharque e resfriamento deverá ser cuidadosamente controlado para
evitar a introdução, de um novo estado de tensões. As tensões térmicas produzidas por um tratamento
térmico localizado indevidamente realizado, poderão srcinar um estado de tensões residuais mais
perigoso ao equipamento soldado do que o existente anteriormente ao tratamento.

Conforme já foi descrito, é fundamental o controle do gradiente térmico durante a realização do


tratamento térmico localizado. Diversos códigos limitam, além do gradiente térmico, a largura mínima
da faixa localmente aquecida e a extensão de seu isolamento térmico. A tabela 2 sintetiza estas
exigências para alguns códigos de construção tradicionalmente utilizados.

A figura 12 representa esquematicamente a preocupação da comissão 11 da Organização Internacional


de Normas Técnicas (ISO/TC 11- Boilers and Pressure Vessels), quanto ao gradiente térmico durante
um tratamento térmico localizado. Apesar de mais conservador que o código ASME estas dimensões
tem
estessido as preferidas
são realizados na realização de tratamentos térmicos localizados de juntas soldadas, quando
no campo.

1
O The Welding Institute recomenda que o carbono equivalente, para aços carbono e carbono-manganês, seja calculado
pela expressão: Ceq = %C + (%Mn) / 6 + (%Cr + %Mo + %V) / 5 + (%Ni + %Cu) / 15

16
CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
DIMENSÃO NORMA
BS 5500 ASME ISO DIS 2694
Extensão a Toda a
ser aquecida circunferência Toda a circunferência do
para soldas Toda a circunferência do vaso do vaso numa vaso numa extensão de 2,5.
circunfe- numa extensão de 2,5. Rt , extensão de 2. t Rt , para cada lado da
rênciais e para cada lado da junta soldada , para cada lado junta soldada
longitu- da junta
dinais soldada
Extensão
ser a
aquecida Toda a
circunferência
para soldas Toda a circunferência do vaso do vaso numa Toda a circunferência do
de atracação numa extensão de 2,5. Rt , extensão de 12 vaso numa extensão de 2,5.
de bocais para cada lado da junta soldada t + a maior Rt , para cada lado da
largura externa junta soldada
da junta
soldada
A temperatura nas bordas da A temperatura nas bordas
Gradiente região aquecida deverá ser igual da região aquecida deverá
térmico a ½ da temperatura máxima, Não especifica ser igual a ½ da temperatura
em qualquer instante do máxima, em qualquer
tratamento instante do tratamento
260°C / hora.
Taxa de 220°C / hora. pol. da menor pol. da menor 260°C / hora. pol. da menor
resfriamento espessura sendo tratada espessura
sendo tratada espessura sendo tratada
220°C / hora.
Taxa de 220°C / hora. pol. da menor pol. da menor 220°C / hora. pol. da menor
aquecimento espessura sendo tratada espessura espessura sendo tratada
sendo tratada

ONDE : R = Raio externo da junta soldada.


t = maior espessura da junta soldada, sem considerar o reforço da solda.

TABELA 2 - Exigências para a execução de tratamento térmico localizado.

17
CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
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As zonas fundida e térmicamente afetada
deverão estar submetidas à temperatura
de tratamento.

T
T = temperatura de
tratamento.

T/2

2 5. Rt

ISOLAMENTO
TÉRMICO
t

R SOLDA

5. Rt
FAIXA AQUECIDA
10. Rt
FAIXA ISOLADA TERMICAMENTE

FIGURA 12 - Limitações para o gradiente térmico durante um tratamento térmico localizado,


conforme a ISO / TC 11 da ISO / DIS 2694.

3.7. TRATAMENTO TÉRMICO LOCALIZADO NO CAMPO


3.7.1. INTRODUÇÃO
A necessidade da realização de tratamento térmico localizado em vasos de pressão após a execução de
reparos tem se tornado usual em paradas de manutenção.
O aumento do grau de detectabilidade dos exames não destrutivos tem resultado na identificação de
defeitos de fabricação em soldas aceitas com os recursos da época, isto tem resultado num aumento
das necessidade de reparos em soldas principalmente de bocais com o casco dos vasos e muitas vezes é

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CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
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necessário o TTAT localizado do vaso, que devido aos problemas de custos e prazo são realizados com
o equipamento na sua posição de operação.
A análise da possibilidade de realização do TTAT localizado no campo envolve cálculos de
engenharia, o estabelecimento de métodos para acompanhamento do tratamento e em alguns casos, até
a necessidade da instalação de dispositivos provisórios, com a finalidade de garantir um mínimo de
alteração do vaso após o tratamento, tanto do ponto de vista dimensional (verticalidade, ovalização
etc.) e metalúrgico, como do estado de tensões, garantindo-se que o TTAT seja um benefício para o
equipamento.

3.7.2. ANÁLISE DE ENGENHARIA


Antes de decidir sobre a forma de tratamento são necessários os seguintes estudos :
a) Cálculo das tensões aplicadas sobre a região a ser aquecida, considerando o efeito da temperatura no
limite de escoamento do material.

NOTAS: - Considerar os valores reais de espessura medidos.


- Considerar as cargas devido ao vento.

b) Analisar a necessidade de se prever sustentação adicional do equipamento, durante o tratamento.


c) Definir os serviços necessários para deixar o equipamento em condições de livre expansão.
Exemplo: quebra de fire - proof, lubrificação e provisão de espaço para livre expansão do vaso,
soltar as linhas e plataformas, etc.
d) Definir variáveis a serem monitoradas durante o tratamento.
Exemplo: verticalidade para vasos verticais, movimentação linear dos vasos horizontais no apoio
deslizante, ciclo térmico, etc.

3.7.3. PREPARAÇÕES RELATIVAS AO AQUECIMENTO


No campo, o aquecimento é normalmente produzido com resistências elétricas energizadas por
máquinas de solda. As maiores vantagens são a portabilidade do método, a disponibilidade das
máquinas de solda em qualquer obra industrial e a não limitação de potência, pois basta usar quantas
máquinas necessárias à área a ser aquecida e tratada. Como regra geral, a potência necessária
corresponde a uma energia de 2 a 5 watt / cm 2 de superfície externa, para o tratamento térmico
de alívio de tensões, desde que convenientemente isolada, externa e internamente. Outra
facilidade é o fácil controle, pois as máquinas de solda são geradores ou transformadores de corrente
contínua, com controle da voltagem e amperagem.

O material dos elementos de aquecimento comumente usado é o fio de níquel-cromo, que permite
temperaturas da ordem de 800 a 900 ° C. Em aquecimentos mais severos, usam-se os fios de Kanthal,
uma liga especial que permite altas temperaturas, da ordem de 1000 a 1300° C.

Modernamente
são equipamentosas máquinas de para
específicos soldaprover
vêm sendo substituídas
a energia elétricapor
aomódulos de tratamento
aquecimento. Possuemtérmico, que
programas
automáticos que controlam totalmente o tratamento térmico a partir das informações fornecidas,
usando as prescrições do código ASME para vários materiais e espessuras diferentes. Os elementos de
aquecimento continuam sendo resistores, constituídos por espiras de fio ou em mantas pré-fabricadas.
Nesse particular, as mantas produzem um aquecimento mais uniforme da superfície, do que as espiras
ou os elementos de fios dobrados.

19
CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
Para o isolamento térmico, devido às altas temperaturas envolvidas, são usadas as mantas de fibras
cerâmicas, em camadas de 25 mm de espessura, perfazendo 50 a 75 mm de isolante.

3.7.4. PREPARAÇÃO DO VASO PARA O TRATAMENTO TÉRMICO


a) O vaso deve estar livre para dilatar-se em todas as direções, não devendo ser imposta nenhuma
restrição à expansão térmica. Assim, os seguintes pontos devem ser observados :
a.1. Todas as tubulações ligadas ao vaso devem ser desconectadas.
a.2. Todas as tubulações cujo seu apoio estão ligados ao vaso, devem ser removidas de seus
suportes.
a.3. Remover todos os internos do vaso, localizados na extensão de aquecimento e isolamento da
parte do vaso a ser tratado.
a.4. Soltar ou remover as plataformas e escadas, localizadas na extensão de aquecimento e
isolamento térmico da região a ser tratada.
a.5. Verificar a necessidade de remover o fire-proof, caso este esteja dentro da extensão de
aquecimento e isolamento da região a ser tratada.
a.6. Limpar e lubrificar os apoios deslizantes dos vasos horizontais.

b) Outras providências de preparação do equipamento para o tratamento térmico :


b.1. Remover os instrumentos, conduites e fiação próximos da extensão de aquecimento e
isolamento da região a ser tratada.
b.2. Marcar os pontos de acompanhamento topográfico do vaso, quando for o caso. O
acompanhamento deve ser espaçado de 90°, de modo a permitir o acompanhamento nas
direções norte/sul e leste/oeste. Os pontos devem estar iluminados com duplicidade, para evitar
contratempos.
b.3. Instalar cobertura da região do vaso que será aquecida e isolada a uma distância de pelo menos
1,5 m. do vaso.
b.4. Remover todos os plugs existentes em chapas de reforço na extensão de aquecimento e
isolamento da região a ser tratada.
b.5. Executar furo de no mínimo 3,0 mm de diâmetro em todas as chapas sobrepostas ao casco do
vaso (chapas de reforço, de atracação de grampos, etc.), localizadas na extensão de
aquecimento e isolamento da região a ser tratada.
b.6. Distribuir as resistências de aquecimento, optando por um controle de temperatura setorial
(melhor para vasos verticais) ou o controle de toda a região a ser tratada (melhor para vasos
horizontais).
b.7. Distribuir os termopares de maneira setorial ou global, conforme a opção anterior e de maneira
a garantir o controle do gradiente térmico dentro dos valores recomendados.
b.8. Distribuir as máquinas de solda também de maneira setorial ou global, conforme a distribuição
de resistências adotada, tomando o cuidado de se adotar no mínimo 1 termo-par para cada
máquina de solda e uma máquina para cada resistência.

b.9. ter
Adotar,
um pardentro das possibilidades,
operando e outro reserva.a duplicidade de resistência e termopares, de maneira a se
b.10. Montar um sistema de identificação e um mapa das distribuições de resistência, termopares e
máquinas de solda de maneira a permitir a substituição de resistência ou termo-par durante o
tratamento, sem a necessidade de remoção do isolamento térmico, usando-se a resistência ou
termo-par reserva, conforme o caso.

3.7.5. RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA


20
CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
a) Ter em local de fácil acesso extintores de incêndio de pó químico. Não é recomendado o uso de
água ou CO2, próximo ao vaso devido ao risco de resfriamento descontrolado e setorial do vaso
aquecido.
b) Evitar a proximidade de materiais combustíveis próximo a região de aquecimento do vaso.
Exemplo: evitar corda, pano, madeira, etc.
c) Isolar a área adjacente ao vaso num perímetro de pelo menos igual ao diâmetro do vaso, ao redor
deste, durante o período do tratamento.
d) Comunicar a todos o período do tratamento, principalmente os funcionários dos períodos fora do
administrativo. (como domingos, noites, etc.).

3.8. AVALIAÇÃO DA EFETIVIDADE DO TRATAMENTO TÉRMICO


Existem duas maneiras básicas de se medir o nível de tensões de um equipamento que podem ser
usados antes e após o tratamento térmico, para se avaliar sua efetividade.

1. Avaliação pelo extensômetria, sendo as técnicas mais utilizadas : furo central, difração de raios X,
elastomagnética e a ultra-sônica. Destas técnicas a mais utilizada no campo é a técnica de
extensômetria elétrica com a execução de um furo cego na superfície do equipamento.
2. Avaliação pela dureza é técnica que tem sido mais utilizada para avaliação de tratamentos térmicos
em equipamentos de grande porte, como vasos de pressão.

A seguir serão apresentadas de maneira resumida e simplificada as três técnicas mais utilizadas
atualmente pelos técnicos na avaliação do nível de tensões de uma estrutura. (dureza, furo cego e raios
X)

3.8.1. AVALIAÇÃO DA EFETIVIDADE DO TTAT ATRAVÉS DA DUREZA


A medida da variação da dureza, antes e após o TTAT (tratamento térmico após a soldagem), é uma
forma de avaliar se o tratamento foi devidamente executado. Porém a dureza da ZTA não deve ser
usada para avaliar a tenacidade ou o nível de tensões residuais da junta soldada.

A variação da dureza depende primeiramente da facilidade da micro estrutura revenir. A estrutura


martensítica revine muito mais facilmente que a bainítica. Assim, em uma ZTA preponderantemente
martensítica, o TTAT pode levar a considerável queda de dureza, dependendo da % de carbono na
composição química do material. Já uma ZTA substancialmente bainítica , o TTAT resulta em baixa
ou mesmo nenhuma redução de dureza.
Outra característica que influi na variação da dureza é a presença dos elementos Nb, Va, Ti, que
tornam o aço microligado. Após o TTAT, devido a precipitação dos carbonetos que ocorre, a dureza
pode mesmo aumentar, dependendo da composição química do aço e dos parâmetros de soldagem.

Segundo o The química


na composição Weldingde
Institute
um açopara
não que
podeo ser
TTAT seja efetivo,
superior a 0,1%.a soma dos teores de V e Nb presentes

Outra variável, que influi na dureza é o procedimento de soldagem. Na fábrica usa-se, normalmente,
processos automáticos ou semi-automáticos do tipo arco submerso. No campo, o reparo é feito com
eletrodo revestido e aporte de calor da ordem de 1,5 KJ / mm. Nestas condições as durezas nas zonas
fundidas e térmicamente afetadas de uma junta soldada no campo são bem diferentes da fábrica.

21
CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
A dureza da ZTA é superior a do cordão de solda, mesmo após o TTAT. A razão é que o eletrodo,
normalmente, tem menor teor de carbono, que o metal base o que acarreta maior dureza na ZTA.

A medição da dureza na ZTA é de difícil realização, pela sua pequena largura (3 a 5 mm). Isso torna
impraticável o uso do aparelho Poldi ou Telebrineller para medir dureza na ZTA.

Qualquer medição com o Poldi na ZTA não é confiável, pois a esfera do penetrador é de 10 mm de
diâmetro, por isso não consegue atingir somente a ZTA. Por isso, considera-se que o Poldi é adequado
para medir a dureza do cordão de solda, de uma maneira genérica, ou seja, um valor de dureza média
da junta soldada.

Quando se deseja medir a dureza da ZTA o método de maior confiabilidade é o Ernst, este aparelho
mede a penetração do material e pode dar uma medida representativa da ZTA.

Outros métodos utilizados para medir a dureza de juntas soldadas são:

- Ultra-som: não é representativo pois mede microdureza, com baixíssima carga, e pode estar medindo
a dureza do grão duro de uma inclusão.
- Microdur: é o aparelho que tem menos inconvenientes e pode ser usado para medir a dureza de ZTA,
com uma confiabilidade aceitável.

3.8.2. AVALIAÇÃO DA EFETIVIDADE DO TTAT ATRAVÉS DA TÉCNICA DO FURO CEGO

A técnica chamada de ″ técnica do furo cego ″ consiste na confecção de um furo não-passante, de


pequenas dimensões, no ponto onde se pretende obter os valores das tensões residuais atuantes. Tais
tensões são calculadas a partir das deformações medidas por três extensômetros elétricos de resistência
montados em roseta. As deformações indicadas se referem à redistribuição de tensões, causadas pela
retirada de material por usinagem.

O procedimento é considerado semi destrutivo por introduzir um furo de até 3 mm de diâmetro de


profundidade, não prejudicando a resistência e o desempenho da maioria dos componentes de
interesse. É importante ter-se em mente que o furo usinado é um defeito e, como tal, produz um efeito
concentrador de tensões a partir de seus bordos.

Essa técnica se aplica a materiais elásticos, homogêneos e isotrópicos. São utilizadas a solução de
Kirsch e as relações constitutivas da teoria da elasticidade, para que, a partir da medição das
deformações aliviadas, sejam determinadas as tensões principais atuantes, bem como suas orientações.
As medidas são obtidas com um nível de precisão aceitável, desde que o rearranjo de tensões ocorra
dentro do regime elástico.

O método possui
contribuições. Podeum ser histórico
tomado evolutivo de mais de desenvolvido
como suficientemente cinco décadas, tendo recebidopara
e fundamentado várias
as
aplicações de engenharia, desde que respeitadas as premissas sobre as quais se apoia. A principal
limitação para a aplicação do método é o fato de ele pressupor tensões constantes ao longo da
espessura na região do furo.
A introdução de um furo ( de pequeno diâmetro ) em um corpo sob tensões ocasiona um relaxamento
local dessas tensões. Isto ocorre porque, em quaisquer superfícies, no caso, na superfície do furo, nas
suas direções perpendiculares, as tensões normais e cisalhantes são necessariamente nulas.

22
CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
Naturalmente, a eliminação destas tensões, mediante a confecção do orifício, provoca uma imediata
variação em todo o campo de tensões nas vizinhanças.

O processo é padronizado pelo método ASTM - E - 837 / 94.

23
CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
3.8.3. AVALIAÇÃO DA EFETIVIDADE DO TTAT ATRAVÉS DA TÉCNICA DA
DIFRAÇÃO DE RAIOS X.

Esta técnica, caraterizada como não-destrutiva, baseia-se no fato de que, quando um material se
encontra tencionado, as deformações resultantes acarretam alterações da distância entre os planos
atômicos da estrutura cristalina do metal. A técnica procura medir essa distância, sendo a tensão
correspondente calculada a partira de expressões da teoria da elasticidade. A própria estrutura
cristalina do material é usada como extensômetro.

É amplamente aceito que a difração de raios X é a única técnica realmente não-destrutiva para a
medição confiável de tensões residuais. A evolução de seis décadas desde a primeira aplicação do
método, tanto em sua base teórica quanto na instrumentação, já permite seu uso no campo. A aplicação
mais usual, chamada de dispersão angular, é capaz de medir tensões a profundidades de até 0,05 mm.
Esta pouca penetração constitui uma das limitações do método.

24
CURSOS: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 3
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
1. REVISÃO DOS ENSAIOS DE TRAÇÃO E IMPACTO
1.1. INTRODUÇÃO
O parágrafo UG-4 da seção VIII do código ASME, recomenda que o usuário certifique-se de que os
materiais usados na fabricação dos vasos são os apropriados para o serviço desejado.

Todos os materiais que estiverem sujeitos à pressão aplicada devem estar de acordo com as
especificações da seção II do código ASME.

As propriedades mecânicas avaliam o comportamento de um material quando sujeito a esforços de


natureza mecânica e correspondem às propriedades que, num determinado material, determinam a sua
capacidade de transmitir e resistir aos esforços que lhe são aplicados, sem romper ou sem que
produzam deformações incontroláveis.

A determinação das propriedades mecânicas dos metais, é obtida através de ensaios mecânicos,
realizados em corpos de provas de dimensões, forma e procedimento ou especificação de ensaio,
padronizados por normas brasileiras e estrangeiras.

A solda constitui um elo de continuidade metálica entre componentes de um estrutura ou equipamento


e por esta razão suas propriedades devem ser compatíveis com as propriedades mecânicas do metal de
base.

Desta forma, os resultados dos ensaios mecânicos desde que satisfatórios, asseguram a qualidade
mínima da solda em termos de propriedades mecânicas, bem como servem de base para qualificações
do metal de adição, do procedimento de soldagem, de soldadores e para verificar os testes de
produção.

No sentido de situar o leitor no contexto, a tabela 1 ilustra a utilização usual dos ensaios mecânicos,
vários deles rotineiros, em atividades de soldagem.

ENSAIO ATIVIDADES DE SOLDAGEM


Qualificação de Qualificação de Qualificação de Chapas de teste
metal de adição procedimento de soldagem soldadores de produção
Tração x x - x
Dobramento - x x x
Fratura - x x -
Dureza - x - x
Impacto Charpy x x - x
Impacto Drop-Weight - x - -
Micrográfico - x x x
Macrográfico - x x x
CTOD - x - -

TABELA 1 - Utilização dos ensaios mecânicos na soldagem.

1
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Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
1.2 CORPOS DE PROVA
São assim chamados, amostras para ensaios removidas de uma parte representativa de um material. As
dimensões e forma dos corpos são definidas pelos códigos em função, principalmente, do ensaio ao
qual este será submetido.

Nas especificações de materiais, para o caso de produtos laminados e forjados, são utilizados os termos
“ensaio longitudinal” e “ensaio transversal”.

Os termos acima se relacionam à orientação de retirada dos corpos de prova, considerando-se a direção
de laminação da peça em ensaio.

1.2.1 Corpo de Prova Longitudinal


Significa que o eixo longitudinal (E.L.) do corpo de prova é paralelo à direção de laminação da
amostra do material a ser ensaiado, conforme demonstrado na figura 1.

EXEMPLOS:
- A força aplicada a um corpo de prova, em ensaio de tração longitudinal, deve ser na direção da
laminação.
- O eixo de fechamento de um corpo de prova, em ensaio de dobramento longitudinal, deve ser
ortogonal à direção de laminação.

DIREÇÃO DE
LAMINAÇÃO AMOSTRA DO MATERIAL
A SER ENSAIADA

E.L.
E.L.

ENSAIO DE TRAÇÃO LONGITUDINAL


ENSAIO DE TRAÇÃO LONGITUDINAL CORPO DE PROVA CILÍNDRICO
CORPO DE PROVA PLANO
EIXO DE
E.L.
E.L.

ENSAIO DE DOBRAMENTO ENSAIO CHARPY LONGITUDINAL


LONGITUDINAL
E.L. = EIXO LONGITUDINAL DO CORPO DE PROVA
= DIREÇÃO DE LAMINAÇÃO DO CORPO DE PROVA

FIGURA 1 - Corpo de prova, para ensaio longitudinal, retirados de produto laminado.

2
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1.2.2 Corpo de Prova Transversal
Significa que o eixo longitudinal do corpo de prova é ortogonal à direção de laminação da amostra do
material a ser ensaiado, conforme demonstrado na figura 2.

EXEMPLOS:
- A força aplicada a um corpo de prova, em ensaio de tração transversal, deve ser ortogonal à direção
de laminação.
- O eixo de fechamento de um corpo de prova, com ensaio de dobramento transversal, deve ser
paralelo à direção de laminação.

DIREÇÃO DE
LAMINAÇÃO AMOSTRA DO MATERIAL A SER
ENSAIADO

E.L

ENSAIO DE TRAÇÃO TRANSVERSAL


ENSAIO DE TRAÇÃO TRANSVERSAL CORPO DE PROVA CILÍNDRICO
CORPO DE PROVA PLANO

EIXO DE E.L.
E.L FECHAMENTO

ENSAIO CHARPY TRANSVERSAL

ENSAIO DE DOBRAMENTO

E.L. = EIXO LONGITUDINAL DO CORPO DE PROVA


→ = DIREÇÃO DE LAMINAÇÃO DO CORPO DE PROVA

FIGURA 2 - Corpos de prova, para ensaio transversal, retirados de produto laminado.

3
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1.3. ENSAIO DE TRAÇÃO
O ensaio de tração uniaxial é completamente utilizado para caracterizar a resistência mecânica à tração
e encontra-se descrito em métodos de ensaio como as normas MB-4/77 da ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas) e E8 da ASTM (American Society for Testing and Materials). Várias
outras normas existem sobre o ensaio de tração, inclusive também das entidades citadas, para situações
particulares.

Este ensaio consiste em se tracionar corpos de prova, como os apresentados na figura 3 em máquinas,
como a exposta na figura 4.

A máquina de tração solicita o corpo de prova na direção de seu eixo longitudinal, através do
deslocamento de um barramento pela rotação de 2 parafusos sem-fim pela ação de um mecanismo
hidráulico.

A célula de carga mede o esforço aplicado e a deformação do corpo de provo é determinada pelo
deslocamento do barramento, ou diretamente medida pela utilização de um extensômetro.

A região do corpo-de-prova onde se concentra a deformação possui uma seção reduzida, e é


denominada parte útil, como visto na figura 3. Nesta região é tomado um trecho de comprimento l 0 ,
denominado base se medida ou comprimento útil. A área inicial de seção reduzida é A0 e o esforço de
tração sobre o corpo-de-prova é a força F.
ZONA DE A0
CONCORDÂNCIA DIÂMETRO
C.P.
DE
SEÇÃO
CIRCULAR
L0
BASE DE MEDIDA
ESPESSURA
C.P.
DE
SEÇÃO
RETANGULAR
A0 LARGURA

COMPRIMENTO ÚTIL DO CORPO DE PROVA

FIGURA 3 - Corpos-de-prova típicos empregados em ensaios de tração. Por acordo internacional,


exceto em casos especiais, adota-se a relação L0 = 5, 65 S o que torna L = 5d para
o o

corpos-de-prova de seção circular.

4
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CÉLULA DE CARGA

BARRAMENTO
Ao
CORPO DE l PARAFUSO
PROVA SEM-FIM

BASE
F = σ . Ao

FIGURA 4 - Esquema de um ensaio de tração. Neste caso o corpo-de-prova é tracionado pelo


deslocamento de um barramento acionado pela rotação de parafusos sem fim.

O alongamento δ do corpo-de-prova, dividido pelo comprimento útil inicial l0 , é o alongamento


específico ou deformação de engenharia ∈. Tem-se que:

δ Δl l − l0
∈= = =
l0 l0 l0

onde l é o comprimento num dado instante da região do corpo-de-prova, tomado como base de
medida.

A figura 5 apresenta uma curva típica resultante de um ensaio de tração, relacionado a tensão com a
deformação de engenharia (também chamadas tensão e deformação convencionais). Nesta curva estão
assinalados parâmetros importantes para a caracterização da resistência a tração dos materiais. Estes,
assim como outras propriedades determinadas pelo ensaio de tração, encontram-se comentados a
seguir:

5
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Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
DEFORMAÇÃO ATÉ A FRATURA

σt ou LR

RESISTÊNCIA
À TRAÇÃO
σe ou LE TENSÃO
DE
TENSÃO FRATURA
DE
ESCOAMENTO
CONVENCIONAL
MÓDULO DE
ELASTICIDADE
E =a / b

DEFORMAÇÃO
0,2 % DE COMPORTAMENTO PLÁSTICO
COMPORTAMENTO
DEFORMAÇÃO ELÁSTICO

FIGURA 5 - Curva típica tensão/deformação convencionais.

a) Módulo de elasticidade
A proporcionalidade entre a tensão e a deformação foi determinada por Robert Hooke em 1678. O
coeficiente de proporcionalidade E é o módulo de elasticidade, ou módulo de Young.

E= /
Os materiais têm um comportamento elástico quando, ao ser retirado o esforço causador de
deformação, retomam às suas dimensões srcinais.

Caso haja uma deformação residual, esta é a deformação plástica.

b) Módulo de Poisson

Como conseqüência da deformação no sentido do comprimento, tem-se uma redução na seção


transversal de um material tracionado.

A relação entre a deformação longitudinal e a contração lateral é o módulo ou coeficiente de


Poisson,v.

Nos metais, no comportamento elástico, v é aproximadamente 0,3. Sob deformação plástica, aumenta
para 0,5.

6
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c) Módulo de cisalhamento

Um esforço de cisalhamento, como o indicado na figura 6, produz uma deformação cisalhante (ou de
cisalhamento).

A relação entre a tensão de cisalhamento e a deformação de cisalhamento é igual ao módulo de


cisalhamento G, também chamado módulo de rigidez.
F

L θ
dL
G = (τ / δ )
L
ONDE: δ = ( dL / L ) = tan θ ≈ θ

FIGURA 6 - Esforço de cisalhamento aplicado sobre um pequeno cubo.

Os módulos de elasticidade de Poisson e de rigidez estão relacionados entre si, de acordo com a
E
expressão 2G =
1+ v

d) Limite de escoamento ( e ) ou (LE)


A maioria dos metais apresenta nas curvas tensão/deformação uma transição do comportamento
elástico para o comportamento plástico, como se pode ver na figura 5.

O limite de escoamento convencional é a tensão determinada pela intercessão da curva ″ σ x ε ″ com


uma linha paralela ao trecho elástico, deslocada deste, pelo valor de uma deformação estabelecida.

O valor convencionado para a deformação plástica varia em função do material.

Para os aços, este valor é geralmente igual a 0,2%. Para aços ou ligas não-ferrosas muito duras, este
valor é da ordem de 0,01 a 0,1%. Para materiais que não possuem um trecho linear na curva ″ σ x ε ″,
como é o caso do cobre ou do ferro fundido cinzento, define-se o limite de escoamento como tensão
onde a deformação total é igual a 0,5%.

A distinção entre
elasticidade os comportamentos
e do limite elástico eque
de proporcionalidade, plástico pode
não são ser feita através
usualmente dosdevido
adotados critérios do limite de
a dificuldades
práticas na sua determinação.

O limite de elasticidade é a maior tensão que pode ser aplicada sem deformação plástica
reamanescente. Portanto, aumentando-se a sensibilidade da medição, o limite de elasticidade diminui
até o chamado limite elástico verdadeiro, tomado para deformações medidas com precisão da ordem
de 10-6 cm/cm.

7
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Para uma precisão de 10-4 cm/cm tem-se que o limite de elasticidade é superior ao limite de
proporcionalidade, que é a tensão onde ocorre desvio da linha reta na curva ″ σ x ε ″.

e) Limite de resistência à tração ( t ) ou (LR)

É a carga máxima registrada no ensaio de tração, dividida pela área inicial. ( figura 5 ).

f) Ductilidade

A ductilidade é medida pelo alongamento ou elongação na fratura, ∈ e pela redução de área RA na


f
fratura, cálculos pelas expressões abaixo e usualmente fornecidos em termos percentuais. f
( lf - l0 ) ( A 0 - Af )
εf = l0
ou RAf = A0
A ductilidade é uma propriedade associada a uma mecânica uniaxial. A capacidade de deformação do
material é medida pela maleabilidade quando solicitado triaxialmente, como por exemplo, na
laminação.

Um material completamente dúctil teria redução de área na fratura de 100%. Na prática são
considerados dúcteis, materiais, cuja redução de área na fratura seja superior a 30%. Este critério, não
é rígido.

g) Resiliência

A resiliência é a energia que o material absorve na região elástica. Mede-se pelo módulo de resiliência,
que é energia por unidade de volume para tencionar o material até a tensão limite de escoamento.

Esta energia corresponde à área sob a curva σ x ∈ até o limite de escoamento. Aços com elevada
resiliência são adequados à fabricação de molas.

Na figura 7 pode-se comparar a resiliência de um aço estrutural com a de um aço-mola de alto


carbono.
AÇO MOLA DE ALTO CARBONO AÇO ESTRUTURAL

RESILIÊNCIA:
AÇO MOLA = ÁREA ( A + B )
AÇO ESTRUTURAL = ÁREA ( A )

C TENACIDADE:
AÇO MOLA = ÁREA ( A + B + C )
D
B AÇO ESTRUTURAL = ÁREA ( A + B + C + D )
A

DEFORMAÇÃO ε

FIGURA 7 - Curvas ″ σ x ε ″ de aços com diferentes propriedades.


8
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h) Tenacidade

A capacidade do material de armazenar energia na região de comportamento plástico é denominada


tenacidade.

Esta propriedade é também considera em outros ensaios como o ensaio de impacto.

No ensaio de tração, considera-se como tenacidade a área total sob a curva até a tensão de fratura.
Como o aço estrutural apresentado na figura 7 é mais dúctil que o aço-mola de elevado teor de
carbono, então ele possui maior tenacidade mesmo com resiliência menor. A energia total para fraturar
o corpo-de-prova de aço estrutural é maior que aquela correspondente ao aço-mola apresentado.

1.4. ENSAIO DE IMPACTO

1.4.1. INTRODUÇÃO
O ensaio de impacto é um ensaio empregado no estudo da fratura frágil dos metais, que é caracterizada
pela propriedade de um metal atingir a ruptura sem sofrer deformação apreciável.

Embora hoje em dia existam para esse fim ensaios mais elaborados e bem mais representativos, pela
sua simplicidade e rapidez, o ensaio de impacto (às vezes denominado ensaio de choque ou
impropriamente de ensaio de resiliência) é um ensaio dinâmico usado ainda em todo o mundo e consta
de várias normas técnicas internacionais como ensaio obrigatório, principalmente para materiais
utilizados em baixa temperatura, como teste de aceitação do material, e qualificação de procedimentos
de soldagem.

O corpo de prova é padronizado e provido de um detalhe para localizar a sua ruptura e produzir um
estado triaxial de tensões, quando ele é submetido à uma flexão por impacto, produzida por um
martelo pendular. A energia que o corpo de prova absorve, para se deformar e romper, é medida pela
diferença entre a altura atingida pelo martelo antes e após o impacto, multiplicada pelo peso do
martelo. Nas máquinas em geral essa energia é lida na própria máquina através de um ponteiro que
corre numa escala graduada, já convertida em unidade de energia. Pela medida da área da seção
entalhada do corpo de prova, pode-se então obter a energia absorvida por unidade de área, que também
é um valor útil. Quanto menor for a energia absorvida, mais frágil será o comportamento do material
àquela solicitação dinâmica.

O entalhe produz um estado triplo de tensões, suficiente para provocar uma ruptura de caráter frágil,
mas
podemapesar disso,
mesmo nãoconforme
variar se pode omedir
metalsatisfatoriamente
usado ou conformeos componentes das tensões
a estrutura interna existentes,
que o metal que
apresente.
Desse modo, o ensaio impacto em corpos de prova entalhados tem limitada significação e
interpretação, sendo útil apenas para comparação de materiais ensaiados mas mesmas condições.

O resultado do ensaio é apenas uma medida da energia absorvida na fratura de um corpo de prova, não
fornecendo indicações seguras sobre o comportamento do metal ao choque em geral.

9
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Existem vários fatores que influem na resistência ao impacto tais como entalhe ou descontinuidade,
composição do metal de base, composição do metal de adição, tratamento térmico, grau de
encruamento, tamanho de grão, temperatura, etc.
Nos metais o sistema cúbico de corpo centrado, a temperatura tem um efeito acentuado na resistência
ao impacto tal que, à medida que a temperatura diminui, o corpo de prova se rompe com fratura frágil
ou cristalina e pequena absorção de energia. Acima dessa temperatura as fraturas do mesmo metal
passam a ser dúcteis e com absorção de energia bem maior em ralação àquela ocorrida em
temperaturas baixas.

1.4.2. NORMALIZAÇÃO DOS CORPOS DE PROVA


Geralmente os corpos de prova entalhados para ensaio de impacto são de duas classes: corpo de prova
Charpy e corpo de prova Izod, especificado pela norma ASTM E 23.

Os corpos de prova Charpy podem ainda ser divididos em três tipos, conforme a forma de seu entalhe.
Assim, tem-se corpos de prova Charpy A, B, C, tendo todos eles uma seção quadrada de 10 mm de
lado e um comprimento de 55 mm. O entalhe é feito no meio do corpo de prova e no tipo A tem a
forma de um V, no tipo B, a forma de fechadura (“buraco de chave”) e no tipo C, a forma de um U.

O corpo de prova Izod tem uma seção quadrada de 10 mm de lado com um comprimento de 75 mm e
o entalhe é feito a uma distância de 28 mm de uma das extremidades, tendo sempre a forma de um V.
Os corpos de prova Charpy são livremente apoiados na máquina de ensaio, com uma distância entre
apoios especificada de 40 mm e o corpo de prova Izod é engastado, ficando o entalhe na altura da
superfície do engaste.

As características de confecção dos corpos de prova da classe Charpy e Izod encontram-se na figura 8.
IMPACTO DO
55 10 MARTELO

10 8

10 CHARPY
45°
10 5
40
10 1,6
IMPACTO DO
10 5 MARTELO
75°
2 10°
45° 22
28 10

10 5 IZOD
75

FIGURA 8 - Corpos de prova Charpy e Izod.

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1.4.3. RETIRADA DOS CORPOS DE PROVA
Toda norma que especifica ensaios de impacto deve indicar o local para retirada dos corpos de prova,
bem como a orientação do corpo de prova e a direção do entalhe.

O cuidado acima leva em consideração a alteração significativa dos resultados do ensaio em função da
orientação do corpo de prova e da direção do entalhe, que tem como principal exemplo as peças
trabalhadas mecanicamente.

A figura 9 mostra o efeito da direcionalidade nas curvas de impacto, em corpos de prova Charpy
retirados em três locais distintos e entalhes com diferentes orientações.

DIREÇÃO DE LAMINAÇAO

B A C

100
A
D
I 80
V
R
O )
S é
p 60 LONGITUDINAL (B)
B
A .
ra LONGIUDINAL (A)
A ilb 40
I ( TRANSVERSAL (C)
G
R
E 20
N
E
0
-40 0 40 80 120 160

TEMPERAT
URA DOENSAIO( graus F)
FIGURA 9 - Variação na energia absorvida nos ensaios de impacto com diferentes orientações.

1.4.4. CARACTERÍSTICAS DO ENSAIO


Dos ensaios de impacto em barras com entalhe o mais comum é o ensaio Charpy, padronizado pelo
método E23 da ASTM. Neste ensaio o corpo-de-prova contém um entalhe e recebe o impacto de um
martelo, como indicado na figura 10.

Neste ensaio, desenvolvido a cerca de 1905, o pêndulo possui inicialmente uma energia potencial, que
é convertida em energia cinética. Ao deformar e fraturar o corpo-de-prova, o pêndulo cede energia,
alcançando uma altura de fim de curso inferior à inicial. A diferença de energia potencial do pêndulo é
a energia absorvida.

12
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 4
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As máquinas de ensaio de impacto possuem um braço ligado ao pêndulo que, no seu movimento,
desloca um ponteiro, de modo a indicar diretamente a energia absorvida.

A grande deformação plástica, que ocorre até a fratura dúctil, é responsável pela absorção de uma
grande quantidade de energia necessária para movimentar e multiplicar as discordâncias no material.

Na fratura frágil tem-se que a energia necessária para propagar a fratura é geralmente baixa, devido ao
predomínio do mecanismo de clivagem. Neste mecanismo, a energia absorvida é armazenada
principalmente como energia superficial, presente nas áreas abertas pela fratura.

Materiais de baixa tenacidade têm, portanto, maior tendência de sofrer fratura frágil.

ESCALA

PONTEIRO
POSIÇÃO
INICIAL DO
FIM DE CURSO
DO PÊNDULO

h’

CORPO DE PROVA

DIFERENÇA DE ENERGIA POTENCIAL DO PÊNDULO = h - h’

FIGURA 10 - Esquema do ensaio de impacto Charpy. O corpo de prova absorve na sua deformação e
fratura a diferença de energia potencial do pêndulo, correspondente à variação da altura
(h-h’).

Curvas como a da figura 11 são obtidas ensaiando-se um conjunto de corpos-de-prova do mesmo


material em temperaturas diferentes.

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CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 4
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
Verifica-se, de um modo geral, que a energia absorvida no impacto mantém-se elevada nos materiais
de estrutura cúbica de face centrada, mesmo em baixas temperaturas. Materiais de estrutura cúbica de
corpo centrado geralmente apresentam uma transição no comportamento dúctil para o comportamento
frágil com a diminuição da temperatura. Materiais com limite de escoamento superior ao módulo de

elasticidade dividido por 150 (aços de alta resistência, ligas de titânio e também ligas de alumínio,
mesmo CFC) apresentam fratura frágil, mesmo em temperaturas relativamente elevadas.

é
p.
ra
ib
l(
A Materiais CFC
D
I
V
R
Materiais CCC de
S
O baixa resistência
B
A Materiais CCC de
A
I alta resistência
G
R
E
N
E

TEMPERATURA DO ENSAIO ( graus F)

FIGURA 11 - Generalização do comportamento dos materiais em função da temperatura no ensaio de


impacto. Algumas exceções a este comportamento genérico podem ocorrer.

A transição no comportamento dúctil-frágil afetada pela temperatura é avaliada por vários critérios,
como indicado na figura 12.

Estes critérios definem a temperatura de transição. Quanto menor for esta temperatura, maior será a
tenacidade do material.

O critério mais conservativo caracteriza a temperatura de transição como a menor temperatura, onde a
fratura é 100% fibrosa (T1 na figura 12), denominada de “transição para a fratura plástica”, FTP em
inglês (fracture transition plastic).

Outro critério considera a temperatura T2 onde 50% da superfície da fratura ocorre por clivagem. Esta
temperatura é chamada de “temperatura de transição de aparência da fratura”, FATT em inglês
(fracture appearance transition temperature).

A temperatura T3 é a média entre as temperaturas dos patamares superior e inferior.

A temperatura T4 corresponde a uma energia absorvida no ensaio de impacto igual a um valor


especificado. Este critério é usualmente considerado nos códigos de projeto. No projeto de vasos de
pressão, a energia absorvida especificada é função da resistência mecânica do aço empregado. T5 é a
temperatura onde, no ensaio de impacto Charpy, a fratura é essencialmente frágil. Esta temperatura é
denominada de “temperatura de ductilidade nula”, NDT em inglês (nil ductility temperature).

14
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 4
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
NDT FTP
100

50

0
T5 T4 T2 T1
TEMPERATURA
T3

FTP → completamente dúctil - ( T 1 )


FATT → 50% frágil - ( T 2 )
T3 → (T1 + T5 ) / 2
T4 → energia de impacto especificada
NDT → completamente frágil - ( T 5 )

FIGURA 12 - Critérios para definição da temperatura de transição

2. ENSAIO PARA DETERMINAÇÃO DO CTOD


2.1 INTRODUÇÃO
A existência de descontinuidade num material gera concentradores de tensão que podem nuclear e
propagar trincas.

As principais variáveis que afetam a propagação ou não de trincas são:

- valor da tensão média atenuante;


- tamanho e forma da descontinuidade;
- tenacidade à fratura do material.

A figura 13 apresenta uma descontinuidade idealizada como uma cavidade de seção transversal na
forma de uma elipse de eixos 2a e 2b, atravessando toda a espessura de uma chapa. A tensão uniforme
atuante na seção da chapa é concentrada na ponta da elipse, conforme indicado pela distorção nas
linhas de força.

15
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 4
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
σ Tensão
Uniforme - σ

2b 2a

2a

σ Tensão
Uniforme - σ

FIGURA 13 - Uma descontinuidade (por exemplo elíptica) gera concentração de tensões em função de
um carregamento uniforme.

A concentração de tensões é em função do tamanho da elipse e da relação entre os semi-eixos a e b. A


figura 14 apresenta a concentração de tensões numa descontinuidade elíptica com a = 3b. É indicado
nesta figura a tensão em relação à tensão limite de escoamento. A construção decorrente deste tipo de
geometria permite a elevação da tensão acima do limite de escoamento, o qual foi determinado no
material, através de um ensaio de tração, com carregamento uniaxial.

Em função da geometria da descontinuidade, a concentração de tensões é expressa através do fator Kt ,


denominado fator de concentração de tensão. Multiplicando-se este fator pela tensão uniforme atuante,
calcula-se a tensão máxima associada à descontinuidade.

No caso da descontinuidade elíptica, que é um modelo utilizado para simular uma trinca, quanto maior
for o comprimento (a) ou quanto menor for o raio de curvatura na ponta da trinca, (ρ ) maior será o
fator de concentração de tensões.

Com o crescimento da trinca pela sua programação, o fator de concentração de tensões irá aumentar,
caso a tensão uniforme não seja relaxada.

16
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 4
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
ε / σLE

σYY

1 σXX
b
ρ

FIGURA 14 - Devido a concentração de tensões na ponta da descontinuidade, neste local, pode atingir
valores acima da tensão limite de escoamento, mesmo para valores da tensão uniforme
relativamente baixos.

Em função das condições na ponta da trinca e em função do material, é possível haver deformação
plástica na região da ponta da trinca, ainda sem a propagação da fratura. Tem-se, neste caso, um
afastamento dos lados da descontinuidade e aumento do raio de curvatura, diminuindo a concentração
de tensões.
Em condições que levam à fratura frágil, a tensão uniforme atuante promove uma deformação elástica
que está associada a uma quantidade de energia, concentrada na região da ponta da trinca. A trinca irá
se propagar, caso esta energia elástica seja superior ao necessário para deformar plasticamente o
material, durante a propagação da fratura, e criar novas superfícies correspondentes aos dois lados da
trinca em crescimento.

No caso de gasodutos, a energia armazenada pelo gás pressurizado é aliviada pela descompressão do
gás para a atmosfera. Como a fratura frágil se propaga muito rapidamente, com velocidade da ordem
de 1500 m/s, pode não haver tempo para a descompressão do gás, justificando a propagação da fratura
por distâncias tão grandes.

Como a descompressão nos líquidos é mais rápida, tem-se uma menor probabilidade de ocorrer
fraturas catastróficas em oleodutos.

Na fratura dúctil, a deformação plástica na ponta da trinca impede que sejam atingidas velocidades de
propagação tão elevadas, favorecendo a despressurização.

A tenacidade à fratura é uma propriedade mecânica inerente ao material é que mede a sua resistência à
fratura frágil, em determinadas condições.

O conceito de tenacidade, associado à energia armazenada pela deformação plástica no ensaio de


tração ou associado à energia necessária para deformação e fratura num ensaio de impacto, é
17
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 4
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
considerado, agora, pelo comportamento do material face à concentração de tensões na ponta da trinca
(função da tesão uniforme e do tamanho e formato da trinca).
Como vimos na figura 14, no caso onde ocorre grande deformação plástica na ponta da trinca, este se
abre pelo afastamento entre seus lados. Este deslocamento de abertura da trinca é chamado δ ou
CTOD (crack tip opening displacement) e, ao ser atingido um determinado valor crítico ( δc ) , o
material apresenta sua máxima deformação possível, tendo-se, então, a propagação da fratura de modo
instável.

O CTOD é também conhecido como tenacidade à fratura.

2.2 CARACTERÍSTICAS DO ENSAIO


O ensaio para a determinação do CTOD está normalizado pela Norma Inglesa BS 5762/79 e envolve o
carregamento em flexão de três pontos de um corpo de prova no qual uma trinca de fadiga,
previamente crescida a partir de um entalhe feito por usinagem. Registra-se durante o ensaio os valores
da carga aplicada e o respectivo valor da abertura do extensômetro fixado nas bordas laterais do
entalhe.

O corpo-de-prova é o de flexão em três pontos (Figura 15) com a espessura B igual à de espessura do
material ou parte estrutural a ser avaliada, e com sua largura W = 2B. Alternativamente, pode-se
empregar um corpo-de-prova de menor constrição com W = B apenas quando se conhece com
exatidão a localização, na estrutura real, do defeito cuja periculosidade se quer avaliar. Este corpo-de-
prova alternativo deverá ter seu entalhe posicionado em relação à chapa de onde tenha sido retirado, de
maneira a reproduzir a posição do defeito em relação à esta mesma chapa.

O comprimento da trinca deve estar compreendido entre 45 e 55% da largura W do corpo-de-prova,


salvo no caso do corpo-de-prova alternativo onde a/W deverá ser fixado por acordo entre os
interessados. O vão entre os apoios no ensaio é igual a 4W.

O valor de δ, a abertura da trinca na sua ponta, está relacionado geometricamente a V, a abertura da


borda lateral da trinca na face do corpo-de-prova, através da figura 16. O registrador recebe o sinal do
extensômetro fixado à borda lateral do corpo-de-prova que monitora, dessa maneira, a abertura da
trinca na extremidade oposta à da sua ponta. Logo, é o valor da abertura do extensômetro V ao longo
do ensaio que é acessível ao experimentador, não sendo portanto a abertura na ponta da trinca uma
dimensão mensural diretamente pelo extensômetro fixado ao corpo-de-prova. A maneira de
transformar V em δ,, só pode ser feita por expressões matemáticas. A BS 5762/79 propõe uma relação
matemática entre V e δ que é hoje largamente adotada; ela separa o valor de CTOD na ponta da trinca
em dois componentes, sendo um elástico e função direta do fator de intensificação de tensões, e outro
plástico.

K2 ( 1 - V ) 2 0,4 ( W - a ) V P
δ= +
2 E σLE 0,4 W + 0,6 a + Z

18
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 4
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
PY2
Sendo: K = (ver a tabela 12 para o valor de Y 2 ), Z a altura de fixação do extensômetro ao
B W
corpo-de-prova (figura 16) e Vp o componente plástico da abertura do extensômetro V, e que se obtém
traçando uma reta do ponto de interesse do registro carga versus abertura do extensômetro, paralela à
linha de carregamento elástico, e medindo-se a abcissa de seu intercepto com o eixo horizontal (figura
17). Como conseqüência da discussão anterior sobre os possíveis significados de CTOD, os valores de
δ calculáveis pela expressão acima pode ser o da fratura instável, δ , o de iniciação, δ , e o de máxima
c i

carga, δ . Os valores do fator de intensificação de tensão K serão, respectivamente, equivalentes às


m

cargas Pc, Pi e Pm, e os valores do componente plástico V p da abertura do extensômetro V serão


derivados de Vc, Vi e Vm.

FIGURA 15 - Corpo-de-prova para determinação do valor CTOD.

W ± 0,L%

N a

a M
60°
2,3W 2,3W

B ± 0,8%
W = largura
B - W = espessura
2NW = metade
= largura doda distância
entalhe entreWos(para
= 0,065 dois W
apoios
〉 25- mm
L ) ou
1,5 mm. ( para W ≤ 25 mm )
M = comprimento do entalhe usinado
a = comprimento da trinca

TABELA 2 - Valores de Y 2 em função da relação a/W do corpo-de-prova.

Y (STRESS INTENSITY COEFFICIENT)


W
0,000 0,001 0,002 0,003 0,004 0,005 0,006 0,007 0,008 0,009 0,010
0,450 9.10 9.13 9.15 9.18 9.21 9.23 9.26 9.29 9.32 9.35 9.37
0,460 9.37 9.40 9.43 9.46 9.49 9.52 9.54 9.57 9.60 9.63 9.66
0,470 9.66 9.69 9.72 9.75 9.78 9.81 9.84 9.87 9.90 9.93 9.96
0,480 9.96 9.99 10.03 10.06 10.09 10.12 10.15 10.18 10.21 10.25 10.28
0,480 10.28 10.31 10.34 10.38 10.41 10.44 10.48 10.51 10.54 10.58 10.61
0,500 10.61 10.65 10.68 10.71 10.75 10.78 10.82 10.85 10.89 10.93 10.96
0,510 10.96 11.00 11.03 11.07 11.11 11.14 11.18 11.22 11.25 11.29 11.33
0,520 11.33 11.37 11.40 11.44 11.48 11.52 11.56 11.60 11.64 11.67 11.71
0,530 11.71 11.75 11.79 11.83 11.87 11.91 11.96 12.00 12.04 12.08 12.12
0,540 12.12 12.16 12.20 12.25 12.30 12.33 12.37 12.42 12.46 12.50 12.55
19
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Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
Y (STRESS INTENSITY COEFFICIENT)
W
0,000 0,001 0,002 0,003 0,004 0,005 0,006 0,007 0,008 0,009 0,010
0,550 12.55 12.59 12.64 12.68 12.73 12.77 12.82 12.86 12.91 12.95 13.00

20
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 4
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
V

M
M

FIGURA 16 - Relação entre δ e V.

PC PC PM
P
C PC PI
PI PI
VM
VC VI VC VC VI
VC VI

C = CRÍTICO
I = INICIAÇÃO
M = CARGA
MÁXIMA

VP VP VP VP VP

V - SINAL DO EXTENSÔMETRO

FIGURA 17 - Tipos possíveis de registros “carga X abertura do extensômetro”

21
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 4
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
A figura 17 ilustra cinco tipos possíveis de registro P x V. Os tipos I e II correspondem à registros
onde o valor da carga aplicada aumenta gradualmente com V sem que ocorra crescimentos lento e
estável da trinca até o momento do início da fratura instável frágil (tipo I) ou do início de um “pop in”,
ou seja, fratura frágil cuja propagação tenha sido sustada (tipo II). Nesses dois casos, o cálculo de δ c

será conduzido tomando-se Pc e Pv como indicado nos registros.

Caso haja crescimento lento e estável da trinca precedendo a fratura instável, “pop in” ou carga
máxima na instabilidade plástica, os registros P x V serão dos tipos III, IV e V, respectivamente. Esses
ilustram ainda os valores de V e P a serem tomados para o cálculo de δ , δ e δ . A escolha de qual
c i m

desses três valores de CTOD crítico será tomado como critério na avaliação do risco de fratura fica em
aberto, segundo a norma de ensaio, e deverá ser decidido entre as partes interessadas.

Como já foi dito, a simples análise visual do registro P x V não permite detectar o momento em que a
trinca inicia seu crescimento lento, assinalado nos registros da figura 17 como ponto Pi x Vi, apenas de
maneira figurativa. A norma de ensaio fornece entretanto um procedimento que permite calcular δ e i

baseia-se em realidade no resultado de vários ensaios (em geral cinco).

Prepara-se cinco corpos-de-prova nos moldes já descritos para o ensaio convencional. Estes são
ensaiados tomando-se o cuidado de não rompe-los; eles são carregados a diferentes valores de carga,
de maneira que o intervalo o mais amplo possível sobre a curva P x V seja coberto, principalmente em
sua parte não linear. A figura 18 ilustra esse procedimento, na qual se vê que há nos corpos-de-prova
crescimento lento da trinca (parte preta em forma de meia lua na extremidade da trinca) mais
pronunciado para valores mais elevados da carga imposta. Os corpos-de-prova são descarregados antes
da ruptura e passa-se à etapa de “colorir” a trinca (isto é, o entalhe mais a trinca da fadiga e mais a
parte do crescimento lento) aquecendo o corpo-de-prova, por exemplo, de maneira a oxidar a região
trincada.
Os corpos-de-prova são finalmente rompidos a baixa temperatura por meio de um carregamento após
entalhá-los na face oposta à trinca. Com a superfície de fratura exposta (figura 19) é possível medir o
crescimento lento Δa da trinca em nove posições ao longo da espessura do corpo-de-prova, e tomar
como valor real a média de sete posições, desprezando aquelas correspondentes às faces. Com o valor
de δ para cada um dos cinco corpos-de-prova (figura 18) coloca-se em gráfico esse valor com o
respectivo incremento Δa devido ao crescimento lento da trinca (figura 20), obtendo-se em geral uma
reta. Extrapolando para Δa = 0 , obtém-se o valor de δ . i

22
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 4
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
B
PONTOS DE 1 2 3 4 5 6 7 8 9
MEDIDA

ENTALHE

B = LARGURA DO
CORPO DE

TRINCA DE FADIGA PROVA


W = ESPESSURA DO
TRINCA LISA DE
CRESCIMENTO W CORPO DE
LENTO PROVA

FRATURA APÓS O

ENSAIO

FIGURA 19 - Linhas de medida do valor de Δa .

CTOD 3
4

Δ a = CRESCIMENTO LENTO DA TRINCA

FIGURA 20 - Determinação do valor CTOD de iniciação.

23
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 4
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CARGA MÁXIMA

4 3 2
5

SINAL ″ V ″ DE DESLOCAMENTO MEDIDO PELO EXTENSÔMETRO

FIGURA 18 - Abertura da ponta da trinca em função da carga aplicada.

A figura 21 permite uma comparação entre os domínios de aplicação do KIC ou do CTOD. O aumento
da tenacidade à fratura corresponde à maior deformação plástica (ductilidade) do material.

Na figura 21 (a) o campo 1 representa o comportamento onde o limite de escoamento é muito alto, a
fratura é frágil e o KIC é aplicável. No campo 2 ocorre um crescimento lento da trinca, em função do
carregamento crescente, até um valor máximo de abertura da trinca, a partir do qual a fratura é
instável, isto é, se propaga rapidamente de modo frágil. Este valor máximo é o CTOD crítico ( δ ) .
c

Em materiais muito dúcteis, geralmente com baixo limite de escoamento, o material sofre fratura dúctil
(3) com o crescimento estável da trinca, isto é, seu crescimento ocorre com carga crescente. O CTOD
de iniciação ( δ ) represento o momento em que a trinca inicia sua propagação lenta, continuando a
i

afastar seu lado até o CTOD máximo ( δ ) , a partir do qual o corpo-de-prova se rompe por rasgamento
m

dúctil. Materiais com este tipo de comportamento dúctil na temperatura de operação irão apresentar
grande tolerância a defeitos, e a falha de estruturas reais só poderá acontecer por instabilidade ou
colapso plástico.

24
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 4
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
FRATURA FRÁGIL
PRECEDIDA POR
FRATURA FRÁGIL CRESCIMENTO FRATURA
LENTO E DÚCTIL
DA TRINCA

1 ou 2 2 3

DUCTILIDADE ( 1 / B ) . ( 1 / σLE )
(a)

P P CTOD
P

CTOD
KIC ou
CTOD CTOD INICIAÇÃO

1 2 3

V V V

(b)

FIGURA 21 - (a) Mecanismo de fratura em função da tenacidade à fratura do material


(b) Registros típicos dos gráficos carga (P) - abertura de extensômetro (V).

25
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 4
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1. INSPEÇÃO DE MANUTENÇÃO

1.1. HISTÓRICO
Em fins da década de 50 ocorreram nas Industriais Nacionais vários vazamentos causados por corrosão
e/ou deficiências de montagem e manutenção, alguns deles seguidos de incêndio.

Constatou-se, então, a necessidade de aperfeiçoar os mecanismos de prevenção utilizados. Foi assim


criado em algumas empresas um órgão especificamente responsável por executar um programa
sistemático de
denominado inspeção de
de “Inspeção emEquipamentos”.
tubulações e Tendo
equipamentos, emlimitações
em vista as muitas empresas esse da
de qualificação órgão
mão foi
de
obra disponível, esse novo órgão logo absorveu a responsabilidade pelo controle de qualidade nas
intervenções de manutenção e/ou montagem.

Mais de trinta anos se passaram desde a instalação do primeiro Setor de Inspeção de Equipamentos e a
experiência acumulada no país, nesta área, é considerável. O desenvolvimento alcançado pode ser bem
avaliado pela fertilidade dos intercâmbios técnicos realizados anualmente por várias entidades como o
IBP, ABRACO, ABENDE, ABRAMAN, FBTS etc. e pela velocidade da informação adquirida com a
informatização.

Um fato, nem sempre levado em conta, é o envelhecimento do parque industrial brasileiro, onde
muitas instalações industriais foram construídas antes da década de 80.

A exposição continua dos equipamentos a temperaturas elevadas e/ou a meios agressivos, promove a
acumulação de danos e limita a vida útil. Para vasos de pressão a vida de referência de projeto é, em
geral, de 100.000 horas (≈ 12 anos). Um número considerável de equipamentos, hoje em operação,
encontra-se assim com sua vida teórica vencida. Como o projeto tende a ser conservador, isto não
significa que esses vasos estejam necessariamente, no fim da vida útil. Mesmo aqueles equipamentos
onde os danos acumulados alcançam níveis inaceitáveis, a experiência de campo demonstra que as
áreas comprometidas tendem a ser de pequena extensão, sendo possível estender a vida útil através de
análises específicas, observando o estrito atendimento aos requisitos de segurança.

Outro aspecto a ser considerado é o período de dificuldades econômicas vivido pelo país, onde as
novas palavras de ordem passaram a ser: qualidade, produtividade, eficácia, redução de custo e outras
similares. Nesse novo quadro é intolerável que uma unidade de processo, projetada para operar
continuamente por muitos meses, passe a funcionar em regime ″vaga-lume″ como conseqüência de
falhas ou vazamentos sucessivos decorrentes de envelhecimento ou processos de deterioração mal
avaliados.

É evidente que o envelhecimento dos equipamentos torna o escopo da ATIVIDADE INSPEÇÃO bem
mais
Cabe complexo
agora aosdoórgãos
que aquele estabelecido
responsáveis pela numa época
inspeção, nãoemapenas
que osidentificar
equipamentos eram seminovos.
a presença de danos
acumulados, como vêm fazendo, mas, também, identificar e estabelecer a cinética dos processos de
deterioração atuantes num equipamento de modo a estabelecer, com suficiente antecedência, o
momento e a extensão para as intervenções de manutenção preventiva. É assim preciso estabelecer
programas permanentes de avaliação de integridade e estimativa de vida residual. É igualmente
importante a identificação das causas dos processos de acumulação de anos, de modo a especificar
medidas que anulem ou pelo menos, atenuem suas taxas de progressão. As ferramentas disponíveis são

1
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
os exames não destrutivos aliados à análise metalográfica e os conhecimentos da mecânica da fratura
aliados à análise de tensões.

Os profissionais da área de inspeção devem também dedicar maior atenção em estudar as causas que
estão provocando a deterioração, de maneira a corrigi-lá antes que seja necessário uma intervenção
física no equipamento, tentando estabelecer a correlação da deterioração com as variáveis do processo
e agir de maneira a modificar essas varáveis sem que interfira na qualidade do produto e do processo.
Por exemplo: Estudos mostraram que o controle da temperatura no fundo da torre retificadora de DEA,
contribui para reduzir a taxa de corrosão no sistema de fundo da torre, sem prejudicar a qualidade do
produto.

Os anos modernos trazem também a necessidade de se utilizar cada vez mais os códigos do American
Petroleun Institute (API), como regra para se estabelecer os caminhos da inspeção no lugar dos
conhecidos Códigos ASME que apesar de excelentes são específicos para a fabricação e montagem de
Vasos de Pressão e não levam em consideração as condições e dificuldades específicas dos serviços de
manutenção, bem como nada relatam sobre a inspeção com base nos mecanismos de deterioração.

1.2. MISSÃO
Tomando como base o que se espera da atividade de Inspeção de Equipamentos hoje, pode-se resumir
a missão da inspeção como: ″ZELAR PELAS CONDIÇÕES FÍSICAS DOS EQUIPAMENTOS
INDUSTRIAIS , ou de uma maneira mais moderna podemos dizer que a missão seja:
“COLABORAR PARA GARANTIR A CONFIABILIDADE DOS EQUIPAMENTOS
INDUSTRIAIS”.

Esse novo conceito torna a atividade inspeção como a principal responsável pela otimização do
aproveitamento econômico das instalações, a um nível de segurança que atenda aos requisitos
estabelecidos nos códigos de construção e normas regulamentadoras vigentes no país.

Para cumprir sua missão a atividade inspeção deve agir de maneira a priorizar os seguintes itens:
a) Programar inspeções de maneira a detectar deteriorações que possam comprometer a segurança de
um equipamento;
b) Estabelecer programas que contemplem à análise, acompanhamento e prevenção de deteriorações;
c) Acompanhar e implementar o uso de “ferramentas″ adequadas para a detecção de avarias;
d) Estabelecer uma sistemática de atuação de maneira a possibilitar a previsão de reparos e
substituições, dentro de prazos adequados;
e) Criar programas de análise de vida residual;
f) Adotar uma sistemática de auditoria dos níveis de qualidade empregados pela manutenção;
g) Sistematizar um método de registro das condições físicas dos equipamentos, de maneira a facilitar
a consulta de todos os interessados;
h)
i) Implementar umprograma
Estabelecer um programadedetreinamento,
inspeção para
quetoda a planta; as necessidades de cada técnico.
contemplem

A figura 1 mostra um fluxograma simplificado do que se espera hoje da atividade Inspeção de


Equipamentos. Todas as etapas devem ser registradas e os registros avaliados por um profissional
habilitado de maneira a corrigir, modernizar e refazer o fluxograma permanentemente, adotando os
métodos e critérios de inspeção mais adequados para o equipamento, com base nos registros.

2
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
ESTABELECER UM PLANO DE INSPEÇÃO POR EQUIPAMENTO OU
TUBULAÇÃO CONTENDO:
 PROGRAMAÇÃO DAS INPEÇÕES (INTERVALOS DE INSPEÇÃO)
 PLANO DE INSPEÇÃO (LOCAIS E COMO INSPECIONAR)
 PLANO DE ACOMPANHAMENTO DO EQUIPAMENTO EM OPERAÇÃO
(ESTABELECER PONTOS DE ACOMPANHAMENTO E SE
NECESSÁRIO UM CONTROLE DAS VARIÁVEIS OPERACIONAIS,
QUANDO APLICADO).

EXECUTAR A INSPEÇÃO
 USAR OS END’S MAIS INDICADOS

O  ESTABELCER UM CRITÉRIO DE ACEITAÇÃO COM BASE EM


CÓDIGOS INTERNACIONAIS

R
T AVALIAR AS DETERIORAÇÕES DETECTADAS

IS
 VERIFICAR NECESSIDADE DE REPARO (USAR CRITÉRIO DE
ACEITAÇÃO ESTABELECIDO)
 DETERMINAR CAUSA BÁSICA (QUANDO POSSÍVEL)

G
E DEFINIR SOBRE REPARO OU ACOMPANHAMENTO

R 


REPARO (USAR CÓDIGO DE CONSTRUÇÃO OU PROCEDIMENTOS
MAIS AVANÇADOS QUALIFICADOS)
ACOMPANHAMENTO (DEFINIR: COMO, PERIODICIDADE, CRITÉRIO
DE ACEITAÇÃO E POSIÇÃO FUTURA SE FOR O CASO)

ESTABELECER VIDA REMANESCENTE


 CALCULAR A VIDA COM BASE EM MEDIÇÕES DE ESPESSURA
 ESTABELECER A VIDA COM BASE NO MECANISMO DE
DETERIORAÇÃO PREDOMINANTE

FIGURA 1 – Representação esquemática do fluxograma da atividade Inspeção de Equipamentos


moderna.

Durante a campanha, além das inspeções periódicas é importante também o registro e tratamento das
falhas ocorridas. Esse procedimento ajuda o profissional habilitado a melhor identificar os mecanismos
de deterioração de uma planta e seus pontos críticos. Por exemplo, levantamentos estatísticos feitos em
3
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
plantas petroquímicas mostram que 50% das falhas em vasos de pressão ocorrem em tubulações de
pequeno diâmetro (diâmetro inferior a 2”). Essa informação pode orientar para o estabelecimento de
uma periodicidade de inspeção menor para essas partes do vaso, bem como o emprego de técnicas de
inspeção que possam ser executadas com o equipamento na condição normal de operação (exemplo:
gamagrafia, ultra-som, etc.). Outra constatação interessante é que 70% das falhas registradas em
permutadores de calor, do tipo feixe tubular, ocorrem por corrosão nos tubos do feixe. Essa
informação pode significar que o intervalo de inspeção do vaso deve ser governado pela vida do feixe.

1.3. NOMENCLATURA
O código de inspeção do API STD 510, específico para inspeção de manutenção em Vasos de Pressão
recomenda a utilização da nomenclatura a seguir:

* ALTERAÇÃO

Considera-se ALTERAÇÃO toda modificação física de algum componente que tenha implicação nas
condições de projeto.

OBS. Definição da NR-13: ALTERAÇÃO é qualquer mudança processada em um vaso de pressão que
altere o projeto srcinal ou as características prescritas pelo fabricante.
Variações nos parâmetros de projeto, como por exemplo: pressão, temperatura, vazão etc.
também são consideradas como alterações.

* RECLASSIFICAÇÃO

Considera-se RECLASSIFICAÇÃO toda modificação na temperatura e/ou pressão máxima admissível


de trabalho do vaso. A reclassificação não é uma alteração a não ser que seja necessária alguma
modificação física do vaso.

* REPARO

Considera-se REPARO todo trabalho necessário para recolocar um vaso numa condição adequada de
operação, sem alteração dos seus parâmetros de projeto e atendendo aos requisitos do código de
construção e montagem do equipamento.

OBS. Definição da NR-13: REPARO é todo trabalho necessário para restaurar um vaso de pressão,
restabelecendo as suas condições de segurança e operação.

A seguir estão descritas duas definições cuja interpretação tem dado muita discursão na atividade de
inspeção. As definições abaixo foram tiradas da Norma ISO série 9000.

QUALIFICAÇÃO: Comprovação de atributos físicos, conhecimentos, habilidades, treinamento e / ou


experiências requeridas para exercer corretamente as atividades de uma função.

CERTIFICAÇÃO: Processo que conduz à formalização da qualificação em um indivíduo, através de


avaliação e emissão de certificado para os aprovados.

Um certificado só tem validade em todo o território nacional quando emitido por entidade credenciada
pelo INMETRO para essa finalidade.
4
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
5
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
1.4. TIPOS DE INSPEÇÃO
1.4.1. QUANTO AO CARÁTER DA INSPEÇÃO

O caráter da inspeção é a intenção com que se executa a inspeção.

A definição quanto ao caráter de inspeção a ser adotado é gerencial e deve ser tomada considerando os
requisitos da Norma Regulamentadora no 13 do Ministério do Trabalho (NR-13), ou seja, os fatores
mais importantes a serem considerados nessa decisão são: a segurança das pessoas e a proteção ao
meio ambiente.

Quanto ao caráter ou intenção com que se executa a inspeção esta pode ser dividida em: preditiva,
preventiva e corretiva.

A primeira tem como principal característica à monitoração das causas básicas dos mecanismos de
deterioração preponderantes no vaso e atuar de maneira a controla-los para evitar a deterioração. A
inspeção preventiva baseasse principalmente no histórico do equipamento para a definição dos locais,
extensão e métodos de inspeção a serem empregados e quando necessário são recomendados reparos
de maneira a evitar a falha. Já a inspeção corretiva é aquela executada após a falha e tem com principal
objetivo delimitar as partes a serem recuperadas e em alguns casos são recomendadas ações de
maneira a minimizar ou evitar falhas similares.

1.4.1.1. INSPEÇÃO COM CARÁTER PREDITIVO

A inspeção de caráter preditivo baseia-se na tentativa de correlacionar as variáveis operacionais com


os desgastes
possam observados
ser aplicadas comem inspeções anteriores
o equipamento o quecomo
em operação exigeasà técnicas
aplicaçãocitadas
de técnicas de inspeção que
a seguir:

 O uso de monitoração da corrosão on-line, tipo Corrater (determinação da taxa de corrosão pelo
método de resistência elétrica), ou Corrosometer (determinação da taxa de corrosão pelo método
de resistência a polarização linear). Ou ainda o acompanhamento da corrosão através de cupons ou
carretéis de teste onde a taxa de corrosão é aferida através da perda de peso em função de um
tempo de exposição pré-determinado.
 A utilização do “gama scan”, equipamento que através da emissão de feixes de ondas radioativas
do tipo Irídio ou Cobalto podem avaliar torres de processo em operação para a verificação do
posicionamento correto dos internos, da formação adequada de líquido em bandejas, a condição
física de revestimentos internos, etc.
 A realização do ensaio de emissão acústica para avaliar a propagação de descontinuidades pela
ação do hidrogênio, corrosão sob tensão ou fadiga.
 A utilização de aparelhos de ultra-som com cabeçotes que permitam inclusive a medição a quente
de maneira a se determinar a taxa de corrosão após períodos de alteração das variáveis
operacionais.
 O uso de provadores de hidrogênio em equipamentos sujeitos a deteriorações devido ao
hidrogênio, de maneira a se avaliar o quanto o material fica carregado pelo hidrogênio na condição
de operação, possibilitando uma melhor avaliação de descontinuidades existentes no equipamento.
 A execução de exame radiográfico para avaliar a espessura do pescoço de bocais de equipamentos,
principalmente em bocais de pequeno diâmetro (diâmetro ≤ 1.1/2″) de maneira à avaliar a
necessidade de substituição na próxima inspeção geral do equipamento. As conexões de pequeno

6
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
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diâmetro têm sido a responsável por um grande número de vazamentos em vasos de pressão na
industria química, petroquímica e de refino.
1.4.1.2. INSPEÇÃO COM CARACTER PREVENTIVO

A inspeção chamada de preventiva é aquela que tem como principais objetivos os seguintes:

 Bloquear as deteriorações através de técnicas de reparos a frio. Exemplo: pintura, isolamento


térmico, refratário antierosivo, metalização, etc.
 Prever a necessidade de reparos programados, respeitando a programação de produção, a
segurança das pessoas, a contaminação do meio ambiente e evitando falhas.
 Garantir a segurança das vias de acesso ao vaso. Exemplo: condições de corrosão de escadas,
plataformas, guardas corpos, etc.
 Avaliar os principais mecanismos de deterioração atuantes no vaso através da utilização de exames
não destrutivos adequados. Exemplo: medição de espessura, ultra-som, partículas magnéticas,
líquido penetrante, etc.

1.4.2. QUANTO AO ACESSO DISPONÍVEL PARA SUA EXECUÇÃO

Entende-se como acesso disponível ao equipamento para a execução da inspeção a possibilidade de


entrar no seu interior. Assim, a inspeção pode ser divida como segue:

1.4.2.1. INSPEÇÃO EXTERNA

Essa inspeção pode ser executada com o equipamento na sua condição normal de operação ou com
este fora de operação. A inspeção externa de um vaso de pressão tem como principal finalidade avaliar
a superfície externa do casco, bem como todos os acessórios externos ligados ao casco. Na inspeção
externa não é necessário acesso total ao vaso, mas apenas aos pontos considerados críticos ou que
venham a despertar suspeita durante a inspeção. Essa inspeção é visual e pode ou não ser
acompanhada de medição de espessura com ultra-som ou outro método de inspeção.

Essa inspeção tem intervalo máximo (tempo entre inspeções) definido pela Norma Regulamentadora
N013 do Ministério do Trabalho, em função das dimensões do vaso, das características do meio
contido no vaso e das habilidades comprovadas do setor de inspeção existente na empresa.

1.4.2.2. INSPEÇÃO INTERNA

É quando a inspeção só pode ser realizada com o equipamento fora de operação, drenado e após
neutralização do meio no interior do vaso. A inspeção interna de um vaso de pressão tem como
principal finalidade avaliar a superfície interna do casco, bem como todos os acessórios internos
ligados ou não diretamente ao seu casco. Para a inspeção interna não é necessária a remoção dos
internos e acessórios
aos pontos ligados
considerados ao casco,
críticos, mas apenas
de controle ou queavenham
remoçãoa do necessário
despertar paradurante
suspeita um acesso adequado
a inspeção do
vaso.

Essa inspeção também tem intervalo máximo (tempo entre inspeções) definido pela Norma
Regulamentadora N013 do Ministério do Trabalho, em função das dimensões do vaso, das
características do meio contido no vaso e das habilidades comprovadas do setor de inspeção existente
na empresa.

7
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
1.4.2.3. TESTE HIDROSTÁTICO

Trata-se de uma avaliação da resistência mecânica do vaso quando este é pressurizado em valores
acima das condições normais de operação na temperatura ambiente e usando água como fluido.
Portanto, o vaso deve ser retirado da condição normal de operação para executar o teste. Não é
necessária a remoção do isolamento externo ou pintura total do vaso na condição de manutenção a
menos que se trate de um vaso novo ou que existam novas soldas a serem testadas, o mesmo vale para
os vasos revestidos internamente. A remoção do revestimento interno e ou externo do vaso que não
teve reparos de solda só deverá ser realizada quando houver alguma suspeita a ser avaliada. A pressão
de teste deve ser definida por um Profissional Habilitado e que conheça as condições físicas atuais do
vaso, bem como seu histórico operacional, de reparos e de inspeção. A pressão de teste na condição de
manutenção pode não ser a mesma para avaliar a condição de projeto ou um reparo estrutural, mas sim
uma pressão que garanta a segurança das pessoas e do meio ambiente quando o vaso estiver submetido
a sua máxima condição operacional.

Ë um teste exigido pela Norma Regulamentadora N013 do Ministério do Trabalho e também tem
intervalo máximo de execução (tempo entre testes) definido em função das dimensões do vaso, das
características do meio contido no vaso e das habilidades comprovadas do setor de inspeção existente
na empresa.

O teste hidrostático também é exigido quando o vaso for submetido a reparos com solda, modificações
ou reparos estruturais.

1.5. ITENS DE INSPEÇÃO

A definição das partes do vaso a serem inspecionadas, a extensão dessa inspeção e os métodos e ou
ferramentas de inspeção que serão empregadas depende do acesso disponível ao equipamento.

1.5.1. INSPEÇÃO EXTERNA

Na inspeção externa devem ser observados no mínimo os itens descritos a seguir:

1.5.1.1. Condições das vias de acesso ao vaso, como: escadas, passadiços, plataformas, etc. Os
problemas mais usuais são: deterioração por corrosão, material abandonado irregularmente,
falta de guarda corpo, etc. A ferramenta recomendada é o martelo de bola de 250 gramas (em
latão para evitar faísca).
1.5.1.2. O estado das fundações do equipamento. Os problemas mais usuais são: corrosão nos
chumbadores e/ou chapas de apoio e trincas no concreto. As ferramentas recomendadas são:
martelo de bola com 250 gramas, em latão e raspadeira.
1.5.1.3. Estado dos suportes expostos. Normalmente falta impermeabilização asfáltica e existem
frestas
corrosãoabertas.
e por Dependendo
isso devem dasser condições
evitadas. climáticas da região,
A ferramenta as frestas
recomendada é podem esconder
um medidor de
espessura e raspadeira.
1.5.1.4. Tensionamento e deterioração dos estais 1 , se existirem. O problema mais usual é corrosão e
perda de tensionamento. Ajustar os tensores pode ser necessário.
1.5.1.5. Estado das conexões e bocais 2 . O principal problema é corrosão no pescoço, soldas e aba dos
flanges. A região de vedação não tem acesso para inspeção com o bocal fechado, mas é

1
ESTAIS = São cabos de aço presos em blocos de concreto enterrados no solo e ligados ao vaso.
8
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
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possível se verificar sinais de vazamento, que devem ser verificados quando o vaso estiver
fora de operação. Um reaperto dos parafusos controlado é recomendável para eliminar
vazamentos.
1.5.1.6. Todo vaso deve estar protegido contra descargas elétricas através de um aterramento elétrico 3 .
O problema mais usual é corrosão no grampo de atracação do fio ao vaso, quando este for de
aço carbono.
1.5.1.7. Estado superficial dos estojos e porcas de união de flanges. O principal problema é corrosão
na parte do estojo exposta. Recomenda-se o uso de martelo de bola com 250 gramas (em
latão, para evitar faísca), de maneira consciente e muito cuidadosa.
1.5.1.8. Verificação do estado de conservação do isolamento. Os problemas mais usuais são: cintas
soltas, inchaço de parte do isolamento e corrosão no casco e anel de sustentação do
isolamento, devido a infiltração e acúmulo de água pelo isolamento (figura 2). Recomenda-se
o uso de estilete na verificação do inchaço em isolamentos e a remoção do isolamento em
alguma região para verificação da corrosão.
1.5.1.9. Verificação do estado da pintura. O problema mais usual é a camada de acabamento da tinta se
soltando. Recomenda-se o uso de raspadeira e estilete.

A periodicidade dessa inspeção deve ser definida em função das condições operacionais, condições
climáticas da região e dos requisitos das Normas de segurança vigentes no país (NR-13).

ANEL DE SUPORTAÇÃO DO ISOLAMENTO

ISOLAMENTO
VASO
VERTICAL
DETALHE
CASCO DO
VASO

CORROSÃO DEVIDO AO
ACÚMULO DE ÁGUA

FIGURA 2 - Corrosão no casco e anel de isolamento de vasos verticais devido à infiltração e


acúmulo de água pelas frestas no isolamento.

1.5.2. INSPEÇÃO INTERNA

A inspeção interna pode ser dividida em duas etapas, uma de preparação e estudo e outra de execução
da inspeção propriamente dita.

2
A diferença entre conexões e bocais é em função do seu diâmetro. Aberturas com diâmetro inferior a 2 polegadas estão
sendo chamadas de conexões.
3
Aterramento elétrico são fios de cobre de diâmetro ¾ polegadas ou 1 polegada, com uma extremidade unida ao vaso e a
outra numa barra de ferro ou, preferencialmente, de cobre enterrada no solo.
9
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1.5.2.1. ETAPA PRELIMINAR

Essa etapa é caracterizada por uma avaliação detalhada do equipamento a ser inspecionado,
compreendendo pelo menos as seguintes verificações:
 Características operacionais do equipamento, como: temperatura, pressão, vazão, tipo de fluído,
contaminantes, carregamentos cíclicos, etc. de maneira a se relacionar os tipos de deteriorações
mais prováveis em função das variáveis operacionais.
 Analisar os tipos de deteriorações mais prováveis e os componentes ou locais mais susceptíveis a
essas deteriorações, de maneira a determinar as regiões de inspeção, evitando-se inspeções 100%,
que são mais onerosas e, em geral, menos eficazes.
 Características de projeto do equipamento, como: materiais, procedimentos de soldagem especiais,
a existência de tratamento térmico, valores das espessuras mínimas, etc.
 Histórico de deteriorações do vaso.
 Resultado das inspeções externas realizadas em campanha.
 Escolha dos métodos de inspeção e exames não destrutivos mais indicados, com base nos dados
levantados.
 Determinação dos locais de inspeção, tentando reduzir a necessidade de apoio, como: andaimes,
remoção de isolamento externo, etc, que muitas vezes são mais honerosos que a própria inspeção.
 Prever a necessidade de reparos ou substituições a serem realizadas, de maneira a evitar as
compras durante o período de parada.
4
 Identificar as inspeções e exames não destrutivos que podem ser realizados na fase de pré-parada ,
de maneira a se minimizar os serviços a serem realizados com a parada completa da planta ou do
sistema operacional. Exemplo: Medição de espessura com ultra-som, inspeção externa, etc. Essa
atitude pode reduzir a quantidade de homen-hora de inspeção necessária no período de parada.

1.5.2.2. ETAPAS DE EXECUÇÃO DA INSPEÇÃO


1.5.2.2.1. PREPARATIVOS

Deve ser lembrado que antes da realização de qualquer serviço, de inspeção ou manutenção,
principalmente aqueles realizados dentro de equipamentos, que estes devem ser avaliados do ponto de
vista de segurança, por profissional habilitado, de maneira a se avaliar a compatibilidade dos serviços
a serem executados com as condições de segurança do equipamento e que dessa maneira sejam
definidos as prevenções a serem adotadas, bem como os EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual)
mais adequados aos profissionais que ali irão trabalhar. Algumas empresas, utilizam a prática da
emissão de Permissão para Trabalho (PT) para qualquer serviço a ser realizado, prática esta
recomendada pois tem trazido bons resultados na prevenção de acidentes do trabalho.

Antes do inspetor se dirigir ao equipamento para realizar a inspeção é conveniente que leve consigo as
ferramentas que serão necessárias para realizar a inspeção que está prevista com êxito. As ferramentas
mais usuais na inspeção de vasos de pressão estão relacionadas na tabela 1:

4
pré-parada = fase de aproximadamente 40 dias que antecede a parada geral do processo e que já se dispõe da mão de obra
que irá realizar os serviços de parada. Nesse fase só podem ser feitos serviços em equipamentos ou tubulações que sejam
liberáveis sem afetar a continuidade do processo, nem a segurança da planta.
10
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
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FERRAMENTA USO
Ultra-som Medição de espessuras
Calibres Medição de espessuras de pescoço de bocais abertos.
Martelo de bola 5 Verificação de internos (corrosão e fixação).
Teste do pescoço de bocais.
Imã Identificação primária de materiais
Espátula de aço e pano Pequenas limpezas para sanar dúvidas.
Lápis marcador Identificação das partes do vaso e marcar regiões para reparos
ou avaliações posteriores.
Trena Medição aproximada de regiões com problemas e facilitar
localizações.
Esquema simplificado do vaso Anotar irregularidades, observar detalhes do desenho e
facilitar a orientação no interior do vaso.
Exames não destrutivos Avaliar regiões do vaso pré estabelecidas, quanto a
especificados deteriorações.
Caderneta de anotações e caneta Anotar novas irregularidades ou novas observações.
Outras Em função da inspeção especifica prevista para o vaso.

TABELA 1 - Relação das ferramentas mais usadas pelo inspetor durante a inspeção

1.5.2.2.2. INSPEÇÃO ANTES DA LIMPEZA

Antes
recolherdaamostras
limpeza,para
o inspetor deve see marcar
análise química preocupar principalmente
as regiões com maiorcom a coloração
acúmulo dos depósitos,
de depósitos para uma
melhor observação após a limpeza. Nos vasos em que o controle da corrosão é obtido pela passivação,
a falta ou falha das películas protetoras é um alerta de possíveis locais com deterioração. (Por
exemplo: a falha na pintura interna em carretéis de permutadores de calor que operam com água, ou a
falha na pintura ou outro revestimento nas regiões soldadas de vasos de pressão para reduzir a
suscetibilidade de defeitos devido a corrosão sob tensão ou ataque pelo hidrogênio etc.).

Essa prática de inspeção antes da limpeza só se aplica nos casos em que for possível, devido aos
requisitos de segurança necessários para a liberação do equipamento.

1.5.2.2.3. INSPEÇÃO APÓS A LIMPEZA

Após a limpeza a inspeção deve constar no mínimo do seguinte:

 A primeira etapa de qualquer plano de inspeção deve ser o exame visual. Podendo muitas vezes ser
realizado com o uso de espelhos e lanternas modificadas de maneira a permitir a visão em locais de
difícil acesso.
 Medir a espessura dos bocais, conexões, casco, tampos nos pontos pré-determinados para cálculo
da taxa de corrosão e vida remanescente.

5
Martelo de bola = martelo com uma das pontas na forma de uma bola, com um peso de 250 gramas, de maneira a permitir
a identificação da resposta sonora a batida e não deixar marcas muito agudas.
11
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
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 Verificar a existência de corrosão, erosão, trincas ou outras falhas no casco, tampos, conexões,
bocais e internos com maior atenção nas regiões próximas de: entradas e retiradas de fluido, juntas
soldadas, frestas e regiões do casco junto aos vertedores de bandejas (figura 3).
 Verificar se existem bocais ou conexões obstruídas, principalmente drenos e “pontos mortos” 6 .
 Verificação de “demister” quanto a sua espessura falta de continuidade (buracos), sujeira, grades
de contenção, anéis de suportação e fragilização dos fios que compõem a malha do demister.
 Revestimentos internos ou externos (isolamento, lining ou refratários) se estiverem em boas
condições não precisão ser removidos para inspeção do metal base.

OBS. 1. Em intervalos de tempo previamente definidos os revestimentos tipo refratários em bom


estado devem ter pequenas regiões removidas para inspeção do metal base (exemplo: a cada
18 a 20 anos).
2. Quando existe evidência de defeito no revestimento este deve ser removido para inspeção do
metal base antes da definição de qualquer reparo.
3. Revestimento tipo CLAD não precisam ter áreas removidas a não ser que apresentem sinais
de defeitos que possam expor o metal base.

 Internos removíveis não precisam ser removidos se não existem evidências de deterioração, mas
deve ser verificado se o seu posicionamento está adequado.
 Execução dos exames não destrutivos relacionados previamente e os acrescidos devido a alguma
nova evidência.

REGIÕES DO CASCO COM


DESGASTE DEVIDO A
CORROSÃO/EROSÃO

CASCO

CHAPA DE NÍVEL DA
BANDEJA

FIGURA 3 - Corrosão/erosão no casco de uma torre de processo, junto a chapa de nível dos
vertedores.

1.5.2.2.4. INSPEÇÃO EM REVESTIMENTOS

Como já descrito na parte 1 desse trabalho, um vaso de pressão pode ser revestido internamente e ou
externamente por vários motivos. A escolha do melhor revestimento a ser empregado depende do
motivo que levou a sua aplicação. A tabela 2 mostra um resumo dos métodos de inspeção e critérios de
aceitação usualmente empregados na inspeção de revestimentos internos em vasos de pressão. Apesar

6
pontos mortos = bocais que não são mais utilizados e operam fechados com flange cego ou outro método de maneira que
sua condição operacional é diferente dos demais devido a condição estagnada do meio.
12
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
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de subjetivos os critérios de aceitação expostos visam orientar a decisão do inspetor que nesse caso
dependerá de sua experiência e treinamento de campo.

MÉTODOS
TIPO DE O REVESTIMENTO DEVE
DE OBSERVAÇÃO
REVESTIMENTO ESTAR ISENTO DE:
INSPEÇÃO
Orgânico Visual e Descolamentos O metal base não pode ser
(ex. pintura) aderência significativos, perda de exposto.
com estilete. espessura significativa
falha que exponha e
o metal
base.
Metálico Visual e Descolamentos O metal base não pode ser
(ex. linning, clad, líquido significativos, perda de exposto, as trincas que atingirem
deposição metálica). penetrante espessura significativa, falha o metal base devem ser avaliadas
ou partículas que exponha o metal base e ou removidas.
magnéticas. trincas.
Refratário Visual, Descolamentos O metal base não pode ser
aderência significativos, perda de exposto, as trincas não podem
com martelo, espessura significativa, influenciar na aderência do
perda de falhas que exponha o metal revestimento, os pontos de
espessura base e trincas com grandes atracação devem estar com
com estilete. aberturas. resistência adequada.

TABELA 2 – Métodos de inspeção usuais em revestimentos internos de vasos de pressão


1.6. ANÁLISE DAS DESCONTINUIDADES ENCONTRADAS
As descontinuidades detectadas precisam ser avaliadas e muitas vezes é necessário o emprego de
novos ensaios complementares, para verificar se estas ainda estão dentro dos limites de aceitação
estabelecidos.

Outra preocupação é o estabelecimento do método de acompanhamento das descontinuidades que não


forem removidas e tiverem a possibilidade de propagação. Nesse estágio, é bastante útil e às vezes até
fundamental a identificação das causas mais prováveis das descontinuidades.

Quando for possível a identificação das causas de deterioração, algumas vezes, é possível calcular a
velocidade de crescimento e dessa maneira pode ser estabelecida uma periodicidade para a
reavaliação.

Verificar a possibilidade de bloquear o crescimento de descontinuidades que ainda estão dentro dos
limites de aceitação, como à aplicação de revestimento ou pintura interna em regiões corroídas.

Quando a descontinuidade tiver de ser removida deve ser estudado um procedimento de reparo
adequado que não afete as demais partes do equipamento, principalmente aquelas ao redor dos locais
onde forem feitas as intervenções.

13
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
Qualquer que seja o resultado da avaliação de uma descontinuidade esta deve contemplar, no mínimo,
um intervalo de inspeção igual à próxima campanha definida para o equipamento e uma operação com
segurança, dentro das condições de operação estabelecidas, que não podem ser acima das condições de
projeto do vaso.

A queda de revestimentos refratários internos em vasos de pressão tem causado grandes prejuízos
financeiros, quase acidentes e até acidentes em vasos de pressão. As análises dessas falhas mostraram
que as mesmas estavam associadas à má aplicação e critérios de aceitação inadequados usados quando
da inspeção dos revestimentos. Essas conclusões levaram a grandes investimentos para o
estabelecimento de novas técnicas de avaliação, critérios de aceitação mais rígidos, técnicas de
aplicação mais adequados aos serviços de manutenção e novos materiais de aplicação, bem como do
surgimento no mercado de empresas especializadas na inspeção de revestimentos refratários. A tabela
3 faz um resumo das principais descontinuidades observadas em refratários de vasos de pressão e os
critérios de aceitação normalmente aplicados por essas novas prestadoras de serviço.

DESCONTINUIDADE MÉTODO DE AVALIAÇÃO CRITÉRIO DE ACEITAÇÃO


Trincas superficiais Medir abertura da trinca (profundidade e Máxima abertura admissível é
extensão não são motivos de rejeição) de 3 mm.
Perda de espessura Furar com broca fina e medir a Máxima perda admissível é de
profundidade com estilete ¼ da espessura srcinal.
Deterioração química Penetrar um estilete o mais fundo possível Máxima penetração admissível
sem o uso de ferramentas é de ¼ da espessura srcinal.
Desprendimento Martelamento com martelo bola de 250 Diferença de som numa área
gramas máxima de 150 x 150 mm.

Formação de coque Remover a impregnação com


martelamento Perda máximaé na
revestimento de espessura
¼ da do
espessura srcinal.

TABELA 3 – Critério de aceitação específico para revestimento refratário em vasos de pressão

2. SELEÇÃO DOS EXAMES NÃO DESTRUTIVOS NA INSPEÇÃO DE VASOS DE PRESSÃO

2.1. INTRODUÇÃO

O técnico de inspeção deve conhecer as vantagens e limitações dos exames não destrutivos (END’s)
disponíveis no mercado para que possa identificar qual o mais adequado as suas necessidades,
considerando as características físicas do vaso a ser inspecionado, bem como o tipo e a posição da
descontinuidade a ser procurada ou avaliada.

Este item tem o objetivo de fornecer aos técnicos informações resumidas, mas que caracterizam cada
um dos END’s mais usuais, de maneira a auxiliar na escolha da técnica de inspeção. Para informações
mais detalhadas de cada uma dessas técnicas deve ser procurada uma literatura específica.

A tabela 4 resume a capacidade de vários exames não destrutivos em função do tipo do defeito
esperado ou a ser avaliado.

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CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
TIPO DE DEFEITO EXAME NÃO DESTRUTIVO
EV US ME/US RX PM LP EA
TRINCAS SUPERFICIAIS O O O X X X
ALVÉOLOS X O X O
PERDA DE ESPESSURA UNIFORME X X X X O
TRINCAS INTERNAS X O O X
POROSIDADE X X
FALTA DE FUSÃO X X O
INCLUSÕES/VAZIOS INTERNOS X X O
MEDIÇÃO DE ESPESSURA X X O
LEGENDA: X = BOA capacidade de detecção; O = ALGUMA capacidade de detecção

EV EXAME VISUAL RX RADIOGRAFIA OU GAMAGRAFIA


US ULTRA SOM PM PARTÍCULAS MAGNÉTICAS
MEDIÇÃO DE ESPESSURA POR LIQUIDO PENETRANTE
ME/US LP
ULTRA SOM
EA EMISSÃO ACÚSTICA

Tabela 4 - Resumo da capacidade de detecção dos END’s mais usuais em vasos de pressão.

2.2. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS END’S USADOS EM VASOS DE PRESSÃO

2.2.1. EXAME VISUAL

2.2.1.1. CONCEITO: O Exame Visual é primeira técnica de inspeção a ser usada pois além de
completar as demais técnicas pode fornecer informações diretas quando se trata de defeitos
que afloram a superfície.

2.2.1.2. APLICAÇÃO: O Exame Visual é aplicado em todas os tipos de equipamentos, bem como nas
tubulações e seus acessórios ligados aos equipamentos. Outra grande aplicação dessa técnica
de inspeção é na avaliação de revestimentos.

2.2.1.3. VANTAGENS: As principais vantagens são a velocidade e o baixo custo. Além de requerer
pequena preparação da superfície. Na maioria dos casos, pode ser executado com o
equipamento em operação.

2.2.1.4. LIMITAÇÕES: Danos superficiais e diferença de interpretação entre técnicos.

2.2.2. EXAME DE ULTRA-SOM

2.2.2.1. CONCEITO: Nesta técnica emite-se uma onda sônica no interior do equipamento e analisa-se
sua resposta. As falhas típicas detectadas por esta técnica são trincas ou vazios internos e
superficiais, bem como impurezas internas no metal ou soldas. Além de ser largamente usado
na avaliação de perda de espessura.

15
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
O sucesso deste método é grandemente influenciado pela posição do refletor em relação ao
feixe sônico aplicado.
2.2.2.2. APLICAÇÕES: Pode ser usado em materiais metálicos ou não metálicos, numa faixa de
espessura entre 2,5 e 254 mm, para valores fora dessa faixa são necessárias técnicas especiais.
A temperatura da superfície deve estar abaixo de 150o C, para valores maiores são necessários
equipamentos e procedimentos especiais. Esse exame pode ser aplicado em fundidos,
forjados, laminados e vasos de pressão para inspeção de soldas ou da matéria prima a ser
aplicada na fabricação. A preparação da superfície requerida é a remoção de carepas, tinta não
aderida, produtos de corrosão ou outros depósitos que possam impedir ou prejudicar o
acoplamento do cabeçote.

2.2.2.3. VANTAGENS: Detecção de falhas internas em materiais e soldas. Além de ser usado para
acompanhar o desenvolvimento de defeitos, devido a sua grande capacidade de repetibilidade
dos resultados.

2.2.2.4. LIMITAÇÕES: Materiais de granulação grosseira, como soldas austeníticas e alguns


fundidos, podem dificultar a interpretação dos resultados. Geometrias complicadas e pouco
acesso podem dificultar uma melhor inspeção. Deve se ter cuidado também na escolha dos
equipamentos mais adequados para cada serviço.

NOTA: O exame de ultra-som automatizado é indicado quando se deseja um acompanhamento mais


detalhado da evolução de uma falha do tipo trinca, áreas com redução de espessura, etc. O
sistema automatizado geralmente é formado por um computador que controla
simultaneamente a inspeção com dois ou mais cabeçotes. Os sinais recebidos são
armazenados junto com a posição correspondente da srcem do sinal.
As principais vantagens desta técnica automatizada são:
- Uma visão de várias posições de uma falha com a identificação do comprimento, localização,
profundidade, largura e orientação.
- Todos os resultados da inspeção são armazenados num disquete e podem ser analisados na
época oportuna e por várias pessoas.
- A interferência do inspetor é minimizada.

2.2.3. RADIOGRAFIA

2.2.3.1. CONCEITO: A técnica radiográfica pode ser utilizada para detectar falhas superficiais ou
internas em materiais ou juntas soldadas. Uma radiação na forma de raios X, gama ou nêutron é
introduzido por um lado do material a ser inspecionado e o filme recebe as radiações que
atravessam o material do lado oposto. A imagem mostrada no filme é chamada de radiografia.
As regiões com falta de material aparecerão no filme como áreas mais escuras, devido a menor
absorção das radiações.

Os raios gama e X são similares, sendo usados para materiais metálicos. Nêutrons são usados
para materiais que absorvem mais as radiações, materiais que tem mais hidrogênio, como os
plásticos, alguns adesivos e a água.

A detectabilidade dos feixes de radiação são fortemente influenciadas pelo alinhamento da


falha em relação a direção da incidência do feixe de radiação. Defeitos transversais a direção
16
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do feixe de radiação, normalmente, não são detectadas, bem como trincas com óxidos tem uma
definição muito pobre na radiografia.

2.2.3.2. APLICAÇÃO: A radiografia pode ser usada para exame de materiais metálicos e não
metálicos para detectar falhas internas ou superficiais, numa faixa de espessura de 5 a 152 mm.
Para espessuras maiores podem ser usadas técnicas especiais. A radiografia pode ser usada com
o equipamento em operação na temperatura até 25o C.

O exame radiográfico tem sido usado para a inspeção de soldas, avaliação de perda de
espessura e ultimamente para detectar corrosão externa sob isolamento.

2.2.3.3. LIMITAÇÕES: Exige um isolamento da área que será exposta a radiação e cuidados
especiais para os operadores. Falhas planares, como trincas, são de difícil detectabilidade
quando estas não estiverem numa direção ideal ou contiverem óxidos.

2.2.4. PARTÍCULAS MAGNÉTICAS

2.2.4.1. CONCEITO: Campos magnéticos excitados em materiais ferromagnéticos são distorcidos


quando passam ao redor de anomalias. Onde o campo magnético é interrompido por uma falha
na superfície perpendicular as linhas de força estas afloram a superfície. Essa falha do campo
pode ser observada com a aplicação de partículas magnéticas, em quanto a peça estiver sobre a
aplicação do campo magnético. Existem dois tipos de partículas magnéticas: secas e úmidas.
As partículas magnéticas secas jogadas sobre a área magnetizada irão se concentrar nos locais
onde o campo magnético aflora, revelando as descontinuidades. As partículas magnéticas
úmidas funcionam da mesma maneira, apenas que elas estão contidas num veículo fluído e são
aplicadas sobre éa superfície
artificialmente preferido na
o forma
uso dede partículas
spray. Quando o local
úmidas é escuro oudevido
fluorescente pode ser
a escurecido
sua maior
sensibilidade.

2.2.4.2. APLICAÇÃO: Esta técnica é usada para a detecção de falhas superficiais ou próximas a
superfície em materiais ferromagnéticos, e tem boa sensibilidade na detecção de falhas do tipo
trincas, inclusões, porosidades, mordeduras ou outras falhas similares.

2.2.4.3. VANTAGENS: É um método de baixo custo, boa sensibilidade para falhas superficiais e
portáteis. Pode ser aplicado com o equipamento em operação desde que a temperatura da
superfície em teste esteja abaixo da temperatura de Curie 7 do material.

2.2.4.4. LIMITAÇÕES: Aplicação somente em materiais ferromagnéticos e a necessidade de um


ponto de tensão elétrica próximo do local. Preparação da superfície inadequada ou geometrias
complicadas podem reduzir a capacidade de detecção da técnica. Este método não determina a
profundidade da falha.

2.2.5. EMISSÃO ACÚSTICA

2.2.5.1. CONCEITO: A emissão acústica é uma técnica de inspeção PASSIVA, em que são capitadas
ondas eletromagnéticas oriundas de deformações plásticas provocadas por tensões mecânicas.
A principal utilização dessa técnica é a detecção da propagação de defeitos. Os sinais gerados
7
Temperatura de Curie: Temperatura acima da qual um material ferromagnético perde o ferromagnético e passa a
paramagnético ( materiais cuja sensibilidade magnética é pequena )
17
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
são captados por sensores localizados estrategicamente na estrutura. A emissão acústica é
capaz de detectar a propagação de defeitos internos ou superficiais. A localização das falhas é
estimada pelo tempo relativo que o sinal demora a chegar em vários sensores. A determinação
do tamanho e orientação do defeito detectado pelo ensaio só pode ser determinada pela
aplicação de exames complementares com o ultra-som ou radiografia.

O principal problema que interfere no sucesso dessa técnica é a presença de ruídos que costuma
ser contornado com o uso de filtros eletrônicos. A técnica requer alto conhecimento do
operador para a interpretação dos resultados.

2.2.5.2. APLICAÇÃO: O teste de emissão acústica é considerado um método de exame global da


estrutura e tem sido usado para avaliar diversos tipos de estrutura, como: vasos de pressão,
tubulações, tanque de armazenamento e aeronaves. O método pode ser aplicado com o
equipamento em operação numa condição operacional que permita uma pressão pouco acima
da normal de operação ou em condição teste hidrostático. O teste requer acesso ao equipamento
para a instalação dos sensores. Em estruturas isoladas é necessária a remoção do isolamento
numa faixa de 150 mm para a instalação dos sensores. O método de carregamento pode ser
sobre pressão (mais usual) ou gradientes térmicos.

2.2.5.3. LIMITAÇÕES: O teste de emissão acústica só detecta falhas que estejam em propagação
durante a monitoração, as falhas que não estejam em propagação não serão detectadas. As
falhas são classificadas em função da sua propagação, não sendo dimensionadas nem
identificadas quanto o tipo. Por isso, quando o ensaio de emissão acústica indicar áreas ativas a
inspeção dessas áreas deverá ser completada por um exame não destrutivo do tipo radiografia
ou ultra-som.

2.2.6. LIQUIDO PENETRANTE

2.2.6.1. CONCEITO: Defeitos superficiais em materiais não porosos podem ser detectados com
liquido penetrante. O fluido é aplicado sobre a superfície em teste e por capilaridade penetra
nas falhas, o fluido que ficou sobre a superfície é removido. Em seguida aplica-se um revelador
que contrasta com o liquido retido nas falhas, revelando a forma da falha. O fluido mais
sensível é o liquido com partículas fluorescente, mas para sua avaliação é necessário o uso de
luz ultravioleta sobre o revelador de maneira a possibilitar à avaliação do ensaio.

2.2.6.2. VANTAGEM: As principais vantagens desse teste são a sua portabilidade, baixo custo e pode
ser usado em locais de difícil geometria.

2.2.6.3. LIMITAÇÕES: A principal limitação é a revelação apenas do tamanho de defeitos


superficiais sem a informação da profundidade do defeito.

2.3. ESCOLHA DOS END’S NA INSPEÇÃO DE MANUTENÇÃO

A escolha do exame não destrutivo mais indicado para cada parte de um vaso de pressão no auxilio a
inspeção de manutenção depende basicamente de: mecanismo de deterioração atuante no vaso,
características do metal base e depositado, dimensões da parte do vaso a ser inspecionada e do tipo de
descontinuidade mais provável associada ao mecanismo de deterioração. Assim, antes de escolher o

18
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
END é necessário conhecer os itens descritos acima. A tabela 5 faz uma sugestão de correlação usual
entre mecanismos de deterioração, tipo de descontinuidade e END mais adequado.

MECANISMO DE TIPO DE LOCAIS MAIS END MAIS


DETERIORAÇÃO DESCONTINUIDADE PROVÁVEIS INDICADO
Pontos de concentração de
tensões (ex. soldas, ZTA de Partículas Magnéticas
FADIGA Trinca superficial
solda, canto reto de bocais, ou Líquido Penetrante
soldas de suportes, etc.)

Trinca superficial e Partículas


ou LíquidoMagnéticas
Penetrante,
FLUÊNCIA Pontos quentes
deformações Dimensional e
Medição de espessura.
Partículas Magnéticas
CHOQUE Trinca superficial e Pontos sujeitos a grandes ou Líquido Penetrante,
TÉRMICO deformações variações de temperatura Dimensional e
Medição de espessura.
Pontos de concentração de
tensões e meio propício
CORROSÃO SOB Partículas Magnéticas
Trinca superficial (ex. soldas, ZTA de solda,
TENSÃO ou Líquido Penetrante
canto reto de bocais, soldas
de suportes, etc.)
Frestas, sob depósitos,
regiões com tensão Medição de espessura
CORROSÃO Perda de material
diferencial,
pequeno bocais de
diâmetro. ou Radiografia.
Partículas Magnéticas
DETERIORAÇÃO Chapas com segregações,
Trincas superficiais e ou Líquido Penetrante
PELO diferencial de tensões e
internas e Medição de
HIDROGÊNIO dupla laminação.
espessura
Regiões de mudança de
fluxo, região com
turbulência, bocais de Medição de espessura
EROSÃO Perda de material
pequeno diâmetro, etc. (ex. ou Radiografia
entrada ou saída de produto
no vaso)
Partículas Magnéticas
Trincas superficiais e Pontos de concentração de
ALTERAÇÕES ou Líquido Penetrante,
internas e alterações tensões e ou pontos
METALÚRGICAS Ultra-som,
microestruturais quentes.
Metalografia e Dureza.
Trincas superficiais e Pontos de concentração de Partículas Magnéticas
SOBRE PRESSÃO ou Líquido Penetrante
internas tensões
e Ultra-som.

Tabela 5 – Seleção dos Exames não destrutivos na Inspeção de Manutenção em Vasos de Pressão.

Após a escolha da melhor técnica de inspeção a ser adotada é também importante a determinação de
como o exame deve ser realizado. O detalhe de como o exame deve ser realizado depende basicamente
19
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
das características físicas do equipamento e da posição da descontinuidade. Esses dois fatores vão
ajudar na definição de como realizar o enxame. Detalhes do tipo: qual o ângulo do cabeçote de ultra-
sônico mais indicado, qual a melhor posição da fonte de radiação, qual o sentido de aplicação do fluxo
magnético mais apropriado, etc.

3. PLANEJAMENTO

3.1. INTRODUÇÃO

Planejamento é a função administrativa de determinar antecipadamente o que deverá ser feito, qual ou
quais as técnicas a serem utilizadas, correlacionar as técnicas definidas com o tipo de deterioração
procurado, quais os locais a serem inspecionados, como e por quem será realizados a inspeção, tipo e
quantidade de apoio necessário e a quantidade de recursos necessários considerando o tempo
disponível para a inspeção e manutenção.

O planejamento continua sendo a maneira mais sensata de se estimar: o tipo de inspeção a ser
realizada, o tempo necessário, material de consumo, equipamentos, apoio, recurso etc. para a
realização da inspeção em qualquer tipo de equipamento, sistema ou planta operacional e será tanto
mais complexo quanto for o equipamento, sistema ou planta a ser inspecionado.

Na elaboração de um plano de inspeção deve ser levado em consideração não apenas os serviços
relacionados diretamente com a atividade de inspeção, mas também as dificuldades de preparação,
acesso e reparos caso estes sejam necessários depois de completada à inspeção.

A seguir estão descritas de maneira sucinta as principais etapas a serem seguidas na elaboração de um
plano de inspeção para um vaso de pressão:
3.2. FONTES DE CONSULTA PARA ELABORAR UM PLANO DE INSPEÇÃO

Para a elaboração mais adequada de um plano de inspeção interna para um vaso de pressão é
necessário antes consultar no mínimo os seguintes itens:

 Histórico do Equipamento: ocorrências operacionais, reparos executados, relatos de


descontinuidades detectadas em inspeções anteriores e suas relativas freqüências;
 Características Construtivas do vaso: diâmetro, comprimento, bocais, detalhes das soldas (frestas),
internos (tipos e atracações), materiais, exigência tratamento térmico de alívio de tensões,
existência de revestimento interno, chapas de desgaste, instrumentação com tubulações de pequeno
diâmetro, etc.
 Características Operacionais: condições normais de operação, ocorrências de elevação de
temperatura e ou pressão desde a última inspeção interna, modificações importantes no tipo de
fluido ou na velocidade do fluxo, registro de obstruções em operação, etc.
 Resultado das Inspeções Externas Realizadas: verificar se as descontinuidades registradas durante
as inspeções externas executadas já foram sanadas ou estão aguardando a parada do equipamento
para realizar.
 Características dos Mecanismos de Deterioração: verificar a adequação dos END’s escolhidos com
o tipo de descontinuidade esperada.

3.3. CONTEUDO DE UM PLANO DE INSPEÇÃO

20
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
Um plano de inspeção interna para um vaso de pressão deve conter no mínimo as seguintes
informações:

 Identificações: TAG do vaso, unidade a qual este pertence e outras informações necessária de
maneira a identificar totalmente o vaso. Item importante numa auditoria.
 Responsável: é necessária a identificação do responsável ou responsáveis pela elaboração do plano
de inspeção do vaso. Pela a NR-13 deverá ser um Profissional Habilitado
 Data: é necessário ficar claro a data da elaboração do plano e a revisão que o plano está. Este é
normalmente um dos itens verificado numa auditoria de sistema, tipo ISO 9000.
 Apoio para a Inspeção: verificar a necessidade de andaime, remoção de partes do vaso, abertura de
bocais, remoção de instrumentos, preparação de superfície, limpeza interna, etc. Estas informações
facilitam a elaboração do contrato de manutenção e evitam surpresas durante o prazo de parada.
 Partes a serem inspecionadas: identificar as partes do vaso a serem inspecionadas e o método de
inspeção a ser empregado em cada parte. Orientação para o técnico que vai executar a inspeção.
 Extensão da Inspeção: a quantidade a ser inspecionada com cada END especificado. Orientação
para o técnico que vai executar a inspeção.
 Métodos de Inspeção: identificar os métodos de inspeção a serem empregados no vaso.
 Duração da Inspeção: estimar o tempo e mão de obra necessária para realizar a inspeção
pretendida. Influencia na definição do prazo de parada.
 Previsão de Reparos: baseado no histórico das últimas inspeções fazer uma estimativa de reparos a
serem realizados após a inspeção. Evita surpresas durante o prazo de parada.
 Serviços em Pré-parada: pode ser interessante relacionar quais as inspeções podem ser feitas com o
equipamento em operação normal. Influencia na definição do início do contrato.

3.4. ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE INSPEÇÃO

Como foi descrito acima para elaborar um plano de inspeção é necessário um conhecimento detalhado
do vaso, mas para facilitar a elaboração de futuros planos de inspeção serão mostrados a seguir os itens
que normalmente devem constar de um plano de inspeção interna padrão para um vaso de pressão.

 Medição de Espessura: método mais usual para avaliar a vida residual de um vaso. Devem ser
realizados em locais pré-determinados que representem o vaso, no mínimo um ponto por anel do
vaso, mais um ponto por tampo e um ponto em cada pescoço de bocal do vaso. Em regiões com
possibilidade de perda de espessura mais acentuada pode ser necessário um mapeamento de
espessura, em geral usam-se medições em distâncias de 30 x 30 mm.
 Inspeção Visual: deve ser realizada inspeção visual em todas as partes acessíveis do vaso e nas sem
acesso fácil caso haja suspeita de deterioração, ou quando não inspecionada a mais de 12 anos ou
metade da vida remanescente prevista para essa parte do vaso, em função de medições de espessura
anteriores, o que for menor. As partes do vaso não sujeitas à pressão devem ser inspecionadas caso
haja a suspeita de corrosão por frestas ou estejam expostas à corrosão atmosférica, em atmosferas
agressivas. Os pescoços dos bocais devem ser inspecionados visualmente caso não tenham sido
medidos na inspeção ou radiografados em operação. Todas as sedes de vedação dos flanges abertas
devem ser inspecionadas quanto à possibilidade de vazamentos futuros, inclusive bocas de visita.
 Realização de outros END’s: devem ser especificados exames não destrutivos para avaliar a
existência de descontinuidades possíveis em função dos mecanismos de deterioração atuantes no
vaso. A extensão e tipo desses exames devem ser modificados em função do histórico de inspeções
anteriores. Os pontos usuais de inspeção são pontos de concentração de tensões, tais como: soldas,
zonas termicamente afetadas, cantos retos de bocais, soldas de suportes, soldas de mudanças de

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CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
formas do vaso, sodas de união casco / bocais, chapas de reforço, clips de sustentação de
plataformas, etc.
 Inspeção de revestimentos: os revestimentos internos e externos devem ser inspecionados como
descrito anteriormente. Os revestimentos que não apresentarem deteriorações nos últimos 12 anos
devem ter seu substrato (metal base) avaliado por medição de espessura em vários pontos, pelo
lado oposto ao do revestimento. O revestimento do tipo “fire proof” deve ter uma pequena área
removida para inspeção visual da suportação do vaso a cada 12 anos ou mais em função do seu
estado superficial e da agressividade da atmosfera no local.
 Previsão de Reparos: previsão de reparos com base no resultado de inspeções anteriores. Essa
previsão quando bem feita reduz os custos de manutenção e evita dilatação do prazo de parada,
falha considerada grave para o responsável pelo plano de inspeção.
3.5. PLANO DE INSPEÇÃO

Para facilitar a elaboração de um plano de inspeção algumas empresas costumam usar um formulário
específico com a finalidade de que nenhuma parte do vaso seja esquecida na elaboração do plano. A
tabela 6 mostra uma sugestão de formulário a ser usado para elaborar um plano de inspeção de um
vaso de pressão.
PLANO DE INSPEÇÃO

IDENTIFICAÇÃO DO VASO DATA DA INSPETOR DOCUMENTO FOLHA:


INSPEÇÃO DE / /
/ / REFERÊNCIA
LOCAL A SER EXTENSÃO TIPO DE DURAÇÃO DETERIORAÇÃO APOIO
INSPECIONADO DA INSPEÇÃO INSPEÇÃO ESPERADA NECESSÁRIO

-1.CHAPAS
INSP. INTERNA
E TAMPOS
- JUNTAS SOLDADAS
- BOCAIS E B.V.
- REVESTIMENTO
- INTERNOS
2. INSP. EXTERNA
- CHAPAS E TAMPOS
- BOCAIS E B.V.
PESCOÇO
FLANGES
ESTOJOS/PORCAS
LUVAS
NIPLES
PLUG
CHAPA DE REFORÇO
- PLATAFORMAS
- ESCADAS DE ACESSO
- FUNDAÇÕES
- ATERRAMENTO
- SUPORTAÇÃO
- FIRE-PROOF.
3. TESTES
- TESTE HIDROSTÁTICO
- TESTE DE ESTANQUEIDADE
CHAPAS DE REFORÇO
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CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
IDENTIFICAÇÃO DO VASO DATA DA INSPETOR DOCUMENTO FOLHA:
INSPEÇÃO DE / /
/ / REFERÊNCIA
LOCAL A SER EXTENSÃO TIPO DE DURAÇÃO DETERIORAÇÃO APOIO
INSPECIONADO DA INSPEÇÃO INSPEÇÃO ESPERADA NECESSÁRIO
REVESTIMENTO

TABELA 6 - Sugestão de formulário para a elaboração do plano de inspeção para vasos de pressão.

EXEMPLO DE ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE INSPEÇÃO: Elaborar um plano de


inspeção para um vaso de pressão vertical, suportado por saia de sustentação, com fire proof, com
cerca de 100.000 horas de operação, que será submetido a uma inspeção periódica interna e externa
durante sua parada operacional, considerando que seu histórico registra problemas de trincas devido à
corrosão sob tensão na ZTA das soldas da região de topo. O vaso foi pintado internamente na última
intervenção como medida preventiva à corrosão sob tensão.

PLANO DE INSPEÇÃO PARA O VASO V 25539


IDENTIFICAÇÃO DO VASO DATA DA INSPETOR DOCUMENTO FOLHA:
V - 25539 INSPEÇÃO JOSÉ DE 01/ 01
10/ 03 / 98 REFERÊNCIA:
REC. PRÉVIA 3
LOCAL A SER EXTENSÃO TIPO DE DURAÇÃO DETERIORAÇÃO APOIO
INSPECIONADO DA INSPEÇÃO INSPEÇÃO ESPERADA NECESSÁRIO
1. INSP. INTERNA
- CHAPAS E TAMPOS TOTAL EV 2h/ 1 IE Corrosão/erosão LI,AC,IL,AN
- JUNTAS SOLDADAS TOTAL EV 2h/ 1 IE Corrosão/erosão LI,AC,IL,AN
SOLDAS DO TOPO PM 20h/2 IE trincas PS,AC,IL,AN
- BOCAIS E B.V. TOTAL EV 2h/ 1 IE corrosão/erosão LI,AC,IL,AN
SOLDAS DO TOPO PM 20h/2 IE trincas PS,AC,IL,AN
- REVESTIMENTO SOLDAS DO TOPO EV na 0,5h/1 IE trincas, LI,AC,IL
PINTURA descolamento
- INTERNOS TOTAL EV 2h/ 1 IE corrosão/erosão LI,AC,IL
2. INSP. EXTERNA
- CHAPAS E TAMPOS TOTAL EV 2h/ 1 IE corrosão/erosão RI, LI
PONTOS ME 0,5h/ 1 IE corrosão RI, PS
- BOCAIS E B.V.
PESCOÇO TOTAL EV 2h/ 1 IE corrosão/erosão RI, LI
PONTOS ME 0,5h/ 1 IE corrosão RI, PS
FLANGES TOTAL EV 0,5h/ 1 IE corrosão LI
SEDE DM 0,5h/ 1 IE desgaste PS
ESTOJOS/PORCAS TOTAL EV 0,5h/ 1 IE corrosão/erosão RC, LI
LUVAS TOTAL EV 0,5h/ 1 IE corrosão/erosão RC, LI
ROSCA CALIBRAR 0,5h/ 1 IE desgaste LI
NIPLES TOTAL RX 1 equipe corrosão NA
PLUG ROSCA CALIBRAR 0,5h/ 1 IE desgaste RC, LI
CHAPA DE REFORÇO TOTAL EV 0,5h/ 1 IE corrosão/erosão NA
- PLATAFORMAS TOTAL EV 0,5h/ 1 IE corrosão/erosão NA
- ESCADAS DE ACESSO TOTAL EV 0,5h/ 1 IE corrosão/erosão NA
- FUNDAÇÕES TOTAL EV 0,5h/ 1 IE trincas NA
- ATERRAMENTO CABO EV 0,5H/ 1 IE rompido NA
- SUPORTAÇÃO TOTAL EV 0,5h/ 1 IE corrosão RI, LI
PONTOS ME 0,5h/ 1 IE corrosão RI, PS
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CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
IDENTIFICAÇÃO DO VASO DATA DA INSPETOR DOCUMENTO FOLHA:
V - 25539 INSPEÇÃO JOSÉ DE 01/ 01
10/ 03 / 98 REFERÊNCIA:
REC. PRÉVIA 3
LOCAL A SER EXTENSÃO TIPO DE DURAÇÃO DETERIORAÇÃO APOIO
INSPECIONADO DA INSPEÇÃO INSPEÇÃO ESPERADA NECESSÁRIO
- FIRE-PROOF. TOTAL EV 0,5h/ 1 IE trincas NA
3. TESTES
- TESTE HIDROSTÁTICO REPAROS EV 2h/ 1 IE vazamento PREPARAR
- TESTE DE ESTANQUEIDADE
CHAPAS DE REFORÇO
REVESTIMENTO NA
NA NA
NA NA
NA NA
NA NA
NA

LEGENDA: EV = EXAME VISUAL LI = LIMPEZA


PM = PARTÍCULAS MAGNÉTICAS AC = ACESSO
IE = INSPETOR DE EQUIPAMENTOS IL = ILUMINAÇÃO
ME = MEDIÇÃO DE ESPESSURA AN = ANDAIME
RX = GAMAGRAFIA PS = PREPARAÇÃO DE SUPERFÍCIE
NA = NÃO APLICADO RI = REMOÇÃO DE ISOLAMENTO
RC = REMOVER CONEXÃO ROSCADA

Além do plano de inspeção que é utilizado mais na fase de planejamento dos serviços a partir desse
plano o inspetor poderá elaborar uma lista de verificações mais simplificada de maneira a evitar que
sejam esquecidas algumas das tarefas previstas no plano traçado. A tabela 7 mostra um exemplo de
lista de verificações preparada para o vaso V 25539 a partir do seu plano de inspeção. (exemplo

anterior)
IDENTIFICAÇÃO DO DATA DA INSPETOR DOCUMENTO FOLHA:
VASO INSPEÇÃO JOSÉ DE 01/ 01
V - 25539 10/ 03 / 98 REFERÊNCIA:
REC. PRÉVIA 3
LOCAL A SER EXTENSÃO TIPO DE DETERIORAÇÃ RESULTADO DA INSPEÇÃO
INSPECIONADO DA INSPEÇÃO O ESPERADA
INSPEÇÃO
1. INSP. INTERNA
- CHAPAS E TAMPOS TOTAL EV corrosão/erosão
- JUNTAS SOLDADAS TOTAL EV corrosão/erosão
SOLDAS DO PM trincas
TOPO
- BOCAIS E B.V. TOTAL EV corrosão/erosão
SOLDAS DO PM trincas
TOPO
- REVESTIMENTO SOLDAS DO EV trincas,
TOPO PINTURA descolamento
- INTERNOS TOTAL EV corrosão/erosão
2. INSP. EXTERNA
- CHAPAS E TAMPOS TOTAL EV corrosão/erosão
PONTOS ME corrosão
- BOCAIS E B.V.
PESCOÇO TOTAL EV corrosão/erosão
PONTOS ME corrosão

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CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
IDENTIFICAÇÃO DO DATA DA INSPETOR DOCUMENTO FOLHA:
VASO INSPEÇÃO JOSÉ DE 01/ 01
V - 25539 10/ 03 / 98 REFERÊNCIA:
REC. PRÉVIA 3
LOCAL A SER EXTENSÃO TIPO DE DETERIORAÇÃ RESULTADO DA INSPEÇÃO
INSPECIONADO DA INSPEÇÃO O ESPERADA
INSPEÇÃO
FLANGES TOTAL EV corrosão
SEDE DM desgaste
ESTOJOS/PORCAS TOTAL EV corrosão/erosão
LUVAS TOTAL EV corrosão/erosão
ROSCA CALIBRAR desgaste
NIPLES TOTAL RX corrosão
PLUG ROSCA CALIBRAR desgaste
CHAPA DE REFORÇO TOTAL EV corrosão/erosão
- PLATAFORMAS TOTAL EV corrosão/erosão
- ESCADAS DE ACESSO TOTAL EV corrosão/erosão
- FUNDAÇÕES TOTAL EV trincas
- ATERRAMENTO CABO EV rompido
- SUPORTAÇÃO TOTAL EV corrosão
PONTOS ME corrosão
- FIRE-PROOF. TOTAL EV trincas
3. TESTES
- HIDROSTÁTICO REPAROS EV vazamento
- ESTANQUEIDADE
CHAPAS DE REFORÇO
REVESTIMENTO NA
NA NA
NA NA
NA

TABELA 7 - Exemplo de lista de verificações para facilitar a inspeção

4. TEXTOS REFERENTES À INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO


Os textos que tratam da necessidade e obrigatoriedade da inspeção em vasos de pressão têm sofrido
diversas alterações ao longo do tempo. Alguns desses textos são desprovidos de força legal, enquanto
outros são de observância obrigatória.

A seguir, estão descritos alguns comentários sobre os principais documentos que se referem a inspeção
de manutenção em vasos de pressão.

4.1. GUIAS DE INSPEÇÃO


As guias de inspeção foram elaboradas pelo IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo), basicamente na
década de 60, tendo como principal referência as Guias de Inspeção do American Petroleum Institute
(API). Atualmente existem 10 guias, a maioria revisada entre 1973 e 1974, abordando diretamente os
equipamentos de maneira separada.

A Guia referente a vasos de pressão é a n ° 8 (Vasos de Pressão Não Sujeitos a Chama).

25
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
As Guias de Inspeção abordam diversos aspectos de uma maneira predominantemente didática, e
apenas orientam quanto ao estabelecimento da freqüência de inspeção.

Por serem instrumentos particulares, as Guias de Inspeção não têm força legal.

4.2. RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS


Desde o início dos anos 90 os técnicos envolvidos na atividade de inspeção começaram a usar como
referência para inspeção não mais os códigos de projeto que são excelentes quando se trata de inspeção
de fabricação, mas nada falam sobre inspeção de manutenção, uma inspeção orientada pelos
mecanismos de deterioração, histórico do vaso, etc. as Recomendações Práticas de Inspeção
elaboradas pelo API são referências mundiais para a Inspeção de Manutenção.

Essa mudança ocorrida vagarosamente através dos anos 90, provavelmente pelas dificuldades de
estarem escritas em inglês, hoje está presente na grande maioria das empresas. Apesar de não terem
efeito legal são aceitas como referência de inspeção pela Norma Nacional NR-13.

Consideramos que hoje os técnicos de inspeção devem consultar documentos específicos referentes à
inspeção de manutenção para a elaboração do seu plano de inspeção e até para ajudar a identificar o
mecanismo de deterioração mais provável atuante em cada vaso. As Recomendações Práticas do API
que devem ser consultadas são: API 510 ( ), API 572 ( ), API 581 ( ), essas são genéricas e se aplicam
a todos os vasos de pressão, mas existem outras específicas em função da condição operacional ou do
mecanismo de deterioração identificado no vaso, como por exemplo o API XXX ( ).

Até para reparos hoje já existem técnicas específicas para manutenção desenvolvidas por Institutos de
Pesquisas
vem sendoassociados
empregadasa Empresas
em casosdiferentes
especiais das recomendadas
de reparos. Essas pelos códigos
técnicas de construção
de reparos e que
são aceitas já
pela
Norma Nacional NR-13 desde que antes de serem utilizadas sejam qualificadas conforme os requisitos
do Código de projeto do vaso.

4.3. NORMAS REGULAMENTADORAS


Em 1977 foi assinada a Lei n° 6514, alterando o capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do
Trabalho, relativa à segurança e medicina do trabalho. Essa lei contem seções com vários assuntos,
sendo que a Seção XII trata de Caldeiras, Fornos e Recipientes Sob Pressão.

Em 1978 o Ministério do Trabalho aprovou as Normas Regulamentadoras (NR), previstas na Lei 6514,
visando detalhar as disposições daquela lei. Dentre as 28 Normas Regulamentadoras somente as NR-
13 - VASOS DE PRESSÃO e NR-14 - FORNOS tratavam diretamente dos equipamentos industriais.
Apesar do título, a NR-13 tratava apenas de caldeiras e era simplesmente uma cópia da antiga portaria
n°20, com todos os seus problemas.
Em 1983 o Ministério do Trabalho resolveu estender a NR-13 a ″outros″ vasos de pressão, como:
compressores, tanques de ar comprimido, vasos de ar comprimido, reservatórios em geral de ar
comprimido e outros com auto-claves, que são tão perigosos quanto as caldeiras.

Em 1984 e 1985 a NR-13 sofreu algumas alterações, continuando com vários problemas que
praticamente inviabilizavam a sua utilização.

26
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
Em l995 a NR-13 sofreu novas alterações, agora com a participação de técnicos de algumas industrias
e foi totalmente modificada, sendo introduzida nesta, conceitos existente em Normas Européia. A atual
NR-13 classifica os vasos de pressão em função dos dados de projeto e estabelece entre outros itens a
freqüência de inspeção e a periodicidade de testes.

Atualmente no Brasil as Normas Regulamentadoras são os instrumentos legais que exigem inspeção
em vasos de pressão e por sua natureza tem força de lei.

A NR-1 descreve que as Normas Regulamentadoras são de observância obrigatória pelas empresas
privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos
dos poderes legislativo e judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT).

4.3.1. COMENTÁRIOS DA NR-13, REFERENTES A VASOS DE PRESSÃO


A seguir serão feitos alguns comentários referentes às exigências da NR-13, da parte referente a vasos
de pressão.

a) A principal modificação introduzida na NR-13 é a adoção da classificação dos vasos de pressão


em CATEGORIAS DE INSPEÇÃO, em função do: tipo de fluido armazenado, produto da pressão
máxima de operação do vaso e seu volume geométrico e o grupo potencial de risco do vaso.
(tabela 8).

GRUPO DE POTENCIAL DE RISCO


CLASSE DE FLUIDO 1 2 3 4 5
PV ≥ 100 100 〉 PV ≥ 30 30 〉 PV ≥ 2,5 2,5〉 PV ≥ 1 PV 〈 1
A
- Fluido inflamável
- Combustível com temperatura igual ou superior a
200·C I I II III III
- Tóxico com limite de tolerância ≤ 20 ppm;
- Hidrogênio;
- Acetileno.
B
- Combustível com temperatura 200 C; I II III IV IV
- Tóxico com limite de tolerância 20 ppm.
C
- Vapor de água; I II III IV V
- Gases asfixiantes simples;
- Ar comprimido.
D
- Água ou outros fluidos não enquadrados nas II III IV V V
classes A, B, ou C, com temperatura 50 C.

TABELA 8 - Categorias de inspeção, conforme a NR-13.

b) As categorias de inspeção variam de I a V, sendo mais rigorosa quanto MENOR for sua categoria.
Assim um vaso enquadrado na categoria I é aquele que estará submetido aos maiores rigores da
Norma.
27
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
c) A Norma NR-13, na parte referente a vasos de pressão aplica-se, basicamente, a vasos de pressão,
estacionários, não sujeitos a chama, cujo produto da pressão máxima de operação (KPa) e seu
volume geométrico (m3) seja superior a 8 ou que armazene fluido classe A.
d) Independente da categoria, todos os vasos devem possuir:
- Placa de identificação: placa fixada no vaso, em local visível que deve conter algumas
informações, referentes às condições de projeto do vaso, selecionadas pela Norma.
- Prontuário: são os dados de projeto do vaso.
- Registro de Segurança: registro de todas as ocorrências que possam influir na segurança do
vaso.
- Projeto de Instalação: características das instalações onde o vaso está localizado.
- Projeto de Alterações ou Reparos: registro dos reparos realizados no vaso que possam
interferir na sua segurança e do procedimento de reparo utilizado.
- Relatórios de Inspeção: registro de alterações do vaso que estejam em desacordo com sua
placa de identificação.
e) Todo vaso enquadrado nas categorias I e II, deve possuir um manual de operação que contenha os
procedimentos específicos adotados para o vaso em manobras operacionais, como: paradas,
partidas, emergências, etc. Além disso, os operadores devem ser treinados, conforme os requisitos
especificados na Norma.
f) Todos os reparos ou alterações devem respeitar o respectivo código de projeto e construção do
vaso. A critério do Profissional Habilitado, podem ser utilizadas tecnologias de cálculo ou
procedimentos mais avançados em substituição aos previstos pelos códigos de projeto e
construção.
g) A periodicidade de inspeção exigida pela Norma, depende da categoria do vaso e se a empresa
possui Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos. A tabela 9 mostra os prazos de inspeção e
exigências de teste hidrostático para vasos de pressão.

CATEGORIA EXAME EXTERNO EXAME INTERNO TESTE HIDROSTÁTICO


DO VASO COM SPIE SEM SPIE COM SPIE SEM SPIE COM SPIE SEM SPIE
I 3 ANOS 1 ANO 6 ANOS 3 ANOS 12 ANOS 6 ANOS
II 4 ANOS 2 ANOS 8 ANOS 4 ANOS 16 ANOS 8 ANOS
III 5 ANOS 3 ANOS 10 ANOS 6 ANOS A 12 ANOS
CRITÉRIO
IV 6 ANOS 4 ANOS 12 ANOS 8 ANOS A 16 ANOS
CRITÉRIO
V 7 ANOS 5 ANOS A CRITÉRIO 10 ANOS A 20 ANOS
CRITÉRIO

TABELA 9 - Exigências da Norma NR-13 para vasos de pressão.

OBS. COM SPIE = empresas Com Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos.


SEM SPIE = empresas Sem Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos.

h) As válvulas de segurança devem ser desmontadas, inspecionadas e recalibradas durante o exame


interno do vaso.
i) Em situações que possam alterar as condições iniciais do vaso este deve ser submetido a uma
inspeção de segurança extraordinária. Por exemplo : quando houver alteração de local do vaso.
j) Após a inspeção deve ser emitido relatório de inspeção contendo no mínimo o seguinte:
- identificação do vaso;
28
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
- fluido de serviço e categoria do vaso;
- tipo do vaso;
- data de início e término da inspeção;
- tipo de inspeção executada;
- descrição dos exames e testes executados;
- resultados das inspeções e intervenções executadas;
- conclusões;
- recomendações e providências necessárias;
- data prevista para a próxima inspeção;
- nome e assinatura do profissional habilitado;
- nome e assinatura dos técnicos que participaram da inspeção.

29
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
4.3.2. FISCALIZAÇÃO E PENALIDADES

As delegacias Regionais do Trabalho (DRT) cabem executar as atividades relacionadas com a


segurança e medicina do trabalho e a fiscalização do cumprimento dos preceitos legais e
regulamentares sobre a segurança e higiene do trabalho.

A fiscalização quanto ao cumprimento dos requisitos da NR 13 pode ser feita pelos empregados da
empresa ou seus sindicatos de classe, mediante solicitação formal a empresa, ou através de denuncia
ao ministério público.

Cabe, portanto, às DRT’s impor penalidades, embargar, interditar etc. em função da inobservância das
Normas Regulamentadoras.

A NR-1 estabelece também que cabe ao empregador cumprir e fazer cumprir as disposições legais e
regulamentares, sob pena de aplicação das penalidades previstas na legislação pertinente.

Ao empregado cabe cumprir essas disposições. A recusa injustificada constitui ato faltoso.

Merece destaque o não cumprimento dos itens da NR 13 considerados como risco grave e iminente,
nesses casos a empresa está sujeita a interdição total ou parcial de suas atividades enquanto esses itens
não forem atendidos. Os critérios de interdição para embarco de obras ou interdição de unidades
operacionais estão descritos na Norma Regulamentadora NR 3.

A interdição e embargo poderão ser requeridos pelo Setor de Segurança e Medicina do Trabalho da
DRT ou por entidade sindical.

As penalidades que as empresas e profissionais habilitados estão sujeitos por não atendimento aos
requisitos da Norma Regulamentadora No 13 estão descritas na Norma Regulamentadora No 28.

São exemplos de risco grave e emitente a falta de dispositivos de segurança, de indicadores de pressão,
etc.

5. INTERVALOS DE INSPEÇÃO

Em todo território brasileiro os prazos máximos de inspeção interna, externa e teste hidrostático para
os vasos de pressão devem ser os estipulados na Norma Regulamentadora NR-13, já descritos.
Entretanto é necessário que se verifique tecnicamente se o vaso não necessita uma intervenção antes
do prazo máximo estipulado pela NR-13. Essa verificação é feita conhecendo-se o mecanismo de
deterioração preponderante no vaso e pelo cálculo da vida remanescente das partes do vaso. Na
maioria das vezes a vida remanescente das partes de um vaso é estabelecida com base em medições de
espessura realizadas periodicamente em pontos pré-definidos pelo Profissional Habilitado responsável
pelo equipamento.

A freqüência com que um vaso de pressão deve ser inspecionado depende de vários fatores, sendo os
mais importantes os seguintes:

a) Taxa de desgaste e/ou deterioração;


b) Sobre-espessura para corrosão;
c) Condições de operação;
30
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
d) Natureza dos fluidos contidos no vaso;
e) Flexibilidade operacional do vaso em relação ao restante da unidade;
f) Atendimento aos requisitos das Leis vigentes no país

5.1. INTERVALOS DE INSPEÇÃO SEGUNDO A NORMA API-510

O API-510 recomenda que o intervalo entre inspeções internas inicial adotado não seja maior do que o
menor valor entre: metade da vida remanescente do vaso, calculada pela taxa de desgaste, ou 10 anos.

O cálculo da vida remanescente do vaso deve ser feito pela expressão matemática a seguir:
VIDA = ( t1 - t2 ) / tc

Onde: t1 = menor espessura medida do vaso.


t2 = espessura mínima, calculada para a parte do vaso medida com base nas condições
de projeto do vaso.
tc = taxa de corrosão determinada como descrito a seguir.

A taxa de corrosão deve ser determinada pela expressão:


tc = ( ti - tf ) / t

Onde : ti = espessura medida no início da contagem do tempo t de exposição do metal ao


″ ″

meio corrosivo;
tf = espessura medida, no mesmo ponto da medição inicial, após o tempo t de″ ″

exposição
t = tempo do metal ao
de exposição do meio.
metal ao meio corrosivo.

A espessura mínima e a taxa de corrosão máxima das partes de um vaso devem ser determinadas
adotando-se para a medição da espessura um dos seguintes métodos:

a) Pode ser usado um exame não destrutivo, como ultra-som ou radiografia, que não afetam a
segurança do vaso. Algumas vezes podem ser necessários a confirmação da espessura com um
furo de sondagem quando o método não destrutivo for considerado incerto.
b) Devem ser feitas medidas em todas as aberturas disponíveis.
c) A profundidade de corrosão pode ser determinada por comparação com uma superfície vizinha
não corroída.
d) Em áreas com pitting a perda de espessura devido a profundidade dos pitting pode ser desprezada se
for atendido todos os requisitos descritos na parte 6, item 1.3.4. dessa apostila. Caso a área não
seja aceita e os pitting não puderem ser desconsiderados deverá ser verificado se a espessura
remanescente na região do maior pitting (espessura remanescente = espessura longe do pitting -
profundidade do pitting) é menor do que a adotada como espessura atual. Caso afirmativo essa
espessura remanescente deverá ser adotada como atual.

Tanto em vasos novos como para vasos em serviço, deve ser usado um dos seguintes métodos para
determinar a taxa de corrosão provável, que junto com a espessura remanescente servem para estimar
o prazo máximo para a próxima inspeção.

31
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
a) Pode ser usada a taxa de corrosão calculada para outro vaso com as mesmas condições de
operação.
b) Caso não sejam disponíveis dados de vasos com a mesma condição operacional, podem ser usados
os dados de publicações de vasos, com condições de operação similares.
c) Se nenhum dos métodos acima for possível, a taxa de corrosão deve ser determinada após 1.000
horas de operação (aproximadamente 1,5 mês), utilizando-se aparelho monitor de corrosão ou
medir a espessura com um método não destrutivo. As medidas devem ser feitas posteriormente em
intervalos adequados.

Depois de algumas inspeções, tendo se registrado as ocorrências relativas ao vaso de pressão, pode-se
modificar o intervalo de inspeção previamente estabelecido, levando-se em conta sempre que deverá
permanecer um mínimo de sobre-espessura para corrosão, no intervalo entre duas inspeções.

As mudanças nas condições de operação de um vaso que possam afetar a taxa de desgaste ou
deterioração devem ser estudadas para que sejam introduzidas as modificações necessárias nos
intervalos de inspeção.

Se a localização do vaso for modificada, o vaso deve ser inspecionado antes de ser reutilizado.

Em condições normais, os intervalos de inspeção devem ser estabelecidos em coordenação com os


órgãos de manutenção e operação.

Em alguns casos, as condições mínimas de limpeza exigidas para o bom funcionamento do vaso
podem determinar a duração de sua campanha operacional.

Uma vez definida


esquema. a freqüência
Isto, porém de inspeção,
não significa o vaso poderá
que o intervalo ser inspecionado
de inspeção tenha que regularmente
ser obedecidodentro
com desse
rigor
extremo. Deve-se admitir uma certa flexibilidade a fim de se poder ajustá-lo às necessidades do
processo e à disponibilidade de mão-de-obra de manutenção e inspeção.

Independentemente das inspeções programadas, sempre que o vaso for retirado de operação e aberto
por qualquer razão, a oportunidade deverá ser aproveitada para uma inspeção, mesmo que esta seja
parcial.

5.2 INTERVALO DE INSPEÇÃO SEGUNDO O CÓDIGO DE INSPEÇÃO INGLÊS

A prática de segurança na industria do petróleo e petroquímica para inspeção em vasos de pressão na


Inglaterra, segue o código emitido pelo The Institute of Petroleum, London. Esse código classifica os
equipamentos em função das suas condições operacionais. Os vasos de pressão e trocadores de calor
para sistemas de processo são classificados como equipamentos CLASSE B.

As freqüências de inspeção estabelecidas para os equipamentos Classe B estão descritas na tabela 10.

EQUIPAMENTO GRAU 0 GRAU I GRAU II GRAU III


VASOS DE PRESSÃO E 24 MESES 36 MESES 72 MESES 108 MESES
PERMUTADORES

TABELA 10 - Freqüência de inspeção conforme o código de inspeção Inglês para equipamentos Classe B.
32
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
A tabela 10 deve ser usada da seguinte maneira:
1. Todo equipamento quando NOVO deverá ter grau de inspeção 0;
2. Após a 1a inspeção o equipamento deverá ser reclassificado em um dos graus I, II ou III, em
função do tipo de solicitação, a taxa de desgaste esperada e suas condições operacionais;
3. De acordo com as inspeções subseqüentes os grau de inspeção pode ser modificado em função do
grau de deterioração constatado no equipamento;
4. Os valores da tabela 10 são os valores máximos para cada grau de inspeção.
5.3. INTERVALO DE INSPEÇÃO CONFORME O API-RP-581
A Recomendação Prática 581 do Código API não é um documento que tenha como base estabelecer o
intervalo de inspeção para um vaso de pressão, entretanto o uso dessa recomendação fornece
informações básicas relativas ao risco que o vaso oferece a comunidade e ao meio ambiente que pode
ser usado junto com os critérios acima para melhor estabelecer o intervalo de inspeção mais adequado
para um vaso de pressão. Por exemplo: um vaso cuja falha ofereça um risco muito baixo, se for de
interesse para a empresa pode ser levado a seu intervalo máximo de inspeção permitido pela Lei
vigente no país, já um vaso cuja falha ofereça um alto risco só deve ter seu prazo de inspeção dilatado
ao seu valor máximo se seu mecanismo de deterioração estiver sob controle e sua probabilidade de
falha for muito baixa.

O API 581 apresenta uma receita para se determinar o risco que um vaso oferece a comunidade e ao
meio ambiente a partir do histórico do vaso e do mecanismo de deterioração preponderante no vaso.
Com uma
falha análise
do vaso do histórico
e após e mecanismo
uma avaliação dedas
detalhada deterioração
condiçõesdo vaso pode-se
operacionais definir
e do fluidoa probabilidade de
do vaso pode-se
determinar as conseqüências para a comunidade e meio ambiente caso ocorra uma falha no vaso. Com
esses dois conceitos definidos, probabilidade e conseqüência da falha, com o uso da tabela 11 chega-se
ao risco do vaso. Essa análise pode ser feita de maneira qualitativa ou quantitativa dependendo do
rigor que se deseja dar a análise.

E 5 MÉDIO MÉDIO MÉDIO


ALTO ALTO
D / ALTO / ALTO / ALTO
A 4 MÉDIO MÉDIO
MÉDIO MÉDIO
ALTO
D
I
/ ALTO / ALTO
L
I 3 BAIXO BAIXO MÉDIO
MÉDIO
/ ALTO
ALTO
B MÉDIO
B
A 2 BAIXO BA IXO MÉDIO MÉDIO / ALTO
O 1 BAIXO BA IXO MÉDIO MÉDIO
MÉDIO
R / ALTO
P
A B C D E
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CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
CONSEQUÊNCIA
TABELA 11 – Determinação do risco de um vaso conforme API-RP-581
A probabilidade de falha varia de 1 a 5, sendo considerada 1 a menor probabilidade possível de
ocorrência da falha. Por exemplo: probabilidade 5, corresponde a probabilidade de ocorrência superior
a 80% e a 1 inferior a 10%.

A conseqüência “E” corresponde a pior conseqüência, como: explosão e perdas de vida e a


conseqüência
5.4. MÉTODOS “A”DE
corresponde
MEDIDAaDApequenas perdas materiais, sem para operacional.
ESPESSURA

As medidas de espessura podem ser obtidas por vários métodos destrutivos ou não destrutivos, em
função de fatores tais como: precisão desejada da medida, dificuldade de acesso à área a ser medida,
tempo disponível, custo, condição operacional do vaso, etc.

Para medir a espessura de parede de um vaso, vários processos e instrumentos podem ser utilizados,
sendo os mais usuais descritos a seguir:

a) FURO DE SONDAGEM

O furo de sondagem é um método destrutivo e de grande precisão para determinação de espessura. A


medida é feita pela colocação de um calibre mecânico específico no furo de sondagem, com
aproximadamente 3 mm de diâmetro.

Após realizada a medição é feita a obstrução do furo por meio de tampão roscado e selado com solda.
Deve-se verificar a necessidade de alívio de tensões no vaso.(figura 4).

Este método de medição é geralmente utilizado quando a espessura de parede do vaso já está muito
próxima da espessura mínima, segundo as medições executadas por processos não destrutivos,
principalmente em tanques de armazenamento.

FURO PASSANTE
REGIÃO COM BAIXA
ESPESSURA

ESPESSURA
DO VASO

FURO PARA
COM SONDAGEM TAMPONADO
UM PLUG SELADO

FIGURA 4 - Medida de espessura através do furo de sondagem

b) ORIFÍCIO SENTINELA

34
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
Este método consiste em fazer-se um furo externamente, com uma profundidade igual à espessura
mínima calculada do vaso. Assim, quando a sobre-espessura para corrosão é consumida ocorre
vazamento do produto contido no vaso.(figura 5).

Além de ser um método destrutivo, não é possível controlar a taxa de desgaste do vaso e dependendo
do produto no interior do vaso pode ser um método de grande risco.
Este método é usual em vasos de pressão com revestimento interno tipo "lining".

ORIFÍCIO
LINING SENTINELA

e e

e2

e1 = ESPESSURA MÍNIMA DO VASO.


e2 = ESPESSURA DO REVESTIMENTO
OU SOBRE-ESPESSURA DE
CORROSÃO.
e3 = ESPESSURA NOMINAL DO VASO.

FIGURA 5- Orifício sentinela

c) CILINDROS DE CORROSÃO
É um método não destrutivo que permite obter-se o desgaste da parede do vaso e conseqüentemente a
sua espessura real. Para tanto soldam-se na parede interna do vaso, em pontos previamente escolhidos,
dois pequenos cilindros de material que não seja corroído pelo meio. Com um micrômetro de
profundidade apoiado sobre esses cilindros mede-se a profundidade que traduz a perda de espessura.
(figura 6).

MICRÔMETRO DE
PROFUNDIDADE

CORROSÃO

35
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇCILINDROSÃO EM VASOSDE PRESSÃO - PARTE 5
DE CORROSÃO
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
SOLDADOS AO CASCO DO VASO.
FIGURA 6 - Cilindros de corrosão.
d) CALIBRES MECÂNICOS

Os calibres mecânicos podem ser do tipo com relógio indicador ou com escala. (figura 7).

Estes instrumentos servem para medir espessuras e diâmetros e a leitura destas medidas é direta.
Em certos casos, as medições só podem ser efetuadas indiretamente e devem ser utilizados, então os
compassos de ponta que servem para transferir a medida que se deseja determinar para uma escala.

RELÓGIO

HASTE COM
ESCALA Calibre mecânico com relógio

Calibre mecânico com escala

BUJÃO COM
MARCADOR
ESCALA EM
ANEL COM POLEGADAS
ESCALA LINGUETA

ESCALA EM
CURSOR MILÍMETROS

Paquímetro

Micrômetro
profundidadede
FIGURA 7 - Calibres mecânicos

e) MEDIDORES ULTRA-SÔNICOS

Estes instrumentos são bastante práticos para medir espessuras de paredes. Baseia-se no princípio de
reflexão de ondas ultra-sônicas, quando estas atingem uma superfície.
36
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
Para se efetuar uma medição, faz-se o contato, em um dos lados da parede a medir, com um cabeçote
(transdutor) contendo um cristal que vibra em alta freqüência. Esta vibração (impulso) se propaga pelo
material e ao atingir o lado oposto é refletida; a onda refletida (eco) é captada pelo cabeçote.

Sendo a velocidade de propagação constante para cada material, o intervalo de tempo entre o impulso
e o eco é diretamente proporcional à espessura da parede que se está medido.
Associando-se estes princípios a um tipo especial de cronômetro eletrônico, obtém-se uma leitura
direta da espessura da parede medida.

É conveniente salientar que estes instrumentos podem ser utilizados para medir materiais metálicos e
não metálicos, bastando, para isso, regular o aparelho de acordo com o material que se quer medir.

6. TESTES

Após terminados os serviços de inspeção e de manutenção onde foram recomendados e executados


reparos que podem ter afetado a estrutura do vaso, torna-se necessário realizar um teste de pressão que
poderá ser feito com água, ar, vapor, ou outro meio que proporcione igual efeito sem aumento dos
riscos inerentes ao teste.

Atualmente a Norma Regulamentadora NR 13, do ministério do trabalho exige uma periodicidade do


teste de pressão em função das características do vaso e sua condições operacionais, como já descrito.

6.1. TESTE HIDROSTÁTICO

O testenohidrostático
valor ponto mais consiste na pressurização
alto do vaso é denominadadodevaso com de
"pressão umteste
fluido apropriado, a uma pressão, cujo
hidrostático".

Exceto para o casco de vasos integralmente construídos de materiais adequados para baixas
temperaturas, o teste hidrostático com água, não poder ser feito numa temperatura inferior ao maior
valor entre a temperatura mínima de projeto do vaso (calculado conforme API RP 920) ou 15ºC.

Para os vasos construídos em aços inoxidáveis austeníticos ou com revestimentos desses materiais a
água do teste não pode conter mais de 50 ppm de cloretos.

6.1.1. TESTE HIDROSTÁTICO PADRÃO

De acordo com o parágrafo UG-99 do ASME seção VIII, a pressão de teste hidrostático deve ser, em
cada ponto do vaso, igual ou maior ao valor calculado pela expressão abaixo:
Ptp ≥ 1,5 PMTAvq . ( Sf / Sq)

onde: PMTAvq = pressão máxima admissível de trabalho do equipamento na situação corroída na


temperatura de projeto;
Sf = tensão admissível do material á temperatura do teste;
Sq = tensão admissível do material na temperatura de projeto;
Ptp = pressão de teste hidrostático padrão.

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CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
NOTA: Para os vasos fabricados pela edição do ASME após 2000 o fator 1,5 da expressão matemática
acima no cálculo de Ptp deve ser substituído pelo fator 1,25.

Este valor é o mínimo estabelecido pelo código, mas a critério do projetista e usuário do equipamento,
este poderá ser testado com uma pressão determinada através de um procedimento alternativo.
Qualquer valor de pressão entre o procedimento padrão e o alternativo pode ser adotado, de acordo
com o ASME.

Quando não for calculada a PMTA do vaso está deverá ser considerada igual à pressão de projeto.
6.1.2. TESTE HIDROSTÁTICO ALTERNATIVO

A pressão de teste alternativo, atuando no topo do vaso, será calculada da seguinte forma:

Determina-se a PMTA para cada parte constituinte, na condição não corroída e na temperatura do teste
(PMTAnf, para cada componente); multiplicamos cada um desses valores por 1,5 ou 1,25, se o vaso foi
construído com a edição do ASME após 2000; desconta-se a altura hidrostática atuando em cada parte;
em relação ao topo do equipamento, adota-se o menor valor calculado.

OBSERVAÇÕES:

1. As condições do teste devem ser claramente definidas entre fabricante e usuário. Deve ficar claro
se a pressão de teste é referente ao vaso novo ou corroído, assim como se a pressão de teste é
referente ao vaso na posição horizontal ou vertical (para os vasos verticais exige-se a
determinação dos valores de pressão de teste nas duas posições).
8
2. O
ou código não limita
Pta 9 , poderão superiormente
provocar a pressão
deformações de teste,
excessivas poréma pressões
causando acima
rejeição do dos valores de Ptp
equipamento.

3. É importante lembrar que, na condição de teste hidrostático, a tensão máxima poderá atingir 80%
do limite de escoamento do material na temperatura ambiente, nas partes pressurizadas. Nas partes
não pressurizadas pode-se considerar a tensão admissível básica acrescida de 33,33%.

4. Vasos submetidos a pressão externa deverão também ser submetidos a um teste hidrostático ou
quando este for impraticável a um teste pneumático. Em qualquer caso a pressão de teste não
deverá ser inferior a 1,5% vezes a diferença entre a pressão atmosférica normal e a mínima
pressão absoluta interna; a pressão interna máxima admissível é calculada da mesma maneira que
para os vasos sujeitos a pressão interna.

6.1.3. TESTE HIDROSTÁTICO PARA ATENDIMENTO A NR-13

A Norma Regulamentadora no 13 estabelece uma periodicidade para execução de teste hidrostático


com o objetivo principal de garantir que o equipamento ofereça segurança à comunidade, meio
ambiente e trabalhadores. Teoricamente essa segurança pode ser garantida com um teste que mostre
que o vaso tem resistência mecânica e ausência de vazamento nas máximas condições operacionais.

Por ser uma Lei de Segurança e não de inspeção, fabricação, construção ou montagem a mesma não
estabelece as condições de teste que deve ser definida pelo Profissional Habilitado. Constituem as
8
Ptp = Pressão de Teste Padrão
9
Pta = Pressão de Teste Alternativo
38
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
condições de teste a definição de: tipo e características do fluido a ser usado, temperatura do fluido e
qual a pressão de teste que atende o objetivo desejado.

Em muitos casos o Profissional Habilitado acaba definindo as condições de teste iguais às


especificadas no Código de Fabricação e que foram utilizadas quando da fabricação do vaso. Essa
definição pode não ser a mais adequada, pois o vaso já foi submetido a várias horas de operação com
um provável desgaste de dimensões algumas vezes ignoradas, mas que devem ser consideradas na
definição das condições de teste.

Quanto ao fluido é usual se utilizar a água como fluido padrão, realmente na grande maioria dos casos
esse acaba sendo o fluido mais indicado, entretanto existe alguns casos em que são necessários
cuidados especiais, como: controlar o teor de cloreto para evitar a possibilidade de corrosão sob tensão
em aços inoxidáveis austeníticos, evitar respingos de água em vasos onde estes são incompatíveis com
as condições operacionais, etc.

A definição da temperatura é de fundamental importância quanto a possibilidade de introduzir


descontinuidades no vaso devido a modificações microestruturais ocorridas com o vaso após horas de
operação. Para o cálculo da menor temperatura a ser usada no teste hidrostático recomenda-se a
utilização dos requisitos do Código API RP 920, que estão descritos a frente.

Entretanto a definição da pressão máxima a ser adotada no teste constituem-se em geral a maior
preocupação do Profissional Habilitado. Recomenda-se que este não adote simplesmente a pressão de
teste definido na condição de projeto que é recomendada apenas para o vaso quando na condição de
novo que não é o caso na condição de manutenção quando um vaso é levado a teste para atender as
exigências da NR-13. Para atender as exigências da NR-13 e garantir as condições de segurança do
vaso semdesubmetê-lo
pressão abertura doa dispositivo
esforços desnecessários
de segurança recomenda-se adotar
que protege o vaso como
mais pressão
10%, máxima
pois esta será ademáxima
teste a
pressão que o vaso poderá ser submetido na condição de operação ou mesmo se o vaso for submetido a
um incêndio com aumento de pressão.

6.1.4. REALIZAÇÃO DO TESTE HIDROSTÁTICO

A pressão de teste hidrostático deve ser medida no topo e fundo do vaso, mas a pressão que deve ser
adotada com pressão de teste é o valor medido no topo do vaso. No fundo do vaso esta pressão estará
adicionada à altura de carga hidráulica.

Recomenda-se usar no mínimo dois manômetros aferidos para acompanhamento do teste. Um próximo
ao sistema de pressurização de maneira a facilitar o controle da velocidade de pressurização e o outro
no topo do vaso. Quando se utilizar três manômetros um deles pode ser registrador. Recomenda-se
também que sejam instalados bloqueios entre os manômetros e os vasos para permitir sua substituição
durante o teste caso seja necessário.

Os manômetros devem possuir uma faixa graduada correspondente à cerca do dobro da pressão de
teste prevista, porém, em nenhum caso, essa faixa deve ser menor do que 1,5 vezes ou maior do que
quatro vezes essa pressão.

Os vasos horizontais são testados na posição horizontal.

Os vasos verticais, quando novos, podem ser testados em uma das seguintes posições:
39
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
a) Vertical;
b) Horizontal, somente se o teste mantiver as dimensões do vaso dentro das tolerâncias permitidas.
Obs. A pressão de teste deve levar em consideração a modificação da coluna hidrostática quando o
vaso vertical é testado na posição horizontal.

Antes de se realizar o teste hidrostático em vasos montados sobre suas fundações, deve ser verificado
se estas foram projetadas considerando o peso do vaso cheio d’água.

Em vasos de grande volume para gases, caso a fundação não possa resistir com segurança ao peso do
vaso cheio d'água, duas soluções podem ser adotadas:
a) Execução de teste pneumático.
b) Enchimento parcial do vaso com água, pressurizando-se com ar sobre o nível livre da água, em
função das limitações da fundação.

O ASME recomenda que seja efetuada uma inspeção visual de todas as juntas e ligações, sob uma
pressão não menor do que 65% da pressão do teste.

Para se evitar riscos desnecessários recomenda-se que o teste hidrostático no campo seja realizado
conforme o esquema da figura 8.

Quando a pressão de teste hidrostático for superior a pressão de abertura da válvula de segurança ou
alívio, esta deve ser removida. Não é recomendada aplicação de carga adicional na mola da válvula,
para impedir a sua abertura.

O
PTESTE
Ã
S
S Reduzir a pressão
E
R
0,5. PTESTE gradativamente e
P
abrir os bocais
superiores para
evitar vácuo.

15 minutos 15 minutos
Acomodação + tempo de TEMPO
inspeção
FIGURA 8 – Sugestão de curva para a realização do teste hidrostático

6.1.4. TEMPERATURA DA ÁGUA PARA O TESTE

O código API Recommended Practice 920 (API-RP-920) - Prevention of Brittle Fracture of Pressure
Vessels - edição de março de 1990 - que tem como principal objetivo orientar a manutenção de vasos
de pressão construídos de acordo com os critérios do código ASME seção. VIII divisão 1 ou 2

40
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
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estabelece valores de temperatura mínimas de carregamento de um vaso de pressão de maneira a evitar
o risco de fratura frágil durante o teste.

No item introdução essa recomendação prática lembra que durante o teste hidrostático um vaso de
pressão é carregado com uma tensão de membrana acima do valor da tensão admissível utilizada no
cálculo da espessura mínima do equipamento e na temperatura ambiente. Muitas vezes o material
utilizado no projeto do vaso não foi verificado quanto a sua tenacidade na temperatura ambiente,
principalmente para os vasos de pressão construídos antes de 1990 quando o código só exigia essa
avaliação para temperaturas de projeto inferiores a - 200F (≈ - 290C). A partir dessa data o código
passou a exigir essa avaliação quando se deseja carregar um vaso com temperaturas inferiores a 150C.
A seção 2 deste mesmo documento estabelece que a verificação de tenacidade do material deve ser
feita sempre que se desejar carregar um vaso de pressão em temperaturas inferiores a 1200F (≈ 490C)
que é o caso do teste hidrostático, normalmente realizado com a água na temperatura ambiente.
Existem inúmeros relatos de vasos de pressão que romperam por fratura frágil durante a realização do
teste hidrostático como resultado da baixa tenacidade do material na temperatura de teste aliada a
existência de descontinuidade com dimensões permitidas pelo código de construção, pois o vaso não
foi projetado para ser carregado na temperatura ambiente.
Com a finalidade de evitar novos casos de perda de vasos de pressão durante o teste hidrostático
devido à fratura frágil recomendamos que seja adotado o procedimento especificado a seguir e que está
descrito no Apêndice A do API-RP-920, para determinar a temperatura mínima da água para o teste
hidrostático de um vaso de pressão.

SEQÜÊNCIA PARA A DETERMINAÇÃO DA TEMPERATURA MÍNIMA DA ÁGUA PARA


O TESTE HIDROSTÁTICO EM VASOS DE PRESSÃO
1. VASOS COM ESPESSURA DE PAREDE INFERIOR OU IGUAL A 2 POLEGADAS ( 50,8
mm.)

1.a) Determinar a temperatura mínima de projeto para o vaso utilizando as curvas da figura 9 (cópia da
figura D-1 do API-RP-920).

Nessa figura aparecem quatro curvas com as letras A, B, C e D, que representam famílias de materiais
que apresentam tenacidade similar. Utilizando as curvas dos materiais das diversas partes do vaso em
função da espessura determina-se a temperatura mínima de projeto do vaso.
1.b) Determinar a temperatura mínima da água para o teste hidrostático do vaso.

Adiciona-se a temperatura mínima de projeto do vaso 100F (≈ 6oC), ou seja:

TEMPERATURA MÍNIMA DA ÁGUA = TEMPERATURA MÍNIMA DE PROJETO + 6oC

OBS. Temperaturas em graus Celsius ( oC)


2. VASOS COM ESPESSURA DE PAREDE MAIOR DO QUE 2 POLEGADAS ( 50,8 mm.)
2.a) Determinar a temperatura mínima de projeto para o vaso utilizando as curvas da figura 9 (cópia da
figura D-1 do API-RP-920).

41
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
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Nessa figura aparecem quatro curvas com as letras A, B, C e D, que representam famílias de materiais
que apresentam tenacidade similar. Utilizando as curvas dos materiais das diversas partes do vaso em
função da espessura determina-se a temperatura mínima de projeto do vaso.

2.b) Determinar a temperatura mínima da água para o teste hidrostático do vaso.


Adiciona-se a temperatura mínima de projeto do vaso 300F (≈ 17oC), ou seja:

TEMPERATURA MÍNIMA DA ÁGUA = TEMPERATURA MÍNIMA DE PROJETO + 17oC


o
OBS. TemperaturasFAMÍLIAS
em graus Celsius ( C)
DE MATERIAIS DAS CURVAS DA FIGURA 9

CURVA A: A curva “A” é indicada para todos os aços carbono e baixa liga na forma de chapas,
tubos, barras, forjados ou fundidos que não estejam relacionados nas curvas B, C e D.

Exemplos de especificações usuais em vasos de pressão em que se aplica a curva A:

ASTM-A-283 todos os graus, (aço carbono);


ASTM-A-201 todos os graus, (aço carbono);
ASTM-A-212 todos os graus, (aço carbono);
ASTM-A-203 Gr. B, (aço C-Mo);
ASTM-A-285 Gr. C, (aço carbono);
ASTM-A-515 Gr. 70, (aço carbono);
ASTM-A-387 Gr. 11, (aço com 1 ¼ %Cr - ½ % Mo);
ASTM-A-387 Gr. 12, (aço com 1% Cr - ½ % Mo);
ASTM-A-387 Gr. 22, (aço com 2 ¼ %Cr - 1% Mo)
CURVA B: A curva “B” é indicada para os aços relacionados a seguir:

B1. ASTM-A-285 Gr. A e B;


B2. ASTM-A-414 Gr. A;
B3. ASTM-A-442 Gr. 55 com espessura acima de 1 polegada, se o material não tiver granulação fina e
não for normalizado;
B4. ASTM-A-442 Gr. 60 se o material não tiver granulação fina e não for normalizado;
B5. ASTM-A-515 Gr. 55 e 60;
B6. ASTM-A-516 Gr. 65 e 70 se o material não for normalizado;
B7. ASTM-A-612, se o material não for normalizado;
B8. ASTM-A-662 Gr. B, se o material não for normalizado;
B9. ASTM-A-724, se o material não for normalizado;
B10. Todos os materiais listados na curva “A”, se tiverem granulação fina e forem normalizados;
B11. Todos os tubos, “tubings” e acessórios de tubulação.
CURVA C: A curva “C” é indicada para os aços relacionados a seguir:

C1. ASTM-A-182 Gr. 21 e 22, se o material não for normalizado e revenido;


C2. ASTM-A-302 Gr. C e D;
C3. ASTM-A-336 Gr. F21 e F22, se o material não for normalizado e revenido;
C4. ASTM-A-387 Gr. 21 e 22, se o material não for normalizado e revenido;

42
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C5. ASTM-A-442 Gr. 55, com espessura inferior a 1 polegada, se o material não tiver granulação fina
e não for normalizado;
C6. ASTM-A-516 Gr. 55 e 60, se o material não for normalizado;
C7. ASTM-A-533 Gr. Be C;
C8. ASTM-A-662 Gr. A;
C9. Todos os materiais listados na curva “B”, se tiverem granulação fina e forem normalizados.
CURVA D: A curva “D” é indicada para os aços relacionados a seguir:
D1. ASTM-A-203;

D2. ASTM-A-508
D3. ASTM-A-442,Class
se o material
1; tiver granulação fina e for normalizado;
D4. ASTM-A-516, se o material for normalizado;
D5. ASTM-A-524 Class 1 e 2;
D6. ASTM-A-537 Class 1 e 2;
D7. ASTM-A-612, se o material for normalizado;
D8. ASTM-A-662, se o material for normalizado;
D9. ASTM-A-724, se o material for normalizado.
NOTA: Os vasos de pressão construídos em aços baixa liga com 1 ¼ % Cr e ½ % Mo; 2 ¼ % Cr e 1
% Mo e 3% Cr e 1 % Mo que estão sujeitos ao fenômeno de fragilização na temperatura de
serviço estão sujeitos a requisitos adicionais, devendo ser consultado o API - 959.

160

140 Curva A

0F
120 Curva B
m
e100
o t
e
j 80 Curva C
ro
p
e 60
d
a Curva D
40
im
ín
m20
ar
tu 0
a
r
e
p-20
m
e
T-40

-60

-80
0123456
Espessura da chapa em polegadas
(limi tada em 4 polegada s para vasos soldados)

Figura 9 - Curvas de referência para determinação da temperatura mínima de projeto dos materiais.
(cópia da figura D-1 do Apêndice D do API-RP-920 - edição 03/90)

43
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Exemplo de aplicação: Determine a temperatura da água para teste hidrostático do vaso de pressão
de maneira a minimizar o risco de fratura frágil do vaso durante o teste .
Sabendo-se que o vaso tem as características descritas a seguir.

- Vaso cilíndrico horizontal


- Dimensões: diâmetro de 2,0 metros e comprimento total de 7,0 metros

COMPONENTE MATERIAL (ASTM) ESPESSURA (polegadas)


CASCO A-285 Gr. C 2,0
TAMPOS A-516 Gr. 60 2,0
PESCOÇO DA B.V. A-283 Gr. C 1,0
PESCOÇO DE BOCAIS A-106 0,5
FLANGES A-105 NA

RESOLUÇÃO

1. Cálculo das temperaturas mínima de projeto de cada material

MATERIAL ESPESSURA CURVA DA TEMPERATURA MÍNIMA DE PROJETO


(ASTM) (polegadas) FIGURA 15a
O O
F C
A-285 Gr. C 2,0 A 100 37.8
A-516 Gr. 60 2,0 C 21 -6,1
A-283 Gr. C 1,0 A 67 19.5
A-106 0,5 B -7 -21.7

2. Determinação da temperatura mínima da água para o teste hidrostático do vaso

COMPONENTE TEMP. MÍN. DE PROJETO TEMP. MÍN. DA ÁGUA


(OC) PARA TESTE (O C)
CASCO 37.8 37.8 + 6 = 43.8
TAMPOS -6,1 -6,1 + 6 = - 0,1
PESCOÇO DA B.V. 19.5 19.5 + 6 = 25.5
PESCOÇO DE BOCAIS -21.7 -21.7 + 6 = -15.7

Resposta: Portanto a temperatura da água para realizar o teste hidrostático do vaso, sem o risco
de ocorrer fratura frágil durante o teste, é de 440 C.

6.2. TESTE PNEUMÁTICO

O ensaio pneumático é executado quando o vaso e seus suportes e/ou fundações não sustentam o seu
peso d'água, ou quando não for possível uma perfeita secagem para eliminação da água restando traços
que não serão permitidos por motivos operacionais de certas unidades.

A pressão de teste, em nenhum caso, deve exceder o valor calculado pela expressão a seguir:
PTESTE PNEUMÁTICO = 1,25 . PMAvq . ( Sf / Sq
44
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onde: PMAvq = pressão máxima admissível de trabalho do equipamento na situação corroída na
temperatura de projeto;
Sf = tensão admissível do material na temperatura do teste;
Sq = tensão admissível do material na temperatura de projeto;

A pressão no vaso deve ser aumentada gradualmente, até cerca da metade da pressão de teste. Após ter
sido alcançado esse valor, a pressão no vaso deve ser aumentada em incrementos de 1/10 da pressão
de teste, até a pressão requerida. Em seguida a pressão deve ser reduzida para um valor igual a 80% da
pressão de teste, e mantida o tempo suficiente para a inspeção do vaso. (figura 10.

Em alguns casos, é desejável que os vasos sejam testados quando estiverem parcialmente cheios com
líquidos. Para tais vasos, pode ser usado um teste hidrostático e pneumático combinado, como uma
alternativa ao teste pneumático. Nesses casos a pressão de teste deverá ser a mesma da calculada para
o teste pneumático.
De acordo com o parágrafo UW-50, nos vasos de pressão, a serem testados pneumaticamente, as
seguintes soldas devem ser submetidas, em todo o seu comprimento a um exame de partículas
magnéticas ou líquido penetrante, quando o primeiro não for possível, com a finalidade de detectar
possíveis trincas:

a) Todas as soldas em volta de aberturas.


b) Todas as soldas de ângulo com espessura da garganta maior do que 6 mm.

Os vasos que operam a vácuo podem ser ensaiados com pressão, que indicará melhor os vazamentos
existentes.

Como medida de segurança deve-se observar que, durante toda a execução do teste pneumático, até a
completa despressurização, somente deverão ter acesso ao vaso e suas imediações as pessoas
estritamente necessárias à execução do ensaio e inspeção do equipamento.

OBS. O TESTE PNEUMÁTICO SÓ DEVE SER ADOTADO QUANDO NÃO HOUVER OUTRA
ALTERNATIVA.

45
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
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P
t2
0 8.P
t3

0 5.P
t1

TEMPO

FIGURA 10- Execução de teste pneumático, conforme o código ASME.

LEGENDA DA FIGURA 10: PT = PRESSÃO DE TESTE.

1a ETAPA: PRESSÃO = 50% DA PRESSÃO DE TESTE - t1 = 15 minutos.

2a ETAPA: PRESSÃO = 100% DA PRESSÃO DE TESTE - t2 = no mínimo 30 minutos


OBS. Por motivo de segurança NENHUMA inspeção deve ser executada nessa etapa.

3a ETAPA: PRESSÃO = 80% DA PRESSÃO DE TESTE - t3 = 15 minutos + o tempo necessário


para a inspeção do vaso.

NOTAS: 1. O incremento de pressão entre as etapas 1 e 2 deve ser de 1/10 da pressão de teste.
2. Após completada a 3a ETAPA, reduzir gradativamente até a pressão atmosférica e abrir os
bocais superiores para evitar vácuo no esvaziamento.
3. A pressão de teste deve ser calculada conforme o código ASME parágrafo UG-99.

6.3. TESTE DE ESTANQUEIDADE

6.3.1. ESTANQUEIDADE DE BANDEJAS

Vazamentos de bandejas, pratos e outros acessórios internos de vasos de pressão causam perdas de
eficiência do equipamento, do ponto de vista operacional, podendo acarretar também um acúmulo de
produtos em locais do vaso que onde este não foi previsto, podendo influenciar na deterioração do
equipamento.

O projeto de alguns vasos admite um mínimo de perdas por vazamentos nas bandejas, pratos e outros
acessórios o que pode ser verificado por um ensaio específico de estanqueidade. A bandeja é inundada,
com água, até a altura da chapa de nível do vertedor, sendo o seu esvaziamento espontâneo
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cronometrado. A inspeção visual da parte inferior da bandeja indicará o número de gotas que vazam na
unidade de tempo, através das regiões de vedação do assoalho da bandeja.

6.3.2. TESTE DE ESTANQUEIDADE PARA CHAPAS DE REFORÇO

Esse teste é usado para verificar a existência de vazamentos nas soldas de atracação de chapas de
reforço de bocais em vasos de pressão.

Ressaltamos que o teste de estanqueidade não visa a análise da resistência mecânica da solda, nem da
chapa de reforço.

Recomenda-se que o teste seja conduzido, como descrito a seguir:

RESUMO DO TESTE:

1. Colocar ar comprimido ou gás inerte (nitrogênio, hélio ou argônio) através de um niple, com
entalhe na extremidade, conectado no furo de ensaio. (figura 11).
OBS. O entalhe no niple é para evitar o bloqueio do gás no caso da extremidade do niple entrar
em contato com o casco do vaso.
2. A chapa deve ser pressurizada com uma pressão entre 0,7 e 1,0 Kgf/cm2.
3. Após 15 minutos da pressurização deve ser colocada, sobre as soldas em teste, uma solução
formadora de bolhas.
OBS. A norma Petrobrás sugere a utilização de uma solução de sabão líquido, glicerina e água na
proporção de 1 x 1 x 4,5 de cada componente em volume.

MANÔMETRO
SOLDAS EM
TESTE
EQUIPAMENTO

DE

PRESSURIZAÇÃ
O
SAÍDA PARA
ATMOSFERA
VÁLVULAS GLOBO

LOCAIS DE APLICAÇÃO DA
SOLUÇÃO FORMADORA DE BOLHAS

FIGURA 11 - Execução do teste de estanqueidade em chapas de reforço.

47
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
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6.3.3. TESTE DE ESTANQUEIDADE EM VASOS DE PRESSÃO

O teste de estanqueidade em vasos de pressão não é um teste normalizado nem exigido pelos códigos
de construção e ou manutenção, mas tem sido adotado a muitos anos em várias empresas antes de
pressurizar o vaso com qualquer produto inflamável ou combustível.

Esse teste consiste em pressurizar o vaso numa pressão igual ou pouco acima da pressão de operação
do vaso usando um fluido não combustível e tem por finalidade verificar a vedação de uniões roscadas
e flangeadas. Normalmente o teste é acompanhado por operadores ou em alguns casos conjuntamente
com a inspeção.
Nos casos em que não é recomendado o uso do teste hidrostático esse teste pode ser usado como um
exame não destrutivo adicional no plano de inspeção do vaso, mas nesse caso terá que ser
acompanhado pelo inspetor e emitido relatório de teste.

Esse teste é também usado como substituto do teste hidrostático em permutadores retirados de
operação para limpeza ou outro motivo que não seja a inspeção.

7. PRINCIPAIS CAUSAS DE DETERIORAÇÕES

7.1. INTRODUÇÃO

Com base na Recomendação Prática n ° 572 do API as formas de deterioração de equipamentos


ocorrem devido a fenômenos eletroquímicos, químicos, mecânicos ou uma combinação desses três.
Sendo que a velocidade com que as deteriorações acontecem é determinada pelos seguintes fatores:
- Temperaturas acima de 400°C ou abaixo de 15°C;
- Variações constantes ou bruscas de temperatura;
- Alteração do estado de tensões de um equipamento através de aumento de pressão ou processos de
aquecimento localizado ou diferencial;
- Vibrações excessivas;
- Grande número de ciclos operacionais, associados a variações de temperatura e / ou pressão;
- Erosão nos locais de mudança da direção de fluxo;
- Escoamento de fluidos em alta velocidade;
- Escoamento de fluidos com turbulência;
- Existência de frestas.

Para equipamentos construídos em aço carbono que operam com temperaturas abaixo de 400 °C a
principal causa de deterioração tem sido a CORROSÃO, que nessas condições é um fenômeno de

natureza
esse eletroquímica.
tipo de deterioração Os
sãomeios
meios mais comunsum
que contém daouindustria química dos
uma combinação e petroquímica que provocam
seguintes constituintes:

- Compostos de enxofre;
- Cloretos;
- pH acima de 9 ou abaixo de 6;
- Ácidos inorgânicos fortes;
- Ácidos orgânicos fortes;
- Água com pH abaixo de 6;
48
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
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- Aeração diferencial.
As regiões de entrada e saída de fluido de um equipamento são pontos onde os mecanismos de
deterioração presentes se associam a mecanismos de erosão e / ou turbulência do fluido, sendo locais
que merecem uma maior atenção quando de uma inspeção. São exemplos desses locais os seguintes:

- vertedores de bandejas;
- casco do vaso junto aos vertedores (figura 2) e regiões próximas dos distribuidores e frontais aos
bocais de entrada de fluido no vaso;
- chapas de desgaste.

Cabe destacar que dependendo das condições climáticas da região onde o equipamento está localizado,
bem como do nível de poluição e da umidade relativa do ar, a corrosão atmosférica torna-se uma das
formas de desgaste mais importante e que exigi um grande dispêndio com à aplicação de revestimentos
protetores como: pintura, galvanização, cadmiação, etc. para ser minimizada.

A eficiência desses sistemas de proteção está fortemente relacionada com a preparação da superfície a
ser protegida e que no campo passa ser um grande desafio, devido as dificuldades em ser executar uma
boa preparação sem agredir o meio ambiente. A utilização do jateamento com areia que vinha sendo
largamente usado, com boa eficiência, na preparação de superfícies a serem protegidas não pode mais
ser utilizada em locais abertos, na grande maioria dos municípios do território Brasileiro a exemplo de
outros países.

As figuras 12 e 13 mostram o resultado de um levantamento feito, pela instalação de corpos de prova


em regiões diferentes do Estado de São Paulo, onde pode ser observada a influência da umidade
relativa do ar e do tipo de poluentes na taxa da corrosão atmosférica para o aço carbono.

U.R. = 58%
)
g 0
U.R. = 80%

m
(
5
1 U.R. = 97%

A
S
S 0
A 0
1
M
E
D 0
5
O
H
N
A 0
G 0 10 20 30 40

TEMPO ( dias )
o
FIGURA 12 - Corrosão do aço carbono, sem proteção, em função da Umidade Relativa do ar numa
atmosfera marinha.

49
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
)
2
m120
d
/
g 100
m
( U.R. = 90% + 0% SO2
A 80
S U.R. = 70 % + 0,01%SO2
S
A 60 U.R. = 99% + 0,01% SO2
M
E
D
40

O 20
H
N
A 0
G 0 10 20 30 40

TEMPO ( dias )

FIGURA 13 - Corrosão do aço carbono, sem proteção, em função da Umidade relativa do ar e dos
poluentes numa atmosfera industrial.

As deteriorações descritas acima devido a corrosão e erosão caracterizam-se por provocarem perda de
espessura do material.

Um equipamento também está sujeito a alterações metalúrgicas e mecânicas que aparecem na forma
de trincas e/ou deformações plásticas localizadas.

As alterações metalúrgicas mais usuais em vasos de pressão são:

- Grafitização, pode ocorrer em vasos construídos em aço carbono que operam acima de 400°C;
- Fragilização pelo hidrogênio, pode ocorrer quando o fluido interno ao vaso possui hidrogênio
molecular ou promove alta taxa de corrosão do casco com geração de hidrogênio através das
reações catódicas;
- Fragilização do material devido a precipitação de carbonetos, pode ocorrer em vasos que operam
acima de 400°C;
- Fragilização do material devido a corrosão intergranular, normalmente este fenômeno está
precedido de precipitação de carbonetos que pode ter ocorrido antes do equipamento entrar em
operação, devido a tratamentos térmicos ou procedimentos de soldagem mau executados.

As alterações mecânicas são mais raras e normalmente estão relacionadas a problemas operacionais
como: choque térmico, modificações das condições operacionais e vibração excessiva.

Outros processos de deterioração dos vasos de pressão estão associados à matéria prima usada na
fabricação do vaso. São defeitos não detectados durante os processos de fabricação e montagem que
afloram após o vaso passar por uma ou várias campanhas. As falhas deste tipo mais usualmente
detectadas são:

- Dupla-laminação que podem aflorar após corrosão da superfície do metal ou durante a inspeção
por ultra-som de chapas ou juntas soldadas;
- Vazios de fundição que afloram após corrosão da superfície;
50
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
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- Inclusões excessivas que nucleam trincas devido à modificação do estado de tensões nas
imediações das juntas soldadas.

Alguns defeitos introduzidos na fabricação por procedimentos indevidos também podem vir a ser
observados em inspeções de manutenção, sendo os mais usuais os seguintes:

- Defeitos em soldas não identificados na fabricação e montagem, principalmente nas soldas de


atracação de bocais com o casco do vaso, em equipamentos montados antes dos anos 60, época em
que o exame de ultra-som não era utilizado, devido a sua baixa confiabilidade;
- Tratamento térmico impróprio, inserindo nos materiais tensões residuais elevadas que podem vir a
nuclear trincas após varias horas de operação;
- Tolerâncias dimensionais pouco acima do limite que podem aumentar após horas de operação;
- Internos mal instalados que podem reduzir a eficiência do equipamento e provocar deteriorações
mais acentuadas em algumas regiões do que em outras;
- Regiões de vedação deficientes que podem piorar após horas de operação.

Considerando o descrito acima podemos concluir que a investigação das causa de deterioração de um
equipamento exigem não apenas um conhecimento das suas condições operacionais, como também de
um histórico do vaso desde a sua fabricação.

7.2 TIPOS DE DETERIORAÇÃO CAUSADAS PELO HIDROGÊNIO

As falhas causadas pela penetração do hidrogênio no material do casco de vasos de pressão têm cada
vez mais merecida à atenção dos técnicos que atuam na área de análise de causas de deterioração e,
principalmente, quando se pretende estabelecer a vida remanescente de um equipamento. Por isso,
serão descritas a seguir as principais causas de deterioração provocadas pelo hidrogênio nos materiais
em geral.

7.2.1 EMPOLAMENTO

O empolamento pelo hidrogênio é um DESCOLAMENTO de parte da espessura do metal, devido a


penetração de hidrogênio atômico no seu interior, que após ficar retido nas descontinuidades deste,
podem provocar uma pressão interna suficiente para srcinar o descolamento. (figura 14).

A figura 6 mostra as etapas de formação do empolamento pelo hidrogênio.

Os materiais mais susceptíveis a sofrerem empolamento pelo hidrogênio são os aços carbono, ligas
ferríticas e martensíticas de cromo-ferro e ligas de manganês-ferro.

Os elementos de liga: titânio, molibdênio, vanádio e tântalo podem formar hidretos que agravam o
problema.

51
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
DESCONTINUIDADE EMPOLAMENTO

METAL H H H METAL
H H2 H2
H H
H

H + +
H H+ H+ H+
MEIO
H+ H+
H+

FIGURA 14 - Representação esquemática do empolamento pelo hidrogênio.

Uma empresa licenciadora americana de unidades de refino de petróleo recomenda que os


empolamentos sejam analisados da seguinte maneira:

a) Empolamentos agrupados com profundidades diferentes, são perigosos e a chapa deve ser
substituída.
b) Se houver trincas numa área de 20 cm além do perímetro do empolamento, a chapa deve ser
substituída.
c) Empolamentos em internos, como: bandejas, chicanas etc. são aceitos. Furar o empolamento para

d) despressurizá-lo é opcional.
Quando a espessura de metal sobre o empolamento é menor do que 0,1 da espessura da chapa, o
empolamento é considerado desprezível e não é necessário qualquer tipo de reparo. Furar o
empolamento é opcional.
e) Empolamento com alguma dimensão maior do que 80 mm em chapas não conformadas são
perigosos. A chapa pode precisar substituição.
f) Em áreas sensíveis como: raio de curvatura de calotas, chapas de reforço, almofadas de suportes e
juntas soldadas, qualquer empolamento deve ser reparado ou a chapa substituída.
g) Quando recomendado os empolamentos devem ser furados sobre o empolamento para
despressurização da região que reteve o hidrogênio.

Para possibilitar a análise descrita acima é necessário o seguinte procedimento de inspeção:

- Exame visual e mapeamento das regiões empoladas;


- Medir a espessura sobre todos os empolamentos;
- Executar exame de partículas magnéticas sobre e ao redor do empolamento numa área de no
mínimo 20 cm, a contar do perímetro do empolamento;
- Quando necessário, os reparos com solda devem ser feitos usando procedimento de soldagem
específico para cada caso.

52
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ATRAVÉS DE - Reações catódicas em meios ácidos;
FORMAÇÃO DE - Processos que trabalham com H 2 em alta
HIDROGÊNIO ATÔMICO
temperatura. ( H2 → 2Ho ).
Exemplo: hidrogenação catalítica.

FATORES QUE
PENETRAÇÃO DO HO NO INTERFEREM
- H2S facilita a penetração do Ho;
INTERIOR DO METAL - As, Se facilitam a penetração;
- Superfícies lisas facilitam a penetração.

FORMAÇÃO DE H2 OU CH4 EM
DESCONTINUIDADES COMO:
DUPLA-LAMINAÇÃO,
INCLUSÕES, VAZIOS, ETC.

EMPOLAMENTO

FIGURA 15 - Mecanismo de formação do empolamento pelo hidrogênio.


10
7.2.2 TRINCAS INDUZIDAS PELO HIDROGÊNIO (HIC )
Quando o metal não tem ductilidade suficiente para sofrer deformação plástica e aliviar a pressão
provocada pelo hidrogênio ou CH4 retida nas suas descontinuidades, ocorrem pequenas fissuras, em
geral, em planos paralelos a superfície do metal (figura 16). Na maioria das vezes está associada a
regiões soldadas, conformadas ou tencionadas localmente.

HIC (trincas induzidas


pelo hidrogênio).

FIGURA 16 - Trincas induzidas pelo hidrogênio, localizadas próximas a regiões tencionadas.

7.2.3 TRINCAS INDUZIDAS PELO HIDROGÊNIO ORIENTADAS PELO ESTADO DE


TENSÃO (SOHIC 11 )

É um tipo particular de HIC, onde as pequenas fissuras formadas aparecem em vários planos, ao longo
da espessura do material, e em geral, se unem formando um desenho similar aos degraus de uma
10
HIC = Hydrogem Induced Cracking.
11
SOHIC = Stress Oriented Hydrogen Induced Cracking.
53
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
escada (step wise cracking). As fissuras são perpendiculares as tensões de tração atuantes no material.
Em geral, estão associadas as tensões residuais de soldagem e ocorrem nas regiões mais moles da
ZTA 12 (figura 17).
step wise cracking

FIGURA 17 - Trincas devido ao hidrogênio unidas na forma de degraus e localizadas próximas a


regiões com tensões de tração (SOHIC).

7.3. TRINCAS DEVIDO A CORROSÃO SOB-TENSÃO NA PRESENÇA DE SULFETOS


(SSCC 13 )

Em meios onde existe sulfeto de hidrogênio em quantidade suficiente para catalisar as reações de
corrosão, a reação catódica de produção de hidrogênio é catalisada e, além disso, os pitting’s de
corrosão formados irão nuclear e facilitar a propagação de fissuras a partir da superfície do metal
(figura 18). Em geral, esse tipo de deterioração está associado as regiões onde existem tensões
residuais e a nucleação das fissuras ocorre nas regiões endurecidas pelo processo de soldagem (dureza
acima de 22 HRC).
trincas superficiais próximo a soldas

FIGURA 18 - Trincas devido ao hidrogênio em meios com sulfeto de hidrogênio (H 2S).

8. REGISTROS DA INSPEÇÃO

Todas as observações; medidas; tipo, quantidade e resultados dos exames não destrutivos usados
durante a inspeção; reparos executados; alterações; etc. devem ser registradas de maneira a constituir
um HISTÓRICO individual para cada equipamento.

Como já foi mostrado o histórico de um vaso deve no mínimo conter o exigido pela Norma
Regulamentadora NR-13.

Através do histórico de um vaso de pressão podem ser feitos estudos e previsões de vida residual e
reparos, bem como serem analisados meios de combate às suas causas de deterioração.

Cada órgão deve criar seus formulários, da maneira que melhor se adapte aos registros que serão
efetuados e que facilite a consulta.

Algumas empresas do ramo petroquímico costumam adotar 4 formulários para registro das
informações, divididos da maneira mostrada na tabela 5. Assim, o histórico de um vaso é formado por
12
ZTA = Zona Térmicamente Afetada pelo calor da soldagem.
13
SSCC = Sulfide Stress Corrosion Cracking.
54
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
um pasta contendo vários formulários. Sendo que os registros de dados técnicos e cálculos estruturais
devem ser feitos uma única vez e corrigidos sempre que houver alterações no vaso e os referentes ao
resultado da inspeção e medidas efetuadas, devem ser emitidos por inspeção realizada.

As figuras 19, 20, 21 e 22 mostram exemplos de formulários que podem ser adotados.

FORMULÁRIO REGISTRO
- Unidade operacional a qual o vaso pertence.
- Serviço básico do vaso.
TAG. do vaso.
- Categoria do vaso segundo a NR-13.
DADOS - Dados de projeto.(eficiência de junta, extensão da radiografia, alívio de
TÉCNICOS tensões, código de construção, revestimento, temperatura, pressão, PMTA,
(Figura 19) pressão de teste hidrostático, sobre-espessura de corrosão e procedimentos
utilizados)
- Dados de fabricação.(especificações dos materiais, dimensões, espessuras
nominal e mínima de todas as partes do vaso)
- Dados de operação (temperatura, pressão, identificação do dispositivo de
segurança do vaso e sua pressão de abertura)
- Alterações
- Reparos
- Unidade operacional a qual o vaso pertence.
- Serviço básico do vaso.
- TAG. do vaso.
- Tipo de inspeção realizada e a data de início e término da inspeção.
RESULTADO - Categoria do vaso segundo a NR-13.
DA INSPEÇÃO - Observações da inspeção realizada.
(Figura 20) - Recomendações de reparos emitidas.
- Reparos executados.
- Tipo e quantidade de exames não destrutivos e testes realizados .
- Executante dos exames e procedimento utilizado.
- Resultados dos exames não destrutivos e testes realizados.
- Recomendações para a próxima inspeção.
- Previsão de reparos.
- Conclusão da inspeção.
- Data da próxima inspeção e teste hidrostático.
- Unidade operacional a qual o vaso pertence.
- Serviço básico do vaso.
MEDIDAS - TAG. do vaso.
EFETUADAS - Categoria do vaso
(Figura 21) - Local e valor das medidas realizadas.
- Data e identificação do inspetor.
- Método e aparelho usado na medição.
- Cálculo da taxa de corrosão e vida residual.

55
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
FORMULÁRIO REGISTRO
- Unidade operacional a qual o vaso pertence.
CÁLCULOS - Serviço básico do vaso.
ESTRUTURAIS - TAG. do vaso.
(Figura 22) - Categoria do vaso.
- Espessura mínima de projeto calculada para cada parte do vaso, usando as
fórmulas do código de projeto.

TABELA 6 - Registros da inspeção.

DADOS TÉCNICOS DO VASO


UNIDADE SERVIÇO TAG CATEGORIA

DADOS DE PROJETO
FABRICANTE No DO DESENHO DE CONJUNTO

ALÍVIO DE TENSÕES RADIOGRAFIA NORMA DE PROJETO

EFICIÊNCIA DE JUNTA REVESTIMENTO EXTERNO REVESTIMENTO INTERNO

TEMPERATURA PRESSÃO SOBRE ESPESSURA DE CORROSÃO

PMTA PRESSÃO DE TESTE HIDROSTÁTICO PADRÃO

DADOS DE OPERAÇÃO
TEMPERATURA PRESSÃO DISPOSITIVO DE SEGURANÇA
TAG. PRESSÃO DE AJUSTE

DADOS DE FABRICAÇÃO
COMPONENTE MATERIAL DIMENSÕES ESPESSURA ESPESSURA SOBRE
NOMINAL MÍNIMA ESPESSURA
CASCO
CALOTA S
CALOTA N
BOCAIS
ESTOJOS
PORCAS
JUNTAS
BANDEJAS
VÁLVULAS
TUBOS INTERNOS
ENCHIMENTO

56
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
DADOS TÉCNICOS DO VASO

FIGURA 19- Exemplo de formulário usado para o registro dos dados técnicos do vaso.

RESULTADO DA INSPEÇÃO
UNIDADE SERVIÇO TAG. TIPO DE TIPO DE CATEGORI SAÍDA DE RETORNO A DATA DA
INSP. PARADA A NR-13 OPERAÇÃO OPERAÇÃO INSPEÇÃO

INSPEÇÃO DO CASCO
PAREDE
JUNTAS SOLDADAS
REVESTIMENTO
INTERNO
BOCAIS
BOCAS DE VISITA

INSPEÇÃO DAS CALOTAS OU TAMPOS


PAREDES
JUNTAS SOLDADAS
REVESTIMENTO
INTERNO
BOCAIS
BOCAS DE VISITA

ACESSÓRIOS INTERNOS
BANDEJAS
BORBULHADORES
VERTEDORES
PANELAS
ENCHIMENTO
SUPORTES
TELAS
TUBULAÇÕES
PARAFUSOS E
PORCAS
EXAMES NÃO DESTRUTIVOS REALIZADOS
LOCAIS RESULTADOS

TESTE HIDROSTÁTICO REALIZADO EM: / / - PRESSÃO DO TESTE: Kgf/cm2 - RESULTADO:


NÚMERO DAS RECOMENDAÇÕES EMITIDAS
PRINCIPAIS REPAROS EXECUTADOS VER ANEXO:
OUTROS REGISTROS IMPORTANTES VER ANEXO:
RECOMENDAÇÕES PARA A PRÓXIMA INSPEÇÃO VER ANEXO
OUTROS DADOS
57
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
RESULTADO DA INSPEÇÃO
TÉCNICO DE INSPEÇÃO QUE REALIZOU A INSPEÇÃO :
COORDENADOR RESPONSÁVEL PELA INSPEÇÃO :
DATA DA PRÓXIMA INSPEÇÃO INTERNA: DATA DO PRÓXIMO TESTE HIDROSTÁTICO:

CONCLUSÃO DA INSPEÇÃO: DATA DA PRÓXIMA INSPEÇÃO EXTERNA:

FIGURA 20 - Exemplo de formulário usado para o registro do resultado da inspeção executada.

REGISTRO DAS MEDIDAS EFETUADAS


UNIDADE SERVIÇO TAG CATEGORIA

ESQUEMA DO VASO

C2

1
4

2 5 3
C1
C3

REGISTRO DAS MEDIDAS


DATA DAS MEDIDAS
LOCAL ESPESSURA ESP. ESP. PERDA TAXA ESP. PERDA TAXA VIDA
NOMINAL MÍNIMA MEDIDA DE DE COR. MEDIDA DE ESP. DE COR. PROVÁ-
(mm) (mm) (mm) ESP. Δe/t (mm) Δ e (mm) Δe/t VEL
Δ e(mm) (mm/ano) (mm/ano) (anos)
1
2
3
4
5
C1
C2
C3

FIGURA 21 - Exemplo de formulário usado para o registro das medidas efetuadas.

58
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Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
CÁLCULOS ESTRUTURAIS
UNIDADE SERVIÇO TAG CATEGORIA

DADOS DO PROJETO
VARIÁVEL COMPONENTE
CASCO TAMPOS CARRETEL
PRESSÃO MÁXIMA (Kgf/cm2)
o
TEMPERATURA
SOBRE ESPESSURA P/MÁXIMA ( C)
CORROSÃO(mm)
ESPESSURA NOMINAL (mm)
PMTA - (Kgf/cm2)
PRESSÃO DE TESTE HIDROSTÁTICO (Kgf/cm2)
DADOS DE OPERAÇÃO
VARIÁVEL COMPONENTE
CASCO TAMPOS CARRETEL
PRESSÃO NORMAL - P2 (Kgf/cm2)
TEMPERATURA MÁXIMA DE PAREDE ( oC)
PRESSÃO DE AJUSTE DA PSV - P (Kgf/cm2)
CÁLCULO ESTRUTURAL
VARIÁVEL COMPONENTE
CARRETEL
MATERIAL CASCO TAMPOS
EFICIÊNCIA DAS JUNTAS
TENSÃO ADMISSÍVEL - S (Kgf/cm2)
RAIO INTERNO - R = D/2 (cm)
ALTURA DA CALOTA - H (cm)
ESPESSURA MÍNIMA - T MIN (mm)
FÓRMULAS DE CÁLCULO CONFORME O CÓDIGO ASME
CASCO CILÍNDRICO TAMPOS ELÍPTICOS CARRETEL CILÍNDRICO
PR PRK PR
TMIN = = TMIN = = TMIN = =
SE − 0,6. P SE − 0,1. P SE − 0,6. P

FIGURA 22 - Exemplo de formulário para cálculo de espessuras mínima dos componentes de um vaso
de pressão.

59
CURSO: INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 5
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
1. ANÁLISE DE DESCONTINUIDADES

Uma das características de uma junta soldada é a presença de descontinuidades em função do seu
tamanho. A qualidade de uma junta depende da tecnologia empregada e das dificuldades específicas
para sua fabricação, e é bastante sensível a fatores tais como: processo e procedimento de soldagem,
posição de soldagem, habilidade do soldador, dificuldades de montagem, grau de restrição, etc. Para
fins estruturais, é indispensável que se efetue um controle de qualidade das juntas soldadas, o que
implica na detecção e caracterização de descontinuidades - que podem variar quanto à distribuição,
tamanho e natureza (poros, inclusão de escória, trincas etc.) - para, em seguida, compará-las a um
padrão de aceitação ou rejeição. Esta necessidade levou a um grande desenvolvimento de técnicas de
exames não destrutivos (END). Deste modo, define-se uma lista de descontinuidades inaceitáveis,
denominadas defeitos, que deverão ser reparadas ou reavaliadas através de técnicas específicas,
baseadas nos conceitos da Mecânica da Fratura.

São dois os critérios utilizados no estabelecimento do padrão de comparação para aceitação ou rejeição
das descontinuidades, e estão descritos a seguir.

1.1. QUALIDADE CONVENCIONAL

A utilização de um processo adequado de soldagem na fabricação, aliada a um controle de qualidade


eficiente, permitiu que vários componentes e equipamentos tivessem bom desempenho em serviço.
Este fato mostrou que as descontinuidades que permaneceram nestas soldas eram de natureza e
dimensões tais que não comprometeram o desempenho estrutural das mesmas. Os padrões de aceitação
e rejeição de descontinuidades, nos códigos de construção destes equipamentos, baseiam-se justamente
na premissa de que o bom emprego da tecnologia de soldagem leva a uma qualidade convencional
(QC) que na
utilizado a experiência
fabricação eemmontagem
serviço demonstrou ser segura.
de equipamentos paraEsse é o critério
a industria de aceitação
em geral, baseadonormalmente
portanto em
dados de experiências bem sucedidas, sem a necessidade de análises estruturais quanto as
possibilidades reais de falhas.

Este padrão de qualidade, porém, não se restringe apenas ao controle de descontinuidades é necessário
também a obtenção dos níveis de propriedades mecânicas e tolerâncias dimensionais requeridos pelo
projeto. Sua definição seguiu uma linha filosófica distante de bases consistentes com uma análise de
real significância das descontinuidades, e nem poderia ter sido diferente. Só a partir de 1980, com a
publicação do documento PD 64931 , é que critérios com embasamento científico para esta análise
atingiram o estágio de consolidação necessário a sua aplicação em engenharia. Deste modo, devido ao
desconhecimento da real significância das descontinuidades, o limite de qualidade convencional
(LQC) definido pelos códigos de construção como, por exemplo o ASME, foi estabelecido com base
na qualidade das soldas que um soldador deve ser capaz de produzir rotineiramente. Este critério é
arbitrário e muitas vezes desnecessariamente restritivo: poros e inclusões de escória são admitidos até
certos tamanhos, enquanto trincas e defeitos planares não são aceitos, independentemente do tamanho.
Mesmo assim, alguns códigos estabelecem critérios de registro parcial de descontinuidades que se
situam à esquerda do LQC e que são, portanto, aprovados.

Conhecidas as descontinuidades, estas são comparadas com o nível de QC. Naturalmente o LQC estará
sempre à direita do limite de detecção dos END, e suficientemente à esquerda do limite de segurança
estrutural (LSE). Entretanto, quanto mais para a direita se deslocar o LQC, menor será o índice de
1
PD 6493 = Norma Inglesa da British Standards Institute, que apresenta um procedimento para análise de descontinuidades
do tipo planar.
1
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
reparos, implicando na redução de prazos, custos dos serviços de manutenção e muitas vezes
viabilizando a continuidade operacional de equipamentos. (figura 1)

S
E
D
A
D
I
U
N
I
T DESC.
N IGNORADAS DESC. A
O SEREM
C
S DESC. REPARADAS
E REGISTRADAS
D
E
D
o
N

TAMANHO
LIMITE DE LIMITE DE LIMITE DE SEGURANÇA
DETECÇÃO DO QUALIDADE ESTRUTURAL
ENSAIOS NÃO CONVENCIONAL - LQC
DESTRUTIVOS

FIGURA 1 - Variação do número de descontinuidades com o seu tamanho em uma junta soldada.

1.2. QUALIDADE PARA USO ESPECÍFICO

Em determinadas
desnecessários podesituações, a análise
ser necessária, da significância
como por exemplo: de descontinuidades para evitar reparos

a) pequenas descontinuidades cujos reparos podem introduzir defeitos ou descontinuidades de maior


gravidade;
b) detecção de descontinuidades durante a fase de operação de um equipamento cujo reparo ou
paralisação do equipamento representa consideráveis riscos;
c) detecção de descontinuidades durante a manutenção de equipamentos que já operaram mais do
que 25000 horas;
d) detecção de descontinuidades em equipamentos cujas as condições operacionais não tem
probabilidade de gerar descontinuidades, sendo estas provavelmente oriundas de falhas durante as
fases de fabricação e/ou montagem.

Na análise da significância das descontinuidades tem que ser consideradas: as propriedades mecânicas
dos materiais empregados, as tensões em serviço, as características do meio ao qual o material está
exposto, o tipo e dimensões da descontinuidade, bem como a possibilidade de sua propagação.
Dependendo das condições de serviço, a presença de descontinuidades planares podem se propagar e
induzir a diferentes tipos de falhas, como por exemplo: fratura frágil, fadiga, corrosão-fadiga, fluência,
corrosão sob tensão, defeitos devido ao hidrogênio, etc.

Atualmente qualquer que seja a descontinuidade e seu mecanismo de propagação esta pode ser
analisadas com base nos conceitos da mecânica da fratura, com a utilização de dois documentos: API-
RP-579, que é uma recomendação prática editada pelo American Petroleun Institute, em Janeiro de

2
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
2000 ou a Norma B.S.7910 que trata-se de um documento editado pela Bristis Satandart Institute, em
Janeiro de 1999, sendo bastante similares e que geralmente levam a resultados semelhantes.
Em função do descrito acima as figuras 2 e 3 , sugerem uma seqüência de etapas a serem seguidas na
análise de descontinuidades em vasos de pressão que já tenham operado.
DESCONTINUIDADES QUE NÃO ESTÃO AFLORANDO A SUPERFÍCIE

REPARO COM SOLDA É OBRIGATÓRIO TTAT REPARO COM SOLDA NÃO É OBRIGATÓRIO TTAT

VERIFICAR OS INCONVENIENTES EM REALIZAR 1. INSPECIONAR


2. EXECUTAR REPARO TRADICIONAL
COM PARTÍCULAS MAGNÉTICAS
O TTAT LOCALIZADO CONFORME OS E ULTRA-SOM OU RADIOGRAFIA
RE UISITOS DO CÓDIGO 3. EXECUTAR TESTE HIDROSTÁTICO

TTAT É DIFÍCIL OU SUBMETE O VASO A TTAT É FÁCIL E NÃO SUBMETE O VASO A


GRANDES RISCOS GRANDES RISCOS

1. OBTER PROPRIEDADES MECÂNICAS DO 1. EXECUTAR REPARO TRADICIONAL


MATERIAL DO COMPONENTE DO VASO 2. EXECUTAR TTAT CONFORME ASME
COM A DESCONTINUIDADE 3. INSPECIONAR COM PARTÍCULAS MAGNÉTICAS
2. MAPEAR DESCONT., COM ULTRA-SOM E ULTRA-SOM OU RADIOGRAFIA
3. DETERMINAR TENSÕES ATUANTES NA 4. EXECUTAR MEDIÇÃO DE DUREZA
REGIÃO DA DESCONTINUIDADE 5. EXECUTAR TESTE HIDROSTÁTICO

EXECUTAR ANÁLISE DA DESCONTINUIDADE PELO API-RP-579 OU BS. 7910

DESCONTINUIDADE APROVADA DESCONTINUIDADE REPROVADA

VERIFICAR OS MECANISMO DE PROPAGAÇÃO 1. REPARAR COM SOLDA , UTILIZANDO UM


POSSÍVEIS DA DESCONTINUIDADE PROCEDIMENTO DE SOLDAGEM ESPECIAL OU
PROCEDIMENTO TRADICIONAL SEGUIDO DE
PROPAGAÇÃO PROPAGAÇÃO TTAT LOCALIZADO ESPECIAL
POSSÍVEL POR FADIGA, POSSÍVEL POR CST 2. INSPECIONAR A REGIÃO COM PARTÍCULAS
BAIXA TENACIDADE OU OU HIDROGÊNIO MAGNÉTICAS, ULTRA-SOM
SOBRE PRESSÃO 3. MEDIR A DUREZA DO REPARO E ZTA
4. EXECUTAR TESTE HIDROSTÁTICO

1. NÃO EXECUTAR O
REPARO COM SOLDA 1. EXECUTAR O REPARO COM SOLDA
2. VERIFICAR 2. VERIFICAR POSSIBILIDADE DE EXECUTAR TESTE
POSSIBILIDADE DE HIDROSTÁTICO
EXECUTAR TESTE 3. METALIZAR A SUPERFÍCIE REPARADA COM SOLDA
HIDROSTÁTICO 4.REGIÃO
ESTABELECER PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO DA
REPARADA
3. ESTABELECER PROGRAMA
DE ACOMPANHAMENTO

FIGURA 2 - Etapas a serem seguidas na análise de descontinuidades que não afloram a superfície

3
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
DESCONTINUIDADES QUE AFLORAM A SUPERFÍCIE

1. REMOVER A DESCONTINUIDADE A FRIO


2. ACOMPANHAR A REMOÇÃO COM O MESMO END USADO NA SUA DETECÇÃO.
3. ADOTAR COMO LIMITE DE REMOÇÃO, A ESPESSURA REMANESCENTE IGUAL A ESPESSURA
MÍNIMA CALCULADA PARA O COMPONENTE DO VASO, USANDO AS CONDIÇÕES DE PROJETO DO
EQUIPAMENTO E AS FÓRMULAS DO CÓDIGO DE CONSTRUÇÃO.

DESCONTINUIDADE NÃO FOI TOTALMENTE DESCONTINUIDADE FOI TOTALMENTE


REMOVIDA REMOVIDA

1. OBTER PROPRIEDADES MECÂNICAS DO 1. CONFIRMAR A REMOÇÃO DA


MATERIAL DO COMPONENTE DO VASO COM A DESCONTINUIDADE COM O MESMO
DESCONTINUIDADE END USADO NA SUA DETECÇÃO.
2. MAPEAR DESCONTINUIDADE, COM ULTRA-SOM 2. SUAVIZAR A SUPERFÍCIE,
3. DETERMINAR TENSÕES ATUANTES NA REGIÃO REMOVENDO CANTOS VIVOS, SE
DA DESCONTINUIDADE POSSÍVEL ADOTAR O PERFIL 3:1

EXECUTAR ANÁLISE DA DESCONTINUIDADE PELO API-RP-579 OU BS. 7910

DESCONTINUIDADE APROVADA DESCONTINUIDADE REPROVADA

VERIFICAR OS MECANISMOS DE PROPAGAÇÃO 1. REPARAR COM SOLDA , UTILIZANDO UM


POSSÍVEIS DA DESCONTINUIDADE PROCEDIMENTO DE SOLDAGEM ESPECIAL OU
PROCEDIMENTO TRADICIONAL SEGUIDO DE
PROPAGAÇÃO PROPAGAÇÃO TTAT LOCALIZADO ESPECIAL
POSSÍVEL POR FADIGA, POSSÍVEL POR CST 2. INSPECIONAR A REGIÃO COM PARTÍCULAS
BAIXA TENACIDADE OU OU HIDROGÊNIO MAGNÉTICAS, ULTRA-SOM
SOBRE PRESSÃO 3. MEDIR A DUREZA DO REPARO E ZTA
4. EXECUTAR TESTE HIDROSTÁTICO

1. NÃO EXECUTAR O
REPARO COM SOLDA 1. EXECUTAR O REPARO COM SOLDA
2. VERIFICAR 2. VERIFICAR POSSIBILIDADE DE EXECUTAR TESTE
POSSIBILIDADE DE HIDROSTÁTICO
3. METALIZAR A SUPERFÍCIE REPARADA COM SOLDA
EXECUTAR TESTE
HIDROSTÁTICO 4. ESTABELECER PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO DA
3. ESTABELECER PROGRAMA REGIÃO REPARADA
DE ACOMPANHAMENTO

FIGURA 3 - Etapas a serem seguidas na análise de descontinuidades que afloram a superfície.

4
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
1.3. CRITÉRIO DE ACEITAÇÃO DE DESCONTINUIDADES ESPECÍFICO PARA VASOS
DE PRESSÃO QUE JÁ OPERARAM

A utilização do método de inspeção adequado é indispensável para uma boa identificação das
dimensões e do tipo de descontinuidade a ser analisada. Para possibilitar a análise de um componente
contendo uma descontinuidade, aplicando-se os critérios dos documentos API-RP-579 ou da Norma
BS.7910, a descontinuidade deverá ser caracterizada em um dos grupos especificados abaixo.

No caso de descontinuidades associadas a trincas está deverá ser analisada como uma descontinuidade
do tipo trinca.

Nos caso em que a identificação da descontinuidade não seja possível ou existirem dúvidas quanto a
sua classificação está deverá ser analisada como descontinuidade do tipo trinca.

Grupos de descontinuidades:

* DESCONTINUIDADE DO TIPO TRINCA (são descontinuidades do tipo planar, como:


trincas, falta de fusão ou falta de penetração);
* INCLUSÕES DE ESCÓRIA e POROS ALINHADOS (essas descontinuidades deverão ser
analisadas como descontinuidades do tipo trinca, embora sejam descontinuidades
volumétricas);
* CORROSÃO POR PITTING;
** ÁREAS
ÁREASCOM
COMEMPOLAMENTO.
REDUÇÃO DE ESPESSURA;

Os métodos de análise e critérios de aceitação serão apresentados separadamente para cada um desses
grupos de descontinuidades descritos acima.

Os métodos de análise e critérios de aceitação descritos a seguir foram tirados da Recomendação


Prática do American Petroleun Institute, documento API-RP-579, edição de janeiro de 2000. Este
trabalho adota o API-RP-579, por considerá-lo mais simples e mais adequado para os equipamentos
fabricados e montados de acordo com os critérios do código ASME seção VIII , caso da maioria dos
vasos de pressão existente nas industrias do país.

1.3.1. DESCONTINUIDADES DO TIPO TRINCA

O processo de avaliação de descontinuidades do tipo trinca tem como base científica os conceitos da
Mecânica da Fratura e a análise de falhas com o uso do diagrama FAD (Failure Assessment Diagram),
Diagrama de Análise de Falhas. Atualmente esta é a metodologia mais aceita pela comunidade
especializada nesse tipo de análise.

O documento API-RP-579 só pode ser usado se as condições descritas a seguir forem atendidas:

a) O vaso deve ter sido fabricado e montado respeitando-se os critérios de algum código aceito
internacionalmente;

5
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
b) O componente não opera na condição de fluência (temperatura menor ou igual a 4000C , para aços
carbono, 4550C para aços baixa liga e 510 0C para aços de alta liga);
c) Os efeitos das cargas dinâmicas não são as mais significantes para o componente em análise.

A análise pode ser feita em três níveis, sendo que o nível 1 é o mais simples de ser realizado, exige
menor precisão de dados, entretanto fornece resultados mais conservativos e pode ser realizado por
Técnicos e Engenheiros. A análise pelos níveis 2 e 3 fornecem resultados menos conservativos,
entretanto sua utilização é mais complexa além de exigir maior precisão nas informações e só deve ser
utilizado por Engenheiros com conhecimento nos conceitos de análise de tensões e mecânica da
fratura.

O autor deste trabalho entende que uma análise pelos níveis 2 e 3 fogem dos objetivos deste
documento. Por isso, será apresentada apenas a análise pelo nível 1.

1.3.1.1. CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA ANÁLISE DE DESCONTINUIDADES PELO


NÍVEL 1

Para análise pelo nível 1 são necessárias ser atendidas as seguintes condições:

a) O componente onde está a descontinuidade deve estar nas formas: plana, cilíndrica ou esférica;
b) Para os cilindros e esferas os valores abaixo tem que ser satisfeitos:
b.1.) (Raio interno do cilindro) / (espessura da região) deve ser maior ou igual a 10;
b.2.) espessura da região deve ser menor do que 38 mm;
c) A descontinuidade deve estar distante mais do que 1,8.(raiz quadrada do produto entre o diâmetro
interno do cilindro e a espessura da região) de qualquer descontinuidade estrutural, como regiões de
apoio,
d) Os mudanças de
componentes forma,a bocais,
sujeitos tensõeslinha de tangênciacomo:
de dobramento cascouniões
/ tampos, etc.);
entre cilindros e tampos, bocais,
cabeçotes retangulares de resfriadores à ar, etc. devem ser analisados pelos níveis 2 ou 3;
e) O componente aprovado para operar pela análise em nível 1, só poderá ser submetido a teste
hidrostático se esse fato for considerado no cálculo (pressão e temperatura);
f) Os componentes com descontinuidades do tipo trinca aprovados para as condições de operação pelo
nível 1 que forem submetidos a teste hidrostático, deverão ser reexaminadas e reavaliados após o
teste. O teste hidrostático deverá ser realizado com a água numa temperatura acima dos valores
extraídos da figura UCS-66 do Código ASME seção VIII divisão 1, de maneira a garantir a
tenacidade do material nas condições do teste;
g) Para aços carbono a tensão admissível não deverá ser superior a 25 Ksi (1758 Kgf/cm2);
h) Para outros materiais o limite de escoamento deverá ser menor ou igual a 40 Ksi (2812 Kgf/cm2) e
o limite de resistência a tração deverá ser menor ou igual a 70 Ksi (4922 Kgf/cm 2);
i) As soldas deverão ter sido executadas com consumível de resistência mecânica maior ou igual ao do
metal base;
j) Para os valores de tenacidade (na forma de: KIC ou CTOD) deverão ser adotados os valores mínimos.

1.3.1.2. DETERMINAÇÃO DAS DIMENSÕES DA TRINCA

A caracterização da descontinuidade do tipo trinca que será analisada pelos critérios do documento
API-RP-579 deverá ser feita pelas seguintes dimensões:

- Comprimento, valor “2c ou c”, conforme figura 4;


- Altura, valor “2a ou a”, conforme figura 4;
6
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
- Distância a superfície mais próxima, valor “d” , só para descontinuidades internas, conforme figura
4.

As trincas passantes (figura 4 a) e de borda (figura 4 b) são definidas por uma única dimensão, já as
demais (figura 4c/4d/4e) devem ser transformadas numa elipse ou parte dela e caracterizadas pelas
dimensões “c” e “a”. A dimensão “c”, corresponde ao comprimento da trinca ou a metade dele e a
dimensão “a” corresponde a altura da trinca ou a metade dela. Para as trincas internas defini-se
adicionalmente o parâmetro “d”, como sendo a distância da trinca até a superfície mais próxima
(figura 4d).

FALHA REAL FALHA IDEALIZADA


2c 2c

t t

a) TRINCA PASSANTE
c c

t t
b)TRINCA DE BORDA
2c 2c
a a
t t

c)TRINCA SUPERFICIAL
2c 2c

t 2a t 2a
d
d)TRINCA INTERNA
c c
a a
t t
e)TRINCA DE CANTO
FIGURA 4 - Nomenclatura e idealização de falhas tipo trinca

7
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Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
Quando a trinca não estiver na direção normal as principais tensões atuantes no sentido de propagação
da trinca poderá ser determinado o comprimento equivalente da trinca, como mostrado na figura 5.
Recomenda-se realizar uma análise conservativa utilizando 2C0 = 2C, independente da direção das
principais forçar atuantes.

β < 45o
σ1

2C
a) σ2

σ1

2C0
β σ2 OU σ1

σ1 b) 2C σ2
σ1 σ2
OBS. 1. Na análise mais usual, considerada
conservativa, adota-se 2 C0 = 2 C.
2. Para uma análise
necessárias outrasmais precisa sãopara
considerações β ≥ 45o
definir o valor 2 C.

FIGURA 5 - Processo de definição de uma trinca equivalente normal ao plano da tensão principal
Quando a altura da trinca, valor “a ou 2a" da figura 4 não for normal a superfície, deverá ser calculado
um novo valor “a0 ou 2a0”, como descrito a seguir:
8
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a) Projetar a trinca sobre um plano normal a superfície plana, como mostrado na figura 6;
b) Medir o valor do ângulo θ e determinar o valor “W” usando a figura 7;
c) Calcular o valor de a0 ou 2a0, pela equação: a0 = a. W ou 2a0 = 2a .W , conforme o caso;
d) Calcule o novo valor de “d” que será menor.
SITUAÇÃO REAL SITUAÇÃO DE ANÁLISE

a0 a
t
t θ

a = a0 . w

t 2a t 2a
θ d0 d

2a = 2a0 . w

FIGURA 6 – Determinação da altura da trinca para análise, para trincas que não sejam perpendiculares
a superfície, valores de W devem ser tirados da figura 7.

1,2
1,15
W 1,1
e
d
s 1,05
e
r
o
l
a 1
V
0,95
0,9
0 8 16 24 32 40 48 56 64 72 82 90
Valores do angulo t heta e m graus

FIGURA 7 – Determinação do valor “W” da figura 6.

Quando o componente apresentar trincas ramificadas deverá ser determinada uma trinca equivalente
para executar a análise. A metodologia recomendada para determinar a trinca equivalente está
mostrada na figura 8 e descrito a seguir:

a) etapa 1: determine um retângulo que envolva toda a região afetada. Defina a dimensão 2 C0 , como
sendo o comprimento do retângulo formado;
9
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b) etapa 2: determine o comprimento equivalente 2 C como mostra a figura 8 e depois 2 C0 como
mostrado na figura 5. Alternativamente poderá ser adotado 2 C = 2 C0 , essa é uma estimativa
conservativa;
c) etapa 3: determine a profundidade máxima da trinca, como o valor a 0 . Adotar para análise o valor
de profundidade da trinca, como a = 1,2.a0 .

σ1 σ1
2c0

σ2 2c0
σ2

a) Traçar um retângulo ao redor da área com b) Falhar planar com o comprimento igual ao
as trincas comprimento do retângulo
σ1 ≥ σ2
σ1

a0
2c t
σ2

a = 1,2. a0
t

c) Comprimento efetivo para estudo num d) A profundidade do defeito equivalente


plano normal ao das tensões será igual a 1,2 vezes a profundidade
principais. (conservativo : 2c = 2c0 ). máxima determinada

FIGURA 8 - Procedimento de tratamento de trincas ramificadas


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Quando o componente apresentar várias trincas próximas deverá ser determinada uma trinca
equivalente para executar a análise. A metodologia recomendada para determinar a trinca equivalente
está mostrada na figura 9 e descrito a seguir:

a) etapa 1: determinar a trinca equivalente para cada uma das trincas de maneira que todas fiquem
paralelas como mostra a figura 9b;
b) etapa 2: aplique o critério de proximidade mostrado na figura 10 para determinar os valores de C ou
2C e a ou 2 a da trinca equivalente. Caso as trincas estejam combinadas, como mostra a figura 10d,
defina o valor de a como a largura do retângulo ao redor das falhas combinadas.

σ2 σ2

2c1
2c1
2c2
σ1
2c2
σ1
2c3
2c3

a) CONFIGURAÇÃO INICIAL b) CONFIGURAÇÃO EQUIVALENTE

2c
2c1
a
2c2
σ1 t
2c3

σ2
d) DEFINIÇÃO DAS DIMENSÕES EFETIVAS
c) CONFIGURAÇÃO EQUIVALENTE DAS TRINCAS APÓS PROJEÇÃO SOBRE
APÓS INTERAÇÃO DAS TRINCAS UM MESMO PLANO

FIGURA 9 - Tratamento de multi falhas tipo trincas.

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2C1 2C2
S

a1 a2 C1 + C2 ≥ S ⇒ 2C = 2C1 + 2C2 + S
a = o maior valor entre a1 e a2

2C2

2a2
a1 + a2 ≥ S ⇒ 2a = 2a1 + 2a2 + S
S
2a1 2C = o maior valor entre 2C1 e 2C2
2C1

2C2 C1 + C2 ≥ S ⇒ 2C = 2C1 + 2C2 + S


2a2 2a1 2a = o maior valor entre 2a1 e 2a2
S 2C1

2C1

a1 a1 + a2 ≥ S ⇒ a = a1 + 2a2 + S
a
S
2C = o maior valor entre 2C1 e 2C2
2a2
2C2

2C2

2a2 C1 + C2 ≥ S2 2C = 2C 1 + 2C2 + S2
S1 e ⇒ e
2a1 a1 + a2 ≥ S1 2a = 2a1 + 2a2 + S1
S2

2C1
2C1

a1 S2
C1 + C2 ≥ S2 2C = 2C 1 + 2C2 + S2
2C2 12 e ⇒ e
CURSO: INSPEÇÃO EM SVASOS 1 DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho a1 + a2 ≥ S1 a = a1 + 2a2 + S1
2a2
FIGURA 10 – Critério de proximidade para a definição de trinca equivalente.

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2C2 S
C1 + C2 ≥ S ⇒ 2C = ao comprimento
2C total, baseado no comprimento das duas
2C1
trincas

2C2 S1
C1 + C2 ≥ S1
S2 e ⇒ 2C = 2C 1 + 2C2 + S2
C1 + C2 ≥ S2
2C1

FIGURA 10 (continuação) – Critério de proximidade para a definição de trinca equivalente.

Trincas internas que estão muito próximas a superfície deverão ser analisadas como trincas
superficiais, como mostra a figura 11.

2C S
d
2a b as
2C b t

2CS = 2Cb + 2d
se d / t < 0,2 ⇒ e
aS =2a b+d

FIGURA 11 – Reclassificação de trincas internas próximas a superfície


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Trincas superficiais com profundidade maior do que 80% da espessura deverão ser analisadas como
trinca passante, como mostra a figura 12.
2c S 2c t

aS t
t

se a S / t > 0,8 ⇒ 2C t = 2C s + 2 (t - a S)

FIGURA 12 – Reclassificação de trincas superficiais profundas

1.3.1.3. CRITÉRIO DE ACEITAÇÃO PARA DESCONTINUIDADES DO TIPO TRINCA


PELO NÍVEL 1 DO API-RP-579

A análise pelo nível 1 é uma análise simples, fácil de ser executada e por isso bastante conservativa.
Os critérios descritos a seguir estão baseados em valores conservativos: de tensões admissíveis e
tenacidade dos materiais, definidos considerando que todos os requisitos descritos no item 1.3.1.1
estão sendo atendidos. Por isso, se houver alguma dúvida quanto ao atendimento de algum desses
requisitos a análise deverá ser executada pelo nível 2 ou 3, conforme o caso.
Etapas que devem ser seguidas para análise de descontinuidades do tipo pelo nível 1 do documento
API-RP-579, edição de janeiro de 2000:

a) etapa 1: determine a temperatura a ser usada na análise. Esta determinação deve ser baseada nas
condições operacionais, de projeto do componente que está sendo analisado e de teste
hidrostático, se for o caso;
b) etapa 2: determine as dimensões como descrito no item 1.3.1.2 deste trabalho. Os valores
necessários para realizar a análise são: comprimento, altura e distância “d” da
descontinuidade até a superfície mais próxima, como mostra a figura 4.
c) etapa 3: determine qual das figuras será usada para análise da descontinuidade, como descrito
abaixo:

c.1. para descontinuidades localizadas em soldas longitudinais de componentes cilíndricos


em que a descontinuidade é paralela a junta soldada, deverá ser usada a figura 14;
c.2. para descontinuidades localizadas em soldas longitudinais de componentes cilíndricos
em que a descontinuidade é perpendicular a junta soldada, deverá ser usada a figura 15;
c.3. para descontinuidades localizadas em soldas circunferências de componentes cilíndricos
em que a descontinuidade é paralela a junta soldada, deverá ser usada a figura 16;
c.4. para descontinuidades localizadas em soldas circunferências de componentes cilíndricos
em que a descontinuidade é perpendicular a junta soldada, deverá ser usada a figura 17;
c.5. para descontinuidades localizadas em soldas circunferências de componentes esféricos
em que a descontinuidade é paralela a junta soldada, deverá ser usada a figura 18;
15
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
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c.6. para descontinuidades localizadas em soldas circunferências de componentes esféricos
em que a descontinuidade é perpendicular a junta soldada, deverá ser usada a figura 19.

d) etapa 4: determine a curva que deverá ser usada da figura escolhida acima, como segue:
d.1. as linhas sólidas deverão ser usadas para descontinuidades em que o valor a/t ou 2a/t
sejam menores ou igual a ¼;
d.2. as linhas tracejadas deverão ser usadas para as demais descontinuidades.
d.3. as curvas “A” deverão ser usadas quando a descontinuidade estiver localizada no metal
base, ( descontinuidades em que a distância até uma junta soldada seja maior ou igual a
1,8. D . t , onde D = diâmetro interno e t = espessura do componente);
d.4. as curvas “B” deverão ser usadas quando a descontinuidade estiver localizada na solda
ou zona térmicamente afetada pelo calor de uma junta soldada que tenha sido tratada
térmicamente após a soldagem para alívio de tensões;
d.5. as curvas “C” deverão ser usadas quando a descontinuidade estiver localizada na solda
ou zona térmicamente afetada pelo calor de uma junta soldada que NÃO tenha sido
tratada térmicamente após a soldagem para alívio de tensões;

e) etapa 5: condições limites na aplicação das curvas:


e.1. quando a espessura do componente é menor ou igual a 25,4 mm e a curva de ¼ (curva
sólida) foi utilizada a altura limite para as descontinuidade é de 0,25.t (t = espessura do
componente);
e.2. quando a espessura do componente é maior do que 25,4 mm e a curva de ¼ (curva
sólida) foi utilizada a altura limite para as descontinuidade é de 6,3 mm.
f) etapa 6: determine a temperatura para entrar no eixo x das figuras 14 a 19, através da temperatura
0 0
determinada pelade
T = temperatura expressão (T – TREF + 100)
análise determinada. F ouvalor
O menor
REF + 55,6) C, onde:
(T – Tentre a temperatura de operação
ou mínima de projeto. No caso de realizar teste hidrostático após a análise deverá ser
considerada também a temperatura de teste.
TREF = temperatura de referência do material. Esse valor deverá ser determinado pela
figura UCS-66 do código ASME seção VIII divisão 1, que está reproduzida na figura
13 e proceder como descrito a seguir:
f.1. etapa 1: escolher a curva da figura 13, com base na especificação do material do
componente em análise. As famílias dos materiais das curvas são:

CURVA A: A curva “A” é indicada para todos os aços carbono e baixa liga na forma de chapas,
tubos, barras, forjados ou fundidos que não estejam relacionados nas curvas B, C e D.

Exemplos de especificações usuais em vasos de pressão em que se aplica a curva A:

ASTM-A-283 todos os graus, (aço carbono);


ASTM-A-201 todos os graus, (aço carbono);
ASTM-A-212 todos os graus, (aço carbono);
ASTM-A-203 Gr. B, (aço C-Mo);
ASTM-A-285 Gr. C, (aço carbono);
ASTM-A-515 Gr. 70, (aço carbono);
ASTM-A-387 Gr. 11, (aço com 1 ¼ %Cr - ½ % Mo);
ASTM-A-387 Gr. 12, (aço com 1% Cr - ½ % Mo);
ASTM-A-387 Gr. 22, (aço com 2 ¼ %Cr - 1% Mo)
16
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CURVA B: A curva “B” é indicada para os aços relacionados a seguir:

B1. ASTM-A-285 Gr. A e B;


B2. ASTM-A-414 Gr. A;
B3. ASTM-A-442 Gr. 55 com espessura acima de 1 polegada, se o material não tiver granulação fina e
não for normalizado;
B4. ASTM-A-442 Gr. 60 se o material não tiver granulação fina e não for normalizado;
B5. ASTM-A-515 Gr. 55 e 60;
B6. ASTM-A-516 Gr. 65 e 70 se o material não for normalizado;
B7. ASTM-A-612, se o material não for normalizado;
B8. ASTM-A-662 Gr. B, se o material não for normalizado;
B9. ASTM-A-724, se o material não for normalizado;
B10. Todos os materiais listados na curva “A”, se tiverem granulação fina e forem normalizados;
B11. Todos os tubos, “tubings” e acessórios de tubulação.

CURVA C: A curva “C” é indicada para os aços relacionados a seguir:

C1. ASTM-A-182 Gr. 21 e 22, se o material não for normalizado e revenido;


C2. ASTM-A-302 Gr. C e D;
C3. ASTM-A-336 Gr. F21 e F22, se o material não for normalizado e revenido;
C4. ASTM-A-387 Gr. 21 e 22, se o material não for normalizado e revenido;
C5. ASTM-A-442 Gr. 55, com espessura inferior a 1 polegada, se o material não tiver granulação fina
e não for normalizado;
C6. ASTM-A-516 Gr. 55 e 60, se o material não for normalizado;
C7. ASTM-A-533 Gr. Be C;
C8. ASTM-A-662 Gr. A;
C9. Todos os materiais listados na curva “B”, se tiverem granulação fina e forem normalizados.

CURVA D: A curva “D” é indicada para os aços relacionados a seguir:

D1. ASTM-A-203;
D2. ASTM-A-442, se o material tiver granulação fina e for normalizado;
D3. ASTM-A-508 Classe 1;
D4. ASTM-A-516 , se o material for normalizado;
D5. ASTM-A-524 Classe 1 e 2;
D6. ASTM-A-537 Classe 1 e 2;
D7. ASTM-A-612, se o material for normalizado;
D8. ASTM-A-662, se o material for normalizado;
D9. ASTM-A-724, se o material for normalizado.

f.2. etapa 2: após escolhida a curva a ser utilizada entra-se no eixo x com o menor valor
da espessura do componente, medida próxima da região onde está
localizada a descontinuidade.

17
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f.3. etapa 3: determina-se depois o valor da temperatura mínima de projeto para esse
material com a espessura definida acima. Esse valor de temperatura é o
valor a ser adorado para a temperatura T REF .

160
140 Curva A

F120
0 Curva B
m
e100
to
je 80 Curva C
o
r
p
e 60
d
a Curva D
m 40
i
n
í
m20
ra
tu 0
ra
e-20
p
m
e
T-40

-60
-80
0123456
Espessura
(limitada da chapapara
em 4 polegadas em vasos
pol egadas
soldados)

Figura 13 - Curvas de referência para a determinação da temperatura mínima de projeto em função da


especificação do material e espessura utilizada, conforme o código ASME seção VIII
divisão 1, figura UCS-66.

g) etapa 7: com o valor da temperatura calculado como mostrado acima, figura e curva de análise
escolhidas determine o comprimento máximo admitido para a descontinuidade, “valor 2c”.
h) etapa 8: se o valor determinado acima é maior ou igual ao valor da descontinuidade existente o
componente está aprovado e não é necessário reparo.

18
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
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FIGURA 14 – Limites de aceitação para descontinuidades do tipo trinca, aplicado a soldas
longitudinais de cilindros, com a descontinuidades paralela a junta soldada.

19
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FIGURA 15 – Limites de aceitação para descontinuidades do tipo trinca, aplicado a soldas
longitudinais de cilindros, com a descontinuidades perpendicular a junta soldada.

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FIGURA 16 – Limites de aceitação para descontinuidades do tipo trinca, aplicado a soldas
circunferênciais de cilindros, com a descontinuidades paralela a junta soldada.

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FIGURA 17 – Limites de aceitação para descontinuidades do tipo trinca, aplicado a soldas
circunferênciais de cilindros, com a descontinuidades perpendicular a junta soldada.

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FIGURA 18 – Limites de aceitação para descontinuidades do tipo trinca, aplicado a soldas
circunferênciais de esferas, com a descontinuidades paralela a junta soldada.

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FIGURA 19 – Limites de aceitação para descontinuidades do tipo trinca, aplicado a soldas
circunferênciais de esferas, com a descontinuidades perpendicular a junta soldada.

1.3.2. INCLUSÕES DE ESCÓRIA

Falhas internas como inclusões de escória são caracterizadas pelo comprimento ( 2c), profundidade
(2a) e a distância da superfície mais próxima (d). Esta caracterização é idêntica a utilizada nas trincas,
como mostrado na figura 4d. As inclusões de escória devem ser analisadas como descontinuidades do
tipo trinca(Inspeção
RP-581. ou entãocom
acompanhadas em intervalos de inspeção definido com base no documento API-
base no risco)

1.3.3. CORROSÃO POR PITTING

Para à análise das áreas com corrosão por pitting deve ser usado o critério de aceitação descrito na
Recomendação Prática do API 510, ou seja: “Uma área com pitting será aceita se TODOS os itens
descritos a seguir forem satisfeitos”

24
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
a) Nenhum pitting pode ter profundidade maior do que a metade a espessura de projeto do vaso
(espessura nominal 2 - sobre espessura de corrosão)

b) Num círculo de diâmetro igual a 200 mm, a soma das áreas da superfície do vaso com pitting não
pode ser superior a 45 cm2 .

c) A soma das dimensões dos pitting numa linha reta aleatória traçada no interior de um círculo de 200
mm não pode ser maior do que 50 mm. ( figura 20 )

d1
DETALHE

d2

d3

200 mm 8 in
CRITÉRIO DE ACEITAÇÃO:
d + d + d + ......... + d 50 mm 2 in
FIGURA 20 - Procedimento de medida para área com pitting.

1.3.4. ÁREA COM REDUÇÃO DE ESPESSURA

Uma área é considerada de espessura reduzida quando a sua perda de espessura for maior do que a
sobre espessura de corrosão, ou quando a espessura remanescente for menor que a espessura de
projeto, calculada com base nas condições de projeto do vaso, aplicando-se as fórmulas de cálculo do
código utilizado no projeto.

A análise de componentes pressurizados com redução de espessura devido a corrosão e ou erosão feita
pelo documento API-RP-579 pode ser usada para possibilitar a continuidade em operação nas
condições de projeto ou reclassificá-lo para uma nova condição de operação.
A análise é feita com base numa espessura mínima determinada de maneira apropriada quando a perda
de espessura é uniforme. Quando existem áreas com perdas de espessuras diferentes a definição da
espessura mínima poderá ser feita através do uso de um perfil de espessura como mostrado na figura
24. A distinção entre áreas com perda de espessura uniforme e localizada pode ser feita através do
levantamento do perfil de perda de espessura.
2
espessura nominal = espessura mínima calculada pelo código + ajustes comerciais + acréscimos de deformação
25
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
1.3.4.1. CONDIÇÕES LIMITES PARA REALIZAR A ANÁLISE

A análise pode ser aplicada para áreas com perda de espessura uniforme ou localizada ou ainda para os
casos em que a perda de espessura prevista, com base na taxa de corrosão medida, irá exceder o valor
admissível de perda por corrosão. A perda de espessura pode ser devido a deterioração da superfície
interna ou externa do componente. Serão mostrados dois processos de análise: um com avaliação da
espessura remanescente através de um perfil de espessura e o outro através de medida pontual.

Os componentes que não forem aprovados para operação poderão ser reclassificados para uma nova
condição de operação. Essa reclassificação deverá ser feita usando as fórmulas do código de
construção para o cálculo da espessura mínima, determinando-se uma nova condição combinada de
pressão e temperatura de operação, fazendo o caminho inverso do usado no cálculo da espessura
mínima.
A exemplo do descrito para análise de falhas do tipo trinca, também neste caso a análise poderá ser
feita em três níveis de aceitação. A análise em nível 1 é mais simples, exige menor precisão dos dados
de campo, porém os resultados são mais conservativos e tem maiores limites de aplicação. Já o nível 3
pode ser aplicado a qualquer situação, mas exige dados de campo mais precisos, é mais difícil de ser
realizado, porém os resultados são menos conservativos. A análise em nível 2, também se aplica a
praticamente todos os casos, tem a vantagem de ser menos complexo que o nível 3, exige uma precisão
nos dados de campo menor do que o nível 3, mas os resultados são mais conservativos do que o nível 3
e menos do que o nível 1. É normalmente o nível de análise mais utilizado, entretanto sempre que
possível recomenda-se realizar a análise em nível 1.

Para realizar a análise utilizando-se os critérios do nível 1 ou 2 é necessário que o componente a ser
avaliado atenda aos seguintes requisitos de fabricação, montagem e inspeção:
a) O componente tem que ter sido projetado, montado e inspecionado de acordo com os requisitos de
um código de construção reconhecido internacionalmente;
b) O componente não opere sobre condições de fluência, ou seja, a temperatura de projeto deverá ser
menor ou igual aos valores mostrados na tabela 1;
c) A região a ser analisada tem contornos suaves, sem entalhes (isto é não existem pontos de
concentrações de tensões);
d) O componente não está sujeito a serviços cíclicos, ou seja o componente está sujeito a menos do que
150 ciclos de pressão e/ou temperatura, incluindo paradas e partidas, considerando seu histórico de
operação e previsões futuras;
e) O componente não contém descontinuidades do tipo trinca;
f) O componente foi projetado considerando todas as cargas que atuam sobre ele na condição de
operação;
g) A análise pelo nível 1 se aplica aos seguintes componentes:
g.1) Seções cilíndricas, esféricas e cônicas de vasos de pressão;
g.2) Tanques de estocagem;
g.3) Tampos nas formas: esféricos, elípticos e toresféricos;
g.4) Trechos retos de tubulações;
g.5) Curvas ou tubos curvados, onde não tenha suportação.
h) A análise pelo nível 2 se aplica aos seguintes casos:
h.1) Bocais de vasos de pressão, tanques e derivações de tubulações;
h.2) Transições cônicas e regiões com reforço;
h.3) Tampos planos de cilindros;
h.4) Flanges;
26
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
h.5) Os componentes não aprovados no nível 1.
i) A análise pelo nível 3 é indicada nos casos onde existem grandes descontinuidades estruturais,
como: união entre tampos e cascos cilíndricos, regiões com anéis de resistência, regiões onde estão
localizadas a suportação do equipamento e as situações não cobertas pelo nível 2. Aplica-se
também nos casos em que o componente está sujeito a carregamento cíclico ou opera na condição
de fluência.

MATERIAL TEMPERATURA LIMITE (OC)


Aço carbono, carbono ½ molibdênio e aços 4000C
inoxidáveis ferríticos
Aços baixa liga tipo Cromo e Molibdênio 45500C
Aços inoxidáveis Austeníticos 510 C
Ligas de alumínio 900C
TABELA 1 – Temperaturas limite usadas para definir a faixa de fluência
1.3.4.2. DADOS REQUERIDOS PARA A ANÁLISE
Para realizar a análise são necessárias informações sobre os dados de projeto, histórico de inspeção e
medidas da região a ser analisada.

A análise pode ser feita com valores de medida de espessura pontuais ou através de perfil de espessura.
Deverá ser feita pelo menos 15 leituras de espessura na região a ser analisada, caso o coeficiente de
variação das medidas (COV) menos a perda de espessura prevista até a próxima inspeção for maior do
que 10% da espessura mínima medida deverá ser usado o perfil de espessura para a definição da
espessura mínima medida da região a ser analisada.
desvio adrão das medidas realizadas
COV =
Média das espessuras
COV – FCA > 0,10 ⇒ usar perfil de espessura

FCA = perda de espessura prevista até a próxima inspeção = (taxa de corrosão) x (tempo até a próxima
inspeção)
A escolha dos pontos de medida deverá ser feita pelo inspetor com base na inspeção visual feita na
região com redução de espessura de maneira que as medidas sejam representativas de toda a região.
Caso não exista acesso a região deverá ser adotado a distância entre medidas como mostrado na figura
21.

LS
LS = menor valor entre:
0,36. D.t e
MIN

LS 2. (espessura nominal = tMIN +


sobre espessura de corrosão)

Pontos de medida
tMIN = espessura mínima calculada com a fórmula do código, condições de projeto e propriedades dos
materiais.

27
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
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FIGURA 21 – Distância entre linhas de medida quando não se tem acesso a região com perda de
espessura
O perfil de espessuras de um componente deverá ser levantado como descrito a seguir:

a) etapa 1: determinar o plano de inspeção para medição da espessura, como segue:


a.1) Para Vasos de Pressão e Esferas: o plano de inspeção é determinado em função das
linhas circunferênciais e meridionais;
a.2) Para cascos cilíndricos, cônicos e esferas: os pontos de medida serão os pontos de
encontro das linhas circunferências e meridionais, como mostrado nas figuras 22 ou 23.
OBS. Os valores determinados sobre as linhas circunferências C1, C2, etc. são as medidas
circunferênciais e os valores M1, M2, etc. são as medidas meridionais. A distância
entre as linhas circunferenciais e meridionais pode ser como mostrado na figura 21.

Casco esférico
ou tampo
conformado M3
Região com perda
de es essura
M2

M1

Eixo do vertical
ou eixo vaso C1 C2 C3
da esfera

FIGURA 22 – Pontos de medida para tampos de vasos e esferas

Região com perda


de es essura Região com perda
de es essura
C1
C2
C3 C1

M1 M2 M3 C2
C3

M1 M2 M3

LC
LC 28
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Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
FIGURA 23 – Pontos de medida para vasos cilíndricos e cônicos
b) etapa 2: determinar os valores de espessura mínima medida (tMM ), nas direções meridional e
circunferêncial;
c) etapa 3: calcular a espessura mínima requerida (tMIN) para esse componente do vaso, através da
fórmula do cálculo, com as condições de projeto e propriedades mecânicas do material;
d) etapa 4: determinar o Perfil de Espessura Mínima (CTP) nas direções meridional (linha M) e
circunferêncial (linha C). A CTP de cada direção é determinada pela união dos pontos de
espessura mínima em cada direção, considerando todas medidas executadas, como mostra
a figura 24.

Área com perda de espessura

M1 C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7
M2
M3
M4
M5

Linha M – perfil de espessura


Linha C – perfil de espessura mínima na direção longitudinal
mínima na dire ão circunferêncial

FIGURA 24 – Perfil de espessura mínima nas direções circunferêncial e meridional


e) etapa 5: com a linha M traçada com os valores de espessura mínima na direção meridional ou
longitudinal (para cascos cilindricos) e o valor da espessura mínima calculada (t MIN),
determina-se o valor da extensão meridional ou longitudinal da área com redução de
espessura, chamada de tamanho “s” , como mostra a figura 25;
s

tMIN
tMM

Linha M

FIGURA 25 – Determinação da dimensão “s”

29
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
f) etapa 6: com a linha C traçada com os valores de espessura mínima na direção circunferêncial e o
valor da espessura mínima calculada (tMIN), determina-se o valor da extensão
circunferêncial da área com redução de espessura, chamada de tamanho “c” , como
mostra a figura 26;
c

tMM

tMIN
Linha C

FIGURA 26 – Determinação da dimensão “c”


g) etapa 7: verificar a proximidade com outras áreas com redução de espessura utilizando o critério
estabelecido na figura 27 para definir os valores dos tamanhos “s” e “c” que serão usados
na análise da região com espessura reduzida. A figura 28 mostra de maneira prática a
utilização dos critérios estabelecidos na figura 27, para a definição do tamanho “s” da
área a ser analisada;

h) etapa 8: determinar o valor “s” da área a ser analisada, considerando a proximidade com outras
áreas com redução de espessura, como mostrado na figura 28.

OBS. Nos casos em que as áreas com redução de espessura localizadas próximas de grandes
descontinuidades, devem ser tomados maiores cuidados para se estabelecer a espessura mínima
medida (tMM) que represente a área. Para esses casos deverá ser usado o nível 2 de análise. São
exemplos de áreas com grande redução de espessura: as regiões onde existem bocais, pontos de
atracação da suportação do equipamento, regiões de transição cônicas e conexões flangeadas.

30
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Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
LC
LC

2c
c c

s 2s s

ETAPA 1: ETAPA 2:
desenhar uma caixa que inclua completamente a área desenhar uma segunda caixa duas vezes maior que a
marcada. Medir a máxima extensão meridional primeira ( 2s x 2c ). Nenhuma outra área com redução
(longitudinal) “s” e a máxima extensão circunferêncial de espessura ou outra descontinuidade estrutural poderá
“c” da caixa. Estas serão as dimensões da área de entrar dentro dessa segunda caixa.
redução de espessura a serem consideradas no estudo.

LC
LC

2c c
c s
2s s

ETAPA 3:
se houver
traçada alguma
outra caixaoutra
maiorárea
quecom redução
envolva deesta
então espessura quetambém
nova área interfiraena
se caixa traçada
retornar inicialmente,
a etapa 2. deverá ser

FIGURA 27 – Critério de proximidade entre áreas com redução de espessura que deve ser
usado para determinar os tamanhos “s” e “c” da área com redução de espessura a
ser analisada. A dimensão “s” se refere ao tamanho meridional ou longitudinal e
a dimensão “c” se refere ao tamanho circunferêncial

31
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Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
s

t tMIN
tMM

Determinação do tamanho “s” para área uma com redução de espessura isola da

t
tMIN
tMM

Determinação do tamanho “s” para análise quando existem duas os mais áreas com
redução de espessura próximas.

FIGURA 28 – Determinação da dimensão “s” para análise para nos casos de área isolada e áreas
próximas.
1.3.4.3. CRITÉRIO DE ACEITAÇÃO PELO NÍVEL 1

O critério de aceitação estabelecido pelo nível 1 do documento API-RP-579 está limitado aos
equipamentos que atendem as condições já descritas no item 1.3.4.1, quando o componente com
redução de espessura causada por corrosão e/ou erosão, ou outro processo de deterioração atender
também as seguintes condições:
a) Seções cilíndricas, esféricas e cônicas de vasos de pressão;
b) Tanques de estocagem;
c) Tampos nas formas: esféricos, elípticos e toresféricos;
d) Trechos retos de tubulações;
e) Curvas ou tubos curvados, onde não tenha suportação;
32
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f) A região não esteja próxima de grande descontinuidades estruturais, como: bocais, pontos de
atracação da suportação do equipamento, regiões de transição cônicas e conexões flangeadas.

Etapas que devem ser seguida na análise:

 Etapa 1: Determinar o valor da espessura mínima do componente com redução de espessura (tMIN),
com base na fórmula do código de construção, condições de projeto e propriedades do material;
 Etapa 2: Determinar o valor da espessura mínima medida da região com redução de espessura
(tMM), conforme descrito no item 1.3.4.2. Se for usado perfil de espessura passe para a etapa 3.
 Etapa 2a: No caso de não ser utilizado perfil de espessura, determine o valor do coeficiente de
variação das medidas (COV) menos a perda de espessura prevista até a próxima inspeção se esse
valor for menor ou igual a 0,10 passe para a etapa 3. Caso contrário a análise deverá ser feita
através do perfil de espessura ou adotando-se o nível 3 de aceitação.
desvio adrão das medidas realizadas
COV =
Média das espessuras

COV – FCA > 0,10 ⇒ usar perfil de espessura


FCA = perda de espessura prevista até a próxima inspeção = (taxa de corrosão) x (tempo até a
próxima inspeção)
N . ∑ (tMM)2 – ( ∑ tMM )2
OBS. Desvio padrão das medidas =
N.(N–1)
N = número de medidas realizadas, mínimo de 15.

 Etapa 3: Determine o comprimento para a espessura média, valor “L”

3.1) calcule a razão da espessura remanescente, Rt


tMM - FCA
Rt =
tMIN
Onde: tMM = espessura mínima medida
tMIN = espessura mínima calculada, conforme código
FCA = perda de espessura prevista até a próxima inspeção = (taxa de corrosão)
x (tempo até a próxima inspeção)
3.2) calcule o comprimento para a espessura média, L

L = Q . D . tMIN

Onde: L = comprimento para a espessura média


D = diâmetro interno do cilindro, cone (maior diâmetro na região com redução
de espessura), esfera, tampo conformado: para a região central de tampos
elípticos, determinar o diâmetro equivalente KC . DC , onde DC é o
diâmetro interno da região cilíndrica e KC é fator determinado como
mostrado a seguir; para seção central de tampos toresféricos K C é igual a
duas vezes o raio de curvatura da região esférica.

33
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Q = fator tirado da tabela 2, com base no valor da razão da espessura
remanescente Rt e no fator de resistência remanescente, recomenda-se
adotar SEMPRE o valor 0,90 (RSFa = 0,90)
VALORES DO COMPRIMENTO PARA ESPESSURA MÉDIA - L

TABELA 2 – Valores do comprimento para espessura média, L

 Etapa 4: Determinar as dimensões da região com redução de espessura, valores de “s” e “c” ,
considerando os perfis de espessura nas direções meridional e circunferêncial, os valores
de espessura mínima calculados para o componente e o critério de proximidades de áreas
com reduçào de espessura;
 Etapa 5: Fazer a análise da região com redução de espessura, com base nos valores de “L” e “s”,
determinados nas etapas anteriores, como descrito a seguir:
34
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
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 5.1) Se ( s ≤ L ) ⇒ a região com perda de espessura está ACEITA
 5.2) Se ( s > L ) ⇒ a região deverá ser reavaliada por um dos seguintes métodos
descritos a seguir:
5.2.a) adotar a espessura média da região com redução de espessura (t AM) igual a
espessura mínima determinada pelo perfil de espessuras medida (t MM), ( tAM = tMM ) e
passar para a etapa 6. Esse valor é conservativo;
5.2.b) determinar a espessura média e espessura mínima medida para cada perfil de
espessura nas direções meridional e circunferêncial, como descrito a seguir e passar
para a etapa 6.
5.2.b.1) determine a espessura mínima medida, tMM , considerando todos os pontos
medidos nas direções meridional e circunferêncial;
5.2.b.2) determine a média das espessuras medidas nas direções meridional e
circunferêncial, tAMS e tAMC , respectivamente. As espessuras médias devem ser
determinadas pela media aritmética das leituras no comprimento L. O centro do ponto
médio do comprimento L, deverá ser o ponto onde se localiza a menor espessura da
direção considerada, tMM .
5.2.b.3) para cascos cilíndricos e cônicos, adotar tAM = tAMS , nas análise pelo nível 1.
5.2.b.4) para cascos esféricos e tampos conformados, adotar tAM , como o menor valor
entre tAMS e tAMC , para análise em nível 1 e nível 2.
 Etapa 6: A área com redução de espessura será ACEITA, se TODOS os critérios descritos a seguir
foram atendidos:
 6.1) tAM - FCA ≥ tMIN - (tAM = média aritmética das espessuras no comprimento L)
 6.2.a) tMM - FCA ≥ O MAIOR VALOR entre: 0,5tMIN e 2,5 mm – PARA VASOS DE
PRESSÃO
 6.2.b) tMM DE
- FCA ≥ O MAIOR VALOR entre: 0,6t MIN e 2,5 mm – PARA
TANQUES ARMAZENAMENTO

 Etapa 7: A região que não for aceita pelo nível 1 poderá ser analisada pelo nível 2 ou 3, ser
reparado, substituído, ou reclassificado para uma nova condição de operação.

1.3.5. ÁREA COM EMPOLAMENTO

Empolamentos são causados pelo acúmulo de hidrogênio atômico em defeitos e ocorrem geralmente
com a exposição a meios com a presença de sulfeto de hidrogênio ( H 2S ) úmido. Os empolamentos
são descobertos pela formação de bolhas superficiais, visíveis, mais facilmente, quando se usa uma
luz lateral encostada na superfície empolada, próximo do empolamento devido a formação de
sombras. Dupla laminação em chapas não são consideradas empolamentos, a menos que existam
evidência claras de acúmulo de hidrogênio no seu interior.

Para a analise de uma área com empolamento são necessárias as seguintes medições:

Diâmetro do empolamento, “d ”. Para empolamentos não circulares a dimensão axial deve ser
considerada como diâmetro.
Espessura mínima remanescente da região empolada. ( figura 29)
Localização do empolamento no vaso em relação a proximidade com soldas ou áreas de
concentração de tensões.
Verificar se existem trincas associadas as bordas do empolamento ou próximas do
empolamento.
35
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
Separar empolamento
mpolamento aberto ( ventado ) e não aberto.
A figura 18 mostra exemplos de vários empolamentos.

d d
a
tmín tmín
a) Empolamento ventado sem trincas nas bordas. b) Empolamento ventado com trinca nas bordas
na direção do lado ventado.

d d
a
tmín tmín
c) Empolamento removido - Área com redução d) Empolamento ventado com trincas nas bordas
de espessura na direção oposta ao lado ventado.

d d
a
tmín tmín
e) Empolamento ventado com trincas nas f) Empolamento não ventado, sem trincas nas
bordas em ambas as direções. bordas.

d d

tmín tmín
g) Empolamento não ventado com trinca nas h) Empolamento não ventado com trinca nas
bordas na direção do lado mais próximo a bordas na direção do lado contrário a
superfície. superfície mais próxima.

Figura 29 - Exemplos de empolamentos de hidrogênio.

36
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
1.3.5.1. CRITÉRIO DE ACEITAÇÃO DE ÁREAS COM EMPOLAMENTO

UM EMPOLAMENTO SERÁ CONSIDERADO EM BOAS CONDIÇÕES E NÃO PRECISARÁ


SER REPARADO SE NÃO ESTIVER ASSOCIADO A TRINCAS E SE TODAS AS CONDIÇÕES
DESCRITAS A SEGUIR FOREM ATENDIDAS:

Espessura mínima remanescente ( tmín.), for maior ou igual a 0,5 t

d
t tmín 0,5 t
tmín

b) Diâmetro do empolamento d , for menor do que 10 % do diâmetro do vaso.

d
d 0,1 x diâmetro do
t vaso
tmín

c) Distância entre as bordas de empolamentos adjacentes for maior ou igual ao diâmetro dos
dois empolamentos.

d1 L d2

t L d1 e L d2
tmín tmín

d) O empolamento está a 25 mm ou 2 vezes a espessura da chapa, do cordão de solda mais


próximo, o que for maior.
L d
L 25 mm ou 2 t
t (o maior)
SOLDA
tmín

37
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
e) A projeção do empolamento além da superfície da chapa for menor do que 10% do diâmetro
do empolamento.
d
a
a 0,1 d
EMPOLAMENTO t

f) O empolamento não deve estar associado a trincas.

d
EMPOLAMENTOS
a COM TRINCAS
NÃO SÃO ACEITOS
tmín

NOTAS: 1. OS EMPOLAMENTOS ASSOCIADOS A TRINCAS PODERÃO SER


AVALIADOS COMO TRINCAS, ADOTANDO-SE A MEDIDA “ d ” DA
FIGURA 34, COMO SEU COMPRIMENTO.

2. QUANDO FOR INDICADO


REMANESCENTE DEVERÁA SER
REMOÇÃO DO EMPOLAMENTO
REAVALIADA A ÁREA
COM UMA ÁREA COM
REDUÇÃO DE ESPESSURA.

2. REPAROS

2.1. INTRODUÇÃO
A Recomendação Prática no 510 emitida pelo comitê de inspeção do American Petroleun Institute
(API) chama de REPARO a toda intervenção executada num equipamento com o propósito de
recolocá-lo nas suas condições de projeto, sem alterar sua PMTA, nem a temperatura máxima de
operação.

É cada vez maior o número de falhas que necessitam de reparos relatados pelos técnicos de inspeção,
provavelmente porque o parque industrial brasileiro está ficando velho e devido ao avanço no
conhecimento dos exames não destrutivos utilizados nos serviços de inspeção.
A grande maioria dos reparos necessários em vasos de pressão estão relacionados a defeitos em juntas
soldadas ou utilizam processos de solda para a sua execução. Portanto, os procedimentos de reparos
podem ser considerados como procedimentos de reparos com solda.

38
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
2.2. REPAROS CONVENCIONAIS
São chamados de reparos convencionais aqueles que são realizados conforme os requisitos do código
de construção do vaso.

O parágrafo UCS-56 do código ASME impõe os requisitos descritos a seguir para a execução de
reparos com solda em vasos de pressão que estão em fabricação ou montagem.

2.2.1 O fabricante deve comunicar ao usuário a necessidade do reparo e só executá-lo após a aceitação
do mesmo.

2.2.2 A profundidade total do reparo não deve exceder a 38 mm, para os materiais classificados como
número P igual a 1 e grupos 1, 2 e 3 e 15 mm para os materiais classificados como número P
igual a 3 e grupos 1, 2 e 3. A profundidade total de um reparo deve ser considerada como a soma
das profundidades dos reparos efetuados nos dois lados da solda, em uma dada posição.

2.2.3 Após a remoção dos defeitos, a cavidade resultante deve ser examinada pelo método de
partículas magnéticas ou líquido penetrante, de acordo com os apêndices 6 e 8, respectivamente.

2.2.4 Usar o processo de solda de eletrodo revestido e metal de adição com baixo hidrogênio. A
oscilação máxima de deposição é de 4 vezes o diâmetro da alma do eletrodo.

2.2.5 Para os materiais classificados como grupo P igual a 1 e grupos 1, 2 e 3, a área a ser reparada
deve ser pré-aquecida e mantida durante a soldagem na temperatura mínima de 100 °C.

2.2.6 Para os materiais classificados como grupo P igual a 3 e grupos 1, 2 e 3 o método de reparo deve
ser limitado a técnica da meia-camada, com passe de revenimento. A área a ser reparada deve ser
pré-aquecida e mantida durante a soldagem, na temperatura mínima de 130°C. A máxima
temperatura entre passes deve ser de 230°C. A primeira camada deve ser depositada sobre toda a
área do reparo, usando-se eletrodos de, no máximo 1/8″. Após a remoção, a frio, da metade da
primeira camada, as camadas subsequentes devem ser depositadas com eletrodos de, no máximo
5/32″, de forma a se obter o refinamento das zonas fundidas e revenimento das zonas
térmicamente afetadas da camada anterior. Deve ser aplicado um passe de revenimento final
acima da superfície que estiver sendo reparada, sem nenhum contato com o material base, porém
suficientemente perto da borda do passe anterior (2 a 3 mm), para assegurar o revenimento do
metal base. Imediatamente após a aplicação da última camada de solda toda a área reparada deve
ser mantida a uma temperatura entre 210 e 260°C por, no mínimo 4 horas. Após o resfriamento a
camada final da solda e reforço deve ser removida a frio até o faceamento da solda com o metal
base.

2.2.7 Após a solda esfriar até a temperatura ambiente, o exame não destrutivo utilizado em 2.3. deve
ser repetido. Para os materiais classificados no número P igual a 1 e grupo 3, o exame deve ser
feito após um período de 48 horas na temperatura ambiente, a fim de se detectar trincas a frio. Se
o exame for de partículas magnéticas só é aceitável o emprego de yoke do tipo corrente
alternada. Adicionalmente, os reparos por solda com profundidade superior a 10 mm, em
materiais ou soldas que esta divisão exige radiografia, esse reparo deverá ser radiografado,
conforme os requisitos de parágrafo UW-51. A tabela 3 define os casos em que é exigida a
radiografia.
39
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
2.2.8 Após qualquer reparo com solda o vaso deve ser submetido a teste hidrostático.

2.2.9 É exigido TTAT3, nos reparos, conforme os requisitos descritos a seguir:

2.2.9.1. Para reparos de solda em aço carbono

É exigido tratamento térmico ADICIONAL em vasos de pressão novos que tenham sido reparados
com solda nos seguintes casos:

a. Qualquer profundidade de reparo para vasos em serviço letal.


b. Qualquer profundidade de reparo para vasos em serviço à temperatura inferior a - 45°C.

c. Qualquer profundidade de reparo em bocais com diâmetro inferior a 2 polegadas não precisam
ser tratados, desde que sejam pré-aquecidos a 100°C, durante a soldagem, não tenham :
chanfro superior a 13 mm, altura de garganta superior a 13 mm e anel de reforço.

d. As soldas com garganta inferior a 13 mm não precisam ser tratadas se utilizarem pré-
aquecimento de 100°C, durante a soldagem.

e. Os revestimentos feitos com depósito de solda ou solda de fixação de lining’s não precisam ser
tratados se pré-aquecidos a 100 °C, durante a soldagem.

f. Pequenas restaurações da superfície devido a remoção dos dispositivos de soldagem não


precisam ser tratados se não houver risco de contato com o produto a ser armazenado.
g. Quando a profundidade total do reparo de qualquer junta soldada, que não se enquadrem nos
itens acima, exceder a 38 mm (soma das profundidades de reparos de cada lado da solda).

2.2.9.2. Para reparos de solda em aço baixa liga C-1/2 Mo E ½ Cr - 1/2 Mo

É exigido tratamento térmico ADICIONAL em vasos de pressão novos que tenham sido
reparados com solda nos seguintes casos:

a. Qualquer profundidade de reparo para vasos em serviço letal.

b. Qualquer profundidade de reparo para vasos em serviço à temperatura inferior a - 45°C.

c. Soldas de bocais e acessórios em paredes não pressurizadas, com chanfro até 13 mm, o
tratamento não inferior
equivalente seja é exigido se a solda for executada com pré-aquecimento de 100°C e o carbono
a 0,25%.

d. Soldas circunferênciais em tubos de espessura inferior a 13 mm, o tratamento térmico não é


exigido se o carbono equivalente for inferior a 0,25%.

3
TTAT = Tratamento Térmico de Alívio de Tensões após soldagem.
40
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
e. Os revestimentos feitos com depósito de solda ou solda de fixação de lining’s não precisam ser
tratados se pré-aquecidos a 100°C, durante a soldagem e se o carbono equivalente for inferior a
0,25%.

f. Pequenas restaurações da superfície devido a remoção dos dispositivos de soldagem não


precisam ser tratados se não houver risco de contato com o produto a ser armazenado.

g. Quando a profundidade total do reparo de qualquer junta soldada, que não se enquadrem nos
itens acima, exceder a 15 mm (soma das profundidades de reparos de cada lado da solda).

Número P de Número do Grupo de Espessura Nominal acima da qual é


Classificação do Classificação do Material Exigido Radiografia Total da Junta
Material Soldada ( mm )
1 1,2 e 3 31,7
3 1,2 e 3 19
4 1e2 15,8
5 1e2 0
9A 1 15,8
9B 1 15,8
10A 1 19
10B 2 15,8
10C 1 15,8
10F 6 19

TABELA 3 - Exigências de radiografia do código ASME para reparos com solda.

NOTA: Esses requisitos não devem ser aplicados quando os reparos corresponderem a pequenas
restaurações da superfície do material, tais como as requeridas após a remoção de
dispositivos temporários de montagem e desde que essa superfície não seja exposta ao
conteúdo do vaso.

Por falta de referências específicas para reparos de equipamentos que estejam em operação os técnicos
de inspeção, tem adotado esses mesmos requisitos para a execução de reparos em vasos com várias
horas de operação.

2.2. REPAROS ALTERNATIVOS


Quando a execução de um reparo conforme os requisitos apresentados acima ou de outro código de
construção, for muito difícil de ser executado, tiver grande chance de introduzir novos defeitos, piores
do que os existentes ou tiver grande probabilidade de reduzir as propriedades mecânicas do vaso,
como conseqüência de sucessivos tratamentos térmicos, deve ser feita uma ANÁLISE DO REPARO.

A análise de um reparo consiste em se determinar os motivos das exigências do código de construção


para esse reparo especificamente e caso se conclua que algumas etapas dos requisitos possam ser
suprimidas, deve ser qualificado um procedimento específico de reparo, sem as etapas abolidas.
41
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
A principal exigência de um código de construção sobre a execução de reparos, que tem maior
interferência no equipamento é a exigência de tratamento térmico após a soldagem (TTAT), já que os
reparos são feitos com a utilização de depósitos de sola.

As exigências de tratamento térmico após soldagem são, basicamente, devidas aos seguinte motivos:

a) Aumento ou modificação do estado de tensões local, junto ao reparo, devido as tensões de


contrações associadas aos processos térmicos. Este caso, está representado no código pela limitação
dos valores de espessura acima do qual os TTAT é exigido.

b) Redução da tenacidade das regiões afetadas pelo calor, associada a condição descrita acima. Este
caso está representado no código pela associação da classificação P do material e sua espessura.

c) Aumento da suscetibilidade do material a defeitos, relacionados as condições operacionais e


associada a condição de fratura frágil. (ex. CST, fadiga etc.). Este caso está representado no código
pela exigência de TTAT para qualquer valor de espessura.

Com base no exposto acima podemos chegar aos chamados REPAROS ALTERNATIVOS. A tabela 4
resume as recomendações de reparos alternativos.

MOTIVO DO TTAT REPARO ALTERNATIVO RECOMENDADO


Espessura acima dos valores do Método da meia-camada ou dupla-camada, com passe de
código revenimento ou reparo convencional seguido de TTAT,
localizado especial
Aumento da suscetibilidade a CST Método da meia-camada ou dupla-camada, com passe de
ou problemas gerados pelo revenimento, seguido de metalização ou reparo
hidrogênio convencional seguido de TTAT, localizado especial
Equipamento sujeito a fluido letal Reparo convencional seguido de TTAT, localizado
especial
Equipamento sujeito a fragilização Método da meia-camada ou dupla-camada, com passe de
pela baixa temperatura de operação revenimento ou reparo convencional seguido de TTAT,
localizado especial

TABELA 4 - Recomendações para reparos alternativos.

Todo reparo alternativo antes de ser empregado deve ser qualificado, conforme os requisitos do código
de construção para procedimentos de soldagem, acrescido de uma verificação de microdureza da zona
térmicamente afetada, usando o valor de 350 HV10, como critério de aceitação.
Todo reparo alternativo após sua conclusão deve ser inspecionado, como segue:

a. Exame de partículas magnéticas, se possível via úmida fluorescente.


b. Exame de ultra-som.
c. Teste de dureza, se possível microdureza.
d. Teste hidrostático.

42
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
2.2.1 TRATAMENTO TÉRMICO LOCALIZADO ESPECIAL
O tratamento térmico localizado, conforme os requisitos dos códigos de construção, exigem que as
regiões a serem aquecidas e isoladas térmicamente, tenham uma abrangência de toda a circunferência
do vaso numa extensão a ser definida em função das dimensões do reparo executado e do
equipamento. O tratamento térmico localizado, denominado especial, segue os mesmos requisitos de
extensão das regiões a serem aquecidas e isoladas, especificados nos códigos de construção, mas, sem
levar em consideração a exigência de que a abrangência atinja toda a circunferência do vaso. Portanto,
no TTAT localizado especial, as regiões de aquecimento e isolamento abrangem apenas a parte do
equipamento ao redor do reparo.

Essa modificação de extensão das áreas a serem aquecidas e tratadas durante um tratamento térmico
localizado pode ser aplicada para vasos de pressão construídos em materiais classificados como P
número 1, grupos 1, 2 e 3 e materiais de P número 3, grupos 1, 2 e 3.( ou seja aços carbono, carbono-
manganês e aços de baixa liga cromo-molibdênio ).

O CENPES (Centro de Pesquisas da Petrobrás), junto com a firma Tecnotrate, especializada em


tratamentos localizados de campo, através de aquecimento com resistência elétrica, realizaram estudos
com o objetivo de verificar a efetividade em se realizar tratamento térmico localizado ao redor do
reparo com resistência elétrica, sem a necessidade de estender as zonas de aquecimento e isolamento
em toda a circunferência do vaso, ou seja, essas regiões são demarcadas, conforme os critérios de
extensão dos códigos de construção, mas sem a necessidade de envolver toda a circunferência do vaso.

Foram acompanhados a realização do TTAT localizados ao redor do reparo, nos equipamentos


descritos a seguir, sem que as áreas de aquecimento e isolamento se estendesse em toda a
circunferência do vaso:

- Bocais em esferas.
- Bocais em cascos cilíndricos.
- Bocais em tampos torisféricos 2:1.
- Selas em vasos horizontais.

O roteiro desses TTAT localizados ao redor do reparo foi o seguinte:

1. Determinação da extensão das áreas de aquecimento e isolamento, como mostrado no esquema da


figura 30.
2. Aquecimento com resistência elétrica e maquinas de solda ou equipamento similar.
3. Foram utilizadas taxas de aquecimento e resfriamento, conforme as especificações do código
ASME.
4.
5. A temperatura
Controle de tratamento
dos gradientes utilizada
térmicos nos foi a recomendada
limites pelo código
das áreas aquecidas ASME. com a instalação de
e isoladas,
termopares, como mostra o esquema da figura 31, referente ao TTAT de um reparo no bocal de
uma esfera.
6. Acompanhamento das temperaturas de cada região, garantindo os valores estipulados na figura 30.
7. Análise teórico de tensões pelo aplicativo ANSYS.
8. Medida das tensões nas regiões: aquecida, isolada e não tratada, antes e após o tratamento por
extensiometria, com os métodos do ″furo central″ e raios X, com uma firma especializada. (esse
último método apresentou os resultados mais condizentes com os calculados teoricamente).
43
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
A figura 32, mostra os resultados das tensões medidas, no TTAT do bocal da figura 31, antes e após o
tratamento. Os resultados mostram que o TTAT executado só ao redor do reparo, conforme os
requisitos descritos acima é efetivo.

TEMPERATURA

LIMITES DA LIMITES DA
LIMITES DO REGIÃO REGIÃO
REPARO AQUECIDA ISOLADA

TEMPERATURA DE
TRATAMENTO
METADE DA TEMPERATURA
DE TRATAMENTO
TEMPERATURA
AMBIENTE
DISTÂNCIA DO REPARO

5. R. t

10. R.t

LEGENDA: R = RAIO EXTERNO DO VASO.


t = ESPESSURA NOMINAL DO
VASO, NO LOCAL DO REPARO.
OBS. APÓS O REPARO A SUPERFÍCIE DEVE
ESTAR PARALELA A SUPERFÍCIE DO
VASO.

FIGURA 30 - Extensão das áreas aquecidas e isoladas para TTAT localizado.

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CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
DIÂMETRO INTERNO DA
ESFERA = 14.700 mm.

PONTOS DE ACOMPANHAMENTO
DO NÍVEL DE TENSÕES

REGIÃO ISOLADA
RAIO = 3100 mm. ESPESSUR
MAT. AÇO PONTO 3 PONTO 2 A DA
CARBONO MANTA
REGIÃO
(A-285 gr. C) CERÂMICA
PONTO 4 PONTO 1 A UECIDA
ESPESSURA =
32,3 mm.

chapa de reforço
(A-283 gr. C)
φext. = 660 mm.
REGIÕES AQUECIDAS esp. = 32,3 mm.

REGIÕES ISOLADAS

BOCAL DE φ = 12 ″ - ESP. DO PESCOÇO = 20 mm.

FIGURA 31 - Bocal tratado térmicamente pelo TTAT especial.

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Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
VALORES MEDIDOS NO PONTO 1 DA VALORES MEDIDOS NO PONTO 2 DA
FIGURA 2 FIGURA 2

10 10

i 0 i 0
s s
K K
M M
E E
O-10 O-10
à Ã
S S
E
N
T N
E
-20 T
-20

-30 -30
0 0,5 1 1,5 2 0 0,5 1 1,5
PROFUNDIDADE EM mm PROFUNDIDADE EM mm

ANTES DO TTAS APÓS DO TTAS ANTES DO TTAS APÓS O TTAS

VALORES MEDIDOS DO PONTO 3 DA VALORES MEDIDOS NO PONTO 4 DA


FIGURA 2 FIGURA 2

20 10

i 0 i 0
s s
k K -10
M-20 M
E E
O O -20
à Ã
S -40 S
N N -30
E E
T T
-60
-40

-80 -50
0 0,5 1 1,5 2 0 0,5 1 1,5 2
PROFUNDIDADE EM mm PROFUNDIDADE EM mm

ANTES DO TTAS APÓS O TTAS ANTES DO TTAS APÓS O TTAS

FIGURA 32 - Resultados do TTAT localizado no reparo do bocal da figura 31.


( Valores de tensão medidas pelo método do furo cego )

46
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
2.2.2. MÉTODO DA MEIA-CAMADA
A soldagem com passe de revenimento de meio passe é um recurso válido e com bons resultados para
se conseguir tenacidade e ductilidade da junta soldada compatíveis com o material base.

Esse procedimento consiste, basicamente, na sobreposição de passes de maneira que o passe superior
promova o revenimento da ZTA do passe coberto. Dessa maneira os produtos de transformação duros
e frágeis da ZTA, criada pelo passe coberto, se tornem dúcteis.

O procedimento deve ser aplicado seguindo as etapas descritas a seguir:

1. Pré-aquecer a região a ser soldada e uma área ao redor desta de, aproximadamente, 6 vezes a
espessura da região. Se possível a fonte de calor deve ser instalada do lado oposto ao da deposição
da solda.

2. Revestir (amanteigar) toda a extensão da cavidade ou chanfro, com eletrodo de pequeno diâmetro
de maneira a se obter uma baixa energia de soldagem (heat-imput) 4 , garantindo uma ZTA estreita
e uniforme.

3. Remover metade da altura desse passe de revestimento, com esmerilhadeira, para permitir que o
passe seguinte penetre suficientemente na ZTA, de maneira a promover o seu revenimento.

4. Depositar o segundo passe, com eletrodo de diâmetro pouco maior, de maneira que a energia
associada a deposição seja suficientemente alta para promover o revenimento da ZTA associada
ao passe de revestimento (1° passe).

5. Os demais passes devem ser depositados segundo um procedimento normal de soldagem


qualificado.

OBS. Durante a soldagem a temperatura deve ser mantida numa faixa de no máximo 50 C acima da °

faixa de temperatura usada no pré-aquecimento.

Para aços carbono e carbono-manganês, recomenda-se a utilização das seguintes variáveis de


soldagem:

a) Pré-aquecimento entre 180 e 260°C.


b) Manter a temperatura durante a soldagem entre 200 e 300°C..
c) Usar eletrodo de diâmetro 2,38 mm (3/32″), para deposição da primeira camada.(camada de
amanteigamento).
d) Remover metade da primeira camada com esmerilhamento e inspecionar com partículas

e) magnéticas, se possível
Depositar a segunda via úmida
camada e fluorescente.
usando eletrodo de diâmetro 3,18 mm (1/8″).
f) Completar a solda com eletrodo de diâmetro 3,97 mm (5/32″).

4
ENERGIA DE SOLDAGEM OU HEAT-IMPUT = é a energia térmica transferida para o metal base durante o processo
de soldagem. Essa energia é calculada por: E = [(tensão x corrente) / velocidade] x (fator de transferência de calor
relacionado com o processo de soldagem).
47
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
Deve ser observado também o seguinte:

- A seqüência dos passes, de cada camada, deve ser da parede lateral para o centro, quando a
posição de soldagem for plana, horizontal ou vertical e do centro para as laterais quando a posição
for sobre-cabeça.
- Após completada a solda, esmerilhar a superfície, mantendo a temperatura entre 250 e 300°C, por
no mínimo 4 horas para cada 25 milímetros de espessura da região onde foi feito o depósito.
- O aquecimento e o resfriamento devem ser executados na velocidade de 15°C/hora.
- Após completado o reparo fazer inspeção por ultra-som e teste hidrostático do vaso.

2.2.3 MÉTODO DA DUPLA-CAMADA


Esta técnica utiliza um método controlado de deposição, de modo que a segunda camada promove o
refino da solda e o revenimento da ZTA, gerada pela primeira camada.

Um pré-aquecimento entre 180 e 250°C e a manutenção da temperatura entre 200 e 300°C nos passes
subsequentes favorecem um nível de refino maior e estendem a profundidade da região revenida.

O uso de eletrodo de pequeno diâmetro (3,25 mm), no primeiro passe permite que a zona de refino,
proporcionada pelo segundo passe (executado com eletrodo de diâmetro 4 mm), penetre mais
efetivamente, promovendo pleno revenimento da ZTA. O uso de eletrodo mais fino do que o diâmetro
de 2,5 mm no primeiro passe tem o grave risco de ser totalmente penetrado pela segunda camada,
resultando em um ZTA grosseira.

O eletrodo de especificação AWS-E-7018 tem mostrado boa característica de deposição, numa larga
faixa de energia de soldagem, produzindo passes mais uniformes. O eletrodo selecionado deve ter
tenacidade à fratura garantida na condição depositado (metal-soldado).

Para que a ZTA associada ao cordão de solda da primeira camada (amanteigamento), seja totalmente
revenido e tenha suas propriedades mecânicas restauradas é necessário que o procedimento de
soldagem controle rigidamente a energia de soldagem de cada deposição. Experiências tem mostrado
que a energia de soldagem, calculada pela expressão mostrada abaixo deve ser controlada dentro das
faixas descritas a seguir.

A expressão matemática para cálculo da energia de soldagem (heat-imput), representada por ″E″ é a
seguinte:

[( tensao de( soldagem


) × corrente
) de soldagem ]
E= velocidade de deposicao × ( fator de transferencia de calor)

Os valores de energia de soldagem recomendados para o método de dupla-camada de deposição são:

- A primeira camada deverá ser aplicada com uma energia entre 0,4 e 0,7 KJ/mm, usando o
processo de eletrodo revestido.

48
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
- A segunda camada deverá ter uma energia 2 a 2,5 vezes maior do que a primeira camada. Assim, a
energia de soldagem da segunda camada deverá estar entre 1,0 a 1,5 KJ/mm.
Além do controle de energia de soldagem são necessários os seguintes cuidados para garantir os
eficiência do método:

- É necessário uma sobreposição mínima de 30 a 50% na aplicação de cada passe das duas
primeiras camadas depositadas. (figura 33)
- Na deposição dos passes da segunda camada o eletrodo deve ser mantido apontado para o pé do
cordão do primeiro passe, com uma inclinação de 80 a 90°. (figura 34)

O procedimento de soldagem estará completo, com requisitos de sentido de deposição descritos a


seguir:

- Para as posições plana, horizontal e vertical a primeira camada deve ser depositada iniciando-se
pelas extremidades da cavidade, se movendo para o centro. Para a posição sobre cabeça a
seqüência é do interior da cavidade para a sua extremidade. (figura 35)

- Para os passes da segunda camada devem ser adotados os mesmos sentidos da primeira camada,
sendo que as bordas do passe junto à periferia não devem sobrepor os cordões mais externos da
primeira camada. (esse é um dos passos mais importantes do processo, pois a extremidade do
reparo é o ponto da ZTA, mais difícil de ser revenido. Por isso, costuma ser usado como região de
controle do processo). (figura 36)

50% 50%
PÉ DO CORDÃO

FIGURA 33 - Sobreposição entre passes para a 1a e 2a camadas.

80 a 90°
ELETRODO

49
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
FIGURA 34 - Ângulo de deposição para a 1a e 2a camadas.

1 2
3 4
5 6

SENTIDO DE PROGRESSÃO

FIGURA 35 - Sentido de deposição dos passes da 1a camada a ser adotado para as posições plana,
horizontal e vertical.

2a3 2a3

FIGURA 36 - Sentido de deposição da 2a camada para as posições plana, horizontal e vertical e


distância das bordas.

OBSERVAÇÕES:

1. O enchimento da solda deve ser feito com eletrodo de especificação AWS-E-7018 em condições
similares às da segunda camada, não se sobrepondo as extremidades do cordão da segunda
camada, nas bordas do chanfro ou cavidade.

2. A última camada deve ser feita nas mesmas condições da segunda camada chegando até aos
limites dos cordões da primeira camada, sobrepondo até 2 mm das extremidades, revenindo assim
aquela região da ZTA.

3. Deve ser feito um pós-aquecimento, para facilitar a difusão do hidrogênio que esteja aprisionado
no interior do material, numa temperatura entre 220 e 300 °C por 4 horas por cada 25 mm de
espessura da região soldada.

50
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
2.2.4 MARTELAMENTO
O código ASME seção VIII divisão 1, no parágrafo UW-39 - Peening, autoriza o martelamento do
cordão de solda para controlar a distorção resultante, aliviar as tensões residuais introduzidas pelo
processo de soldagem.

O
se ASME seção IX
gerar entalhes impõe como
superficiais restrição, o martelamento
e encruamento. dos passes daconsidera-se
Nos passes intermediários, última camada,
quepelo
essesrisco de
efeitos
são eliminados pelo passe seguinte.

O martelamento da solda pode ser conseguido com pistolas pneumáticas, jatos de granalha de aço ou
por marteletes pneumáticos, sendo este último o mais usado na industria, devido a facilidade de
aplicação e seu baixo custo.

O martelamento promove a plastificação das regiões tencionadas e introduz tensões de


COMPRESSÃO residuais, neutralizando dessa maneira as tensões residuais de TRAÇÃO provenientes
das contrações de soldagem, que são as mais perigosas, pois nucleam e propagam as trincas.
Paralelamente, o martelamento deve ser suficientemente moderado para não provocar fissuras na junta
soldada, mas com energia bastante, para garantir a deformação plástica, em uma profundidade maior
que a espessura fundida no passe superior.

Combinando-se as recomendações básicas do ASME e as da literatura especializada, tem-se o seguinte


procedimento a se aplicado para o martelamento:

1. O martelamento pneumático deve ser capaz de gerar um impacto de 12 Joules (9 ft.lb.), a uma
pressão média de funcionamento de 6,3 Kgf/cm2 (90 psi).
2. A ferramenta deve ter o bico arredondado com cerca de 12,7 mm de raio.
3. A temperatura a ser mantida durante toda a operação de martelamento em cada passe deve situar-
se entre 180 e 300°C.
4. O martelamento deve ser aplicado sobre o passe, previamente limpo, com velocidade média de 3 a
5 cm/minuto, e uma freqüência média de 1400 golpes por minuto, ao longo de todo o cordão.
5. Não martelar os passes das primeira e última camadas.
6. Nos procedimentos onde for adotado um passe final apenas para revenimento, este último passe
deve ser martelado antes de ser removido.
7. Fazer inspeção por partículas magnéticas sobre o passe de acabamento.

A figura 37 mostra o alívio de tensões conseguido com o martelamento de um junta soldada, com
metal base em aço carbono e seguindo as recomendações descritas acima.

51
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
200

150
O
Ã
S
N
E
T
E
D 100
S
E
R
O
L
A 50
V

0
0 20 40 60 80 100 140
DISTANCIA DO CENTRO DA SOLDA em mm

ANTES DO APÓS O MARTELAMENTO


MARTELAMENTO

FIGURA 37 - Alívio de tensões devido ao martelamento de uma junta soldada.

A tabela 5 mostra outro resultado conseguido com o martelamento de um junta soldada, com 2
polegadas de espessura em aço carbono na especificação ASTM-A-515 gr. 70.

DUREZA EM BRINELL
LOCAL ANTES DO APÓS O
MARTELAMENTO MARTELAMENTO
METAL 216 188
DEPOSITADO
ZTA 217 188
METAL BASE 188 188

TABELA 5 - Alívio de tensões devido ao martelamento.

2.2.5 METALIZAÇÃO
A recuperação por deposição de solda de equipamentos que tem exigência de tratamento térmico após
a soldagem (TTAT), devido a trabalharem com fluidos que podem causar corrosão sob tensão (CST)
ou defeitos devido
recuperação ao hidrogênio,
do equipamento. Algunstem dificultado
órgãos e as vezes
de Departamento até inviabilizado
Industrial a possibilidade
da Petrobrás, de
com a acessoria
do Centro de Pesquisa da Petrobrás tem desenvolvido estudos de maneira a viabilizar esses reparos
sem a necessidade do TTAT

Nesse sentido foram desenvolvidos experiências com a preparação de cerca de 182 corpos de prova em
aço carbono, nas especificações: ASTM A-515 gr. 70, ASTM A-283 gr. C e ASTM A-105, onde
foram feitos depósitos de solda em todos eles, usando procedimentos de soldagem qualificados, sendo
que o processo de soldagem foi o de eletrodo revestido e o metal de adição na especificação AWS-E-
52
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
7018. Em todos os casos foram sempre feitos um corpo prova com TTAT e outro sem TTAT, variando
apenas entre os corpos de prova algumas variáveis de soldagem no sentido de se obter melhor
tenacidade da solda e ZTA.

Dos 182 corpos de prova preparados, 64 tiveram suas superfícies protegidas, usando os seguintes
procedimentos: pintura a base de epoxi betuminoso, pintura a base de epoxi sem solvente, metalização
com alumínio e metalização com um liga composta por Ni / Cr / Al / Mo.

Todos os corpos de prova depois de prontos foram submetidos a uma tensão de tração da ordem da
tensão admissível, calculada de acordo com os critérios do código ASME seção VIII, divisão 1.

Os corpos de prova foram mantidos tencionados e expostos no interior de equipamentos sujeitos a


ataque pelo hidrogênio e a corrosão sob tensão pelo H 2S, por um período de exposição de 2250 dias
(aproximadamente 6 anos).

Essa experiência levou aos seguintes resultados:

1. Resultados devido ao ataque pelo hidrogênio.

- O tratamento térmico após soldagem não influiu na susceptibilidade ao ataque pelo hidrogênio.
- Os corpos de prova revestidos com pintura ou metalização, foram IMUNES ao ataque pelo
hidrogênio. O steam-out dos equipamentos danificou o revestimento através de pintura, mas a
metalização com alumínio resistiu.
- Os materiais forjados (ASTM A-105), não sofreram ataque pelo hidrogênio em qualquer
situação, por isso, foram considerados imunes ao ataque pelo hidrogênio.
- Os materiais
tiveram maior laminados
resistência que tinhampelo
ao ataque a quantidade
hidrogênio, de
bemimpurezas (inclusões,
com os materiais cujavazios) menor
a morfologia
das inclusões foi controlada.

2. Resultados devido a corrosão sob tensão causada pelo H2S.

- O tratamento térmico após soldagem não influiu na susceptibilidade a corrosão sob tensão pelo
H2S.
- Tanto os materiais laminados e forjados tiveram comportamento similares. Apenas o teor de
carbono teve influencia. Os materiais com maior teor de carbono tiveram menor resistência.
Materiais com carbono inferior a 0,35% tiveram maior resistência.
- As regiões que apresentaram maior susceptibilidade ao ataque foram as ZTA, com dureza
acima de 200 HB.
- Os corpos de prova revestidos, mesmo aqueles que foram revestidos apenas sobre a região
soldada e ZTA, foram IMUNES ao ataque pelo H 2S. Nos equipamentos onde foi feito steam-
out a pintura foi deteriorada e a metalização com alumínio apresentou desempenho satisfatório.

Após esses resultados dois outros órgãos operacionais da Petrobrás, fizeram reparos usando
procedimento de soldagem comum, qualificado, sem TTAT e seguido de revestimento com alumínio
em vasos de pressão. Em um dos órgãos o resultado foi bom, após 3 anos de exposição a um meio
sujeito a corrosão sob tensão devido ao H 2S, e no outro órgão operacional ainda não se sabem os
resultados, pois os reparos ainda estão na fase de exposição.

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CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
3. AVALIAÇÃO DE INTEGRIDADE
A estimativa de VIDA RESIDUAL e EXTENSÃO DE VIDA ÚTIL de unidades, equipamentos e
sistemas operacionais, tem sido alvo de um grande número de trabalhos e publicações nos últimos
anos. Nesses trabalhos existe sempre um conceito embutido, que é a avaliação de integridade física dos
componentes do sistema que está sendo estudado.

A etapa de avaliação de integridade é tão importante dentro do escopo daqueles programas que muitas
vezes chega a ser confundida com o seu objetivo final. Portanto, torna-se necessário distinguir
claramente os conceitos de vida residual, extensão de vida útil e avaliação de integridade, bem como, a
abrangência de cada um deles.

A avaliação de integridade consiste no levantamento de dados sobre as condições físicas reais do


objeto em estudo, através de uma inspeção detalhada, planejada a partir de informações colhidas em
inspeções anteriores, nos seu históricos de manutenção, inspeção e operação, e em análises
complementares de tensões, flexibilidade e vibrações. De posse desses dados é possível determinar os
mecanismos de deterioração e acúmulo de danos atuantes.

Em alguns casos, pode-se aplicar técnicas especiais de análise para prever quanto tempo de operação
segura o equipamento ainda suporta, isto é, estimar sua VIDA RESIDUAL. Entre essas técnicas
podem ser citadas, por exemplo, a análise metalográfica e aplicação dos critérios de Neubauer para a
verificação do estágio de acúmulos de danos por fluência e a aplicação de mecânica da fratura em
defeitos existentes, quando submetidos a esforços mecânicos, tanto estáticos como dinâmicos.

Em diversas ocasiões, entretanto, não é possível estabelecer com precisão vidas residuais, tanto pelo
desconhecimento da cinética dos mecanismos atuantes como pela inexistência de técnicas que
permitem análises mais detalhadas. Nesses casos é necessário estabelecer programas de
acompanhamento, afim de se obter mais informações sobre aqueles mecanismos ou partir para a
remoção dos defeitos e eventual reparo, requalificando o equipamento para um novo período de
operação, ou seja, estendendo sua vida útil.

A EXTENSÃO DE VIDA ÚTIL de um equipamento é, dessa forma, a execução de uma série de


trabalhos e modificações nesse equipamento, visando eliminar ou diminuir a influência de sua história
passada e ampliar o seu período de operação segura.

Os trabalhos relacionados a seguir são exemplos de aplicação das técnicas de avaliação de integridade
em vasos de pressão.

O primeiro trabalho é ″Diretrizes básicas para um programa de avaliação de integridade″, esse trabalho
apresenta
sistema dea geração
filosofiade
adotada
vapor.no detalhamento
( trabalho de um no
apresentado programa de Nacional
Simpósio avaliação Sobre
de integridade de um
Integridade em
Centrais de Vapor )

O segundo trabalho é ″Avaliação da integridade física de esferas de GLP ″, esse trabalho apresenta uma
maneira de avaliar os defeitos detectados durante a inspeção, cuja a remoção pode inviabilizar a
continuidade operacional do equipamento. ( trabalho apresentado no 18o Seminário Brasileiro de
Inspeção de equipamentos )

54
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
O terceiro trabalho é ″Análise da integridade de um tubulão de caldeira pelo método de elementos
finitos″, esse trabalho apresenta a utilização da análise de tensões pelo método de elementos finitos,
como ferramenta auxiliar para avaliação da integridade estrutural do bocal de um vaso de pressão, com
uma cavidade de, aproximadamente, um terço da espessura nominal do vaso, resultante da remoção de
um defeito. (trabalho apresentado no Simpósio Nacional Sobre Integridade em Centrais de Vapor )

Outra aplicação da avaliação de integridade é a definição das área críticas de um equipamento de


maneira a concentrar sua inspeção, reduzindo dessa maneira custo e tempo de inspeção. Uma refinaria
aplicou esta técnica para as esferas do seu parque de armazenamento de GLP, de maneira a reduzir o
custo, os prazos de inspeção e conhecer o grau de risco dos equipamentos, este trabalho está resumido
a seguir.
TRABALHO: ÁREAS CRÍTICAS DE UMA ESFERA PARA I NSPEÇÃO PERIÓDICA

1. Avaliação das tensões atuantes na esfera: Para essa avaliação foram utilizados os seguintes
métodos:

- Cálculo das tensões atuantes no equipamento, nas condições de operação e de teste


hidrostático, usando as fórmulas do código ASME, para tensão de membrana.
- Medida com extensômetro das tensões atuantes, em vários pontos da esfera, durante a sua
pressurização para teste hidrostático.

RESULTADO: Os valores calculados foram mais conservativos do que os valores medidos com o
extensômetro durante o teste hidrostático.

2. Determinação
material similardoaoCTOD do material:
da esfera e depois Para isso com
soldados foram confeccionados
procedimento corpos dee prova
de soldagem com
tratamento
térmico após soldagem idênticos aos usados na fabricação e montagem do equipamento.

3. Aplicação da mecânica da fratura, com os critérios do documento na Norma B.S.PD-6493, em


defeitos conhecidos e mapeados com ultra-som: A maioria dos defeitos estavam localizados em
bocais e os demais estavam espalhados em outras soldas da esfera, sem concentração de destaque
em qualquer região.

RESULTADOS:

- Os defeitos localizados nas soldas de atracação dos bocais com o casco da esfera, só devem atingir
o tamanho crítico, que provocaria uma propagação rápida só após 32 anos, nas condições
operacionais da esfera.

- Os demais defeitos, existentes nas demais soldas da esfera só poderão atingir o tamanho crítico
após 40 anos de operação.

4. Monitoração do teste hidrostático da esfera, com a técnica de emissão acústica: Essa monitoração
indicou como locais críticos as soldas dos bocais e das ligações do casco com as colunas de
sustentação da esfera.

55
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
5. Definição dos locais de inspeção em esferas de armazenamento de GLP: Baseando-se nesses
resultados foi definido os seguintes critérios de inspeção a serem adotados para as demais esferas
do parque de armazenamento.
- INSPEÇÃO EXTERNA: Executar exame de partículas magnéticas e ultra-som nas soldas de
atracação dos bocais com o casco da esfera e nas soldas de atracação das colunas de
sustentação ao casco da esfera.

- INSPEÇÃO INTERNA:

a) Executar exame de partículas magnéticas e ultra-som nas soldas de atracação dos bocais
com o casco da esfera e nas soldas de atracação das colunas de sustentação ao casco da
esfera.
b) Executar exame de partículas magnéticas por amostragem nas solda do casco localizadas no
hemisfério inferior e caso sejam detectados defeitos estender a inspeção para outras soldas
do casco.

- FREQÜÊNCIA DE INSPEÇÃO: Como a propagação de defeitos é praticamente desprezível


em intervalos abaixo de 6 anos, recomenda-se uma freqüência de inspeção no moldes descritos
acima em intervalos de 5 a 6 anos. Caso nessas inspeções sejam detectados defeitos, estes
devem ser avaliados pela mecânica da fratura, para auxiliar na definição da necessidade de
reparo.

56
CURSO: INSPEÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO - PARTE 6
Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
TESTE REFERENTES A PARTE 1 DA APOSTILA

AS AFIRMAÇÕES DESCRITAS ABAIXO SÃO FALSAS OU VERDADEIRAS

1. Vasos de Pressão são reservatórios que armazenam qualquer produto em qualquer


temperatura ou pressão.
2. Casco, tampos, boca de visita, saia, grade, tirante, berço, alçapão, chaminé, panela,
meia luva, vigia, distribuidor, serpentina, prato, bandeja, borbulhador, são nomes
adotados para partes existentes em vasos de pressão.
3. Torres, secadores, reatores, permutadores de calor, vasos e tanques são nomes
diferentes normalmente
4. Normalmente os internosutilizados
das torrespara os vasos são
de processo de pressão
ligadosna
ao industria.
casco através de anéis de
suportação.
5. Selas, anéis de rasching ou anéis pall são nomes usados para identificar o formato de
enchimento usados em vasos de pressão.
6. Os vasos horizontais normalmente são suportados em três ou mais pontos para melhor
distribuição de tensões.
7. As partes UW do código ASME seção VIII divisão 1 são aplicadas a todos os vasos de
pressão construídos pelo processo de soldagem independente do tipo de material usado
na fabricação do vaso.
8. As partes UG do código ASME seção VIII divisão 1 são aplicadas a todos os vasos de
pressão construídos pelo processo de soldagem em aço carbono ou em aço baixa liga.
9. A principal diferença entre as divisões 1 e 2 do código ASME seção VIII é que o
primeiro adota o projeto padrão e menos conservativo.
10. A Pressão de Projeto de um vaso de pressão é sempre referenciada no fundo do vaso de
maneira a garantir que a coluna de líquido esteja inclusa nesse valor.
11. A PMTA de um vaso é sempre menor ou igual a sua Pressão de Projeto.
12. A Pressão de Ajuste da válvula de segurança que protege um vaso de pressão deve ser
estabelecida com base nas condições de projeto do vaso e nunca poderá ser menor do
que a Pressão de Projeto.
13. O código ASME seção VIII divisão 1 estabelece que a determinação da tensão
admissível usada no projeto de um vaso de pressão leve em consideração um
coeficiente de segurança estabelecido em comum acordo entre o fabricante e o
comprador.
14. No cálculo da Pressão de teste hidrostático de um vaso deve ser considerada a pressão
devido a coluna hidrostática do vaso.
15. A temperatura de Projeto de um vaso de pressão influencia no cálculo da espessura
mínima do vaso.
16. A espessura de um vaso de pressão é estabelecida considerando os seguintes fatores:
diâmetro do vaso, temperatura e pressão de projeto, material de fabricação e eficiência
das juntas soldadas com que o vaso foi fabricado.
17. Considerando apenas as tensões geradas pela pressurização interna de um vaso de
pressão cilíndrico podemos afirmar que as tensões circunferências geradas serão
aproximadamente a metade das longitudinais.
18. Podemos dizer que para uma mesma condição de projeto um vaso esférico sempre terá
um espessura menor do que um vaso cilíndrico.

CURSO INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO EM VASOS DE PRESSÃO Página: 01 de 07


Autor: Nestor Ferreira de Carvalho
19. Quando se está preocupado com soldabilidade a propriedade mais importante a ser
avaliada é a resistência mecânica do metal base.
20. O código ASME seção VIII divisão 1 agrupa os metais bases em função da sua
soldabilidade. Assim, podemos dizer que materiais com mesmo número P deverão ser
soldados com o mesmo Processo de Soldagem.
21. O limite usual de utilização para aços carbono está próximo de 400 oC devido ao risco
de degradação do material por fratura frágil.
22. Aços liga ao cromo ou cromo molibdênio são mais indicados do que os aços carbono
para temperaturas acima de 420 oC.
23. A necessidade de se acrescentar sobre espessura para se chegar a espessuras comerciais
levamsão
24. Clad as partes pressurizadas
revestimentos de umaplicados
metálicos vaso de pressão
a cascoestarem sobre
de vasos dimensionadas.
através do processo de
soldagem com sobreposição de chapas.
25. Uma das vantagens da utilização de revestimentos do tipo Lining em tiras soldados com
sobreposição e solda escondida intermitente é a facilidade de inspeção através de ensaio
pneumático.
26. Revestimentos a base de argamassa resistente a erosão são atracados ao substrato
através de pinos ou grampos.
27. A pintura é o tipo de revestimento mais usado para resistência a corrosão em vasos com
temperatura de operação superior a 1200C
28. A eficiência de uma junta soldada, usada no cálculo da espessura de vasos de pressão é
definida em função de: qualidade da solda, resistência mecânica do consumível
depositado, tipo de processo de soldagem utilizado e categoria da junta soldada.
29. O código ASME seção VIII divisão 1 exige que todas as soldas executadas no casco de
um vaso de pressão sejam de topo e com penetração total.
30. O termo categoria de junta usado pelo código ASME seção VIII divisão 1 defini o tipo
de junta a ser empregado na soldagem de um vaso de pressão.
31. Vasos de pressão possuem regiões com maior concentração de tensões do que outras.
Uma dessas regiões é a região de apoio do vaso.

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TESTE REFERENTES A PARTE 2 DA APOSTILA

AS AFIRMAÇÕES DESCRITAS ABAIXO SÃO FALSAS OU VERDADEIRAS

1. A inspeção de fabricação aplicada a vasos de pressão é similar a inspeção de


manutenção e exige a mesma qualificação para o inspetor.
2. O vasos de pressão construídos conforme os requisitos do código ASME seção VIII
divisão 1 devem ser inspecionados na fábrica por inspetores certificados do fabricante
sem interferência do cliente.
3. Tanto o fabricante quanto o cliente tem exigências a serem cumpridas quando da
fabricação
VIII divisãode1.um vaso de pressão de acordo com os requisitos do código ASME seção
4. Ovalização, espessura, inspeção de soldas e verificação de certificados e procedimentos
são itens da inspeção dimensional de um vaso de pressão construído conforme os
critérios do código ASME seção VIII divisão 1.
5. A medida da ovalização de um vaso de pressão de ser feita pelo lado interno ou externo
do vaso dependendo se o mesmo está sujeito a pressão interna ou externa.
6. Vasos sujeitos a pressão externa e construídos pelos critérios do código ASME seção
VIII divisão 1 estão sujeitos a verificações adicionais quando comparados com os vasos
sujeitos a pressão interna.
7. Qual a máxima ovalização admissível para um vaso de pressão construído pelos
critérios do código ASME seção VIII divisão 1, sujeito a pressão interna com diâmetro
de 2000 mm numa região do casco cilíndrico onde existe um bocal com diâmetro de
6”?
8. Caso o mesmo vaso acima seja submetido a pressão externa qual a folga máxima
admissível, considerando que o vaso tem um valor L de 10.000 mm e uma espessura de
20 mm?
9. Vasos construídos conforme os requisitos do código ASME seção VIII divisão 1 tem
que ter a curvatura dos tampos verificada pelo lado externo ou interno dependendo se
estarão submetidos a pressão interna ou externa.
10. Os exames não destrutivos considerados convencionais são: líquido penetrante,
partículas magnéticas, inspeção visual, inspeção dimensional, radiografia e ultra som.
11. O código ASME seção VIII divisão 1 especifica critério de aceitação específico para
cada exame não destrutivo em função do material usado na fabricação do vaso e da sua
espessura.
12. Os critérios de aceitação para juntas soldadas do código ASME seção VIII divisão 1 são
estabelecidos em função do tipo de descontinuidade, tipo de exame não destrutivo e da
espessura soldada.
13. O exame radiográfico tem critérios de aceitação diferentes em função da extensão das
soldas inspecionadas.
14. A estabilidade estrutural de um vaso de pressão pode ser avaliada na fabricação através
da verificação da ovalização da parte cilíndrica do vaso e da curvatura dos tampos.
15. Vasos verticais cuja base definitiva está localizada em terrenos instáveis devem ter sua
verticalidade avaliada periodicamente. Essa tolerância de verticalidade é estabelecida
no código ASME seção VIII divisão 1.
16. O Ensaio de Emissão Acústica é uma técnica de inspeção que tem como finalidade
detectar descontinuidades existentes num vaso de pressão.

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17. O Ensaio de Emissão Acústica é uma técnica de inspeção que tem como finalidade
detectar as descontinuidades que estão ativas quando um vaso de pressão é
pressurisado.
18. O Ensaio de Réplica Metalográfica é indispensável para acessorar a Avaliação de
Integridade em Vasos de Pressão e Caldeiras
19. O Ensaio de Réplica Metalográfica necessita uma preparação de superfície muito
melhor do que a metalografia feita em laboratório.
20. Os Ensaios de Emissão Acústica , Correntes Parasitas, IRIS, etc. chamados de não
convencionais, para vasos metálicos, porque não tem critério de aceitação definido no
código ASME seção VIII divisão 1

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TESTE REFERENTES A PARTE 5 DA APOSTILA

AS AFIRMAÇÕES DESCRITAS ABAIXO SÃO FALSAS OU VERDADEIRAS

01. Considerando os novos conceitos de inspeção na manutenção a principal missão da


atividade inspeção de manutenção pode ser resumida como: “ garantir a qualidade dos
serviços de manutenção”.
02. Complete a tabela abaixo, considerando que você esteja fazendo a inspeção externa de
um vaso de pressão vertical isolado termicamente e suportado com saia cilíndrica com
fire proof.
ITEM DE INSPEÇÃO DETERIORAÇÃO
PROVÁVEL CAUSA DA
DETERIORAÇÃO
Vias de acesso
Corrosão sob isolamento
Trincas no concreto
Estojos e porcas
Ruptura da atracação no Corrosão atmosférica
casco do vaso

03. Antes da Inspeção Interna de um vaso de pressão é importante uma avaliação técnica
do vaso para se estabelecer os locais de inspeção, a extensão da inspeção, os END´s a
serem usados, etc. Essa avaliação é feita com base em: (assinale com um círculo os
itens que devem ser consultados)
a) condições de operação do vaso b) dimensões do vaso
c) material e TTAT do vaso d) histórico
e) espessura mínima das partes do vaso f) PMTA do vaso
g) tipo de suportação do vaso k) Temperatura de projeto do vaso
04. Complete a tabela abaixo, considerando que você esteja fazendo a inspeção interna de
um vaso de pressão horizontal com demister no bocal de saída do vaso

ITEM DE DETERIORAÇÃO END INDICADO CAUSA


INSPEÇÃO PROVÁVEL PROVAVEL DA
DETERIORAÇÃO
soldas PM CST
Pescoço dos Corrosão
bocais
Perda de espessura ME
Erosão
quebradiço fragilização

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05. Um plano de inspeção interna ou externa deve conter no mínimo as seguintes
informações: (assinale com um círculo os itens que devem ter no plano)

a) locais a serem inspecionados b) extensão da inspeção


c) material e TTAT do vaso d) identificação e localização do vaso
e) END´s a serem usados f) apoio necessário à inspeção
g) previsão de reparos h) tempo de inspeção
i) procedimentos a serem usados na inspeção j) espessura mínima do vaso
k) PMTA e Temperatura de projeto l) tipo de fluido

06. O Teste pela


inspeção Hidrostático dos vasos
NR-13 e devem de pressão
ser repetidos em são
toda considerados como
inspeção interna ferramenta de
do vaso.
07. O Teste Hidrostático dos vasos de pressão deve ser repetido sempre que o vaso for
submetido a reparos estruturais, independente da categoria do vaso.
08. O Teste Hidrostático dos vasos de pressão deve ser feito com água ou outro líquido na
temperatura ambiente e numa pressão mínima de 1,5 vezes a PMTA do vaso na
condição corroída e quente (para vasos construídos pelo ASME sec. VIII divisão 1
edição anterior a 1999)
09. O Teste Hidrostático dos vasos de pressão para efeito de atendimento a NR-13 pode ser
feito na Pressão de abertura do dispositivo de segurança que protege o vaso a critério
do PH.
10. Faça a melhor associação

Mecanismo de Deterioração Tipo de Descontinuidade END mais indicado


1. corrosão interna em bocais  trinca superficial na margem da  ME
de peq. diâmetro solda
2. CST em inox austenítico  perda de espessura alveolar  PM
3. Fadiga  trincas superficiais na solda casco  LP
/ saia de suportação
4. Erosão  perda de espessura uniforme  RX
5. Deterioração pelo  empolamentos  dimensional
hidrogênio

11. A NR-13, determina o intervalo máximo de inspeção dos vasos de pressão em função
da classificação do fluido contido no vaso, das dimensões físicas do vaso e da
existência na firma de setor especializado de inspeção certificado pelo INMETRO.
12. O API 510 estabelece que o intervalo máximo de inspeção interna para vasos de
pressão deverá ser o menor valor entre ½ da vida remanescente e 20 anos.
13. O API 510 estabelece que o intervalo máximo de inspeção externa para vasos de
pressão deverá ser metade do intervalo para inspeção interna do vaso.
14. Um vaso com taxa de corrosão de 0,10 mm/ano e sobre espessura de corrosão atual de
3 mm, pelos critério do API 510, deverá ter um intervalo máximo de inspeção interna
de 10 anos e inspeção externa de 5 anos.
15. Um vaso categoria I, com intervalo máximo de inspeção interna pela NR-13 de 6 anos
e vida residual de 10 anos, deverá ter seu intervalo de inspeção interna estabelecido
pelo PH em __________ anos. (complete o espaço em branco)

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16. Chama-se de reparo a todo serviço realizado no equipamento para que este seja
recolocado nas suas condições de projeto.
17. A NR-13 estabelece que toda reparo deve ser executado conforme os requisitos do
código de projeto do vaso ou com procedimento mais moderno a critério do PH.
18. Um equipamento deve ser reclassificado quando suas condições de operação forem
modificadas para valores diferentes das condições de projeto do vaso
19. A NR-13 considera risco grave e iminente operar um vaso fora das suas condições de
projeto.
20. Um relatório de inspeção deve conter no mínimo as seguintes informações: (assinale
com um círculo as alternativas que devem estar num relatório)

a) resultado de todos os END´s e testes realizados b) conclusão final da inspeção


c) nome e assinatura do PH e inspetores d) rastreabilidade dos END´s
realizados
e) resultado da inspeção visual f) cálculo da vida remanescente
g) principal mecanismo de deterioração atuante h) identificação e localização do vaso
no vaso
i) condições de projeto do vaso j) espessura mínima do vaso
k) PMTA e Temperatura de projeto l) tipo de fluido
m) condições de operação n) principais dimensões do vaso
o) reparos realizados e CQ empregado com p) recomendações futuras
rastreabilidade
q) datas das próximas inspeções e teste r) taxa de corrosão de todas as partes
do vaso

21. Defeitos são descontinuidades não aceitas pelo critério de aceitação estabelecido para o
equipamento. Caso
descontinuidades esteja
ou vice seja alterado um defeito poderá voltar a ser uma
versa.
22. Entende-se por rastreabilidade em ensaios e testes a comprovação que o ensaio foi feito
com: procedimento qualificado, pessoal certificado, aparelho calibrado e consumíveis
avaliados no recebimento.
23. Um relatório de END e teste não precisa ter todo os itens de rastreabilidade descritos
acima se o mesmo for feito por pessoal certificado pela ABEND.
24. A NR-13 exige que todo vaso tenha no mínimo o seguinte: (assinale com um circulo os
itens que devem ter)

a) fundação estaqueada b) prontuário


c) categoria d) placa de identificação
e) suportação com fire proof f) isolamento ou pintura
g) intervalo de inspeção e teste definidos h) cálculo de vida remanescente
i) condições de projeto do vaso definidas j) espessura mínima calculada
k) dispositivo de proteção l) indicador de pressão
m) indicador de temperatura n) operador qualificado
o) vias de acesso para drenos e vent´s p) duplo bloqueio na entrada
q) avaliação de integridade r) PH responsável pelo vaso

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