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Resumo de aulas da disciplina de Ética I

Organizado por: António dos Santos Mabota

1. Introdução

Este curso compreenderá dois momentos. O primeiro consistirá no enquadramento da


ética no âmbito da Filosofia, a análise de alguns elementos básico da ética como a
explicação dos termos ética, moral, bom, mau, certo, errado, julgamento moral.
Analisa-se ainda alguns problemas éticos práticos que o homem enfrenta no dia-a-dia,
na sociedade, como a questão da relação entre virtude e prazer e os dilemas éticos e a
questão do eticamente melhor. A terminar esta parte vamos analisar diferentes
maneiras de pensar a ética que resultam em diferentes tipos de ética, exactamente, a
metaética, ética descritiva e a ética normativa.

No segundo momento consideraremos algumas teorias éticas como o naturalismo ou


difinismo, o intuicionismo, o emotivismo e relativismo.

António dos Santos Mabota


I. Enquadramento da ética no âmbito da Filosofia
1. Conceito de Filosofia

Comecemos por considerar dois dos conceitos propostos por Marilena Chauí (2000),
para a análise do conceito filosofia. Esses conceitos são: Atitude Filosófica e Atitude
Crítica

a. Atitude Filosófica

Para este empreendimento vamos considerar algumas das questões que, segundo
Marilena Chauí, fazemos no nosso dia-a-dia. No nosso dia-a-dia perguntamos:

- Que horas são? Ou que dia é hoje?

Para responder a esta questão basta apenas olhar para o relógio ou para o calendário e
dar a resposta solicitada. Estes são factos do dia-a-dia.

Mas, se em vez de perguntar que horas são ou o que dia é hoje, nós perguntássemos:

- O que é o tempo?

Para esta pergunta a resposta deve ser mais elaborada porque procura a essência da
coisa. E quem tomasse a decisão de fazer tal pergunta estaria a distanciar-se da vida
cotidiana passando a a adoptar uma atitude filosófica (Chauí; 2000: 6).

Assim, e ainda de acordo com Marilena Chauí, uma primeira resposta à pergunta “o que
é Filosofia” poderia ser: “A decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas,
as ideias, os factos, as situações, os valores, os comportamentos da nossa existência
cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los investigados e compreendidos”
(ibid: 9).

b. Actitude Crítica

A primeira característica da actitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não ao senso


comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos factos e às ideias da experiência
cotidiana, ao que todo mundo diz e pensa, ao estabelecido; A segunda característica da
actitude filosófica é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, as
ideias, os factos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. As
indagações fundamentais da actitude filosóficas são: o que é? Por que é? Como é?

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A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem a actitude crítica e
pensamento crítico, portanto, pensamento filosófico.

c. Uma aproximação à definição de filosofia

Marilena Chauí (2000: 14 - 15) apresenta quatro definições gerais da filosofia:

1ª Visão do mundo;

2ª Sabedoria de vida:

3ª Esforço racional para conceber o Universo como uma totalidade ordenada e dotada
de sentido; e

4ª Fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e das práticas (ibid: 14-15).

Para o nosso discurso, a última definição é a que se afigura adequada. Se a ética


constitui uma das práticas humanas, então a Ética será a fundamentação teórica e crítica
da Ética como área de conhecimento e da prática humana.

2. Conceito de ética: Ética ou Moral

A primeira forma de chegar a um conceito é analisar a sua etimologia. Por isso, vamos
primeiro analizar a etimologia do conceito ética. Etimologicamente, a palavra «ética»
provém do grego e tem dois significados:

i) O primeiro provém do termo éthos, que significa hábito ou costume; Posteriormente,

ii) Originou-se o vocábulo êthos, que significa modo de ser ou carácter.

Aristóteles considera que ambos os vocábulos são inseparáveis, uma vez que é a partir
dos hábitos e costumes que se desenvolve no homem um modo de ser ou personalidade.
Aristóteles foi também o primeiro a falar de uma ética como ramo da filosofia,
escrevendo um tratado sobre ela «Ética a Nicômaco». Esta obra foi traduzida para o
latim, tendo dado origem ao termo mos, moris (moral em português), que equivale
unicamente a hábito ou costume. Este é outro dos sentidos do termo moral.

Entretanto, tanto a ética como a moral têm um sentido eminentemente prático. No


entanto, a ética é um conceito mais amplo. Ora vejamos:

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 Moral é um conjunto de regras, valores, proibições e tabus, impostos de
fora (pela política, costumes sociais, religião e as ideologias);
 Ética implica sempre uma reflexão teórica sobre qualquer moral, uma
revisão racional e crítica sobre a validade da conduta humana.

Assim:

 A ética faz com que os ideais e valores provenham da deliberação


própria do homem e apresenta-se como um conhecimento que se
preocupa com o fim a que deve dirigir-se a conduta humana e os meios
para o alcançar.
 A ética é uma racionalização do comportamento humano, isto é, um
conjunto de princípios e enunciados criados pela razão, e que orientam a
conduta;

O carácter normativo da ética tem como fundamento um aspecto essencial da natureza


humana: o homem é imperfeito, mas é aperfeiçoável… (perfectível)

Assim, a ética procura que os actos humanos se orientem no sentido da procura da


rectidão. Estuda, pois, os actos que contribuem ao aperfeiçoamento. A rectidão entende-
se como a concordância entre as acções humanas e a verdade e o bem, e significa a
pauta apropriada para o desenvolvimento da natureza humana.

Quando se fala de ética como ciência normativa sobre a rectidão dos actos humanos,
trata-se de uma «ética geral», e que considera princípios metafísicos e antropológico-
filosóficos, que tenta explicar questões como a liberdade, a natureza do bem e do mal, a
virtude, a felicidade, etc.

Em suma,

Vale dizer que, enquanto a Moral consiste num quadro de regras de conduta pré-
estabelecidas, que devem ser observadas acriticamente, a Ética pretende ser uma
reflexão sobre as regras de conduta, procura fundamentar essas regras, encontrar
a sua razão de ser. Desta maneira, procura estabelecer o bem como valor a ser
assumido livremente para guia das nossas escolhas.

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3. A Natureza da Ética e Julgamento Ético

Nesta parte vamos primeiro apontar as diferenças entre o campo da ética (ético) e o
campo dos factos (factual). De seguida iremos nos referir as três formas de pensamento
ético e o enquadramento de cada um.

Comecemos com duas palavras: Deve e Pode

Existe uma diferença entre dizer “alguém deve fazer A” e dizer “alguém pode fazer A”.

Dizer que “o Pedro deve fazer A”, significa que é dever do Pedro fazer A. Mas o facto
pode ser que, apesar Pedro dever fazer A, ele não pode de facto fazer A.

Pode se dizer, por exemplo, que Pedro deve pagar a mensalidade do filho. Mas ele pode
estar na prisão ou pode ser tão pobre que não pode ter dinheiro para pagar a
mensalidade do filho. Mas continua correcto dizer ou esperar que Pedro deve pagar a
mensalidade do filho.

3.1 Campo da Ética e Campo dos Factos

Os termos: deve e pode são dois termos pertencentes dois campos diferentes.

O termo deve pertence ao campo da ética ou ao campo dos valores. Daí que, quando
dizemos que uma pessoa dever realizar alguma acção, nós estamos a fazer um juízo de
valor acerca da relação entre essa pessoa e a acção que deve realizar. Por exemplo, dizer
que Pedro deve pagar a mensalidade do filho significa que sentimos um valor na relação
entre Pedro e o filho.

Os juízos de valores são julgamentos feitos no campo da moralidade. Mas a sua


verificação nem sempre depende da observação de factos.

O termo pode pertence ao campo dos factos. E dizer, por exemplo, que uma pessoa pode
realizar algumas acções significa que existem factos que mostram que a pessoa tem a
habilidade/capacidade de realizar a acção. O termo pode é usado nos juízos factuais. Os
julgamentos factuais são aqueles que podem ser verificados apelando às observações
empíricas (científicas). Por exemplo, dizer que Pedro pode pagar mensalidade do filho.

a) Termos éticos e termos factuais

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 Os termos éticos são: bom, mau, certo, errado, dever, obrigação etc.

Assim, os juízos éticos são afirmações que no mínimo incorporam um termo ético. Por
exemplo, a afirmação “o Pedro deve pagar a escola do filho”.

 Os termos factuais são: alto, curto, grande, margo, magro, invisível, vivo,
morto etc.

Assim, para avaliar se Pedro tem a obrigação de pagar a mensalidade do filho usamos o
julgamento moral. Mas avaliar se o Pedro é alto, usamos julgamentos factuais.

4. Autoridade nos Julgamentos Ético

O objectivo desta parte é mostrar a importância da autoridade nos juízos éticos.


Autoridade aqui significa um critério na base do qual podemos dizer se uma pessoa ou
uma acção é boa, certa, errada, etc.

O que se pretende aqui é revelar os padrões comuns nos quais as pessoas se baseiam
para tomar posições morais e fazer decisões éticas na sociedade em que vivem. De
seguida iremos verificar os pontos fortes e fracos das escolhas éticas baseadas apenas
nesses padrões. No fim introduziremos o critério da razão como verdadeiro critério do
julgamento moral.

Portanto, a questão aqui é de saber com base em que padrões fazemos os julgamentos
éticos. Mas antes de analisar estes padrões vamos olhar para uma ideia básica: o valor
como ideia básica.

O que é valor?

Do ponto de vista ético, os valores são os fundamentos da moral, das normas e regras
que prescrevem a conduta correta. No entanto, a própria definição desses valores varia
em diferentes doutrinas filosóficas. Para algumas concepções, é um valor tudo aquilo
que traz a felicidade ao homem. Mas trata-se igualmente de uma noção difícil de se
caracterizar e sujeita a divergências quanto à sua definição. Alguns filósofos consideram
também que os valores se caracterizam por relação aos fins que se pretendem obter, a
partir dos quais algo se define como bom ou mau. Outros defendem a ideia de que algo
é um valor em si mesmo. Por via disso, discute-se, assim, se os valores podem ser
definidos intrínseca ou extrinsecamente. Há ainda várias outras questões envolvidas na
discussão filosófica sobre os valores, por exemplo, se os valores são relativos ou

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absolutos, se são inerentes à natureza humana ou se são adquiridos etc. (JAPIASSÚ-
MARCONDES, 2006)

Isto é, por hora o que nos interessa é que nos juízos de valor usamos as palavras bom,
mau, certo, errado, etc., fazer um juízo ético implica fazer um juízo de valores. Para
fazer esses juízos nós usamos os seguintes critérios:

a) A intuição: instintos como base para a tomada de decisões.


b) Os Costumes: hábitos tradicionais, mas também as regras de vida das
sociedades moderna. Aqui jogam papel os tabus, a religião, pressão social
como meios para reforçar a moral.
c) A Consciência: um sentimento inato que conduz a vontade e conduta de
alguém. Diferentemente dos instintos a consciência pode ser explicada e
defendida.
d) A Razão: que pode ser dedutiva ou indutiva. Isto é os julgamentos morais
podem ser resultado de dedução ou indução.

Considerar a razão como autoridade no julgamento moral implica basear as visões,


crenças éticas que defendemos em considerações racionais. Quando falamos de
teorias éticas como teorias filosóficas estamos a falar do resultado de processo
racional de produção de princípios com base nos quais devemos basear todos os
nossos julgamentos morais.

5. Tipos de Ética: diferentes maneiras do pensamento ético (Descritiva,


Normativa, Mata ética)
5.1 Meta ética

Na meta ética a nossa preocupação é com a análise do significado e da natureza dos


termos éticos e do julgamento assim como a formulação e avaliação das teorias éticas.

Alguém pode, por exemplo dizer que o termo bem é o termo básico em todo o
julgamento moral; outro pode dizer que o temo básico é o dever, é o fim, a utilidade, por
aí em diante.

A discussão dos filósofos sobre a ética forma um tipo de corpus de pensamento


conhecido como metaética. É dentro da meta ética que são formuladas as vigorosas
teorias éticas.

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Portanto, este tipo de pensamento ético é o próprio da Filosofia e tem a ver com o
exercício da habilidade intelectual para entender e explicar termos e teorias éticas.

5.2 Ética Descritiva

Acontece que as vezes observamos actividades de pessoas numa dada comunidade. Tais
actividades podem fazer parte das suas práticas culturais. Por exemplo: casamento,
funeral, rituais ou interração nas actividades do dia a dia. Tendo observado tais
actividades podemos depois descrevê-las a uma terceira pessoa. Suponhamos que
alguém procura descrever as práticas de casamento entre os bitongas. Ele poderá
explicar tais praticas afirmando o que é considerado bom, mau, certo ou errado durante
a cerimónia de casamento entre os bitongas.

A descrição não inclui apenas os factos (aquilo que acontece) mas o pensamento que
está por detrás desses factos. É a isto que é designado de pensamento descritivo da ética.
O resultado do descrito é o que se chama ética descritiva.

Este tipo de método da ética é usado na antropologia e na sociologia. Compreende o que


aquilo que por consenso é descrito ou entendido como (moral ou imoral) pelas pessoas.

Alguns métodos que podem ser usados na ética descritiva.

5.3 Ética Normativa

Normas são regras ou requisitos que são suposto ser aceitáveis e desejáveis para quase
todos os membros de uma determinada sociedade ou grupo. Dizer que algo é normativo
numa dada sociedade, entre determinado grupo de pessoas significa que tal coisa é
praticável e considerada desejável por quase todos os membros de tal sociedade. Por
exemplo, dizer que num determinado clã é norma casar com parceiros de clã diferente
significa que é considerado imoral o casamento dentro do mesmo clã.

Portanto, o pensamento normativo da ética é o tipo que nos permite identificar regras ou
acções que uma dada sociedade ou grupo considera como norma na sua vida social.

Alguns exemplos do pensamento normativo da ética:

 Deves respeitar a mãe do outro;


 Todos os criminosos devem ser encarcerados;
 É desejável premiar os inocentes e condenar os culpados.

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6. A Ética Normativa e Éticas Aplicadas

Quando se fala de ética como ciência normativa sobre a rectidão dos actos humanos,
trata-se de uma «ética geral», que considera princípios metafísicos e antropológico-
filosóficos, que tenta explicar questões como a liberdade, a natureza do bem e do mal, a
virtude, a felicidade, etc.

Podem considerar-se âmbitos especiais de estudo da ética, por. exemplo: ética


ambiental, profissional, da comunicação social, da educação, etc.

7. Problemas Práticos da Ética na Vida Humana e na Sociedade: Dilemas


Éticos e a questão do eticamente melhor

Sob este título vamos analisar dois dos maiores problemas práticos da ética que estamos
propensos a enfrentar na nossa interação com as pessoas na sociedade, exactamente, a
questão da relação entre virtude e prazer e a questão dos dilemas éticos e o
eticamente melhor.

7.1. Relação entre Virtude e Prazer

O primeiro problema prende-se com a questão de articulação entre virtude e prazer.


De uma forma mais precisa, a questão é de saber se a virtude e o prazer são a mesma
coisa (são as duas faces da mesma moeda) ou são realidades completamente diferentes.

Comecemos então por definir os conceitos Virtude e Prazer.

a. Virtude

Geralmente, por virtude refere-se à correcção ou bondade em assuntos morais. Quando


dizemos que esta pessoa é virtuosa queremos dizer que as suas acções são correctas, isto
é, se as suas acções são moralmente recomendáveis ou meritórias (Oruka; 2007:8).
Aristóteles define a virtude como justa medida, isto é, o meio termo entre duas
realidades viciosas, precisamente, o meio termo entre a falta e o excesso. Deste modo, o
vício apresenta-se como o oposto à virtude.

b. Prazer

Por prazer nos referimos a algo como um sentimento bom, gozo ou felicidade. Uma
pessoa pode sentir prazer no sentido físico (quando coloca açúcar na língua), assim
como no sentido espiritual ou intelectual (o deleite que se pode sentir ao ler um

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romance, ou pela realização de experimentações científicas, mas também na
contemplação religiosa e criatividade artística).

Definido o que é virtude e o que é prazer, vamos então analisar a relação entre estas
duas realidades. Existem pelo menos duas possibilidades de fazer esta relação:

 A primeira é aquela que considera tratar-se da mesma realidade, isto é, de duas


faces da mesma moeda. Esta possibilidade é defendida pela teoria que afirma
que não pode existir virtude sem prazer e prazer sem virtude. Oruka afirma que
se nós aceitarmos esta teoria estamos a afirmar que quem é virtuoso sente-se
contente e que qual sentimento de prazer é necessariamente acompanhado por
virtude (id: 8).

Mas se considerarmos a vida prática, nem sempre a virtude e o prazer coincidem.


Muitas vezes até se afiguram opostos. Considerarmos um exemplo:

 uma pessoa viciada em álcool. Ele bebe muito todos os dias. Ele vendo-se com
ressaca de manhã, que o seu trabalho é mal feito ou feito pela metade, seu
dinheiro desaparecendo no álcool, sua saúde cada mais debilitada arrepende-se
dos seus excessos. Daí decide tomar uma decisão: “de agora em diante não bebo
mais álcool – é mau em si e nas suas consequências”. Mas no fim do dia ele
volta a beber.

Este exemplo exprime de uma forma prática o conflito entre virtude e prazer. O prazer
compele a pessoa a beber continuamente, mas a virtude o aconselha todas as manhãs a
mudar a sua compulsão por álcool. No fim ou a virtude ou o prazer vencerá. Se vence
o prazer, ele beberá até a morte; se vencer a virtude, ele ira moderar ou parar na bebida
e adquirir o hábito de ser moderado, o que resultará no facto de que passará a fazer o
seu trabalho eficientemente.

Neste exemplo percebe-se que a pessoas em questão encontra prazer na bebida, mas
sabe que se moderar na bebida irá causar menos mal a si e aos outros. Entretanto tem
um problema: ele quer para com o seu hábito de beber, mas mas ele não pode parar –
ele gosta da virtude mas não consegue desobedecer o prazer.

DAQUI RESULTA QUE A VIRTUDE E O PRAZER NÃO SÃO A MESMA


COISA, PELO MENOS NA VIDA PRÁTICA.

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A segunda considera que a virtude e o prazer são duas realidades diferentes. Isto é, a
virtude não tem nada que ver com o prazer; e o prazer não tem nada que ver com a
virtude. De modo que a fuga da dor e a busca do prazer pode significara o abandono da
virtude e um cair no vício.

Daqui a grande questão:

 Poderá alguém na sua vida buscar a virtude ou o prazer? Poderá o cultivo da


virtude ou do prazer ser guia ou princípio de vida das pessoas?

Desta questão deriva uma série de outras questões:

 pode o apetite natural de uma pessoa conciliar-se com o seu desejo moral pela
virtude?

 Se a felicidade e a virtude são a mesma coisa? O que é a virtude? Será a mesma


coisa que o certo/correcto?

 O homem é por natureza virtuoso ou é naturalmente controlado pelo seu apetite


pelo prazer?

 Existe uma ligação entre a natureza e a moralidade? Se existe, será a natureza


ligada ao apetite e à moralidade à virtude?

 Haverá prazer na virtude e virtude no prazer?

 Qual é o fim da vida humana? Será a virtude ou o prazer?

Entretanto, na vida prática as pessoas adoptaram os dois tipos de soluções ao problema


levantado pela questão da virtude e do prazer:

Uns agem de forma que sugere que para eles o prazer é o bem supremo a ser
procurado na vida. Este tipo de pessoas (aquele que procura na vida exclusivamente o
prazer) é o dos chamados hedonistas. Do hedonismo, a corrente filosófica que defende
que o prazer é o único, ou pelo menos o bem supremo na vida.

Outros, por sua vez, procuram na vida a virtude. este tipo é daquelas pessoas que
adoptam certos princípios de vida como os provenientes, por exemplo da religião, da
ideologia política, dos compromissos comerciais e seguem estas formas de vida, em

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prejuízo de outas. A sua concepcção é de que eles nunca farão algo errado enquanto
forem fieis as formas de vida que tiverem escolhido.

7.2. Dilemas Éticos e o Eticamente Melhor


7.2.1. Dilemas Éticos

Sempre que realizamos ou pretendemos realizar uma acção moral surge a questão de
saber o que é certo e errado, bom e mau, dever e obrigação. Por exemplo, se alguém
tomar a decisão acerca de com quem deve casar, deve considerar a questão de saber se é
certo ou errado, bom ou mau escolher uma certa pessoa para casar. Esta questão
apresenta um dilema no sentido em que geralmente não temos certeza se escolhemos o
parceiro certo. Nunca estamos certos se escolhemos ou não a pessoa certa de maneira a
tomar uma decisão indubitável. Entretanto, temos que decidir. A grande questão aqui
é: estando certo ou não sobre a decisão que deve tomar, deve tomar a decisão. Isto
significa que as questões de certo, errado, bom, mau, dever, obrigação algumas vezes
trazem-nos o problema de dilemas éticos.

O dilema é geralmente considerado como a escolha que alguém tem de fazer entre duas
diferentes alternativas indesejáveis. Por exemplo: é um dilema ter que escolher entre
enfrentar um raptor de um filho muito querido (com a possibilidade de poder ser morto
a ti e ao teu filho) ou entregar o filho sem protestar. No entanto, o dilema não significa
somente que as escolhas são ambas indesejáveis. As escolhas também podem ser
desejáveis. O essencial do dilema é que as escolhas, desejáveis ou não, elas não podem
ser satisfeitas ambas ao mesmo tempo.

Especificamente, um dilema moral/ético é a escolha que alguém deve fazer entre duas
(ou mais) alternativas de acção que requerem considerações morais e que
independentemente da escolha, vai parecer ter tomado uma decisão negligente. Vamos
supor que você deve decidir se paga a escola de seu filho ou paga o crédito bancário: se
escolher pagar o crédito vai parecer que negligenciou as necessidades do seu filho; mas
se escolhe pagar a escola, alguém pode dizer que você não respeitou um importante
compromisso financeiro.

7.2.2. O Eticamente Melhor

Deve-se entender por eticamente melhor a escolha entre:

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A melhor de duas acções boas;

A melhor entre uma acção completamente boa e outra completamente má;

A melhor de duas acções mãs;

A melhor entre uma acção boa e uma outra que não seja nem boa nem má;

A melhor entre uma acção neutra e uma acção má.

8. Teorias Éticas

No capítulo 5, enquanto falávamos dos diferentes tipos de ética, no referimos a


discussão dos filósofos sobre a ética forma um tipo de corpus de pensamento conhecido
como metaética. O que significa que é dentro da meta ética que são formuladas as
vigorosas teorias éticas. Nesta parte iremos nos referir a algumas das teorias morais
significativas do século XX.

8.1. O Naturalismo ou Difinismo

8.2. O Intuicionismo
8.3. O Emotivismo
8.4. O Relativismo
8.5. O Subjectivismo

António dos Santos Mabota


Bibliografia

ARISTÓTELES. (2006) Ética a Nicômaco. 2ª ed., Lisboa: Quetzal Editores.

BLAKBURN, Simon (1994). Dicionario de Filosofia. Lisboa: Gradiv.

Cañas-Quirós, R. (1998). Ética general y ética profesional, Revista


Acta Académica, Universidad Autónoma de Centro América, 23, s.n

Oruka, H. O. (1990). Ethics. Nairobi: University of Nairobi Press.

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