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Equipe de Pesquisa
Fernando Salla - Coordenador - NEV/USP
Paula Rodriguez Ballesteros – NEV-USP
Olga Espinoza – Centro de Estudios en Seguridad Ciudadana (CESC)
Fernando Martínez - Centro de Estudios en Seguridad Ciudadana (CESC)
Paula Litvachky - Centro de Estudios Legales y Sociales (CELS)
Novembro, 2008
1. Introdução
O objetivo da pesquisa proposta neste paper é descrever e analisar a
situação dos sistemas prisionais em três países da América Latina – Brasil,
Chile e Argentina – e que aspectos sociais, políticos e institucionais tornam
possível que graves violações de direitos humanos sejam impostas aos
indivíduos no âmbito da justiça criminal e em particular nos espaços de
detenção. Trata-se de explicar como regimes democráticos são capazes de
conviver com as graves violações de direitos humanos para os cidadãos
envolvidos com a quebra das leis.
Para compreender e explicar esses cenários, dois pressupostos
orientam a reflexão: o primeiro refere-se ao fato de que os três países além
de apresentarem condições políticas e econômicas internas peculiares,
associadas a sua trajetória de formação histórica, tiveram regimes
autoritários que marcaram profundamente a organização e funcionamento
dos aparatos de segurança pública. Trata-se de uma pesada herança que
ainda se faz presente na vida social e política daqueles países e que
interfere na agenda de proteção aos direitos humanos. O segundo
pressuposto diz respeito aos modos pelos quais esses países foram e
continuam sendo influenciados pelas mudanças no contexto mundial,
tanto em termos de arranjos econômicos e políticos como também em
relação às novas percepções de política penal que emergiram nas últimas
décadas. O fato é que a globalização, a agenda neoliberal, o novo perfil do
estado implicaram tendências favoráveis à democracia mas não deixaram
também de produzir novas percepções de como lidar com os crimes e
criminosos que acabariam favorecendo a sobrevivência no interior
daqueles três países de práticas no âmbito da segurança pública pouco
afinadas com o respeito aos direitos humanos.
A confluência desses processos históricos internos e de tendências
recentes nas políticas penais em escala mundial é responsável pela adoção
em cada um daqueles três países de legislação cada vez mais severa para o
enfrentamento do crime e na imposição do tratamento ao criminoso. São
esses processos responsáveis pelo extraordinário crescimento da
população encarcerada nas duas últimas décadas e que vem
1
acompanhado de um agravamento das condições de encarceramento.
Graves violações de direitos humanos se expressam na continuidade da
prática de tortura aos prisioneiros comuns, na existência de maus tratos e
nas degradantes condições de manutenção das pessoas presas nos três
países.
2
absolutos, o ditador fechou o Parlamento, extinguiu todos os partidos
políticos e perseguiu os movimentos organizados da sociedade civil.
Neste período, estes três países tiveram legislações criadas ad hoc
que davam amplo espaço para as arbitrariedades que viriam a ser
cometidas pelos seus governantes. As forças policiais e o aparato de justiça
passaram a servir precipuamente para combater os crimes políticos
cometidos pelos opositores dos regimes militares e, além disso, inúmeras
outras ações do Estado se davam ainda assim à margem da lei, agravando
as violações aos direitos dos cidadãos, inclusive àqueles garantidos pelos
instrumentos internacionais já vigentes à época. Conforme registros de
organismos de defesa de direitos humanos, como a Organização dos
Estados Americanos – OEA, estima-se que o número de presos no Chile
chegou a mais de 50 mil e o de desaparecidos ou mortos a quase 7001; na
Argentina estas cifras se invertem: cerca de 30 mil desaparecidos ou
mortos e 10 mil detidos; no Brasil, contaram-se 300 mortes ou
desaparecimentos e 25 mil prisões.
Hoje, algumas décadas depois de restabelecidos os regimes
democráticos2, o legado deixado pelas ditaduras nestes países ainda
permanece. Seja pela ideologia e cultura política que deixaram, seja pela
desestruturação das instituições e dos processos democráticos com o uso
abusivo da repressão – em especial da violência física – para garantir a
manutenção da ordem ocorridos no passado, ou enfim pela fragilidade do
Estado na promoção dos direitos dos cidadãos. Enfim, são fatores que
atualmente influenciam a consolidação das democracias brasileira,
argentina e chilena.
Em termos de condições socioeconômicas, os três países fazem parte
do grupo de considerado de alto desenvolvimento humano do Índice de
Desenvolvimento Humano (PNUD, 2005): o Brasil na 70ª posição no
ranking mundial e PIB per capita de U$ 4.297,00 dólares (BID, 2005); a
Argentina está em 38º lugar no ranking mundial, com PIB per capita de U$
4.704,00 dólares; já o Chile aparece em 40.º lugar, tendo PIB per capita de
1
O número de mortos e desaparecidos no Chile varia, muitas organizações da sociedade civil apontam entre
dois e quatro mil pessoas mortas e desaparecidas.
2
A ditadura teve fim em 1990 no Chile, em 1985 no Brasil, e na Argentina em 1983.
3
U$ 7.351,32. O pertencimento desses países ao grupo de elevado
desenvolvimento humano, no entanto, não tem se traduzido na eliminação
de graves violações de direitos humanos.
Há na atualidade liberdade de imprensa, liberdade de organização,
eleições livres, ordenamento constitucional e o funcionamento das
instituições republicanas. Os países latino-americanos são signatários dos
principais instrumentos internacionais de proteção e promoção aos
direitos humanos. No entanto, em diversos aspectos, violações de direitos
humanos são facilmente encontradas, como, por exemplo, nas condições
de pobreza e privação em que vivem milhões de pessoas, na desigualdade
de acesso ao trabalho e à vida digna, na discriminação étnica e racial etc.
Além disso, a violência, as graves violações de direitos humanos não foram
suprimidas das operações policiais, dos interrogatórios, das condições de
encarceramento para os suspeitos e condenados. Essa violência não se
direciona mais para os presos políticos, como anteriormente nos regimes
autoritários, mas se impõe severamente para os presos comuns.
4
neoliberalismo, de revisão de muitos postulados do Welfare State,
especialmente em relação ao papel do estado na defesa e promoção dos
direitos do cidadão e no reconhecimento de suas responsabilidades na
promoção desses direitos. Proporcionalmente inversa à liberalização da
economia, ao fortalecimento do mercado como paradigma regulador das
relações econômicas e sociais, avançaram os controles sociais sobre os
cidadãos de um modo geral, mas sobretudo sobre os segmentos mais
afetados pelo desemprego, pela nova economia centrada na elevação de
produtividade com baixa assimilação de mão-de-obra. Uma concepção
securitária se estende por todos os campos de atividades e direciona as
ações para a redução dos riscos. No terreno da segurança pública, essa
concepção se converte nas propostas de controles sociais mais rígidos e
consequentemente em políticas penais mais severas. Os Estados Unidos
lideraram esse processo que se traduziu na “guerra contras as drogas”,
nas propostas de políticas repressivas como a “tolerância zero”, e na
adoção de leis do tipo Three Strikes and you are out, iniciativas que
acabaram abarrotando as prisões daquele país. Em 1992, os EUA tinham
1,300.000 pessoas presas com uma taxa de 505 presos por 100 mil
habitantes. Em junho de 2007, sua população presa era de 2,300.00 e a
taxa era de 7623.
Na literatura internacional que analisa as políticas penais nos
últimos vinte e cinco anos e em particular as questões prisionais (David
Garland, 2001; Loïc Wacquant, 1999; Zygmunt Bauman, 1999; Gilles
Chantraine, 2006), a constatação é de que o encarceramento em massa
presente nesse período é uma decorrência dessa nova percepção de que os
riscos devem ser reduzidos, as políticas de prevenção ao crime devem ser
mais amplas, e que os criminosos devem ser mais severamente punidos e
controlados. O penal welfarism que acompanhava o estado desde os anos
1950 foi sendo deslocado e substituído pela percepção de que a sociedade
tem pouca responsabilidade sobre eles criminosos enquanto produto social
e que as escolhas individuais são soberanas.
3
Dados disponíveis no site do International Centre for Prison Studies - http://www.kcl.ac.uk
5
O resultado é que as taxas de encarceramento se elevam em todo
mundo desde o início dos anos 1980. Em alguns países esse ritmo é mais
intenso: Espanha que em 1992 tinha 35,200 presos, em 2008 já alcançava
72,000; Grã-Bretanha em 1992 tinha 44,700 presos e em 2008 83,500;
Polônia, de 61,400, em 1992, para em 2008 a 85,500; Holanda tinha 7,300
presos em 1992 e salta para 16,400 em 2008. Em outros como Bélgica,
Itália, Suíça, Áustria na Europa apresentavam um crescimento menos
intenso4.
Acompanha essa tendência a adoção de formas mais severas de
organização e funcionamento do aparato repressivo. Especialmente nas
últimas décadas as prisões passaram a ter regimes disciplinares mais
duros e que de certa modo confrontam as disposições até então
predominantes de imposição de um tratamento penitenciário voltado para
a reinserção social dos presos, ao impor-lhes uma verdadeira imobilização
nas prisões. As unidades especiais de encarceramento e as unidades de
segurança máxima-máxima (supermax) são exemplos que se disseminaram
pelo mundo, especialmente a partir da experiência norte-americana.
As políticas penais que foram adotadas no Brasil, Chile e Argentina
não deixaram de ser fortemente influenciadas por esses novos marcos
estabelecidos principalmente nos países desenvolvidos. A hipótese é de que
nesses países latino-americanos os princípios democráticos não estavam
suficientemente enraizados na população e nas instituições. Eles foram
bastante sensíveis à adoção de políticas penais mais severas e
intransigentes mesmo quando estavam em plena retomada da vida
democrática depois de décadas de regime autoritário.
A tabela abaixo mostra como Brasil, Argentina, Chile apresentaram
um intenso processo de crescimento de suas populações encarceradas. Do
início da década de 1990 até os anos mais recentes, o Brasil teve um
aumento de quase 4 vezes na sua população presa, a Argentina quase que
triplicou, e o Chile mais que dobrou.
4
International Centre for Prison Studies - http://www.kcl.ac.uk
6
População encarcerada e taxa por 100 mil
hab.
Países Cone Sul
Brasil
1992 1997 2004 2007
114.377 74 170.602 102 331.457 183 422.590 220
Argentina
1992 1998 2004 2006
21.016 63 35.808 100 54.472 140 60.621 154
Chile
1992 1998 2004 2008(maio)
20.989 155 26.871 181 38.064 238 48.855 293
Fonte: International Centre for Prison Studies
5
Dados do Latinobarómetro publicados no jornal Folha de S. Paulo, em 15/11/08.
7
As condições de encarceramento nos países da América Latina
afrontam as disposições legais internas e as orientações contidas em todos
os documentos internacionais de proteção aos direitos humanos, tanto da
Organização das Nações Unidas como da Organização dos Estados
Americanos. Basta tomarmos os padrões estabelecidos no documento
Regras Mínimas para o Tratamento dos Presos, o mais importante sobre as
condições de encarceramento, adotado em 1955, durante o Primeiro
Congresso das Nações Unidas para a Prevenção do Crime e o Tratamento
do Delinqüente, realizado em Genebra. São sistematicamente ignorados
nos países latino-americanos princípios básicos que norteiam as Regras
Mínimas como a necessidade de tratamento igual a todos os presos,
independentemente de qualquer condição econômica, social, política,
orientação sexual, religiosa, filiação étnica etc. As prisões ali são
predominantemente ocupadas por pessoas pertencentes às camadas mais
pobres da população, negros, migrantes.
Outras orientações das Regras também são desrespeitadas como a
separação dos presos por categorias, a manutenção das prisões em boas
condições de funcionamento e um tratamento que não avilte a dignidade
do preso. Na maior parte das prisões da América Latina os presos comuns
são submetidos a privações em relação à alimentação, aos serviços de
saúde, atendimento jurídico, sem contar com os baixos níveis de
atividades de promoção da reinserção social, como a orientação vocacional,
as atividades educativas, de lazer e de trabalho. Mulheres, pessoas com
transtornos mentais são ainda mais afetados pela deficiência dos serviços,
pela precariedade das condições das prisões pelo não-atendimento de suas
necessidades específicas.
Os sistemas prisionais na América Latina também apresentam
déficits consideráveis em aspectos importantes para o bom funcionamento
das prisões como a existência de pessoal qualificado, bem treinado e bem
remunerado. A manutenção da boa ordem e disciplina está
constantemente comprometida. As práticas de violência e corrupção são
freqüentes e tornam os ambientes prisionais espaços de violações de
direitos humanos ainda mais amplas.
8
No Brasil os 422.590 presos são mantidos em 1097 prisões, que têm
capacidade para encarcerar apenas 233.907 presos, havendo 82% além da
capacidade de vagas. Na Argentina, os 60.621 presos estão em 218
prisões, que têm capacidade para 46.494 presos, havendo 30% além da
capacidade. No Chile, os 48.885 presos são mantidos em 167 prisões, com
capacidade para 31.576 presos, havendo 55% de presos além da
capacidade (Dammert & Zúñiga, 2008).
Rebeliões nas prisões argentinas e brasileiras, por exemplo, têm sido
constantes e muito violentas com elevados prejuízos para as instalações e
para a estabilidade no funcionamento das prisões, e para a segurança de
presos e funcionários. Ao mesmo tempo, a violência entre os próprios
presos com assassinatos, muitos repletos de crueldade elevaram-se nesses
dois países nos últimos quinze anos6. Rebeliões e mortes indicam que as
autoridades não têm sido capazes de manter a ordem e o controle sobre a
vida prisional, permitindo que presos, grupos e gangues estejam
provocando conflitos e enfrentamentos tanto com outros presos como
também com as autoridades.
4. Desenvolvimento da pesquisa
As condições de mudança e permanência nas prisões
contemporâneas podem ser observadas a partir de três níveis de realidade,
segundo Gilles Chantraine (2006): o carcerário ou prisional, propriamente
dito, o penal e o societário. A análise proposta neste paper busca articular
esses níveis. Pretende alcançar as características fundamentais dos
espaços de detenção, em termos das formas de organização e
funcionamento das instituições prisionais, das interdições e sanções, dos
direitos assegurados ou não que acabam por interferir diretamente nas
formas de exercício de poder naqueles espaços. Nos países latino-
americanos a superlotação adiciona um componente agravante na
dinâmica de funcionamento das prisões. No plano penal, a análise volta-se
6
Para o Brasil, os melhores dados sobre presos assassinados nas prisões encontram-se nos planos diretores
que cada estado remeteu para o Ministério da Justiça em 2007 (http://www.mj.gov.br/depen). Para a
Argentina ver o documento Informe “Las Carceles en Argentina – Defensor Del Pueblo de la Nación, 2006.
Disponível em http://www.defensor.gov.ar/informes/carceles2006.pdf
9
para o aparecimento de novas ideologias e práticas que envolvem o uso
generalizado da noção de risco, de periculosidade, a crise do ideal de
reabilitação, a configuração de leis e políticas a partir daquelas ideologias,
as proposições de uma despolitização do plano penal e de redução dos
desafios desta área ao plano gerencial (managérialisme). Já no plano
societário a globalização, ou mundialização, as transformações no mundo
do trabalho, o neoliberalismo sugerem que novas formas de vida social
estabelecem novas equações entre a privação da liberdade e a liberdade em
geral. É fato, segundo Chantraine (2006:268), que não se tem mais as
concepções de liberdade construídas a partir de concepções de
solidariedade social, da necessidade de estabelecimento de estreitos laços
entre a liberdade individual e a dimensão coletiva onde ela se expressa.
Mais recentemente, a liberdade aparece associada ao individualismo, à
autonomia, à realização pessoal, à introspecção psicológica e ao
consumismo.
Tendo por base esses eixos de análise e sua articulação, o projeto
terá como pontos principais para a descrição e análise em cada um dos
três países:
• identificação do perfil da criminalidade na sociedade em geral,
destacando-se os homicídios, furtos e roubos e tráfico de drogas;
• identificação geral da legislação criminal com ênfase na adoção de
leis que tornam mais severas as punições aos crimes e que tornaram
mais rígidas as condições de encarceramento;
• configuração básica das instituições do sistema de justiça criminal –
polícia, ministério público, defensoria pública, sistema penitenciário
e poder judiciário – descrevendo-se as principais atribuições e
composição interna;
• avaliação da atuação do ministério público, defensoria e poder
judiciário em relação às condições do sistema prisional;
• formas de participação das organizações da sociedade civil no
monitoramento das condições de encarceramento;
• descrição e análise da estrutura do sistema prisional do país,
compreendendo número e tipo de estabelecimentos, capacidade,
10
déficit de vagas, quadro funcional, existência de corregedoria e
ombusdman;
• perfil da população encarcerada segundo o tipo de crime, idade,
sexo, escolaridade, etnia;
• descrição e análise das principais violações de direitos humanos nos
espaços prisionais, com especial atenção às mortes de presos, casos
de tortura, maus tratamentos e outros aspectos como as condições
de habitabilidade, e assistência médica, jurídica e social.
11
As principais fontes de informação a serem utilizadas pelos
pesquisadores em cada país são: os instrumentos legais; os dados
estatísticos e estudos gerados pelas instituições públicas do sistema de
justiça criminal, por organizações da sociedade civil ou por universidades;
os relatórios internos das instituições do sistema de justiça criminal; as
notícias da imprensa; os relatórios internacionais.
5. Resultados esperados
O paper final descrevendo e analisando as condições de
encarceramento nos três países numa perspectiva comparativa terá
versões em inglês, português e espanhol. Ficará disponível nos sites de
cada instituição participante para outros pesquisadores e público em
geral. São resultados também esperados: a consolidação de uma rede de
pesquisadores voltados para as condições de encarceramento na América
Latina, capaz de organizar eventos acadêmicos bem como formular novas
propostas de pesquisa; a manutenção de informações sobre o projeto e
sobre as condições prisionais dos países envolvidos nos sites das
instituições a que pertencem os pesquisadores; publicação nesses sites e
em periódicos acadêmicos, dos resultados e estudos derivados da
pesquisa; transferência dos resultados da pesquisa para as entidades do
sistema de justiça criminal, por meio de seminários, palestras e
distribuição de material impresso.
6. Bibiliografia
12
Informe “Las Carceles en Argentina – Defensor Del Pueblo de la Nación,
2006. http://www.defensor.gov.ar/informes/carceles2006.pdf
WACQUANT, Löic. (1999) Les Prisons de la Misère. Paris: Éditions Raisons
d’Agir.
13
Appendix 01
The Center for the Study of Violence was created during the democratic
transition, in 1987, and it is one of the Supports Centers for Research of the
University of São Paulo. One of the NEV/USP characteristic is the
interdisciplinary researches, which turns around a common theoretical question:
the persistence of serious Human Rights violations during the process of
democratic consolidation. The NEV/USP develops research projects, courses of
extension and activities directed to the promotion and protection of the human
rights. Through the Teotônio Vilela Commission, the NEV also acts denunciating
serious human rights violations and promoting universal access to human rights.
Throughout its 20 years of existence the NEV/USP developed a series of research
projects and courses of extension financed by the Ford Foundation, Rockefeller
Foundation, Red Cross International Committee, CNPq and Fapesp, beyond
accords with agencies of the ONU (OMS/PAHO, PNUD), European Union, Ministry
of Health, Ministry of Justice and Special Secretary of the Human Rights. Since
2000 NEV/USP is one of the Centers of Research, Innovation and Diffusion
(CEPID) of the Foundation of Support to the Research of the São Paulo State
(FAPESP).
In 2002-2005 the NEV was invited to the British Embassy in Brazil to make an
independent evaluation of the Improvement in Prison Management Project
that was developed in the states of São Paulo, Espirito Santo and Rondonia. The
main objectives of this project were: to identify deficits in prison service delivery
in those states when measured against international standards on human rights
and Brazilian law; to provide training for key personnel in developing and
delivering policies and procedures in accordance with those standards and legal
requirements; to develop, in conjunction with representatives of civil society,
processes of monitoring prison performance that could assist existing judicial
inspections.
Currently the NEV works with three lines of research, innovation and
dissemination: a) Democracy, Human Rights and violence: an integrated analysis;
b) monitoring Human Rights in Brazil and particularly in São Paulo; c)
Democracy, Human Rights and public security: comparative studies. For this, it
counts on a team of researchers and research assistants, graduated in the areas
of sociology, science politics, anthropology, history, laws, psychology, literature,
public health and statistics.
More information:
www.nevusp.org
14
Appendix 02
• INSTITUTIONAL INFORMATION
The Centre for Legal and Social Studies – Centro de Estudios Legales y Sociales
(CELS) – is a non-governmental organization that works on the promotion and
protection of human rights, and on strengthening the democratic system and the
Rule of Law in Argentina.
CELS was founded in 1979 – during the military dictatorship that ruled Argentina
between 1976 and 1983 – in response to the urgent need to take quick and
decisive action to stop serious and systematic human rights violations. The first
task was to provide legal counseling and assistance to the victims’ relatives,
especially in the case of the disappeared, and to document state terrorism.
Today, 30 years later, CELS translates that historical fight into its daily effort to
reinforce the democratic institutions that are essential to guarantee human
rights.
More information:
http://www.cels.org.ar
15
Appendix 03
CESC has defined three major areas of research where it concentrates its efforts.
These areas are the focal points of CESC’s work and best comprehend its mission
and goals.
Prison Studies
The goal of this area is work on prison issues which, together with the
institutional goal, aim to contribute to the creation and improvement of public
policies for social reinsertion that guarantee the exercise of civil rights.
As part of its work in this area, CESC has engaged in the following activities:
Research; Training and Professional Development; Dissemination and Impact.
The Police and the Judicial System
The goal of this area is to contribute to police and justice reform processes in
Latin America from an empirical and comparative perspective, strengthening local
capacity in these matters and sharing successful experiences in the region.
This area of CESC conducts research, provides consulting services and generates
knowledge that can be applied to improving the objective and subjective security
conditions faced by the justice system and police forces.
Crime Prevention
The Community Crime Prevention Program Strengthening Project, also known as
the “More Community More Prevention" project, seeks to address the need to
provide effective responses to increasing fear and violence. This project
contributes to strengthening the capacity of those who design and execute citizen
16
security programs in various Latin American countries. Likewise, it includes
research that expands knowledge about the most problematic neighborhoods
where prevention programs are focused in order to design them in the most
appropriate way.
17
Curriculum Vitae
e-mail: fersalla@usp.br
fersalla@gmail.com
18
Fernando Martínez Mercado
Email:
fmartine@uchile.cl
ferismart@gmail.com
Paula Litvachky
Email:
plitvachky@cels.org.ar
paulalit@gmail.com
19