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Biogeografia... desde a América Latina - 1
Organizadores
Leonice Seolin Dias
José Manuel Mateo Rodríguez
Jorge Luis Fontenla Rizo
BIOGEOGRAFIA
...desde a América Latina
1a Edição
TUPÃ/SP
ANAP
2016
2 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
Editora
Diretoria da ANAP
Presidente: Sandra Medina Benini
Vice-Presidente: Allan Leon Casemiro da Silva
1ª Tesoureira: Maria Aparecida Alves Harada
2ª Tesoureiro: Jefferson Moreira da Silva
1ª Secretária: Rosangela Parilha Casemiro
2ª Secretária: Elisângela Medina Benini
Suporte Jurídico
Adv. Elisângela Medina Benini
Adv. Allaine Casemiro
Revisão Ortográfica
Lúcia Maria Pacheco
Capa: Sierra Madre Occidental (Chepe), perto das “Barrancas del Cobre” (uma zona com uma topografia cheia
de rios encaixados com gargantas que chegam até os 1800 m de profundidade, habitada por um pequeno
grupo de indígenas chamados “Raramiri” ou “Tarahumara". A vegetação dominante é a “selva baixa
caducifólia” (um tipo de vegetação que perde quase todas as folhas no período anual das secas). Como outubro
é o final do período chuvoso, na fotografia aparecem as árvores com muitas folhas. Apesar das declividades
íngremes de toda essa região, os Raramuris conseguem praticar agricultura de sobrevivencia, principalmente a
cultura do milho. Os habitantes dessa região vivem em condições de pobreza, contrastando com a importante
atividade turística das “Barrancas del Cobre” e a importância que têm as atividades de mineração em locais
relativamente próximos Foto: Huerta (2009).
Biogeografia... desde a América Latina - 3
Organizadores
Possui graduação em Ciências pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Tupã-SP; graduação
em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de Araraquara-SP; Habilitação em Biologia pelas
Faculdades Adamantinenses Integrada de Adamantina-S; Especialização em Ciências Biológicas e
Mestrados em Ciências Biológicas e em Ciência Animal pela Universidade do Oeste Paulista de
Presidente Prudente-SP; Doutorado em Geografia pela Faculdade de Ciencias e
Tecnologia/Universidade Estadual Paulista – Campus de Presidente Prudente-SP (2016).
ISBN 978-85-68242-31-5
CDD: 900
CDU: 911/47
Sumário
Prefácio 08
Apresentação 12
Capítulo 1 13
A BIOGEOGRAFIA COMO DISCIPLINA CIENTÍFICA
José Manuel Mateo Rodríguez
Maira Celeiro Chaple
Capítulo 2 20
A PAISAGEM GEOGRÁFICA: NATUREZA, TEMPO E SOCIEDADE NA SERRA DA
BODOQUENA-MS
João Cândido André da Silva Neto
Natacha Cíntia Regina Aleixo
Capítulo 3 37
SOBRE COMPONENTES PANBIOGEOGRÁFICOS Y COMPONENTES ECOLÓGICOS
Jorge Luis Fontenla
Zehnia Cuervo
Capítulo 4
UMA ABORDAGEM CONCEITUAL DO POTENCIAL FITOGEOGRÁFICO E A 54
ATIVIDADE APÍCOLA EM SERGIPE
Edimilson Gomes da Silva
Maria do Socorro Ferreira da Silva
Rosemeri Melo e Souza
Capítulo 5 69
ECOLOGIA DA PAISAGEM DA PLANICIE ENTRE MARES –FLORIANÓPOLIS – SC
Talita Laura Góes
Angela da Veiga Beltrame
Capítulo 6
AVALIAÇÃO DAS PERDAS DE ÁREAS DE DISTRIBUIÇÃO NATURAL E O ESTADO 91
DE CONSERVAÇÃO DAS LAELIAS (ORCHIDACEAE) NO MÉXICO
Héctor Miguel Huerta Espinoza
Andrea Juárez Sánchez
Gerardo Adolfo Salazar Chávez
Biogeografia... desde a América Latina - 7
Capítulo 7
LOS PAISAJES DE LA CUENCA HIDROGRÁFICA ARIGUANABO, SU EVALUACIÓN 110
Y CARACTERÍSTICAS DE SU PAISAJE NATURAL PROTEGIDO “RÍO ARIGUANABO”
Alberto E. García
Bárbara Liz Miravet
Eduardo Salinas
Elizabeth Cruañas
Ricardo Remond
Adrían Martínez
Capítulo 8 125
ESTUDOS DE SUCESSÃO ECOLÓGICA APLICADOS À AVALIAÇÃO DAS
DINÂMICAS NATURAIS E ANTRÓPICAS, E SEUS NÍVEIS DE REGENERAÇÃO E/OU
DEGRADAÇÃO
João Baccarin Xisto Paes
José Mariano Caccia Gouveia
Capítulo 9 145
A EXPANSÃO DAS FLORESTAS ATLÂNTICAS ENTRE O RIO DE JANEIRO (RJ) E
JUIZ DE FORA (MG): UMA ÍNTIMA RELAÇÃO COM OS POVOS INDÍGENAS
Matheus Cavalcanti Bartholomeu
8 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
Prefácio
1
Professora Assistente Doutora de Geografia, Depto. de Geografia - FFLCH-USP desde 1986; Mestre e Doutora
em Geografia Física pela Universidade de São Paulo, Bacharel e licenciada em Biologia e Geografia pela mesma
Universidade. Desenvolve pesquisas socioambientais em Conservação de Florestas tropicais coordenando o
Grupo de Pesquisa - Paisagem e territorialidades na Serra do Mar, que está vinculado ao Laboratório de
Climatologia e Biogeografia/ Departamento de Geografia - FFLCH-(USP). Pesquisadora Principal do Projeto
História da energia elétrica no Estado de São Paulo (1890-1960): Patrimônio Industrial, Paisagem e Meio
Ambiente, denominado Eletromemória II, pela FAPESP. Credenciada no Programa de Pós-Graduação em
Ciências Ambientais da USP/PROCAM e Coordenadora do NUPAUB - USP. Coautora dos PCNs de Geografia,
MEC/SEF-BRASIL. Autora das Orientações Curriculares do Município de São Paulo, currículo do estado do Acre,
da cidade de São Luís (MA) e Indaiatuba (São Paulo). Especialista no Programa de Educação Ambiental em
Paragominas (PA) desenvolvido pelo CEDAC. Autora de vários livros e no campo da Educação Ambiental.
Organizadora dos Atlas Ambientais Municipais da Editora Geodinâmica/Programa Meio Ambiente
Pertencimento Ação (MAPA). Desenvolvo pesquisa de Pós-doutorado em Florestas Culturais na Amazônia.
Coordenou a elaboração de planos de manejo de áreas protegidas na Mata Atlântica. Atualmente coordena a
elaboração dos Planos de Manejo dos Parques Naturais do Rodoanel Trecho Sul através de Convênio técnico
científico entre a DERSA e o Departamento de Geografia- USP. Membro do Conselho de Defesa do Patrimônio
Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado – CONDEPHAAT. Vice Presidente do SIGAP- Sistema de
Informação e Gestão de Áreas Protegidas e de Interesse Ambiental do Estado de São Paulo. Coordendora do
Grupo de trabalho Àreas Verdes e Reservas Ecológicas para elaboração do Plano de Gestão Ambiental da USP e
Vice Chefe de Departamento eleita em 2015.
Biogeografia... desde a América Latina - 9
Apresentação
Tupã-SP, 2016.
Biogeografia... desde a América Latina - 13
Capítulo 1
INTRODUÇÃO
2
Facultad de Geografía - Universidad de La Habana. E-mail: mateo@geo.uh.cu
3
Doctora en ciencias geográficas Instituto de Geografia Tropical - Ministerio de Ciencia, Tecnologia y Medio
Ambiente.
E-mail: mairac@ceniai.inf.cu
14 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
espaço, e que é homogêneo no seu interior e se forma como resultado da interação dos
organismos vivos (plantas, os micro organismos, e a população animal). Foi um conceito
proposto pelo cientista alemão Karl August Möbius em 1877, que também fez a proposta da
criação de uma disciplina científica particular considerada como Biocenologia. Essa disciplina
considerou-se como a ciência sobre a inter-relação e a interação dos complexos da natureza
viva e da natureza não viva. Preocupar-se mais que tudo de pesquisar a circulação e a
produtividade biológica (SOLNTSEV, 2008).
Essa visão biológica tem desenvolvido ultimamente outros conceitos. O cientista
russo Sukachev fez a proposta do conceito de biogeocenose e defendeu a ideia sobre a
integridade e a interdependência da biocenose e seu meio (biótopo) abiótico (indireto). Ele
considerava a biocenose como o centro do sistema natural.
Nos últimos anos, a biogeocenose conceitua-se como um tipo de ecossistema no
qual o núcleo biótico está representado não por um organismo individual, mas pela
biocenose, ou seja, pelo conjunto dos diferentes organismos que se relacionam
estreitamente entre si, e o meio é representado pelo biótopo que é uma totalidade
organizada e limitada espacialmente.
Ou seja, a biogeocenose é considerada como a cela fundamental da diferenciação
da cobertura biótica, que é interpretada como ecossistema nos limites da fitocenose. A
biogeocenose nunca existe isolada, mas em uma relação espacial e funcional com as
comunidades vizinhas (MALJAZOVA et al., 2008).
A interpretação biológica da biosfera considera-a como o conjunto dos organismos
terrestres. Segundo esta visão, a proteção da natureza deve estar focada na proteção dos
organismos vivos. É definida assim como uma das esferas da Terra, que surgiu no transcurso
da evolução do planeta e que se caracteriza pela presença da vida.
O biótopo, por outra parte, é considerado como as condições homogêneas da vida,
de determinadas espécies de vegetação ou de animais, ou de ambos, para a formação de
uma determinada biocenose em uma área do espaço.
Na visão biológica, todos os conceitos reduzem-se em definir o ecossistema como a
noção mais geral que permite entender a distribuição da vida na Terra. O ecossistema é o
sistema ecológico, ou seja, o sistema no qual o elemento fundamental é por uma parte os
organismos, seus grupos ou o conjunto (espécies, grupos, populações, cenosis); e por outra
parte o meio, ou seja, o conjunto de fatores de seu habitat.
Biogeografia... desde a América Latina - 15
- A facie, termo proposto desde 1935 pelos cientistas rusos Ramenskiy e Berg, é a
paisagem ou o geosistema natural menor. Em toda a sua extensão é ocupado por uma
composição litológica das rochas, o mesmo caráter (mesoforma) do relevo, o tipo de
drenagem e umedecimento, o igual microclima, a variante dada de solos e uma mesma
biocenose. Pode considerar-se como sinônimo do termo geotopo, mas este é utilizado para
designar a situação do conjunto dos componentes naturais (morfotopo, litopo, pedotopo,
hidrotopo, climatopo e biotopo) de um sítio ou lugar (RODRIGUEZ; SILVA, 2013).
Existe toda uma classificação já assumida internacionalmente (VERSTAPPEN, 1983;
ZONNELVELD, 1995) sobre a hierarquia dos sistemas que se estendem desde a escala
planetária (a biosfera) até a escala topológica (a fácies). Essa classificação toma duas
variantes: a tipológica e a individual, ou seja, as características lógicas de repetitividade e
semelhança e as características próprias de singularidade e não repetição. Ambas as
sistematizações são fundamentais para entender as duas formas de distribuição da biota:
pela origem das características semelhantes em relação ao meio natural e pelas
características próprias da individualidade mais envolvida com relações filo genéticas.
Na realidade, quando se comparam ambos os enfoques percebe-se que o enfoque
biológico é mais centrado nos fatores genéticos e nas inter-relações entre os organismos
vivos e os diferentes fatores que formam o meio natural. O enfoque geográfico presta mais
atenção à distribuição dos organismos vivos no contexto da espacialidade, tendo em conta
as inter-relações dos componentes naturais e sua reação às ações humanas. E lógico que
este enfoque responde ao espírito original da formação da Geografia como uma ciência, e
neste sentido a Biogeografia seria parte da Geografia Física, que tem a paisagem e o
geossistema natural como seu conceito de gênero; e a Geografia como um nível hierárquico
visando entender a humanização do espaço natural e o uso de categorias geográficas gerais
(espaço, paisagem, território, meio) (Quadro 2).
18 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
Mas qualquer interpretação geográfica não pode deixar de lado a análise dos
fatores biológicos. Essa posição está levando ao surgimento do contacto entre a Geografia e
a Ecologia (termo foi introduzido em 1869 por E.Haeckel, como uma das ciências biológicas
que investiga as inter-relações entre os organismos e o meio) de uma visão científica
particular conhecida como geoecologia.
A Geoecologia considera-se como uma direção cientifica da Geografia das
Paisagens, que estuda os complexos naturais, antropos naturais e culturais da Terra, no nível
global, regional e local, e como se fosse o meio de habitat dos organismos, do homem e da
sociedade em inter-relação com as atividades socieconômicas (TIMASHEV, 2007). De acordo
com essa interpretação, o papel da Biogeografia seria entender como a biota contribui na
formação dos diferentes sistemas geoeocológicos, e como a distribuição da biota associa-se
a essas regularidades.
Então, partir-se-ia em assumir que a condição ecológica das combinações espaciais
da biota fundamenta-se na ideia de que a estrutura da cobertura biótica por essência, é um
reflexo da estrutura ecológica do espaço geográfico (MALJAZOVA et al., 2008).
Biogeografia... desde a América Latina - 19
Para isso, então, seria interessante assumir uma posição evolutiva, em que,
como resultado do processo de humanização da natureza, forma-se o espaço e a
paisagem geográfica. A biota tem um papel fundamental em entender essas duas
formas de manifestação do sistema ambiental: o cripto sistema e o feno sistema
(GONZALEZ BERNALDEZ, 1981).
REFERÊNCIAS
MATEO RODRÍGUEZ, J. M. Paisajes Naturales. Geografía de los Paisajes. La Habana: Editorial Félix Varela,
2011, 198 p. (Primera Parte).
MATEO RODRIGUEZ, J. M., SILVA, E. V. da. Planejamento e Gestão Ambiental. Subsidios da Geoecologia das
Paisagens e da Teoria Geossistemica, Fortaleza: Edições UFC, 2013. 370 p.
MATEO RODRIGUEZ, J. M., SILVA, E. V. da., CAVALCANTI, A. P. B. Geoecologia das Paisagens. Uma visão
geossistémica da analise ambiental. Fortaleza: Edições UFC, 2004, 222 p.
NIKOLAEV, V. A. Ciencias del Paisajes. Seminarios y Tareas prácticas. (en ruso), Facultad de Geografía de la
UEM, 2006. 208 p.
SOCHAVA, V. B. Introducción a la Teoría de los Geosistemas (en ruso), Rusia: Editorial Nauka, Novosibirsk,
1978, 319 p.
SOLNTSEV, V. Historia de la Cátedra de Geoecologia (en ruso). Moscú: Universidad Estatal de Moscu, Editorial
GEOS, 2008, 118 p.
TIMASHEV, I. E. Diccionario de Referencias en Geoecología ruso – inglés (en ruso), Editorial Gai – Muravei,
1999, 167 p.
20 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
Capítulo 2
INTRODUÇÃO
A noção de paisagem surge com os geógrafos alemães no século XIX, mas com um
conceito principalmente fisionômico ligado principalmente ao método de observação
(MENDONÇA, 2001).
Alexander Von Humboldt iniciou as primeiras tentativas de abordagens da paisagem
numa perspectiva da relação homem e natureza. Segundo Moraes em sua obra “A gênese da
Geografia Moderna” (1989), para Humboldt a paisagem deveria ser analisada pelo presente
e passado, buscando a explicação da sua configuração atual com os fenômenos e fatos
pretéritos, relacionando a individualidade local com os fenômenos universais.
Posteriormente a Geografia francesa, a partir da segunda metade do século XX,
tornou-se uma expoente, ao introduzir aos estudos da paisagem as relações sociais e inicia
uma aproximação entre as distantes Geografias Física e Geografia Humana.
Entre os responsáveis diretos por essa aproximação, podemos destacar Jean Tricart
e sua obra de 1977 com uma proposta de análise do ambiente de forma integrada por meio
das aplicações de metodologias em estudos de casos, como por exemplo, a Ecodinâmica.
Merece destaque do mesmo modo, as obras de 1968 e 1972 do também francês
George Bertrand, que desenvolveu a noção de paisagem da escola alemã e o
4
O presente texto é parte da tese de doutorado do primeiro autor, apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Geografia da UNESP – Campus de Presidente Prudente.
5
Geógrafo, Doutor em Geografia pela FCT/UNESP. Professor do curso de Geografia da Universidade do Estado
do Amazonas (CEST/UEA). Líder do Grupo de pesquisa Geotecnologias e análise da Paisagem. E-mail:
joaokandido@yahoo.com.br
6
Geógrafa, Doutora em Geografia pela FCT/UNESP. Professora do curso de Geografia da Universidade do
Estado do Amazonas (CEST/UEA). Vice-Líder do Grupo de pesquisa Geotecnologias e análise da Paisagem. E-
mail: natachaaleixo@yahoo.com.br
Biogeografia... desde a América Latina - 21
7
Geopark é uma marca atribuída pela UNESCO a uma área onde ocorrem excepcionalidades geológicas que são
protegidas e aproveitadas como elementos indutores de educação ambiental e de desenvolvimento
sustentável. Um Geopark deve ter limites bem definidos; envolver uma área suficientemente grande para
possibilitar o desenvolvimento sustentável; abarcar um determinado número de sítios geológicos de especial
importância científica, raridade ou beleza e deve ter um papel ativo no processo de educação ambiental e,
através do geoturismo, no desenvolvimento econômico. Aspectos arqueológicos, ecológicos, históricos e
culturais, também são componentes importantes.Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – Serviço
Geológico do Brasil/CPRM – SGB, Governo do Estado de Mato Grosso do Sul e Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional/IPHAN 2010.
Biogeografia... desde a América Latina - 23
5 7° 5 5 ° 30' 5 4°
5 6° 26 ' 3 0" W
2 0° 08 ' 54 " S
1 8°
1 9°
2 0°
2 1°
N
M A P A D O B R A S IL
0 1 5 7 km
40 ° W
2 2°
0 °
P A N TA NAL
S U L -M A T O -G R O S S E N S E
N
30 ° S
E SC ALA: 80 ° W
0 1 000 2 00 0 km
5 0 5 10 KM
( F O N T E : M IN IS T É R IO D A S M IN A S E E N E R G IA , P R O JE T O
R A D A M B R A S IL : F O L H A S F .2 1 C A M P O G R A N D E , 1 9 8 2 e
E M B R A P A , 1 9 9 9 ).
( O R G A N IZ A Ç Ã O : S IL V A N E T O , J .C .A . 2 0 0 8 ).
2 0° 5 9' 5 5" S
5 7° 0 0' 0 0" W B A C I A H I D R O G R Á F I C A D O R IO S A L O B R A -M S
Para poder ofrecer análisis útiles a los poderes de decisión (…)se ha tenido que
recurrir a los estudios de paisaje integrado, en donde los múltiples componentes
del medio (topografía, roca, clima, vegetación, etc.), no quedan convertidos en
simples inventarios o en elementos de una naturaleza totalmente desintegrada e
incomprensible, sino como un conjunto o sistema que funciona en bloque donde es
posible captar el papel y la importancia que en él pueden causar los impactos
procedentes de un determinado proyecto y por consiguiente tomar decisiones en
contra o a favor. (BOLÓS, 1992, p.17).
USO DA TERRA E COBERTURA VEGETAL NA BACIA DO RIO SALOBRA ENTRE 1979 E 2009.
8
Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o
fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;
28 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
Gráfico 1. Classes de uso da terra e cobertura vegetal na bacia hidrográfica no ano de 1979.
Mapa 1. Uso da terra e cobertura vegetal da Bacia Hidrográfica do Rio Salobra-MS em 1979.
No ano de 2009, verificou-se que 40% da área total da bacia foi utilizada para o
desenvolvimento da pecuária extensiva.
As áreas de Floresta representam ainda a maior extensão de área, ocupando 48%
da bacia hidrográfica. As áreas denominadas Culturas foram observadas em 10% da área,
correspondendo aos setores com cultivos predominantemente de arroz, milho e feijão
(Mapa 2 e Gráfico 2).
30 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
Gráfico 2. Classes de uso da terra e cobertura vegetal na Bacia Hidrográfica do Rio Salobra no ano de 2009.
Mapa 2. Uso da terra e cobertura vegetal da Bacia Hidrográfica do Rio Salobra-MS em 2009.
A análise comparativa do uso da terra entre os anos de 1979 e 2009 indica uma
diminuição significativa das áreas de Floresta de aproximadamente 22% da área da Bacia do
Rio Salobra (Gráfico 3). As áreas de Pastagem apresentaram aumento de 11% no total da
bacia hidrográfica no período analisado. Outro aumento significativo foram as áreas de
Culturas, que no ano 1979 não foi verificada e, em 2009 abrangia 10% da área da bacia.
Gráfico 3. Uso da terra e cobertura vegetal na Bacia Hidrográfica do Rio Salobra nos anos de 1979 e 2009.
A análise comparativa, dos anos de 1979 e 2009, aponta para uma prática
recorrente na região: o desmatamento. Essa prática é utilizada como um artifício para
exploração de novas áreas para pecuária extensiva. (Figuras 2 e 3).
Figura 2. Desmatamento em vertente com declividade acentuada, na sub-bacia do Rio Salobra, denominada
Campina, próximo da fábrica de cimento.
Figura 3. Desmatamento de vertente para desenvolvimento de pecuária extensiva, local próximo da ponte
sobre o Rio Salobra na estrada Bodoquena-Sumatra
9
Áreas que apresentaram regeneração das florestas, ou deixaram de ser utilizadas para desenvolvimento de
atividade agrícola ou pecuária.
Biogeografia... desde a América Latina - 33
Mapa 3. Análise temporal do uso da terra e cobertura vegetal da Bacia Hidrográfica do Rio Salobra dos anos de
1979 e 2009.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BACCI, D. L. C.; PIRANHA, J. M.; BOGGIANI, P. C.; DEL LAMA, E. A.; TEIXEIRA, W. GEOPARQUE - Estratégia de
Geoconservação e Projetos Educacionais. Revista do Instituto de Geociências – USP, Publicação especial, v. 5,
p. 7-15, 2009.
BOGGIANI, P. C.; COIMBRA, A. M.; GESICKI, A. L.; SIAL, A. N.; FERREIRA, V. P.; RIBEIRO, F. B.; FLEXOR, J. M. Tufas
Calcárias da Serra da Bodoquena, MS: cachoeiras petrificadas ao longo dos rios. In: SCHOBBENHAUS, C.;
CAMPOS, D.A.; QUEIROZ, E.T.; WINGE, M.; BERBERT-BORN, M. (Ed). Sítios Geológicos e Paleontológicos do
Brasil. Brasília-DF, DNPM, 2002. p. 249-259.
BOLÓS, M. Antecedentes. In: BOLÓS, M. (Org.). Manual de Ciência Del Paisaje: Teoría, métodos y aplicaciones.
Barcelona: Masson, 1992. p. 03 -11.
ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL. GEOPARK BODOQUENA-PANTANAL: Dossiê de candidatura à Rede Global
de Geoparks Nacionais sob auspício da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciências e
Cultura/UNESCO. Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – Serviço Geológico do Brasil, 2010.
LANG, S; BLASCHKE, T. Análise da paisagem com SIG, tradução Hermann Kux. São Paulo: Oficina de texto.
2009.
MATEO, J. M. R; SILVA, E.V. CAVALCANTI, A. P. B. Geoecologia das Paisagens: uma visão geossistêmica da
análise ambiental; 2. ed. Fortaleza: Edições UFC, 2007.
MENDONÇA, F. de A., Geografia e meio Ambiente; 3. ed. São Paulo: Editora Contexto, 1998
MENDONÇA, F. de A. Geografia Física: ciência humana? 3. Ed. São Paulo: Editora Contexto, 2001.
MORAES, A. C. R. A Gênese da Geografia Moderna. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1989.
ROSS, J. L. S. Ecogeografia do Brasil: Subsídios para planejamento ambiental. São Paulo: Oficina de Textos, 2006.
SILVA NETO, J. C. A; NUNES, J. O. R. Vulnerabilidade da paisagem à perda de solos na Bacia Hidrográfica do Rio
Salobra-MS. In: Anais do IX Encontro Nacional da Associação de Pós-graduação em Geografia ENANPEGE,
Goiânia – GO, 2011.
36 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
TROLL, C. El paisaje geografico y su investigacion, In MENDOZA, J.G.; JIMINES, J.M. y CANTERO, N. O. (Orgs) El
pensamiento geográfico. Estudio interpretativo y antologia de textos (de Humboldt a las tendências
radicales). Madrid: Alianza Editorial, 1982.
Capítulo 3
10
Dr. En Ciencias Biológicas. Instituto de Ecologia y Sistematica, Cuba. E-mail: fontenla@ecologia.cu
11
Máster en Ecología. Instituto de Ecologia y Sistematica, Cuba. E-mail: zehnia@ecologia.cu
38 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
PANBIOGEOGRAFIA
eventos de dispersão, enquanto que uma ausência precedida de uma presença (reversão)
constituiria uma extinção nessa área. Os TG assim identificados se representam sobre um mapa.
Uma variante do PAE é a chamada “eliminação progressiva de caracteres” o PAE-
PCE. Neste caso, quando se consegue o cladograma, eliminam-se os táxons que delimitam
grupos de monofiléticos de áreas, com a intenção de determinar outros possíveis TG,
delimitados por outros táxons.
Figura 1. Traços generalizados (TG) de 10 táxons hipotéticos em Cuba. Cada TG está estruturado pela
coincidência espacial de dois táxons. Círculos representam nódulos. SOR: Sierra dos Órganos. SRO: Sierra do
Rosario. HAM: Alturas da Habana-Matanzas. GUA: Macizo de Guamuhaya. SMA: Sierra Maestra. NSB: Macizo
de Nipe-Sagua-Baracoa.
Organização: Os autores.
Tabela 1. Matriz de conectividade de áreas e táxons hipotéticos. AH: área hipotética. As conexões ressaltadas
em cinza representam nódulos biogeográficos.
Áreas T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10
AH 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
SOR 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
SRO 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0
HAM 0 0 1 1 1 1 0 0 0 0
GUA 0 0 0 0 1 1 1 1 0 0
SMA 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1
NSB 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1
Organização: Os autores.
Figura 2. Esquerda. Árvore de consenso estrito dos traços da Fig. 1. Direita. Um dos AIP sem os táxons T5 e T6.
Organização: Os autores
simulado. A significação estatística se alcança pela probabilidade de erro (5%) que o valor
observado seja menor, igual ou maior que os valores médios simulados.
O seguinte exemplo (Tabela 2) mostra uma matriz de conectividade de táxons
hipotéticos em diferentes áreas. Conforme com a compatibilidade ou coincidência dos TI de
cada táxon, o TG resultante está formado pelas áreas NG-AU-NZ. Os resultados da avaliação
estatística da superposição espacial dessa matriz se apresentam na Tabela 3.
Tabela 2. Matriz de conectividade de Crisci et al. (2006) de quatro táxons hipotéticos. NG: Nova Guiné, AU:
Austrália, NZ: Nueva Zelândia, CH: Chile, BR: Brasil.
NG 1 1 0 1
AU 1 1 1 1
NZ 1 1 1 0
CH 1 0 0 0
BR 0 0 1 0
Organização: Os autores.
Tabela 3. Avaliação estatística (5000 matrizes) da matriz de conectividade da Tabela 2. Valor observado (Ob).
Valor médio simulado (Msi). Número de matrizes onde o valor observado é menor que o simulado (Ob<Si),
igual (Ob=Si) ou maior (Ob>Si). Probabilidade de erro (P) que o valor observado seja menor (ob<=Si) ou maior
(ob>=SI) que o simulado.
Ob=Si 0 0 0
Ob>Si 978 2 0
Organização: Os autores
Nos três modelos, os valores observados de superposição (índice de Pianka) são
semelhantes à média dos simulados. Com o modelo RA3, a diferença entre todas as matrizes
simuladas com respeito à original não resultou significativa. No entanto, com os modelos
46 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
RA4 e os zeros duros, o valor absoluto de superposição na maioria (RA4) ou em todas (CD) as
matrizes simuladas, resultaram superiores ao valor observado de forma significativa. Por
conseguinte, a superposição espacial ou conectividade da matriz resultou mais baixa que o
esperado aleatoriamente. Se as ausências dos táxons em cada área é considerada
consequência de fatores históricos (nunca tem se distribuído nas mesmas) as opções RA4 e,
sobretudo, a opção CD, puderam se considerar as mais adequadas.
Com o exemplo dos traços em Cuba (Figura 1, Tabela 1), os modelos RA3 e CD
mostram uma conectividade matricial significativamente baixa. Pelo contrário, com o
modelo RA4, a conectividade matricial torna-se significativamente elevada. De igual modo
que no caso anterior, se a ausência dos táxons numa área dada é devido a fatores históricos,
a opção mais adequada seria utilizar o modelo CD. Esta opção parece lógica, porque cada
táxon só se distribui em duas das seis áreas possíveis (Figura 1, Tabela 1).
Tabela 4. Avaliação estatística da matriz de conectividade da Tabela 1. Siglas iguais que na Tabela 3.
Ob=Si 0 0 0
Ob>Si 1 5000 0
Organização: Os autores.
LÓGICA ESPACIAL
Craw et al. (1999) expuseram que o traço, seja TI ou TG, outorga forma ou
expressão ao espaço e ao tempo. Este último deve se subentender como o espaço e o tempo
Biogeografia... desde a América Latina - 47
Tabela 5. Espécies compartidas num setor do sistema de dunas Praias do Este, Havana. Base da duna frontal
(BDF), pendente da duna frontal (PDF), cara posterior da duna (CPD), pós duna (PDU). Tipo estrutural (TE).
Intervalo de confiança (95%) de espécies compartidas entre zonas (4.3, 23), calculado mediante a opção
persentis ajustado (9 999 réplicas de bootstrapping) do programa PAST 3.0.
TE
ESPECIES BDF PDF CPD PDU
Geófito rizomatoso
Sporobolus virginicus 1 1 1 1
Sesuvium Hemicriptófito rastrero
portulacastrum 1 1 1 1
Hemicriptófito rastrero
Canavalia rosea 0 1 1 1
Hemicriptófito rastrero
Ipomoea pes-caprae 0 1 1 1
Geófito rizomatoso
Panicum amarum 0 1 1 1
Sphagneticola Geófito rizomatoso
trilobata 0 1 1 1
Terófito
Cenchrus tribuloides 0 1 1 1
Terófito
Bidens alba 0 1 1 1
Megafanerófito
Coccoloba uvifera 0 1 1 1
Hemicriptófito rastrero
Ipomoea imperati 0 1 1 0
Hemicriptófito rastrero
Uniola paniculata 0 1 1 0
Hemicriptófito
Cynodon dactylon 0 0 1 1
Terófito
Spilanthes urens 0 0 1 1
Megathyrsus Geófito rizomatoso
maximus 0 0 1 1
Geófito rizomatoso
Eustachys petraea 0 0 1 1
Megafanerófito
Sabal palmetto 0 0 1 1
Terófito
Crotalaria pumula 0 0 1 1
Hemicriptófito rastrero
Tribulus cistoides 0 0 1 1
Sporobolus Geófito rizomatoso
domingensis 0 0 1 1
Sporobolus Geófito rizomatoso
pyramidatus 0 0 1 1
Terófito
Waltheria americana 0 0 1 1
Megafanerófita
Dichrostachys cinerea 0 0 1 1
Terófito
Lantana involucrata 0 0 1 1
Liana herbácea
Vigna marina 0 0 1 1
Total 2 11 24 22
Organização: Os autores
Duas das espécies se distribuem através de toda a gradiente e um grupo de sete espécies se
encontra na maioria das zonas, exceto na BDF. Este conjunto de nove espécies poderia representar o
50 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
componente ecológico generalizado desse sistema. A maioria dessas plantas encontra-se também
entre as mais frequentes do sistema (dados inéditos).
É possível representar os componentes ecológicos do sistema da seguinte forma: I. BDF-
PDF-CPD-PDU (2 espécies). II. PDF-CPD-PDU (7). III. PDF-CPD (2). IV: CPD-PDU (13).
A zona CPD encontra-se envolvida em todos os componentes e, aliás, representa o nodo
ecológico do sistema, ao constituir a zona de intercepção dos componentes III e IV. O número de
espécies compartidas dessa zona sobrepassou o limite superior do intervalo de confiança, o qual é de
esperar pela sua condição de zona de conectividade elevada.
Crisci et al. (2006) definirama homologia espacial como o conjunto de elementos comuns
espaço-temporais com história biogeográfica comum. Do mesmo modo, insistiram que existem tipos
ou grupos funcionais de espécies, estruturados em componentes com atributos morfológicos e
fisiológicos semelhantes que compartem um papel ecológico comum. Congruentemente com o
anterior deve-se sinalar que os tipos estruturais das nove espécies dos componentes ecológicos
principais, quer dizer, os que se distribuem através de mais zonas do sistema dunar (I e II) se
concentram em hemicriptófitos rastreiros e geófitos rizomatosos.
A avaliação estatística da superposição espacial desse sistema de gradiente mostra-se
na Tabela 6.
Tabela 6. Avaliação estatística da matriz de conectividade da Tabela 5. Siglas iguais que na Tabela 3.
Ob<Si 805 1 2
Ob=Si 0 0 0
Organização: Os autores
Com o modelo RA3, a maioria das matrizes simuladas exibe um valor menor de
superposição que o observado, mas essas diferenças não se afastam do esperado
Biogeografia... desde a América Latina - 51
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54 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
Capítulo 4
INTRODUÇÃO
12
Doutor em Geografia pelo PGEO/UFS e Pesquisador do GEOPLAN/UFS/CNPq. dimil10@hotmail.com
13
Doutora em Geografia pelo PGEO/UFS, Profª Adjunta da UFS dos Cursos de Graduação em Geografia e do
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA) e Pesquisadora do
GEOPLAN/UFS/CNPq. ms.ferreira.s@hotmail.com
14
Pós-Doutora em Biogeografia e Profª Associada da UFS dos Cursos de Graduação Engenharia Ambiental e de
Pós-Graduação em Geografia/NPGEO/UFS e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio
Ambiente (PRODEMA). Líder do GEOPLAN/UFS/CNPq, e Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq.
rome@ufs.br
Biogeografia... desde a América Latina - 55
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Figura 2. Coleta e acondicionamento de espécies vegetais em Lagarto em 2011, para posterior identificação no
Herbário da UFS.
15
São considerados como participantes ativos, que processam informações e utilizam estratégias nas suas
relações com outros atores locais, assim como com instituições e pessoas externas (LONG; PLOEG, 1994).
16
Castanha-do-pará, cupuaçu, babaçu, açaí, pupunha, cacau, guaraná, murici, jenipapo, mangaba, dentre
outros, a depender das potencialidades fitogeográficas da região.
Biogeografia... desde a América Latina - 61
no Município de Lagarto e Salgado, onde foi desenvolvida a pesquisa, não tem dado à
contrapartida as abelhas, pois tem causado a mortandade desses insetos pelo excessivo
uso de agrotóxicos.
Fonte: Elaborado a partir da base de dados da Secretaria dos Recursos Hídricos (SERGIPE, 2011).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar do alto grau de desmatamento até então concebido, a apicultura vem sendo
desenvolvida nesses remanescentes florestais, evidenciando sinais de crescimento,
principalmente os Território de Planejamento do Centro Sul Sergipano e do Alto Sertão
Sergipano, com destaque para os Municípios de Poço Verde, Tobias Barreto, Porto da Folha,
Nossa Senhora da Glória e Canindé de São Francisco.
O Estado possui potencial fitogeográfico que pode ser explorado, tanto nos
municípios produtores como naqueles que não ainda não registraram produção de mel, mas
que possuem fragmentos florestais em bom estado de conservação, cujos territórios podem
ser usados para tal finalidade. A exemplo do Território Sul Sergipano, tais como: Santa Luzia
do Itanhy e Indiaroba.
Dentre as formações florestais existentes no Estado de Sergipe, merecem destaque
os territórios que dispõem de vegetação da Caatinga cujo potencial fitogeográfico tem
propiciado a produção de mel. Entretanto, vale frisar que os três estratos vegetativos
(arbóreo, arbustivo e herbáceo) apresentam potencialidades específicas aproveitando as
sazonalidades a partir de suas fenologias.
É de suma importância criar e implementar alternativas que possibilitem o acesso
à terra, como áreas comunais que possam ser usadas por aqueles apicultores que
enfrentam essas dificuldades. Ademais, outras opções que podem ser usadas pelos
apicultores são as terras da União e os Espaços Territoriais Legalmente Protegidos (ETPs),
dentre elas as Unidades de Conservação e as Áreas de Preservação Permanentes (APPs)
localizadas distantes de espaços densamente ocupados. Todavia, a criação, gestão e
implementação devem estar atreladas à política conservacionista. Em outras palavras, é
preciso fortalecer a política de conservação ambiental e que a mesma possa ser
implementada na prática.
Outra estratégia pertinente está ligada á realização de convênios e/ou parcerias via
órgãos oficiais com proprietários de terras, cujos territórios que têm potencial fitogeográfico
possam ser disponibilizados para o uso da atividade apícola. Outrossim, é fundamental a
realização de campanhas educativas com os proprietários e funcionários das propriedades
para evitar desmatamento e o uso intensivo de agrotóxicos em áreas que apresentam
potencial para a apicultura.
68 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
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Biogeografia... desde a América Latina - 69
Capítulo 5
INTRODUÇÃO
17
Geógrafa, mestra em Utilização e Conservação dos Recursos Naturais pela Universidade Federal de Santa
Catarina. E-mail: talita_ambiental@hotmail.com
18
Agrônoma, doutora em Geografia Física pela Universidade de São Paulo. Profa da Universidade de Santa
Catarina. E-mail: angelavbeltrame@gmail.com
70 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
OS ELEMENTOS DA PAISAGEM
1. Linhas: com forma linear (estradas, trilhas, cercas, diques, canais e outros). São
estreitos não permitindo a dispersão de espécies do interior dos ecossistemas, mas
apenas a dispersão das espécies de borda (ECOLÓGICO).
2. Faixas: com forma mais larga que as linhas e usualmente com presença de
vegetação (ou ainda autoestradas, sistemas de torres de energia etc.) permitem a
manutenção da fauna no interior dos ecossistemas (ECOLÓGICO).
3. Cursos d’água: principalmente considerando a vegetação ciliar formada por
árvores variadas ao longo dos mesmos (BIOLÓGICO).
Segundo Dajoz (2005), os corredores também são divididos em três, sendo estes,
lineares, faixa e fluviais, ou seja, classificação similar a de Forman e Godron (1986).
A classificação adotada para esta pesquisa faz uma mescla entre estas classificações
Manguezal da 52,2 hectares Menor manguezal da Ilha protegido pela Lei. Mun.2193/ 1985 -
Tapera APP
Lagoa da Chica 5,351 hectares Localizada no Campeche protegida pelo Dec. Mun.135/1 988 -
APP
Lagoa pequena 35,495 hectares Localizada no Campeche protegida pelo Dec. Mun.135/1 988 -
APP
Morro do 96,56 hectares Existe uma proposta de projeto de lei a fim de transformá-lo num
Lampião Refúgio da Vida Silvestre.
Fonte: Tamanho das áreas: Ferretti (2013) Elaborada por Góes (2014).
Biogeografia... desde a América Latina - 75
O MÉTODO
19
EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina
CIRAM - Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina
Biogeografia... desde a América Latina - 77
OS RESULTADOS
Dos 65,18874 km² de área total da paisagem, 49,95145 km² corresponde às classes
de paisagens naturais, ou seja, 64% da paisagem da Planície Entre Mares ainda se constitui
por uma matriz natural, onde a classe que mais predomina são as vegetações de encosta
(Floresta Ombrófila Densa Submontana) que corresponde a 23%.
No que diz respeito à paisagem alterada, a classe predominante são as áreas
urbanizadas, que correspondem a 20%. Somados a esta classe, estão a área ocupada pelo
Aeroporto da cidade e a área de mineração. Também se constituem como alterações na
paisagem, solos expostos, espécies exóticas e pastagens.
Quanto às espécies exóticas, dentro da área que pertence à base aérea de
Florianópolis existe uma grande concentração de Pinus da década de 1970. A área coberta
por Pinus no interior da base aérea corresponde a 0.5363 km². Além da base aérea, dentro
da fazenda experimental da UFSC e adjacências, tem-se a segunda maior concentração de
espécies exóticas (pinus e eucaliptos), com uma área de aproximadamente 0.2796 km².
Somadas as duas áreas tem-se um total de 0.8159 km². A soma das duas áreas juntas totaliza
78 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
mais da metade de áreas da paisagem da Planície Entre Mares coberta por vegetação
exótica, perfazendo 53% das espécies exóticas da planície apenas nestas duas localidades.
Essa concentração pode vir a ser um problema para as outras áreas naturais do entorno. Na
RESEX-Pirajubaé, por exemplo, já encontramos alguns exemplares de Pinus brotando na
borda do manguezal. É sabido que as sementes aladas do Pinus se espalham com facilidade
e viajam longas distâncias. Logo, as demais unidades de conservação como o Parque
Municipal do Maciço da Costeira e Parque Municipal da Lagoa do Peri e até mesmo o Morro
do Lampião podem ter os seus brotamentos de Pinus advindos destes locais.
As áreas de pastagem da planície, em sua maioria, localizam-se em áreas alagáveis,
porém muitas destas áreas estão com grandes camadas de aterro e pasto por cima. Tal
pastagem em áreas alagáveis são os focos da especulação imobiliária para esta região.
Na tabela 2 pode-se visualizar a relação da porcentagem entre áreas naturais e
áreas urbanas e/ou alteradas na paisagem da Planície Entre Mares.
36 % x
64 % X
Áreas urbanizáveis a partir de projeto amplo, que reserva setor predominante para
preservação ambiental e adensa a área remanescente, criando novas centralidades
caracterizadas pela mescla de funções e espaços humanizados
(FLORIANÓPOLIS, 2014).
Outra parte da Planície que também abrange áreas alagadas encontra-se no local onde
estão sendo executadas obras de acesso ao novo terminal do Aeroporto Hercílio Luz. Esta área é
mapeada como Área Comunitária Institucional (ACI) – de acordo com o Plano Diretor:
Ou seja, áreas que terão um adensamento urbano alto, e que as vias de acesso
terão grande fluxo de veículos.
No mapeamento de uso e cobertura da terra da Planície mapeou-se 17 classes
temáticas diferentes, de forma que cada uma dessas classes constitui uma mancha na paisagem
em maior ou menor área. No entanto, a mancha da paisagem que mais chamou a atenção
devido a sua grande fragmentação foi a da Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas ou
Floresta de Planície Quaternária. Esta mata está quase extinta na Ilha, já que ocupa as áreas
planas que são aquelas suscetíveis à urbanização. Foram identificados 90 fragmentos de restinga
arbórea na Planície Entre Mares. Estes fragmentos de restinga arbórea, embora alguns fiquem
bem próximos uns aos outros, ainda assim se encontram fragmentados por outras classes da
paisagem, normalmente pela urbanização, de forma que não conseguem manter conectividade
entre si. No geral são todos fragmentos muito pequenos.
Todavia, em torno do Ribeirão da Fazenda, um fragmento de proporções maiores
que os demais se destaca. Com 1,2 km², este fragmento forma um corredor remanescente
de restinga arbórea acompanhando o rio até ser fragmentado pela Rodovia Aparício Ramos
Cordeiro. Este fragmento, apesar de seu tamanho mais expressivo, apresenta um efeito de
borda grande devido ao seu perímetro (18 km) e sua forma bastante alongada como pode
ser visto no recorte do mapa na figura 2.
Biogeografia... desde a América Latina - 81
Com a aplicação do cálculo chegou-se a um valor de IC= 0,222, ou seja, valor mais
circularidade para este fragmento é de 0.634, ou seja, o valor já é mais afastado do zero,
pouco maior que o segundo e menor que o primeiro. O índice de circularidade é de 0.456.
Ao fim deste trabalho, tal fragmento apresenta-se um pouco mais fragmentado, devido ao
De acordo com o novo Código Florestal, Lei número 1265 de 25 de maio de 2012
Área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a
biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar
o bem-estar das populações humanas (BRASIL, 2012).
Encostas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% (cem por cento) na
linha de maior declive;
Uma consideração importante a se fazer com relação às APPs restinga é que o Código
Florestal não faz menção à área de proteção das restingas conforme a resolução CONAMA nº
303 de 29 de março de 2002. Esta resolução se refere às áreas de preservação permanente de
Restinga em faixa mínima de trezentos metros a partir da linha de preamar máxima.
Art. 2º Para os efeitos desta Resolução são adotadas as seguintes definições: VIII -
restinga: depósito arenoso paralelo a linha da costa, de forma geralmente alongada,
produzido por processos de sedimentação, onde se encontram diferentes comunidades
que recebem influência marinha, também consideradas comunidades edáficas por
dependerem mais da natureza do substrato do que do clima. A cobertura vegetal nas
restingas ocorre em mosaico, e encontra-se em praias, cordões arenosos, dunas e
depressões, apresentando, de acordo com o estágio sucessional, estrato herbáceo,
arbustivo e arbóreo, este último mais interiorizado (BRASIL, 2002).
Com relação às APPs de topo de morro, o zoneamento do Plano Diretor traz alguns
questionamentos por parte da população, pois transformou antigas APPs em APLs – Área de
Preservação com Uso Limitado, e antigas APLs em ARP – Área Residencial Predominante.
No mapa de APPs podemos observar na classe APPs Rios dois principais rios mapeados
na Planície. E, é através deles que são os principais contribuintes da bacia Hidrográfica do Rio
Tavares, que se propõe a criação do principal corredor ecológico da paisagem.
Analisando toda a ecologia da paisagem da Planície Entre Mares, ficou evidente a
necessidade de um corredor ecológico de ligação entre os maciços do Alto Ribeirão que se
conectam com o Parque Municipal da Lagoa do Peri e a conexão com os maciços centrais do
Parque Municipal do Maciço da Costeira. Pelas características analisadas, o corredor mais
viável é um corredor Natural do tipo linear através dos cursos d’água dos dois rios principais
da bacia hidrográfica do Rio Tavares. Além de se aproveitar a conexão natural que estes rios
fazem entre um maciço e outro atravessando toda a Planície, também se utilizam e
preservam o remanescente de vegetação de tamanho maior, composta pela fitofisionomia
de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas. Esta vegetação acompanha boa parte do
Ribeirão da Fazenda. A conectividade através dos rios também conecta com outra unidade
de conservação, a RESEX- Pirajubaé que conserva o manguezal do Rio Tavares.
Figura 3: Mapa de APPs.
Apenas a preservação das espécies vegetais já justificaria uma conectividade entre estas
três Unidades de Conservação: PMMC, RESEX e PMLP. Mas ainda assim, temos uma fauna que ainda
utiliza este espaço e um dos fragmentos de floresta em vias de extinção na Ilha – a Floresta
Ombrófila Densa de Terras Baixas. Portanto, um corredor linear, recuperando a mata ciliar dos rios
principais da bacia hidrográfica do Rio Tavares e englobando a área de 1,2 km² de fragmento de
vegetação remanescente de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, irá cumprir a tripla função de
corredor ecológico e biológico para a fauna, para a flora e conectar três Unidades de Conservação.
A sugestão é recuperar a mata ciliar destes rios, pois além de estarem preservados
legalmente como APP, estarão estabelecendo a função de corredor ecológico e biológico, com a
possibilidade de reconhecimento diante do Plano Diretor municipal na qualidade de Parque Linear.
No entanto, o ideal é recuperar as margens dos rios quando possível, mantendo no mínimo
100 metros com vegetação nativa. Esta é a largura mínima para corredores de acordo com a
Resolução Conama nº 09/1996. A proposta de corredor que se faz (Figura 4) é englobando os
fragmentos mais significativos de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas e quando esta
vegetação estiver ausente, ainda Assim recuperar a vegetação mantendo, quando possível, a faixa de
100 metros para cada lado do rio. Ao todo, o corredor principal da Planície (corredor1), percorre
cerca de 12 km na Planície até se encontrar com o corredor 2.
86 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
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Biogeografia... desde a América Latina - 91
Capítulo 6
INTRODUÇÃO
MATERIAIS E MÉTODOS
Variáveis ambientais
RESULTADOS
O processo do modelado com os dois algoritmos usados mostrou que, como outros
autores afirmam, o GARP tem um melhor desempenho que o Maxent, quando a
disponibilidade de registros por espécies é baixa (PAPES; GAUBERT, 2007; BATISTA et al.,
2014). Deste modo, segundo a avaliação do estatístico AUC e o critério de especialistas em as
espécies, os melhores modelos para Laelia anceps subsp. dawsonii, L. aurea, L. crawshayana,
L. gouldiana, L. halbingeriana e L. superbiens proviam de GARP (AUC≥ 0.777), no entanto,
Maxent foi melhor para L. albida, L. anceps subsp. anceps, L. autumnalis, L. eyermaniana, L.
furfuracea, L. rubescens e L. speciosa (AUC≥ 0.977).
Tabela 1. Cálculo da redução de áreas de distribuição das laelias para 2007 no México e da área que é
resguardada pelos distintos sistemas de áreas naturais protegidas. ADE: área de distribuição existente total,
ADEp: área de distribuição existente em vegetação primária, ADEs: área de distribuição existente em vegetação
secundária, ADP: área de distribuição potencial, ANP: área natural protegida.
Mapa 1. Distribuição das laelias resultante das mudanças de cobertura e usos dos solos (CCUS) [esta página e a
seguinte]. A superfície vermelha representa áreas de distribuição existentes (ADE), de vegetação primaria tanto
como de vegetação secundaria de tipo arbóreo e as áreas azuis as áreas de distribuição destroidas (ADD). A
escala gráfica é a mesma para todos os casos. A: L. albida, B: L. anceps subsp. anceps, C: L. anceps subsp.
dawsonii, D: L. aurea, E: L. autumnalis, F: L. crawshayana, G: L. eyermaniana, H: L. furfuracea, I: L. gouldiana, J:
L. halbingeriana, K: L. rubescens, L: L. speciosa, M: L. superbiens. Fotografías de Gerardo Salazar.
mais resultou afetado percentualmente pelas mudanças de cobertura e uso do solo (CCUS)
foi L. anceps subsp. dawsonii, seguidas por L. autumnalis e L. albida e ocupam o 2°, 3° e 4°
lugar em perda de ADP, respectivamente. Ao continuar ao sudeste, no limite meridional de
L. eyermaniana e principal zona de distribuição para L. speciosa, L. autumnalis e L. anceps
subsp. dawsonii e uma importante porção para L. albida, se aprecia uma ampla porção do
território mexicano sem coberturas originais, dada sua transformação em áreas de
produção agrícola – pecuária - florestal.
Essas laelias, ao terem preferência pelas florestas temperadas não estão
representadas na região biogeográfica da Depresión do Balsas e sua continuidade ao sul se
deu através da província do eixo vulcânico (L. autumnalis e L. speciosa) ou a Sierra Madre do
Sur (L. albida, L. anceps subsp. dawsonii e L. furfuracea). Porém pode-se indicar de forma
generalizada, que as duas províncias estão fortemente desflorestadas graças a que só
existem vestígios de vegetação primária nas partes altas das montanhas presentes nas duas.
As principais causas da transformação, de forma descendente são CCUS a coberturas
agrícolas - pecuárias - florestais, coberturas vegetais secundárias em estado arbustivo e
vegetação induzida, situação particularmente acentuada na região centro do estado de
Oaxaca; não é estranho que as três espécies que habitam esse estado (L. albida, L. anceps
subsp. dawsonii e L. furfuracea) pressentem perdas superiores à media para as espécies do
gênero. Aliás, no caso de L. furfuracea seus ADE se encontram, em sua maior parte, sobre
coberturas de bosque secundário (só o 32% localiza-se nas coberturas vegetais primárias).
Para as laelias de zonas tropicais úmidas o principal motivo da redução de seus
habitats tem sido as atividades agrícolas – pecuárias – florestais (Tabela 2), onde o caso mais
significativo de mudanças foi para L. anceps subsp. anceps, já que essas atividades afetaram
o 63.67% do seu ADP no país. No caso da L. halbingeriana e L. superbiens as atividades agro-
pecuárias também foram determinantes na redução dos seus ambientes naturais nos
57.03% e 39.27%, respectivamente.
A segunda mais importante transição de coberturas na distribuição das laelias de
zonas tropicais úmidas foi na vegetação secundária em estado arbustivo, que em seu
conjunto com as coberturas agrícolas – pecuárias - florestais provocaram pelo menos 78%
da perda em cada uma das espécies. A transformação da vegetação natural é tal nessa
100 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
Tabela 2. Três principais coberturas antrópicas resultantes da transformação de áreas de distribuição potencial
(ADP) em áreas de distribuição destruída (ADD) por espécie, segundo a carta de uso do solo e vegetação (INEGI,
2
2009). Os números superiores indicam porcentagens e os inferiores milhares de km .
Agrícola, Floresta
Arbustos Selva sec. Vegetação Perda
Espécie pecuária, sec. Outras
xerófilos arbustiva induzida total
florestal arbustivo
39.41 29.09 17.42 14.08 100
L. albida
21.25 15.69 9.39 7.59 53.92
L. anceps 63.67 17.34 8.78 10.21 100
subsp. anceps 7.95 2.16 1.09 1.27 12.49
L. anceps
39.85 28.59 18.49 13.07 100
subsp.
8.87 6.36 4.11 2.91 22.26
dawsonii
45.73 14.48 27.41 12.37 100
L. aurea
3.76 1.19 2.25 1.01 8.22
48.92 23.48 13.16 14.44 100
L. autumnalis
14.82 7.11 3.98 4.37 25.93
L. 22.16 52.99 18.39 6.45 100
crawshayana 0.43 1.04 0.36 0.12 1.97
L. 30.44 27.01 16.93 25.62 100
eyermaniana 17.25 15.31 9.59 14.52 56.69
28.52 43.57 24.00 3.92 100
L. furfuracea
2.88 4.40 2.42 0.39 10.11
17.84 20.41 32.79 28.96 100
L. gouldiana
1.12 1.29 2.07 1.83 6.32
L. 57.03 30.06 7.23 5.69 100
halbingeriana 1.35 0.71 0.17 0.13 2.37
46.42 8.41 30.53 14.63 100
L. rubescens
51.30 9.29 33.74 16.17 110.51
35.21 26.36 12.45 25.98 100
L. speciosa
16.37 12.26 5.79 12.08 46.51
39.27 39.36 11.69 9.68 100
L. superbiens
5.14 5.15 1.53 1.26 13.09
41.18 22.14 0.56 12.65 7.45 17.20 100
Pérdida total
152.560 82.01 2.07 46.86 27.60 63.71 370.46
Fonte e Organização: Huerta (2014).
Estado de conservação
Tabela 3. Risco de extinção das espécies do gênero Laelia no México. De maior ao menor risco de acordo ao
MER, E: provavelmente extinta no meio silvestre, P: em perigo de extinção, A: ameaçada, Pr: sujeita a proteção
especial. De maior ao menor risco segundo a UICN, EW: extinta em estado silvestre, CR: em perigo crítico, EN:
em perigo, VU: Vulnerável.
MER UICN
L. albida
L. anceps subsp. anceps VU
L. anceps subsp. dawsonii P P CR
L. aurea PR VU
L. autumnalis PR VU
L. crawshayana A EN
L. eyermaniana
L. furfuracea PR VU
L. gouldiana E E EW
L. halbingeriana PR EN
L. rubescens
L. speciosa PR
L. superbiens A PR VU
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
Uma situação que é abordada nos trabalhos anteriores (SÁNCHEZ CORDERO et al.,
2005; PETERSON et al., 2006; RÍOS MUÑOZ; NAVARRO SIGÜENZA 2009; YÁÑEZ ARENAS et al.,
2012) é a importância das áreas naturais protegidas (ANP). As ANP exercem um papel crucial
na conservação da biodiversidade; contudo, a concessão desse título a um local em particular
não tem garantido, em muitos casos, a contenção do processo de CCUS dentro delas, como
demonstra Figueroa et al. (2011). Junto com o anterior, tem que se considerar a problemática
adicional que representa a extração de indivíduos das espécies de Laelia do meio natural para
o comércio ilegal (HÁGSATER et al., 2005).
As laelias distribuem-se de distintas formas ao longo dos pouco mais de 500.000
km2 no México e, portanto, a redução de sua distribuição tem sido afetada de maneira
diferenciada, sem mencionar que os esforços para a conservação da biodiversidade
(refletidos no sistema de áreas naturais protegidas) resguardam de modo distinto a distintas
espécies de Laelia no território mexicano. A ocupação humana do centro e sul do país
sempre tem acontecido com maior intensidade que nas outras regiões. Por outro lado, a
melhor conservação de coberturas vegetais originais no norte da distribuição do gênero,
pode acontecer em parte à declividade acentuada que tem limitado a fixação dos centros de
população e ao desenvolvimento de grandes superfícies agropecuárias; só ver o caso da
Sierra Madre Occidental, devido a que existem muito poucas vias de comunicação terrestres
para atravessar. Apesar de não ser atrativa para estabelecer atividades agropecuárias ou
localidades urbanas, a declividade acentuada não é impedimento para o estabelecimento
das atividades florestais e minerais. Muito provavelmente, grande parte das áreas de
coberturas naturais perdidas nesta serra, assim como a porção norte da Sierra Madre
Oriental, são produto da atividade florestal, pois os estados de Chihuahua e Durango
concentram 45% deste tipo de exploração no país (SEMARNAT, 2012), embora não se pode
negar o papel da, sempre presente, atividade agrícola de subsistência.
A situação particular experimentada pelas espécies próprias de ambientes tropicais
(Laelia anceps subsp. anceps, L. halbingeriana, L. rubescens e L. superbiens) não difere em
grande medida do conjunto de espécies de ambientes temperados. A situação de L. anceps
subsp. anceps é crítica nas áreas de distribuição do estado de Veracruz (o principal estado
onde se distribuía originalmente), já que a magnitude da transformação das coberturas
vegetais originais é considerável. SEMARNAT (2009) aponta que esse estado só conserva
19% de sua vegetação original. A perda das coberturas naturais nas regiões tropicais do país,
106 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
federal nem mesmo de ordem estatal ou municipal. Observou-se que aconteceu perda de
cobertura de bosques e florestas ainda dentro das áreas protegidas, o que pode sugerir que
não se estão acatando em totalidade os objetivos para os quais foram estabelecidas.
Adicionalmente, a constante extração de plantas para o comércio ilegal constitui um fato
que compromete negativamente a várias espécies de Laelia, particularmente a L. speciosa e
L. furfuracea (HÁGSATER et al., 2005).
A maior parte das espécies mexicanas de Laelia devem se classificar em alguma
categoria de risco de extinção, de acordo com as avaliações do risco de extinção realizada
neste trabalho. No entanto, os esforços de conservação adicionais à conservação das
populações naturais em situações como a propagação artificial, têm o potencial para ter
sucesso, ao ser esse gênero altamente apreciado no setor hortícola (HALBINGER; SOTO,
1997) e são necessárias para garantir a viabilidade das espécies em médio e longo prazo,
devido às distintas pressões a que estão submetidas as espécies.
Este tipo de investigações devem melhorar e ampliar-se a outros grupos de
organismos, com a finalidade de contar com um melhor marco de referência para aqueles que
tomam decisões, encarregados da conservação da diversidade biológica, pois desta forma os
recursos e esforços investidos em resolver esta problemática poderão ser mais efetivos.
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110 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
Capítulo 7
Alberto E. García23
Bárbara Liz Miravet24
Eduardo Salinas25
Elizabeth Cruañas26
Ricardo Remond27
Adrían Martínez28
INTRODUCCIÓN
23
Prof. Dr. da Faculdade de Geografia, Universidade de La Habana, Cuba. E-mail: alberto.kike2014@gmail.com
24
Dra. INEL, Ministerio de Energía y Minas, Cuba.
25
Prof. Dr. da Faculdade de Geografia, Universidade de La Habana, Cuba. E-mail: esalinasc@yahoo.com
26
Lic. INEL, Ministerio de Energía y Minas, Cuba.
27
Prof. Dr. da Faculdade de Geografia, Universidade de La Habana, Cuba. E-mail:remond@geo.uh.cu
28
Lic. Centro de Investigaciones Marinas, Universidade de La Habana, Cuba
Biogeografia... desde a América Latina - 111
Esta cuenca constituye una de las principales fuentes de abasto de agua potable
para las provincias de La Habana y Artemisa, con un promedio anual de extracción de
alrededor de 155 millones de m3 de agua.
Sus características, con un predominio del carso (karst) su naturaleza de cuenca
cerrada y su comunicación subterránea con la cuenca Vento – Almendares, hacen de la
cuenca Ariguanabo una unidad de alta complejidad desde el punto de vista hidrogeológico,
por lo cual ha sido incluida entre las cuencas de importancia nacional.
El mapa de paisajes elaborado en la primera fase de esta investigación, que puede
ser apreciado en la Figura 2, quedó constituido por 4 unidades de primer orden a nivel de
localidades, que a continuación se describen:
Unidad I - Llanuras medias (45-80 m) cársico-acumulativas, de planas a inclinadas (0-
10°), sobre calizas, calizas margosas, margas y areniscas con suelos Ferralítico Rojo,
Pardo, Ferrálico Rojo, Fersialítico Pardo Rojizo, Rendzina, Protorrendzina, Gley
Nodular Ferruginoso, Lithosol, sedimentos lacuno palustres y fluviales con
formaciones arbustivas palustres, vegetación secundaria, cultivos varios y
plantaciones de cítricos y frutales (98.58 km2).
Biogeografia... desde a América Latina - 113
Estado de mediano tiempo, que para el área de estudio se vincula con la existencia
o alternancia de sequías y los cuales están motivados por niveles de precipitación
muy inferiores a las medias históricas y que se manifiestan en un stress hídrico de la
vegetación, la disminución de los niveles de las aguas subterráneas y por ende la
limitación de su uso para las actividades agropecuarias.
Eventos a largo plazo, que pueden tener como base el efecto de la variabilidad
climática, en sinergia con la fuerte actividad antrópica a la cual ha estado
sometida casi toda la cuenca.
Según el grado de antropización del paisaje la mayor parte del territorio (alrededor
del 85%) se encuentra fuertemente modificado y un reducido grupos de unidades están en
la categoría de modificado (I4, II5, III1, III2 y III3), mientras que solo las unidades de paisaje
II2 y II3, correspondientes al cauce, valle y laderas del río Ariguanabo pueden considerarse
como paisajes medianamente modificados.
Lo anterior ejemplifica el fuerte proceso de asimilación socioeconómica a que ha
estado sometida gran parte de la cuenca desde la etapa colonial hasta el presente (Cuadro 1).
116 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
Cuadro 1. Esquema metodológico para el ordenamiento ambiental y territorial sobre la base de los paisajes.
Del análisis de la relación potencial/uso actual se identifican muy pocas unidades con alto
conflicto, predominando un grado bajo o muy bajo del mismo. Una de las actividades que está
involucrada en un mayor número de casos de conflictos (Tabla 2 a y b) es la actividad porcina, por su
alta agresividad en cuanto a producción de residuos, en un área con una alta vulnerabilidad del
acuífero debido al predominio del carso.
Paisajes medianamente estables: el cauce y valle del río Govea (I1), la superficie
plana con carso cubierto por una delgada capa de suelo (I3b), el cauce y valle del
río Govea (II1), las ladera y zona de transición del río Ariguanabo (II3), la
superficie plana con carso estabilizado (II4c), la superficie plana con carso
cubierto por depósitos potentes (II4d), la superficie plana no cársica (II4e) y las
cimas (110-260m) de Anafe.
Paisajes inestables: la depresión lacuno–palustre (I2), la superficie plana con
carso desnudo y semidesnudo (I3a), la superficie plana con carso desnudo y
semidesnudo (80-120m) (II4a), la superficie plana con carso cubierto por una
delgada capa de suelo (II4b), la superficie de transición (II5), las cimas (120-200m)
(III3) y el escarpe cársico de Anafe (IV1).
Paisajes críticos: la superficie plana con carso cubierto por depósitos potentes (I3d).
120 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
Esta área está compuesta por dos asociaciones vegetales principales, las cuales se
diferencian entre sí debido a la litología y el suelo. Estas son, por una parte, la Erythroxyletum
havanense que corresponde con el carso desnudo (con un recubrimiento de suelo menor al
10%) que se encuentra en las cimas y pendientes del cañón del río Ariguanabo y la Cupanietum
glabrae que coincide con el carso parcialmente desnudo (con recubrimiento de suelo entre el
40% y 50%) que aparece en el fondo de los valles. Dentro de la asociación Erythroxyletum
havanense se determinaron dos subasociaciones que se diferencian fundamentalmente por su
composición florística. Estas subasociaciones son: Ouratietosum que corresponde a las cimas y
la Anthurietosum a las pendientes. (Suarez, 1983).
Como se puede apreciar el Mapa 4 y la Tabla 3, el bosque del sector rural es el tipo
definido que ocupa mayor extensión, con 201,3 ha, seguido del sector periurbano con 35,7
ha. En ambos sectores están presentes lugares donde la franja de bosque es
extremadamente estrecha (menor que 50 m) y por lo general colinda con zonas de
desarrollo agrícola, lo cual ha motivado que el cauce se encuentre parcialmente colmatado
por los sedimentos arrastrados por la escorrentía en presencia de fuertes o prolongadas
lluvias (Foto 2). La presencia del bosque en el sector urbano se reduce a unas pocas
hectáreas que se encuentran con muy baja densidad de ejemplares.
Mapa 4. Área actual del bosque ribera (de galería) en cada uno de los sectores.
Tabla 3. Resumen de las áreas ocupadas por cada uno de los sectores de bosque y comparación con un área
buffer propuesta de 250 m a ambos lados del cauce.
Foto 2. Áreas del cauce con alto grado de sedimentación y crecimiento de vegetación acuática y terrestre.
CONCLUSIONES
REFERENCIAS
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SUÁREZ, E. D. Estudio biogeográfico del cañón del Río Ariguanabo, Universidad de La Habana (inédito), 1993.
46 p. Trabajo de curso.
Biogeografia... desde a América Latina - 125
Capítulo 8
INTRODUÇÃO
29
Bacharel em Geografia e Mestrando Profissional – FCT/UNESP – Presidente Prudente - SP.
30
Professor Assistente Doutor – FCT/UNESP – Presidente Prudente - SP.
126 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
Se, ao longo do tempo, o local for ocupado por uma cobertura vegetal pioneira, ainda
que de baixo porte e diversidade como, por exemplo, gramíneas com 20 ou 30 centímetros de
altura, o microclima no nível do solo sofrerá sensíveis alterações: esse estreito manto de
vegetação funcionará como isolante térmico, reduzindo significativamente sua amplitude;
propiciará maior disponibilidade hídrica pela redução na velocidade da evaporação e na
fixação de umidade pelas raízes, retardando a infiltração; além de fornecer matéria orgânica e
favorecer a atividade dos microrganismos decompositores, contribuindo para uma maior
disponibilidade de nutrientes. Os processos erosivos terão sua intensidade reduzida, e a
menor mobilidade das partículas superficiais do solo também irá contribuir para melhorar a
fixação dos vegetais. E, graças a essas transformações nas características locais, espécies
vegetais que originalmente não encontrariam condições adequadas à germinação e ao
desenvolvimento passam a se fixarem na área.
Com o aumento da diversidade e do porte da cobertura vegetal, as mudanças
ambientais locais se intensificam: aumenta o isolamento térmico, a retenção de umidade, a
oferta de nutrientes orgânicos, e o sombreamento no nível do solo. Assim, as espécies
pioneiras, que em um primeiro momento foram as responsáveis pela melhoria dos atributos
locais, não mais encontram condições favoráveis ao seu desenvolvimento e findam por
serem eliminadas da área. Essa é, na essência, a dinâmica que regula o processo de sucessão
ecológica, como adiante se detalha.
Segundo Mellinger & Mc Naughton (1975), sucessão ecológica pode ser definida
como “o processo ordenado de mudanças no ecossistema, resultante da modificação do
ambiente físico pela comunidade biológica, culminando em um tipo de ecossistema
persistente – o clímax.” (p.161).
O processo de sucessão ecológica pode iniciar-se em duas situações distintas:
- Sucessão Primária: Ocorre em áreas recém-disponibilizadas à ocupação, ou seja,
uma área que não tenha sido anteriormente ocupada, ou cuja biota original tenha sido
eliminada. São exemplos as áreas devastadas por erupções vulcânicas, lava vulcânica
recém solidificada, blocos rochosos expostos por movimentos de massa, ou, como
abordaremos em maior detalhe nas páginas seguintes, “nos terrenos rejuvenescidos pelas
seguidas deposições de areias marinhas nas praias e restingas.” (IBGE, 2012, p.136). No
Manual Técnico da Vegetação Brasileira, são áreas definidas como “Sistemas edáficos de
primeira ocupação” (IBGE, 2012, p.136).
128 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
Figura 01: Exemplo de comunidade pioneira (ECESE) em área de restinga no litoral Sul do estado de São Paulo.
maior, que tende a ampliar-se com o passar do tempo. A instalação de espécies herbáceas
de maior porte e de arbustivas (ainda heliófitas) reduz a oferta de radiação solar no nível do
solo, aumentado a competição por luminosidade e nutrientes e levando à gradativa redução
na densidade de gramíneas e herbáceas de menor porte. Nestes estágios surgem e se
desenvolvem comunidades de animais e, em fases mais avançadas começam a se
desenvolverem as comunidades arbóreas.
Figura 02: Exemplo de diferentes momentos do processo de sucessão ecológica na Região Metropolitana de
São Paulo (Cotia/Embu-SP). Em primeiro plano, comunidade pioneira com predomínio de gramíneas (Poaceae);
em seguida, diferentes estágios de comunidades intermediárias, desde o predomínio de espécies herbáceas e
arbustivas, até espécies arbóreas mais ao fundo da imagem.
Figura 03: Exemplo de comunidade clímax (clímaces) no Parque Estadual do Jurupará, estado de São Paulo.
Destaque para a densidade, diversidade e rugosidade da cobertura vegetal.
[...] campos de dunas, ilhas, recifes, costões rochosos, baías, rios, estuários,
lagunas, manguezais, marismas, baixios, brejos, falésias, praias e restingas. Nestes,
por sua vez, uma grande variedade de ecossistemas abriga uma rica biodiversidade,
infelizmente seriamente ameaçada, degradada e destruída pela expansão urbana,
portuária, especulação imobiliária, falta de saneamento ambiental, derrames de
petróleo, aumento da turbidez da água costeira devido ao desmatamento, obras de
engenharia, etc. (p. 557-558).
O litoral do estado de São Paulo (Figura 04) por sua vez, possui cerca de 400 quilômetros
de extensão, localizando-se entre as latitudes 23º 30’ – 25º S e as longitudes 44º 30’ – 48º W.
134 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
Giannini et al. (2003; 2006) e Guedes (2003) apud Nascimento (2006, p. 80)
elaboraram o modelo morfodinâmico de crescimento de Ilha Comprida, onde “os autores
usam associação de informações obtidas de fotointerpretação, descrição de perfis em
transectos, análises texturais e mineralógicas e datações por luminescência opticamente
estimulada e 14C” (NASCIMENTO JR., 2006, p. 80).
Neste modelo “conclui-se pela evolução holocênica da ilha dividida em quatro fases
principais, onde duas componentes de crescimento, uma longitudinal e outra transversal,
alternam-se em importância relativa” (NASCIMENTO JR., 2006, p. 80).
136 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
Segundo o autor,
[...] na fase 1 predominou crescimento para NE, pela adição de cordões litorâneos
curvados para esse rumo, com pronunciado componente de “engorda” rumo SE
(tempos 1 a 3). Na fase 2, haveria crescimento mais pronunciado para NE, tornando
subordinada a componente de alargamento (rumo SE) da ilha (tempos 4 a 5). Na fase 3,
o crescimento para NE teria sido temporariamente interrompido pelo morro de
Icapara, que funcionou como obstáculo para a corrente de deriva litorânea longitudinal
e assim propiciou fase dominada por alargamento (tempo 7). Por fim, na fase 4, a
“engorda” da ilha atingiu o ponto em que o morro de Icapara não mais funcionava
como obstáculo para a corrente de deriva litorânea longitudinal. A barreira retomou
assim seu crescimento rumo NE, como pode ser observado hoje em dia com a migração
da desembocadura de Icapara (tempo 8). (NASCIMENTO JR., 2006, p. 80).
Esse modelo apresenta a predominância da deriva rumo NE, além de nos mostrar
que “a deriva litorânea geral não deve ter-se alterado de maneira significativa durante seu
crescimento nos últimos milênios” (NASCIMENTO JR., 2006, p. 82).
O crescimento morfológico de Ilha Comprida “se mantém no rumo geral da ilha
exceto pela extremidade que apresenta uma rotação para norte. Em contrapartida, a ilha de
Iguape apresenta um processo erosivo acentuado” (TESSLER et al., 2006, p. 319). Em estudo
realizado pela Geobrás (1966, apud TESSLER et al., 2006, p. 319), apontou-se que o
crescimento de Ilha Comprida é da ordem de 35m/ano e que há um recuo na ilha de Iguape
de aproximadamente 32 m/ano. Esse processo de crescimento morfológico de Ilha Comprida
foi acelerado por conta da construção do Canal do Valo Grande em Iguape.
Aberto em 1830 com o intuito de facilitar e acelerar o escoamento da produção
de arroz no baixo Vale do Ribeira de Iguape, o Canal do Valo Grande encurtaria o
percurso em 50 quilômetros, não mais havendo a necessidade de percorrer o trecho final
do curso do rio Ribeira de Iguape e o trecho do canal que separa Ilha Comprida do
continente, até o porto de Iguape.
Concluídas as obras, o canal foi inaugurado possuindo três quilômetros de extensão
e 4,40 metros de largura, mas após alguns anos, passou para 100 metros de largura e
atualmente, 185 anos depois, apresenta 300 metros de largura.
Segundo Mahiques (apud ANDRADE, 2014), “[...] as águas desviadas do rio,
carregadas de sedimentos lamosos, aos poucos provocaram intenso assoreamento e
inviabilizaram o Porto de Iguape, já que as embarcações não mais podem atracar”. Além
disso, “como resultado do alargamento do canal, aproximadamente 60% do fluxo do rio foi
transferido para o sistema lagunar, de água salobra, provocando a diminuição drástica da
salinidade e seu assoreamento” (MAHIQUES apud ANDRADE, 2014).
Como resultado da abertura do canal, “o rio Ribeira de Iguape adotou o valo como
seu leito principal, escavando e carreando grandes volumes de material em suspensão e
sedimentos para o Mar Pequeno” (TESSLER et. al., 2006, p. 320).
138 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
Para tanto, mantivemos a mesma distância de 78,5 m em relação à linha da água do mar.
Neste sentido, tomou-se o cuidado de estabelecer uma correlação da altitude da maré nos
diferentes dias em que os trabalhos foram realizados, como forma de reduzir a margem de
erro no tocante à distância das parcelas fixas em relação ao ambiente marinho. Os
quadrantes foram subdivididos em três setores de 20 m² cada.
Figura 07: Localização dos quadrantes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A vegetação de restinga “por estar localizada ao longo da costa brasileira, está sob
intensa pressão da ocupação humana e consequente alteração da paisagem original”
(BRIZOTTI; COSTA FARIA; OLIVEIRA, 2009, p. 01).
De acordo com os autores (op. cit., p. 01) “no estado de São Paulo, os ecossistemas
de restinga vêm sendo degradados desde a colonização e encontram-se reduzidos a
pequenas manchas remanescentes [...] constituindo o conjunto de ecossistemas mais
ameaçado do estado”.
Isso não é diferente em Ilha Comprida, como podemos perceber pela forte
degradação que ocorre, como por exemplo, evidenciada pela presença de marcas de
pisoteio impressas por pessoas e veículos.
A pesquisa apresentada, demonstra a importância da Biogeografia para
diagnósticos ambientais. O estudo de sucessão ecológica da vegetação pode contribuir tanto
para análises de processos e dinâmicas naturais, como é o caso do processo de progradação
que ocorre na Ilha Comprida, como indicador de níveis de instabilidade morfodinâmica,
como para análises e avaliações acerca da ação antrópica, constituindo-se em um indicador
de níveis de degradação.
REFERÊNCIAS
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Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2014/12/18/valo-grande-causa-danos-no-litoral-de-sao-
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BRIZOTTI, M. M.; COSTA FARIA, M. B. B. da; OLIVEIRA, A. A. de. Atlas dos remanescentes dos ecossistemas de
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144 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
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Capítulo 9
INTRODUÇÃO
Em uma perspectiva histórica é evidente que a paisagem que nos chegou até hoje é
produto das relações de populações com o seu ambiente. Nesse particular é
conveniente lembrar que muitos pesquisadores ainda concebem os sistemas
ecológicos como “naturais”, desconectados das atividades humanas que se
passaram em diversas escalas de tempo. Há, portanto, a necessidade de se incluir o
legado da atividade humana como parte do enfoque ecológico nas investigações
sobre a paisagem e, portanto, não se limitar a interpretar a sua estrutura e
33
funcionamento a partir de um ponto de vista exclusivamente “natural” .
(OLIVEIRA; ENGEMANN, 2011, p. 10).
31
As considerações presentes neste trabalho são resultado de modificação de parte do Trabalho de Conclusão
de Curso (Bacharelado e Licenciatura em Geografia) do autor (BARTHOLOMEU, 2014), cujo orientador foi o
Prof. Dr. João Rua, a quem se agradece pelas contribuições, fundamentais para a elaboração deste capítulo. O
trabalho aqui publicado foi apresentado pela primeira vez no XV Encontro de Geógrafos de América Latina,
ocorrido em abril de 2015, em Havana, Cuba (BARTHOLOMEU, 2015).
32
Bacharel e licenciado em Geografia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), mestre
e doutorando em Geografia pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPG) da mesma universidade.
Integrante do Grupo de Estudos Urbanos e Rurais (URAIS). E-mail: matheuscb@live.com.
33
Em citação a García-Montiel (2002).
146 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
Este trabalho está dividido em três partes, além desta introdução e das
considerações finais. Na primeira, uma pequena seção, fazemos um breve panorama sobre a
região de estudo, sua geologia e sua geomorfologia, para que o leitor possa entender melhor
o contexto do desenvolvimento integrado entre a floresta e os indígenas. Na segunda parte,
nosso interesse é caracterizar as florestas tropicais atlânticas da área de investigação e falar
dos fatores paleoclimáticos e paleoecológicos relacionados a sua origem. Na terceira seção
do trabalho, procuramos fazer um histórico arqueoecológico da região, mostrando
finalmente o significativo vínculo entre o desenvolvimento humano e natural nas florestas
atlânticas estudadas.
Figura 1. Mapa hipsométrico de localização das principais rodovias de ligação entre Rio de
Janeiro (RJ) e Juiz de Fora (MG) – Os cursos hídricos e as feições geomorfológicas mais notáveis
aparecem destacados.
É somente a partir do vale do Rio Doce que as florestas densas dos tabuleiros
costeiros revestem a Serra do Mar espírito-santense e se adentram pelos
largos compartimentos do vale, em território mineiro, abrangendo centenas
de quilômetros para o interior, até as fraldas orientais da Serra do Espinhaço.
Por sua vez, a porção sul e sul-oriental de Minas Gerais apresentava um
quadro tão contínuo de florestas tropicais em áreas geomorfológicas típicas
de “mares de morros”, que foi denominada Zona da Mata mineira. Um espaço
de florestas tropicais que se estendia desde a porção ocidental das serranias
fluminenses até Santos Dumont, Juiz de Fora e Manhuaçu, sofrendo
modificações drásticas nos altiplanos campestres, dotados de ecossistemas
híbridos ocorrentes entre Tiradentes e Barbacena. O nível de interiorização
das matas atlânticas no Sul de Minas/ Interior Fluminense perfaz de 500 a
600 quilômetros para o interior, comportando sempre florestas tropicais de
planaltos dotados de clima mesotérmico, com 18° a 20°C de temperatura e
1300 a 1 600 mm [sic] de precipitações anuais. Com fortes acréscimos de
chuvas e nevoeiros na fachada atlântica da Serra do Mar e da Serra da
Mantiqueira. (AB'SÁBER, 2011, p. 49).
34
Em citação a obra de 1977.
35
Em citação a Watanabe (1997).
36
Em citação a Walter (1986).
152 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
37
De acordo com Walter (1986 apud COUTINHO, 2006, p. 17), o Zonobioma I tem como respectivo clima o
“equatorial, úmido e quente, cujas variações térmicas maiores ocorrem dentro de períodos diários” e
vegetação zonal as “florestas pluviais tropicais sempre verdes”. Ainda nesta citação o número romano “I” que
segue outros tipos de biomas indica que eles também fazem parte do Zonobioma I.
38
Em citação a obra de 1998.
39
Em citação a obra de 2002.
Biogeografia... desde a América Latina - 153
Nesses fragmentos florestais, separados por uma matriz de caatingas por milhares
de anos, ocorreram processos de especiação e o surgimento de diversas subespécies. Isso
explica, evidentemente, a distribuição geográfica desigual da fauna e flora no domínio
tropical atlântico, “já que durante o que chamamos de (re)tropicalização não aconteceu uma
coalescência integral e homogênea a partir dos redutos e refúgios em processo de
(re)expansão ou (re)emendação” (AB'SÁBER, 2011, p. 54). Se não podemos ignorar esse
histórico paleoclimático e paleoecológico da formação das florestas atlânticas, tampouco
devemos fazê-lo com relação a seu histórico arqueoecológico, isto é, aquele que contempla
a presença do ser humano: tema do próximo tópico.
40
Em citação a Ab’Sáber; não há indicação de data da obra.
Biogeografia... desde a América Latina - 155
41
Esta citação se refere a este e aos próximos três parágrafos.
156 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
Dean (2011, p. 44-45) conta que a técnica mais comum era a da agricultura de
queimada, da qual a coivara foi a principal variante: cortava-se a macega de
aproximadamente um hectare de floresta e fazia-se o anelamento dos troncos maiores,
deixando secar. Antes das chuvas, queimava-se a vegetação, de modo que a biomassa
caísse. As chuvas, então faziam os nutrientes infiltrarem no solo, neutralizando-o e
fertilizando-o. Depois de alguns ciclos de cultivo, a área era deixada em repouso por cerca de
20 a 40 anos, até que o processo sucessional atingisse o estágio secundário – cuja vegetação
era chamada pelos índios de “capoeira” – e a análoga estabilização dos solos, para, só então,
haver o replantio.
Oliveira (2007, p. 43-45) explica que a imprescindibilidade do uso do fogo nestas
formas rudimentares de agricultura está ligada ao fato de os solos da Mata Atlântica serem
deficientes em fósforo, estando este nutriente concentrado na biomassa. Ainda segundo ele,
a “utilização do fogo para a abertura de áreas de cultivos de subsistência é responsável pela
geração de um tipo particular de paisagem florestal, dominante no Sudeste brasileiro” (p.
44). Além disso, em escalas temporal e espacial mais amplas, a agricultura nômade ou
seminômade indígena pode ser entendida como um dos grandes reguladores, da seleção de
espécies e da composição faunística e, principalmente, florística da Mata Atlântica
encontrada pelos europeus. José Augusto Drummond (1997, p. 38-39, grifos do autor) trata
a importância da coivara em paralelo com a importância do domínio do fogo:
Biogeografia... desde a América Latina - 157
Pelo que consta, […] todos os povos ameríndios tinham pelo domínio do fogo,
que usavam para numerosos fins, todos eles com poder de modificar os meios
naturais em pequena ou grande escala: limpeza de áreas para aldeias, plantações
e áreas de caça; auxílio direto à caça, para cercar ou espantar animais em
direções desejadas; estímulo ao crescimento de certas plantas resistentes ao
fogo e que atraem herbívoros especialmente valorizados como animais de caça;
festas e rituais; arma de guerra; cerâmica; iluminação noturna, aquecimento e
segurança contra animais predadores; e, por último, o cozimento, a preservação
e a defumação de alimentos, um dos traços distintivos mais marcantes da
42
espécie humana em relação aos demais animais .
Dean (2011, p. 47-48) complementa ao dizer que foi perto do ano 400 d.C. que
grupos de agricultores das regiões montanhosas desceram às baixadas em busca dos
recursos da mariscagem e da pesca, mas sem abandonar o cultivo de vegetais. O principal
desses grupos foi o tupi, cujo sucesso notadamente se atribui ao domínio da navegação e à
agressividade em guerras, parte do seu ritual típico. À expulsão dos povos indígenas
sambaquieiros (a última evidência arqueológica de um sambaqui data de cerca de 1100 d.
C.) seguiram-se guerras entre as próprias tribos tupis pelo território, tendo os perdedores de
migrar para áreas menos produtivas, como as serras.
Os tupis não intensificaram muito suas práticas agrícolas, ao passo que dispunham
de uma grande variedade de frutos, peixes e mariscos, além de caçarem alguns herbívoros,
insetos e outros animais terrestres.
Outra coisa que possivelmente contribuiu para a proteção das florestas foi o caráter
embrionário do comércio entre as aldeias litorâneas e interioranas, cujas mercadorias não
eram agrícolas. Os tupis, entretanto, mantinham uma rede de trilhas estratégicas e
migratórias em direção às serras do Atlântico; muitas das quais aproveitadas para traçar a
rota de rodovias modernas (DEAN, 2011, p. 49). Também era exercida pressão seletiva sobre
a floresta, preferindo os tupis retornar a áreas já queimadas a derrubar novas áreas de
floresta, em razão da falta de segurança à medida que se distancia da aldeia e à dificuldade
de corte e queima em matas virgens. No espaço entre as aldeias das baixadas não
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Em citação a Pyne (1988) e Dean (1995, cap. 2-3)
158 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)
costumava haver ocupação, sendo por isso pouco utilizado para as práticas agrícolas
(DRUMMOND, 1997, p. 43). Ao longo de suas fronteiras nas montanhas, por sua vez, as
pressões sobre a floresta podem ter sido reduzidas, pois com as guerras, os grupos serranos
na defensiva precisariam abandonar suas plantações e tornar-se para a caça e a coleta
(DEAN, 2011, p. 53).
Sendo assim, Drummond (1997, p. 48) sintetiza três suposições. A primeira diz que as
alterações ambientais causadas pelas populações indígenas se concentraram em menos de
um terço do território atual do estado do Rio de Janeiro, em especial sua planície litorânea.
A segunda é de que tais pressões foram principalmente sobre recursos naturais renováveis,
o que leva à terceira suposição: a escala de exploração foi compatível à escala de renovação
natural das florestas, ainda que as técnicas fossem potencialmente transformadoras. Essas
características conseguem mostrar bem como homem e natureza se tornam cada vez mais
interagentes e, por que não interdependentes?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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