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Marcelo Caruso
A I nvenção
da Sala de Aula
UMA GENEALOGIA
DAS FORMAS DE ENSINAR
=111 Moderna
COORDENAÇÃO EDITORIAL José Carlos de Castro
TRADUÇÃO E REVISÃO ILXtC Revisão de Textos V C Lida
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO GRAEICA Fernando Dallo Dcgan
COORDENAÇÃO DE REVISÃO Ksiev.im Vieira l.é d n jr
REVISÃO Sérgio Rolrerto Torres
EDIÇÃO DE ARTE Ricardo Postaccliim
PROJETO GRÃfICO Ana Maria O nnlii
CAPA Ricardo Poslaccltini
El no: 1’apcl c caneta - (111 >
PESQUISA ICONOGRÃfICA Ana Lúcia Soares
01AG RAMACÃ O Enriqneia Mímica Meyer
TRATAMENTO DE IMAGENS Américo Jesus
SAÍDA DE FILMES lle lio P de Siui/a Filho, Mareio llid eyu ki Kainoio
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL \\ il—m \parecidi ■I » ique
0020000063031
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação |CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Ou.ssel. Inés
A invenção da sala de aula : uma geneali>gia das
formas de ensinar ' Inés Dossel. Marcelo Caniso ;
|(radumr.l Cristina Annmesl. — São Paulo : Moderna.
2<X)3. — (Educação em pauta)
ISBN 85-16-03897-1
Reprodução proibida. Arl.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de levereiro de 1998.
E d it o r a M o d ern a Ltd a .
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2003
Impresso n o Brasil
1 3 5 7 9 10 8 6 4 2
D edico este livro a Lita, M a rio e M ariica.
São m e u s avós, ju n ta m e n te com Carlos, E nrique, C hina eA da.
N ã o h o u v e tragédia n e m d o r tão g ra n d e q u e lhes tira ssem a
v o n ta d e de v iv e r e de am ar.
O brigada p e lo q u e m e e n sin a ra m e en sin a m .
In é s
A g r a d e c im e n t o s , 9
P rólogo, I I
In tro d u ç ã o , 13
De pedantes, pedagogos e sala de aula, 15
1 S ala de au la ? G en ea lo g ia ? D e f in iç õ e s para in ic ia r o
percu rso , 29
História e genealogia, 33
A sala de aula como materialidade e como
comunicação, 36
Do governo à “governamentabilidade”, 40
E n s a io
R ev o lu ç ã o I n d u s t r ia l , 103
Condições do “crescimento” da sala de aula:
transformações das sociedades européias no final do
século 18, 104
Primeira consolidação da sala de aula global: a escola
prussiana, I 10
Segunda consolidação: como a sala de aula global
derrota o método de ensino mútuo, I 17
Terceira consolidação: a escola prussiana, dos
princípios pestalozzianos à teoria educacional de
Herbart, 133
Quarta consolidação: os pedagogos da sala de aula
simultânea na Inglaterra, 146
E n sa io
9
A I nvenção da S ala de A ula
10
P ró lo g o
n
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/
E no amplo terreno do público e do social, assim como no
espaço íntimo e privado da subjetividade, dos mecanismos psí
quicos, da alma onde se constatam os vestígios e as marcas que
a educação produz nos indivíduos e na sociedade. A educação
tem no estudante seu território específico, uma das formas mais
universais de sua institucionalização. Nesse território há um ce
nário emblemático, testemunha das combinações múltiplas que
resultam da articulação de invariâncias e mudanças, tradição e
novidade, repetição e inovação, lembranças do passado e so
nhos de futuro: a sala de aula. Nesse cenário desenvolvem-se os
múltiplos roteiros que, como atores, produzimos todos nós, edu
cadores e alunos. Em determinadas ocasiões, repetimos palavras
de outros; em muitas outras, criamos nosso próprio texto; nem
sempre nos damos oportunidade de refletir sobre ambos, de
pensar sobre eles e sobre nós.
Inés Dussel e Marcelo Caruso propõem-nos um livro
relativamente incomum, uma vez que não procura impor uma
leitura, mas sim solióitar-nos como autores, incorporando es-
trangeirismo ao cotidiano, ao dar conta de uma genealogia que,
omitindo a neutralidade, restitui as múltiplas maneiras de ver o
espaço e as práticas que nele transcorrem e que, dando-lhe sig
nificado, se significam.
Por trás das páginas que contam histórias, oferecem
conceitos, estimulam exercícios, convidam à lembrança e, prin-
11 — ;
A I nvenção da S ala de A ula
Graciela Frigerio
INTRODUÇÃO
D e P edantes, P edagogos e
S al as de A ula
n n
15 :
A I nvenção da Sala oe A ula
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I ntkoduçáo
1. N.T. Uma definição antigo da polavro pedante, hoje em desuso, significa “mestre que
ensino gramático às crianças indo de cosa em cosa ".
que denominamos “mestre” e deixa de ser a ação de guia geral
(Terreros e Pando, 1788, p.73). Surge no século 19 a definição de
pedagogia como “a arte e a ciência de ensinar e educar as crian
ças”. Esta descrição, que hoje nos parece natural, é, na realidade,
uma invenção recente, dos últimos séculos (Rizzi Salvatori, 1996).
Analisemos mais detalhadamente a definição moderna
de pedagogia. A pedagogia é uma ciência e uma arte; está asso
ciada ao “ensinar” e ao “educar”. A pedagogia ocupa-se das “cri
anças”. Neste caso, pode-se acrescentar que algumas versões con
temporâneas sustentam que a pedagogia não se ocupa unicamente
das crianças, mas que há também uma pedagogia dos adoles
centes e uma pedagogia dos adultos. Para analisar os compo
nentes desta definição, à qual voltaremos diversas vezes no de
correr do livro, começaremos pelo último ponto:1
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I ntrodução
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I ntrodução
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I ntrodução
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1
S ala de a u l a ? G e n e a l o g ia ? D e fin iç õ e s
para I n ic ia r o P ercu rso
D ■
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A I hvenção oa S ai . a oí A la
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Fig. 3. Sala de aula inglesa, segundo a proposta de David Scow, em
gravura de 1836 (Extraído de: D. Hamilton. Towards a Theory o f
Schooling, Falmer Press, Londres, 1989, p. 104). (
2. Um bom exemplo desta disjunção que se produzirio em um suposto encontro com nossos
ontepossodos é o filme Novigotor ( Vincent UUord. fíustrólio, 1989), que conto o história de
um grupo de camponeses afetados pelo peste bubônico por volto do ono 1350, que por
ocoso 'surgem '’ em pleno século 20.
Sala üe aula ? G enealogia 5 D efinições para I niciar o P ercurso
H istória e genealogia
Muitos de nós certamente conhecem a palavra genealogia
a partir de “árvores genealógicas”, que rastreiam os antepassados e
nos fornecem um “mapa” com informações sobre nossos anteceden
tes familiares. Por outro lado, este é um recurso utilizado no ensino
das ciências sociais na escola primária, quando se propõe às crianças
que perguntem a seus avós e pais sobre sua origem e sua história de
vida. Este recurso permite abordar alguns temas, como a história
local, a história do país ou alguns fenômenos específicos, como a
imigração (muitos desses avós foram imigrantes ou filhos de imi
grantes), a partir de uma abordagem mais significativa para os alu
nos, uma vez que podem vincular estes fatos à sua própria história.
Entretanto, o uso da genealogia que sugerimos neste
capítulo é um pouco diferente. Para nós, de acordo com alguns
filósofos e historiadores deste século, a genealogia é uma forma
de olhar e de escrever a história que difere da história tradicio
nal, porque é definida como história com perspectiva, crítica, inte
ressada. A genealogia parte de um problema ou conceito atual e
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3. Michel Foucoult (1926-1984) foi um filósofo, historiador e critico social, cujos trabalhos, que
não podem ser facilmente enquodrodos em uma matéria determinado, se encontrom entre os
mois influentes nas ciências scaois e humonos da última metode do século. Cmboro seja difícil
sistematizor em poucos palavras os linhos principais de suo obro. pode-se dizer que seus
moiores interesses foram: I) o formação e a transformação do sober e dos conhecimentos e
suo reloção com o poder e com o construção do verdade; 2) os sistemas de p o d er "invisíveis",
paém centrois nos sociedades modernas3) a construção dos diferentes tipos de subjetivida
de em nossos sociedades e seus antecedentes em reloção tanto aos conhecimentos sobre
nós mesmos como às diversos formos de orgonização do poder. Verdade, sober. poder, sub
jetividade. fí obra de Foucault è difícil e esquiva, porém seus temos centrois são de fundomen-
tol importàncio paro os pedagogos — sejom eles “cientistas" da educação ou professores.
Fntretonto. vale o peno tentor uma leituro. O livro no quol Foucault trata mais explicitomente da
escola e da educação é Vigior a pjnir. Fm O nascimento da prisão ( 197ó), anohsa a escola
com relação a processos comuns o outras instituições de "confinamento". como hospitois. pri
sões. quortéis e fóbncos. Também sdo bostonte conhecidos seus livros sobre a loucura —
História da loucura na época clássica (/ 9ó /): sobre medicina—O nascimento da clínico (/ 9ó3);
sobre o nascimento dos humonidades — Rs palavras e as coisas (1966); sua História da
sexualidade (3 volumes. 1977-1984): e seus artigos e entrevistos sobre o poder — Microfísica
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5a. a o: a u la ? G fnealogia ? D efinições para I niciar o P ercurso
do poder, compilação, várias edições. R diferenço entre genealogia e história, que utilizare
mos em nosso percurso, encontra-se em "Nietzsche, o geneologio e o história" (1971). incor
porado ao já mencionado Microfísica do Poder. Paro onolisar algumas das repercussões do
trabalho de Foucault no pedogogia iberoamericana. pode-se consultoria firqueologia de Io
escuelo, de Varela e Rlvorez-Uria. e íscuelo, poder e subjetivadón. de iorrosa.
4- Ver, por exemplo. Noiriel ( 1997) e Foucault ( 1980) sobre o problema do perspectivo no
momento de escrever história e do fato inevitável de assumir uma perspectiva em particular.
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r~36
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Sala de au la ? G enealogia ? D efinições pana I niciar o P ercurso l
S. Os contribuições de Hamilton ( I 989). Cutler (1989) e Johnson ( 1994) sõo trabalhos pio
neiros neste sentido. No âmbito do nosso trabalho, o história do caderno de lições e sua
difusão na Rrgentino foi trabalhada por Silvina Gwtz (1997).
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6. fí esse respeito, consultor nosso trabalho anterior, Caruso e Dussel ( 199ó) capítulo 3.
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S-UA DE AULA? GENEALOGIA? DEFINIÇÕES PARA h OA R O PERCURSO
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D o GOVERNO À "GOVERNAMENTALIDADE"
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Sala de aula P G enealogia ? Definições para I niciar o P ercurso
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5ala oe aula ? G emfalogia ? Definições pa r a I niciar o P frcurso
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N asce a S ala de A u l a : o P a p e l da
R eli gião c om o P a rt ei ra
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Nasce a Sala df A ula . o Papfl da R eligião como P arteira
51 “ “ :
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52 •ifráflL*
- *4
Nasce a Sala de A ula : o P apel da R eligião covo P apteip .a
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A I mvenção oa S ala df A ula
9. A/este sentido, sõo interessantes alguns debotes da época sobre se deveríam ou não ser
oplicodos castigos aos fiéis que não cumpriam os rituais religiosos. 6m olgumas províncias
olemãs. por exemplo, castigavom-se com repreensões e oté com a prisão os pessoas que
não freqüentovom a missa e que não faziam seus juromentos religiosos.- entretanto, a
maioria dos teólogos protestantes opôs -se a estos repreensões, enfatizando que o trans
gressor deveno desenvolver arrependimento ou sentimento de culpa interior para sanar
suo falta (Sobeon, 1984. cap. I).
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1
(
10. Por porte do Cstodo, forom os famosos Reis Católicos que propiciorom umo forte ofensivo
cristã com opoio estofo/, que incluiu tombém o expulsão dos religiões judio e muçulmano
do território espanhol. No Itólio. é conhecido o coso de Sovonarolo (1452-1498). um
monge dominicano fundomentolisto que. com seus seguidores, tomou o poder no cidode
de Florenço e tentou introduzir umo teocracia (governo segundo o religião) e umo vido
regulamentado de ocordo com regros estritos de um cristianismo fundomentolisto. Os s e
guidores de Sovonorolo são conhecidos por suos queimas de quodros e livros, suo rejei
ção à vido daquela cidode comercial que ero o Florenço do época. Cstes são dois exem
plos de que. em visto do início dos tronsformoções modernos, o reoçõo religioso hovio
começado ontes de Lutero (Zentner. 1990. p. 495).
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Nasce a Sala de A ula : o Papel da R eligião como Paiueiua
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A I nvenção da S ala de A ula
5ô
Nasce a S aia df A ula o P apel da R eligião como P aiueika
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íTCrtrtíriUôjLim&cr. XX>útem&rg. m. jD, 36 36 mj.
59
De maneira geral, o protestantismo, com as diferentes
correntes que o constituíram, deu grande impulso à escolariza-
ção, e, em particular, à pedagogia. Preocupado com a conforma
ção de uma nova instituição e um novo indivíduo, centrou-se
nas formas de propagar sua pregação a amplas massas da popu
lação. Algumas tendências, principalmente a dos calvinistas em
Genebra, foram mais longe e tentaram criar uma sociedade dos
homens “à imagem e semelhança” das escrituras cristãs. Nelas se
valorizavam e se prescreviam ordem e disciplina rigorosas, e a
escola foi estruturada segundo esses parâmetros. Muitos dos clé
rigos e leigos que ali se educaram difundiram por toda a Europa
os novos métodos de ensino baseados em uma organização se-
qüenciada do conhecimento.
Aparentemente, os calvinistas tiveram muita influên
cia na adoção de termos como currículo, aula e método na pe
dagogia (Hamilton, 1989, p. 46 e ss.). Em primeiro lugar, prega
vam que a vida devia seguir uma regra, uma ordem, determinadas
pelo cumprimento das sagradas escrituras, e que a Igreja devia
impor essa disciplina a seus fiéis. Junto à desconfiança sobre as
tendências naturais que os levavam a ter rígidos códigos de dis
ciplina, os calvinistas aderiam à idéia de que o homem (orienta
do pela Igreja) podia dominar suas paixões, e que devia educar-
se dentro desse objetivo. Assim, deram muita importância ao
método de ensino e de orientação da Igreja. Na Academia de
Genebra, formaram grande número de discípulos vindos de to
das as partes da Europa, que posteriormente ensinariam em seus
locais de origem. Um deles, o escocês Andrew Melville, foi o
diretor da Universidade de Glasgow, onde implementou seu sis
tema — uma combinação da aprendizagem com Calvino e das
tradições medievais. As reformas que impôs incluíam: residên
cia obrigatória de cada reitor ou diretor da Universidade dentro
!
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I
A I nvetçã :. S - . a de A ula
11. Emile Durkheim (1858-1917). que voltaremos a mencionor no capítulo 4, foi um teórico
social francês considerado um dos grandes clássicos do sociologia. Seus diversos traba
lhos defendicm a posição de que muitos fatos considerados "pessoais "ou "naturais" d e
corriam, no verdade, de estnjturas sociais. Por exemplo, o foto de que estatisticamente o
número de suicídios de protestontes é maior do que o de católicos levou Durkheim a ver o
suicídio como um fenômeno social influenoodo pelos diversos regras dessas confissões, e
não simplesmente como umo decisão pessoal. Mesmo ossim, questionou-se sobre como
serio possível que os sociedades se mantivessem unidos e. nesse contexto, escreveu
diversos trobolhos sobre o popel da educação a esse respeito. Entre suas obros desta-
cam-se: fi divisõo social do trobolho (1895). O suicídio (1897), Rs formos elementares do
vido religioso (1912) e vários textos metodológicos. Entre seus trabalhos sobre educação
encontram-se: Historio do educação e dos doutrinos pedogógicos (oulas dos anos 1904-
1905. publicados pela primeira vez postumamente, em 1939) e Educoção e sociologia
(1911). Ver tombem, de vónos autores. Educação e sociedade (1980). Rindo que os
posições de Durkheim não sejam desenvolvidos neste trabalho, trato-se de umo leitura
recomendável poro o percurso aqui proposto.
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Nascl a 5ala df A ula o P apel da R eligião como P arteira
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Nasce a Sala de A u la : o P apel da R eligião como P arteira
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Nasce: a Sala de A ula o P apel da R eligião como Parteira
O M É T O D O G L O B A L DE J A N A m OS C O M E N I O 12
12. Falaremos do método global de ensino que todos nós conhecemos: um professor dirige-
se a um grupo de olunos e organizo centrolmente o situação de aprendizagem. No enton-
to. usaremos também, poro coracterizó-lo. a polovro "frontal'. que se encontro na biblio
grafia de língua alemã. Fnquonto com a polovro globol se enfotizo o papel do docente de
maneira gerol, o fato de sua polovro olconçor todos os alunos, com a polovro frontal
salienta-se o organização espociol do método em função de umo posição frontol ocupodo
pelo professor. De qualquer maneiro, esclarecemos que ombos os termos referem-se à
mesma situação de comunicação no interior da sola de oulo.
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N as cf a Sala de A ula: o P apel da R eligião como Pa r t eir a
13. Comenio escreveu suo obro em latim, o que era comum em suo époco. Cmboro tenhamos
adotado como bose o tradução espanholo fornecida pelo editora Flkal, introduzimos modi
ficações em algumas citoções da tradução alemã de 1913. que foi realizado por umo
prestigiosa equipe de latinistos.
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Nasce a Sa ia de A ula : o P apel da R eligião como P arteira
14. Como vimos no caracterização que Foucault Foz do poder pastoral, trato-se — ossim como
o ponteísmo — de umo tradição oriental.
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Nasce a Sala de A ula o Papel da R eligião como Parteira
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Nasce a Sala de A ula : o P apel da R eligião como Parteira
S lN G U L A T IM OU O L A D O IN D IV ID U A L IZ A D O R D A S A L A
DE a u l a : o m é t o d o d o s j e s u í t a s
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15. O ortigo 7 do Rotio Studiorum dedaro: "se olguém afino! nõo tiver um talento extraordiná
rio, mos tiver um dom excepciono! poro fozer pregações e governar', pode compensar
suas deficiências na disputo teológico com suas hobilidodes "que sdo de interesse da
Sociedade', por meio de mais oportunidades de formação com vistos a um futuro posto
escolar (Rotio Studiorum, 1887. p. 249).
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Nasce a Sala de A ula . o Papel da R eligião como P arteira
16. Nos citações do Rotio Studiorum. tomamos com bose o edição bilíngue (lotim-olemõo) de
Pachtler (1887). que foz porte de importante série documental do final do século 19:
Monumento Germonioe Poedogogico.
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17. Çsta organização é bosicamente o mesma paro outros disciplinas. Por exemplo, as regras
paro o professor de retórica, artigo 2. estabelecem que: "a divisão do tempo é o seguinte:
na primeira hora da manhã, (os alunos) repetirão o que foi memorizado; o docente corrige
os trabalhos escritos recolhidos pelos monitores, e. enquanto isso, diversos exercícios
escolores são dados aos alunos: finalmente.o docente repete o lição anterior" (Ratio
Studiorum, 1887, p. 401).
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Nasce a Sala de A ula o P apel da R eligião como P arteira
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A I nvenção da S ala de A ula
Será bom falar com freqüência com os alunos que parecem mais rela
xados em sua conduta e que talvez estejam expostos a vícios mais
graves (...), lendo um texto ao acaso ou recomendando um livro sobre
piedade que esteja à mão; recitando um conto (...), fazendo com que
compreendam que mentir, enganar, jurar, pronunciar palavras obsce
nas e ímpias, criticar (...) são comportamentos vergonhosos; em todas
as circunstâncias, fará escolhas com habilidade e criará, mesmo à dis
tância, oportunidades para ensiná-los a conduzir-se em direção a Deus
(...). Dará a cada aluno livretos que falem de piedade e recompensará
aqueles que melhor se aplicarem à sua leitura. Em seguida, pergunta
rá aos alunos se os leram (...), porém sempre com doçura, uma vez
que o maior inimigo da virtude é a violência.
C ita d o p o r V arela, 1 9 8 3 , p. 134.
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Nasce a Sala de A ula o P apel da R eligião como P arteira
sim, o aluno dos jesuítas nunca ficava só" (Durkheim, 1992, p. 325).
Seria possível estar só na sala de aula de Comenio? Provavelmente.
De qualquer forma, naquela, assim como em outros cenários peda
gógicos, um docente pode falar e os alunos podem pensar em qual
quer outra coisa enquanto parecem prestar atenção. Diante disso, os
jesuítas formularam um sistema didático que reduziria ao mínimo
essa possibilidade, e que garantiria que cada pessoa havería de obede
cer e trabalhar sobre sua consciência cumprindo as ordens claclas.18
A presença do monitor assegurava que a autoridade fosse uma indivi
dualização “próxima”, um indivíduo que era a continuação dos olhos
e da autoridade “verdadeira” ou original, que é a figura do professor.
Por outro lado, o sistema jesuíta introduziu outras novi
dades. Por exemplo, os jesuítas foram os primeiros a utilizar as tão
discutidas notas escolares. Em um esquema no qual se instalava a
competição dos sujeitos individualizados na vida cotidiana da sala
de aula, as notas foram um incentivo à competição. Como afirma
Foucault, a forma pedagógica da sala de aula jesuíta era “a guerra
e a rivalidade” (Foucault, 1995, p. 149). O artigo 31 das regras da
Ratio Studiorum para os professores das classes iniciais determina:
18. Com relação oo uso do tempo nos escolas jesuitos, foucault comento: ”o princípio subja
cente oo emprego do tempo em suo formo tradicional ero essencialmente negativo; prin
cípio do não ociosidode: é proibido perder um tempo contado por Deus e pago pelos
homens; o emprego do tempo devio ofostor o perigo de esbonjó-lo. o falto moroI e o falto
de honrodez econômico" (foucault. 1995. p. 158).
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Nasce a Sala de A ula o Papel da R eligião como P a i u e i i u
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19. Foucault: afirma: "Pouco o pouco (...) o espaço escolor se desdobro: o classe torno-se
homogêneo, está composto openas por elementos individuais que se dispõem um ao iii
lodo do outro sob o olhar do professor " (Foucault. 1995. p. 150).
_______________
:
89 !l
.
A I nvenção oa Sala de A ula
Por castigo deve-se entender tudo o que é capaz de fazer com que as
crianças percebam que fizeram alguma coisa errada, tudo o que é capaz
de humilhá-las, de provocar uma confusão (...), certa frieza, certa indi
ferença, uma pergunta, uma humilhação, uma destituição de posto.
La S a lle , Conduta das escolas cristãs,
c ita d o em : F o u c a u lt, 1 9 9 5 , p. 1 8 3 .
90
Nasce a Sala oe A ula o Papel oa R eligião como Parteira
“corretas” para nosso senso comum. Essas técnicas, por sua vez,
produzem saberes que influenciam a maneira pela qual perce
bemos a realidade social e humana: a economia, a linguística, a
história, a biologia, a medicina. A hipótese central de Foucault
com relação a essas “disciplinas” distintas do castigo é que fo
ram-se desenvolvendo em diversas instituições — quartéis, hos
pitais, escolas, internatos, mais tarde nas fábricas — e começa
ram a dominar a vida cotidiana das pessoas.
Essas ações disciplinares desenvolveram-se dentro de
um Estado absolutista, forma dominante do governo político à
época. O absolutismo é uma “forma de governo na qual o sobe
rano detém poder ilimitado sobre a competência de legislar e
sobre o cumprimento da legislação. Trata-se de um poder que
dispensa as leis” (Zentner, 1990, p. 9). Durante o século 18, e
em função de mudanças culturais, econômicas e políticas que
analisaremos no próximo capítulo, o despotismo ilustrado con-
verteu-se em absolutismo.
Em que resultou este desenvolvimento da pedagogia
da escola elementar nas condições da “confessionalização” e da
formação dos estados absolutistas? O pastorado como princípio de
condução integra-se cada vez mais à vida das massas, por meio de
uma nova form a institucional: a escola elementar Ainda que tenha
mos verificado que algumas pedagogias, como a de Comenio,
acentuavam o momento grupai do pastorado, outras, como a je
suíta, praticavam a relação individual como forma de condução.
A estrutura da sala de aula e a organização das interações desen
volvidas a partir desses princípios foram, portanto, diferentes.
Entretanto, La Salle produziu uma síntese na qual a obe
diência grupai e a individual se combinavam, não por meio de um a
mescla de métodos, mas priorizando o método global — e, portanto,
A I nvenção da S ala de A ula
ENSAIO20
A PEDAGOGIA E SUAS METÁFORAS
20. "Porte introdutório de um discurso, espécie de prelúdio " (UUebsters Comprehensive Dictio-
nory, Chicago. 1996. p. 446).
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21. A/o teoria psicanalítico considerou-se com muito seriedade que a metóforo e a metonímio
— esto último é umo metóforo que não substitui umo palavra por outro, mas sim uma parte
por um todo (por exemplo, "cabeça de gado' poro mencionar a voco inteira) — sõo meca
nismos centrais no funcionamento de nosso inconsciente, no sonho, nos piados, em nos
sos lopsos. Rlgumas situoções psíquicos graves, como o psicose, também forom defini
dos, de formo bastante simplificada, como “ausência do mecanismo do metóforo’. No
mundo psiquiátrico encontromos vórios vezes uma onedoto um tanto trágico, cuja autenti
cidade não podemos garantir, mas que parece bem cloro. Cm um hospital psiquiátrico, os
familiares levam o um psicótico internado olgumos coisas para sua higiene pessoal, entre
elas um tubo de posto de dente ‘'Colgate''. O paciente recebe o nome do posta de dente
como uma mensagem literol. não como algo que se lê de outro maneira, umo marco, mas
sim como uma mensagem real. e se enforca (N. L em espanhol, “cólgate" significa "enfor
que-se“). Por esse motivo, diz-se que o ausência da metáfora é um problema de primeiro
grau. R metóforo é vista como umo função simbólico de primeira importância. Sobre o
papel do metóforo e do metonímio nos processos inconscientes, consulte Dor, 1981. cops.
ó-IO; UJidmer. 1997, cop. 5.
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22. Frigerio e Poggi trabalharam algumos destas em seu livro Coro y ceco, prindpalmente no
capítulo dedicado às culturos institucionais escolares.
23. Sobre este temo. vejo Frigerio. 1995.
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política para colocar fim a estas relações servis com relação à no
breza e à monarquia. A Revolução Francesa (como este momento
passou para a história) irrompeu em Paris em 1789, a partir de
uma aliança entre burgueses antimonárquicos e as camadas po
bres da cidade, que decidiram eliminar a monarquia. A história
desta revolução (como a de tantas outras) é complexa, com fac
ções internas e episódios de grande dramaticidade (Vovelle, 1984).
Para as outras casas reais da Europa, a decapitação do rei da Fran
ça e de sua mulher teve um caráter mais que simbólico: mostrava
um novo ator político (a burguesia mercantil e industrial), que
exigia sua parte na divisão. Foram desenvolvidas novas linhas de
conflito entre um bloco monárquico, com apoio dos camponeses,
da nobreza e da maior parte da Igreja católica; e um bloco burguês,
com o apoio das nascentes classes operárias nascentes, que reivin
dicavam melhores condições de trabalho e representação política.
Apesar de os governos revolucionários terem sido derrotados e a
monarquia, restaurada, a Revolução inaugurou o legado da mo
derna tradição liberal e republicana, baseada nos direitos huma
nos e dos cidadãos. As idéias de democracia, progresso e secula-
rização, ou separação da igreja e do Estado, passaram a ser os
baluartes do credo cidadão na maior parte dos países ocidentais
e, sem dúvida, influenciaram as revoluções pela independência
das colônias hispano-americanas.
Ocorreu nessa época um terceiro movimento, de limites
mais difusos e que talvez se tenha iniciado mais cedo, que envol
veu uma progressiva transformação do panorama cultural e a for
mulação de novos programas de governo, como a república par
lamentarista. Esta transformação originou-se no poderoso
movimento intelectual e político chamado Iluminismo, que se es
tendeu por toda a Europa. O Iluminismo era definido por si mes
mo como a “luz” em oposição à “escuridão” dos tempos medie
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25. Um comentário do époco dizio: "fílguém pode imogmor o trobotho que dó ensinar codo
umo dos 80 o 100 crianças a soletrar e ler. talvez duos vezes pelo monhõ 0 duos vezes
pelo torde. O professor deve ficor tonto muito rapidamente" (crítico anônimo do fina! do
século 18 citodo por Petrot. 1979, p. 193).
26. fí expressão alemã é "Schule-Halten"observe que holten é 0 verbo que também designa
o expressão "pronunciar umo prédico " C'eine Predigt holten).
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G L O B A L D E R R O T A O M É T O D O DE E N S I N O M Ú T U O
27. é interessonte observar como é Feitio o compilação de Jeon Pierre Bostion ( 1990), de
que o difusão do lancasterianismo no Rmérico Latina foi mediado pelo disputo entre o
protestantismo e o catolicismo. James Thompson, o enviado do British ond Foreign School
Society. escrevia em seus relatórios sobre estes temos sul-omericonos os progressos diá
rios no vendo de Bíblios protestantes, junto oos ovonços do método loncosteriono. Rpo-
rentemente, conseguiram o opoio do Coroo britânico com o orgumento de que o exponsõo
de suo couso otroirio odeptos oo império inglês oo difundir o religião e o cultura daquele
pois (Bostion. 1990).
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28. Rs diferenças entre Lancaster 0 Bell não eram menores, jó que Loncoster. apesor de contar
com o apoio do Rei e de alguns nobres, sofria a resistência do Igreja anglicana, que
lonçou violentos campanhas contra ele, e que opoiovo Bell (Toylor, 1996). Considerado
um liberal. Lancaster teve que emigrar paro os Cstados Unidos em 1818. e em 1826 viveu
algum tempo em Corocos. contratodo por Simón Bolívar (Norodoujski. 1995. p. 141).
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29. Pode-se comparar esta preocupação pelo eficiêncio do tempo escolar com o comentário de
Domingo F. Sarmiento em suo viagem oos Fstados Unidos: “nesta época de movimento
universal, o povo que tiver embarcações mais velozes, de construção mais barato e, porton-
to, com fretes menos elevados, será o rei do universo" (Sarmiento, 1845-184:1993. p. 335).
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30. Jeon-Jocques Rousseau ( 1712-1778). de quem trotaremos em detolhe mois odionte, foi
um filósofo, político e teórico sociol de gronde importância poro suo époco. formulou o
proposição de que os sociedades se boseorom em um "contrato" — nós o chamoríomos
poeto ou constituição — entre pessoas livres e iguais. De suo vosto obro, destaco-se, no
compo educotivo. Cmilio ou do educoçõo ( 1762), onde troça umo utopio pedagógico no
quol o educoçõo devio oproximar-se ò noturezo do crionço. Cmilio é um dos grandes clás
sicos do pedogogio moderno e suo leitura é muito recomendável.
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sor sempre dirigiría a atenção dos alunos a esses três aspectos: quantos
objetos e de que classes se apresentam a seus olhos; como se mos
tram, como são sua forma e seu contorno; como se chamam, como
cada um deles pode ser representado por meio de um som e de
uma palavra. Tais deveriam ser os guias de todos os professores
para educar a mente, a mão e o coração de seus alunos.
Estes três pilares constituíram a base da didática pesta-
lozziana, juntamente com o princípio da observação e da educa
ção perceptiva. Vejamos como funcionava este método na prática.
Johannes Ramsauer, discípulo e colaborador de Pestalozzi, reme
morando sua experiência como aluno, narra um exemplo do en
sino da língua. Esta se organizava a partir de exercícios de obser-
vação-intuição sobre um velho tapete pendurado na parede.
tório. Isto era cada vez mais necessário devido à liberação dos cam
poneses e à incipiente industrialização, que provocava deslocamen
tos e migrações de populações e que exigia uma massa mais disci
plinada. Com este argumento, entre outros, os responsáveis pela
política educativa desejavam construir um ensino homogêneo, dis
ciplinado, regulamentado até nos detalhes.
Qual é o conteúdo governamental da proposta pesta-
lozziana? A criança aprende a abordar os objetos do ponto de
vista do conhecimento. Aprende a conduzir-se como alguém que
conhece, em uma situação de grande estruturação determinada
pelo professor. Os alunos aprendem a “conduzir-se” a si mesmos.
Assim sendo, o professor é um verdadeiro “condutor” das condu
ções dos alunos, um governante da situação de ensino que ele
mesmo estrutura, guiando e sistematizando as percepções e as
disposições dos alunos. Pestalozzi avança na proposta do método
global, redefinindo um sistema centrado em uma criança que
aprende e que, por sua vez, o guia até objetivos preestabelecidos.
Neste sentido, pode-se dizer que o método pestalozziano parece
ser uma das grandes formulações do governo da sala de aula con
temporânea, que mais tarde viria a se aprimorar e se tornaria mais
complexa, como veremos no próximo capítulo.
O próprio pedagogo argentino, Rodolfo Senet, transcre
ve uma das atividades que a diretora da Escola Normal de Dolo-
res, Lupercina Laborda, utilizava para ensinar o método pestaloz
ziano. A professora propunha uma série de problemas pedagógicos
baseados nos nove princípios, a partir de uma situação de ensino
que não cumpria alguns deles. Os alunos deviam indicar qual era
o princípio que não estava sendo seguido e quais seriam os passos
para corrigi-lo. Laborda perguntava: “Que princípios pestalozzia-
nos são violados procedendo da seguinte forma?”
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do. Para que sua imaginação não voasse, era necessário mantê-
los ocupados. Segundo, se a ocupação estava garantida, era bom
que aprendessem algo. Com esse propósito, Herbart formulou
algo semelhante a uma didática geral que continha indicações
de como organizar o ensino de acordo com as disciplinas e a
idade dos educandos.
Pode-se dizer que Herbart é um dos primeiros pe
dagogos que estruturaram o clássico triângulo pedagógico:
professor-aluno-conhecimento. “Que a instrução tome ou não
seu verdadeiro caminho depende do professor, do aluno e do
objeto, simultaneamente” (Herbart, 1935, p. 94)31. Esta afir
mação, hoje tão incorporada em nosso senso comum, era, no
entanto, completamente nova se comparada com a pedago
gia de Comenio, La Salle ou Lancaster, que não falavam de
um objeto de conhecimento nem do professor como m edia
dor nessa relação. Herbart explicitou e fundamentou esta trí
ade de conceitos, e formulou uma pedagogia que triplicasse a
relação entre os três. Como se depreende das considerações
anteriores sobre o governo e a disciplina, o triângulo não era
equilátero, nem supunha uma relação equivalente entre as
partes: o professor continuava sendo o "sol” que Comenio im agi
nou, ainda que em um sistem a mais rico e complexo, cheio de
alunos com vontades, interesses e experiências que deviam ser
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letra A, fazendo com que cada criança indicasse a letra com seu
dedo; uma vez feito isto, recitavamos a letra seguinte, e assim por
diante até que tivessem repetido todo o alfabeto. Seguindo este
plano, com o passar do tempo, conseguimos encontrar monitores
que conheciam as letras e assim adotamos um sistema regular, que
passamos a relatar nas páginas seguintes.
Wilderspin, 1824, pp. 30-31.
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32. Osto situação pastoral foi tão difundido que durante muito tempo a escolo sandonou e
castigou coisos que ocorriam foro do escolo. No fírgentina, alguns regulamentos discipli-
nares castigavam o que os alunos foziom na soida da escolo até um raio de 500 metros.
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a T ática E scolar no S éculo 2033
33. Emprestamos esta subtítulo do porta III do trabalho de Puiggrós, 1990, que. por suo vez.
se baseou em Senet, 1918.
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34. Sobre o noção de compo. ver Bourdieu ( I 992). Cste sociólogo francês define compo como
'uma rede ou umo configuração de relações objetivos entre posições. Cstos posições sõo
definidos objetivomente em suo existência e nos determinações que impõem a seus ocu
pantes, cgentes ou instituições por suo situoçõo (situsj otuol e potencial dentro do estru
turo do distribuição dos diferentes espécies de poder (ou e copitol), cujo posse oriento o
acesso oos benefícios específicos que estão em jogo no compo, e, oo mesmo tempo, por
suos relações objetivos com os outros posições " (Bourdieu, 1992, pp. 72- 73). Pensor no
pedagogia como um compo é um convite poro olhor olém dos intenções e ofirmoções dos
pessoas e dos instituições, e poro considerar seus comportamentos como porte de estra
tégias dentro de um espaço no quol estão em jogo relações de poder, dentro e foro do
compo considerado.
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35. AIo RrgenUna. esse crescimento foi um pouco mais tordio e ocorreu nos décodos de
I 880■ I 920. emboro tombem tenho sido espetacular. No opinião de fldolfo Prieto. o
fírgentino era. em 1882. o quarto pois do mundo no reloçõo de periódicos editados
por número de habitantes. Cm 1877. Lo Noción e to Prenso editovom 18 mil exempla
res diários: em 1888. vendiam cerco de 60 mil (Prieto, 1988. pp. 37-39).
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(
( f A I nvenção da S ala de A ula
vam comprar, uma vez que não os produziam por si mesmas. Des
se modo, o sistema baseava-se no crescimento contínuo: da econo
mia, da riqueza, das cidades. Em sua famosa obra O Capital (1867),
Marx chamou esta característica de “reprodução ampliada”. Esta
beleceu a diferença entre “reprodução simples” e “reprodução am
pliada” da economia. A primeira refere-se à economia tradicional:
planto batatas para sobreviver e voltar a plantar batatas no ano que
vem, sobrevivo, “procrio”; com as batatas que vendo adquiro ou
(
tros produtos que nem eu nem minha família podemos produzir. A
( “reprodução ampliada”, por sua vez, vai mais além. Trata-se de acu
( mular riqueza, não apenas de sobreviver e simplesmente procriar,
( uma vez que toda a economia e a sociedade produzem para acu
mular e crescer. Este ciclo de produção crescente e de consumo é a
(
característica específica da nova situação social no final do século
(
19 (Marx, 1974, pp. 591, 624 e 647).
Fig. 12. Operário inglês e sua família em sua casa, em 18 6 1. De uma pintura da épo
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R EG U LA R AS T R O C A S Q U E O C O R R E M NA SA LA DE A U L A ?
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38. Sobre os dissidências, remetemos oo livro de Puiggrós jó citodo, principalmente o porte II,
que troto do pedagogo Corlos Vergara.
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39. R denominação "filosofa positivo" foi originolmente utilizodo por Cloude Henri de Soint-
Simon ( 1760- 1825) eporRuguste Comte ( 1798-1857). Mais torde, foi odoptodo e refor
mulado por Herbert Spencer (1820-1903), difundindo-se e exercendo influências muito
omplos, chegando à Rmérica e à 4s/o.
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40. O Diccionorío d® Pedogogía de Ferdinond 8uisson. uma obro encidopédico de tom positivista
editada na França em J882 e reeditada anos mois tarde, fonte de consulto obrigatório poro os
mestres franceses, e bostante consultoda na fírgentino, ofirmavo que o pedagogia era umo
ciência moral, com um objeto mais concreto e específico: e sua vizinha mais próxima era o
política. Dizia o autor, Flenri Marion, que poro ambos (pedogogia e política) é difícil determinar
se são ciência ou arte. pois têm como finolidade o ação. e não o saber. Cntretonto, todo arte
requer ciêncio. conhecimentos, embora não com o objetivo de coordenor e sintetizar os usos
existentes e dingi-los a umpropósito de saber. Se negormos o coróter cientifico, seremos escra
vos da prótica sem a teoria, do coleta de procedimentos, sem outra autoridade senão o uso
corrente (o sentido comum, a experiência). "Certomente, o uso corrente è um grande mestre",
levando-se em conto que indicamos diretomente a prótica: e a experiência que deve recuperor
o pedagogia é pessoal de cada mestre e da história das doutrinas e dos sistemas pedagógi
cos. Cntretonto. "não se oproveita o experiência própna e de outros, somente o condição de
interpretá-la comjustiço: a história deve ser lida com crítica" (Buisson, 1882. p. 2239).
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zada (cap. 2), ou como corpo que devia ser disciplinado (cap.
3), ou como indivíduo que cresce e que deve seguir ordens e ser
moralizado (p. 148 e ss.), a escola nova apóia-se na natureza da
criança, considerada basicamente boa. Pensemos então que sob
esta postura que unia muitos pedagogos “escolanovistas” existia
um importante potencial para estruturar a sala de aula de ma
neira diversa. A escola nova como movimento pedagógico teve
muitas expressões, concretizou inúmeras propostas de organi
zação da sala de aula, algumas ainda vigentes. Nas próximas
seções apresentaremos alguns exemplos que não esgotam o tema,
nem incluem toda a variedade de propostas e experiências, po
rém mostram como esta idéia da bondade da natureza da crian
ça foi concretizada em contextos e culturas muito diferentes e
de maneiras muito diversas.
Talvez uma das figuras deste movimento mais conhe
cidas no âmbito internacional seja John Dewey (1859-1952),
filósofo norte-americano de grande influência na educação41. Par
tidário das idéias liberais, este pedagogo afirmou que a educa
ção deveria representar a vida atual e formar indivíduos abertos,
empreendedores e inquisitivos, que sustentariam a vida demo
crática. Para ele, a educação não deveria “preparar para a vida”,
como se esta fosse uma etapa ulterior, e sim ser um processo de
vida que deve ser tão real e vital como outras etapas.
A base da educação deveria estar na criança, em suas
capacidades, seus interesses e suas disposições. Queixava-se de
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se perdem na “massa” da classe — , mas que, ao mesmo tempo,
não isola a criança de seus companheiros, não leva a uma inclivi-
dualização extrema. Diante de outras propostas mais radicais e
conseqüentes, que pretendiam dar às crianças o poder na sala de
aula e que queriam que os pequenos grupos se auto-organizassem,
Kilkpatrick opôs-se e manteve certa centralidade do docente, no
mínimo como organizador. Kilkpatrick desenvolveu esta teoria
em “O método de projetos” (1918), onde conceitualiza uma série
de experiências que muitos docentes, predominantemente urba
nos, estavam realizando (Knoll, 1994).
A professora Ellen Parkhurst também propôs um siste
ma que, de certa maneira, desestruturava a sala de aula tradicional.
Sua proposta — conhecida como o projeto Dalton (onde estava
localizada sua escola) — ajustava o “ensino” ao ritmo individual de
cada aluno. Fora da sala de aula — espaço coletivo por excelência
— o aluno era livre em sua atividade e fazia um “contrato” com o
professor sobre qual seria seu ritmo de aprendizagem, quanto tempo
iria dedicar-se a uma ou outra tarefa. O único limite era o ano
escolar. Outra forma de individualização foi proposta por Carleton
Washbume, em Winnetka, nas vizinhanças de Chicago. Washbur-
ne propôs um programa mínimo para os alunos, que constava de
atividades relacionadas aos conhecimentos tradicionais, e um “pro
grama de desenvolvimento”, constituído por atividades em grupo,
de caráter mais criativo (Jesualdo, 1945).
Em todas essas propostas aparecem elementos novos:
para o trabalho em grupo intercalado com aulas era necessário
poder deslocar as carteiras. Desse modo, as carteiras parafusa
das no solo eram consideradas inimigas dos movimentos de re
forma. Mesmo assim, a posição central do docente parecia di
luir-se intermitentemente, por exemplo, quando uma criança
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42. Uma boa formulação do situação didático na solo de oulo de Montessori foi enunciado por
Jürgen Oelkers. Frente à difuso figuro docente e ò importância do aprendizagem por meio
do moteriol. Oelkers afirmou: "o material è o método' ( 1996. p. 180).
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tos: era mais higiênico (relembremos o relato que abriu este capí
tulo sobre as cuspidas para limpar a lousa, e o pó de giz que ainda
é utilizado para escrever no quadro negro), permitia o acúmulo e
o registro de dados sobre as tarefas escolares ao longo do tempo e
tornava mais fácil a análise do processo de aprendizagem como
uma atividade sustentada em uma série temporal. Entretanto, sur
giu, além disso, a idéia do caderno único: em vez de um caderno
para cada matéria, haveria um caderno que unificaria e simplifica
ria a interação entre professores e alunos (Gvirtz, 1997, pp. 45 e
ss.). Além disso, Rezzano, como bom escolanovista, deu ênfase às
atividades do aluno: o caderno deveria ser um “caderno do fazer”,
que permitisse constância naquilo que um aluno aprendia e era
capaz de realizar. Gvirtz analisa como o caderno passou a ser o
centro de interesse de professores, diretores e inspetores: seria uma
peça chave na avaliação daquilo que os professores ensinavam e
do que os alunos aprendiam. Seria convertido em um registro de
como o governo das crianças funciona em sala de aula.
Dissemos que a regulação da aprendizagem como posição
nova favorecia o fato de a comunicação da sala de aula se ter adapta
do à criança, e não o contrário, o que significava grandes mudanças
no governo da mesma. Os reformadores da escola nova propuseram
muitas formas para organizar a sala de aula, das quais vimos apenas
algumas. Outras experiências, como as pedagogias associadas à idéia
da comunidade nos países de língua alemã, a individualização psi
cológica derivada da psicologia suíça, as experiências escandinavas,
etc., não foram aqui apresentadas. Entretanto, vimos na análise dos
casos uma série de elementos que queremos sistematizar.
Nossa tese é a seguinte: o biopoder desenvolvido na socie
dade global por parte do Estado em sociedades que adquiriram uma
dinâmica crescente tem sua expressão pedagógica mais acabada na
escola nova. Esta imaginava uma sala de aula onde o processo de
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44. Csto postura de Rousseau foi muito discutido; poro aqueles que desejom oprofundar-se
mois nessa discussão, recomendamos as obras de Narodowski ( 1995) e d e Lereno (1985).
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45. Poro quem tiver interesse, recomendamos alguns trobolhos sobre este período: Puiggrós.
1997; Gimeno Sacristón, 1982, eDios8arriga. 1986, entre muitos outros.
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