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A ERA DO GRUNHIDO | Copa 2010 http://colunistas.ig.com.br/copa2010flaviogomes/2010/06/19/563/
Mas não quero falar aqui dessas figuras ridículas que acham que escrevem bem e que se julgam parte
de algum grupo de pensadores contemporâneos, já que são cheios de fazer citações by Wikipedia e TAGS
com elas impressionam seus leitores babacas. O que escrevem e dizem, para não ofender demais,
repercute entre eles três e seus leitores babacas, todos compartilhados. Eles detestam o Lula e o PT, e adidas Alemanha Argentina
é tudo que conseguem exprimir com sua verborragia enjoativa e padronizada. Mas dali não sai, suas
opiniões e ataques histéricos contra o que chamam de esquerda brasileira não têm importância alguma, Argélia Audi Austrália Brasil camisas Chile
não produzem eco algum. Copa 2014 Coreia do Norte Coreia
do Sul Costa do Marfim Desmond
Só que a capa da “Veja”, embora a revista seja uma droga indizível, tem importância, sim. Afinal, ela é
vista por alguns milhões de pessoas, repousa amarrotada durante meses em mesinhas de consultórios Tutu Dinamarca Dunga E daí?
médicos, dentistas e despachantes, e as pessoas a notam nas bancas de jornais, ao lado de mulheres
Eslovênia Espanha EUA França
peladas. E algumas pessoas ainda puxam assunto em mesas de bares e restaurantes dizendo “li na
Gana GreenGrécia Holanda imprensa
‘Veja’”, e tal. São os “formadores de opinião”. Uau.
Inglaterra Itália Kaká Luís Fabiano
E aí aparece aqui na minha frente, no estúdio da rádio, a ”Veja” que foi hoje às bancas. Na capa, “CALA
Maradona Morumbi México Nigéria Nova
Zelândia Paraguai Pelé Portugal
BOCA GALVÃO”, uma foto do narrador da Globo, e está dada a senha para uma pretensa reportagem
Portuguesa Puma Soccer City Sérvia uniformes
séria de sete páginas, um “box” e três gráficos sobre o poder do Twitter, motivada por uma bobagem
infanto-juvenil que nem os “tuiteiros” levam muito a sério, lançada no dia da abertura da Copa. Aliás, Uruguai África do Sul
nem o Galvão levou a sério, claro, porque discutir um uma “hashtag” de Twitter é como sugerir um
seminário para analisar a musicalidade de uma vuvuzela, ou um congresso sobre comunidades bizarras
do Orkut. ARQUIVOS
Selecionar o mês
Ontem morreu José Saramago. O maior escritor da língua portuguesa mereceu desse semanário
indefensável meia página, com uma foto e uma legenda editorializada, porque ”Veja” tem opiniões
formadas até sobre índice e numeração de páginas. Diz a legenda: “ESTILO E EQUÍVOCO”, reduzindo
Saramago a isso, a alguém que tinha estilo e era equivocado, para atacar as posições políticas e BUSCA NO BLOG
religiosas do escritor, comunista e ateu.
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Alguém ser comunista e ateu, para a “Veja”, é algo mais condenável do que estuprar a mãe no tanque.
“Ao lado da criação literária, manteve-se sempre ativo, e equivocado, na política”, diz o texto pastoso,
que nem assinado foi. Uma pobreza jornalística inacreditável. “Nos países cujos regimes ele defendia,
nenhum escritor que ousou discordar teve o luxo de uma morte tranquila”, encerra o autor. Como é que
alguém pode escrever uma merda desse tamanho? Será que essa gente não tem vergonha do que
coloca no papel?
Pois todas as palavras ditas e escritas por Saramago, capaz de obras-primas da literatura universal
como “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, “Ensaio Sobre a Cegueira”, “Todos os Nomes”, “Memorial
do Convento”, “Caim”, “Jangada de Pedra”, mereceram da “Veja” meia página, enquanto três palavras
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