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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PIAUÍ

VARA ÚNICA DA COMARCA DE MANOEL EMÍDIO


Rua Azarias Belchior, n.º 855, Centro, CEP 64.875-000, Fone: (89) 35351184

Processo nº. 0000117-59.2017.8.18.0085


AUTOR: JONES WERLEN MIRANDA E SILVA
RÉU: PREFEITURA MUNICIPAL DE BERTOLÍNIA – PI
RÉU: CÂMARA MUNICIPAL DE BERTOLÍNIA – PI

DECISÃO

Vistos, etc.
Defiro os benefícios da justiça gratuita.
Têm-se, na espécie, AÇÃO DE ORDINÁRIA DE COBRANÇA C/C
TUTELA PROVISÓRIA DE EVIDÊNCIA ajuizada por JONES WERLEN MIRANDA E
SILVA em desfavor da PREFEITURA MUNICIPAL DE BERTOLÍNIA – PI e CÂMARA
MUNICIPAL DE BERTOLÍNIA – PI.
Em suma, relata que é vereador do município de Bertolínia – PI, tendo
sido reeleito para o mandato de 2017 à 2020, o qual teria que receber a título de subsídio o
valor de R$ 2.451,40 (dois mil quatrocentos e cinquenta e um reais e quarenta centavos),
conforme resolução nº. 01/2012.
Alega, que o subsídio em comento vinha sendo pago regularmente, ou seja,
nos dizeres da resolução n° 01/2012, até dezembro de 2016 e, que a partir de janeiro de
2017, sofreu uma redução arbitrária para o valor de R$ 2.200,00 (dois mil e duzentos
reais) e, posteriormente, no mês de março de 2017 em diante, para o valor de R$ 1.990,48
(um mil novecentos e noventa reais e quarenta e oito centos).
Aduz, que não foi apresentado aos vereadores municipais, qualquer
resolução ou norma hierárquica superior que estabelecesse novo provento, ou mesmo que
revogasse à resolução outrora em vigor, bem como qualquer documento ou informação no
sentido de que a redução do subsídio seria necessária, por haver possibilidade de violação
ao limite de gastos previstos no art. 29, da Constituição Federal, o qual seria, única exceção
na resolução 01/2012, no que tange à redução dos subsídios dos membros da câmara
legislativa.
Por fim, requereu a procedência da ação nos termos dos pedidos ora
expostos na inicial.
Com a inicial veio a documentação de fls. 24 usque 42.
Citado, os Réus, no prazo legal, apenas a Câmara Municipal de Bertolínia –
PI, contestou o feito.
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PIAUÍ
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Aduziu, preliminarmente, a Ilegitimidade passiva da Câmara, uma vez que,


é carente de condição processual, tendo apenas personalidade judiciária, e não jurídica,
podendo estar em juízo apenas na defesa de seus interesses institucionais. No mérito,
alegou à falta de orçamento, assim, com o escopo de atender as leis que disciplinam a
aplicação dos recursos públicos, seguindo orientação dos órgãos de controle, não restou
senão a diminuição dos subsídios dos vereadores, de modo a não ultrapassar os limites de
gatos constitucionalmente estabelecidos.
Pediu, por fim, a improcedência da ação.
É, em síntese, o relatório. DECIDO.
De limiar, o caso não se caracteriza como tutela de evidência, à míngua dos
requisitos do art. 311, do CPC. No entanto, por força da fungibilidade, recebo a pretensão
como tutela de urgência.
As preliminares levantadas pela ré, serão decididas no momento da
prolação da sentença.
A questão de fundo diz respeito à redução dos subsídios dos vereadores
por ato unilateral do Presidente da Câmara, sob o fundamento de adequação ao artigo
29-A, da Constituição Federal.
A resolução nº. 01/2012, em seu art. 2º, inciso I, estabelece que o subsídio
mensal a ser pago ao Vereador com assento na Câmara Municipal de Bertolínia – PI, na
legislatura 2012/2016, será de R$ 2.451,40 (dois quatrocentos e cinquenta e um reais e
quarenta centavos).
A Câmara Municipal só vem pagando o subsídio dos vereadores no valor
estipulado, primeiramente, em janeiro de 2017, R$ 2.200,00 (dois mil e duzentos reais) e,
posteriormente, no mês de março de 2017 em diante, o valor de R$ 1.990,48 (um mil
novecentos e noventa reais e quarenta e oito centos), argumentando que o valor estipulado
na resolução nº. 01/2012 ultrapassa o limite estabelecido nos termos do art. 29-A, da
Constituição federal.
A percepção mensal do subsídio, por parte do autor, se deu em razão do
exercício regular do cargo de vereador, configurando, a toda evidência, direito inerente ao
cargo eletivo que ocupa.
Qualquer alteração dos subsídios devidos aos vereadores demandaria lei
em sentido formal, cuja iniciativa cabe à Mesa do Poder Legislativo local, não basta um
ajuste desprovido de qualquer formalidade, mesmo que a finalidade seja legítima.
Assim, não se vislumbra justificativa plausível para a redução dos
subsídios em tela, inclusive sem nenhum ato formal, em ofensa manifesta ao princípio do
devido processo legal.
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PIAUÍ
VARA ÚNICA DA COMARCA DE MANOEL EMÍDIO
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A observância pelo administrador público dos princípios da legalidade,


como expressamente determina o caput do art. 37 da CF/88, e do princípio da segurança
jurídica, consagrado dentre os direitos e garantias individuais, é o que assegurará a
estabilidade que se espera da prática dos atos administrativos e, consequentemente, o
respeito aos direitos dos indivíduos.
No caso, a probabilidade do direito encontra-se lastreada nas
documentações acostadas que demonstram a redução salarial do requerente, sem amparo
jurídico.
Por outro lado, o perigo da demora é patente, uma vez que se trata de
verba alimentar, por sua natureza de salário. Assim, aguardar a demora processual
inerente ao judiciário, poderá causar lesão de difícil reparação à parte autora.
Assim sendo, impõe-se à Câmara Municipal de Bertolínia – PI, proceder, a
partir desta data, de forma mensal, ao pagamento dos subsídios do autor no valor de R$
2.451,40 (dois quatrocentos e cinquenta e um reais e quarenta centavos), nos termos do
artigo 2º, inciso I, do projeto de resolução nº. 01/2012.
Quanto às parcelas pretéritas, o pedido será melhor valorado na sentença,
uma vez que tais verbas poderão ainda ser objeto de conciliação/instrução.
Por essas razões, DEFIRO A LIMINAR, com fulcro no art. 300 do CPC,
para determinar que a CÂMARA MUNICIPAL DE BERTOLÍNIA – PI, efetue, a partir
dessa data, de forma mensal, o pagamento do subsídio do autor no valor de R$ 2.451,40
(dois quatrocentos e cinquenta e um reais e quarenta centavos).
Intimações necessárias.
Após, dê-se vistas dos autos ao representante do Ministério Público.
P.R.I.

Manoel Emídio, 29 de novembro de 2017.

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