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Ensino à Distância

Didáctica Geral:
Aprender a Ensinar

Universidade Pedagógica
Rua Comandante Augusto Cardoso n 135
Direitos de autor
Este módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. No caso de reprodução deve ser mantida a
referência à Universidade Pedagógica e aos Autores do módulo.

Universidade Pedagógica
Telefone: 21-320860/2
Fax:21-322113
Agradecimentos
Universidade Pedagógica, Centro de Educação Aberta e à Distância gostaria de agradecer a
colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste módulo:

À COL pela disponibilização do Template usado na produção dos Módulos. À

CIINED pela orientação e apoio prestados.

Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo apoio prestado em todo o
processo.
Ficha Técnica

Autor: Daniel Daniel Nivagara

Desenho Instrucional: Vitorino Guila

Revisão Linguística: Orlando Bahule

Maquetização: Fátima Alberto Nhantumbo

Edição: Anilda Ibrahimo Khan


Didactica Geral : Aprender a ensinar i

Índice

Visão geral 1
Benvindo ao Modulo “Didactica Geral: Aprendendo a ensinar” ... .1
Objectivos do curso ... .1
Quem deveria estudar este módulo ... ..2
Como está estruturado este módulo ... .3
Ícones de actividade ... .4
Habilidades de estudo ... .4
Precisa de apoio? ... ..5
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)... ...5
Avaliação ... ..5
UNIDADE 1: DIDACTICA - CONCEPTUALIZAÇÃO E RELAÇÃO COM OUTRAS
CIÊNCIAS ... ...7
Introdução... .7

Lição 1 8
DIDACTICA: ORIGEM ETIMOLOGICA E CONCEITO ... ...8
Introdução... .8
Origem etimologica da Didactica ... .8
Conceito de Didactica ... .9
Sumário ... 11
Exercícios... 13
Dados biográficos ... 14
Pastor e reformador ... 14
Pedagogia de Comênio ... 15

Lição 2 17
Capacidades didacticas essenciais do professor ... 17
Introdução... 17
Sumário ... 23
Exercícios... 24

Lição 3 25
DIDACTICA: SUAS RELAÇ'ES COM A PEDAGOGIA E OUTRAS CIENCIAS .. 25
Introdução... 25
Sumário ... 29
Exercícios... 30

Unidade 2 32
PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM ... 32
Introdução... 32
ii Índice

Lição 4 34
ORIGENS E DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO PEA ... 34
Introdução... 34
Sumário ... 38
Exercícios... 39

Lição 5 40
CARACTERÍSTICAS DO PEA... 40
Introdução... 40
Sumário ... 43
Exercícios... 44

Lição 6 45
CARÁCTER EDUCATIVO DO PEA ... 45
Introdução... 45
Sumário ... 48
Exercícios... 49

Lição 7 50
O PEA desenvolve a personalidade e tem carácter dialéctico ... 50
Introdução... 50
Premissas : ... 51
Sumário ... 53
Exercícios... 54

Lição 8 55
Carácter sistemático e planificado do PEA e as suas regularidades ... 55
Introdução... 55
Sumário ... 58
Exercícios... 59

Lição 9 60
RELAÇÃO DIALÉCTICA FUNDAMENTAL DO PEA ... 60
Introdução... 60
Sumário ... 64
Exercícios... 70

Unidade 3 72
ESTRUTURA E DINAMICA DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM .. 72
Introdução... 72
Didactica Geral : Aprender a ensinar iii

Lição 10 74
Função Didáctica “Introdução e Motivação“... ...74
Introdução... ..74
As funções didacticas sao etapas ou fases do PEA que, na sua essencia, realizam
se nao rigidamente de forma sequenciadas, mas sim interligada. Comente... 75
Sumário ... 78
Exercícios... 79

Lição 11 80
Introdução e Motivação: Tarefas do professor para conseguir a Motivação inicial ... 80
Introdução... 80
Sumário ... 83
Exercícios... 84

Lição 12 85
Introduçao e Motivação: Motivação continua e final ... 85
Introdução... 85
Sumário ... 90
Exercícios... 91

Lição 13 92
FUNÇAO DIDACTICA MEDIACAO E ASSIMILACAO... 92
Introdução... 92
Sumário ... 95
Exercícios... 96

Lição 14 97
PRINCIPIOS E AS FONTES DO SABER NA FD M+A... 97
Introdução... 97
AS FONTES DO SABER NA FD M+A ... ...100
VANTAGENS... ..100
LIMITAÇ'ES... ..101
Sumário ... .102
Exercícios... .103

Lição 15 104
FUNCAO DIDACTICA DOMINIO E CONSOLIDACAO ... .104
Introdução... ...104
Sumário ... .108
Exercícios... .109

Lição 16 110
FD “D+C”: FORMAS METODICAS PARA O DOMINIO E Consolidação ... .110
Introdução... ...110
iv Índice

REPETIÇÃO ... 112


SISTEMATIZAR-INTEGRAR... 115
FORMAS DE EXERCITAÇÃO ... 115
APLICAÇÃO ... 116
Sumário ... 118
Exercícios... 119

Lição 17 120
FUNÇÃO DIDACTICA CONTROLE E AVALIAÇÃO ... 120
Introdução... 120
Sumário ... 123
Exercícios... 124

Lição 18 125
TIPOS E FUNÇ'ES DE AVALIAÇÃO... 125
Introdução... 125
Sumário ... 130
Exercícios... 131

Lição 19 132
TÉCNICAS/INSTRUMENTOS OU MEIOS DE AVALIAÇÃO... 132
Introdução... 132
Sumário ... 137
Exercícios... 138

Lição 20 139
UTILIZACÃO DOS RESULTADOS DE AVALIACÃO DA APRENDIZAGEM ... 139
Introdução... 139
Sumário ... 143
Exercícios... 144

Lição 21 145
UTILIZACÃO DOS RESULTADOS DE AVALIACÃO DA APRENDIZAGEM
(Continuação)... 145
Introdução... 145
Sumário ... 149
Exercícios... 151

Unidade 4 153
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM ... 153
Introdução... 153

Lição 22 155
Conceito de Método de Ensino e Aprendizagem... 155
Introdução... 155
Didactica Geral : Aprender a ensinar v

Sumário ... 159


Exercícios... 161

Lição 23 162
Classificação dos métodos de ensino e aprendizagem... 162
Introdução... 162
Sumário ... 168
Exercícios... 169

Lição 24 170
Classificação dos métodos de ensino e aprendizagem (Continuação)... 170
Introdução ... 170
Sumário ... 176
Exercícios... 177

Lição 25 178
Classificação dos métodos de ensino e aprendizagem (Conclusão) ... 178
Introdução... 178
Sumário ... 185
Exercícios... 186

Unidade 5 187
MEIOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM ... 187
Introdução... 187

Lição 26 188
Conceito, finalidades e critérios de utilização dos meios de ensino-aprendizagem ... 188
Introdução... 188
CONCEITO ... 189
Sumário ... 192
Exercícios... 193

Lição 26 194
CLASSIFICAÇÃO DOS MEIOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM... 194
Introdução... 194
IMPORTANCIA DOS MEIOS AUDIOVISUAIS ... 196
Sumário ... 197
Exercícios... 199

Unidade 6 200
FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM ... 200
Introdução... 200
vi Índice

Lição 27 201
Formas de organização do ensino-aprendizagem e a importância da combinação entre
elas ... 201
Introdução... 201
Grupo A: Reconhecimento do texto ... 205
Grupo B: Relacionamento ... 205
Grupo C: Enriquecimento... 205
Grupo D: Julgamento e Sintese ... 205
Sumário ... 206
Exercícios... 207

Lição 28 209
Conclusão das formas de organização do ensino-aprendizagem e a importância da
combinação entre elas ... 209
Introdução... 209
Excursão ... 210
Organização do trabalho de casa ... 210
Exercícios... 215

Unidade 7 216
PLANIFICAÇÃO DO PROCESO DE ENSINO E APRENDIZAGEM ... 216
Introdução... 216

Lição 28 217
CONCEITO E IMPORTÂNCIA DA PLANIFICAÇÃO DO PEA... 217
Introdução... 217
Sumário ... 220
Exercícios... 222

Lição 29 223
IMPORTÂNCIA DA PLANIFICAÇÃO DO PEA (Conclusão)... 223
Introdução... 223
Sumário ... 228
Exercícios... 230

Lição 29 231
Niveis de planificação do PEA ... 231
Introdução... 231
Sumário ... 235
Exercícios... 236

Lição 30 237
COMPONENTES DE PLANIFICAÇÃO DO PEA ... 237
Introdução... 237
Didactica Geral : Aprender a ensinar vii

COMPONENTES DE PLANIFICAÇÃO DO PEA ... .238


Sumário ... .242
Exercícios... .243

Lição 31 244
COMPONENTES DE PLANIFICAÇÃO DO PEA (Conclusão) ... ..244
Introdução... ...244
Sumário ... .247
Exercícios... .248
Didactica Geral : Aprender a ensinar 1

Visão geral

Benvindo ao Modulo “Didactica Geral:


Aprendendo a ensinar”

A Didactica Geral é uma das disciplinas que, nos sistemas de formação de


professores, se coloca ao centro da formação pedagogica do professor
contribuindo significativamente para desenvolver a compreensão da prática
de realização do processo de ensino e aprendizagem que favoreça um ensino
activo e, ainda, desenvolver a capacidade de reflexão do professor sobre o
processo de ensino e aprendizagem e sobre a sua prática, de modo a poder
melhorá-los.

E assim se espera que este modulo traga uma contribuição valiosa na


formação de todos que desajam ser professor e, porque não, guia de
acutaliazação do pensamento e pratica pedagogica dos que jà são
professores e tem, desse modo, a nobre tarefa de fazer com que os saber,
saber-fazer e saber ser e estar da humanidade seja apropriados pelos alunos,
servidno assim de base para o desenvolvimento das suas personalidades à
medida da demanda social, cultural, politica e economica dos paises de
formação de homens e mulheres com competências significativas para fazer
face ao progresso e harmonia da humanidade, a começar pela das
instituições e individuos.

Objectivos do curso

Quando terminar o estudo de Didactica Geral: aprendendo a ensinar será


capaz de:

Identificar a especificidade (objecto) e as relações da Didactica


com as outras ciências
Objectivos
Realizar um processo de ensino-aprendizagem centrado sobre o
aluno
2 Visão geral

Praticar, na sua actividade docente, a unidade dialéctica entre as


diferentes funções didacticas

Explicar as razões que justificam a necessidade de realização, na sua


integralidade, das funções didacticas

Utilizar métodos e técnicas de ensino que estimulem a


participaçao activa dos alunos

Variar os meios de ensino, conforme os objectivos, métodos,


conteudos e as particularidades dos alunos

Organizar o ensino de modo variado, responsabilisando os alunos


para a realização de multiplas actividades na sala de aulas ou fora
dela capazes de estimular a sua aprendizagem independente e
criadora

Planificar as aulas, obedecendo os principios, componentes e


etapas necessarias para a planificação do PEA.

Quem deveria estudar este módulo

Este Módulo foi concebido para todos aqueles que desejam se formar como
professores e técnicos da educação, iniciando-os assim na compreensão e
interpretação do processo de ensino e aprendizagem, com vista a desenvolver
concepções e competências didácticas fundamentais requeridas para a
orientação desse processo.

Igualmente, o modulo é de extrema utilidade para os que já são profissionais da


educação, na medida em que irá ajudar a recontextualizar as praticas de ensino
dentro de um quadro teórico que privilegia a analise do processo de ensino
aprendizagem sob uma perspectiva activa e centrada no aluno
Didactica Geral : Aprender a ensinar 3

Como está estruturado este módulo

Todos os módulos dos cursos produzidos pela CEAD-Centro de Educação


Aberta e a Distância da Universidade Pedagogica encontram-se estruturados da
seguinte maneira:

Páginas introdutórias

Um índice completo.

Uma visão geral detalhada do módulo, resumindo os aspectoschave que


você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.

Conteúdo do módulo

O modulo está estruturado em unidades. Cada unidade inclui uma


introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um sumario da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista de


recursos adicionais para você explorer. Estes recursos podem inclui uma lista
bibliografica indicada no fim do modulo e, ao longo do modulo, existem alguns
textos complementares para aprofundar determinados assuntos especificos.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada


unidade. Sempre que necessário, utilize folhas individuais para
desenvolver as tarefas, poiando-se nas matérias que precedem cada uma
delas.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários


4 Visão geral

sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários serão


úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este modulo. Para nos fazer chegar
estes comentarios, pode contactar directamente o autor deste modulo, assim
como fazê-lo através do CEAD

Ícones de actividade

Ao longo deste modulo irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de
aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova
actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc

Habilidades de estudo

O presente modulo está desenhado para permitir o auto estudo, ou seja uma
aprendizagem individual, ao ritmo de cada um e sem requerer demasiado e
permanentemente o apoio de um docente ou tutor.

Para isso, e em conformidade com a estrutura do modulo, bastara seguir


atentamente a introdução de cada lição para ter uma visão geral do conteúdo
desta lição, depois os objectivos ajudam a ter a consciências dos resultados de
aprendizagem que se esperam.

Seguidamente, o estudante deve ler e resolver cuidadosamente a actividade que


lhe colocada e, a partir dela, explorar o conteúdo, em forma de comentário, que
se lhe é apresentado. Para permitir melhor confrontação entre os comentários ou
respostas individuais à actividade colocada e os comentários expostos no
modulo, é aconselhável estar munido de caneta e papel para tomada de notas.

Em termos de tempo em cada actividade e/ou lição, recomendamos


particularmente que invista quanto for necessário para ter a certeza de ter
atingido os objectivos, mas sem descurar a necessidade de terminar a
aprendizagem de todo o modulo dentro do semestre programado.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 5

Importa ainda frisar que em caso de dificuldade na resolução de uma ou varias


actividades, assim como na compreensão de determinados conteúdos, não existe
em contactar o autor deste modulo, o seu tutor e o pessoal do CEAD

Precisa de apoio?

Em caso de dificuldades ao longo do estudo das matérias contidas neste módulo,


poderá obter apoio do autor deste módulo, assim como do tutor ao nível local e,
ainda, do pessoal do CEAD. Não exite em colocar qualquer que seja a sua
preocupação ou dificuldade de aprendizagem!

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

As tarefas de auto avaliação contidas ao fim de cada lição servem para ajudar
a recapitular a materiar, situar a cada estudante o nivel da
assimilação da materia e do alcance dos objectivos desta lição. Por isso, todas
devem ser realizadas minuciosamente e servirem de base de
discussão entre pares ou grupos de estudantes que seguem este mesmo
programa de formação

Avaliação

A avaliação aos estudantes deste modulo serà feita através de dois testes
escritos, mais um exame final. Os testes, assim como o exame final, serão
administrados localmente pelos tutores
Didactica Geral : Aprender a ensinar 7

UNIDADE 1: DIDACTICA - CONCEPTUALIZAÇÃO E


RELAÇÃO COM OUTRAS CIÊNCIAS

Introdução

Caro estudante, ao iniciar esta unidade entra para o modulo de Didactica Geral,
por isso vamos começar por apresentar e discutir o conceito de didactica, a sua
origem etimologica e a importancia que tem o estudo desta disciplina para o
trabalho do professor na escola e na sala de aulas. Face a isso, esta unidade esta
estruturada em 3 liçoes, nas quais temos como conteudos, os seguintes:

Didactica: Conceito e Origem etimologica

Relaçao da didactica com a Pedagogia e outros ciencias

A partir deste conteudos, esperamos, caro estudante, que daremos inicio ao


estudo desta disciplina e despertar em si o interesse de prosseguir investigando
ainda mais os assuntos nele integrados assim como outros, com vista a melhorar
progressivamente a sua actividade docente.

Ao completer esta unidade , você será capaz de:

Identificar a origem etimologica da palavra “Didactica”.

Objectivos Explicar a relação entre a Didactica e outras ciencias.

Demonstrar a importancia da Didactica para o trabalho quotidiano do


professor.
8 Lição 1

Lição 1

DIDACTICA: ORIGEM ETIMOLOGICA E CONCEITO

Introdução

Regra geral, as palavras e conceitos possuem uma origem etimologica


propria, a partir da qual se pode começar a identificar “o sentido” dessa
palavra, mesmo que nao expressem de forma clara o significado do
conceito tal como entendemos actualmente no respectivo campo
disciplinar. Nesta ordem de ideias, nao quisemos começar a estudar este
modulo sem termos que partir disso: vermos a origem e o conceito de
Didactica.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

Identificar a origem etimologica da palavra “Didactica”.

Objectivos Explicar as limitações da explicação etimologica para o


entendimento actual da actividade do professor.

Definir a didactica, em tanto que area disciplinar.

Diferenciar a especificadade da Didactica Geral, no conjunto das


Didacticas especificas.

Origem etimologica da Didactica

A a palavra Didactica deriva-se da palavra grega didactos, que significa


“instrução”. Quer dizer, visto deste modo, a Didactica desenvolveu-se como a
teoria de instrução. Em sua Didactica Magna, Coménio (veja no fim da
unidade texto complementar sobre vida e obra de Coménio) qualifica
Didactica como a “arte de instruir”.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 9

Etimologicamente, a Didactica é a teoria de instruçao. Na sua opinião, seria


suficiente qualificarmos a actividade do professor apenas como “instrução”?

Actividade 1

Como acabou de ver, ao falarmos de instrução, no processo de formação


humana, estamos nos posicionando principalmente do lado do desenvolvimento
no individuo do:

 saber (conhecimentos)

 saber fazer (capacidades e habilidades).

Quer dizer, deixamos de parte o saber ser (atitudes, valores, convicções), assm
como o saber estar (comportamentos e habitos) que são também importantes
para se conseguir o desenvolvimento integral do homem.

Alias, quando falamos da Didactica, um aspecto que merece o nosso maior


apreço é o de que o processo didactico se refere a actividade do professor e,
neste sentido, o ensino (e aprendizagem) tem lugar, na sua maxima intensidade e
expressão, na sala de aulas, razão pela qual a Didactica também se designa de
“teoria de ensino”; assim, através dos seus objectivos de formação, o ensino
deve incorporar a instrução (saber, saber fazer), tal como a educação (saber ser e
estar).

Conceito de Didactica

Então, reconhecendo esta limitação epistemologica, como podemos definir a


Didactica hoje?

1. Antes de responder a questão acima, procure diga “onde ouviu,


pela primeira vez, ouvir falar desta palavra?

2. Em suas proprias palavras, apresente o conceito de didactica.


Actividade 2
10 Lição 1

Estamos a imaginar que são multiplas as situações em que os estudantes deste


modulo terão ouvido pela primeira vez falar do termo “didactica”: na escola, na
instituição de formação de professores, na conversa entre professores ou
trabalhadores da educação, etc.

Para estes diferentes casos, pode compreender que a didactica é uma


ciencia dimensionada para o humano, que se propoe a ajudar e educar o
homem, necessitando por isso se fundamentar nos principios da
educação. Por isso, onde quer que se procure falar e/ou definir a didactica
a sua essência reside na questão de ensino e formação, no mesmo sentido
como deve estar a conceptualização que acabou de apresentar em relação
a didactica.

Olhando para outros autores que procuraram apresentar um conceito de


didactica chegamos a conclusao de haver varias definições. Por exemplo,
Libaneo (1994: 25/6) diz que a Didactica investiga os fundamentos, condições e
modos de realização da instrução e do ensino. A ela cabe converter os
objectivos socio politicos e pedagogicos em objetivos de ensino, seleccionar
conteudos e métodos em funçao desses objectvos, estabelecer os vinculos entre
o ensino e aprendizagem, tendo em vista o desenvolvimento das capaciddes
mentais dos alunos. E se definimos a acção educativa pelo seu caracter
intencional, também a acçao docente se caracteriza como direcção consciente e
intencional do ensino, tendo em vista a instrução e educaçao dos individuos,
capacitando-os para o dominio de instrumentos cognitivos e operativos de
assimuilaçao da experiência social culturalmente organizada.

Por seu turno, Sant’Anna e Menegolla (2000: 25) numa longa dissertação e com
algum sentido de ironia faz notar que:

a A Didactica não pode ser entendida simplesmente como um rol de


principios, de teorias de ensino ou teorias de aprendizagem. Nao
pode ser concebida como ciencia que somente estabelece uma série
de métodos e técnicas de ensino a ser apresentada como solução
para todos os problemas no processo ensino-aprendizagem.

b A didactica não é apenas a rigido e inflexivel planificação do


ensino, a listagem quantitativa de objectivos_que não passam de
Didactica Geral : Aprender a ensinar 11

um rol de intenções e utopias inuteis, desvirtuados pela irrealidade, não é


um rol de conteudos chamados minimos, por vezes insignificantes, por
sugestões de recursos materiais e humanos, que vão desde o mais simples
cartaz até os mais sofisticados meios de engenharia educacional.

c A didactica não pode ser vista como a orientadora infalivel dos


fantasticos métodos e técnicas de avaliação, que pretendem medir o
conhecimento dos aalunos e que capacitam o professor a decidir,
“cientificamente”, da atribuição de uma nota que reprova ou
promove. A didactica, nos processos de avaliação, não deve
somente estabelecer formulas para medir e quantificar o
conhecimento através de um instruental que, por vezes, não passa
de algumas perguntnhas com respostas de multiplas escolha.

d A didactica não visa apenas a métodos, técnicas e meios rigidos e


estaticos. Não se constitui somente por um conjunto de principios
que, se aplicados, dariam resultados imediatos e claramenete
observaveis e mensuraveis.

e A didactica nao é uma pura mecanização e manipulação de


métodos e técnicas de ensino que, por vezes, são empregados
sutilmente a serviço de ideologias. Ela deve se pôr ao serviço do
educando como uma totalidade pessoal, que compreende os
dominos cognitivo (saber), psicomotor (saber fazer) e afectivo
(saber ser e estar).

Sumário

Depois de (re)vistos estes aspectos vê-se que cada um deles aponta uma parte da
actividade didactica, mas que isoladamente não representam o “verdadeiro acto
didactico”, eis porque os autores acima concluem que “a didactica objectiva
resultados, aprendizagens, mudanças significativas de comportamento”; “a
didactica deve ser uma disciplina
12 Lição 1

altamente questionadora da realidade educacional, da escola, do professor, do


ensino, das disciplinas e conteudos, das metodologias, da aprendizagem, da
realidade cultural, da politica educacional. Ela não é uma disciplina com
verdades prontas e acabadas, mas uma disciplina que busca, que investiga o
universo da educação. Ela quer saber desencadear novos processos”.

Em todo o caso, para todos os autores, emerge a ideia de que o “objecto de


estudo da didactica é o processo de ensino e aprendizagem” em suas relações
com finalidades educativas. O que significa que o ensno é “uma pratica humana
que compromete moralmente quem a realiza”, assim como é uma pratica social,
uma vez que “responde a necessidades, funçéoes e determinações que estão para
além das intenções e previsões dos actores directos da mesma. Além disso, a
didactica implica processos de relação e cmunicação intencional, portanto,
intercâmbios de significados que caracterizam a relação entre professor e alunos
e destes entre si. E é dentro desta relação que se faz a regulação e equilibrio
entre a actividade do professor e a do aluno, no sentido em que as acções do
professor devem ser no sentido de desencadear processos fisicos e cognitivos
necessarios para a aprendizagem do aluno. Logo, a didactica pode ser definida
como “a capacidade de tomar decisões acertadas sobre o que e como ensinar,
considerando quem são os nossos alunos e por que o fazemos; considerando
ainda quando e onde e com que se ensina”.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 13

Exercícios

Assinale com V ou F conforme sejam verdadeiras ou falsas as afirmações


abaixo indicadas :

a. A actividade professor consiste em instruir os alunos


Auto-avaliação 1
b. A actividade do professor consiste em educar os alunos

c. A actividade do profesor consiste em instruir e simultaneamente


educar os alunos

d. A didactica não se fundamentar nos principios da educação para


poder formar o homem

e. A capacidade de tomar decisões sobre o que ensinar e como


ensinar é multifacetada

f. A didactica questiona e investiga os processos nos quais decorre


o ensino e aprendizagem

Texto Complementar: Vida e Obra de Jan Amos Komensky (Fonte:


"http://pt.wikipedia.org/wiki/Comenius", consultado no dia 10/09/06)

Jan Amos Komenský (em português Comenius ou Comênio) (1592, 1670) foi
um professor, cientista e escritor checo, considerado o fundador da Didáctica
Moderna.

Propôs um sistema articulado de ensino, reconhecendo o igual direito de todos


os homens ao saber. O maior educador e pedagogo do século XVII produziu
obra fecunda e sistemática, cujo principal livro é a DIDÁTICA MAGNA. São
suas propostas:

 A educação realista e permanente;

 Método pedagógico rápido, económico e sem fadiga;  Ensinamento

a partir de experiências quotidianas;  Conhecimento de todas as

ciências e de todas as artes;  ensino unificado.


14 Lição 1

Dados biográficos

Comenius nasceu em 28 de março de 1592, na cidade de Uherský Brod (ou


Nivnitz), na Morávia, Europa central, região que pertencia ao antigo Reino da
Boémia e hoje integra a República Checa. Viveu e estudou na Alemanha e na
Polónia. Iniciador da didáctica moderna.

Sua importância decorre de ser o autor da Didática Magna, sendo o


primeiro educador, no Ocidente, a interessar-se na relação
ensino/aprendizagem, levando em conta haver diferença entre o ensinar e
o aprender.

Era de família eslava e protestante. A família seguia a seita dos Irmãos


Morávios, inspirados nas ideias do reformista boémio Jan Huss
estreitamente ligado às Sagradas Escrituras e defensores de uma vida
humilde, simples e sem ostentações. Tal educação rígida e piedosa
influenciou o espírito de Comenius e o despertou para os estudos
teológicos.

Perdeu pais e irmãs aos 12 anos, sendo educado sem carinho por uma
família de seguidores da seita dos Morávios. Sua educação não fugiu aos
padrões da época: saber ler, escrever e contar, ensinamentos aprendidos
em ambiente rígido, sombrio, onde a figura do professor dominava, as
crianças sendo tratadas como pequenos adultos, os conteúdos escolares
infalíveis e inquestionáveis. A rispidez no trato e a prática da palmatória
eram elementos básicos. Assim, o rigor da escola e a falta de carinho
marcaram a vida do órfão Comenius a ponto de inspirar, certamente, os
princípios de uma didáctica revolucionária para o século XVII. Na
Universidade Calvinista de Herbron, na Alemanha, cursou Teologia e
adquiriu boa formação cultural e vasta cultura enciclopédica. Tornou-se
pastor, tendo, ainda estudante, começado a escrever: "Problemata
Miscelânea" e "Syloge Questiorum Controversum" foram as primeiras
obras.

Em Heidelberg, na Alemanha, foi aprimorar seus estudos de astronomia e


matemática. Voltou à Moravia e se estabeleceu em Prerov, no magistério,
ansioso para pôr em prática suas ideias pedagógicas. Modificaria radicalmente a
forma de ensinar artes e ciências na sua escola, destacando-se como professor.

Pastor e reformador

Ordenado pastor da seita dos Morávios em 1616, aos 26 anos, mudou para
Fulnek, capital da Morávia, onde se casou e teve filhos. Mas era região
conturbada por rebelião nascida de disputas entre católicos e protestantes,
estopim da Guerra dos Trinta anos. Os exércitos espanhóis, em 1621, invadiram
e incendiaram Fulnek quase extinguindo a população. Comenius perdeu a
família - mulher e dois filhos - na epidemia de peste que brotou, e perdeu sua
biblioteca e seus escritos.

Mudou-se para Polônia em 1628, como a maioria dos Irmãos Morávios, fugindo
da perseguição e se estabeleceu em Lezno, onde retomou actividades de pastor e
professor. Dedicou-se a escritos religiosos para ajudar a levantar o ânimo de
seus irmãos de seita. Sua fama crescia e ganhou simpatizantes na Inglaterra,
onde permaneceu quase um ano. Visitou o reino da Suécia, contratado para
promover a reforma do ensino,
Didactica Geral : Aprender a ensinar 15

permanecendo seis anos. Ali se encontrou com René Descartes, que lá vivia sob
a proteção da rainha Cristina.

Preocupado com um dos grandes problemas epistemológicos de seu tempo - o


método - publicou em 1627 a Didactica Tcheca, traduzida em 1631 para o latim
como Didática Magna, sua grande obra.

Em 1648, doente e desprestigiado entre os seus, estabeleceu-se em


Amsterdã, na Holanda, onde se casou de novo em 1649 e retornou a seu
trabalho como educador e reformador social. Prestigiado pelas
autoridades, viu publicadas todas suas obras pedagógicas, muitas já
famosas.

Comenius morreu a 15 de Novembro de 1670 em Amsterdã, famoso e


prestigiado, tendo sempre lutado pela fraternidade entre os povos e as igrejas.
Foi enterrado em Naarden, onde foi construído um mausoléu. Em 1956, a
Conferência Internacional da UNESCO em Nova Delhi (India) decidiu a
publicação de todas as suas obras pelo organismo e e o apontou como um dos
primeiros propagadores das ideias que inspiraram - quase 300 anos depois - a
fundação da UNESCO.

Pedagogia de Comênio

Defendia sua pedagogia com a máxima: "Ensinar tudo a todos" que sintetizaria
os princípios e fundamentos que permitiriam ao homem colocar-se no mundo
como autor. Objectivando a aproximação do homem a Deus, seu objectivo
central era tornar os homens bons cristãos - sábios no pensamento, dotados de
fé, capazes de praticar acções virtuosas estendendo-se a todos: ricos, pobres,
mulheres, portadores de deficiências. A didáctica é, ao mesmo tempo, processo
e tratado: é tanto o ato de ensinar quanto a arte de ensinar.

Salientava a importância da educação formal de crianças pequenas e


preconizou a criação de escolas maternais, pois teriam, desde cedo, a
oportunidade de adquirir as noções elementares do que deveriam
aprofundar mais tarde. A educação deveria começar pelos sentidos, pois
as experiências sensoriais obtidas por meio dos objectos seriam
internalizadas e, mais tarde, interpretadas pela razão. Compreensão,
retenção e práticas consistiam a base de seu método didáctico e, por eles
se chegaria às três qualidades: erudição, virtude e religião,
correspondendo às três faculdades necessárias - intelecto, vontade e
memória.

Fundamentos naturais do método de Comenius: - o fim é o mesmo: sabedoria,


moral e perfeição; - todos são dotados da mesma natureza humana, apesar de
terem inteligências diversas; - a diversidade das inteligências é tão somente um
excesso ou deficiência da harmonia natural; - o melhor momento para remediar
excessos e deficiências acontece quando as inteligências são novas.

O método tem como preceitos: - tudo o que se deve saber deve ser
ensinado; - qualquer coisa que se ensine deverá ser ensinada em sua
aplicação prática, uso definido; - deve ensinar-se de maneira directa e
clara; - ensinar a verdadeira natureza das coisas, partindo de suas causas;
- explicar primeiro os princípios gerais; - ensinar as coisas em seu devido
tempo;
16 Lição 1

A obra de Comenius é um paradigma do saber sobre a educação da


infância e juventude, utilizando, para isso, um local privilegiado: a
escola. Já a Didática Magna apresenta as características fundamentais da
escola moderna: - a construção da infância moderna como forma de
pedagogização dessa infância por meio da escolaridade formal (até então,
as crianças eram tratadas como pequenos adultos); - uma aliança entre a
família e a escola, por meio da qual a criança vai se soltando da
influência da órbita familiar para a órbita escolar; - uma forma de
organização da transmissão dos saberes, baseada no método de instrução
simultânea, agrupando-se os alunos; e - a construção de um lugar de
educador, de mestre, reservado aos adultos portadores de saberes
legítimos.

Bibliografia
Deixou mais de 200 obras entre as quais:

 Labirinto do Mundo (1623)

 Didáctica checa (1627)

 Guia da Escola Materna (1630)

 Porta Aberta das Línguas (1631)

 Didacta Magna (versão latina da Didactica checa) (1631) 

Novíssimo Método das Línguas (1647)

 Mundo Ilustrado (1651)

 Opera didactica omnia ab anno 1627 ad 1657 (1657)

 Consulta Universal Sobre o Melhoramento dos Negócios


Humanos (1657)

 O Anjo da Paz (1667)

 A Única Coisa Necessária (1668)


Didactica Geral : Aprender a ensinar 17

Lição 2

Capacidades didacticas essenciais do professor

Introdução

Na lição anterior terminamos com a ideia de que a didactica pode ser definida
como “a capacidade de tomar decisões acertadas sobre o que e como ensinar,
considerando quem são os nossos alunos e por que o fazemos; considerando
ainda quando e onde e com que se ensina. Na verdade, o dominio da didactica
pelo professor ajuda-o a ter consciência e dominio dos pressupostos a ter em
conta para que se realize o ensino capaz de mobilizar a actividade do aluno para
a aprendizagem. Mas o que significa essa capacidade de tomar decisões
acertadas sobre o que e como ensinar, a qual, neste caso, inclui o que
designamos de capacidades didacticas essenciais do professor?

A presente lição vai precisamente responder a esta questão e, ao completa-la,


você será capaz de:

Explicar a importância de :

Tomar decisões baseando-se em soluções possiveis diante de cada


situação de ensino particular para optar pela mais segura e
Objectivos real

Ensinar os alunos a ler criticamente a sociedade, o trabalho, a vida, a


realidade

Definir os resultados a serem alcançados no ensino

Ajustar os métodos e os conteudos as particulaidades dos


alunos

Seleccionar o que ensinar (o conteudo) em função da sua relevância para


formaçao da pessoa na sua integralidade abrangendo os dominios
cognitivo, psicomotor e afectivo
18 Lição 2

A capacidade de tomar decisões acertadas sobre o que e como ensinar


inclui capacitades didacticas essenciais, envolvendo, dentre outros
aspectos, o seguinte:

a. Capacidade de tomar decisões

b. O que ensinar

c. Falar e ler

d. Aprender a escrever

e. Aprender a contar

f. Porque ensinar

g. Como ensinar

h. Quando ensinar

Actividade 3 i. Com que ensinar

j. Onde ensinar, senão na escola?

k. O professor que ensina

Explique o signifiado de cada um destes aspectos sob ponto de vista do que o


professor deve ser capaz entanto que acto didactico?

É interessante que você apresentou suas ideias sobre os aspectos acima


indicados, mesmo sem termos como sendo de grande importância a
ordem. O mais essencial são as conclusões a que chegou no sentido em
que, para cada um destes aspectos, a capacidade do professor consiste no
seguinte:

a Capacidade de tomar decisões. A habilidade de tomar decisões é


saber escolher as melhores alternativas, se decidir por aquilo que é
elhor para si e para os outros, para o agora e para o futuro. Tomar
decisões é uma das grandes hablidades que toda a pessoa deveria
posuir em grau altamente desenvolvido. O professor que sabe
tomar decisões nao se prende de forma categorica a uma so
Didactica Geral : Aprender a ensinar 19

alternativa. Ele busca muitas soluções possiveis, e, apos uma analise


profunda e criteriosa, vai optar pela mais segura e real.

b O que ensinar. Eis a grande questão que os professores enfrentam


no momento em que pretendem ensinar a alguém que està ali para
aprender, mas que não tem visão clara do que é necessàrio
aprender. Escolher o que ensinar é, muitas vezes, uma atitude
critica do professor. O que deve ser ensinado para que o
aprendizado seja util à vida? É preciso seleccionar conteudos que
transformem e acompanhem a vida da criança. Conteudos que
sejam significativos e que surjam da propria realidade em que a
criança vive, que não sejam puras abstrações. Devemos deixar a
vida jorrar nos programas, nos conteudos, nos métodos utilizados,
no clima de trabalho, nas pessoas presentes. Ensinar não é so
ministrar conteudos que sejam assimilados pelos alunos. Todo
conteudo deve ser educativo e formador de personalidades. A
dimensão da pessoa não se limita ao intelectual, a pessoa também é
emoção, sentimentos e habilidades, dai deve o ensino se ocupar da
formação da pessoa como totalidade.

c Falar e ler: Uma das primeiras necessidades da pessoa é se


comunicar, falar, entender e se fazer entender. Saber dizer o que
pensa, com firmeza e espirito critico e se comunicar através da
escrita. Aprender a falar,ler e escrever passam a ser osrudumentos
da historia do ensino, que ainda nao foram superados por outras
necessidades mais importantes. Aprender a ler, para interpretar, de
forma critica e segura, os embustes da propaganda, que cria
necessidades incassaveis. Ler criticamente a sociedade, o mundo, o
trabalho, a vida, a realidae. Ler a vida na escola, na rua, em casa,
na vida social, no desporto, na religiao.

d Aprender a escrever. A escrita é a comunicação gràfica. Com a


escrita a pessoa pode registar ideias, pensamentos, conhecimentos.
Por que nao ensinar à que provavelmente abandonarà a escola a dar
um recado por escrito, a escrever um bilhete aos pais, aos amigos
e, futuramente, uma cartinha ao namorado ou namorada, a elaborar
20 Lição 2

um requerimento, a preencher um cheque? A aprendizagem da escrita é


um acto educativo e de afirmaçãopessoal, livrando da vegonha de nao
saber registar o pensamento de forma clara.

e Aprender a contar. Assim como o falar e escrever, contar é uma


necessidade bàsica. A matemàtica é uma ciencia imbricada no
cotidiano. O numero nao é uma abstração, mas concretização da
realidade. Sao infinitas as situações em que se necessita da
matemàtica para a solução de inumeros problemas. Grande parte da
vida é regida pela matematica. Para contar os anos da vida usa-se a
matematica. A todo o momento todo mundo se pergunta: quanto é
possivel; quanto posso faze; quanto é necessario; quanto ganhei;
quanto perdi. E diz: isso é demais; isso é pouco; està faltando; està
sobrando; é muito caro; é mais barato; por este preço nao é
possivel; os juros estão muito altos; é melhor comprar là e não
aqui; isso deve ser somado, subtraido, dividido, multiplicado...

f Porque ensinar. Ensinamos, mas não sabemos claramente porque


ensinamos; o aluno quer aprender, mas não sabe bem para quê.
Ensinar por ensinar, aprender por aprender parecem ser propostas
pedagogicamente inconscientes. Ensina-se para difundir a cultura,
para converter a ignorância em sabedoria, para adquirir muitos e
sàbios conhecimentos. Toda a acção educativa visa sempre
propositos definidos. Qualquer actividade eve ser dirigida e
orientada em função daquilo que se quer alcançar. As acções
docente e discente devem agir em função dos objectivos que
devem ser alcançados. O primeiro passo a ser dado na acção
educativa é a definição dos resultados e propositos que se quer
alcançar: os objectivo determinam as prioridades, indicam o que se
pretende e como se pretende alguma coisa.

g Como ensinar. Muitos professores afirmam: foi assim que me


ensinaram, portanto, é assim que ensino. Se sempre foi assim,
porque fazer diferente? Diferentemente desse raciocinio, temos que
defender que o professor deve ser capaz de seleccionar
adequadamente o método didàctico e organizar todos os
Didactica Geral : Aprender a ensinar 21

procedimentos e técnicas, visando propiciar aos alunos a melhor


aprendizagem. No ensino, sempre se estabelecem certas prioruidades.
Para atingi-las, traçam-se estratégias que dirigem toda a acção. Os
procedimentos didacticos devem estar intimamente relacionados com os
objectivos do ensino, com os conteudos a serem ensinados e com as
caracteristicas e habilidades dos alunos. O melhor procedimento é aquele
que atende às caracteristicas individuais ou grupais.

h Quando ensinar. A habilidade de tomar decisões acertadas sobre


quando ensinar parece ser uma proposição sem muito significado.
Ensina-se a partir do momento em que a criança ingressa na escola,
tendo como referencia a idade e não tanto a maturidade ntelectual,
psicologica e motora. Ano apos ano, segundo uma escla
cronologica, vão se ensinando as mais diversas disciplinas e
conteudos, povoar a mente da criança com conhecimento, normas,
regras, principios e formulas que um dia podem ser uteis, como
tambémpodem ser inuteis. Mas quando a criança està preparada
para aprender determinados conteudos e realizar determinadas
tarefas e actividades escolares? Qual a maturidade intelectual e
psicologica para entender e analisar determinados conteudos e
ideias? A questao é saber quando a criança està pronta e apta a
aprender. Serà que a criança, se não souber um conteudo hoje, não
poderà aprendê-lo futuramente na escola ou fora dela? Serà que a
sociedade, os pais e a escola não querem forçar a criança a
aprender coisas que não são do seu interesse e inatingiveis devido à
falta de certas habilidades?

i Com que ensinar. Os meios e recursos para ensinar auxiliam o


professor e aluno no processo de ensino-aprendizagem. Para
Gagné, “ os recursos ou meios para o ensino referem-se aos varios
tipos de componentes do ambiente de aprendizagem que dão rigem
à estimulação para o aluno”. Quem planifica o ensino deve partir
de uma analise dos objectivos, dos conteudos, dos procedimentos e
de todas as possibilidades humanas e materiais que o ambiente
escolar pode oferecer em termos de meios a empregar no processo
22 Lição 2

de ensino e aprendizagem. Os objectivos de ensino não são so


determinam os conteudos e procedimentos, como também os recursos e
meios de ensino, pois deles depende, em parte, a consecução daqueles. O
ensino fundamenta-se na estimulação, que é favorecida por recursos
didacticos que facilitam a aprendizagem. Esses meios despertam o
interesse e provocam a discussão e debates, desencadeando perguntas e
gerando ideias.

j Onde ensinar, senão na escola? A escola sempre foi o habitat do


ensino. Sempre se afirmou que é na escola que se deve aprender. A
escola, ironicamente, se tornou o santuàrio do saber. O aluno,
contaminado pela ignorância, tenta nela ingressar para, depois, sair
santificado pela auréola do saber. A escola é uma das muitas
condições para se aprender, mas não a unica, pois a criança adquire
maior quantidade de conhecimentos fora da escola: a verdade é que
em todo lugar se pode aprender; assim como todas s pessoas
podem ensinar de uma ou de outra forma. Parece, neste sentido,
claro percebermos que a escola participa no desenvolvimento do
saber enquanto instituição e nela o processo é planificado e
sistemàtico. Eis porque, quando falamos de escola como local do
ensino, é pertinente colocarmo-nos questões tais como: como se
estruturam administrativamente nossas escolas? Quais as condições
das escolas, das salas de aulas, seu mobiliario, sua biblioteca, seu
laboratorio, suas salas especializadas e seu instrumental bàsico
para que se possa ensinar? Sabemos que hà escolas que não têm
livros, mapas, giz, etc. São questões sobre as quais a didactica deve
reflectir.

k O professor que ensina. Deve-se encarar o “mestre” não apenas


como explicador de matérias, mas como educador apto a
desempenhar sua complexa função de estiular, orientar e controlar
com habilidade o processo educativo e a aprendizagem dos seus
alunos, com vistas a um real e positivo rendimento para os
individuos e para a sociedade. O professor se compromete em
defender e testemunhar a verdade e a vida dos outros. Segundo
Gusdorf, do professor se exige “que não se limite a apresentar-se
Didactica Geral : Aprender a ensinar 23

como homem de um determinado saber, mas como testemunha da


verdade e afirmador dos valores”. A responsabilidade principal do
professor é com a verdade. A verdade e o saber não são dados de
modo definitivo e acabado. Devem ser procurados. Por isso o
professor não é aquele que nos dà a verdade feita e pronta, porque
ele não é aquele que nos dà a verdade feita e pronta, porque ele não
é apenas um reprodutor ou repetidor da verdade. Ele é o que abre
uma perspectiva sobre a verdade, o exemplo de um caminho para o
verdadeiro que ele designa. Porque a verdade é sobretudo o
caminho da verdade.

Sumário

As situações didacticas, ou seja, aquelas em que se presume que ocorra o ensino


aprendizagem, devido a sua complexidade requerem do professor tomar
decisões em funçao da realidade do que se vivência na aula concreta, mas
também tendo em conta as particularidades dos alunos, os meios de ensino, o
conteudo, os objectivos. Ao mesmo tempo que o professor deve ser alguém que
se questiona sobre os propositos e alcance da sua actividade, o acto didactico
recomenda que se questione sobre onde decorre o processo de ensino-
aprendizagem, ao mesmo tempo que o professor deve ser aquele que não se
limita apenas a dar verdades feitas e prontas, mas sim abre uma perspectiva
sobre a verdade, mostrando aos alunos o caminho para chegar a essa verdade.
24 Lição 2

Exercícios

Assinale com V ou F conforme sejam verdadeiras ou falsas as


afirmações abaixo indicadas :

a. Quem planifica o ensino deve partir de uma analise dos


Auto-avaliação 2
objectivos, dos conteudos, dos procedimentos e de todas as
possibilidades humanas e materiais que o ambiente escolar pode oferecer
em termos de meios a empregar no processo de ensino e
aprendizagem

b. O professor se compromete em defender e testemunhar a verdade


e a vida dos outros

c. A didactica e o professor, em particular, não devem reflectir


reflectir sobre as condições em que decorre o PEA, o importante
é que os alunos aprendam.

d. Num determinado nivel de escolaridade pode-se ensinar todo o


tipo de conteudo aos alunos, desde que se tenham meios de
ensino adequados e um professor competente sob ponto de vista
metodologico

e. O conteudo de ensino deve ser aproveitado pelo pelo professor


nas suas potencilaidades educativas e instrutivas, não devendo,
por isso, o professor se limitar em fazer com que os alunos
assimilem esse conteudo.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 25

Lição 3

DIDACTICA: SUAS RELAÇ'ES COM A PEDAGOGIA E


OUTRAS CIENCIAS

Introdução

A didactica é uma ciência pedagogica, sendo por isso que mantem relação com a
pedagogia. Mas também vemos que devido a complexidade do proceso de
ensino e aprendizagem, de um lado, e, por outro, tendo em conta ao caracter
interdisciplinar de quase todos os ramos de saber, a didactica mantem relações
com outras ciências.

De facto, a actuação do professor com proposito de ensinar, exige deste um agir


tendo em conta não somente habilidades didacticas, mas também pedagogicas e
um certo sentido psicologico, sociologico, bilogico, filosofico, etc, devendo,
neste sentido, o profesor se municiar de conhecimentos destas disciplinas: o agir
didactico é ao mesmo tempo pedagogico, biologico, sociologico, filosofico, etc.

Ao nos propormos nesta lição discutirmos esta questão de relação da


didactica com outras disciplinas, esperamos que ao completa-la, você será
capaz de:

Objectivos  Explicar a contribuição das outras ciências (pedagogia, psicologia,


biologia, sociologia, filosofia) para a actividade didactica do
professor

 Redefinir o campo especifico de investigação da didactica, tendo


em conta as especificidades de objecto de estudo das outras
ciências com as quais tem elação

 Diferenciar o objecto de estudo da Didactica Geral daquele das


Didacticas especificas.
26 Lição 3

1. De que forma a didactica se relaciona com a pedagogica e outras


ciências?

2. Qual é o objecto especifico da didactica dentro da investigação


Actividade 3 pedagogica?

3. Diferencie a Didactica Geral das Didacticas Especificas.

Respondendo a primeira questão, concerteza que deve ter pensado que a


dependência da Didactica em relação à Pedagogia se verifica na
impossibilidade de se especificar objectivos da instrução, das matérias e
dos métodos, fora de uma concepção de mundo, de uma opção
metodologica geral e uma concepção de praxis pedagogica, uma vez
que essas tarefas pertencem ao campo do pedagogico. É verdade que a
finalidade imediata do processo didactico é o ensino de determinadas
matérias e de habilidades cognitivas conexas; todavia, por se tratar de
matérias ou temas de ensino, implicando, portanto, dimensão formativa,
a eles se sobrepõem objectivos e tarefas mais amplos determinados
social e pedagogicamente. Dai considerar-se a didactica como disciplina
de intersecção entre a teoria educacional e as metodologias especificas
das matérias que se esclarecem e se particularizam sob caracteristicas
comuns, basicas, da actividade pedagogica e, em particular, do processo
de ensino e aprendizagem.

Em outras palavras, a didactica opera a interligação entre a teoria e


pratica. Ela engloba um conjunto de conhecimentos que entrelaçam
contribuições de diferentes esferas cientificas (teoria da educação, teoria do
conhecimento, psicologia, sociologia, etc), junto com requisitos de
operacionalização.

Noutros termos, a Pedagogia investiga a natureza das finalidades da educação


como processo social, no seio de uma determinada sociedade, bem como as
metodologias apropriadas para a formação dos individuos, tendo em vista o
seu desenvolvimento humano para tarefas na vida em sociedade. Quando
falamos das finalidades da educação no seio de uma determinada sociedade,
queremos dizer que o entendimento dos
Didactica Geral : Aprender a ensinar 27

objectivos, conteudos e métodos da educação se modifica conforme as


concepções de homem e da sociedade que, em cada contexto economico e socal
de um momento da historia humana, caracterizam o modo de pensar, o modo de
agir e os interesses dasclasses e grupos sociais. Portanto, a Pedagogia é sempre
uma concepção da direcçao do processo educativo subordinada a uma
concepção politico-social.

Sendo a educação escolar uma actividade social que, através de instituições


proprias, visa a assimilação dos conhecimentos e experiencias humanas
acumuladas no decorrer da historia, tendo em vista a formação dos individuos
enquanto seres sociais, cabe à Pedagogia intervir nesse processo de assmilação,
orientando-o para finalidades sociais e politicas e criando um conjunto de
condiões metodologicas e organizativas para viablizà-lo no âmbito da escola.
Neste sentido, a Didactica assegura o fazer pedagogico na escola, na sua
dimensão politico-social e técnica; é, por isso, uma disciplina eminentemente
pedagogica.

Chegados a este ponto, estamos certos também que foi facil relembrar a tarefa e
o objecto especificos da didactica. A didactica é, pois, uma das disciplinas da
Pedagogia que estuda o processo de ensino através dos seus componentes-os
conteudos escolares, o ensino e a aprendizagempara, com o embasamento numa
teoria da educação, formular directrizes orientadoras da actividade
profissional dos professores.

Definindo-se como mediação escolar dos objectivos e conteudos do


ensino, a Didactica investiga as condições e formas que vigoram no
ensino e, ao mesmo tempo, os factores reais (sociais, politicos, culturais,
psicossociais) condicionantes das relações entre a docência e a
aprendizagem. Ou seja, destacando a instrução e o ensino como
elementos primordiais do processo pedagogico escolar, traduz objectivos
sociais e políticos em objectivos de ensino, selecciona e organiza os
conteúdos e métodos e, ao estabelecer as conexões entre ensino e
aprendizagem, indica princípios e directrizes que irão regular a acção
didáctica.
28 Lição 3

Pedagogia

Outras
disciplinas:
Filosofia,
Didacticas Didactica
Sociolofia,
especificas Geral
Biologia e
Filosofia

Psicologia

Conforme o esquema acima, a Didáctica Geral estabelece relação com as


Didácticas especiais ou seja, Metodologias de Ensino de Disciplinas especificas
(ex.: Matemática, Línguas, etc.). De facto, as Metodologias das diferentes
disciplinas analisam as questões de ensino de uma determinada disciplina,
enquanto que a Didáctica Geral tem um objecto de natureza geral: se abstrai das
particularidades das distintas disciplinas e generaliza as manifestações e leis
especiais do ensino e aprendizagem nas diferentes disciplinas e formas de
ensino.

Assim, as Didácticas ou Metodologias especificas são uma base importante para


a Didáctica Geral, e esta, por sua vez, generaliza os resultados de estudo sobre o
ensino das disciplinas especificas.

Finalmente, no que diz respeito as outras disciplinas, constatamos que a


relação da Didáctica Geral com estas disciplinas se explica da seguinte
maneira:

a A Psicologia indica à Didáctica as oportunidades que melhor


favorecem a expansão/desenvolvimento da personalidade bem
como os processos que melhor garantem a efectivação da
aprendizagem.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 29

b A Biologia orienta sobre o desenvolvimento físico e os índices de


fadiga dos alunos.

c A Sociologia indica as formas de trabalho que permitem


desenvolver a solidariedade, a liderança, a responsabilidade.

d A Filosofia actua na integração das demais ciências que servem de


base à Didáctica, coordenando-as numa visão que tem por fim
explicar o educando como um ser completo que necessita de
atendimento adequado, personalizado, de forma que se possam
efectivar os propósitos da educação.

Sumário

A complexidade do trabalho do professor está na sua capacidade de poder


planificar, realizar e avaliar o processo de ensino-aprendizagem, com
garantia de que os seus alunos aprendam, desenvolvam saber, saber fazer
e saber ser/estar. Igualmente vemos que esta complexidade se refere, em
parte, ao facto de que o professor deve ensinar a partir de uma concepção
da direcção do processo educativo subordinada a uma concepção
político-social, agindo, portanto, como pedagogo; e ao mesmo tempo o
professor deve:

 Respeitar a individualidade dos seus alunos e as condições


melhor favorecem a expansão/desenvolvimento da personalidade
bem como os processos que melhor garantem a efectivação da
aprendizagem

 Orientar-se sobre o desenvolvimento físico e os índices de fadiga


dos alunos e, a partir disso, por exemplo, conceder aos alunos
intervalos depois de um período significativo de trabalho para
permitir o repouso dos estudantes, programar actividades em
função das capacidades de resistência física dos alunos, etc.
30 Lição 3

 Criar formas de trabalho na sala de aulas e na escola que


permitem desenvolver a solidariedade, a liderança, a
responsabilidade nos alunos, tendo em conta o caracter social da
sua actividade e da natureza dos alunos e dele mesmo.

 Visionar o educando como um ser completo que necessita de


atendimento adequado, personalizado, de forma que se possam
efectivar os propósitos da educação

Exercícios

Agrupe em dois conjuntos as afirmações que se seguem, segundo sejam


verdadeiras ou falsas:

a. O professor competente requer um sentido e tacto pedagógico,


Auto-avaliação 3
didáctico, psicológico, filosófico;

b. Ao considerar importante que os alunos tenham necessidade e


direito a pausa ao longo do trabalho, revela do professor a
consideração da psicologia

c. A filosofia instiga o professor a visualizar o aluno como um todo,


a procurar ensina-lo conforme as metas que se pretendem em
termos do tipo de personalidade a desenvolver

d. A didáctica geral generaliza os resultados de estudo sobre o


ensino das disciplinas especificas

e. Se quiser olhar para a contribuição das diversas disciplinas no seu


acto didáctico, o professor jamais cumprira a sua tarefa; por isso,
o melhor é planificar bem as suas aulas e ensinar
convenientemente, porque desta forma qualquer aluno irá
aprender.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 31

Respostas aos Exercícios de Auto-avaliação

Ordem Afirmações Afirmações falsas


verdadeiras

Auto-Avaliação 1 c), e) e f) a), b) e d)

Auto-Avaliação 2 a), b) e e) c) e d)

Auto-Avaliação 3 a), b), c) e d) a)


32 Unidade 2

Unidade 2

PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Introdução

Bem vido a segunda unidade da disciplina de Didáctica Geral. Esta unidade


está programada para ( ) horas de estudo, dentro das quais irá aprender sobre a
origem e desenvolvimento histórico do processo de ensino-aprendizagem e,
em seguida, apresentam-se as características do processo de ensino-
aprendizagem a ser analisadas tendo em conta a sua prática e a da sua escola
quanto a realização do PEA.

Igualmente nesta unidade, antes de aprender a interacção entre as categorias


didácticas, terá oportunidade de discutir a relação dialéctica fundamental no
PEA. Em função disso que acabamos de dizer, esta unidade comporta quatro
secções, nomeadamente:

Origens e desenvolvimento histórico do PEA

Características do PEA

A relação professor-alunos: a relação dialéctica fundamental do PEA

Em cada uma das sessões são propostas actividades a realizar individualmente,


podendo também discutir com os seus colegas do curso. Porque a realização
destas actividades é fundamental para a sua aprendizagem, faça o favor de ler e
relê-las cuidadosamente para compreender a essência do que lhe é pedido:
Nossa esperança é que encare estas actividades como condição essencial para a
sua aprendizagem e desenvolvimento das suas competências
pedagógicodidácticas, requeridas para um ensino moderno, centrado no
aprendiz.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 33

No fim da unidade, encontrará um exercício de auto-avaliação, cujas respostas


colocamos no fim do módulo para servirem de instrumento de apoio para o seu
autocontrole das respostas dadas por si às questões colocadas no exercício de
auto-avaliação. Por isso, primeiro resolva sozinho os exercícios e só depois é
que pode consultar as respostas dadas no fim do módulo, de forma que no caso
dos exercícios em que não acertou a resposta aconselhamos-lhe a reler o
exercício, estudar a matéria correspondente na unidade e, certificar-se dos seus
erros, a fim de aprender a resolver correctamente o exercício.

Ao completar esta unidade , você será capaz de:

Distinguir as principais características do processo de


ensinoaprendizagem
Objectivos
Reflectir sobre a realização das características do PEA na sua própria
prática docente e a dos seus colegas da escola

Aplicar na sua prática docente a interacção dialéctica entre as


categorias didácticas

Justificar a necessidade de realização de um processo de ensino e


aprendizagem centrado nos alunos, com todas as suas implicações
psicopedagógicas-didácticas

Construir seu ponto de vista sobre as implicações


psicopedagógicodidácticas referidas na alínea anterior na pratica
quotidiana do
professor.
34 Lição 4

Lição 4

ORIGENS E DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO PEA

Introdução

Educação versus processo de ensino-aprendizagem, eis o binómio que nos


colocamos quando imaginamos a actividade do professor. E nesta ordem de
ideias, se é verdade que se compreende que um professor ao ensinar deve
também educar, resta saber se o processo de ensinoaprendizagem existiu
sempre, ou vem depois de alguns passos de desenvolvimento da educação, logo
que esta se tornou numa necessidade com a sedentarização e o surgimento do
modo de vida social dos homens.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

Comparar as caracteristicas da educação na sociedade primitiva com as da


educação na sociedade de divisão de trabalho
Objectivos
Identificar as particulariridades de uma educação com caracter
intencional

Explicar a problematica fundamental da didactica

Relacionar o desenvolvimento do patrimonio socio-cultural e


técnicocientifico com o surgimento do processo de ensino-aprendizagem

Já ouviu falar varias vezes do termo “educação” e terá tido a ocasião de se


questionar sobre o seu conceito e significado no desenvolvimento da sociedade.

Na sociedade primitiva (de caçadores e recolectores) todos os adultos educavam


todas as crianças directamente no processo mesmo da vida e do trabalho e do
trabalho junto com os adultos. Mas a medida que o trabalho se desenvolvia,
começa a haver excedentes de produção e, assim, aparece a divisão de trabalho
e, consequentemente, a especialização do
Didactica Geral : Aprender a ensinar 35

trabalho: por exemplo, o ferreiro faz a enxada para o agricultor e recebia parte
da sua produção.

Na sequência disso, aumenta o património sócio cultural e técnicocientífico da


humanidade e torna-se cada vez mais complicado todos os adultos «ensinarem
tudo à todas as crianças». Assim, surgem pessoas especializadas em educação
das crianças e criam-se situações específicas de educação; e, neste sentido,
surge o processo de ensino-aprendizagem como processo organizado e
intencional para a educação das crianças

Compare a educação na sociedade primitiva com a que é realizada na


sociedade em que surge a divisão do trabalho
Actividade 1

Exacto, na sociedade primitiva a educação tinha um carácter informal,


todos ensinavam a todas as crianças, enquanto que com a especialização
do trabalho, surgem pessoas e situações específicas em que se realiza a
educação, o que caracteriza o processo de ensino e aprendizagem. Mais
precisamente, podemos distinguir a educação da sociedade primitiva e a
da sociedade em que surge a especialização do trabalho da seguinte
forma:

Características da educação

Na sociedade Primitiva Na sociedade de divisão de


trabalho

A educação é organizada, razão pela


qual toma o carácter de processo de
ensino-aprendizagem, o que
implica:
A educação/formação do homem
dependia dos seguintes factores:

Carácter intencional do PEA

A simples imitação aos adultos Colocação prévia de objectivos e


(por isso, era espontânea) tarefas de ensino

A transmissão oral Elaboração de conteúdos e métodos


36 Lição 4

de ensino/educação
A influência do meio

Designação de homens especiais


Os exercícios no próprio processo
(alunos e professores/educadores
de trabalho
com características próprias)

Estabelecimento da duração e de
locais especiais para a realização do
PEA

Estabelecimento do controlo
(avaliação) sobre o processo da sua
realização-

A educação é organizada, razão pela


qual toma o carácter de processo de
ensino-aprendizagem, o que
implica:
A educação/formação do homem
dependia dos seguintes factores:

Carácter intencional do PEA

A simples imitação aos adultos


Colocação prévia de objectivos e
(por isso, era espontânea) tarefas de ensino

A transmissão oral
Elaboração de conteúdos e métodos de
ensino/educação
A influência do meio

Designação de homens especiais


Os exercícios no próprio processo
(alunos e professores/educadores
de trabalho
com características próprias)

Estabelecimento da duração e de
locais especiais para a realização do
PEA

Estabelecimento do controlo
(avaliação) sobre o processo da sua
realização-
Didactica Geral : Aprender a ensinar 37

Ora, como vê o aumento progressivo do património sócio-cultural e técnico-


científico já não mais permitia que «todos ensinassem à todos», razão pela qual
concluímos que o PEA tem como sua origem a contradição entre o património
sócio-cultural e técnico científico da sociedade cada vez mais crescente e as
possibilidades limitadas do homem de transmiti-lo directamente, usando
exclusivamente o próprio processo de vida e trabalho quotidianos.

Assim, a problemática fundamental da didáctica é a tentativa permanente de


resolver esta contradição, isto é «transformar o processo histórico de
desenvolvimento de experiências sociais, culturais e científicas em processos
individuais de educação, instrução e formação». Deste modo, o aluno/educando
individualmente recapitula à sua maneira o processo histórico de assimilação
das experiências da sociedade, o que pressupõe a aprendizagem efectiva graças
ao PEA

Analise cuidadosamente a sua experiência docente e diga em que medida


corresponde aos aspectos que caracterizam a educação surgida com a divisão
social do trabalho

Actividade 2

De facto, como deve ter se apercebido, na sua experiência docente, assim como
doutros professores da sua escola, a educação que se realiza comporta um
carácter intencional, daí que:

a A actividade docente é, com base nos planos curriculares, nos


manuais escolares (do professor e dos alunos) e doutros planos, o
professor planifica o ensino, como forma de educação dos alunos,
traduzindo-se em planos de unidades e de aulas e, por conseguinte,
esse processo educativo assume o carácter intencional.
b Na planificação em alusão no ponto anterior, o professor define
previamente os objectivos que deverão se traduzir em resultados de
aprendizagem graças à interacção professor-alunos em situação
concreta do PEA.

c Os conteúdos mediados no PEA são sistematizados


previamente e, em conjunto com os objectivos, meios,
38 Lição 4

características do professor e dos alunos, condicionam a escolha


das actividades (reflectidas nos métodos de ensino-aprendizagem)
mais adequadas à necessidade de garantia da assimilação activa
desses conteúdos nas suas potencialidades educativas e instrutivas. d O
professor e os alunos constituem os actores principais do PEA e,
em tanto que elementos especiais, apresentam características
próprias, não somente pela sua condição de professor e aluno, mas
também tendo em conta a formação, nível de escolaridade, idade,
sexo, situação social, etc. E todas estas particularidades merecem o
seu atendimento, devendo o ensino se ajustar a elas.

e O PEA realiza-se em locais e mediante duração especiais,


acordados como condição para a prossecução dos objectivos do
PEA, no interesse da facilitação da actividade do professor e dos
alunos.

Sumário

Desde que o homem vive em sociedade foi acumulando saberes sociais,


culturais, técnicos e cientificos que serviam de base a educação das novas
gerações, no sentido de asseguar a sua continuidade e genearalização ao longo
do tempo e das gerações. Trata-se de umprocesso que, no principio, era
realizado de forma espontanea e envolvendo à todos, graças a pouca
diferenciação dos agentes « educadores », dai a celebre ideia de que « todos
ensinavam a todos ».

Com o aumento desse patrimonio socio-cultural e técnico-cientifico, nem todos


são capazes de ensinar « tudo » e começa a haver diferenciação dos homens, em
parte, pelo tipo de saberes desenvolvido. Isso ocasiona a especialização e jà nem
todos podem ensinar tudo, ao mesmo tempo que surgem individuos cuja função
especifica é de educar « ensinar », fazendo com que o ensino seja uma
actividade intencional , contrariamente ao momento em que « todos ensinavam
tudo » onde a educação tinha um caracter espontâneo.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 39

Exercícios

Das afirmações seguintes assinale com V e F, conforme sejam


respectivamente verdadeiras ou falas:

a. Existe processo de ensino-aprendizagem desde a sociedade


Auto-avaliação 1
primitiva com a educação das novas gerações.

b. Tendo em conta a problematica fundamental da didactica, em


cada momento da aula os alunos devem sentir que estão a
progredir continuamente na sua aprendizagem

c. O carácter intencional do PEA obriga o professor a planificá-lo


cuidadosamente, incluindo, entre outros aspectos, os métodos a
usar, os meios, a avaliação a realizar antes, durante e ao fim do
PEA…..

d. Devido ao carácter intencional do PEA, o professor não se deve


autorizar a realizar e agir diante dos alunos fora do que está
planificado para essa aula
40 Lição 5

Lição 5

CARACTERÍSTICAS DO PEA

Introdução

Os aspectos referidos acima a quando da abordagem sobre a “Origem e


desenvolvimento histórico do PEA” nos permitem perceber as particularidades
do PEA que o distinguem doutas formas de organização da educação, por isso,
para podermos desenvolvê-los ainda mais, vamos a seguir falar sobre as
características do PEA.

Ao falarmos das características do PEA espera-se não somente mencionalas,


mas também explica-las com o propósito de cada um reflectir como tê-las em
conta na realização do PEA. O tema “características do PEA” está subdividido
em ... .lições, sendo esta primeira naquela em que, por ser a inicial, vamos poder
mencionar todas as características do PEA e discutirmos mais especificamente a
primeira característica, ou seja, a de “o PEA tem caracter social”.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Identificar as caras acteristicas do PEA

Objectivos Ter as primeiras ideias sobre o significado de cada uma das


características do PEA

Explicar porque se diz que o PEA tem carácter social

O processo de ensino-aprendizagem é uma actividade particular que se distingue


pelas suas características próprias. Assim, dentre outras características, podemos
dizer que o PEA apresenta as seguintes características:

Caracter social

Carácter educativo

O PEA desenvolve a personalidade


Didactica Geral : Aprender a ensinar 41

O PEA é um processo dinâmico de desenvolvimento, isto é,


dialéctico

O PEA tem carácter sistemático e planificado

O PEA é regido por leis que se exprimem em regularidades

DIALÉCTICA

A dialéctica não é mais do que a ciência das leis gerais do movimento e


da evolução da natureza, da sociedade e do
Terminologia pensamento." (Engels). Prosseguindo, este autor sentencia o
seguinte : A grande ideia cardinal é que o mundo não pode
conceber-se como um conjunto de objectos terminados e
acabados, senão como um conjunto de processos, em que as
coisas que parecem estàveis passam por uma série de reflexos
mentais em nossas cabeças, os conceitos passam por uma série
ininterrupta de mudanças, por um processo de génese e
caducidade.

São seis (6) as características do PEA que acabámos de mencionar. Agora,


tente, sozinho ou em grupo explicar em que consiste o PEA em
Actividade 3 conformidade com cada uma destas características apontadas.

Você acabou de explicar as características do PEA. Por isso, debruçandose sobre


cada das características, esperamos que tenha sido capaz de, referindo-se ao
Carácter Social do PEA, compreender que se atribui esta característica ao PEA
porque este processo:

Apareceu/surgiu com o desenvolvimento/aumento constante do


património sócio-cultural e técnico-científico da sociedade;

É a sociedade que o organiza, determinando os objectivos,


motivos, conteúdos, meios e métodos do PEA;
42 Lição 5

É a sociedade que o organiza, determinando os objectivos, motivos,


conteúdos, meios e métodos do PEA;

Os actores principais (professor e alunos) interagem como seres


sociais.

A partir desta característica, devemos enfatizar a ideia de que quando falamos


do PEA é muito importante reflectirmos sobre o sentido da actividade docente,
quer dizer:

Os aspectos didácticos devem estar subordinados à definição de


propósitos educativos válidos (socialmente) para orientar nosso
trabalho;

Os objectivos que nos propomos alcançar junto aos alunos são o


elemento fundamental em nosso trabalho lectivo e quando realmente
nos propomos ser educadores;

Diferentes nações tem concepções diferentes das coisas e, sendo assim,


a ideia de educação não é a mesma e, consequentemente, os propósitos
de educação e do PEA também não são os mesmos, havendo, inclusive,
possibilidade de adaptações no interior da mesma nação em função das
características dos alunos (sobretudo no que diz respeito ao nível de
progresso e dificuldades de aprendizagem), do contexto social e
regional onde se localiza a escola, etc.: o PEA é um processo
contextualizado cuja finalidade é conseguir a partir do nível de partida
dos alunos, chegar à uma verdadeira aprendizagem destes com o apoio
do trabalho didáctico do professor.

Analisando a sua experiência docente e a dos seus colegas, diga quais são
os aspectos sociais inerentes a localização da sua escola tem sido
Actividade 4
valorizados ou condicionantes na realização do PEA
Didactica Geral : Aprender a ensinar 43

De certeza que chegou a conclusão de que os aspectos sociais que condicionam


o trabalho do professor na escola são vários, mas neste caso esperamos que
tenha conseguido analisar a questão no sentido de obter respostas ou
comentários sobre:

Até que ponto os aspectos sociais condicionam a escola, formulação


e/ou reformulação dos objectivos de ensino?

De que maneira os métodos de ensino que utiliza são condicionados


pela interacção entre professor e alunos?

Como é que a disponibilidade e/ou ausência de meios de ensino no


contexto social e geográfico em que trabalha (ensina) condiciona a
qualidade e ritmo do PEA que orienta?

Quais são os valores sócio-culturais que têm sido integrados no


trabalho educativo da sua escola para garantir maior relevância
do PEA?

Será que na interacção entre professor-alunos e alunos-alunos, esta tem


sido feita como envolvendo actores sociais, nomeadamente
considerando aspectos tais como a cooperação, a solidariedade, a
compreensão, ajuda e respeito mútuos, etc.?

Sumário

O PEA surge como resultado do desenvolvimento da sociedade, alias, uma


constatação que estamos a fazer desde o ponto em que discutimos sobre a
origem e desenvolvimento histórico do PEA, ao concluirmos que o
desenvolvimento constante e progressivo do património socio-cultural e técnico-
científico é que terá estado na origem do PEA.

Também acabamos de ver que o caracter social do PEA se reflecte, por


conseguinte, nos objectivos, meios .de ensino que são socialmente determinado.
E ao fazermos esta constatação, surge-nos a ideia de que o PEA em toda sua
planificação, realização e avaliação deve referir-se a um contexto social preciso,
reflectindo-se nele e agindo para transformai-lo e desenvolver: esta é a razão
social do PEA
44 Lição 5

Exercícios

Das afirmações que se seguem, identifique as que são falsas :

a. O trabalho educativo do professor deve ser feito com base em


valores culturais universais, mas também com referência aos
Auto-avaliação 2
valores locais para tornar esse trabalho educativo mais relevante ao
contexto social em que realiza essa acção educativa.

b. Quem ensina Quimica, Fisica e outras ciências naturais não tem


nenhuma possibilidade de que o conteudo do seu ensino reflicta
as questões locais da sociedade em que se encontra e, por
conseguinte, das caracteristicas sococulturais dos seus alunos;

c. Tendo um curriculo planificado centralmente para todo o pais,


resta ao professor fazer as adaptações locais em função das
caracteristicas socio-culturais dos seus alunos, sem perder a
essência e as exigências globais do curriculo ;
Didactica Geral : Aprender a ensinar 45

Lição 6

CARÁCTER EDUCATIVO DO PEA

Introdução

Na lição anterior acabamos (você e nós) de explicar o carácter social do PEA.


Agora falemos da característica seguinte: O PEA TEM
CARÁCTER EDUCATIVO.

A reclamação de que a escola, através dos professores e, particularmente, do


processo de ensino-aprendizagem deve não somente ensinar, mas também
educar atravessa fronteiras, atingindo todos os sistemas de educação e,
igualmente, se coloca desde a tempos atrás até aos nossos dias: é uma questão
actual e de todas as nações.

De facto, o professor competente ensina para formar e educar os seus alunos e,


sendo, assim ao completar esta lição, você será capaz de:

Diferenciar instrução da educação


Objectivos
Identificar os objectivos da educação e da instrução

Explicar, com base em exemplos concretos, como na pratica o


professor pode conseguir a unidade entre educaçao e instrução.

Para mostrar o carácter educativo comecemos por rever os conceitos de


educação e de instrução
46 Lição 6

Actividade 5 Diga, por palavras suas, a diferença entre instrução e educação.

No âmbito do processo de formação do homem, os termos educação e instrução


são inseparáveis. De facto, a instrução é a
transmissão/mediação de conhecimentos, capacidades, habilidades;
podemos também defini-la como sendo o processo e o resultado da
assimilação de conhecimentos sistemáticos, assim como das acções e
procedimentos inerentes a eles. Por seu turno, a educação, pela sua
característica fundamental, é o desenvolvimento/formação de
comportamento, atitude e convicções; isto é, a formação de traços/sinais da
personalidade.

Assim, é impossível, no verdadeiro sentido, educar sem instruir e viceversa, daí


que, como se reflecte na figura abaixo, a educação e a instrução estão
intrinsecamente unidos e se relacionam dialecticamente no PEA,
apesar de que o alcance dos objectivos da educação é resultado mais que o ensino,
é resultado de todo o conjunto de influências que actuam sobre o aluno/educando.

Objectivos do PEA

Educação
Instrução

Saber-estar
Saber-fazer Saber-ser
Saber
Maneiras de
Capacidades Atitudes comportame
Conhecimentos
nto
Habilidades Convicções
Reconhecimentos
Hábitos
Fig: Os objectivos do PEA
Didactica Geral : Aprender a ensinar 47

Através da figura acima vemos que a instrução tem como enfoque


principal o objectivo de desenvolver nos alunos o saber e o saber fazer,
enquanto que quando falamos da educação se tem em vista o
desenvolvimento do saber ser e estar. Mas como vemos na figura, ao
realizarmos a educação, ao mesmo tempo se instrui (quem poderia ser
bem educado diante de pessoas idosas se não pudesse lembrar, enunciar,
as regras principais de comportamento que se espera desse indivíduo
diante dessa situação?); o mesmo vemos que ao instruir (ex.: para
condução de uma viatura) o indivíduo deve ser educado para o respeito
das normas (neste caso, de trânsito rodoviário), sem as quais a condução
automobilística se transformaria num autentico problema para a
circulação e bem estar das pessoas.

Reconhecendo a relação dialéctica entre educação e instrução, explique


como, na prática, um professor pode conseguir realizar a unidade entre
Actividade 6 educação e instrução no PEA.

Se discutiu a questão acima, sozinho ou em grupo, deve ter chegado a


conclusão de que, de facto, é preciso unir a educação e a instrução, ou seja,
instruir e educar simultaneamente no PEA; mas apesar disso,
levanta-se a questão de saber somo fazer isso. Para o seu esclarecimento, eis,
por exemplo, algumas formas práticas para assegurar a unidade entre instrução
e educação no PEA:

Aproveitamento das potencialidades educativas do conteúdo a ser


mediado: todo conteúdo de ensino tem, em maior ou menor grau,
potencialidades educativas. Ex.: Com a história da luta de libertação
nacional em Moçambique, pode-se educar para o patriotismo, a unidade
nacional, etc.

A personalidade do professor: existe uma tendência natural de as pessoas


crescerem, desenvolverem atitudes e convicções tomando os outros como
modelo/exemplo, sobretudo àqueles com que têm respeito e admiração. Por
isso, principalmente na escola primária, os alunos/educandos podem se educar
pelo exemplo do professor;
48 Lição 6

Ordenamento e aproveitamento das relações entre o professor/educador e o(s)


alunos/educandos, entre os alunos/educandos . Na escola as relações entre os
actores (professores e alunos) podem constituir em si mesmas relações com
carácter moral : ex. : respeito mútuo, solidariedade, cooperação, etc. Quer dizer,
promovendo determinado tipo de relações com carácter educativo, estaremos a
desenvolver no aluno/educando não só determinado tipo de relações, mas
também o exercício no procedimento correcto ; por isso , pelas relações na
escola, é possível, desenvolver nos alunos o que é bom/admissível e o que é
mau/interdito sob o ponto de vista moral, cívico, ambiental, de higiene corporal,
etc. ;

Definição dos objectivos : para cada plano de aula o professor define uma série
de objectivos, sendo por isso que deve ter o cuidado de incluir nele objectivos
instrucionais (i.e., da área de saber e saber-fazer), assim como educacionais (da
área do saber-ser e saber-estar).

Sumário

O professor ao ensinar seus alunos desenvolve neles atitudes, convicções,


hábitos, para além de leva-los a assimilação de conhecimentos e
desenvolvimento de capacidades e habilidades. Este é o propósito educativo e
instrutivo do PEA, o que faz com que tenhamos como recomendação
fundamental que o professor, de qualquer disciplina e com base em qualquer que
seja o conteúdo, deve assumir como sua obrigação profissional educar aos
alunos, não se limitando apenas a mediação de conteúdos para serem
assimilados simplesmente como conhecimentos.

Para o efeito, o professor deverá fazer recurso das potencialidades educativas do


conteúdo e, na base deste, ao planificar as suas aulas incorporar objectivos
educativos (do saber ser e estar, ou seja, do domínio afectivo) e instrutivos (do
saber e saber fazer, isto é, respectivamente dos domínios cognitivo e
psicomotor).
Didactica Geral : Aprender a ensinar 49

Exercícios

Indique, dentre as opções seguintes, aquelas que recomendaria a um


professor como estratégia pedagogica:

a. Ensinar aos alunos um conjunto de conhecimentos para que estes


Auto-avaliação 3
possam estar habilitados de resolver as questões do exame,
mesmo que isso ponha em causa a preocupação de educar
convenientemente os alunos

b. Considerar a educação inseparavel da instrução

c. Aproveitar-se de todas as potencialidades e condições para


educar os alunos, conforme as boas praticas sociais e exigências
de desenvolvimento da personalidade de cada um dos alunos

d. Não agir nem dizer coisa alguma que ponha em causa a educação
das crianças

e. Preocupar-se com a educação dos alunos, mesmo que isso não


signifique para o professor apresentar-se como sendo unico
modelo em termos do saber ser e estar para os alunos

f. Quando se trata de Matemática, Quimica e muitas outras


disciplinas, o acento deve ser posto na instrução dos alunos , para
que o educar fique a responsabilidade de disciplinas como
« educação moral e civica, educação patriotica e/ou politica…. »
50 Lição 7

Lição 7

O PEA desenvolve a personalidade e tem carácter


dialéctico

Introdução

Bravo para você, cursante deste modulo, que conseguiu identificar vários
aspectos da sua experiência docente e/ou como aluno/formado que tem a ver
com o carácter social e educativo do PEA que se realiza junto dos alunos. E se
de facto se passa desta maneira, também não lhe espanta se dissermos que, na
procura doutros aspectos que se afiguram melhor enquadrá-los noutras
características do PEA, a conclusão que se chega é que o PEA desenvolve a
personalidade e é um processo dinâmico de desenvolvimento, isto é, dialéctico.

Por esta razão, vamos nos debruçar sobre estas duas características do PEA,
esperando que ao completar esta lição, você será capaz de:

Redifinir o conceito de”personalidade”.


Objectivos
Relacionar a actividade escolar e o desenvolvimento da personalidade do
aluno

Explicar, com base em exemplos, como a contradição é força motriz do


desenvolvimento da personalidade dos alunos

Evitar que a contradição entre as tarefas que propõe e as


possibilidades cognitivas dos alunos resulta de tal natureza que apesar de
recorrer a todo o potencial cognitivo os alunos não são capazes de resolver a
contradição

Justifificar de que maneira « o PEA desenvolve a personalidade » e « tem


carácter dialéctico ».
Didactica Geral : Aprender a ensinar 51

1. Porque dissemos que o PEA desenvolve a personalidade?

Actividade 7 2. Explique o carácter dialéctico do PEA.

Estamos em crer que, tal como acontece connosco, chegou a idêntica conclusão
de que o PEA desenvolve a personalidade; e afirmamos isso com toda
convicção.

E qual é a explicação para tanta afirmação categórica de que o PEA desenvolve


a personalidade? Cremos que é fácil percebermos que quando falamos de
personalidade, trata-se de um termo com múltiplas definições, podendo serem
retidas as seguintes:

Pessoa com as suas capacidades e propriedades intelectuais, produtivas,


políticas, estéticas e emocionais determinadas pela sociedade (onde se
incluem todas as instituições), mas com a participação do seu cunho
individual, sendo por isso única;

Uma determinada pessoa que se distingue na sociedade pelas suas


qualidades e traços.

Premissas :

A personalidade desenvolve-se na actividade e nas relações ;

A actividade principal durante a infância e a juventude é a actividade


escolar, isto é, a participação no PEA.

LOGO, no período escolar a personalidade desenvolve-se principalmente no


PEA; o PEA é de grande importância para a maneira como a personalidade vai-
se desenvolver, para as facetas da personalidade que são desenvolvidas e para a
direcção em que ela se desenvolve através da actividade de aprendizagem.
52 Lição 7

Por exemplo: Através da matemática os alunos desenvolvem habilidades de


contar, calcular e resolver problemas matemáticos da sua vida quotidiana (ex.:
fazer trocos, dividir porções de múltiplas coisas entre amigos...); e, de tal
maneira, vemos que cada disciplina desenvolve no aluno uma série de saber,
saber fazer e saber ser /estar. E indo ao fundo da questão, e por esta mesma
lógica, compreende-se porque, em certa medida, alunos tendo professores,
currículos, ambientes escolares e educativos diferentes, acabam tendo traços e
qualidades da personalidade marcados pelas circunstâncias em que
estão/estiveram.

Por outro lado, a afirmação segundo a qual o PEA é um processo


dinâmico de desenvolvimento , isto é , dialéctico, se justifica se
atendermos ao facto de que o PEA tem como força propulsora
contradições, por exemplo, ao nível do aluno. Porque quando falamos de
dialéctica referimo-nos a teoria das leis do movimento e desenvolvimento
da natureza, da sociedade e da consciência que tem como ponto de
partida o facto de que todos os fenómenos estão relacionados e
interdependentes. E isto ocorre não sem contradição. Neste caso,
contradição não é uma coisa negativa, destrutiva, consequência de falha e
de erros como se pensa na linguagem do dia-a-dia. ; a contradição é a
força motriz do desenvolvimento da natureza, da sociedade e da
consciência.

Assim, também no PEA ocorrem contradições a nível dos alunos, como por
exemplo:

Entre os conhecimentos adquiridos pelos alunos e os novos a adquirir;

Entre o nível do conteúdo do ensino e as possibilidades reais dos alunos


para a sua assimilação;

Entre os conhecimentos teóricos e a capacidade de aplica-los na prática;


Didactica Geral : Aprender a ensinar 53

Entre os conhecimentos e os comportamentos correspondentes


manifestos ou a manifestar ;

Entre a vontade e a capacidade ; etc.

Entretanto, as contradições que se apresentam no PEA constituem força motriz


quando estas têm sentido para os alunos e se fazem conscientes da necessidade
de solucionar a tarefa.

Por exemplo, se a contradição entre a tarefa proposta e as possibilidades


cognitivas dos alunos resulta de tal natureza que apesar de recorrer a todo
o potencial cognitivo os alunos não estão em condição de resolver as
tarefas, tal contradição ao invés de constituir força motriz do PEA,
converte-se num entrave para a actividade intelectual do aluno. Ao
contrário, o estudante/aluno terá possibilidades de assimilar a contradição
e de encontrar o método de solução. Isto quer dizer que na colocação de
contradições no PEA, deve haver uma correcta proporção entre os dois
lados da contradição.

Sumário

A vida social sempre originou a necessidade de educação aos membros desta


mesma sociedade, tal como vimos anteriormente. Também vimos que devido ao
crescimento aumento do patrimonio socio cultural e técnico-cientifico da
humanidade surgem pessoas e lugares especificamemente designados para a
educação no sentido formal e intencional, o que originou o PEA.

O propósito do PEA é desenvolver nos alunos o saber, saber fazer e saber


ser e estar, que constituem a base/conteudo da formação da
personalidade. Quer dizer, o PEA desenvolve a personalidade graças a
actividade escolar a que os alunos são envolvidos durante a sua carreira
estudantil.

Entretanto, nesse processo a aprendizagem ocorre não sem contradição ; alias,


ascontradições são a força motriz de desenvlvimento, devendo por isso serem
colocadas, através das tarefas escolares, em niveis de
54 Lição 7

exigência que se adequam às particularidades individuais dos alunos: nem


muito abaixo para que não estimulem a actividade do aluno, nem muito acima
para que nao constituam um factor de bloqueio cognitivo,
psicomotor e afectivo.

Exercícios

Diga se as afirmações que se seguem são verdadeiras ou falsas :

a. O PEA desenvolve a personalidade, portanto, nada mais resta aos


pais como trabalho educativo com os seus filhos
Auto-avaliação 4
b. O desenvolvimento da personalidade pelo PEA depende
sobretudo da qualidade e quantidade de actividades à que o aluno
é submetido

c. Nem todas as contradições e, por conseguinte, as tarefas que se


possam colocar aos alunos são força motriz para o
desenvolvimento destes

d. Primeiro, compreender o nivel cognitvo, psicomotor e afectivo


dos alunos e, depois, colocar em função disso actividades/tarefas
apropriadas para o seu desenvolvimento
Didactica Geral : Aprender a ensinar 55

Lição 8

Carácter sistemático e planificado do PEA


e as suas regularidades

Introdução

Em nossas escolas, tanto no ensino primário, secundário geral e técnico


profissionais, o ensino deve ser minuciosamente planificado. Isso começa desde
o nivel central que planifica os curricula e outros materiais de apoio para o
trabalho do professor na escola e na sala de aulas e, este, por sua vez realiza a
sua actividade devendo obedecer algumas regularidades que, por assim dizer, se
transformam em leis devido ao seu caracter de “obrigatoriedade” profissional
que se coloca à todos professores desejosos de alcançar a qualidade do ensino.

Para o efeito, nesta lição discutimos as duas ultimas caracteristicas do PEA do


conjunto daquelas que mencionamos anteriormente; trata-se das seguintes
características:

Carácter sistemático e planificado do PEA

PEA é regido por leis que se exprimem em regularidades Ao

completar esta lição, você será capaz de:

Identificar os aspectos que fazem o PEA ser uma actividade


sistematica e planificada
Objectivos
Ter necessidade de planificar continua e sistematicamente as suas
aulas
56 Lição 8

Aplicar as chamadas relações didácticas legítimas (que são


reiteradas, essenciais, estáveis e internas) existentes nas ciências
pedagogicas.

1. Em que consiste o carácter sistemático e planificado do PEA?

Actividade 8 2. Dê exemplos de regularidades essenciais do PEA que levam a


concluir que o PEA é regido por leis

Muito bem! Você disse que sempre que pretende ensinar, planifica as
suas aulas, não se guia pura e exclusivamente pela improvisação, e isso é
feito de forma sistemática, não somente porque é contínuo, mas também
olhando a sua aula como “parte de um todo”, trabalho pedagógico que se
desenvolve ou está sendo desenvolvido (pelo ministério da educação,
pela escola, ... .) no âmbito dos esforços para conseguir que os alunos
aprendam.

Em seguida, quando falamos do carácter sistemático e planificado do PEA


isto significa que este processo:

Tem objectivos

Tem programas com conteúdos estruturados

Decorre num ano lectivo estruturado (com horários e outras


actividades planificadas)

Os alunos estão distribuídos por classes na base de um critério


especificado (ex: critério idade, talento no caso de sistemas de ensino
diferenciado, etc).

As actividades a realizar na sala de aula são previstas com antecedência,


em função das caracteristicas dos alunos e do professor, da mateira a
ensinar, dos objectivos, dos meios/condições materiais e humanos
existentes, etc.

Finalmente, ao dissermos que o PEA é regido por leis que se exprimem em


regularidades, primeiro, assumimos que a lei expressa as
Didactica Geral : Aprender a ensinar 57

relações gerais, necessárias, essenciais, reiteradas e relativamente constantes do


mundo real. Assim, nas ciências pedagógicas existem as chamadas relações
didácticas legítimas (que são reiteradas, essenciais, estáveis e internas).

Por exemplo, Klingberg destaca a existência das relações didácticas legítimas:

Relação entre objectivo-conteúdo-método-meios no PEA;

Relação entre educação e instrução;

Relação entre teoria e prática;

Relação entre condução didáctica e autoactividade;

Relação entre ensino e aprendizagem;

Relação entre homogeneidade e diferenciação;

Relação entre processos de conhecimento e de exercitação;

Relação entre processos de continuidade e de consolidação;

Por sua vez Babanskii reconhece a existência das seguintes leis :

Lei da condicionalidade social do PEA;

Lei da unidade entre o ensino e aprendizagem no PEA; Lei da

unidade ensino e desenvolvimento da personalidade;

Lei da unidade entre planificação, a orientação e a avaliação;dos


alunos em um ciclo do PEA.

Concerteza, você deve ter dito para consigo mesmo: “essas leis dizem, na sua
essência, respeito às caracteristicas do PEA que anteriormente acabamos de
ver”. Sim, estamos também de acordo consigo, por isso ao caracterizarmos o
PEA queremos não apenas termos o conhecimento e podermos explicara o
sentido de cada uma delas, mas sim assumirmos que estamos a dizer para
connosco mesmo, como profissionais de
58 Lição 8

educação, que é preciso assegurar que o PEA que realizamos não simplesmente
se pareça com as caracteristicas deste, mas assim seja com a integralidade das
caracteristicas essenciais que ditam a particularidade da actividade de ensinar e
fazer aprender os alunos.

Sumário

O ensino é uma actividade intencional, jà o dissemos e temos que dizê-lo


sempre. Por isso a sua realização pressupõe uma planifcação antempada,
evitando-se que ocorra pura e simplesmente sob os designios da improvisação.
Neste sentido o professor conta com uma variada e difersificada documentação
de apoio a começar dos programas e manuais do professor e dos alunos,
passando pelo resto da bibliografia que posa existir a tratar sobre os aspectos da
aula em causa ; de igual modo, as caracteristicas pessoais, dos seus alunos e da
escola em que se encontra devem ser tidos em conta, visto que, como veremos
mais adiante ultima unidade deste modulo, o plano de aula deve estar adequado
à realidade.

Durante esta planificação e, inclusive, na realização do PEA o professor


deve esforçar cumprir com as restantes caracteristicas do PEA, fazendo
destas exigências para o seu trabalho e regularidades obrigatorias a
preencher na avaliação de todo o processo de ensino de ensino
aprendizagem.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 59

Exercícios

Estando presente numa conversa entre dois professores da mesma escola,


na qual um deles sugere ao outro as recomendações abaixo, retire as que
considera inadequadas :

Auto-avaliação 5
a. Aula dada, aula planificada

b. Planificar em função dos alunos, isso seria possivel se não se


exigesse o cumprimento do programa

c. O livro do professor e dos alunos são os unicos instrumentos para


planificar a aula

d. No ensino existem relações didacticas que devem ser cumpridas


com regulaidade, devendo assumir o caracter de lei
60 Lição 9

Lição 9

RELAÇÃO DIALÉCTICA FUNDAMENTAL DO PEA

Introdução

O professor ao planificar suas aulas, apresenta-se-lhe um dilema de ter


que cumprir o programa, de progredir ao mesmo passo que os seus
colegas, professores doutras turmas, de modo a que seus alunos não
sejam surprendidos com perguntas de avaliação geral que o professor
ainda não teve a oportunidade de os abordar; e isso pesa igualmente na
avaliação do professor pelos seus superiores: o atraso no cumprimento do
programa pode ser interpretado como inercia e mau desempenho
pedaggico do professor. Quer dizer, o professor tem, diante de si, o
programa (conteudo), objectivos, meios, métodos... ..de ensino, para além
do aluno. Como deve relacionar-se com estes elementos todos (aluno,
conteudos, objectivos, meios e métodos)? Com qual deles se deve operar
a relação fundamental.

No PEA a relação dialéctica fundamental é a relação entre ensino (ensinar) e


aprendizagem (aprender). Posto isto, a questão que se levanta sempre é saber se
o professor deve agir predominantemente em função do que ele sabe, dos seus
objectivos... ou em função dos alunos, mesmo reconhecendo que esta ultima
posição não nega a anterior.

Fique, então com espirito aberto para discutir esta questão nesta aula, ao fim da
qual, você será capaz de:

Explicar porque o ensino deve ser realizado em função do aluno

Descrever as tarefas do professor e do aluno na relação dialéctica entre


Objectivos
eles

Identificar as razões que podem ocasionar a desproporção entre o


ensinado e o aprendido pelos alunos numa aula
Didactica Geral : Aprender a ensinar 61

Realizar um ensino em que se atinjam as contradições de :

O docente de levar os discentes a já não precisar dele , quer dizer, à


independência ;

O discente a querer agir por sí próprio, quer dizer, independentemente,


mas a depender da ajuda do docente.

1. Tente imaginar as suas aulas, a sua experiência como aluno


ou professor e, na base disso, a que conclusão chega: é ou
Actividade 8 não o aluno o elemento principal na relação entre professor
e aluno? Porquê?

Concordamos plenamente consigo ao concluir que o professor existe em


função dos alunos porque este tende a garantir a continuidade e
desenvolvimento da geração futura, tendo em conta as particularidades dos
alunos, pois a aprendizagem é algo intrínseco, que se passa no
interior do individuo, levando em conta suas capacidades, suas aptidões, seu
desenvolvimento neuropsiquíco e, ainda, seus interesses, motivações e suas
necessidades. Por isto mesmo, de nada serve ao professor
desenvolver aulas interessantes e bem planificadas se elas não atenderem ao
“estado” do aluno. E não havendo aprendizagem, não houve ensino, por
maiores e melhores sejam ou tenham sido os esforços do professor.

Deste modo, no PEA aluno e professor são necessários, mas o professor só


existe em função dos alunos, daí que o aluno seja o mais importante no PEA.
Vejamos então algumas das actividades do professor e do aluno no âmbito da
relação dialéctica entre eles.
62 Lição 9

Aprender
Ensinar
Conduzir a

Conduzir
Mediar
Orientar

O professor se O professor intervém O professor propõe Assimilar,


intromete entre os de forma discreta, sem uma determinada desenvolver
objectivos, bloquear as direcção às qualidades de
fins visados e experiências e as actividades dos alunos aprendizagem : para
o aluno aptidões da criança ; responder as
necessidades, Receptiva
O professor abre motivações,
possibilidades de o capacidades, aptidões, Reprodutiva
aluno dirigir (ele isto é, tendo em conta
próprio) o seu o nível actual de Produtiva
pensamento, isto é, conhecimento
definição de tarefas que o (=estado actual) para Criadora
aluno deve chegar ao nível
fazer. próximo, envolvendo Aprender a
o na elaboração dos aprender=aprender
novos conhecimentos. comme aprender

 Personalidade formada, que adquiriu/assimilou Personalidade em formação:


a cultura da sociedade e possui conhecimentos
suficientes, habilidades, hábitos, atitudes e  Busca uma nova determinação  Busca
convicções ; assimilar/adquirir novos
 Dá direcção ao PEA; medeia entre a cultura conhecimentos, habilidades,
elaborada e o aluno; auxilia a aluno na hábitos, atitudes e convicções.
elevação cultural.

Fig. Relação entre ensinar e aprender


Didactica Geral : Aprender a ensinar 63

Entretanto, nota-se que de tudo quanto se ensina, apenas uma parte é


verdadeiramente aprendida (veja figura abaixo) :

ENSINADO

APRENDIDO

Vendo a figura acima, ficamos com a ideia de que muitas vezes o ensino
é tão pouco eficiente em termos de esforço docente/aproveitamento
discente. Por isso, na sua opinião, quais são as razões que explicam tal
facto?
Actividade 9

Sim, fazendo uma auto-análise da nossa própria experiência docente e,


sobretudo, observando os nossos colegas, seus alunos e, inclusive, os nossos
próprios alunos podemos concluir que as razões para este facto podem dever-
se aos factores que intervém no PEA, nomeadamente :

No aluno No Conteúdo
No professor

Motivações Estrutura : Situação estimuladora


componentes e ambiental
Conhecimentos relações
prévios (pré Comunicação verbal das
requisitos) Tipos de instruções
aprendizagem
Relação com o requeridas Informação ao aluno
professor sobre os seus progressos
Ordem de
Atitude com a apresentação. Relação com o aluno
disciplina.
Atitude com a matéria
ensinada.

Fig. Alguns factores que intervêm no PEA


64 Lição 9

As três figuras indicadas anteriormente nesta unidade procuram-nos mostrar a


relação dialéctica, isto é, de dependência reciproca entre ensinar e aprender,
entre o professor e o aluno. Por isso, com base nelas e de tudo que dissemos,
conclui-se que:

1. Existe uma relação intrínseca entre ensinar e aprender ; não há ensino


se não haver aprendizagem; o ensino existe para motivar a
aprendizagem, orienta-la, dirigi-la; ele é o factor de estimulação
intelectual. Assim, para haver ensino e aprendizagem é preciso :

Uma comunhão de propósitos e identificação de objectivos entre o


professor e o aluno ;

Um constante equilíbrio entre o aluno, a matéria , os objectivos do


ensino e as técnicas/métodos de ensino.

2. Na relação entre ensino (ensinar) e aprendizagem (aprender),


registam-se as seguintes contradições :

O docente de levar os discentes a já não precisar dele , quer dizer, à


independência ;

O discente a querer agir por si próprio, quer dizer, independentemente,


mas a depender da ajuda do docente.

Sumário

Mesmo o professor planifique e realize “correctamente” as suas aulas, se


não houver aprendizagem, então dissemos que não houve ensino. Esta
afirmação nos sugere que qualquer preparação de uma aula, assim como a
sua realização deve ser feita tomando em conta a realidade do aluno: seus
interesses, motivações, progressos, dificuldades... .levando-o a ter uma
atitude positiva para com o professor e a disciplina em causa, como
condição para conseguir-se a activação do aluno para a realização das
actividades principais que determinarão o progresso deste aluno na sua
aprendizagem.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 65

O que estamos a dizer é que, por exemplo, se o professor nota que os seus
alunos precisam de muito mais tempo para exercitar um conceito ou uma
operação, talvez seja melhor fazer desta maneira em vez de continuar
com a matéria com vista ao simples cumprimento da matéria, mas ao
mesmo tempo poderá ser que, em certa matéria, não haja necessidade de
gastar todo o tempo previsto no programa para os alunos aprenderem-na
devido a nível baixo de complexidade em função do aluno “real” que está
diante do professor: é uma questão de ponderação, colocando sempre o
aluno no centro do processo, como critério fundamental para decidir
sobre as actividades a realizar, o tempo a acordar, as estratégias a adoptar,
a avaliação a realizar, etc.; mas sempre com o propósito final de que
todos e cada um dos alunos atinja o seu nível mais elevado de
aprendizagem em conformidade com as suas potencialidades cognitivas,
afectivas e psicomotoras.

1. A relação professor-aluno, como dissemos, é a relação dialéctica


fundamental no PEA. Por isso, leia os textos que se seguem e comente para si
mesmo e/ou diante dos seus colegas as seguintes afirmações:

Actividade 10 a. O professor é um «ser formado» e o aluno «imaturo», por isso o


primeiro já não precisa mais de aprender e o segundo nada tem a
ensinar ao professor

b. Na relação professor-aluno, assume grande importância o dialogo e


a afectividade.

Texto 1

No dicionário, o aluno vem antes do professor. Na vida, em geral, vemos o


professor ter mais importância do que o aluno. Alguns educadores se queixam de
que actualmente só se fala dos direitos das crianças e
adolescentes, esquecendo-se os direitos dos professores- Outros lembram que os
alunos também têm deveres, e que os direitos dos professores são como os de
qualquer outra categoria profissional que deseja e merece ser
valorizada, e portanto devem ser reivindicados junto à Justiça de
Trabalho, e não nos «confrontos» em sala de aula.
66 Lição 9

Pensando um pouco mais filosoficamente, o professor e aluno são dois lados


da mesma moeda: o conhecimento.

Devemos primeiro buscar entender o que é «aluno» e o que é


«professor». Se partimos da premissa de que para ensinar alguma coisa, antes é
preciso aprender, então o aluno está no inicio de tudo. Nascemos alunos,
crescemos alunos, morremos alunos. Para os que crêem, Adão foi o primeiro
aluno, Eva a segunda, e a serpente a primeira professora (será que vem daí a
tradição de se dar maçãs aos mestres?!?). O mesmo Adão pode ser considerado
o primeiro professor de Deus, ao ensiná-lo que aquela perfeição toda que Ele
planeava não seria nada fácil de alcançar. Se até Deus é aluno de sua criação, a
pergunta está respondida?

Não podemos nos limitar a cosmogonias teológicas, se queremos expandir os


significados da pergunta. Justamente por não ter "gabarito" é que é bom
respondê-la de vários ângulos. Vejam só: descontando-se a teologia, a dedução
natural nos leva, inexplicavelmente, ao aluno como início de tudo. Mas o
pensamento circular oriental nos ensina que todo início é também fim, e que
todo aprendizado é também ensinamento. Se o "aluno-essencial" aprende,
alguém ou alguma coisa o ensina. Considerando que a Vida pode ser
personificada, com o nome que for (Natureza, Existência, Experiência,
Interacção com o Meio), esta sim, é a primeira Mestra de todos nós. A Vida
nasceu primeiro, portanto o Professor nasceu primeiro. Mas se esta abstracção
não for aceita, e considerarmos que "só valem", como alunos e professores, os
seres humanos, então somos mesmo alunos. E professores. Se a Vida nos ensina
tudo, e quem vivemos somos nós, então somos nós nossos
próprios professores.
Pode-se também argumentar que "ser aluno" é um estado permanente, que não
depende da presença do "professor".

E «ser professor» é um estado nobre dos que dividem seus achados, dispensando
a contínua reinvenção da roda. Sejamos, portanto, alunos e professores. É nascer
e aprender consigo mesmo: nossos instrumentos de aprendizado estão a postos-
visão, tacto, paladar, olfacto, de cara temos uma série de disciplinas para o curso
intensivo que é viver. Mesmo sem saber, o primeiro Aluno carrega consigo o
primeiro professor.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 67

Eternamente seremos aprendizes, independentemente das titulações


adquiridas. Ser professor, ser aluno, é uma atitude de vida. Se o professor
mantiver ao longo da vida essa chama acesa do saber na sua alma, não
para se vangloriar dos seus feitos, mas compartilhar, para interagir com o
mundo, sendo aquele que duvida, que aceita o erro, a dúvida, e busca
sempre, ele será eternamente aluno e não alguém que se fossilizou, nas
suas «certezas». A curiosidade do aluno é o lugar do germinar do
conhecimento. O professor alimenta o seu eterno aluno interior, quando é
capaz de valorizar esse saber que brota no caos da ignorância de todos
nós, por admitir que na sua alma coexistem o saber e a dúvida. O
professor está sempre em busca.

Há quem pense que existe uma relação de dependência entre as duas


partes: professor sem aluno não é professor, aluno sem professor não é
aluno.

Texto 2

As relações humanas, embora complexas, são peças fundamentais na realização


comportamental e profissional de um indivíduo. Desta forma, a análise dos
relacionamentos entre professor/aluno envolve interesses e intenções, sendo esta
interacção o expoente das consequências, pois a educação é uma das fontes mais
importantes do desenvolvimento comportamental e agregação de valores nos
membros da espécie humana. Neste sentido, a interacção estabelecida
caracteriza-se pela selecção de conteúdos, organização, sistematização didáctica
para facilitar o aprendizado dos alunos e exposição onde o professor
demonstrará seus conteúdos. No entanto este paradigma deve ser quebrado, é
preciso não limitar este estudo em relação comportamento do professor com
resultados do aluno; devendo introduzir os processos construtivos como
mediadores para superar as limitações do paradigma processo-produto. Segundo
GADOTTI (1999: 2), o educador para pôr em prática o diálogo, não deve
colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes, colocarse na posição de
quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador do
conhecimento mais importante: o da vida. Desta maneira, o aprender se torna
mais interessante quando o aluno se sente competente pelas atitudes e métodos
de motivação em sala de aula. O
68 Lição 9

prazer pelo aprender não é uma actividade que surge espontaneamente nos
alunos, pois, não é uma tarefa que cumprem com satisfação, sendo em alguns
casos encarada como obrigação.

Para que isto possa ser melhor cultivado, o professor deve despertar a
curiosidade dos alunos, acompanhando suas acções no desenvolver das
actividades. O professor não deve preocupar-se somente com o conhecimento
através da absorção de informações, mas também pelo processo de construção
da cidadania do aluno. Apesar de tal, para que isto ocorra, é necessária a
consciencialização do professor de que seu papel é de facilitador de
aprendizagem, aberto às novas experiências, procurando compreender, numa
relação empática, também os sentimentos e os problemas de seus alunos e tentar
levá-los à auto-realização.

De modo concreto, não podemos pensar que a construção do conhecimento é


entendida como individual. O conhecimento é produto da actividade e do
conhecimento humano marcado social e culturalmente. O papel do professor
consiste em agir como intermediário entre os conteúdos da aprendizagem e a
actividade construtiva para assimilação. O trabalho do professor em sala de aula,
seu relacionamento com os alunos é expresso pela relação que ele tem com a
sociedade e com cultura. ABREU & MASETTO (1990: 115), afirma que “é o
modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas características de
personalidade que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos;
fundamenta-se numa determinada concepção do papel do professor, que por sua
vez reflecte valores e padrões da sociedade”. Segundo FREIRE (1996: 96), “o
bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade
do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma
cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque
acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas,
suas dúvidas, suas incertezas”. Ainda segundo o autor, “o professor autoritário,
o professor licencioso, o professor competente, sério, o professor incompetente,
irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal-amado,
sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista,
nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca”. Apesar da importância
da existência de afectividade, confiança, empatia e respeito entre professores e
alunos para que se desenvolva a leitura, a escrita, a
Didactica Geral : Aprender a ensinar 69

reflexão, a aprendizagem e a pesquisa autónoma; por outro, SIQUEIRA (2005:


01), afirma que os educadores não podem permitir que tais sentimentos
interfiram no cumprimento ético de seu dever de professor. Assim, situações
diferenciadas adoptadas com um determinado aluno (como melhorar a nota
deste, para que ele não fique de recuperação), apenas norteadas pelo factor
amizade ou empatia, não deveriam fazer parte das atitudes de um “formador de
opiniões”. Logo, a relação entre professor e aluno depende, fundamentalmente,
do clima estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de
sua capacidade de ouvir, reflectir e discutir o nível de compreensão dos alunos e
da criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles. Indica também, que o
professor, educador da era industrial deve buscar educar para as mudanças, para
a autonomia, para a liberdade possível numa abordagem global, trabalhando o
lado positivo dos alunos e para a formação de um cidadão consciente de seus
deveres e de suas responsabilidades sociais.
70 Lição 9

Exercícios

Aos seus colegas, aos professores das nossas escolas, você recomendaria
ou não o seguinte :

a. Cumprir linearmente o programa , antes que seja sancionado pela


Auto-avaliação 6
administração da escola

b. Parar, progredir, repetir a materia tendo em conta as dificuldades


e progressos dos alunos na aprendizagem

c. Agir sobretudo como facilitador da aprendizagem e não como


simples transmissor de conteudos de aprendizagem

d. Cultivar-se menos, desde que se preocupe mais em cultivar os


alunos

e. Considerar os alunos como sujeitos da sua aprendizagem,


portadores de sentimentos e emoções

f. Desenvolver, na aula, um clima afectuoso que favoreça ao aluno


a aceitaçao do professor e do que ele ensina

Respostas aos exercícios de auto-avaliação

1. Casos de afirmações verdadeiras e falsas

Ordem Afirmações Afirmações falsas


verdadeiras

Auto-avaliação 1 b) e c) a) e d)

Auto-avaliação 2 b)

Auto-avaliação 4 b), c) e d) a)
Didactica Geral : Aprender a ensinar 71

2. Opções que iria recomendar a um professor como estratégia


pedagógica (Auto-avaliação 3): b), c), d) e e)

3. Considerações inadequadas (Auto-avaliação 5): b) e c)

4. O que recomendaria e o que não recomendaria (Auto-avaliação 6):

 O que recomendaria: b), c), e) e f)

 O que não recomendaria: a) e d)


72 Unidade 3

Unidade 3

ESTRUTURA E DINAMICA DO PROCESSO DE ENSINO E


APRENDIZAGEM

Introdução

A educação especialmente organizada realiza-se, nas escola, sobretudo através


das aulas que em si, constituem um conjunto de meios e condições pelos quais o
professor dirige e estimula o processo de ensino em função da actividade própria
do aluno no processo de aprendizagem escolar, ou seja, a assimilaça consciente
e activa dos conteúdos. Por outras palavras, o processo de ensino, através das
aulas, possibilita o encontro entre os alunos e a matéria de ensino, preparada
didacticamente no plano de ensino e nos planos de aula. A realização de uma
aula ou conjunto de aulas requer uma estruturação didactica, isto é, etapas ou
passos mais ou menos constantes que estabelecem a sequência do ensino de
acordo com a matéria ensinada, caracteristicas do grupo de alunos e de cada
aluno e situações didacticas especificas; é neste sentido que nesta unidade
vamos discutir sobre a estrutura da aula, como forma de organização do
processo de ensino e aprendizagem.

As diferentes etapas serão apresentadas sucessivamente e, ao mesmo tempo,


chamaremos atenção sobre a interligação existente entre elas. Trata-se das
etapas, também chamadas funções didácticas, seguintes:

Função Didáctica de Introdução e Motivação

Função Didáctica de Mediação e Assimilação

Função Didáctica de Domínio e Consolidação

Função Didáctica de Controle e Assimilação


Didactica Geral : Aprender a ensinar 73

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar porque a indicação das funções didácticas não significa


seguir uma sequência rígida no PEA
Objectivos
 Caracterizar cada uma das funções didácticas

 Estabelecer a relação entre as funções didácticas indicando os


elementos de uma função didáctica que estejam presentes noutras
74 Lição 10

Lição 10

Função Didáctica “Introdução e


Motivação“

Introdução

A Função didáctica “Introdução e Motivação” aparece, em termos de estrutura


da aula, como sendo a primeira, mas que em termos reais da sua aplicação na
aula ocorre em simultâneo com as outras funções didácticas ou, se quisermos,
incorpora elementos doutras funções didácticas; eis porque, ao iniciarmos o
tratamento das funções didácticas vamos começar pela relação existente entre
todas as funções didácticas, se bem que ao longo da abordagem de cada uma
delas você poderá ir compreendendo melhor esta relação ao encontrar
elementos, em cada uma delas, que fazem crer se tratar doutras funções
didácticas.

Ainda nesta lição, apresentaremos o essencial sobre a importância da


motivação no PEA, deixando os outros pontos (Tarefas do professor na
FD I+M e Tipos de motivação: inicial, continua e final) para as aulas
seguintes.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 75

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Demonstrar através de exemplos concretos a tese de que o


cumprimento das funções didacticas faz-se de forma interligada e
Objectivos não puramente sequencial

Explicar as razões por que ao iniciar uma aula, assim como ao longo
dela, é importante a motivação dos alunos como condição para a
aprendizagem destes

As funções didacticas sao etapas ou fases do PEA que, na sua essencia,


realizam-se nao rigidamente de forma sequenciadas, mas sim interligada.
Comente
Actividade 11

Sim, caro cursante! De certeza que ja deu ou assistiu aulas e deve ter
ficado com a impressão de que a indicação das etapas ou funções
didacticas nao significa que todas devem seguir um esquema rigido. A
opção por qual etapa é mais adequada iniciar a aula ou conjugação de
varios passos numa mesma aula ou conjunto de aulas depende dos
objectivos e conteudos da matéria, das caracteristicas dos alunos, dos
recursos didacticos disponiveis, das informações obtidas na avaliação
diagnostica, etc.

Por exemplo, ao iniciar uma aula sobre “As caracteristicas dos rios
de Moçambique”, por causa da relação que esse conteudo tem com o “Relevo e
o Clima de Moçambique”, o professor poderà fazer uma breve revisao destes
conteudos e, neste sentido, pode se entender como sendo Introdução e
Motivação por cumprir a função e (re)activação do prérequisitos, mas ao mesmo
tempo pode ser uma consolidaçao (envolve repetiçao, exercitação ou
sistematizaço do (jà) aprendido), assim como
76 Lição 10

avaliação por ajudar a verificar o nivel de compreensão e aprendizagem que os


aluns tiveram nestas matérias (relevo e clima de Moçambique).

Por isso, a estruturação da aula por parte do professor é um processo que


implica criatividade e flexibilidade, isto é, perspicacia de saber o que
fazer frente a situaçoes didacticas especificas, cujo rumo nem sempre é
previsivel.

Devemos entender, portanto, as funções didacticas como tarefas do PEA


relativamente constantes e comuns a todas as matérias, considerando-se que nao
hà entre elas uma sequência necessariamente fixa, e que dentro de uma etapa se
realizam simultaneamente outras. Elas estão em interacção reciproca, tal como
se pretende ilustrar na figura abaixo.

Introdução e Motivação

Controle e Avaliação Mediação e Assimilação

Dominio e Consolidação

Como pode imaginar, a função didactica Introdução e Motivação teoricamente é


a primeira funçao didactica, aquela que faz iniciar a aula, mas que, como vimos
anteriormente, pode estar associada a outras funções didacticas. Para este caso, o
importante é o professor reconhecer a importancia da motivação no PEA e, de
seguida, procurar encontrar as formas praticas para conseguir a motivação dos
alunos nesse PEA.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 77

Qual é a importânca da motivação dos alunos no PEA?

Actividade 12

Já pensou sobre a questão acima ? Estamos em crer que você encontrou muitas
razões que justificam a importânca de motivaão dos alunos no processo de
ensino e aprendizagem ou mais concretamente na aula. Dentre estas razões, você
deve ter chegado a conclusão de que :

 Todo o objecto de aprendizagem necessita de uma orientação, uma


atitude para com ela, ou seja, uma boa vontade e disposição para
enfrentá-lo;

 Diariamente os alunos enfrentam duas, três ou mais disciplnas com


particularidades e exigências diferentes, eles devem “adaptar” sua
mente a cada aula e devem prestar toda a atenção e interesse ao
objecto que nesse momento està em discussão, exigindo por isso
grandes esforços fisicos e psiquicos. Portanto, ao começo de uma
aula o professor deveria estar consciente do volume das exigências
e que regularmente não poderia esperar que ao inicio da aula os
alunos se dedicassem unica e exclusivamente ao novo objecto:
“ajudar o aluno nessa transformação ou adapatçéao e mobilizar
todas as suas forças para o novo ojecto, é o proposito da funçao
didactica “introduçao e motivação”.

 No inicio da aula, a preparação dos alunos visa criar condições de


estudo: mobilização da atenção para criar uma atitude favorável ao
estudo, organização do ambiente, suscitamento do interesse e
ligação da matéria nova em relação à anterior.

 A aprendizagem é algo intrínseco, que se passa no interior do


indivíduo, levando em conta suas capacidades, suas aptidões, seu
desenvolvimento neuropsiquico e, ainda, seus interesses e suas
necessidades.
78 Lição 10

 Alunos motivados ficam conscientes do que estudam e isso


estimula a actividade cognitiva deles e faz com que eleve o seu papel
educativo e formativo.

 O ensino sera tanto mais efectivo na medida em conseguir fixar na


mentalidade dos alunos o proposito do trabalho futuro e trace o
caminho para desenvolver estes propositos: a assimilação
consciente do material de estudo situarà as possibilidades para sua
acessibilidade.

Pela importancia que a motivação tem no processo de ensino e aprendizagem,


Libaneo (1990:181/2) afirma o seguinte:

Acho que não se deve iniciar uma aula abruptamente, mas com um papo inicial
para que os alunos se descontraiam. Se é uma aula de Analise Sintatia, ao invés de
chegar ao quadro-negro e colocar, de chofre, a teoria e os exemplos, a gente
começa conversando, pede à classe para formar uma frase. É necessario partir de
um ponto em que os alunos participem, para nao ficarem naquela atitude passiva

Cada aula minha tem muito a ver com a aula anterior, mostro onde paramos,
pergunto aos alunos se a gente segue em frente ou nao. Eu gosto de situar os
alunos naquilo que foi visto antes e que serà visto hoje.

Sumário

O professor que não se preocupa pela motivação dos seus alunos corre o risco de
não ser capaz de mobilizar a actividade destes ; e com alunos não
suficientemente activados, o professor arrisca-se de desenvolver aulas
monotonas, aquelas em que ele assume papel principal de « transmissor » da
materia, mesmo sem que os alunos esteja a « adquirir » e menos ainda a
assimilar, interligando o novo com o jà existente na sua estrutura cognitiva.
Estarà, neste sentido, a desenvolver uma « aprendizagem »
Didactica Geral : Aprender a ensinar 79

passiva, do tipo « acumulação » de conhecimentos « adquiridos » sem


aprimoramento da sua significação na estrutura mental do aluno.

Este é que é um dos desafios do professor ao iniciar uma aula e nao so :


conseguir a motivaçao dos alunos. Ao proceder deste modo, lembre-se, o
professor farà também mediante acções que contribuirão para, por exemplo,
assegurar o dominio e consolidaçao da materia anterior, avaliar as
aprendizagens jà realizada e, ainda, mediante a exercitação e repetição (por
exemplo) o professor poderà levar os alunos a aprenderem um novo
procedimento, um novo conceito, uma nova operação : é a interligaçao das
funções didacticas que està em questão.

Exercícios

Seleccione, dentre as estratégias a seguir, aquelas que darão bom sentido a


actividade de um professor :

a. Iniciar a aula cumprimentando os alunos


Auto-avaliação 1
b. Preocupar-se em desenvolver nos alunos uma aprendizagem
consciente e activa, através da motivaçao dos alunos

c. Os propositos do trabalho didactico, em principio, devem ser


apenas do dominio do professor

d. O professor deve forçar os alunos a aprender qualquer que seja o


conteudo, o importante é que esteja previsto no programa

e. A aula deve partir de um ponto em que os alunos participem, para


nao ficarem naquela atitude passiva
80 Lição 11

Lição 11

Introdução e Motivação: Tarefas do professor para


conseguir a Motivação inicial

Introdução

Na aula passada procuramos desenvolver um enetendimento comum sobre a


importância da motivação no PEA e, sobretudo, para a aprendizagem dos
alunos, tendo em conta a natureza de que a aprendizagem dos alunos deve ser
consciente e activa, integrando os novos conhecimentos na estrutura mental do
aluno. Fizemos isso antes de apresentarmos a relação dialéctica entre as funções
didacticas de que falamos nesta unidade.

E na sequência disso que, devido a grande imprtância da motivação no PEA,


iremos nos debruçar sobre as tarefas didacticas que o prifessor deve realizar para
conseguir a motivação dos alunos, particularmente a inicial, dado que para a
motivação continua e final falaremos na proxima aula.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

Recapitular o objectivo principal da actividade do professor na FD “


I+M”
Objectivos
Explicar as tarefas do professor para conseguir a motivação no PEA

Conseguir, enquanto professor, que os alunos queiram aprender o que


devem aprender, isto é, sintam a necessidade de aprendizagem do conteudo
em questão
Didactica Geral : Aprender a ensinar 81

Explique as tarefas que podem ser realizadas pelo professor para conseguir a
conseguir a mobilização psiquica e fisica dos alunos para a aprendizagem do
(não) novo conteudo?

Actividade 13

Antes de ver as tarefas do professor para conseguir a motivação dos alunos,


você compreendeu que na FD I+M o objectivo principal consiste em conseguir
a mobilização psiquica e fisica dos alunos para a aprendizagem do (não) novo
conteudo. Para o efeito devem, por exemplo, serem realizadas as seguintes
tarefas:

a. Averiguar, através de perguntas, se os conhecimentos anteriores


estão efectivamente disponíveis e prontos para o conhecimento
novo. Aqui o empenho do professor está em estimular o
raciocínio dos alunos, instiga-los a emitir opiniões próprias sobre
o que aprenderam, fazê-los ligar os conteúdos a coisas ou eventos
do quotidiano. A correcção de trabalhos de casa pode tornar-se
importante factor de reforço e consolidação. As vezes haverá
necessidade de uma breve revisão (recapitulação) da matéria, ou a
rectificação de conceitos ou habilidades insuficientemente
assimilados. Como se vê, a preparação dos alunos é uma
actividade de sondagem das condições escolares prévias (ou pré
requisitos) dos alunos para enfrentarem o assunto novo. Nesta
fase, é necessario levar os alunos para a area fronteiriça entre o
saber, saber fazer e saber ser/estar e a area do não saber, não
saber fazer e não saber ser/estar porque esta é a area de
aprendizagem, visto que a aprendizagem consiste numa sintese
entre o novo conteudo e o jà assimilado.

b. Estabelecer a ligaçao entre noções que os alunos jà possuem com


à matéria nova, bem como estabelecer vinculos entre a pratica
cotidiana e o assunto. Para isso, o melhor procedimento é
apresentar a materia como um problema a ser resolvido, embora
82 Lição 11

nem todos os assuntos se prestem a isso. Mediante perguntas, trocas de


experiências, colocação de possiveis soluções, estabelecimento de
relações causa- efeito, os problemas atinentes ao tema vão-se
encaminhando para se tornarem também problemas para os alunos em
suas vidas praticas. Com isso vao sendo apontados conhecimentos que
são necessarios dominar e as actividades de aprendizagem
correspondentes. O professor farà, entao, a colocação didactica dos
objectivos, uma vez que é o estudo da nova materia que possibilitarà o
encontro de soluções.

Uma professora de Historia, citada por Libaneo (ib: 183), para mostrar
a importancia da ligação da materia com a pratica cotidiana na
motivaçao dos alunos, escreve o seguinte: “Por mais teorico que seja
um trabalho na sala de aula, os alunos conseguem acompanhar,
colaborar, interessar-se, desde que entendam duas perspectivas: a
utilidade do conhecimento e o exercicio mental decorrente desse
conhecimento. Atràs desse exercicio tem uma vivência, uma
experiência, um conhecimento. Eu acredito que, mesmo aquelas
matérias mais teoricas conseguem atrair os alunos, se a gente consegue
fazê-los sentir a importância do exercicio de relaçao, e compreenderem
que aquele conhecimento é util, embora não de imediato”

c. Criar ou obter uma atmosfera propicia para a aprendizagem. Para


isso é necessario:

 Dar informações sobre o conteudo da aula 

Orientar para os objectivos em vista  Provocar a

curiosidade

 Assegurar ordem e disciplina no sentido positivo, ou


seja, sem recurso ao medo, ao castigo, ... .mas sim com
base na persuação e envolvimento dos alunos na aula que
(vai) iniciar (iniciou).
Didactica Geral : Aprender a ensinar 83

d. Conseguir o interesse e a atenção dos alunos: se os alunos não


estão interessados, não estão atentos, então, não hà aprendizagem.

Portanto, para uma efectiva motivação dos alunos no PEA, é fundamental:

 A orientação para obectivos concretos atingiveis pelos alunos,


que se encontrem na zona de desenvolvimento proximo1

 A conexão dos motivos da sociedade (representados pelo


professor), da turma e da cada aluno individualmente .

Sumário

Através da motivação o professor cria ou activa nos alunos os impulsos


para a sua actividade e o seu comportamento no processo de ensino e
aprendizagem. Isto é, conseguir que os alunos queiram aprender o que
devem aprender, isto é, sintam a necessidade de aprendizagem do
conteudo em questão. Portanto, as exigências do professor devem tornar
se em exigências dos proprios alunos, de maneira que estejam a
esforçarem-se a participar activamente. O professor tem que colocar as
exigências que constituem mesmo um desafio e exigem empenho dos
alunos, senão não consegue actividade por parte dos alunos, isto é, não
consegue aprendizagem.

1 Veja Vigotski (Desenvolver mais sobre zona de desenvolvimento proximo)


84 Lição 11

Exercícios

Identifique as afirmações que são verdadeiras e as falas :

a. O professor deve colocar exigências acima do nivel de


capacidade dos alunos para que estes se sintam estimulados a
Auto-avaliação 2
mobilizar todo o potencial cognitivo

b. O interesse e atenção dos alunos deve ser conseguido mesmo com


recurso à força, senão os alunos não aprendem

c. O professor deve sentir sempre a necessidade de ensinar, ter


vontade de que os seus alunos aprendam, porque desta forma mesmo
que os alunos não queiram aprender, acabarão por tomar nota do
essencial que o professor dinâmico irà tratar na aula

d. Perguntas de recapitulação, sistematização da maateria anterior, antes


de iniciar uma aula com tema novo ajuda os alunos a
reactivarem os seus pré-requisitos necessarios para a
aprendizagem da nova materia

e. A perspicàcia do professor não està apenas em ser capaz de


ensinar, mas de fazer aprender os alunos partindo das sua
proprias experiências, do seu passado e presente, do que são
capazes de fazer…
Didactica Geral : Aprender a ensinar 85

Lição 12

Introduçao e Motivação:
Motivação continua e final

Introdução

Antes da aula iniciar a motivação inicial põe os alunos em condições de


poderem querer aprender, ou seja, dispostos para realizarem as actividades
requeridas nesse PEA e, ao mesmo tempo, gradualmente o professor trabalha
para manter essa motivação ao longo de todo o PEA, dai a pertinência da
motivação continua. Mas os alunos devem também ser/estar preparados,
motivados, para as tarefas ou actividades seguintes parecidas ou semelhantes a
estas.

Neste ultimo caso falamos da funçao da motivação final, objecto desta aula,
juntamente com a motivação continua.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

Explicar o efeito da motivaçao continua na actividade


neurofisiologica do aluno
Objectivos
Estabelecer a relação entre a actividade neurofisiologica e a capacidade de
recepção de informações no aluno

Realizar tarefas apropriadas para conseguir a motivaçao continua e final no


PEA

Identificar as premissas que fundamentam a motivação final no PEA

Explicar porque atingir os objectivos de uma tarefa constitui estratégia


principal para conseguir a motivação final
86 Lição 12

1. Depois de a aula iniciar, com as tarefas acima indicadas, o


professor consegue a motivação inicial, ou seja, aquela que põe
o PEA em movimento, cria condições para a prendizagem
realizar-se, mas a motivação deve continuar viva, eficaz,
Actividade 14
durante todo o PEA (falamos aqui da motivação contnua)

a. Explique como um professor pode assegurar a motivação


continua dos seus alunos?

Terminou de realizar a actividade recomendada ? Supomos que sim, e neste


sentido pode ter constatado que o fundamento para a motivação continua
constitui a necessidade de manter a actividade do aluno e o nivel optimal de
aprendizagem, tendo em conta ao facto de que, segundo o grafico abaixo:

 A variação do nivel da actividade neurofisiologica oscila entre o


sono e o nivel optimal de recepção de informações.

 Investigações demonstram que quando os alunos estao motivados,


a frequência cardiaca, a tensão arteriale o gasto do oxigénio estao
mais altos, isto é, o nivel da actividade neurofisiologica é mais
alto.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 87

Prrolongamento do nivel optimal

Nivel optimal devido a motivação continua

Cada vez cansaço

Mais despertado crescente

Sono Sono

Actividade neurofisilogica

Através deste grafico, podemos concluir que:

 Através da motivação continua o optimo da actividade


neurofisiologica (nivel optimal) para a recepção de informações é
mantido por maior espaço de tempo.

 Investigações provaram que com boa motivação de aprendizagem,


o grau de retenção é maior.

Olhando, então, as premissas acima enunciadas, caro cursante, pode facilmente


concluir que para conseguir a motivaçao continua, o professor deve, por
exemplo:

a. Colocar objectivos imediatos ou parciais derivados dos objectivos


gerais ou afastados. Porque deste modo os alunos percebem
durante o processo que estão a conseguir avançar, respectivamene
que se devem esforçar mais; e esta é a dialéctica entre os
objectivos imediatos, médios e afastados.
88 Lição 12

OBJECTIVO

(final, imediato)

I+M Objectivo parcial 1 2 3

Uma das regras, nesta tarefa, é verificar continuamente os objectivos em vista e


uma das maneiras para isso consiste em olhar para atràs e para a frente através
de resumos parciais e da colocaçao seguinte de novos objectivos parciais e
assim sucessivamente até conseguir alcançar o objectivo final, imediato ou
afastado.

b. Dar estimulos motivadores adicionais, principalmente nas fases de


maior dependência, sugerindo-se, neste sentido:

Informar sobre o decorrer da aprendizagem (através, por exemplo, de


chamadas orais) porque quando o aluno sabe està a fazer mal ou bem
aumenta a sua motivação.

Ajudar no raciocinio e/ou solução de problemas no momento oportuno:


ajuda antecipada provoca a inactvidade do aluno e ajuda tardia faz com
que o aluno jà não consiga aprender; tudo isto porque quando a ajuda é
demasiado cedo, diminui o nivel da actividade neurofisiologica, isto é,
motivação baixa, e quando é demasiado tarde, tem como consequência o
cansaço, isto é, motivaçao enfraquecida, eis porque se pode dizer que
nesta estratégia, é necessaria uma grande sensibilidade do professor para
determinar o mopento oportuno, necessario, para dar aos alunos, no
geral e individualmente, a ajuda que precisam.

c. Aproveitar-se das potencialidades do proprio conteudo. Visto que


o professor tem um programa a cumprir, ele deve agir sempre de
maneira a serem atractivos e interessantes os conteudos para os
alunos. Para tal, é necessario (por parte do professo):

 Dominio dos conteudos.


Didactica Geral : Aprender a ensinar 89

 Dominio dos métodos de ensino 

Iniciativa criadora ao longo da aula 

Conhecer os alunos

d. Desenvolver nos alunos a habitualização dos motivos de


aprendizagem, isto é, criar atitudes de aprender: a atitude de aprender
é uma motivaçã continua

1. Vimos antes que a motivação inicial tem a função de pôr o PEA em


movimento, a motivação continua mantém esse movimento. Qual é
então a função da motivação final? E que estratégias o professor
pode utilizar para consegui-la nos seus alunos?
Actividade 15

É verdade sim, caro cursante, que a função da motivação final, tal como
dissemos na introdução desta aula, consiste em preparar, criar disposição nos
alunos para as tarefas e actividades de ensino e aprendizagem
seguintes parecidas ou semelhantes, como por exemplo, da mesma
disciplina, unidade ou mesmo de um mesmo curso. A motivaçao final faz com
que, terminada uma aula, o aluno queira ter, com o mesmo professor ou
actividades referentes a mesma disciplina, aulas subsequentes.

O atendimento desta variante de motivação no PEA tem como premissas, as


seguintes:

a. A conclusão como sucesso de uma tarefa, acção/actividade ou


trabalho, traz consigo:

 Um sentimento de exito e alivio da tensão psiquica que o trabalho


exigia.

 Uma relação positiva paracom a tarefa cumprida, isto é, uma


motivação final que, em geral, dà uma maior prontidão em
cumprir tarefas semelhantes.

b. Quando a tarefa não é concluida cm exito, hà varias possibilidades:


90 Lição 12

 Alunos com estrutura psiquica (temperamento) forte, com


atitudes positivas, aceitam o desafio, sentem-se estimulados a vencer a
barreira.

 Alunos com estrutura psiquica fraca, com atitudes negativas,


ficam desanimados.

 Insucessos em série resultam em motivações finais negativas, isto


é, em desanimo em quase todos os alunos.

Assim, as duas premissas enunciadas anteriormente nos permitem concluir que a


melhor estratégia para a motivação final dos alunos é atingir o objectivo de uma
tarefa, de uma aula: atingir o objectivo de uma tarefa/actividade tem uma função
motivadora. Por isso, dada a suma importância dos objectivos na actividade do
professor e dos alunos, eles devem ser recordados e verificados em todas as
etapas do ensino. Esse cuidado aauxilia a avaliação permanente do PEA, assim
como evita a dispersão, impedindo que aspectos secundarios tomem conta do
essencial no desenvolviemento do plano da aula, da unidade, etc.

Sumário

Os alunos precisam de ser activados logo desde o principio da aula;


igualmente devem permanecer activos, motivados ao decurso da aula em
causa para garantir a manutenção do nivel optimal por muito mais tempo,
fazendo permanecer a capacidade de recepção, assimilação do conteudo,
ao mesmo tempo que farà com que os alunos se investam nas actividades
em virtude de estarem “despertados”, com “alto nivel de actividade
neurofisiologica”. É uma questão de principio didactico, mas também de
garantia de que o professor não estarà a agir para com individuos
« amorfos », « inactivos » e « incessiveis » as actividades que estão sendo
desenvolvidas na aula.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 91

De igual modo, surge, a partir do que vimos nesta aula, o imperativo de


que as aulas sejam realizadas de tal forma que todos e cada um dos
alunos atinja os objectivos preconizados, isto é, sinta que està a aprender,
a progredir, visto que isso serà condição para que encontrem energia
psiquica necessaria para as aprendizagem seguintes, partindo duma
relação/atitude positiva para com as materias/disciplinas (e respectivo
professor) em que os alunos atingiram niveis satisfatrios de
aprendizagem.

Exercícios

Escolhe, dentre os conselhos que se seguem, aqueles que darias um


professor :

a. Fazer com que, através dos exercícios realizados e da atitude do


Auto-avaliação 3
professor, os alunos percebam que eles são « burros » nesta
disciplina, por isso precisam de se esforçar mais

b. Conseguir que os alunos sintam constantemente que estão a


progredir, a ter domínio sobre a matéria e a serem capazes de
resolver exercícios cada vez mais complexos

c. Progredir no tratamento da matéria, voltando de vez em quando


no que se disse anteriormente para estabelecer dar a entender ao
aluno que está a evoluir progressivamente

d. Chamar a atenção para os pontos essenciais da aula, da matéria,


que constituem a base para a compreensão do que se segue nessa
unidade.

e. Fazer dos erros dos alunos motivo de gozação para que percebam
que são fracos

f. Evitar informar aos alunos seus erros para não se sentirem


humilhados, devendo por isso informar-lhes apenas dos seus
progressos
92 Lição 13

Lição 13

FUNÇAO DIDACTICA MEDIACAO E ASSIMILACAO

Introdução

Esta é a aula com a qual iniciamos a falar sobre a FD “M+A” e, assim, importa
discutirmos sobre o propósito desta função didáctica, os seus aspectos
particulares (nomeadamente a “mediação” e a “assimilação”) e as considerações
importantes que se devem ter para a sua realização.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Explicar o principal propósito da FD “M+A”

Identificar a especificidade da “mediação” e da “assimilação” a FD

Objectivos “M+A”

Ter em conta considerações importantes para tornar efectiva a


“mediação e assimilação” do novo conteúdo

1. Explique o propósito principal da FD « M+A » .

2. A FD « M+A » compreende dois aspectos, Mediação e


Assimilação. Em que consiste cada um deles ?
Actividade 16
3. Quais são as considerações importantes que se devem ter em
conta para tornar efectiva a “mediação e assimilação” do novo
conteúdo ?

As etapas ou funções didácticas, dissemos antes, estão estreitamente


relacionados, de modo que, neste caso, podemos dizer que o tratamento da
matéria nova começa inclusive na Função Didáctica Introdução e
Didactica Geral : Aprender a ensinar 93

Motivação. Mas na Função Didáctica mediação e Assimilação há o


propósito de maior sistematização, envolvendo o nexo
transmissãomediação/assimilação activa dos conhecimentos. Nesta etapa se
realiza a percepção dos objectos e fenómenos ligados ao tema, a formação de
conceitos, o desenvolvimento de capacidades cognitivas de observação,
imaginação e raciocínio dos alunos.

Quer dizer, depois de preparação dos alunos para a aprendizagem, isto é, criada
a atmosfera propicia, conseguido o interesse e atenção e feita a reactivação do
nível inicial dos alunos, o professor passa para a etapa na qual se realiza uma
parte fundamental da aprendizagem propriamente dita, ou seja, para a etapa em
que o professor medeia um novo conteúdo e, na sequência disso, os alunos
assimilam novos conceitos, teorias, princípios, etc., contribuindo para o
desenvolvimento neles de um novo saber, novo saber fazer e novo saber ser e
estar.

Também importa clarificar que, pela sua designação, a Função Didáctica


Mediação e Assimilação compreende, de um lado a actividade do
professor (mediação do novo conteúdo) e do aluno (assimilação do novo
conteúdo), comportando os seguintes aspectos retratados no esquema
abaixo:

Aspectos da FD “Mediaçao e
Assimilação”

Mediação: Assimilação:

 Estruturação e organização  Acção dos processos da cognição


logica e didactica do mediante assimilação activa e
conteudo, compreendendo: desenvolvimento do saber, saber
fazer e saber ser e estar, devendo
o Exposição do professor se assegurar a iniciativa, a
assimilação consciente e o
o A actividade relativamente desenvlvimento de
independente dos alunos potencialidades intelectuais do
aluno
o A elaboração conjunta

Fig. Aspectos da FD M+ A
94 Lição 13

Através desta figura e relembrando o que discutimos na FD I+M, sobretudo em


termos de reactivação do nível inicial, podemos entender o processo de
mediação/assimilação como um caminho que vai do não saber para o saber,
admitindo-se que o ensino consiste no domínio do saber sistematizado e não de
qualquer saber; Entretanto, não existe o não saber absoluto, pois os alunos são
portadores de conhecimentos e experiências, seja da sua pratica quotidiana, seja
aqueles obtidos no processo de aprendizagem escolar. Portanto, para a
realização desta FD, o professor deve ter em conta algumas considerações:

Qual é o nível (de pré-requisitos) dos alunos (depois da


reactivação)?

Quais são os objectivos a atingir?

Quais são os conteúdos através dos quais os objectivos devem ser


atingidos?

Quais os métodos através dos quais os conteúdos devem ser mediados e


os objectivos atingidos?

Que meios de ensino serão mais adequados aos alunos, aos objectivos
definidos, ao conteúdo, aos métodos escolhidos e às características do
professor, de maneira a atingir uma assimilação activa por parte dos
alunos?

Através destas questões pretende-se chamar particular atenção ao facto de que


na FD M+A o professor não deve concentrar a sua atenção exclusivamente para
o conteúdo que está a ser mediado, mas também sobre todas as outras categorias
didácticas em ralação dialéctica (aluno, professor, métodos e meios de ensino-
aprendizagem, objectivos), de modo a tornar efectiva a aprendizagem dos
alunos; e, analisando a interligação entre estas categorias, na FD M+A, o
professor determinará se os métodos de ensino adoptados/ ou a adoptar estão
mais virados para:

 A assimilação de novos conhecimentos (saber)

 O desenvolvimento de habilidades, métodos, hábitos e técnicas de


trabalho (saber fazer)
Didactica Geral : Aprender a ensinar 95

 O desenvolvimento de atitudes, convicções e comportamento (saber


ser e estar)

 Ou a interligação ou conexão entre esses processos parciais.

Ora, vista a questão nos termos que se está a dizer, conclui-se que uma das
considerações básicas para o professor decidir os métodos de ensino e
aprendizagem a empregar é “quais são as actividades dos alunos necessários
para atingir a assimilação de um determinado conteúdo nas suas potencialidades
cognitivas, instrutivas e educativas”.

E porque o PEA é uma sequência lógico-didáctica de actividades


planificadas e sistematizadas do professor e dos alunos, podemos e
devemos fazer essa pergunta, também, da seguinte maneira: “quais as
actividades do professor necessárias para desencadear as devidas
actividades dos alunos em relação aos objectivos e conteúdos?”; e como
resultado desta questão, vê-se que a qualidade das actividades do
professor determina em larga medida a qualidade das actividades dos
alunos.

Sumário

A função didáctica “Mediação e Assimilação” entra no centro da


actividade do professor dos alunos depois da reactivação do nível inicial e
de mobilizada a energia psíquica dos alunos para a actividade dos alunos,
eis porque, eis porque deve ser entendida como sendo naquela em que,
em grande medida, se desenvolve a personalidade do aluno por ser nela
em que os alunos assimilam e desenvolvem novo saber, saber fazer e
saber ser e estar.

Entretanto, para que esta função alcance os seus objectivos é importante, do lado
do professor, se ter em conta determinadas considerações, particularmente a
interligação entre as categorias didácticas em acção num PEA (objectivos,
meios, conteúdos, métodos, aluno e professor) e, sobretudo, questionar-se sobre
e realizar actividades necessárias para desencadear as devidas actividades
dos alunos em relação aos objectivos e conteúdos.
96 Lição 13

Exercícios

Seleccione apenas as afirmações verdadeiras das que se seguem:

a. Na FD M+A existem elementos doutras FDs, mas seu propósito


fundamental é garantir que os alunos assimilem novo saber, saber
Auto-avaliação 4
fazer e saber ser e estar

b. Na FD « M+A », quando não devidamente realizada, pode o


professor « mediar » e os alunos não « assimilarem” a matéria.
Falamos neste caso de “não verdadeira » mediação

c. Pode o professor mediar um conteúdo, independente dos meios e


métodos

d. O professor, sim, deve agir, mas uma verdadeira actividade deste


deve mobilizar a actividade dos alunos necessária para
assimilarem o novo conteúdo nas suas propriedades educativas e
instrutivas
Didactica Geral : Aprender a ensinar 97

Lição 14

PRINCIPIOS E AS FONTES DO SABER NA FD M+A

Introdução

Que princípios se deve respeitar para se ter uma “Mediação e


Assimilação » capaz de corresponder com os propósitos desta função
didáctica ? Esta é uma preocupação eminentemente didáctica e de
fundamental importância se atendermos que não basta apenas a
actividade do professor para que haja a correspondente actividade do
aluno.

O interesse desta aula reside, pois, em pormos a disposição do professor certos


condicionalismos importantes a ter em conta para que a « M+A » se traduza em
momento de aprendizagem dos alunos, sabendo de antemão que podem ser
utilizadas fontes directas e indirectas para a mediação do saber.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Explicar os princípios da FD “M+A”

Objectivos Identificar as condições que tornam mais firme a assimilação do


conteúdo pelos alunos na FD M+A

Mencionar as fontes de saber que se podem utilizar na FD « M+A »

Explicar as vantagens e limitações das fontes de saber na FD «


M+A »

Combinar, na sua acção docente, varias fontes de saber para garantir mais
efectividade e eficiência na aprendizagem dos alunos
98 Lição 14

1. Quais são os princípios que se devem seguir para que, de facto,


os alunos aprendam na FD « M+A » ? Explique-as

2. Mencione as condições que podem fazer com que o trabalho


Actividade 17 metódico com os conteúdos novos na FD M+A tenha uma grande
influência na firmeza da assimilação pelos alunos ?

3. Identifique as fontes de saber a utilizar para realização da FD


« M+A », sem se esquecer de explicar as suas vantagens e
limitações

4. Diga porque é importante combinar diferentes fontes de saber na


FD « M+A ».

Você está perfeitamente certo ao lembrar que o trabalho metódico do professor,


essencialmente nesta FD deve favorecer que os alunos, efectivamente,
aprendam. Eis porque, para o efeito, se deduzem dois princípios fundamentais
da FD M+A:

Primeiro principio: Conforme a figura abaixo, a selecção e o emprego


de métodos de ensino e aprendizagem, seus técnicas e variações são
determinados basicamente pelas interligações didácticas entre o nível
inicial dos alunos, os objectivos a atingir e os conteúdos a mediar. No
uso dos métodos de ensino-aprendizagem para a mediação do conteúdo, o
professor demonstra sua capacidade criadora, antes de tudo, explorando
exactamente a relação objectivo-conteúdo-nível inicial dos alunos
métodos compreendendo suas potencialidades pedagógicas e suas
particularidades lógicas, e adaptando e acomodando o método, no mais
exacto e flexibilidade possível, à situação didáctico-pedagógica de uma
determinada aula (ou de uma determinada etapa de aula). Esta exploração
cuidadosa das possibilidades de um método para atingir todas as
potencialidades pedagógicas de um conteúdo, mas também de todas as
possibilidades metódicas que traz consigo uma determinada matéria, é o
que se designa por “flexibilidade” do método de ensino e, por isso, o
trabalho metódico do professor deve ser flexível, multifacetado, variável
e criador.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 99

Objectivo

Conteudo Nivel inicial do


aluno

Método

Fig. As interligações a considerar na escolha e utilização de métodos de ensino


na FD M+A

Doravante, pensamos que caro cursante percebe porque o trabalho


metódico do professor na FD M+A não deve ser reprodutivo, limitado
apenas ao conteúdo da aula: ele busca a unidade de todas as categorias
didácticas com o propósito de alcançar maior e melhor aprendizagem dos
alunos. E mais, o trabalho metódico com os conteúdos novos na FD M+A
tem uma grande influência na firmeza da assimilação pelos alunos. Ela é
mais firme quando:

 Os alunos sabem o que está a ser tratado.

 Os alunos podem aplicar os conhecimentos já adquiridos aos


conteúdos novos.

 O procedimento metódico está bem estruturado e faz sentido para


os alunos.

 Se dá valor a exactidão na linguagem e nos métodos de trabalho.

 O ensino cativa os alunos e exige o empenho das suas


capacidades.

 Se analisa regularmente o que já foi alcançado em termos de


aprendizagem dos alunos
100 Lição 14

Segundo Principio: Na FD M+A o professor deve se concentrar no essencial,


isto é, assegurar que os alunos dominem o fundamental exigido pelo programa e
necessário para a aprendizagem do conteúdo seguinte. Isto exige a concentração
dos esforços metódicos nos pontos onde o professor espera os progressos
decisivos nos seus alunos; por exemplo:

 O conhecimento fulcral

 A compreensão dum conceito básico

 O significado de uma nova técnica de trabalho cientifico. AS

FONTES DO SABER NA FD M+A

Em relação as fontes de saber o que deve ter concluído? De certeza que


concorda com a ideia de que os conhecimentos (saber) de todo o homem
são tomados de duas fontes: a experiência directa (através da observação/
contacto com a realidade) e a indirecta (através de representações
linguisticas: palavras, modelos, meios gráficos, etc.). Também no PEA, e
particularmente na FD M+A, o saber pode ser mediado através de fontes
directas e/ou indirectas.

FONTES DIRECTAS compreendem observações, experiências,


excursões. Deste modo, os alunos chegam a passar da observação de
processos, objectos e fenómenos, da analise de suas ideias e suas
experiências, à ideias correctas e fundamentadas cientificamente e à
conceitos exactos; estas fontes têm as suas vantagens e desvantagens(ou
limitações):

VANTAGENS

 Tornam o PEA concreto, perto da realidade e da vida 

Tornam o PEA visualizado, palpável.

 O PEA torna-se fácil de fixar


Didactica Geral : Aprender a ensinar 101

LIMITAÇ'ES

Deslocações (por exemplo, quando se fala de montes Namuli, não se


pode ir até lá a partir de qualquer ponto da terra somente para efeitos de
observação no âmbito do estudo da geografia, particularmente do relevo
de Moçambique).

Tempo: não seria possível experimentar, observar, tudo por falta de


tempo.

A pura e exclusiva experimentação e observação não garante a


sistematização requerida dos conhecimentos.

Limitações morais, principalmente quando se trata de seres vivos, em


geral, e de seres humanos, em particular: não se deve decepar um
homem vivo, por exemplo, apenas por razões de estudo.

FONTES INDIRECTAS consistem na exposição oral do professor, utilização


de textos do livro do aluno ou do atlas geográfico, mapas, cartazes, esquemas,
modelos ex.: do globo terrestre), etc. A partir das fontes indirectas os alunos
partem de conceitos já elaborados, de representações verbais do professor ou do
livro de textos alunos reproduzem mentalmente, isto é, no sua consciência, o
objecto ou fenómeno em estudo e chegam, assim, a novas ideias,
conhecimentos, conceitos e compreensão.

 Por causa das limitações da via directa, predomina no PEA a via


indirecta, visto que é tarefa do PEA mediar aos alunos a
experiência generalizada e sistematizada da humanidade. No
PEA a linguagem desempenha um grande papel, mas também
devemos reconhecer que o ensino se desenvolve com mais êxitos
se utiliza as possibilidades de interligação entre as duas vias e as
experiências dos próprios alunos. E onde o professor não ode
empregar a via/fonte directa, deve se esforçar em aproveitar o
tesouro de experiências de seus alunos e os conhecimentos
existentes para desenvolver os novos.
102 Lição 14

Sumário

Querendo ensinar, temos como base informativa um conteúdo a mediar, mas


sempre partindo de actividades cuidadosamente escolhidas e desenvolvidas pelo
professor junto dos seus alunos, em função dos métodos, meios e objectivos de
ensino. E neste âmbito que surge a necessidade de interligação destes elementos
e, igualmente, a concentração no essencial para que os alunos possam reter os
pontos de referência mais significativos em termos de determinar o que eles
precisam para se reconhecerem como tendo aprendido e aptos para
aprendizagens subsequentes, uma vez que o ensino é sistemático e, assim, uma
nova matéria tem sempre relação com a anterior.

Estas matérias, ao que acabamos de ver, para a sua mediação o professor poderá
utilizar fontes directas e indirectas ; é uma questão de ver a natureza do
conteúdo a mediar, e, acima de tudo, pensando nos inconvenientes que uma e
outra fonte do saber tem, aliviá-los através da sua combinação e, dessa forma,
aproveitar as potencialidades (vantagens) que as duas fontes de saber têm.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 103

Exercícios

1. Retire do conjunto das afirmações seguintes à que não


corresponde a verdade :

a. O trabalho metódico do professor deve ser flexível e criativo,


Auto-avaliação 5
conforme a relação objectivo-conteúdo-nível inicial dos
alunos-métodos

b. Durante a mediação do novo, os alunos devem estar em


condições de aplicar o saber já existente nas suas estruturas
mentais para perceber o novo

c. Numa aula, com tema especifico, o professor pode falar e


comentar sobre varias coisas, mas seu esforço metódico deve
estar concentrado sobre o essencial, sobre o conhecimento
fulcral, determinante do progresso do aluno na sua
aprendizagem

d. Por falta de meios, mas também porque é preciso cumprir


como o programa, convém apenas utilizar as fontes
indirectas para a mediação do saber.
104 Lição 15

Lição 15

FUNCAO DIDACTICA DOMINIO E CONSOLIDACAO

Introdução

Depois da realização da função didáctica “mediação e assimilação”, assim


como ao longo deste processo, considera-se importante envolver na actividade
do professor e os alunos acções com vista a conseguir nos alunos o domínio e
consolidação da matéria; veremos, mais adiante, que correr na apresentação das
novas matérias apenas para cumprir o programa não é satisfatório no PEA, eis
porque, nesta função didáctica, falaremos de dois aspectos principais:

 As razões que justificam a necessidade de realização da função


didáctica “domínio e consolidação”.

 As acções didácticas para a realização do “domínio e


consolidação”

Destes dois aspectos, iremos tratar o primeiro nesta lição e outro numa
lição mais prolongada que se irá desenvolver imediatamente à seguir.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Justificar a necessidade da Função Didáctica “Domínio e


Consolidação” como parte integrante da actividade do professor no
Objectivos tratamento da matéria de ensino.

 Estabelecer as diferenças entre a consolidação reprodutiva, de


generalização e criativa

 Demonstrar a importância e as possibilidades de realização do


“domínio e consolidação” nas diferentes funções didácticas.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 105

1. Porquê o trabalho do professor não deve limitar-se apenas na


progressão linear no tratamento do novo conteúdo através da
“mediação e assimilação”, devendo por isso incorporar também a
consolidação da matéria?
Actividade 18
2. De que forma o “Domínio e Consolidação” pode ser realizado
noutras funções didácticas?

Se olharmos para o PEA como tendo o objectivo de conseguir que os alunos,


efectivamente, aprendam, vemos que o trabalho com a nova matéria não se deve
reduzir a simples exposição e explicação dessa matéria e coloca-la a disposição
dos alunos. Mas deve, ao mesmo tempo, ir tratando de conseguir o
aprimoramento desse (já não) novo saber nos alunos, visto que o trabalho
docente consiste em prover as condições de assimilação e compreensão da
matéria, incluindo já exercícios e actividades práticas para solidificar a
compreensão. Entretanto, o processo de ensino não para por ai. É preciso que os
conhecimentos sejam organizados, aprimorados e fixados na mente dos alunos,
a fim de que estejam disponíveis para orientá-los nas situações concretas de
estudo e de vida. Do mesmo modo, em paralelo com os conhecimentos e através
deles, é preciso aprimorar a formação de habilidades e hábitos para a utilização
independente e criadora dos conhecimentos.

Trata-se, assim, do que justifica a necessidade de se ter no PEA uma etapa, uma
FD essencialmente destinada ao domínio, consolidação e fixação da matéria.
Alias, os conteúdos só são realmente dominados, assimilados, apropriados,
quando se atingiu a capacidade de operar com eles nas varias tarefas de
aplicação teórica e pratica; e para tal, são necessárias na continuidade do
trabalho com os conteúdos novos, etapas, fases ou componentes do PEA que
tem por objectivo directo a consolidação e o domínio dos conteúdos: no PEA é
preciso proceder-se a uma constante consolidação dos resultados da
aprendizagem.

Esta constante consolidação dos resultados requer que o professor veja o PEA
como unidade de todas as funções didácticas. Muitos professores
106 Lição 15

são habilidosos na “Introdução e Motivação”, outros podem expor o novo


conteúdo de modo impressionante e estimular os alunos para a autoactividade
criadora. Mas nem todos estes professores tem habilidades para terminar o
processo de ensino-aprendizagem: não só é interessante a motivação, a
exposição do problema e do conteúdo que desperta o entusiasmo e a viva
conversação na sala de aulas. Integram o PEA também a repetição e
sistematização planificadas, a pratica intensiva e a aplicação variada dos
conhecimentos e habilidades.

O professor que só adianta, no sentido de que se limita apenas no


tratamento da matéria nova, não adianta realmente, porque no ensino só
se progride rapidamente quando se está consciente de que o “esquecido”
faz parte dos processos psíquicos normais do homem, contra o qual, o
professor, deve lutar prudentemente, sem ilusões, mas com energia
necessária e optimismo pedagógico fundamentado: a mediação da nova
matéria deve realizar-se de modo que seja eficaz para a transmissão de
potencialidades de fixação imanente (mediante relances, sistematizações,
repetições e aplicações imanentes); ademais, as operações didácticas com
o objectivo directo de fixação, de consolidação didáctica (repetições,
exercícios, controle de rendimentos) devem estar relacionadas
adequadamente com a mediação da nova matéria, por exemplo, durante
as aulas em que predomina a função didáctica “mediação e assimilação”,
se devem repetir os aspectos e generalizações mais importantes e se
presta especial atenção aos conhecimentos que os alunos devem
memorizar (nomes, fichas, regras, formulas, etc.) e a matéria a memorizar
deve ser destacada nas mais diversas formas (esquemas, desenhos,
diagramas, etc.), ao mesmo tempo que se assegura o exercício para o
reconhecimento e sinalização do essencial, sublinhando o mais
importante. Por essa razão, as tarefas de recordação e sistematização, os
exercícios devem prover o aluno oportunidades de estabelecer relações
entre o estudado e situações novas, comparar os conhecimentos obtidos
com os factos da vida real, apresentar problemas ou questões
diferentemente de como foram tratados no livro, pôr em pratica
habilidades e hábitos decorrentes do estudo da matéria.

A consolidação, neste sentido, pode dar-se em qualquer etapa do processo


didáctico: antes de iniciar matéria nova, recorda-se, sistematiza-se, são
realizados exercícios em relação a matéria anterior; no estudo do novo
Didactica Geral : Aprender a ensinar 107

conteúdo, ocorre paralelamente às actividades de assimilação e compreensão.


Mas constitui também, um momento determinado do processo didáctico, quando
é posterior à assimilação inicial e compreensão da matéria.

1. O “Domínio e Consolidação” pode ser, pelo menos de três tipos:


reprodutiva, generalizadora e criativa.

a. Em que consiste a diferença entre estes três tipos de


Actividade 19 realização do “Domínio e Consolidação”?

A consolidação, conforme ilustra a figura abaixo, pode ser reprodutiva, de


generalização e criativa. Estes três tipos, conforme já deve ter analisado, se
diferenciam no seguinte :

Consolidação generalizadora:

 Inclui a aplicação de conhecimentos para situações novas,


apos a sua sistematização;

 Implica a integação de conhecimentos de forma que os


alunos estabeleçam a relação entre os conceitos, analisem os
factos e fenomenos variados sob varios pontos de vista,
façam a ligaçao dos conhecimentos com novas situações e
factos da pratica social

Variações da Consolidação

Consolidação reprodutiva: Consolidação criativa:

 Tem caracter de  Refere-se à tarefas que


exercitaçao, isto é, apos levam ao aprimoramento
compreender a matéria do pensamento
os alunos reproduzem independente e criativo,
conhecimentos, na forma de trabalho
aplicando-os a uma independente dos alunos
situaçao conhecida sobre a base das
consolidações anteriores

Fig.: Variações da Consolidação no PEA


108 Lição 15

Sumário

Para o professor e principalmente para os alunos não tem nenhum valor


didáctico adiantar continuamente com a matéria sem que esta seja
consolidada pelos alunos; o ensino e o saber são úteis quando os alunos
atingirem a capacidade de operarem com o aprendizado em situações
concretas da vida quotidiana: aprende-se para a vida. Para o efeito, a
progressão no tratamento da matéria nova deve prever momentos
especificamente destinados a levar os alunos a terem domínio sobre o
aprendido; é uma questão de opção e estratégia pedagógica: não vale a
pena apenas adiantar na matéria, sob pena de que os alunos apenas
tenham pequenas recordações do que viram sem poderem pôr em pratica
e, muito menos, aproveitar-se do aprendido para as aprendizagens
posteriores.

Entretanto, quando falamos de consolidação, é importante chamarmos a atenção


ao de que é preciso evitar que esta seja apenas reprodutiva, mas sim privilegie a
consolidação generalizadora e criativa.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 109

Exercícios

Indique as alineas com as quais concorda :

a. A consolidação pode e deve dar-se em qualquer etapa do PEA

Auto-avaliação 6 b. O PEA é um sistema de vai e vêm na abordagem da matéria,


permitindo aos alunos ver a relação entre as varias partes dos
conteúdos do programa de uma disciplina

c. A repetição e sistematização planificadas, a pratica intensiva e a


aplicação variada dos conhecimentos e habilidades integram
obrigatoriamente o PEA nas suas diversas fases.

d. Quando após compreender a matéria os alunos reproduzem


conhecimentos, aplicando-os a uma situação conhecida, chama
se a isso de consolidação criativa.
110 Lição 16

Lição 16

FD “D+C”: FORMAS METODICAS


PARA O DOMINIO E Consolidação

Introdução

Anteriormente ficou assente a questão sobre a importância do « domínio e


consolidação » como uma das fases do PEA e, dessa maneira, procuramos
mostrar que para além de constituir apenas uma fase, o « domínio e
consolidação » representa actividades a possíveis de serem realizadas em
qualquer outra função didáctica ; trata-se, neste ultimo caso, da consolidação
imanente, indirecta.

A particularidade da FD « D+C », tal como acontece com as outras revela-se no


seu propósito, mas também no caracter das formas metódicas especificas que lhe
dão corpo : a repetição, a sistematização, a exercitação e a aplicação constituem
o suporte metodológico através das quais se torna realidade o « domínio e
consolidação » da matéria. Esperamos, pois, fazer menção sobre elas e, assim,
ao completar esta lição, você será capaz de:

 Indicar os componentes da FD « D+C »

 Explicar as formas metódicas para a realização do “domínio e


Objectivos
consolidação” da matéria.

 Realizar directa ou indirectamente cada uma das formas


metódicas da FD “D+C”, com o propósito de levar os alunos a
terem a sua disposição o saber para a vida
Didactica Geral : Aprender a ensinar 111

1. A repetição, a sistematização, a exercitação e aplicação


constituem acções praticas a partir das quais se realiza o
“domínio e consolidação”.

Actividade 19 a. Qual é a importância e em que consiste cada uma destas formas?

Para o professor realizar, com os seus alunos, a FD “D+C” precisa de certas


acções nesse sentido, nomeadamente a repetição, a sistematização, a
exercitação e aplicação. Estas acções, enquanto formas metódicas para a
realização do “domínio e consolidação” ocorrem em todas as etapas do PEA,
mas aqui trata-se duma etapa em que o objectivo directo é a consolidação e
domínio dos conteúdos.

Repetir e resumir Sistematizar e


integrar
Novas
qualidades
Consolidar o saber, saber do saber,
fazer saber ser/estar saber fazer
e saber
ser/estar
Aplicar
Exercitar

Fig. Componentes da Função Didáctica Domínio e Consolidação

Passemos de seguida a apresentá-las em separado cada um destes elementos,


conforme você deve ter discutido:
112 Lição 16

REPETIÇÃO

O trabalho com a matéria nova fica concluído quando os alunos tiverem


assimilado de forma duradoira e solida os conhecimentos e capacidades, quando
estão disponíveis e prontos para serem aplicados nas situações da vida
quotidiana.

Quando falamos da função didáctica “Introdução e Motivação”,


assinalamos que seu fim é assegurar um nível inicial didáctico e
psicológico a partir da qual se pode alcançar o nível final, ao que se
aspira, ou utilizar a repetição dirigida com o objectivo de alcançar
aqueles conhecimentos e noções prévias necessárias para assimilar o
novo conteúdo.

Nesta passagem do PEA, o professor habilidoso do ponto de vista metódico


soluciona varias tarefas:

 Mediante a repetição reafirma os conhecimentos e capacidades


fundamentais

 Mediante as repetições controla o nível da situação inicial dos


alunos

 Mediante as repetições o professor obtém uma base para avaliar a


cada aluno (através do controlo escrito, frontal dos rendimentos)
ou a todo o grupo.

Entretanto, muitos professores omitem as repetições porque temem


“perder muito tempo”. Mas isto é um erro; precisamente o contrario é o
correcto: o “segredo” para ganhar tempo na aula consiste em repetir
regularmente e variando o método”, “os maiores melhores didactas
(professores) parece que não fazem outra coisa que repetir, e em
realidade com isto progridem rapidamente”. Com certeza, estes últimos
progridem na aprendizagem dos alunos, porque ficam com os conteúdos
bem consolidadas e, por sua vez, estes servem de pré-requisito para a
aprendizagem do conteúdo seguinte, evitando deste modo tempo
prolongado de explicações a alunos que não percebem por falta de pré
requisitos.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 113

Logo, a repetição acompanha o processo de ensino em todas as suas fases,


havendo assim uma diferença entre a repetição directa e indirecta ( imanente). A
repetição directa tem por objecto um controle dos rendimentos através de
resumos durante a aula, de sistematização e das próprias aulas de exercitação ou
de repetição.

A repetição imanente é aquela actividade de fixação que ocorre “de


passagem”, uma repetição que normalmente os alunos não estão
consciente. Isto acontece ligando o velho com o novo e o novo com o
velho, recua-se constantemente ao velho, estimulando aos alunos para a
reprodução, na conversação durante a aula ou na solucionar tarefas, seus
velhos conhecimentos e capacidades e aplica-los em certos aspectos. A
repetição imanente é um ponto permanente entre o velho e o novo. Aqui
se fundem duas funções didácticas em uma só acção didáctica; a fixação
do velho e o apoio ao processo de assimilação dentro do trabalho com a
matéria nova.

O que deve ser repetido? Esta questão surge porque as vezes os


professores fazem ou querem fazer a revisão de toda a matéria, ou seja,
de todas as generalizações sucessivamente; neste caso é difícil ao aluno
vencer toda esta quantidade da matéria ; e mais, pode não diferenciar-se o
essencial do não essencial. As repetições mais amplas devem ser
reservadas para aulas de repetição. E nestas aulas se devem repetir os
factos e generalizações mais importantes e que se prestam atenção
especial aos conhecimentos que os alunos devem memorizar (nomes,
regras, formulas, etc.). A matéria para memorizar deve ser destacada em
diversas formas (esquemas, desenhos, diagramas, utilizando tintas
coloridas). Quando se realiza a repetição total ou parcial mediante o livro
de textos da administração os alunos devem exercitar-se no
reconhecimento e sinalização do essencial, sublinhando o mais
importante.

Em termos de condições para a efectividade da repetição, temos três principais:


regularidade, sistematização em estrutura e riqueza/variedade nas formas de
repetição.
114 Lição 16

Variedade nas formas de repetição:


Condições para a
repetição
 O professor deve sempre buscar novas vias com maiores possibilidades de êxito

 A forma e técnica de repetição que são aplicadas em cada caso dependem de


varios factores: objectivo da aula, dos conhecimentos e capacidades dos aalunos
e da hablidade métodica do professor: por exemplo, a repetiçao introdutoria
pode realizar-se mediante uma exposição do aluno, uma demonstração, um
pequeno trabalho escrito de repetiçao, uma conversação de uma observação

 Um método muito eficaz consiste em utilizar a repetição empregando meios


ilustrativos o mais frequentemente possivel: o que o aluno disse deve
demonstra-lo, se possivel, com modelos, etc

Condições para a
repetição

Sistematizaçao na estrutura das


Regularidade da repetição: repetições:

 O que se pratica hoje e logo se  Os alunos devem ser


deixa de fazer durante dias ou dirigidos das formas
semanas, antes de memorizar ou elementares de repetição
de reafirmar os conhecimentos, até as tarefas mais dificeis;
nunca atingirà uma
sistematizaçao dos  A repetição deveria partir
conhecimentos, muito menos dos novos pontos de vista:
poderà educar os alunos na aqui os alunos sao
aprendizagem consciente motivados a agrupar
novamente seus
conhecimentos, vê-los em
outras relações e, em certo
modo, aplica-los.

Fig.: Condições para a repetição


Didactica Geral : Aprender a ensinar 115

SISTEMATIZAR-INTEGRAR

Sistematizar é integrar e estruturar logicamente, através de gráficos quadros ou


tabelas, dando a visão de conjunto os conhecimentos, experiências, as
habilidades, etc., aprendidos. Nesse sentido, sistematizar é continuar o processo
cognitivo pela integração dos conhecimentos em sistemas científicos e, ao
mesmo tempo, capacitar os alunos a pensar e agir de maneira organizada e
sistemática.
EXERCITAÇÃO

Em didáctica a “exercitação” se refere a repetição de acções com o


objectivo de desenvolver capacidades e habilidades. Todos os processos
físicos e psíquicos, ou seja, todas as capacidades e habilidades do homem
necessitam de exercitação para a sua formação, aperfeiçoamento e
fixação: observar, analisar, concluir, aplicar, aprender, perceber, etc.,
inclusive o próprio exercitar deve ser exercitado, treinado. Exercícios
fazem os alunos penetrar mais profundamente na matéria. Assim, a
exercitação é a execução repetida de actividades (desenvolvimento de
acções) com o objectivo do seu continuo aperfeiçoamento e a
mecanização parcial das habilidades e hábitos. Para além de ter
importância na formação de capacidades, a exercitação tem,
indirectamente, como objectivo a fixação e aprofundamento de
conhecimentos: a exercitação está em estreita relação com a repetição, e
ambas criam condições importantes para a aplicação dos conhecimentos e
capacidades.

FORMAS DE EXERCITAÇÃO

Tal como ilustra a figura seguinte e conforme sucede com a repetição, a


exercitação na aula pode ser directa ou indirecta
116 Lição 16

Exercitação directa:

 Realiza objectivos especiais de exercitaçao, digamos de


determinadas habilidades e capacidades

 Por exemplo, muitas situaçoes “autenticas” de exercitaçao no


ensno de matematica, de linguas, assim como o ensino de
ginastica, da musica, do desenho, etc

Formas de exercitação

Exercitação imanente ou indirecta:

 A situaçao de exercitação nao se manifesta em primeiro


plano, està escondida, coberta por outros processos que se desenvolvem
na aula

 Nem sempre os alunos tem consciência da situaçao de


exercitação: determinados processos de exercitaçao se desenvolvem
paralelamente, quer dizer, em certa medida continuam se desenvolvendo
determinas habilidades, cappacidades e costumes sem nos darmos conta
de estar a exercità-los

Fig.: Formas de exercitação

APLICAÇÃO

A aplicação é o “coração” do processo de ensino e aprendizagem e a etapa


superior do aumento e desenvolvimento de capacidades através da resolução de
problemas e tarefas em situações análogas e novas.

A aplicação representa, em certa medida, a ponte para a pratica


profissional, visto que desenvolve as capacidades que devem
possibilitar ao aluno o poder de aproveitar a teoria e posteriormente
pôr seus conhecimentos no trabalho produtivo. Dai resulta a grande
importância da aplicaçao para realizar o principio da unidade entre a
teoria e a pratica.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 117

A função didáctica mais importante da aplicação é o desenvolvimento da


capacidade para trabalhar livremente com os conhecimentos e
capacidades; e, ainda, com a aplicação se atinge uma reafirmação e uma
profunda consciencialização dos conhecimentos. Por isso, podemos
concluir que a aplicação se destaca no PEA pelas seguintes
características:

Os conhecimentos e as capacidades tem que ser actualizados e


transformados em novas relações ou situações

Os conhecimentos e capacidades, em relação, tem que ser manejados


independentemente

Mediante a aplicação se estabelece uma união directa ou indirecta entre


a teoria e a pratica

Aplicações Directas Directas

 Trabalho do jardim escolar, realização de experiências e de


excursões, aplicação dos conhecimentos teoricos na produçao, etc

Exemplos de aplicações no PEA

Indirectas

 Trata-se de aplicações que estabelecem uma relação indirecta


com a pratica: tais aplicações jogam um papel importante,
porexemplo, no ensino da matématica, e também a aplicação de
conhecimentos geograficos e historicos em novas circunstancias
e situações
118 Lição 16

Sumário

Aula dada, aula consolidada. Parece-nos ser este um bom principio e atitude
didáctica por parte do professor. Mais, não deve tratar-se apenas da
consolidação de uma aula inteira, senão que partes, acções, procedimentos,
conceitos, operações….importantes que o professor considera necessários serem
apropriados pelos alunos. Neste caso, o professor habilidoso não deverá se
contentar apenas em « transmitir » umas tantas noções, seguindo o programa,
ele deve a cada passo repetir, sistematizar, exercitar e a realizar exercícios de
aplicação junto dos seus alunos, devendo avançar a cada momento que se
verificam níveis satisfatórios de domínio e consolidação da matéria.

Tudo é uma questão de prudência : avançar uma tantas lições e depois


parar para as actividades de domínio e consolidação ? Realizar estas
actividades ao mesmo tempo que se avança com a matéria ? Um e outro
caso é possível, depende da natureza dos conteúdos, mas a maior
precaução deve ser a de « não deixar que uma matéria não devidamente
consolidada se transforme em dificuldade de aprendizagem das matérias
seguintes ».
Didactica Geral : Aprender a ensinar 119

Exercícios

Coloque V nas afirmações verdadeiras e F nas falsas :

a. Se passamos a repetir a matéria vai faltar tempo para cumprir


com o programa
Auto-avaliação 7

b. As repetições e aplicações imanentes realizam-se em outras


funções didácticas com propósito fundamental que não seja o de levar
a consolidação da matéria

c. Com a aplicação se consegue o desenvolvimento da capacidade para


trabalhar livremente com os conhecimentos e capacidades, mas isso só
é possível ser conseguido ao fim dos estudos, por isso pouco adianta
reservar tempo nas aulas para a avaliação

d. A exercitação é a execução repetida de actividades


(desenvolvimento de acções) com o objectivo do seu continuo
aperfeiçoamento e a mecanização parcial das habilidades e
hábitos

e. Sistematizar é capacitar os alunos a pensar e agir de maneira


organizada e sistemática.

f. Os quadros, tabelas, gráficos, esquemas….representado pequenos


resumos da matéria servem como meios poderosos para a
sistematização da matéria

g. A repetição pouco serve para motivar os alunos, muito menos para


avalia-los.
120 Lição 17

Lição 17

FUNÇÃO DIDACTICA CONTROLE E


AVALIAÇÃO

Introdução

Controle e avaliação acompanha todo o processo de ensino e aprendizagem e


forma, ao mesmo tempo, a conclusão das unidades de ensino (ou unidades
temáticas). No geral, podemos distinguir:

Controle e avaliação directos, isto é, especificamente nas fases da FD


C+A

Controle e avaliação contínuos ou imanentes, isto é, em todas as outras


funções didácticas.

Nesta primeira aula sobre a FD “C+A”, vamos nos ocupar sobre o


conceito, objecto e características básicas da avaliação; e, nas aulas
seguintes trataremos doutros aspectos, tais como os tipos e funções da
avaliação, os instrumentos de avaliação e a utilização dos resultados de
avaliação.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Definir o conceito de “avaliação” do ensino

Objectivos Identificar aspectos que demonstrem a importância da avaliação no


PEA

Mencionar o objecto de avaliação e, na base disso, estabelecer a


relação entre os objectivos do PEA e a avaliação

Realizar uma avaliação do PEA que sirva simultaneamente como meio


didáctico e pedagógico
Didactica Geral : Aprender a ensinar 121

1. Defina avaliação.

2. Que aspectos poderem ser enunciados para justificar a


importância da avaliação?
Actividade 20
3. O que se avalia no PEA?

4. A avaliação se caracteriza por ser “meio didáctico “ e “meio


pedagógico”. O que isso significa?

Definir a avaliação, eis a questão a partir da qual acabou de reflectir e, se


CONCEITO DE tivesse consultado bibliografia da área pedagógica de certeza teria visto
AVALIAÇÃO que na literatura pedagógica existem muitos conceitos sobre avaliação;
mas de modo geral ela pressupõe classificar os alunos, determinar em que
medida cada um dos objectivos foi atingido e a qualidade dos métodos e
meios de ensino e dos próprios professores, seleccionar os alunos, etc.
Porém, de toda a maneira a avaliação é uma tarefa didáctica necessária e
permanente do trabalho docente, que deve acompanhar passo a passo o
PEA. Através dela os resultados que vão sendo obtidos no decorrer do
trabalho conjunto do professor e dos alunos são comparados com os
objectivos propostos, afim de constatar progressos, dificuldades e
reorientar o trabalho para as correcções necessárias. Deste modo,
podemos afirmar que a avaliação é uma reflexão sobre o nível de
qualidade do trabalho escolar tanto do professor como dos alunos.
Portanto, avaliar é:

a. A perceber-se do rendimento aproveitamento escolar dos alunos


e traduzi-lo em dados qualitativos e quantitativos.

b. A perceber se da incorrecção ou correcção do trabalho


desenvolvido pelo professor para ver si é ou não necessário uma
revisão do PEA.

Como pode ver, graças a avaliação é possível saber se a aprendizagem


está a efectuar se conforme o previsto ou não. E em
122 Lição 17

caso negativo, a realimentação fornecida pela avaliação permitirá saber se o


facto deve - se :

 A inadequação dos objectivos.

 A deficiências individuais que possam ou não ser superadas.

 A deficiências individuais relacionadas com pré - requisitos de


aprendizagem.

 A inadequação da orientação do PEA por parte do professor devido


aos métodos e meios de ensino ou outros factores.

Ao falarmos de objecto de avaliação pretendemos saber o que se avalia.


OBJECTO DE
E, nesse caso, é evidente que a avaliação dirige-se essencialmente ao
AVALIACÃO
progresso nos resultados de aprendizagem demonstrados ao longo e ao
fim do ano lectivo. Quer dizer os aspectos a avaliar têm por base os
objectivos traçados pelo professor que exprimem os fins que devem ser
atingidos no PEA, e estes objectivos devem ser elaborados em função do
seguinte :

a. O nível médio de conhecimentos, habilidades, capacidades, atitudes,


convicções e maneiras de comportamento (quer dizer, o saber, o saber
fazer e ser/estar)que são o ponto de partida dos alunos.

b. O nível médio de conhecimentos, habilidades, capacidades, atitudes,


convicções e maneiras de comportamento são o ponto de chegada no
final para os alunos serem considerados aptos.

Finalmente, olhando para a quarta e ultima questão que lhe foi colocada

CARACTERISTICAS acima, primeiro importa reafirmarmos que, de facto, o controle e


BASICAS DO avaliação da aprendizagem dos alunos caracteriza-se por ser
CONTROLE E simultaneamente meio didáctico e meio pedagógico. E o que isso
AVALIAÇÃO
significa? Você concordará connosco ao afirmarmos que a avaliação é
um meio didáctico e pedagógico por causa das suas finalidades. Assim, a
avaliação é:
Didactica Geral : Aprender a ensinar 123

1. Meio didáctico, isto é, de condução do PEA pelo professor para:

 Comparar o decorrer e os resultados da aprendizagem com os


objectivos pretendidos

 Avaliar o nível de aprendizagem atingido

 Analisar problemas e possibilidades de desenvolvimento 

Decidir sobre a continuação do processo

2. Meio pedagógico, isto é, de educação dos alunos para:

 Consolidar saber, saber fazer e saber ser/estar

 Desenvolver as capacidades de expressão linguistica

 Desenvolver a capacidade de auto-avaliação

 Desenvolver a autoconfiança

 Influencia a auto-avaliaçao

 Desenvolve a capacidade de autocorecçao.

Sumário

A avaliação é como a “bússola” do professor para orientar o PEA rumo


aos objectivos propostos. Ela indica ao professor e aos alunos o estagio
de desenvolvimento dos alunos em termos da aprendizagem, mostrando
os progressos e dificuldades de todos e da cada um dos alunos, afim de,
na sequência disso, providenciar-se a reorientação necessária aos alunos e
a todo o PEA: se é para repetir, corrigir uma noção mal assimilada ou
progredir. Quer dizer, com a avaliação, professor e alunos podem ver « a
que distância » se encontram das metas estabelecidas. é nesta ordem de
ideias que a base para a avaliação são os objectivos definidos no âmbito
desse PEA.
124 Lição 17

Exercícios

Qual das posições abaixo não recomendarias a nenhum professor por


ferirem o bom senso da razão de ser da avaliação no PEA:

a. Os alunos que não estudam, pagam na avaliação porque ai o


Auto-avaliação 8
professor vai mostrar quem sabe e quem não sabe: cada um
receberá o tributo do seu desempenho como premiação ou como castigo
em função do seu rendimento.

b. A avaliação serve para ver se a aprendizagem está a decorrer


conforme o previsto ou não.

c. Durante a avaliação não é a pessoa, aluno concreto, que está em


causa, mas sim o que ele aprendeu, as suas dificuldades e
progressos

d. Com a avaliação todos os alunos deveriam se sentir estimulados a


empreender mais esforços na aprendizagem

e. Quem estuda, passa, de contrario, reprova : tudo é uma questão


de responsabilidade de cada aluno.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 125

Lição 18

TIPOS E FUNÇ'ES DE
AVALIAÇÃO

Introdução

Corroborando com autores como Cortesão e Torres (1990), Nérici (1989) Piletti
(1990), Libâneo (1992) e outros, podemos destinguir três tipos de avaliação no
PEA, nomeadamente avaliação diagnostica, formativa ou continua e sumativa.
Vamos ver, nesta aula, o conceito de cada um destes tipos de avaliação, as suas
funções, os momentos do PEA em que se devem realizar e as formas da sua
realização.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Caracterizar avaliação diagnostica, formativa e sumativa, indicando o


momento em que se realizam e os seus objectivos/funções
Objectivos
Realizar continuamente a avaliação diagnóstica, formativa e sumativa como
instrumentos para (re)orientação do PEA

Evitar realizar unicamente a avaliação sumativa

Mencionar as formas através das quais se pode realizar a avaliação


diagnostica, formativa e sumativa.
126 Lição 18

1. No PEA podem e devem ser realizadas continuamente a


avaliação diagnostica, formativa e sumativa.

a. Indique o momento e os objectivos de avaliação diagnostica,


Actividade 21 formativa e sumativa.

A avaliação diagnóstica realiza-se no início do curso, do ano lectivo, do


AVALIAÇÃO
semestre, da unidade ou dum novo tema. No esquema abaixo, podemos
DIAGNOSTICA
observar o que este tipo de avaliação pretende verificar e qual é a
utilidade que se pode fazer com os resultados deste tipo de avaliação:

Avaliacão diagnóstica

Identifica alunos com Constata deficiências


padrao aceitável de Constata
em termos de pré
conhecimentos particularidades dos
requisitos
alunos

Encaminha os que Propõe actividades Individualiz


têm padrão aceitável com vista a a o ensino
para novas superacão de
aprendizagens defici ncias

Fonte : Piletti (1990)

Pode concluir-se então que a avaliação diagonóstica tem como objectivo


verificar o domínio de pré-requisitos necessários para aprendizagens
posteriores (= nível dos alunos). Estes pré-requisitos constituem o ponto
de partida para estabelecer uma estratégia do PEA adequada para os
alunos, de forma que o professor possa ajudar a todos os seus alunos a
terem o domínio do saber, saber fazer e saber ser/estar correspondentes à
objectivos considerados fundamentais. Deste modo é possível que se
faça:

 Organização de aulas de recuperação.

 Simplificação dos conteúdos programáticos que serão estudados,


reduzindo-os ao essencial.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 127

 Acompanhamento contínuo dos alunos individualmente ou em grupo.

 Elaboração constante de trabalho pelos alunos e sua correcção regular


pelo professor.

 Testagem regular dos progressos e resultados de aprendizagem.

Portanto, avaliação diagonóstica tem uma função formativa, pois tem


como finalidade, através de conhecimento do nível inicial dos alunos,
elevarmos a aprendizagem pela aquisição dos objectivos educacionais
propostos .

AVALIAÇÃO
CONTINUA OU
FORMATIVA Este tipo de avaliação realiza-se continuamente ao longo das aulas.
Também tem uma função formativa, uma vez que dá a conhecer ao professor e
ao aluno se os objectivos estão a ser alcançados, identifica os obstáculos que
estão a comprometer a aprendizagem, a razão de ser desses obstáculos,
permitindo assim estabelecer estratégias que ajudem os alunos e os professores a
ultrapassar as dificuldades detectadas. Esquematicamente, temos :

Avaliacão
contínua/formativa

Função Controladora

Informa se os Identifica obstàculos


objectivos estão ou que estão a
Localiza deficiências
nao a ser alcançados comprometer a
aprendizagem

REPLANIFICAÇÃO

Fonte : Piletti (1990)


128 Lição 18

Esta actividade (avaliação contínua) vai revelar problemas de


aprendizagem colectivos (da turma) ou individuais. Por exemplo, o facto
de uma noção não ter sido adquirida por grande número de alunos na
turma pode significar que ela é difícil ou que o professor não actua de
forma adequada.

Consequentemente, há um diagnóstico do PEA, e em caso de os resultados


serem negativos, a replanificação consiste em :

 Rever os objectivos traçados e os conteúdos por parte do professor.

 Rever os métodos e os meios de ensino e aprendizagem utilizados na


aula.

 Alongar o tempo previsto inicialmente de modo a fazer compreender


os conteúdos eficazmente.

 Acompanhar de perto o trabalho dos alunos ou exigir mais esforço


com vista a compreensão da matéria.

AVALIAÇÃO
SUMATIVA
No fim de uma determinada etapa de aprendizagem (unidade, trimestre,
semestre, ano ou curso) chegou o momento de se medir a distância a que o
aluno ficou das metas pré-estabelecidas, ou seja, avaliar se os
objectivos traçados foram ou não alcançados pelos alunos. Esta distância é
quantificada, isto é, classificada. A função desta avaliação é, pois, emitir um
juízo de valor final.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 129

Avaliação sumativa

Função classificatória

Classificação final

Unidade Trimestre Semestre Curso/ano

Fonte : Piletti (1990)

Mas classificar pressupõe que haja um critério de como fazer uma comparação
com o que está a ser classificado num determinado quadro de referência, e no
nosso caso temos a escala de valores, de notas, surgindo daí as classificações de
Muito Bom, Bom, Suficiente, Mediocre e Mau.

Contudo, a avaliação sumativa para além de função de classificar pode


também assumir a função formativa e orientadora do percurso de
aprendizagem na medida em que será um instrumento de balanço que
permitirá:

I. Ajudar o professor a :

 Decidir da possibilidade de passar ou não para uma nova unidade


didáctica.

 Medir a posição de cada aluno, tendo em conta os objectivos


estabelecidos na planificação e toda a evolução que o aluno foi
evidenciando.

 Decidir da possibilidade de os alunos transitarem para o ano


seguinte, apoiando-se também, como é óbvio, em todas as
informações recebidas sobre aluno.

 Constatar se porventura houve falha no seu próprio trabalho,


identificar as causas, afim de as ultrapassar posteriormente.
130 Lição 18

II. Ajudar o aluno a :

 Realizar um esforço de síntese, isto é, de descoberta das relações


entre as diferentes partes do programa do ensino.

 Criar certos hábitos de trabalho independente.

 Consciencializar o grau de consecução dos objectivos atingidos


após um período de trabalho.

Sumário

A avaliação acompanha todo o PEA; alias, juntamente com a planificação


e a realização do PEA, constituem o ciclo docente, ou seja, o ciclo de
actividades fundamentais do professor: planificar, realizar e avaliar o
PEA. E não se trata de uma avaliação « fim » em sim mesma, mas de
uma avaliação que inicia com o processo para o diagnostico das
particularidades individuais dos alunos e da turma, para ajustar as
actividades ao aluno e, depois, a medida que se vai realizando o PEA o
professor e o aluno requerem uma informação sobre como está a decorrer
a aprendizagem para reorientação da actividade do ensino tendo em conta
o ritmo da aula e da aprendizagem dos alunos. E, finalmente, após a
conclusão de uma unidade, semestre, curso…faz-se a avaliação sumativa
para classificação dos alunos.

O importante, em nosso entender, é que a avaliação, contrariamente ao que


fazem muitos professores, não deve servir apenas para « dar notas » aos alunos,
classifica-los, mas sim como um instrumento valioso para condução do PEA.
Para o efeito, se impõe ao professor a realização não apenas da avaliação
sumativa, mas cada vez mais da avaliação diagnóstica e formativa.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 131

Exercícios

Indique as proposições verdadeiras, dentre as que se seguem :

a. Quando se realiza a avaliação diagnostica temos em vista aferir o


nível inicial dos alunos para a aprendizagem do novo conteúdo.
Auto-avaliação 9
b. Depois de realizada a avaliação diagnostica, quando se verificar que os
alunos não têm os pré-requistos, o professor deve
reprogramar a recuperação dos alunos antes de avançar com a nova
matéria

c. A recuperação dos alunos pode acontecer tanto no inicio de uma aula


com nova matéria ou numa aula inteira especificamente reservada para
o efeito

d. Quando se fazem recuperações, é útil aproveitarem-se as formas


metódicas para a realização da função didáctica « domínio e
consolidação »

e. A avaliação formativa não pode ser realizável nas nossas escolas por
causa do numero elevado de alunos e da extensão dos
programas

f. O que é mesmo importante é que cada um dos alunos perceba, através


da avaliação, os seus progressos e as suas dificuldades para, à partir
dai, esforçar-se no que for necessário.
132 Lição 19

Lição 19

TÉCNICAS/INSTRUMENTOS OU MEIOS DE
AVALIAÇÃO

Introdução
A verificação e a qualificação (= avaliação) dos resultados de
aprendizagem no início, durante e no final das unidades didácticas (ou de
determinada etapa de aprendizagem qualquer), visam sempre diagnosticar
e superar dificuldades, corrigir falhas e estimular os alunos para que
continuem dedicando-se aos estudos. Sendo uma das funções de
avaliação determinar o quanto e em que nível de qualidade estão sendo
atingidos os objectivos, são necessários instrumentos e procedimentos de
avaliação adequados.

Nesta lição falaremos destes instrumentos, desde provas escritas, orais,


passando pelas suas variações e incluindo a avaliação através da observação do
comportamento do aluno. Ao completar esta lição, você será capaz de:

Dar exemplos de formas (instrumentos) que se podem utilizar para


avaliar os alunos no inicio, durante e no final de uma aula ou unidade.
Objectivos
Explicar a finalidade das provas/testes orais, escritas e prático-orais

Utilizar a observação do comportamento e do desempenho do aluno


nas discussões como instrumentos complementares para a avaliação
do aluno

Ter em conta as considerações necessárias para a correcta utilização das


provas orais, escritas e prático-orais.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 133

1. Apresente exemplos concretos de como o professor pode avaliar


os alunos no inicio duma unidade, durante uma aula e ao final de
uma etapa de aprendizagem (unidade, trimestre, semestre, ano,
etc.)
Actividade 22
2. Com que finalidade se utilizam as provas orais, escritas e pratico
orais?

3. Que considerações se devem ter para melhor utilização das


provas orais, escritas e prático-orias?

Você está certo nesta sua reflexão. Alias, todos temos observado que é possível
e recomendável avaliar os alunos no inicio de uma unidade, no desenvolvimento
duma aula, assim como no fim de uma etapa de aprendizagem, utilizando uma
série de instrumentos.

Por exemplo, no início de uma unidade didáctica deve-se fazer a sondagem das
condições prévias dos alunos, por meio de revisão da matéria anterior, correcção
de trabalhos de casa, testes rápidos, discussão dirigida, conversão didáctica, etc.
Durante o desenvolvimento da aula acompanha-se o rendimento dos alunos por
meio de exercícios, estudo dirigido, trabalhos em grupo, observação de
comportamento, conversas informais, recordação da matéria, etc. No final da
etapa duma aprendizagem (unidade, trimestre, semestre, ano) são aplicadas
provas ou testes de aproveitamento (Libaneo, 1992).

Entretanto, se olharmos de modo geral a pratica de ensino de nossos professores,


a técnica comummente usada para avaliar são as provas/testes, as quais, de
acordo com o autor citado podem ser :

i. Provas orais

Realizam-se na base de diálogo entre o professor e o(s) aluno (s). Assim, para a
realização duma prova oral é preciso considerar as seguintes indicações
indispensáveis :

 É preciso criar condições favoráveis ao aluno para que se


sinta a vontade.
134 Lição 19

 Antes de iniciar a prova propriamente dita, o professor deve


entabular uma conversa amigável com o aluno para que este se
sinta a vontade.

 Feita a pergunta, deve-se dar tempo para que esta seja objecto de
reflexão. Não se deve, caso não venha logo a resposta, passar
imediatamente a outra.

 O professor deve fazer perguntas claras, precisas, na ordem


directa e formuladas de maneira pensada.

 De início, deveria o professor formular uma ou duas perguntas


fáceis para depois ir formulando as de nível exigido.

 É necessário que o professor, em caderno a parte formule, por


escrito, as perguntas fundamentais do assunto, de modo a
satisfazer o exposto no quarto ponto anterior.

ii. Provas escritas

Em nossas escolas as provas escritas são usadas em forma de ACS, ACP,


ACP e exame final da classe/ano, caso haja. Contudo, podem ser usadas
em qualquer aula ou no início da seguinte para o professor certificar-se
sobre o que o aluno aprendeu e, então, saber que rumo dar aos trabalhos
da nova aula: se é para repetir, rectificar ou prosseguir, dependendo da
situação vivida no momento quanto ao saber, saber fazer e saber
ser/estar nos alunos. Por conseguinte, as provas escritas frequentemente
utilizadas são a ACS, ACP, ACF e exame final, dependendo ainda delas a
atribuição de notas ou classificações, as quais vão determinar a aprovação
ou reprovação do aluno.

As provas orais assim como escritas podem constar de dissertações ou de


questões objectivos.

a. Dissertação : nestas ao aluno lhe é exigido que exponha um assunto


ou parte do mesmo, coordenando-o e argumentando. O tema de
dissertação para os alunos do EP1 deve, preferencialmente, ser um
assunto tratado na turma, preciso e não longo demais ; é vantajoso
quando procura avaliar qualidades de redacção, conhecimentos
gramaticais, clareza de ideias, originalidade, capacidade de
Didactica Geral : Aprender a ensinar 135

fazer relações entre factos, ideias e coisas, influência de ideias e a coerência


das mesmas.

Um exemplo bastante valioso da aplicação da dissertação no ensino primário são


as redacções ou composições, que a mando de bons princípios a sua avaliação
deve incidir sobre qualidades atrás referenciadas e não, por exemplo, o local de
passagem de férias, no caso de uma redacção sobre as férias escolares no início
do ano lectivo ou semestre. E quando desejamos avaliar conhecimentos ou
habilidades podemos ter os seguintes exemplos de questões dissertativas:

 Explicar o que acontece com o peixe quando ele é retirado da


água.

 Comparar características de vegetação e do clima em


Moçambique.

b. As questões objectivas cobrem toda a matéria. A sua importância


reside no facto de um grupo de perguntas curtas pode verificar melhor
o conhecimento do aluno sobre o assunto do que uma dissertação
sobre o mesmo.

Porém, a elaboração das questões objectivas, assim como as de dissertação,


necessitam de tempo e cuidado. Recomenda-se ao professor que, a medida que
vai dando aulas vá anotando os elementos mais significativos e que melhor se
prestem a uma verificação desta natureza, de maneira a não ficar um trabalho
volumoso e cansativo ao serem elaborados em pouco tempo, com o risco ainda
de não obedecer as recomendações quanto a redacção de questões objectivas : e
deste modo, o professor vai formulando uma série de perguntas de maneira
que possa formar um arquivo de questões.

Recomendações quanto a redacção de questões objectivas :

 As questões precisam ser redigidas de maneira clara, evitando-se


ambiguidade e subentendidos .

 Na redacção de questões objectivas, usar termos que expressem a


problemática em questão e sejam do conhecimento dos alunos.
136 Lição 19

 Redigir as questões de maneira a não induzir para a resposta, mas


tão só expressar a situação problemática.

 Não redigir questões em cadeia, em que a resposta de uma


questão vá influir na resposta da seguinte : é preciso que cada
questão expresse uma situação independente.

 Não redigir questões para as quais se ajustam mais de uma


resposta.

iii. Provas práticas ou prático-orias

Neste tipo de provas o aluno é posto diante duma situação problemática que
deverá ser resolvida por uma experiência, uma realização material, um
reconhecimento de elementos industriais, naturais ou químicos, ou ainda, pelo
uso de aparelhos, mapas ou tabelas.

As provas prático-orais, além de ajudarem no aperceber-se do conhecimento


teórico, demonstram habilidades, segurança e domínio de técnicas, bem como o
manejo dos instrumentos especializados utilizados (ex. : mapas, tabelas, etc.).

Na avaliação sumativa, como em outros tipos de avaliação, verificando-se que


as provas (testes) são incompletas, usam-se como complemento outros meios de
avaliação, nomeadamente:

1. Observação do comportamento do aluno em relação a :

a. Hábitos de estudo

b. Relacionamento com adultos, colegas e professor

c. Cumprimento de tarefas escolares nos prazos definidos

d. Atitude positiva ou negativa com relação aos trabalhos escolares

e. Capacidade de cooperação

f. Aproveitamento do tempo

g. Ordem nos cadernos e material escolar


Didactica Geral : Aprender a ensinar 137

h. Facilidade de expressão

i. Facilidade de assimilação (ou de domínio) da matéria….

2. Desempenho do aluno em discussões, conversas e


comentários

Sumário
Quando se decide avaliar os alunos, o professor tem, normalmente, utilizado
como recurso as provas ou testes, as quais podem ser escritas, orais ou prático-
orais. Olhando para os comentários que deixamos ficar anteriormente, conclui-
se que seria utopia querer compreender a totalidade do ser em desenvolvimento
(aluno) utilizando apenas um tipo de instrumentos de avaliação, visto que cada
um deles comporta finalidades que, querendo aproveita-los eficazmente, se
complementam com as doutros instrumentos. Portanto, é mister de dizer que o
professor deveria avaliar os seus alunos com base neste conjunto de
instrumentos e não recorrendo à apenas um deles como teimam alguns de
avaliar os seus alunos, por exemplo, somente através das provas escritas.

Para além da complementaridade entre as provas/testes (orais, escritas e prático-


orais), o avaliador de alunos deve enriquecer a sua informação de conhecimento
sobre eles observando o comportamento deles e a maneira como implicam nas
discussões e comentários à volta de assuntos programáticos durante e fora das
aulas.
138 Lição 19

Exercícios

Exclua da lista de conselhos a dar à um professor as que considera


inapropriadas sob ponto de vista didactico :

Auto-avaliação 10 a. Nas provas escritas o aluno é posto diante duma situação


problemática que deverá ser resolvida por uma experiência, uma
realização material, um reconhecimento de elementos industriais,
naturais ou químicos, ou ainda, pelo uso de aparelhos, mapas ou
tabelas.

b. A medida que o professor vai dando aulas deve ir anotando os


elementos mais significativos e que melhor se prestem a uma
verificação por questões objectivas ou dissertativas, de maneira a
não ficar um trabalho volumoso e cansativo ao serem elaborados
em pouco tempo, com o risco ainda de não obedecer as
recomendações quanto a redação destas questões.

c. Numa avaliação as questões dissertativas são vantajosas quando


procuram avaliar qualidades de redação, conhecimentos
gramaticais, clareza de ideias, originalidade, capacidade de fazer
relações entre factos, ideias e coisas, influência de ideias e a
coerência das mesmas.

d. Por ser dificil demais avaliar no inicio duma unidade e ao londo


do desenvolvimento de uma aula e, ainda, por não haver
instrumentos fiaveis nestas fases, é mesmo preferivel avaliar no
fim de cada etapa de aprendizagem para apenas atribuir nota aos
alunos.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 139

Lição 20

UTILIZACÃO DOS RESULTADOS DE


AVALIACÃO DA APRENDIZAGEM

Introdução
Como deve ter ficado claro, os resultados de avaliação não são e nem devem
ser um fim em si mesmos, o que equivale a dizer que são obtidos para o seu uso
posterior. Deste modo, mormente, são utilizados conforme foi referenciado em
cada um dos tipos de avaliação atrás mencionados, como também, de modo
genérico, além doutras utilidades, podemos aqui destacar a utilização dos
resultados de avaliação para :

a. Análise da eficiência interna do sistema educativo. b.

Ainda, como nos diz Lemos (1990) para:

i. Orientação e aconselhamento dos alunos

ii. Selecção e modificação das metodologias.

iii. Avaliação dos programas, previsão dos resultados futuros e na


investigação

Ao completer esta lição, você será capaz de:

Utilizar os resultados da avaliação para a melhoria da qualidade de


ensino e sua adequação às condições e ritmo de aprendizagem dos
alunos
Objectivos Identificar, com base nos resultados de avaliação, os alunos e
disciplinas que registam mais dificuldades de aprendiagem

Ter a necessidade de procurar as razões das dificuldades de aprendizagem,


quando estas surgem em certos alunos e disciplinas
140 Lição 20

Criar condições e/ou dar oportunidades de recuperação aos alunos que


apresentam dificuldades de aprendizagem, antes de avançar para
novas aprendizagens sem o dominio de prérequistos por parte dos
alunos

Explique como é que os resultados de avaliação, como dissemos, podem ser


utilizados para orientação e aconselhamento dos alunos, assim como para a
recuperaçao destes.

Actividade 23

Deu para você reflectir? Esperemos que a sua experiência como professor e/ou
como aluno tenha lhe servido de suporte para esta reflexão tal como procuramos
também fazer. De facto, quando nos questionamos sobre em
que consiste cada uma das formas de utilização dos resultados de
ORIENTAÇÃO E
ACONSELHAMENTO avaliação que acabamos de mencionar, vemos que o professor deve
DOS ALUNOS ser um orientador. Neste sentido, os resultados de avaliação são,
sem dúvida, o indicador mais obvio da situação escolar do aluno e
das acções a desenvolver por este e pelos pais, professores e escola,
em geral, no sentido de melhorar e de evitar insucessos previsíveis
em tempo útil.

Caso típico é o relativo as informações aos pais, apóis o primeiro


momento definido de avaliação (ex : depois de duas ACS e uma ACP), o que
pode corresponder, por exemplo, a um bimestre ou trimestre. O mais
importante não é informar aos pais os resultados objectivos dos filhos, mas sim
do que poderá ser feito por eles no sentido destes resultados poderem vir a
melhorar ao longo do ano. Nomeadamente no que respeita aos alunos que
demonstrem especiais dificuldades nesta ou naquela
disciplina, sugestões sobre tempos de estudo, métodos de trabalho,
realização de trabalhos de casa, devem ser dadas de forma específica, não só
aos alunos, mas também aos respectivos pais, como forma de les
responsabilizar perante a actividade escolar dos seus alunos no fim do ano
escolar. Sendo claro que não se podem obrigar compulsivamente os pais a ir `a
escola, podem, no entanto, fazer-se chegar a estes informações detalhadas
sobre a aprendizagem dos seus filhos, não sendo
Didactica Geral : Aprender a ensinar 141

necessariamente preciso prestar informação continuada aos pais de todos os


alunos, pela dificuldade que isso acarreta, mas devem seleccionar-se os alunos
com mais dificulades, para os quais teremos essa atitude.

Em consequência disso, da análise períodica do coorte avaliativo, é preciso que


o professor ou conjunto de professores reflitam sobre :

a. Quais são os alunos que têm mais dificuldades e em que


disciplinas ?

b. Em que disciplina(s) os alunos têm mais dificuldades ?

c. Quais são as razões das dificuldades de aprendizagem tanto


individuais, como colectivos dos alunos ?

Em seguida, em relação à recuperaçãao e enriquecimento dos alunos,


RECUPERÇÃO E pensamos que a ideia surge mesmo da reflexão que o professor ou
ENRIQUECIMENTO instituição escolar possa fazer sobre os alunos e disciplinas que têm mais
DOS ALUNOS
dificuldades e as razões de tais dificuldades ; porque desta reflexao não bastarà
apenas saber, mas sim agir para recuperar e enriquecer os alunos com
dificuldades.

Cad vez mais tem se provado a estreita correlação entre o primeiro e o último
resultado dos alunos no mesmo ano escolar. Isto é, a maioria dos alunos que
têm classificação insuficiente ou negativa no início do ano, numa disciplina,
vêm a ter insucesso na mesma, mesmo no final do ano. A confirmar-se isso,
torna-se pertinente colocar as seguintes questões :

a. Os alunos não têm capacidade de recuperar na sua aprendizagem ? b. O

professor «marca» o insucesso dos alunos no início do ano ?

c. Ou o professor não cria condições e não dá oportunidade `a


recuperação dos alunos ?

Como é lógico, crê-se que a última hipótese é a mais verdadeira. Nem


todos os alunos obtêm bons resultados de aprendizagem no início do ano.
No entanto, muitas vezes o professor continua calma e paulatinamente
«dando o programa», sem ter em atenção tal facto, provocando
naturalmente o cada vez maior «afastamento para baixo» daqueles
alunos.
142 Lição 20

Se é verdade que o objectivo do professor é levar cada um dos alunos a aprender


o máximo possível, é igualmente verdade que a sua obrigação é pôr todos os
alunos a aprender o máximo, dependendo, claro, das particularidades individuais
destes. O professor deve realizar acções de recuperação dos alunos com maus
resultados, assim que obtêm dados de avaliação da aprendizagem. A este
próposito, Neves e Graça (1987 : 24/5), considerando que, provavelmente, estes
alunos obtêm maus resultados por falta de pré-requisitos (i.é, do saber, saber
fazer e saber ser/estar necessários e anteriores a qualquer aprendizagem),
afirmam que quando no PEA se ignoram os pré-requisitos resulta em:

a. Ou em enfado dos alunos por estarem a ser ensinados algo de baíxo


nível em relação aos seus pré-requisitos.

b. Ou os alunos se sentem frustrados porque nao têm os pré-requistos


necessários para começarem a aprender as habilidades requeridas, não
podendo assim aprender.

Parafraseando os autores em referência, para o professor atender aos


prérequisitos, deve:

a. Identificar quais os pré-requisitos necesários para tornar


compreensível o novo tema.

b. Verificar, antes de iniciar o PEA (duma aula, unidade, programa,


etc), se os pré-requisitos são já do domínio dos alunos ou não. E no
caso negativo propõe actividades de recuperação e enriquecimento
dos alunos, e no caso positivo, planeia o estudo do novo tema de
modo que todos os conceitos novos (em suma, todo o conteúdo
novo) se relacionem com os precedentes.

Porém, Lemos (1990 :73) sustenta que muitas vezes os professores queixam-se
que não têm tempo para acções de recuperação porque têm que continuar a «dar
o programa». Mas «dar o programa» a quem ? A progressão a toa pelo programa
sem recuperação de atrasos dos alunos provoca atrasos cada vez maiores e
progressivamente irrecuperáveis. Quer dizer, na sua planificação deve prever
espaços para actividades de recuperação, porque sabe que inevitavelmente elas
terão lugar.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 143

Sumário
O professor deve agir não apenas mediador do saber, mas também como
orientador da aprendizagem dos alunos; isso significa que no caso em que
alunos demonstrem especiais dificuldades nesta ou naquela disciplina, o
professor deveria estar em altura de dar sugestões sobre tempos de estudo,
métodos de trabalho, realização de trabalhos de casa; estas sugestões, claro,
devem ser dadas de forma específica (aluno por aluno, tendo em conta a
natureza das suas dificuldades), não só aos alunos, mas também aos respectivos
pais, como forma de les responsabilizar perante a actividade escolar dos seus
alunos no fim do ano escolar.

Ao proceder desta forma quer dizer que o professor terà chegado a conclusão
sobre quais são as disciplinas e alunos que apresentam mais dificuldades,
incluindo a natureza destas mesmas dificuldades ; e valendo-se disso, o
professor não somente estaràa em condições de dar orientação aos alunos como
também planificaràa actividades personalizadas para a recuperação e
enriquecimento destes alunos, em vez de “avançar à toa” com o programa:
vemos, portanto, que o desempenho do professor serà medido no equilibrio entre
a recuperação e enriqueciemento dos alunos e o cumprimento do programa.
144 Lição 20

Exercícios

Assinale com V ou F as afirmações a seguir, conforme sejam na sua opinião


verdadeiras ou falsas:

Auto-avaliação 11 a. Os resultados de avaliação são, sem dúvida, o indicador mais


obvio da situação escolar do aluno e das acções a desenvolver por este e
pelos pais, professores e escola, em geral, no sentido de melhorar e de
evitar insucessos previsíveis em tempo útil

b. As acções a desenvolver pelos alunos e pelos pais na sequência


da avaaliação, deverão ser sugeridas pelo professor, como parte
da sua responsabilidade didactica

c. Planear acções de recuperação aos alunos e disciplinas em que se


revelam muitas dificuldades de aprendizagem põe em causa o
cumprimento do programa, razão pela qual isso deve ser deixado
apenas a responsabilidade de cada aluno

d. Quando o professor continua calma e paulatinamente «dando o


programa», sem ter em atenção a necessidade de recuperação dos
alunos com dificuldades acaba provocando naturalmente o cada
vez maior «afastamento para baixo» daqueles alunos.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 145

Lição 21

UTILIZACÃO DOS RESULTADOS DE


AVALIACÃO DA APRENDIZAGEM
(Continuação)

Introdução
A lição anterior introduziu-nos no aspecto respeitante a utilização dos resultados
de avaliação como instrumento para melhorar a qualidade de ensino,
particularmente a superação das dificuldades de aprendizagem dos alunos.
Falamos anteriormente da orientação e recuperção dos alunos. Queremos, neste
sentido, continuar nesta aula a falar do mesmo assunto, particularmente vendo
outras formas através das quais se utilizam os resultados de aprendizagem,
particularmente:

A modificação dos métodos de ensino

Avaliação de programas e investigação

Analise da eficiência interna do sistema

Ao completer esta lição, você será capaz de:

Utilizar os resultados da avaliação para a melhoria da qualidade de


ensino e sua adequação às condições e ritmo de aprendizagem dos
Objectivos
alunos

Face aos resultados de avaliação, questionar-se como foram atingidos


e sobre a actuação anterior, presente e seguinte do professor face aos
mesmos

Modificar os métodos de ensino face aos resultaados de avaliação, quando


assim se justifica para melhorar a aprendizagem dos aluno

Tomar os resultados estatisticos da avaliaçao para questionar-se sobre o que


o passado, presente e futuro institucional da sua escola
146 Lição 21

Explique como é que os resultados de avaliação, como dissemos, podem


ser utilizados para:

Modificaçao dos métodos de ensino


Actividade 24
Avaliação de programas e investigação

Analise da eficiência interna do sistema

Os resultados de aprendizagem nos alunos, quiça, são um bom indicador


da capacidade profissional do professor, apesar de isso não significar
MODIFICAÇÃO
DE METODOS DE forçosamente que o professor cujos alunos obtiveram más classificações
ENSINO seja, inequivocamente, especificamente, um «mau professor». Mas são
um verdadeiro indicador, particularmente, o índice médio de insucesso
(nacional, regional ou da escola por turmas) e do nível médio das
classificações da turma por disciplinas, no caso destas estarem a ser
leccionadas por professores diferentes. Portanto, deve constituir
preocupação quando, por exemplo, resultados negativos num professor
ultrapassam claramente os resultados obtidos por outros professores ou
escolas no mesmo nível.

Entretanto, o verdadeiro problema não está nos resultados em sí


mesmos, mas na forma como foram atingidos e na actuação anterior,
presente e seguinte do professor face aos mesmos.

Quando os resultados obtidos não se enquadram nos níveis esperados e


desejáveis, o professor, no dizer de Lemos (op. cit : 74), deve :

a. Reanalisar os instrumentos de avaliação utilizados e tentar


verificar se os mesmos estão verdadeiramente adequados,
procurrar erros ou omissões, rever todo o sistema de avaliação, de
modo a certificar-se da existêencia ou não de falhas.

b. Caso não se verifiquem falhas nem nos instrumentos nem no


sistema de avaliação, fazer a revisão de como decorreram as
actividades de ensino-aprendizagem, comparando cada uma com
os resultados obtidos pelos alunos na avaliação dos objectivos
que lhe dizem respeito.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 147

c. Reanalisar os objectivos fixados, tendo em conta os resultados


anteriores dos alunos, a organização desses objectivos e a sua
sequência e as capacidades e conhecimentos que neles estao
inclusos.

Em cada uma dessas fases, como afirma o autor citado, quando o professor
encontrar erros ou falhas deve planear as acções necessárias para as colmatar.
Por exemplo :

a. Voltar a testar os objectivos em causa, quando se verifica erros no


respectivo instrumento de avaliação.

b. Voltar a realizar essas actividades de aprendizagem, quando se


verifica uma boa avaliação, mas um erro prévio do ensino.

c. Incluir na planificação da unidade seguinte objectivos da anterior


que estavam mal enquadrados, ou cujas actividades de ensino
aprendizagem foram mal formuladas.

d. Suprimir objectivos quando se tenha verificado a sua inutilidade


em termos de aprendizagem.

Também outras accões podem ser levadas a cabo, dependendo da situação


concreta verificada no momento. No entanto, Lemos nos adverte no sentido de
que devem respeitar-se duas regras indispensáaveis, nomeadamente:

a. A avaliação do ensino deve ser constante, de modo a que os


eventuais erros cometidos possam ir sendo remediados ao longo
do tempo, assegurando um caminho de aprendizagem
progressivamente mais seguro. Isto permitirá que o professor
possa chegar ao fim do ano sem hesitações e que a aprendizagem
possa ter tido, realmente, a maior produtividade possível.

b. Erros do professor nunca devem repercutir-se na avaliação dos


alunos. O professor nunca deve fazer «pagar» aos alunos erros
que não são da responsabilidade deles, mas de sí próprio.
148 Lição 21

AVALIAÇÃO DE
PROGRAMAS E
INVESTIGAÇÃO

O processo de avaliação de que temos vindo a falar consiste, portanto, em três


partes fundamentais:

a. Recolhem-se os dados para verificar a quantidade e qualidade da


aprendizagem dos alunos.

b. Tratam-se os dados para verificar a quantidade e qualidade da


aprendizagem.

c. Julgam-se os resultados em função dos níveis considerados


desejáveis para induzir modificações futuras de modo a melhorá
los.

Entretanto, como nos aconselha Lemos (op cit : 76), não basta saber o
nível de insucesso de uma determiniada disciplina, turma, classe, escola
(quando se sabe !), mas é necessário investigar as razões do mesmo e
actuar sobre aquelas em que é possível introduzir modificações visando
melhoramento.

Em nossas escolas, após o fim de actividades lectivas, ouvem-se, por vezes, os


professores dizer que lhes foi marcado serviço de estatística. Isto é dito com ar
de quem tem, contra sua vontade, de ir desempenhar mais uma tarefa
burocrática que nada lhes diz respeito. Ora, tal trabalho, não deve ser de modo
nenhum somente um trabalho de estatística, mas sim um trabalho de
investigação, visando a avaliação institucional e programática do ano ou período
lectivo findo. Saber quantos e quais (se necessário) os alunos que tiveram
insucesso e em que disciplinas, quais os níveis de insucesso e em que
disciplinas, quais os níveis de sucesso de cada disciplina, quais os resultados de
cada professor, quais os níveis de cumprimento de programas e as suas razões,
qual é a taxa de abandono (de desistência), de promoção, de aprovação, de
reprovação, etc, não serve somente para «saber». Serve para planear a
introdução de mudanças que melhorem os resultados, tendo-se sempre em
referência os dados passados e presentes, de modo a aproveitarem-se os aspectos
positivos e evitarem-se os negativos destes períodos, com o intuito de, como
dissemos, potenciar a melhoria dos resultados de aprendizagem futuros.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 149

O objectivo de qualquer organização social tem que ser a melhoria


constante do serviço que presta. Na educaçao é uma obrigação
absolutamente prioritária. Porém, não diremos que se passe para um sistema
em que cada professor seja um professor-investigador, mas que, pelo menos,
cada organismo, cada escola, avalie, no fim de cada ano ou período escolar (ex :
trimestre, semestre, etc) o trabalho realizado.

ANÁLISE DA Quando falamos da eficiência interna ou rendimento interno do sistema


EFICIÊNCIA
INTERNA DO educativo referimo-nos a capacidade deste de graduar maior número de
SISTEMA alunos entrados no sistema educativo numa ano T, num período de tempo
o mais curto possível com recursos financeiros e humanos mínimos.
Assim, um sistema é tanto mais eficiente quanto maior fôr a taxa de
promoção e menor forem as taxas de desistência e de repetição.
(UNESCO, 1985)

Para quantificar e/ou analisar o rendimento interno do sistema educativo


utilizamos como indicadores as taxas de promoção, de repetição e de
desistência (abandono), as quais mostram como os alunos progridem no
sistema escolar ; e com estas taxas é possível constituir um organigrama,
representando o fluxo teórico dos alunos no sistema educativo e, pelos
objectivos e tempo limitado desta aula, não vamos nos debruçar acerca
deste assunto.

Sumário
Obter resultados de avaliação é importante porque desta maneira nos damos
conta do rendimento da actividade do professor e dos alunos face ao ensino e
aprendizagem de uma certa disciplina, unidade ou materia, mas pelo que vimos
os resulatos não são um fim em si mesmo; para além dos resultados interessa
vermos como é que eles forma atingidos, que acções foram realizadas para que
os resultados fossem estes e não outros (piores ou melhores). Ao colocarmos
nesta pespectiva estamos a
cosiderar que diante dos resultados obtidos é preciso questionarmos sobre os
métodos utilizados, modificà-los no que fôr oportuno, porque eles traduzem,
concerteza, os esforços tanto do professor como do aluno.
150 Lição 21

E mais do que isso, face aos resultados de avaliação é necessário


investigar as razões dos mesmos e actuar sobre aquelas em que é possível
introduzir modificações visando melhoramento: a tendência no PEA tem
que ser cada vez mais assegurar que maior numero, senao todos, atinjam
os objectivos de aprendizagem fixados, razao pela qual os obstàculos que
eventualmente tenham interferidos nos resultados anteriores devem ser
removidos.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 151

Exercícios

Exclua da lista seguinte as afirmações falsas:

a. Os resultados de avaliaçao reflectem em grande medida os


métodos de ensino utilizados pelo professor.
Auto-avaliação 12
b. Em vez de procurar as razões de insucesso dos alunos neles
mesmos, vejamos primeiro como os métodos de ensino utilizados
se adequam a eles para promover neles actividade necesaria para
o seu sucesso na aprendizagem

c. Quando se tem os resultados de avaliaçao, importa ficarmos


(in)satisfeitos face a eles, mas com a forma como eles foram
atingidos e, dessa forma, empreender modificações nos métodos
de ensino quando necessàrio ou nos instrumentos de avaliaçao.

d. Um sistema escolar é tanto mais eficiente quanto maior forem as


taxa de promoção , de desistência e de repetição

e. Saber quantos e quais (se necessário) os alunos que tiveram


insucesso e em que disciplinas, quais os níveis de insucesso e em
que disciplinas, quais os níveis de sucesso de cada disciplina,
quais os resultados de cada professor, quais os níveis de
cumprimento de programas e as suas razões, qual é a taxa de
abandono (de desistência), de promoção, de aprovação, de
reprovação, etc, não serve somente para «saber». Serve para
planear a introdução de mudanças que melhorem os resultados,
tendo-se sempre em referência os dados passados e presentes, de
modo a aproveitarem-se os aspectos positivos e evitarem-se os
negativos destes períodos, com o intuito de, como dissemos,
potenciar a melhoria dos resultados de aprendizagem futuros.

Respostas aos exercícios de Auto-avaliação

Auto-avaliação 1: Estratégias que darão bom sentido a actividade do


professor: a), b) e e)
152 Lição 21

Auto-avaliação 2: Afirmações veradeiras {d) e e)}, Afirmações falsas {a), b) e


c)}

Auto-avaliação 3: Conselhos que daria a um professor: b), c) e d) Auto-

avaliação 4: Afirmações verdadeiras: a), b) e d)

Auto-avaliação 5: Afirmações que não correspondem a verdade: d) Auto-

avaliação 6: Alíneas com as quais concorda: a), b) e c)

Auto-avaliação 7: Afirmações verdadeiras {b), d), e) e f)}, Afirmações falsas


{a), c) e g)}

Auto-avaliação 8: Posições que não recomendaria: a) e e) Auto-

avaliação 9: Proposições verdadeiras: a), b), c), d) e f) Auto-

avaliação 10: Conselhos inapropriados: a) e d)

Auto-avaliação 11: Afirmações verdadeiras {a), b) e d)}, Afirmações falsas


{c) }

Auto-avaliação 12: Afirmações falsas: d)


Didactica Geral : Aprender a ensinar 153

Unidade 4

MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Introdução

Bem vindo a esta quarta unidade do módulo de Didáctica Geral. A nossa


intenção nesta unidade é, primeiro discutirmos sobre os conceitos de método e
de técnica de ensino-aprendizagem, para de seguida apresentarmos uma
classificação dos métodos de ensino-aprendizagem, na esperança de que desta
forma o você possa compreender o imperactivo de uso variado e multifacetado
dos métodos de ensino-aprendizagem com o propósito de optimizar a
aprendizagem dos alunos. Assim, esta unidade compreende dois pontos,
nomeadamente:

Conceito de Método e de Técnica de Ensino-aprendizagem

Classificação dos Métodos de Ensino-aprendizagem

Ao completer esta unidade , você será capaz de:

Estabelecer a diferença entre Métodos e Técnicas de


EnsinoAprendizagem.
Objectivos
Enunciar, através de exemplos, as variedades na definição de Métodos
de Ensino-Aprendizagem.

Explicar porque o método de ensino-aprendizagem é importante para a


direcção da actividade cognitiva dos alunos.

Explicar, através de exemplos, como as técnicas de ensino


aprendizagem contribuem para o método desempenhar a sua função
formativa.

Indicar, de acordo com as diferentes formas de classificação, os tipos de


métodos de ensino-aprendizagem existentes
154 Unidade 4

Caracterizar os tipos de métodos de ensino-aprendizagem

Identificar as situações em que melhor podem ser utilizados os


diferentes métodos de ensino-aprendizagem na sala de aula.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 155

Lição 22

Conceito de Método de Ensino e Aprendizagem

Introdução
Antes de mais nada importa referir que, etimologicamente, método quer dizer «
caminho para chegar a um fim ». Representa a maneira de conduzir o
pensamento ou acções para alcançar um objectivo. É, também forma de
disciplinar o pensamento e as acções para obter maior eficiência no que se
deseja realizar.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

Definir « métodos » e « métodos de ensino-aprendizagem »

Diferenciar métodos de técnicas de ensino-aprendizagem

Objectivos Com base em exemplos, explicar como as técnicas de ensino


aprendizagem apoiam os métodos de ensino-aprendizagem.

A partir do cnceito de métodos de ensino-aprendiagem, explicar a relação


entre a actividade do professor e a dos alunos.

1. Anteriormente definimos o conceito de método sob ponto de


vista etimológico. Agora, pede-se para, em suas palavras
apresentar o conceito de método de ensino aprendizagem.

Actividade 25 2. Em que consiste a diferença entre método e técnica de ensino


aprendizagem?

Em primeiro lugar, estaremos de acordo consigo se tiver dito que em relação ao


conceito de métodos de ensino, existem distintas definições sobre ele. Alguns
autores partem essencialmente da actividade do professor, outros integram a
actividade do professor e dos alunos ; alguns
156 Lição 22

o definem como uma via para alcançar os objectivos de ensino, outros como um
conjunto de procedimentos metodológicos. Vejamos os exemplos seguintes :

Os métodos de ensino devem definir-se como as formas de organizar a


actividade cognitiva dos alunos, que assegura o domínio dos conhecimentos,
dos métodos do conhecimento e da actividade prática, assim como a educação
do aluno no processo docente.(Skatkin)

Método de ensino é o modo de gestão da rede de relações que se estabelecem


entre o formador, o formando e o saber no seio de uma situação de formação
(Pinheirio e Ramos)

Método de ensino é um modo de conduzir a aprendizagem, buscando o


desenvolvimento integral do educando, através de uma organização
precisa de procedimentos que favoreceçam a consecução dos propósitos
estabelecidos. (Sant’anna e Manegolla). E, nesse sentido, Risk, citado
por Sant’anna e Manegolla, refere que os procedimentos de ensino são
conjuntos de actividades unificadas, relacionadas com os meios de ajuda
para a obtenção dos resultados pretendidos. Em realidade, representam
modos de organizar as experiências de aprendizagem durante os
períodos de aula.

Método de ensino ou didáctico é o conjunto de procedimentos lógica e


psicologicamente ordenados, de que se vale o professor, para levar o educando
a elaborar conhecimentos, a adquirir técnicas ou habilidades e a incorporar
atitudes e ideais. (Nérici)

Métodos de ensino são um conjunto de acções, passos, condições


externas e procedimentos utilizados intencionalmente pelo professor
para dirigir e estimular o processo de ensino em função da aprendizagem
dos alunos. Ou seja, são as acções do professor pelas quais se organizam
as actividades de ensino e dos alunos para atingir objectivos do trabalho
docente em relação a um conteúdo específico. Eles regulam as formas de
interacção entre o ensino e aprendizagem, entre o professor e os alunos,
cujo resultado é a assimilação consciente dos conhecimentos e o
desenvolvimento das capacidades cognitivas e operativas dos alunos.
(Libâneo)
Didactica Geral : Aprender a ensinar 157

Das definições anteriores sobre o conceito de método de ensinoaprendizagem,


de que maneira se pode analisar a relação entre a actividade do professor e a dos
alunos?

Actividade 26

Concerteza você deve ter percebido que, de facto, a designação «métodos


de ensino-aprendizagem e não apenas de ensino» traduz fortemente a
ideia de que, enquanto formas de orientação da actividade do professor,
os métodos de ensino-aprendizagem condicionam a actividade dos
alunos, eis porque, é justo chamarmos de métodos de ensino
aprendizagem; e mesmo se a designação fosse apenas métodos de ensino,
tal como é designado por outros autores, se considerarmos que o ensino é
uma actividade finalizada cujo resultado é a aprendizagem dos alunos, é
óbvio pensarmos que das definições anteriores se pode analisar que o
conceito de método de ensino não considera só o professor como quem
organiza a actividade cognitiva do estudante, mas também que este actua
para a assimilação do conhecimento. Também se pode observar que o
método de ensino supõe que tanto o professor, assim como o aluno
trabalham para alcançar os objectivos que se tem determinado. Por isso, o
método de ensino é decisivo para a direcção da actividade cognitiva do
estudante e, nele, há que considerar a relação entre a actividade
dirigente do professor e a assimilação activa, consciente, independente
e criadora dos estudantes.É neste sentido que na actualidade existem
duas tendências de desenvolvimento fundamental sobre esta tématica. Por
uma parte se investigam métodos que alcancem uma direcção eficaz do
processo de aprendizagem pelo professor e, por outra parte, se investigam
métodos que conduzem a elevar a independência e o nível de criação
cognitiva dos estudantes.
158 Lição 22

O professor não pode substituir os estudantes na aprendizagem, a personalidade se forma na própria


actividade ; no processo de ensino o professor planifica, dirige e controla constantentemente a
actividade dos alunos. Uma condição não contradiz a outra e nele o método desempenha uma função
essencial.

Todo o professor ou formador deve Dai que Não basta perfeccionar planos
ser consciente de que elevar a de estudo, programas, livros,
qualidade do ensino significa, entre
textos ou outros materias
outros aspectos importantes, a
docentes ; também é
busca de novos métodos que Entretanto
importante a elevação da
conduzam a eliminação do tipo de qualidade do trabalho do
ensino que promove a
professor e para isso ocupa
aprendizagem dogmática e
um lugar de destaque o
reprodutivo, o que impede, aperfeiçoamento dos métodos
portanto, descobrir suas de ensino.
caractéristicas essenciais, suas
regularidades, os nexos com outros
e sua aplicação criadora.

O método deve ter :


i) Lógica para que seus passos tenham
sequência
ii) Estruturação psicológica para que se adapte
as formas da estrutura mental do educando, em
função da sua idade e maturidade, isto é, para
melhor se adaptar às particularidades e as
possibilidades do aluno.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 159

De facto, a par do conceito de método, na actividade docente tenta-se


estabelecer uma diferenciação entre o método e técnica de ensino. No
entanto, não é fácil estabelecer fronteiras bem definidas entre estas duas
componentes essenciais da formação. Na literatura sobre o assunto não
encontramos unanimidade. Alguns autores consideram como método o
que outros reduzem à simples técnica, sendo o contrário igualmente
verdadeiro.

Assim, tendo em conta o carácter necessariamente elástico e permeável da


actividade pedagógica, talvez não seja muito conveniente estabelecer fonteiras
rigidas ; é necessário, todavia, definir conceitos que consideramos essenciais e
igualmente compreender a relação entre método e técnica.

A técnica de ensino ou pedagógica é o conjunto de atitudes , procedimentos e


actuações que o professor/formador adopta para utilizar correctamente os
diversos instrumentos de formação de que dispõe : a palavra, o gesto, a imagem,
o texto, o audiovisual, a informática, etc. Deste modo, a utilização correcta de
diferentes técnicas pedagógicas contribui para que o método desempenhe, de
facto, a sua função de gestão da situação de formação.

Exemplo, se, ao fazer uma exposição de determinado assunto, o


formador não é conhecedor das técnicas de exposição oral ou não as emprega de
forma correcta, é evidente que o método utilizado-o expositivo-não pode
cumprir a sua função e deste modo a relação de formação é claramente
prejudicada

Sumário
A par dos objectivos e conteudos de ensino determinados, o sua mediação
preconisa uma série de actividades dignificativas tanto do professor como do
aluno, sendo estas ultimas, muitas vezes, resultante da estimulação que
160 Lição 22

tiverem sido feitas graças ao dinamismo da actividade do professor. Nesta


ordem de ideias, coloca-se como exigência crucial a busca de novos métodos
que conduzam a eliminação do tipo de ensino que promove a aprendizagem
dogmática e reprodutivo, o que impede, portanto, descobrir suas caractéristicas
essenciais, suas regularidades, os nexos com outros momentos e tematicas
(conteudos de ensino: anteriores e posteriores) e sua aplicação criadora em
situações da vida real.

O desafio é, pois, que na utilização dos métodos de ensino se tenham em conta


as particularidades dos alunos e, ao mesmo tempo, utilizar uma variedade de
técnicas apropriadas que possam dar funcionalidade aos métodos escolhidos:
nenhum método funciona por si so, sem referência à diversas técnicas de ensino.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 161

Exercícios

A seguir se apresenta uma lista de abordagem sobre os métodos de ensino


aprendizagem, da qual se pede que diga quais são as afirmações com as quais
concorda e com as que não concorda :
Auto-avaliação 1
a. Ao designarmos métodos de ensino-aprendizagem, dà-se a ideia
de que as actividade de ensino condicionam fortemente as de
aprendizagem

b. O trabalho do professor de planificação das aulas, desde que seja


excelente, os métodos que for a utilizar pouco importa para a
qualidade da aprendizagem

c. Na questao sobre os métodos de ensino-aprendizagem, teemos


que ver a actividade do professor e dos alunos como sendo
interdependentes.

d. A aplicação de cada método de ensino-aprendizagem faz-se


mediante o recurso de varias técnicas de ensino, aplicaveis
também noutros métodos de ensino.

e. Quando uma técnica de ensino nao é apropriada aos alunos,


conteudos, etc, também o método correspondente não estarà em
condições de promover aprendizagem de qualidade nos alunos

f. A utilização correcta de diferentes técnicas pedagógicas contribui


para que o método desempenhe, de facto, a sua função de gestão
da situação de formação
162 Lição 23

Lição 23

Classificação dos métodos de


ensino e aprendizagem

Introdução
Perante uma turma, mas sobretudo durante a fase de planificação da aula,
provavelmente o professor se pergunta sobre que métodos utilizar. Para
responder a esta questão importa, pois, do lado professor ter um
inventario geral sobre as possibilidades de métodos que se podem utilizar
no PEA.

De certeza que esta seria também uma questão que você iria se colocar. De
facto, não pretendemos que, para cada situação, lhe darmos indicações sobre
o(s) métodos que deveria utilizar, senão alistarmos as variedades destes
métodos, conforme os diferentes tipos de classificação de métodos de ensino-
aprendizagem que temos a disposição na literatura pedagogica.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

Mencionar as diferentes classificações de métodos de ensinoaprendizagem

Identificar os métodos de ensino-aprendizagem propostos por cada um


Objectivos dos tipos de classificação

Caracterizar os diferentes métodos de ensino aprendizagem

Utilizar os varios métodos de ensino-aprendizagem, reconhecendo as suas


vantagens e limitações, sob ponto de vista didactico
Didactica Geral : Aprender a ensinar 163

1. Quais são os tipos de métodos de ensino-aprendizagem que


conhece?

Actividade 27

É difícil dizer com precisão os tipos de métodos de ensino-aprendizagem.


Provavelmente esta é a conclusão a que chegou. Isso é verdade na medida
em que é impossível de identificar uma classificação de métodos de
ensino aceite por todos. Por isso é importante estudar as distintas
classificações com o objectivo de o professor/formador aprofundar seus
conhecimentos teóricos para, a partir deles, enriquecer a sua prática
pedagógica. Das classificações de métodos de que podemos fazer
referência, temos o caso, por exemplo, das 4 delas que a seguir se
apresentam:

Classificação segundo as vias lógicas de obtenção do conhecimento:

Métodos indutivos

Métodos dedutivos

Métodos analítico - sintético

Classificação segundo as fontes de obtenção dos conhecimentos :

Métodos orais (os que se centram na palavra como fonte essencial de


aquisição de conhecimentos. Ex : conversação, exposição, conto,
narração, etc)

Métodos de percepção sensorial (os que se centram nas fontes visuais.


Ex : ilustração, demonstração, etc)

Métodos práticos (os que se fundamentam no uso de exercícios


escritos e gráficos, nos trabalhos em laboratórios, nos ateliers,
etc)

Classificação tendo em conta aspectos que realçam as posições do professor,


do aluno, da disciplina e organização escolar (De Nérici):

a. Métodos quanto à forma de raciocínio :


164 Lição 23

Método dedutivo

O professor procede do geral para o particular;


O professor apresenta conceitos ou princípios, definições ou afirmações, dos quais se
extraem conclusões ou consequências ;
Permite tirar consequências, prever o que pode acontecer, ver a riqueza de um princípio
ou de uma afirmação.

Método indutivo

O assunto é estudado por meio de casos particulares, sugerindo - se que se descubra o


princípio geral que os rege ;
Começa com a apresentação de elementos que originam generalizações por parte dos
alunos com ou sem ajuda do professor
Basea - se na experiência, na observação, nos factos.

Método analógico, comparativo ou transdutisco

Utiliza -se quando os dados particulares apresentados permitem comparações que levam
a concluir por semelhança
O pensamento procede do particular para o particular. Por isso, este método pode
conduzir o aluno a analogias entre o reino vegetal e mesmo animal, com relação à vida
humana.

b. Métodos quanto a coordenação da matéria

Método lógico

Os dados ou factos são apresentados em ordem de antecedência e consequência ; A


estruturação da matéria, dos factos ou elementos é do menos para o mais complexo, ou
da origem à actualidade
Principalmente faz a ordenação partido da(s) causa(s) para o(s) efeito(s).

Método Psicológico
A ordem dos elementos segue - se mais segundo os interesses, necessidades e
experiências dos alunos ;
Segue mais a motivação do momento do que um esquema rígido previamente
estabelecido;
Atende a idade evolutiva dos alunos ao invés de determinações da lógica do adulto
Didactica Geral : Aprender a ensinar 165

c. Métodos quanto a relação do professor com o aluno

Método individual
Destina-se a educação de um só aluno/formando ; Trata-se do
caso em que um professor está para um aluno ;
É recomendável em casos de recuperação para alunos que, por qualquer motivo,
tenham-se atrasado nos seus estudos. Também pode ser usado em casos de alunos
excepcionais, que requerem um tratamento individualizado

Método recíproco
É o que se usa quando o professor encaminha alunos a ensinar colegas ;
Este método é devido a Lancaster (daí que é também chamado método lancasteriano)
que, impressionado com o número de alunos e a escassez de professores, imaginou
preparar monitores

Métodos de ensino colectivos


Dirigem -se ao mesmo tempo e sob as mesmas condições para todos os educandos ; De
modo geral, o professor actua com base no aluno médio
As tarefas a serem desenvolvidas individualmente sao as mesmas para todos os
alunos. Considera - se que todos os alunos podem marchar no mesmo ritmo ;
Exemplos destes métodos : método expositivo, de arguição, de leitura, etc.

Métodos de ensino individualizado

Procuram ajustar o ensino a realidade de cada aluno, o que é vantajoso no sentido de que :
 O aluno passa a ser o centro da acção educativa
 O ensino é adequado realmente as condições pessoais dos alunos
 O aluno trabalha com o máximo de liberdade, mas com senso de responsabilidade
 Possibilita a motivação, o que favorece o crescimento pessoal
 Propicia o desenvolvimennto da criatividade.
Entretanto:
 Não favorece a sociabilização do aluno, quando o aluno trabalha sozinho;
 Não oferece situações de estudo compatíveis com a realidade
 É mais caro
Dos exemplos destes métodos temos : método montessori, Plano Dalton , Técnica
Winnetka, Ensino por unidades de Morrison, Módulos instrucionais ou ensino programado,
etc
166 Lição 23

Métodos de ensino socializado-individualizado

Procura encarar o aluno em seus aspectos fundamentais, i.é, comme individuo e membro duma
comunidade ou de um grupo ;
Visa alcançar as vantagens do ensino individualizado e as do ensino em grupo ; Habilita o
aluno a cooperar com seus semelhantes e prepara - lo para enfrentar, sozinho, situações reais
que a vida lhe oferece ;
Durante o estudo de uma unidade oferece - se ao aluno oportunidade de trabalho
individual de trabalho em grupo ;

Uma tarefa pode ser enfrentada em grupo e, a seguir, individualmente, para formar
cidadão consciente, que toma suas decisões com base no seu raciocínio.

d. Métodos quanto a concretização do ensino

Método simbólico ou verbalístico

Todos os trabalhos da aula são executados através da palavra, o que causa


imediatamente desinteresse dos alunos nos trabalhos da classe, mas economiza
o tempo

Método intuitivo
A aula é efectuada com auxilio de concretizações, à vista das coisas tratadas ou de seus
substitutos imediatos ;
Exemplos dos elementos intuitivos que podem ser usados são : contacto directo com a
coisa estudada, experiências, trabalhos em oficinas, visitas e excursões, recursos
audiovisuais (cartazes, modelos, esquemas, quadros, projecções fixas ou móveis,etc)

e. Métodos quanto a sistematização da matéria

Métodos de sistematização

O esquema da aula não permite flexibilidade alguma, através


dos seus itens logicamente entrosados, não dando
RÍGIDA oportunidade de esponeidade alguma ao assunto da aula.

O esquema da aula permite certa flexibilidade para


melhor adaptação as condições reais da turma
Permite o desenvolvimento do programa segundo um
SEMI - RÍGIDA conjunto de circunstâncias
Didactica Geral : Aprender a ensinar 167

Método ocasional

Aproveita a motivação do momento, bem como acontecimentos relevantes do


meio;
As sugestões dos alunos e as ocorrências do momento orientam os assuntos do
momento
Acarrecta falta de continuidade e profundidade ao ensino.

f. Métodos quanto a actividade dos alunos

Método Passivo

Enfatiza a actividade do professor, ficando os alunos em atitude passiva ; Suas


formas de realização podem ser os ditados, a exposição oral, lições do livros,
perguntas e respostas, etc

Métodos activos

A aula decorre com a participação dos alunos;


Se desenvolve à base da realização da aula por parte do aluno, em que o professor
torna-se um orientador, um incentivador e não um transmissor do saber, um
ensinador.

g. Métodos quanto à aceitação do que é ensinado

Método dogmático

O aluno supõe sempre que o que o professor estiver ensinando é a verdade


absoluta

Método heurístico
Consiste em o professor interessar o aluno a compreender antes de fixar,
implicando justificativas lógicas e teóricas que podem ser apresentadas pelo
professor ou pesquisadas pelo aluno

h. Métodos quanto a abordagem do tema

Método analítico

Implica a análise, a separação de um todo em suas partes ou em seus elementos


constitutivos;
Basea-se na concepção de que, para compreender um fenómeno , é preciso
conhecer-lhe as partes que o constituem.
168 Lição 23

Método sintético

Implica a síntese, a união de elementos para formar um todo;


Postula que para compreender um objecto ou fenómeno , é preciso realizar um
trabalho de associação das partes até chegar-se ao objecto ou fenómeno

Sumário
A classificação dos métodos que fizemos referência nesta lição nos mostra
claramente que os diferentes métodos de ensino, na sua utilização, dão enfâses
particulares, as quais se encontram, sempre, diametralmente opostas. Por
exemplo, quanto a aceitação do conteudo, encontramos que, de um lado o
professor pode interessar ao aluno a compreender antes de fixar, implicando
justificativas lógicas e teóricas que podem ser apresentadas pelo professor ou
pesquisadas pelo aluno, ou, de contrario o aluno supõe sempre que o que o
professor estiver ensinando é a verdade absoluta. Esta oposição, que podemos
encontrar no resto das perspectivas de doutras formas de abordagem dos
métodos de ensino (ex : quanto a abordagem do tema, à actividade dos alunos, à
sistematizaçao da matéria, à concretização do ensino, etc), é indicativo de que,
no ensino, temos vàrias possibilidades de actuação do professor diante dos
alunos.

O dilema que surge, entretanto, é o de julgar estas varias possibilidades de


actuação do professor, sabendo-se que, por exemplo, ao longo duma aula, com
tema determinado, pode haver momentos mais adequados para estimular maior
actividade, participaçao dos alunos (através de palavras, actos, discussões, etc),
enquanto noutros o professor « pega a mão » e «trilha os caminhos » que os
alunos devem seguir para se darem conta de algumas noções, principios ou
mesmo aplicações.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 169

Exercícios

Indique a alinea que corresponderia mais a uma caracterizaçao do método


Passivo :
a. Ocorre separação de um todo em suas partes ou em seus
elementos constitutivos;
Auto-avaliação 2
b. Os alunos são sujeitos da sua aprendizagem

c. O professor incita os alunos a descobrirem a relação entre o que


aprenderam anteriormente e o conteudo da aula em questão

d. As sugestões dos alunos e as ocorrências do momento orientam


os assuntos do momento
e. O esquema da aula permite certa flexibilidade para melhor
adaptação as condições reais da turma

f. A aula é efectuada com auxilio de concretizações, à vista das


coisas tratadas ou de seus substitutos imediatos

g. A aula ocorre fundamentalmente em forma de ditados, de


exposição oral, de lições do livros, de perguntas e respostas, etc
170 Lição 24

Lição 24

Classificação dos métodos de


ensino e aprendizagem
(Continuação)

Introdução
Para além das classificações de métodos de ensino que acabamos de aprender na
aula anterior, exite a segundo o tipo de inteirações entre o professor e o aluno
(De Klingberg), a qual considera existirem três variantes metódicas bàsicas:

Método expositivo

Elaboração conjunta

Trabalho independente

Vendo esta classificação de Klingberg, lembremos a questão colocada


sobre «porque a classificação de métodos de ensino-aprendizagem tem
sido a mais utilizada pelos professores, particularmente em
Moçambique». E em jeito de resposta, e analisando todas as outras
classificações anteriores, pode observar que esta classificação de
Klingberg tem sido largamente utilizada em virtude de nela poderem-se
incluir o resto dos métodos e técnicas de ensino indicados pelos outros
autores, mas também parece-nos ser de fácil uso no processo de ensino
aprendizagem. Por outro lado, devemos notar que a utilização dos
métodos de ensino no PEA não ocorre nem deve ser de forma que se
utiliza preferencial e exclusivamente um determinado método de ensino ;
a combinação e a alternância dos métodos de ensino é uma das
estratégias pedagógicas importantes na utilização dos métodos de ensino.
Ela enriquece o conjunto das relações entre o professor e o
aluno/formando, para além de quebrar uma possível sensação de
monotonia.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 171

Ao completer esta lição, você será capaz de:

Caracterizar a variantes métodica bàsica « exposição »

Identificar as potencialidades e limitações (perigos) da « exposição »

Objectivos Explicar as formas de utilizaçao da « exposição »

Mencionar os momentos/situações mais apropriado(a)s para se fazer recurso à


« exposição »

Recorrer à toda variedade d e formas da « exposição » para realizar um ensino


dinâmico e variavél.

1. A classificação de Klingberg, sendo a mais utilizada pelos professores,


com base em entrevistas a estes professores, diga, para o caso da
« exposição »:
Actividade 28
a. Quais são as suas características, potencialidades e
perigos/inconvenientes?

b. Quando é que se utiliza?

c. Que orientações darias aos professores para melhor optimizar


esta variante metódica?

d. Quais são e como se caracterizam as formas da sua realização?

Imaginamos que já conversou com os professores da sua escola ou


doutras escolas, provavelmente já os observou em algumas ocasiões, mas
também reflectiu sobre a sua própria experiência pessoal na actividade
docente. Por essa razão, pode concordar connosco se, no esforço de
caracterização de cada uma das variantes metódicas referidas
anteriormente vermos o essencial que as caracteriza nos seguintes
termos :

1. Método de ensino expositivo

Caracteristicas : Caracteriza - se por uma maior actividade visível do


professor e por uma atitude de aprendizagem receptiva por parte dos alunos : o
professor [ou aluno(s)] expõe a matéria e os alunos « recebemna». Isto
acontece quando se sabe que as « exposições » do professor só
172 Lição 24

são « recebidas » pelos alunos se o professor conseguir estimular a


actividade independente destes.

Quando se aplica

Quando se deseja transmitir muita matéria de modo sistématico e em


tempo relativamente curto ;

Quando à partir da matéria a tratar não é possível ou há muito poucas


possibilidades de conduzir directamente os alunos aos factos e
fenómenos que se desejam transmitir. Quer dizer, quando os conteúdos
só podem ser medeados indirectamente ;

Quando os conteúdos são muito complexos/abstactos ;

Quando os alunos não têm bases suficientes em termos de pré -


requisitos.

Potencialidades

Tem potencialidades educativo - emocionais, quer dizer , tem grande


possibilidades de poder tornar efectiva a força educativa da palavra do
professor ;

Desenvolvimento nos alunos da capacidade de concentração e da


actividade mental na aprendizagem receptiva ;

Mediação racional e eficiente dos conteúdos. O aumento impetuoso dos


conhecimentos científicos conduz à uma acumulação cada vez maior do
saber humano e, assim, sem a capacidade de assimilação receptiva (mas
também activa) de grandes campos de matéria, o indivíduo não poderia
vencer a confrontação com este cenário.

Perigos/inconveniências

Perda de atenção/concentração, resultando em baixa qualiadade de


aprendizagem

Sobrecarregamento da memória de curta duração devido à :

Demasiada informação
Didactica Geral : Aprender a ensinar 173

Passos de raciocínio demasiado grandes (obrigando a recorrência à de


longa duração, perdendo-se deste modo o fio da exposição

Aprendizagem limitada ao nível reprodutivo ;

Maior perigo : comodismo do professor, ou seja, menos esforço na


preparação das aulas, resultando na acumulação de todos os factores
negativos no PEA

Algumas orientações gerais

Dar indicações prévias, orientando a atenção para os pontos essenciais


da exposição ;

Controlar continuamente a atençao e concentração dos alunos ;

Dosear bem a quantidade da informação

Conseguir a atenção involuntária inserindo elementos interessantes,


emotivos, motivadores;

Fazer perguntas de controle durante a exposição;

Fazer repetir/resumir o essencial no fim da exposição; Usar a

matéria em actividades de aprendizagem subsequentes.

Formas de realização

Primeiro, é preciso notar que somente podem ser esgotadas todas as


possibilidades que oferece o método de ensino expositivo quando o professor
explora convenientemente todas ou a maior parte das formas ou possibilidades
de aplicação deste método, as quais são as seguintes : a exemplificação, a
demonstração, a ilustração e a exposição.

Forma i) : A exemplicação

A exemplificação consiste em o professor exemplificar determinadas


actividades, acções e modos de conduta. No ensino elementar é inquestionável a
importância da exemplificação. Podemos encontra-la quando o professor, a
maneira de exemplo, diz algo previamente para que os alunos o repitam, quando
faz uma leitura prévia em voz alta, quando
174 Lição 24

escreve, quando canta para que os alunos o repitam, quando faz os


exercícios de ginástica para que os alunos observem e depois o realizem,
quando faz desenho prévio, etc. Muitas dificuldades métodicas são
vencidas deste modo, sem ter que falar muito. Em cada exemplificação
vai implícita a exortação à imitação, o convite a repetir uma actividade
dada.

No ensino puramente especializado (como a formação de professores, por


exemplo) não se pode renunciar a exemplificação da actividade docente.
Precisamente, os alunos de maior idade têm uma necessidade de orientar a sua
actividade de acordo com exemplos observados. Isso não se aplica somente na
estreita esfera das habilidades, mas também nos rendimentos elementares e
morais mais complexos. No fundo, toda a actividade do professor está regida
pela lei do exemplo e do exemplar: parte da sua activiadade e da sua conduta
têm força exemplificadora, é um dos impulsos mais efectivos para o rendimento
e a conduta dos alunos.

Forma ii) : A ilustração e a demonstração

A ilustração e a demonstração servem, principalmente, como representação de


factos, de fenómenos e de processos. A exemplificação é também uma forma de
representação, mas enquanto nela o desenvolvimento de capacidades e de
habilidades está em primeiro lugar, a ilustração e a demonstração são, antes de
tudo, meios representativos para a assimilação de conhecimentos.

A ilustração é adequada quando representa graficamente determinado estado de


coisas, através dos mais variados meios de ensino e aprendizagem estáticos ; Ex
: gráficos, mapas, esquemas, modelos, etc.

Por sua parte, a demonstração representa processos. Ela faz a


representação de processos originais com relação a realidade (em
excursões, visitas a sectores de produção mediante a demonstração de
actividades, etc) e, por outra parte, a reconstrução de determinados
processos na aula (na demonstração de ensaios e experimentos, na
projecção de peliculas, etc). E, para que seja pedagogicamente mais
eficaz, deve-se dar (se possível) aos participantes (estudantes, neste caso)
a oportunidade de praticar, idealmente no fim de cada passo da
demonstração, reforçando os aspectos positivos e dando ajuda se eles não
fizerem como na demonstração.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 175

Em suma, diferenciamos a ilustração de fenómenos estáticos, da demonstração


de fenómenos processuais, porque as exigências cognitivas que se fazem aos
alunos nesse sentido são diferentes.

Forma iii) : Exposição oral

A exposição oral é a principal forma do método expositivo, sobretudo nos


lugares onde não é possível levar os alunos directamente aos fenómenos em sua
forma original ou representativa através da exemplificação ou da demonstração.
Para que ela seja produtiva, o formador deve conhecer e dominar as técnicas da
exposição-o domínio da voz e do gesto, organização dos materiais de suporte e
de gestão do tempo, etc. Podemos considerar um conjunto de regras, ou melhor,
de conselhos, que cada um pode adaptar ao seu estilo pessoal :

O discurso escrito e o discurso oral são difzerentes e, por consequência,


o formador não pode numa aula ler um texto que antecipadamente
escreveu. Convém, portanto, não ler notas escritas, mas apenas
percorrer algumas palavras - chave ;

Convém ser-se afirmativo, simples e preciso. O melhor estilo é aquele


que é composto por frases positivas curtas, simples e independentes. O
excesso de frases negativas provoca uma maior dificuldade de
compreensão ;

As imagens e os exemplos ajudam a compreensão e a retenção, obrigam


a um esforço de descrição e favorecem as pessoas com boa memoria
visual ;

O olhar, a voz, a postura - é necessário olhar os formandos nos


olhos, sem, no entanto, os fixar, para sentirem o reflexo da
segurança. O tremor da voz trai qualquer exposição e quando nos
apercebemos do tremor, este tende a acentuar-se. O ritmo da voz
também é importante, havendo toda conveniência em introduzir
alguns silêncios entre as frases. Uma boa postura facilita uma
melhor ventilação dos pulmões e toda a nossa energia se deve
concentrar no que dizemos, não se devendo perder em aspectos
secundários.
176 Lição 24

Sendo esta variante ser, por vezes, predominante nos formadores, não é
aconselhável a sua utilização muito frequente e por longos períodos de
tempo, sob pena de a passividade dos formandos vir a atingir níveis
demasiado elevados.

Sumário
O método expositivo, visto sob ponto de actividade do professor e do aluno,
concede maior espaço de tempo de actividade ao professor, eis porque poderia
ser classificado como tendo muita probabiliade de desenvolver uma
aprendizagem passiva nos alunos. Entretanto, quando bem utilizado, reactivados
os pré-requisitos dos alunos, através do método expositivo (particularmente
através da ilustração, demonstração e, mesmo, da exposição oral) é possivel
possenguir mobilizar a actividade mental dos alunos, chamando atenção para a
interligação do quê veem e ouvem com as aprendizagens anteriores, com
situações da vida real e a sua aplicação concreta na vida real.

Neste caso, como veremos nas aulas anteriores, se quisermos que a exposição
seja mesmo util para a promoção da aprendizagem activa dos alunos, estamos
em crer que, para além do professor, os alunos também podem participar
(individualmente ou em grupos) com pequenas exposições, ilustrações e
demonstrações que, de igual modo, servirão para testemunhar o nivel de
compreensão dos alunos dos assuntos que estao sendo tratados na aula.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 177

Exercícios

Qual das afirmações abaixo caracteriza uma aula em que predomina o


método expositivo é:

a. Maior actividade visivel do professor


Auto-avaliação 3
b. Participaçao dos alunos predominantemente limitada a tomada de
notas, respostas à perguntas do professor quando solicitados,
recurso a linguagem verbal (escrita e oral) para mediação e
assimilação do saber

c. O olhar do professor fixa-se no conteudo a ensinar, nos


procedimentos do professor, pondo o aluno por detràs do ritmo do
professoressor

d. Requerido para tratamento de assuntos complexos, que


constituem novidade para os alunos

e. Fadiga mental dos alunos, sobretudo quando a exposição é


demasiadamente longa e sem recurso a ilustrações,
exemplificações e demonstrações

f. Possibilidade de avançar muito rapidamente com a matéria

g. Limitação das oportunidades de participação dos alunos na aula,


quer através de perguntas-respostas, discussões-debates, quer de
manipulação de objectos e apreciação de elementos reais que
podem representar o saber que se pretende mediar

h. Proceder a demonstração nas apenas nas aulas de repetição, de


consolidação da matéria.
178 Lição 25

Lição 25

Classificação dos métodos de


ensino e aprendizagem
(Conclusão)

Introdução
Na aula passada foi apresentada a variante métodica bàsica « exposição »,
faltando outras, nomeadamente o trabalho independente e a elaboraçao conjuta.
O essencial desta duas outras variantes métodicas bàsicas é, como fizemos com
a exposiçao, discutirmos sobre as suas caracteristicas, as situações em que se
aplica, as vantagens e limitações e, finalmente, as formas especificas que
podemos utilizar.

Neste sentido, os objectivos que se colocam para esta aula correspondem


exactamente uma continuidade da aula passada, devendo, entretanto, nos
concentrarmos sobre a variante métodiica bàsica « trabalho independente », eis
porque ao completer esta lição, você será capaz de:

Caracterizar a variante métodica bàsica «trabalho independente»

Objectivos Identificar as potencialidades e limitações (perigos) da «trabalho


independente»

Explicar as formas de utilizaçao da «trabalho independente»

Mencionar os momentos/situações mais apropriado(a)s para se fazer recurso


à «trabalho independente»

Recorrer à toda variedade d e formas da «trabalho independente» para


realizar um ensino dinâmico e variavél.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 179

1. A classificação de Klingberg, sendo a mais utilizada pelos professores,


com base em entrevistas a estes professores, diga, para o caso do
« trabalho independente e elaboração conjunta »:
Actividade 28
a. Quais são as suas características, potencialidades e
perigos/inconvenientes?

b. Quando é que se utiliza?

c. Que orientações darias aos professores para melhor optimizar esta


variante metódica?

d. Quais são e como se caracterizam as formas da sua realização?


Evidentemente que depois de ter caracterizado a « exposiçao », deve lhe ser
facil de encontrar as carcteristicas do « trabalho independente », assim como
outras questões que lhe foram colocadas nesta actividade. De facto, queremos
concordar consigo, em termos de respostas, quando afima o seguinte em
relaçao à cada uma das questões :

1. Trabalho independente

a. Caraceristicas : O método de trabalho independente caracteriza-se


por uma maior actividade visível dos alunos, individualmente ou em
grupo. É por isso que a autoactividade e a independência experimentam
aqui sua máxima expressão, uma vez que o método de trabalho
independente consiste de tarefas, dirigidas e orientadas pelo professor,
para que os alunos as resolvam de modo relativamente independente e
criador. Jessipow cita duas caracteristicas do trabalho independente dos
alunos:

É uma tarefa posta pelo professor dentro dum tempo razoável


para que os alunos possam soluciona-la ;

É uma necessidade resultante da tarefa que têm o(s) aluno(s) de


buscar e tomar as melhores vias para sua solução, pondo em
tensão suas forças.
180 Lição 25

b. Quando se utiliza

Quando os alunos têm bases de conhecimentos, habilidades e


comportamentos ;

Quando há diferenças de aproveitamento (o professor pode dar mais


apoio aos mais fracos e/ou os elementos mais fracos do grupo são
apoiados pelos outros) ;

Há tempo disponível ;

Quando os alunos podem coordenar correctamente a tarefa e o(s)


método(s) de solução, aplicar os conhecimentos e capacidades que
possuem e resolver a tarefa que lhes foi posta.

c. Potencialidades

Eleva os rendimentos de aprendizagem nos alunos, levando a um maior


desenvolvimento das habilidades de aprendizagem e a uma
aprendizagem mais eficaz ;

Aumenta a efectividade do processo de assimilação, uma vez que o


trabalho independente conduz, por regra geral, a uma assimilação mais
consciente, profunda e duradoira ;

A atitude instável de alguns alunos diante da aprendizagem se estabiliza


quando tem que resolver verdadeiras tarefas ;

Desenvolvimento da independência na aprendizagem, isto é, da auto-


aprendizagem;

Possibilita trabalho diferenciado dos alunos, com ou sem apoio do


professor. Razão pela qual o trabalho independente pode possibilitar
aproximar os rendimentos dos « alunos fracos » aos dos « alunos fortes
»;

Quando em grupo, permite o desenvolvimento de atitudes e


comportamentos de trabalho em equipe com os colegas;

Permite sistematizar e consolidar conhecimentos, habilidades e hábitos.


Didactica Geral : Aprender a ensinar 181

d. Perigos

Falta de contrôle do tempo, por exemplo para avaliação/discussão com


todos ;

Tarefas demasiado defíceis ou fáceis ;

Orientação insuficiente para a execução das tarefas ou exercícios Falta

de materiais/meios para o cumprimento da tarefa.

e. Algumas orientações

Planificar o trabalho independente, pressupondo : o

avaliar o tempo

o dar orientações claras

o proporcionar materiais/meios necessários

o verificar qual parte do tema ou da unidade da matéria é mais


apropriada para o trabalho independente dos alunos

o ter em conta sobre « como tem lugar a colocação e


distribuição das tarefas pelos alunos” (ex: fases de aulas,
distribuição das tarefas pelos diferentes alunos, formação de
grupos de trabalho independente, etc)

Acompanhar de perto o trabalho, tanto o individual, como o em grupo ;

Aproveitar o resultado das tarefas (de um aluno ou grupo) para toda a


turma;

Dar tarefas claras, compreensíveis e adequadas, à altura dos


conhecimentos e capacidades de raciocínio dos alunos.

f. Algumas formas de realização

Forma i) : Estudo dirigido individual ou em grupo. Ele se cumpre basicamente


por meio de duas funções : a realização de exercícios e tarefas de reprodução de
conhecimentos e habilidades que se seguem à
182 Lição 25

explicação do professor ; e a elaboração de novos conhecimentos a partir de


questões sobre problemas diferentes daqueles resolvidos na turma.

Forma ii) : Fichas didácticas, a pesquisa escolar (resposta à questões com


consulta a livros ou enciclopédias) e a instrução programada. As fichas
didácticas englobam fichas de noções, de exercícios e de correcção. Cada tema
estudado recebe uma numeração de acordo com a sequência do programa. Os
alunos vão estudando os conteúdos, resolvendo os exercícios e comparando as
suas respostas com as quais estão contidas nas fichas de correcção.

2. Elaboração conjunta

a. Caracteristicas. A elaboração conjunta consiste numa interacção


activa entre o professor e os alunos visando a obtenção de novos
conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções, bem como a
fixação e consolidação de conhecimentos e convicções já
adquiridos. Quer dizer, nesta variante métodica existe um maior
equilibrio da actividade visível do mediador/professor/formador e
dos alunos.

b. Quando se utiliza

Na aplicação de conhecimentos/capacidades/habilidades para


se chegar à novas compreensões, conclusões, conceitos e
juizos ;

Quando os alunos dispõem de um determinado material de factos,


de conhecimentos elementares, ou seja, quando estes têm os pré-
requisitos ;

Para aproveitar as experiências/vivências dos alunos ; Há

tempo disponível ( ?)

c. Potencialidades

Enriquecimento da aprendizagem pelas contribuições de muitos

Desenvolvimento da capacidade de formulação e argumentação;


Didactica Geral : Aprender a ensinar 183

Desenvolvimento da capacidade de formar opiniões e pontos de


vista;

Desenvolvimento do respeito pelas opiniões dos outros;

Controle imediato do nível de assimilação/aprendizagem dos alunos.

d. Perigos

A aprendizagem “perde-se » na conversa quando não há uma orientação


muito boa ;

Os alunos não contribuem por se sentirem avaliados (e terem medo de


errar/falhar) ;

Maior dificuldade de desenvolvimento orgânico e sistemático do


PEA

e. Algumas orientações gerais

Ter em conta certas condições prévias : a incorporação pelos alunos dos


objectivos a atingir, o domínio de conhecimentos básicos ou a
disponibilidade pelos alunos de conhecimentos e experiências que,
mesmo não sistematizados, são pontos de partida para o trabalho de
elaboração conjunta ;

Criar uma atmosfera em que os alunos se sintam estimulados para


responderem/contribuírem/participarem na discussão;

Fazer com que todos participem;

Deixar o aluno terminar de falar;

Aproveitar respostas incorrectas para a discussão, fazendo com que os


colegas participem na discussão;

O aluno deve ficar a saber o que estava certo e/ou errado na sua
contribuição;

Não corrigir todos os detalhes incorrectos


184 Lição 25

f. Formas de realização

Forma i) : Diálogo : * perguntas do professor:

Elaborativas

Evolutivas

(Re)activadoras

* perguntas dos alunos

Forma ii): Discussão

Forma iii): Debate

Forma iv) : Painel, mesa redonda (=descussão entre peritos, com


assistência)

Forma v) : Forum (= respostas de peritos à perguntas da « plateia »)

Forma iv): Workshop, « oficina », semimário, etc.

A forma mais típica do método de elaboração conjunta é a conversação


didáctca. As vezes, denomina-se também aula dialógada, mas a
conversação é algo mais. Não consiste meramente em respostas dos
alunos às perguntas do professor, numa conversa « fechada » em que os
alunos pensem e falem o que o professor já pensou e falou, como uma
aula de catecismo. A conversação didáctica é “aberta” e o resultado que
dela decorre supõe a contribuição conjunta do professor e dos alunos. O
professor traz conhecimentos e experiências mais ricos e organizados ;
com o auxílio do professor, a conversação visa levar os alunos a se
aproximarem gradativamente da organização lógica dos conhecimentos e
a dominarem métodos de elaborar as suas ideias de maneira
independente.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 185

Sumário
O trabalho independente e a elaboração conjunta completam, juntamente com a
exposição, o ciclo das funções didacticas. Dizemos o ciclo porque, na verdade, a
sua utilização não significa especificamente que teriamos que recomendar uma
delas em separada para cada aula ou conjunto de aulas, senão que deve ser
articulando essas variantes métodicas bàsicas e as respectivas formas de
realização, de modo que, numa aula, poderemos ter momentos em que se utiliza
esta ou aquela variante métodica bàsica, esta ou aquela forma de realização das
diferentes variantes métodicas bàsicas. É precisamente nesta artyiculação que
reside a capacidadae criadora do professor e a de utilizar os métodos de ensino e
aprendizagem de forma fléxivel e dinâmica, tornando a aula viva.

Alias, como podemos nos aperceber, a escolha desta ou doutra variante


métodica bàsica ou das suas formas de utilização tem substancialmente a ver
com as paarticularidades dos alunos (seus pré-requisitos), com os conteudos,
com as caracteristicas do professor (exemplo, que determinarà sua maior ou
menor habilidade na utilizaçao das variantes métodicas basicas), assim como
dos meios de ensino. Estas em presença duma verdaaeira situação em que se
recomenda fortemente ao professor a inventar situações que correspondam a
diferentes actividades dos alunos, conforme permite cada forma de utilizaçéao
das variantes métodicas bàsicas, e assim tornar a aula num processo que
interessa aos alunos pela variações de actividades e situações vivenciadas na
sala de aula : o uso combinado das variantes métodicas bàsicas facilita
exactamente esta possibilidade de desenvolvimento dinàmico e variàvel das
situaações e experiências de aaprendizagem dos alunos.
186 Lição 25

Exercícios

Dos aspectos que seguem, diga os que se referem a variante métodica


basica “trabalho independente” e a “elaboração conjunta”:

a. Equilibrio da actividade visivel na sala, entre o professor e os


Auto-avaliação 4 alunos

b. Convesação didactica

c. Realização de exercicios na sala de aulas ou fora dela


individualmente ou em grupos

d. Precaver-se sobre como e em que momento colocar a tarefa a ser


resolvida pelo aluno

e. Envolver maior numero possivel, senão todos os alunos, na


discussão dos varios assuntos da aula

f. Relançar as duvidas, perguntas e erros de cada aluno para obter


contribuições dos outros alunos

g. Providencia mais oportunidades aos alunos para que cada um (ou


grupo de alunos) aprenda ao seu ritmo

Respostas aos exercícios de Auto-avaliação

Auto-avaliação 1 : Afirmações com as quais concorda { a), c), d), e) e f)},


Afirmações com as quais não concorda { b) }

Auto-avaliação 2 : Alíneas que correspondem mais à uma caracterização do


método expositivo : a) e g)

Auto-avaliação 3 : Afirmações que caracterizam uma aula em que


predomina o método expositivo : Todas

Auto-avaliação 4 : Trabalho indepedente { c), d) e g) }, Elaboração conjunta


{ a), b), e) e f) }
Didactica Geral : Aprender a ensinar 187

Unidade 5

MEIOS DE ENSINO E
APRENDIZAGEM

Introdução
Qualquer ensino, mesmo o mais tradicional que seja, apoia-se em meios
ou recursos; alias, esta é uma particularidade inerente a todas actividades
humanas que, para a sua realização, um minimo de recursos materiais e
humanos (para além de financeiros, em certos casos) se torna
indispensavel.

No caso do ensino trata-se sobretudo de meios que se devem utilizar para


despertar a motivar a actividade dos alunos, ao mesmo tempo que poderão
representar forma através da qual os conteudos sao representados e
concretizados, tornando-os reais e palpaveis, proximos dos alunos. Portanto, sao
estes meios de ensino que iremos tratar nesta unidade, ao fim da qual você será
capaz de:

Definir meios de ensino-aprendizagem

Explicar a finalidade com que se usam os meios de ensino


aprendizagem
Objectivos
Usar critérios apropriados para determinar os meios de
ensinoaprendizagem mais apropriados para uma aula

Classificar os meios de ensino-aprendizagem

Explicar a importância do uso dos meios de ensino-aprendizagem


188 Lição 26

Lição 26

Conceito, finalidades e critérios de


utilização dos meios de ensino-
aprendizagem

Introdução
Dissemos anterormente que em qualquer situação de ensino
aprendizagem se usam meios ou recursos didacticos. Trata-se de uma
variada gama de dispositivos materiais e humanos, naturais e artificiais,
que o professor utiliza para facilitar o seu trabalho didactico. Quer dizer,
os meios de ensino sao usados com determinados fins pedagogicos, os
quais iremos ver nesta aula, mas antes de mais falaremos do conceito e,
finalmente, os critérios a ter em conta na utilização dos meios de ensino
apendizagem.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

Definir meios de ensino-aprendizagem

Explicar como os meios de ensino-aprendizagem ajudam a tornar mais


intuitivo o ensino
Objectivos
Enumerar as finalidades do uso dos meios de ensino-aprendizagem

Utilizar os meios de ensino-aprendizagem para enriquecer a


experiência dos alunos na sala de aula e fora dela

Explicar os critérios que se devem ter para o correcto uso dos meios de
ensino-aprendizagem
Didactica Geral : Aprender a ensinar 189

1. Existem varios tipos de meios de ensino-aprendizagem que o


professor e alunos utilizam para optimizar a actividade do
professor e dos alunos.
Actividade 30
a. A partir da sua experiência, defina meios de ensino
aprendizagem.

b. Explique para quê, ou seja, quais sao as finalidades para as


quais se usam os meios de ensino aprendizagem.

c. Elabore uma lista, a mais exaustiva possivel de critérios


importantes a ter em conta, pelo professor, na utilização dos
meios de ensino-aprendizagem.

CONCEITO
Você teve, essencialmente três questões. Por isso, é evidente que as
respostas para as alineas b) e c) estao dependentes do conhecimento que
tivermos sobre o conceito de meios de ensino. Pensamos que você jà
reflectiu o suficiente sobre a materia e, sobretudo, orientando-se na sua
experiência, quer como aluno, quer (provavelmente) como professor de
qualquer disciplina e classe que seja, você chegou a conclusão de que os
« meios ou recursos de ensino (também podendo ser designados recursos
didacticos) são todos os meios e recursos materiais e humanos utilizados
pelo professor e pelos alunos para a organização e condução métodica do
processo de ensino e aprendizagem ». O ideal seria que toda
aprendizagem se efectuasse em situação real de vida. Não sendo isso
possivel, os materiais/meios ou recursos de ensino tem por fim substituir
a realidade, representando-a da melhor forma possivel, de maneira a
faciltar a sua intuição por parte do aluno.

Por outras palavras, os recursos de ensino são componentes do ambiente da


aprendizagem que dão origem à estimulação para o aluno. Esses componenets
podem ser o professor, os livros, os mapas, os objectos fisicos, as fotografias, as
fitas gravadas, as gravuras, os filmes, os recursos da comunidade, os recursos
naturais e assim por diante.

O material didactico é uma exigência daquilo que està sendo estudado por meio
de palavras, a fim de tornà-lo concreto e intuitivo.
190 Lição 26

FINALIDADES DO USO DOS MEIOS


DE ENSINO-APRENDIZAGEM

A partir deste conceito de « meios de ensino-aprendizagem », como


anteviamos anteriormente, facilmente podemos chegar a conclusão de
que os meios de ensino-aprendizagem são usados com vista a
determinadas finalidades, dentre as quais, você deve ter mencionado as
seguintes:

Aproximar o aluno da realidade do que se quer ensinar, dandolhe noção


mais exacta dos factos e fenomenos estudados

Motivar e despertar o interesse dos alunos na aula Facilitar a

percepção e compreensão dos factos e conceitos

Concretizar e ilustrar o que està sendo exposto verbalmente (isto é,


visualizar ou concretizar os conteudos da aprendizagem)

Aproximar o aluno da realidade

Desenvolver acapacidade de obsevação

Desenvolver a experimentação concreta

Economizar esforos para levar os alunos à compreensão de factos e


conceitos

Auxiliar a fixação da aprendizagem pela impressão mais viva e


sugestiva que o material pode provocar
Didactica Geral : Aprender a ensinar 191

Dar oportunidade de manifestação de aptidões e desenvolvimento de


habilidades com o manuseio ou construção de aparelhos por parte dos
alunos.

Em resumo, pode dizer-se que, na escola actual, o material didactico, mais do


que ilustrar, tem por fim levar o aluno a trabalhar, a investigar, a decobrir e a
construir. Assume, assim, aspecto funcional e dinâmico, propiciando
oportunidade de enriquecer a experiência do aluno, aproximando-o da realidade
e oferendo-lhe oportunidade de actuaçao.

Entretanto, para que o material didactico seja realmente auxiliar eficiente do


ensino, deve obedecer as seguintes condições:

Ser adequado ao assunto da aula

Ser de fàcil apreensão e manejo

Estar em perfeito estado de funcioamento quando, principalmente, se


trata de aparelhos.

E, por outro lado, a utilização dos recursos de ensino deve ter em conta alguns
critérios e principios, nomeadamente:

Ao seleccionar um recurso de ensino deve-se ter em vista os objectivos


a serem alcançados. Nunca se deve utilizar um recurso de ensino so
porque està na moda

Nunca se deve utilizar um recurso que não seja conhecido


suficientemente de forma a poder empregar correctamente

A eficàcia dos recursos dependerà da interacção entre eles e os alunos.


Por isso, devemos estimular nos alunos certos comportamentos que
aumentam a sua receptividade, tais como a atenção, a percepção, o
interesse, a sua participação activa, etc.
192 Lição 26

As condições ambientais podem facilitar ou, ao contràrio, dificultar a


utilização de certos recurso. A inexistência de tomadas de energia
eléctrica, por exemplo, exclui a possibilidade de utilização de
retroprojector, projector de slides ou de filmes.

O tempo disponivel é outro elemento importante que deve ser


considerado. A preparação e utilização dos recursos exige
determinado tempo e, muitas vezes, o professor não dispõe desse
tempo. Então deverà buscar outras alternativas, tais como:
utilizar recursos que exigem menos tempo, solicitar a ajuda dos
alunos para preparar os recursos, solicitar a ajuda de outros
profissionais, etc.

Sumário
Um ensino activo, participativo requer inevitavelemente o uso de meios
de ensino-aprendizagem. Serà com base nestes meios que o professor
facilmente guiarà as experimentação, a observação e a manipulação dos
alunos, podendo, estes, descrever os factos e fenmenos representados
pelos meios deensino-aprendizagem . De facto, eles constituem um
grande suporte para a actividade do professor, no sentido de, através da
intuiçao, dos orgao de sentido, aproxima-se o aluno a realidade do que se
pretende aprender, visto que estes meios representam sempre um
conteudo especifico.

Com este procedimento, de uso de meios de ensino, os alunos estarao em


condições de estar cada vez mais despertos e aptos para a aprendizagem.
Entrentanto, resta, para um aproveitamento integral dos meios de ensino,
reconhecermos que eles nao se utilizam e nem devem ser utilizados com
finalidade em si mesmos, senao virados para à aprendizagem dos alunos, eis
porque, o professor precisa de ter dominio exaustivo sobre a finalidade com que
usa os meios, recorrendo, ao mesmo tempo, à principios e critérios
fundamentados sob ponto de vista didactico.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 193

Exercícios

Estando diante da conversa entre dois professores, cujo professor A aconselha o


B nos termos que se seguem, assinale apenas aqueles que considera possuirem
afirmações correctas:

Auto-avaliação 1 a. Os meios de ensino estimulam a actividade dos alunos

b. A eficàia dos meios de ensino na sala de aula està


condicionada a capacidade de mobilizar a atençao,
observação, manipulação dos alunos.

c. Para cada aula, todos os meios de ensino são vàlidos, é só


uma questão do professor ver o(s) que està(ao) proximos,
evitando assim « dar » aulas sem auxilio de quaisquer
que sejam os meios de ensino

d. A palavra do professor, o professor ele mesmo, nunca


pode ser um meio de ensino a explorar ; por isso, antes
de cada aula que cada professor faça o esforço de olhar
ao seu exterior, aos recursos materiais disponiveis

e. Meios modernos, aqueles que atraem mais a curiosidade


dos alunos por causa da novidade que inspiram são muito
mais funcionais que os conhecidos, mesmo que o
professor não tenha dominio suficiente sobre o
funcionamento daqueles

f. Um ensino em que se faz uso diversicado de meios,


desde que sejam adequados e utilizados eficazmente,
facilitam a fixação do conteudo pelos alunos
194 Lição 26

Lição 26

CLASSIFICAÇÃO DOS MEIOS DE


ENSINO-APRENDIZAGEM

Introdução
A insistência que possamos fazer sobre o uso correcto dos meios de
ensino requer o conhecimento dos varios tipos de meios existentes. Neste
sentido, vamos estudar, nesta aula, a classificaçao dos meios de ensino
aprendizagem, mas também iremos particularizar os meios audio-visuais
de modo a podermos salientar a grande importância que tem, comparando
com os outros meios : simplesmente visuais ou os que fazem recurso
apenas a audiçao.

Ao fim desta liçao, você serà capaz de :

Identificar os diferentes tipos de meios de ensino que se podem


utilizar no PEA
Objectivos
Explicar a importância dos meios de ensino audio-visuais

1. Quais são os meios de ensino de que servem os professores para


orientar o PEA ?

2. Dos meios que conhece, encontra algumas razões especiais que


Actividade 31 demonstram uma importância particular dos meios audio
visuais ?

Concerteza, concordamos consigo no sentido em que afirma de que


existem muitas classificações de meios de ensino-aprendizagem e, de
Didactica Geral : Aprender a ensinar 195

igual modo, constata-se que cada disciplina exige também seu material
especifico, como ilustrações e gravuras, filmes, mapas e globo terrestre,
discos e fitas, livros, enciclopedias, dicionarios, revistas, àlbum seriado,
manuais e livrs didacticos, etc, ao mesmo tempo que temos equipamentos
ou meios de ensino gerais necessàrios para todas as disciplinas (exemplo,
carteiras ou mesasz qudro-negro, projector de slides ou filmes, gravador,
flanelografo etc).

Tradicionalmente os meios de ensino são classificados em visuais (projecções,


cartazes, gravuras), auditivos (radio, gravações) e audiovisuais (cinema,
televisão), apesar de se reconhecer que, na pratica, as expressões verbais,
sonoras e visuais se complementam, fazedo com que os recursos/meios visuais,
auditivos e audiovisuais muitas vezes sejam funcionais quando se utilizam de
forma complementar.

Uma outra classificação de meios de ensino considera existirem:

 Professor
Meios/recursos humanos  Alunos
 Pessoal escolar
 Comunidade

Natural (àgua, folha, pedra, etc)


 Do ambiente
Escolar (quadro, giz, carteiras, etc)

Meios/recursos

materiais Bibliotecas, industrias, lojas


 Da comunidade repartições publicas, etc

Para além da classificação acima, uma outra que podemos registar


apresenta as seguintes categorias de meios de ensino-aprendizagem:

Categoria/tipo Exemplos

Meios simples de trabalho Cadernos, lapis, esferograficas, régua,


escantilhão, compasso, giz, apagador, etc

Moveis e equipamento Carteiras e mesa do professor,


196 Lição 26

geral das salas de aula armarios/estantes, etc

Partes de seres vivos ou na sua totalidade, vivos ou


mortos, exemplos minerologicos,
Objectos matérias primas, etc
originais/naturais

Reproduções ou imitações Modelos didacicos: modelo do sistema solar,


tridimensionais maquinas simplificadas

Aparelhos de demonstração e medição,


màquinas e ferramentas de produção, estojos
Aparelhos e aparelhagens de dissecação, microscopios, aparelhos em
para experiências e vidro (tubos de ensaio, pipetas, provetas,
produção buretas, alambiques, etc)

Meios visuais, auditivos e Veja a classificação anterior


audio-visuais

IMPORTANCIA DOS MEIOS AUDIOVISUAIS


Os meios de ensino que acabamos de apresentar, podemos destacar aqueles cuja
acçao se faz mediante o uso da visão (meios visuais), da audição (meios
auditivos) e, finalmente, aqueles que estimulam simultaneamente a visão e a
audição (meios audiovisuais), coloborando para aproximar a aprendizagem de
situações reais.

Quanto a utilização dos meios audiovisuais na sala de aula, devemos ter


presente que o homem toma conheciento do mundo exterior através de cinco
sentidos. Pesquisas revelam que aprendemos:

 1% através do gosto
 1.5% através do tacto
 3.5% através do olfacto
 11% através do ouvido
 83% através da vista

E retemos:

 10% do que lemos


 20% do que escutamos
 30% do que vemos
 50 do que vemos e escutamos
 70% do que ouvimos e logo discutimos
 90% do que ouvimos e logo realizamos
Didactica Geral : Aprender a ensinar 197

A partir destes dados concluimos que os cinco sentidos não têm a mesma
importância para a aprendizagem. Concluimos também que a percepção através
de um sentido isolado é menos eficaz do que a percepção através de dois ou
mais sentidos. Por isso é importante utilizar métodos de ensino que utilizem
simultaneamente os meios orais e visuais. Para reforçar essa importância dos
recursos audiovisuais, apresentamos os dados do quadro abaixo que nos ilustram
de que se retêm mais informações/dados por muito mais tempo se tiverem sido
assimilados através de métodos de ensino que combimem a estimulação da visão
e da audição dos alunos.

Dados retidos depois Dados retidos


de três horas depois de três
Método de ensino dias

Somente oral 70% 10%

Somente visual 72% 20%

Visual e oral simultaneamente 85% 65%

De facto, a partir destes dados surge a ideia de que o professor, para tornar a
aula mais dinâmica e com maiores potencialidades de atingir os objectivos, deve
combinar os meios auditivos com os visuais, evitando, quanto possivel, utiliza-
los separadamente.

Sumário
O meios de ensino constituem recursos de que se dispõe o professor para a
mediaço do saber aos seus alunos. O importante, nos parece evidente, é que eles
são tão diversicados pela sua natureza, assim como pela função que podem
desempenhar numa ou noutra aula, com este ou aquele conteudo, razão pela qual
devem ser cuidadosamente seleccionados e preparados antes da sua utilização
pelo professor e pelos alunos.

Nesta preparação, um aspecto marcadamente importante é que se exige do


profesor certacriatividade e imaginação : os meios de ensino nem
198 Lição 26

sempre estão pronto, pré-existentes e utilizàveis como foram


produzidos. O professor competente, neste caso, tendo um determinado
conteudo, assume o compromisso de adequar e, inclusive, produzir meios
através de objectos naturais, em virtude de que reconhece a importância que
estes meios têm na facilitação da sua actividade e do aluno, contrariamente a
uma situação em que o trabalho se podesse basear apenas na palavra do
professor.

E um remarque que devemos salientar é o referente às potencialidades de


meios audio-visuais . Como podemos ver, na aprendizagem , para a
activação do aluno, temos que mobilizar vàrios orgãos de sentido, o que é
potencialmente viàvel quendo se faz recurso à diversos meios de ensino,
orais (auditivos), visuais e mesmo os que requerem o tacto, para além da
observação.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 199

Exercícios

Um professor de certa escola pensa utilizar meios de ensino para a sua


aula. No momento de planificação dessa aula, emergem-lhe uma série de
questões sobre meios de ensino e, dessa forma, fica confuso pela
Auto-avaliação 2 multiplicidade de ideias que lhe aparecem se estar certo sobre quais
constituem verdade e as que são falsas. De entre estas ideias, algumas se
seguem abaixo, e se pede para apoiar o professor identicando as que são
verdadeiras:

a. é o profesor que està muito mais interessado em utilizar meios de


ensino para transmitir de forma brilhante o conteudo, ajudà-lo na
memorização de algumas palavras (ou conceitos), etc

b. Os meios de ensino a utilizar, mesmo que sejam modernos, se


não ajudarem o aluno a aprender nao vale a pena utiliza-los

c. Estes meios que pouco se sabe como funcionam, posso


experimentar com os alunos : talvez eles saibam operar com eles

d. Como a escola não têm meios de ensino para este conteudo,


convém ser mais criativo, juntar alguns objectos naturais para
constituir meios que possam ajudar na melhor mediação do
conteúdo

e. Somente os meios confecciandos industrialmente têm maior


poder instrutivo e educativo que os localmente existentes à volta
da escola (ex : àrvores, pessoas, monumentos, objectos diversos,
etc).

Respostas aos exercícios de auto-avaliação

Auto-avaliação 1 : Afirmações correctas { a), b) e f) } Auto-avaliação

2 : Ideias verdadeiras { b) e d) }
200 Unidade 6

Unidade 6

FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO
ENSINO-APRENDIZAGEM

Introdução

No ensino se notam diferentes estruturas e formas de organização da aula.


O professor e os alunos, assim como os alunos entre si, trabalham juntos,
mas de diferentes maneiras para assegurar que cada aluno aprenda bem e
também para que a aula em geral alcance os objectivos instrutivos e
educativos fixados no plano de ensino. As estruturas e formas mais
conhecidas de organização do ensinosão a aprendizagem frontal e
individual. Para enriquecer didacticamente o ensino, os professores
aplicam também o ensino-aprendizagem por grupo, em pares e em
secções. São estas formas de que falaremos nesta unidade, a qual està
dividida em ... ..aulas, nomeadamente:

a. Caracteristicas das diferentes formas de organização do


ensino-aprendizagem

b. Importância da combinação entre as diferentes formas


de organização do ensino

Ao completer esta unidade, você será capaz de:

Identificar as diferentes formas de organização do ensino


aprendizagem.
Objectivos
Explicar a importância da combinação entre as diferentes
formas de organização do ensino
Didactica Geral : Aprender a ensinar 201

Lição 27

Formas de organização do
ensino-aprendizagem e a
importância da combinação entre elas

Introdução
Tradicionalmente o ensino realiza-se sob a forma frontal e colectivo: os alunos
são postos em sala de aula, o professor se posiciona à frente deles e, por sua vez,
os alunos um atràs do outro escutam (atentamente?) o professor em face deles, à
quem também observam os seus gestos e movimentos dentro da sala.

A par desta situação resta-nos fazer a questão sobre quais são as outras formas
de organização do ensino. Por isso, ao completer esta lição, você será capaz de:

Reelaborar o conceito de aula

Caracterizar o ensino frontal e colectivo


Objectivos Identificar as outras formas de organização do ensino

Explicar as diferenças entre o ensino frontal e as outras formas de ensino

Face a estes objectivos da presente aula, antes de mais, importa lembrar que
aula, entanto que periodo de tempo variavel destinado ao estudo de
202 Lição 27

um tema ou execução de uma tarefa, em função de uma unidade de enssino, nela


o professor orienta o ensino visando a aprendizagem dos alunos em função de
determinados objectivos. A aula representa o momento efectivo da execução ou
da efectivação do plano de ensino.

Quer dizer, a aula é a forma predominante de organização do ensino. É na aula


que organizamos e criamos as situações docente, isto é, as condições e meios
necessarios para que os alunos assimileem activamente conhecimentos,
habilidaes e desenvolvam suas capacidades cognitivas.

Por sua vez, se pensamos sobre como as aulas são organizadas, e se olharmos
para a maioria da experiência dos professores, verifica-se que no ensino
predomina o ensino frontal, mas muitos professores tratam de aplicar outras
formas de organização do ensino, particularmente das aulas. Por isso, antes de
seguir para continuarmos a falar destas formas de organização, realize a
actividade seguinte:

1. Como se caracteriza o ensino frontal, geralmente utilzado pelos


professores?

2. Quais são as outras formas de organização do ensino?


Actividade 32
3. Caracterize estas outras formas que se referiu no numero anterior

De facto, como tem visto tanto na sua experiência como a dos outros
professores, o ensino frontal é um procedimento de indole colectivo sob
direcção directa do professor. Este se dirige a toda a turma e recolhe todas as
reacções (informações) dos alunos. E isso é bastante diferente como acontece
noutras formas de organizaçao do ensino que deve ter acabado de identificar,
nomeadamente o ensino-aprendizagem:

 Individual,
 Em grupo,
 Aos pares,
 Por secções,
 Excursão,
 Organização do trabalho dos alunos em casa
 Organização de turmas complementares com alunos com baixo
aproveitamento escolar
Didactica Geral : Aprender a ensinar 203

Certamente que são muitas formas de organização do ensinoaprendizagem


possiveis de serem aplicados com os alunos, claro, tendo em conta o seu nivel
de escolaridade, as suas caracteristaicas, os objectivos de ensino e outras
categorias didacticas. Por isso, certamente que nem todas as formas o professor
utiliza-os numa mesma aula, mas que, desde jà, recomendamos a sua utilização
de forma variada e combinada, não so para dar maior dinamismo ao processo de
ensinoaprendizagem, mas também por outras razões que iremos discutir na aula
seguinte. Mas antes demais, voltemos a caracterizaçao que fez de cada uma
destas formas de organizaçao do ensino.

É verdade, concordamos consigo, quando diz que com o ensinoaprendizagem


individual, os alunos têm que resolver sozinhos tarefas, problemas, etc. No
ensino individual se pode aplicar que todos os alunos tenham a mesma tarefa, e
também é possivel que haja alunos que tenham tarefas distintas dos demais. Mas
têm em comum que o professor trata no sentido que cada aluno trabalhe por si.

Contrariamente a isso, no ensino-aprenizagem em grupo a turma é dividida


temporariamente em grupos e um pequeno grupo resolvem em conjunto uma
tarefa, o professor tratano sentido que dentro dos grupos se atinjam acções
colectivas de aprendizagem, se exorta aos alunos para que cheguem à um acordo
na tarefa, a discutir a via de solução, etc. Diversos critérios podem ser usados
para dividir os alunos em pequenos grupos:  Pelo resultado de um sociograma,
isto é, colocandojuntos aqueles
alunos que manifestam afinidade e simpatia mutua.

 Por homogeneidade, segundo o nivel de rendimento escolar  Por

heterogeneidade deliberada

 Por ordem de chamada ou de localização (os primeiros 5 formam o


grupoa “A”, os 5 seguintes o grupo “B”, etc.)
204 Lição 27

 Quando se deseja quebrar “cliques” ou “panelinhas” basta contar o


numero total de alunos (N), dividir pelo numero de alunos que se
deseja colocar em cada grupo (n). Isto dà o numero de grupos (X).
Ai se pede aos alunos numerar de 1 a X, convidando-se depois
todos os numeros 1 a juntarem-se em um grupo, os numeros 2 em
outro, e assim em diante.

Para o ensino-aprendizagem em grupos, pode utilizar-se o ensinoaprendizagem


aos pares, também designado diade. Neste caso são somente os alunos que
trabalham juntos na solução de uma tarefa, na pratica de um texto, etc. Pode-se
considerar a aprendizagem em pares como uma forma preliminar do ensino-
aprendizagem em grupos, jà que este se baseia também em um trabalho
conjunto directo, se bem que neste caso fala-se de um grupo que aprende
quando somente se trata de dois alunos. Consiste simplesmente em pedir aos
alunos que formem pares, isto é, minigrupinhos de duas pessoas (“diade”) para
discutir o assunto, resolver exercicios ou problemas.

Neste caso, se a metade da turma (grupão) ainda constitui um numero


elevado de grupinos, pode-se sortear quais deles terão a oportunidade de
apresentar suas perguntas, sugestões ou conclusões. E, para todos os
casos de trabalho em grupo, uma turma grande de varios alunos é
dividida em varios grupos pequenos, visando aumentar a participação
individual dos alunos. É grande a variedade de formas de trabalho em
grupos pequenos, pois pode-se variar o tamanho, as funções dos
membros, as etapas do trabalho, etc. Vejamos, por exemplo, algumas
variedades:

a. Grupos simples, com tarefa unica

Os alunos se dividem em grupos (exemplo, de 3 à 5) e o professsor


escreve no quadro-negro uma pergunta ou proposição que todos os
grupos devem discutir durante um periodo de temo X. Cada grupo
nomeia um coordenador e um relator, se assim o desejar. Terminado o
tempo de discussão, os grupos se reunem em grupão, e os relatores de
cada grupinho apresentam suas conclusões. Estas podem ou não ser
resumidas no quadro-negro. O exercicio pode terminar com uma
discussão em plenàrio.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 205

b. Grupos simples, com tarefas diversas.

Cada grupo recebe uma questão ou tema diferente para discutir. O resto, igual
ao que se disse anteriormente na modalidade a).

c. Grupo simples, com funções diversificadas

Neste caso o tema designado a cada grupo pode ser o mesmo, mas a forma de
encarar seu estudo pode virar. Cada grupo vai trabalhar com uma funçãzo
especifica. O professor prepara um tema bastante omplexo, ou escolhe um
capitulo de um texto que trate do tema escolhido, e distribui aos alunos copias
mimoografadas. Em seguida divide os alunos em grupos explicando claramente
que cada grupo terà uma forma diferente de trabalhar o tema ou texto. Por
exemplo:

Grupo A: Reconhecimento do texto

Os alunos destacam os pontos-chave, ou ideias princiais, os argumentos de base;


verifica a estrutura ou organiazação do texto e apresenta as conclusões da
analise.

Grupo B: Relacionamento

O grupo estuda o trabalho mas se preocupa essencialmente em estabelecer


relações entre o que é apresentado pelo autor e as experiências prévias de cada
componente do gruo. Hà um retorno ao jà aprendido, jà assimilado, na
revalorização de experiências e vivências anteriores e na valorização das
experiências novas interpretadas.

Grupo C: Enriquecimento

O trabalho em pauta constitui para o grupo um ponto de partida para novas


buscas, enraizadas sempre no texto; impõe uma responsabilidade inovadora. O
texto vai tornar-se ponte que conduz a novos caminhos; serà uma encruzalhada a
desafiar as opçõs de cada componente do grupo.

Grupo D: Julgamento e Sintese

As tarefas do grupo de julgamento e sintese exigem maior amadurecimento e


ponderação dos alunos. Os outros grupos se armam e se preparam previamente,
enquanto este conhece bem o tema inicial,
206 Lição 27

relacona-o, enriquece-o para o confronto final com as interpretações,


relacionamento e enriquecimento dos grupos que o antecedem.

Uma forma utilizada, raras vezes, é o ensino e aprendizagem por secções.


Nesta forma de organização do ensino e aprendizagem, muito apropriada
para a realização de um ensino diferenciado, a turma é temporariamente
dividida em secções: por exemplo, se divide a turma em três secções,
uma secção trabalha sem a orientação do professor, uma segunda recebe
uma breve orientação e se exorta para o trabalho individual e, finalmente,
o professor se ocupa directamente se uma terceira secção a qual dà uma
explicaçao prolongada.

No ensino-aprendizagem por secções, para alguns alunos, se passa como no


ensio frontal, enquanto para outros em forma de ensino-aprendizagem
individual. Por isso, estas caracteristicas demonstam que nas distintas formas de
organização do ensino-aprendizagem (frontal, individual, em grupo, em pares
ou em secções) hà distintas formas de cooperação no ensino, quer dizer:

 Um determinado modo de cooperação do professor com os alunos;


 Um determinado modo de cooperação dos alunos entre si.
As formas de cooperação se diferenciam de acordo com o modo em que o
professor se dirige à turma (em sua totalidade, em grupo,
individualmente, etc), e segundo a forma em que organiza a cooperação
entre os alunos (trabalho individual, em silêncio, colectivo, em pares, em
grupos, etc).

Sumário
O ensino frontal e colectivo, onde o professor se coloca em face dos aluno,
não é a unica altenativa de organização do ensino. Outras formas, tais como,
o ensino -aprendizagem Individual, em grupo, aos pares, por secções,
excursão, organização do trabalho dos alunos em
Didactica Geral : Aprender a ensinar 207

casa e organização de turmas complementares com alunos com baixo


aproveitamento escolar, são outras possibilidades que ajudam o professor a
tornar o seu ensino dinâmico e variavel.

A excepção da excursão, organização do trabalho dos alunos em casa


e organização de turmas complementares com alunos com baixo
aproveitamento escolar, fizemos referência nesta aula aos aspectos
que caracterizam cada uma destas formas alternativas ao ensino
frontal, realçando sobretudo como na pratica podem ser utilizadas
pelo professor e alunos. Isto constitui, assim, um convite ao caro
cursante para experimentar outras formas de organização do ensino
que acabamos de ver (e outras vamos nos debruçar delas na proxima
aula), para além do ensino frontal : o desafio, pois, està lançado e
esperamos que se descubra, em cada uma das formas de organização
do ensino, como um facilitador das condições de aprendizagem dos
alunos.

Exercícios

Das afirmações que se seguem, diga quais não caracterizam um ensino


frontal :

a. A primeira secção trabalha sem a orientação do professor, uma


Auto-avaliação 1 segunda recebe uma breve orientação e se exorta para o trabalho
individual e, finalmente, o professor se ocupa directamente se uma
terceira secção a qual dà uma explicaçao prolongada

b. Minigrupinhos de dois alunos trabalham sobre um assunto,


resolvem exercicios ou problemas.

c. Uma turma grande de varios alunos é dividida em varios grupos


pequenos, visando aumentar a participação individual dos alunos

d. Os alunos, individualmente, resolvem tarefas/exercicios,


problemas, etc, e, por sua vez, o professor dà apoio a cada aluno
em função das suas dificuldades e progressos.
208 Lição 27
Didactica Geral : Aprender a ensinar 209

Lição 28

Conclusão das formas de


organização do ensino
aprendizagem e a importância da
combinação entre elas

Introdução
Esta aula conclusiva das formas de organização do ensino vai abordar sobre as
três formas de que jà fizemos menção, nomeadamente a excursão, a organização
do trabalho dos alunos em casa e as turmas complementares com alunos com
baixo aproveitamento escolar. E, ao fim de contas, à cada passo desta aula,
continuando como o que se viu na aula anterior, perceberemos a importância da
combinação entre as diferentes formas de organização do ensino, a qual, para
sua sistematização ficarà exposta no fim desta aula.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

Caracterizar a exursão, a organização do trabalho dos alunos em casa e as


turmas complementares com alunos com baixo aproveitamento
escolar
Objectivos
Identificar tipos de actividades que podem servir para a organização do
trabalho dos alunos em casa

Realizar as medidas que garantam a correcção e revisão dos trabalhos de


casa

Explicar as razões que podem justificar a necessidade de as turmas


complementares com alunos com baixo aproveitamento escolar

Argumentar a favor da combinação das diferentes formas de


organização do ensino-aprendizagem
210 Lição 28

Como dissemos anteriormente, restava-nos de insistir que o ensinoaprendizagem


pode ser organizado em forma de: i) excursão, ii) organização do trabalho dos
alunos em casa e iii) turmas complementares com alunos com baixo
aproveitamento escolar.

1. Caracterize o ensino organizado sob a forma de:


a. Excursão
b. Trabalho dos alunos em casa
Actividade 33 c. Turmas complementares com alunos com baixo
aproveitamento escolar

Excursão

Estamos em crer que as formas de organizaçao do ensino, as quais você foi


solicitado de caracterizar têm sido utilizados por professores que conhece ou
conheceu ao longo da sua trajectoria escolar. Por isso, terà observado que a
excursão é um tipo de organização do processo de ensino e aprendizagem que
consiste em visitas a industrias, museus, campos de produção, etc. Durante a
excursão, conjuntamente com as observações, se utilizam diversos
métodos/técnicas: narrações, palestras, demonstrações, exemplificações, etc. A
excursão à natureza exige do professor e alunos uma preparação. Cada excursão
se efectua com determinados objectivos e ao mesmo tempo se relaciona com um
ou outro tema estudado. O trabalho dos alunos durante a excursão se generaliza
e se conclui nas aulas seguintes ou em aulas extracurriculares.

E o como se organiza o ensino através dos trabalhos de casa?

Organização do trabalho de casa

As tarefas de casa estão intimamente ligadas ao trabalho realizado durante as


aulas na sala. O exito do mesmo depende de como foram orientadas a aula e a
tarefa de casa. As tarefas para casa podem se dividir em: orais, escritas e
praticas.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 211

As tarefas orais podem ser diversas: estudo do material por meio de texto,
aprender um verso ou prosa, a expressão musical, etc. As tarefas escritas
compreendem o realização de exercicios escritos, solução de problemas, redação
de composições, etc. Finalmente, as tarefas praticas podem consistir na
comprovação de experiências, observações, preparação de peças, modelos,
murais, maquetes, laminas, etc.

Um dos problemas mais importantes na organização do trabaalho para casa dos


alunos é o seu volume. Os alunos de diferentes graus devem empregar diferentes
periodos de tempo para a realização de trabalhos para casa. Nesse aspecto, é
importante elaborar tarefas para casa cujo conteudo e volume, em sua
planificação, corresponde a todo o tema que se estudou nesse dia. Deste modo,
as tarefas serão diversas e constituiriam parte organica do material do docente ja
estudado na aula. E neste ordenamento pode combinar-se correctamente o
estudo do material teorico com exercicios praticos.

O cumprimento exitoso das tarefas para casa para os alunos depende


principalmente da qualidade do professor. Este, antes de tudo, deve
compreender que os alunos não podem realizar as tarefas com exito se
não sabem como faze-las: a tarefa se assimila quando existe uma plena
compreensao por parte dos alunos, do material em uma situação de calma
e tranquilidade.

Posteriormente, cada tarefa deve ser de uma ou outra forma revista e corrigida
pelo professor. E o melhor é o professor rever e corrigir a tarefa de todos os
alunos e realizar com eles a reafirmação da forma mais precisa, para que nao
caiam no erro dos trabalhos de alguns alunos. E, desta forma, os alunos se
acostumam de cumprir diariamente suas tarefas. Aqui é necessario um sistema
de medidas, tendo em conta que os alunos estudam regularmente:

 Se lhes têm sido dados instruções precisas e têm aprendido a trabalhar


independentemente

 Se existe um sistema de controle preciso para o trabalho deles

 Se observam estritamente uma rigorosa ordem do dia, na qual as


tarefas para casa ocupam um tempo determinado
212 Lição 28

 Se se ensinam os alunos para que independentemente resolvam


qualquer dificuldade que podem encontrar. É necessario assinalar que
o caracterr e a metodologia das tarefas para casa em muitos casos vão
depender da metodologia do trabalho do professor na sala de aulas.

Turmas complementares com alunos de baixo aproveitamento escolar.

As vezes, incluindo quando se temuma organização correcta do trabalho


docente, na turma existem alguns alunos atrasados e com baixo rendimento
escolar. Este fenomeno sucede por varias razões:

 Enfermidades prolongadas por parte dos alunos

 Falta de consideração das particularidades individuais dos alunos


por parte do professor

 Quando os alunos não fazem a real valorização das dificuldades


de uma ou outra disciplina e, assim, vão ficando para tràs e
outros se dedicam apenas a sua disciplina predilecta e abandonam
as outras.

Os atrasos, as repetências provocam muitos danos nos alunos porque perde a fé


nas suas forças e com frequência quer abandonnar os estudos. O
desaproveitamento e a repetição de anos tras consigo uma grande perca recursos
para o Estado. Por isso, superar o atraso e o não aproveitamento é um dever
muito importante do professor e uma das medidas é o trabalho complementar
com os esses alunos.

Antes de começar as aulas de turmas complementares é importante saber as


causas e o caracter do atraso dos alunos, para desta forma buscar os métodos e
precisar seu volume.

É muito efectivo o trabalho complementar preventivo. Tanto mais cedo o


professor observa o atraso, deve tratar rapidamente de ajudar o aluno. É
necessario fazer que trabalhe sob controle do professor, dos companheiros,
estabelecer o controle do seu trabalho pelos pais, etc. Também é muito
conveniente e util para o aluno fraco, colocar lhe como companheiro de um
aluno forte no estudo para que este o ajude.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 213

IMPORTÂNCIA DA COMBINAÇÃO ENTRE AS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO ENSINO

Você lembra-se de cada uma das formas de organização do ensino que


acabamos de falar ? De certeza que sim ! Então você vê que com o intercâmbio
do ensino-aprendizagem frontal, individual e em grupos, se pode atingir uma
activação dos alunos capaz de repercurtir-se favoravelmente no avanço do
ensino.Esta importância pode ser vista em diferentes planos ou perspectivas:

a. O intercâmbio das formas de organização do ensino-aprendizagem


està relacionado com mudanças no tipo fundaental de procedimento
métodico. O ensino-aprendizagem frontal pode corresponder ao
método expositivo ou de elaboração conjunta, enquanto que o
ensino-aprendizagem por pares ou grupos corresponde mais ao
método de ensino independente. E, nos métodos bàsicos também
muda a actividade dos alunos: no procedimento frontal os alunos
estão activos de um modo receptivo e dirigido e no esino
aprendizagem individual, o trabalho individual individual dos alunos
com responsabilidade individual e, finalmente, o ensino
aprendizagem por grupos é o trabalho independente dos alunos com
responsabilidade colectiva.

b. O intercâmbio das formas de organização do ensino-aprendizagem


possibilita que se possam alcançar efeitos especificos na aquisição e
assimilação de conhecimentos, no desenvolvimento de faculdades,
capacidades, habilidades, habitos, métodos e procedimentos do
trabalho intelectual. Este efeito tem sua explicação, entre outras
coisas, no facto de que a forma de organização do ensino em questão
se repercurte na situaçao dos alunos enquanto aprendentes: a
estrutura de organizaçao do ensino representa uma condição especial
para a actividade intelectual dos alunos; por exemplo, existe uma
diferença entre a forma de aprendizagem na situação colectiva e
independente de uma tarefa em grupo e aquisição receptiva de
conhecimentos no ensino frontal expositiva. Cada forma de
organização do ensino possui certo “valor proprio” para a educação
intelectual dos alunos. O intercâmbio das formas de organização do
ensino tem uma influencia favoràvel sobre a independência dos
214 Lição 28

alunos, a mobilidade intelectual, a consciencia, exactidão,


originalidade e sobre outras caracteristicas qualitativas da actividade
mental.

c. Com as diferentes formas de organizaçao do ensino-aprendizagem


se oferecem também possibilidades especiais para corresponder ao
principio da unidade de uniformidade e diferenciaçao nas condições
do processo de aprendizagem: investigações tem demonstrado que o
intercâmbio entre as formas de organização do ensino tem resultados
na aprendizagem muito mais positivos que o ensino somente em
modo frontal: para equilibrar as indesejaveis diferenças de
rendimento, para dedicar-se em separado a um aluno ou grupo de
alunos, para fixar tarefas individuais a um aluno ou a um grupoe
alunos, para utilizar de modo diferente os meios de trabalho
didactico, etc, se ampliarà essencialmente se s utilizem todas as
formas de organização do ensino-aprendizagem.

Conclusão: Um intercâmbio métodico bem mediado entre as formas de


organizaçao do ensino produz notàveis efeitos de activação e
difereenciação, e que com a aplicação consciente destas formas de
organização do ensino pode se contribuir para a intensificação da
assimilação de conhecimentos, do desenvolvimento das faculdades e
capacidades. A aplicação adequada das formas de organização do ensino
é um aspecto importante de estruturaçao variada do ensino do ponto de
vista métodico; é por isso que cada professor deveria tratar que no seu
ensino exista uma proporção equilibrada entre a o ensino-aprendizagem
frontal, individual, em grupos, aos pares e por secções. Na eleição das
formas de organização do ensino-aprendizagem se deve partir do caso
concreto as relações legitimas que existem entre o objectivo
correspondente, a matéria, as condições especais e o método ou sua
organização e variações.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 215

Exercícios

Assinale com V ou F, as afirmações que se seguem, conforme seja


respectivamente verdadeiras ou falsas :

Auto-avaliação 2 b. A aplicação adequada e combinada das formas de


organização do ensino é um aspecto importante de estruturaçao
variada do ensino do ponto de vista métodico

c. Antes de começar as aulas de turmas complementares é


importante saber as causas e o caracter do atraso dos
alunos, para desta forma buscar os métodos e precisar seu
volume

d. Um professor, nas condições de trabalho em


Moçambique, nunca pode ser encorajado a organizar
turmas de aulas complementares : o professor nunca terà
tempo.

e. Partindo de objectivos concretos e sempre em relação


com um ou varios temas da sua disciplina, o professor
precisa de organizar excursões para potenciar as fontes
directas do saber

Respostas aos exercícios de auto-avaliação

Auto-avaliação 1 : Afirmações que caracterizam o ensino frontal :


Nenhuma

Auto-avaliação 2 : Afirmações verdadeiras { a), b) e d) }, Afirmações falsas { c


}
216 Unidade 7

Unidade 7

PLANIFICAÇÃO DO PROCESO DE
ENSINO E APRENDIZAGEM

Introdução
O processo de ensino e aprendizagem é uma actividade intencional e,
nesta condição, requer uma planificação, a começar pelo nivel central, da
escola e da aula. Neste sentido, a planificação do ensino-aprendizagem
assume caracter de obrigatoriedade para o professsor: o plano de ensino
determina os objectivos a que se pretende chegar e o conteudo a mediar e,
ademais, algumas caracteristicas fundamentais da estruturação didactico
metodologica e organização do ensino. É essencialmente uma concepão
de direcção didactica do ensino. É, pois, pela importância que a
planificação do PEA tem que iremos nos debruçar sobre ela, focalizando
os seguintes aspectos:

a. Conceito e importância da planificação do PEA b.

Niveis de planificação do PEA

c. Componentes de planificação do PEA d.

Etapas de planificação do PEA

Ao completer esta unidade, você será capaz de:

Enumerar as etapas de planificação do PEA Explicar

em que consiste a planificação do PEA

Objectivos Apresentar razões que justifiquem a importância da planificação do


PEA

Identificar os elementos de planificação do PEA


Didactica Geral : Aprender a ensinar 217

Lição 28

CONCEITO E IMPORTÂNCIA DA
PLANIFICAÇÃO DO PEA

Introdução
Uma aula implica a relação professor e aluno, além doutras categorias
didacticas que se interrelacionam igualmente nesse momento; de facto,
nela estão envolvidos varios elementos como os objectivos, tanto da
sociedade como do aluno, os métodos e técncas de ensino, os meios de
ensino, as condições da sala de aulas, o meio social e cultural em que
decorre a leccionação, as condições de ordem politica e economica do
pais.

A conjugação destes elementos todos, orientados para o fim de conseguirse a


aprendizagem dos alunos, requer do sector da educação uma planificação, ao
mesmo tempo que o professor deve também ter seu plano de aula, de ensino.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

Explicar em que consiste “planificação PEA”

Justificar a importância da planificação das aulas por parte do


Objectivos professor

Explicar em que consiste a flexibilidade do(s) plano de aula(s) elaborado(s)


pelo professor.
218 Lição 28

1. Em que consiste o plano de aula?


2. Qual é a importância, para o professor, de planificar as suas aulas

Actividade 34

A planificação é uma pratica corente em todas as actividades humanas,


especificamente as que são realizadas intencionalmente. Por isso terà sido
facil para você concluir que o plano de aula (ou seja, a planificação do
PEA ) é a previsão mais objectiva possivel de todas as actividades
escolares para a efectivação do processo de ensino e aprendizagem que
conduz o aluno a alcançar os objectivos previstos; e, neste sentido, a
planificação do ensino é uma actividade que consiste em traduzir em
termos mais concretos e operacionais o que o professor e os alunos farão
na aula para conduzir os alunos a alcançaar os objectivos educacionais
propostos.

A planificação do PEA é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das
actividades didacticas em termos da sua organizaçao e coordenação em face dos
objectivos propostos, quanto a sua revisão e adequaçao no decorrer do processo
de ensino. A planificaçao é um meio para se programar as acções docentes, mas
é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado a avaliação.

Se terà sido facil definirmos a planificação do ensino, não parece tão simples
falarmos da importância da planificação do ensino, sobretudo com uma parte
dos nossos professores que trabalham nas nossas escolas a relativamente muito
tempo; referimo-nos a aqueles “muito experientes” que pensam ser dispensavel
o plano de aula, como acontece também com alguns recem formados ou
contratados que não desenvolveram ainda nem habito , nem suficiente
capacidades para fazer a planificação das aulas.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 219

Preste atenção a seguinte conversa entre professores (A, B , C, D e E), extraida


de Cortesão e Tores (1983:67):

A: Recuso-me a fazer planos. .. .Mas...planificar, para quê? As aulas


constroem-se por si! As planificações limitam a minha liberdade de
Actividade 35 acção!

B: Muitas vezes acontece que os meus alunos não se interessam pelas


actividades que planificamos no inicio do ano.

C: Mas os planos fazem-se para se cumprirem! Portanto, hà que obriga


los a fazerem o que foi previsto

D: Não hà duvida de que tudo tem de ser realizado como foi previsto.
Não se pode perder tempo com coisas que os alunos se lembram de
querer discutir!

E: Mas...Como é? Deve-se planificar ou não se deve planificar?

2. Através desta conversa, o que diria ao professor E? Deve-se planificar


ou não as aulas? Porquê?

Terà dito que se devem planificar as aulas? É mesmo esta posição que
defendemos. Sempre que se inicia um empreendimento complexo, tendo
em vista alcançar determinadas metas, torna-se importante fazer uma
previsão bàsica da acção a ser realizada, previsão essa que funcione como
um fio condutor susceptivel de orientar a acção. No complexo
empreendimento que é a educação, esta necessidade torna-se ainda mais
forte. Com efeito, na medida em que a acção educativa põe em causa o
presente e o futuro da criança, do adolescente e do jovem, pondo
consequentemente em causa a propria comunidade, não se pode permitir
que ela se desenrole ao sabor dos acasos da improvisão. Também não
pode ser estruturada na exclusividade do bom senso e da intuição de
quem a pratica. Com a planificação da aula, o professor determna os
objectivos a alcançar ao termino do processo de ensino-aprendizagem, os
conteudos a serem aprendidos, as actividades a serem realizadas pelo
profesor e aluno, a distribuição do tempo, etc, ou seja, a planificação
permite visualizar previamente a sequência de tudo o que vai ser
desenvlvido em dia lectivo. Assim, a planificaçao da aula é a
sistematização dee todas as actividades que se desenvolvem no periodo
de tempo em que o professor e aluno interagem numa dinâmica de ensino
e aprendizagem.
220 Lição 28

A importância dada a planificação não significa que se nega que “as melhores
aulas surjam de repente, por causa de uma palavra, de uma insignificância em
que o professor não tinha pensado antes”. Uma aula pode e muitas vezes deve
“acontecer”, porque uma coisa é a aula inerte no papel e outra é a aula viva,
dinâmica, que a trama complexa de interrelações humanas, a diversidade de
interesses e caracteristicas dos alunos não permite ser um decalque do que està
no papel. Estes alunos, aqueles alunos, os factos que ocorrem no meio fazem as
aulas acontecer...

Mas isto não significa de modo algum que nao tenha importância o tal
“fio condutor”, que existe numa planificação. Significa é que ele nao
pode ser um fio rigido, mas sim flexivel ao ponto de permitir ao professor
inserir novos elementos, mudar de rumo, se o exigirem as
necessidadese/ou interesses do momento se, de repente, se descobre uma
forma mais rica, mais original ou mais adequada de explorar determinado
assunto. Isso significa, de facto, que os planos podem tomar, na pratica,
no momento de execução, um sentido novo que as circunstâncias
provocarem. A planificação, que se tranasformou neste caso, em recurso
aparentemente não utilizado, funciona agora como um marco de
referência em relação ao qual se identifica o que de forma inesperada se
atingiu, evidenciando também o que, não deixando de ser importante, não
se conseguiu atingir.

A proposito desta questão de o plano de ensino concebido nem sempre


corresponder com o que se passa realmente na sala de aula, importa
salientar que este é um instrumento de acção, devendo servir como guia
de orientação, apresentar ordem sequencial, objectividade, coerência e
flexibilidade.

Sumário

A planificação do PEA por parte do professor afigura-se como uma etapa


necesaria se admitirmos que se trata de prever o conjunto de actividades (do
profesor e dos alunos) que estarão ao centro do PEA, incluindo o
Didactica Geral : Aprender a ensinar 221

conteudo, meios, selecionados tendo em conta os objectivos que se pretendem


atingir e as condições em que se irà realizar o PEA.

Ao falarmos da planificação das aulas, sobretudo da sua importância,


compreendemos porquê a aula não pode ser um improviso, cada aula
enquadra-se dentro dum universo do sistema de saberes que se pretendem
sejam propriedade dos alunos mediante o PEA, os quais estão
interligados e respondem à interesses curriculares. Estamos, portanto,
cientes que cada aula dada, signifca aula planificada, não que isso
signifique que o que vai acontecer na sala de aulas é uma simples
reprodução mecânica do plano. O plano de aula é um instrumento
flexivel, alias, o momento de aula é dinâmico por envolver uma relação
dialéctica entre alunos e destes para com o professor, o que suscita
reacções, interlações, à ajustar/equilibrar, de forma à que o PEA respeite
o ritmo do que se pasa efectivamente na sala de aula : dificldades de
aprendizagens dos alunos, perguntas e contribuições dos alunos, recursos
existentes na sala de aula antes não previstos mas que têm grande
potencialidade para a aprendizagem dos alunos, tempo (disponibilidade e
escassez), etc.
222 Lição 28

Exercícios

Nas nossas escolas temos varios professores, cada um com seus hàbitos
particulares. Entretanto, a escola é uma organização, sobretudo entidade
responsavel por realizar o PEA, uma actividade com caracter sistematico
Auto-avaliação 1 e planificado como vimos na aula sobre as caracteristicas do PEA. Nesse
sentido, você concordaria ou não concordaria com o professor que:

a. As suas aulas ocorrem espontaneamente, ao curso do que


acontece na aula

b. É minuciosamente planificado ao ponto de nas suas aulas não se


tratam, nem se discutem assuntos, tarefas, problemas que não
estavam previstos no plano de lição

c. Orienta aulas atractivas, « movimentadas », cujo dinamismo é


sustentado por aquilo que se passa na sala, mas sem deixar à
parte seu plano de aula.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 223

Lição 29

IMPORTÂNCIA DA
PLANIFICAÇÃO DO PEA
(Conclusão)

Introdução
Sem duvida se compreende a importância da planificação do PEA, mas
exactamente por causa desta importância, queremos nesta aula apresentar outros
elementos que possam firmar na pratica pedagogica dos professores e nas suas
reflexões teoricas sobre o ensino, mais elementos para justificarmos a
importância da planificação do PEA.

Nesta aboradegem partiremos das caracteristicas de um plano de ensino,


depois veremos a questão sobre o numero de lições que se devem
planificar duma vez e, finalmente queremos discutir consigo em que
medida a planificação não é « panaceia » de todos os problemas de
ensino.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

Explicar o significado de cada uma das caracteristicas do plano de


aula

Apresentar fundamentações que possam justificar a necessidade de se


Objectivos planificarem varias aulas e não apenas uma de cada vez

Justificar em que medida o plano de aula de ser visto como algo «


flexivel ».
224 Lição 29

1. Para ser um bom plano de ensino, deve apresentar as seguintes


carateristicas: i) servir como guia de orientação, ii) apresentar
ordem sequencial, iii) apresentar objectividade, iv) apresentar
Actividade 36 coerência e v) apresentar flexibilidade.

a. Explique em que consiste cada uma destas caracteristicas.

Você estarà certo se tiver dito que o plano de ensino é um guia de


orintação porque nele estão estabelecidas as directrizes e os meios de
realização do trabalho docente. Como a função de planificaçao é orientar a
pratica, partindo das exigências da propria pratica, ele não pode ser um
documento rigido e absoluto, pois uma das caracteristicas do processo de
ensino é que està sempre em movimento, està sempre sofrendo
modificações face às condições reais.

Depois, dissemos que o plano deve apresentar ordem sequencial e


progressiva,visto que para alcançar os objectivos são necessarios varios passos,
de modo que a acção docente obedeça a uma sequência logica. Não se quer
dizer que, na pratica, os passos não possam ser invertidos.

Em relação a objectividade entendemos a correspondência do plano com


a realidade à que se vai aplicar. Não adianta fazer previsões fora das
possibilidades humanas e materiais da escola, fora das possibilidades dos
alunos. Por outro lado, é somente tendo conhecimento das limitações da
realidade que podemos tomar decisões para superação das condições
existentes.

Por seu turno, a coerência entre os objetivos gerais, objectivos


especificos, conteudos, métodos e avaliação. Coerência é a relaçao que deve
existir entre as ideias e a pratica. É também a ligação logica entre os
componentes do plano. Se dizemos nos objectivos gerais que a finalidade do
trabalho docente é ensinar os alunos a pensar, a desenvolver suas capacidades
intelectuais, a organização dos conteudos e métodos deve reflectir esse
proposito. Quando estabelecemos objectivos da matéria, a cada objectivo
devem corresponder conteudos e métodos compativeis.

Finalmente, a flexibilidae do plano sugere que no decorrer do ano lectivo o


professor està sempre organizando e reorganizando o seu trabalho. A
Didactica Geral : Aprender a ensinar 225

relação pedagogica està sempre sujeita a condições concretas, a realidade e està


sempre em movimento, de forma que o plano està sempre sujeito à alterações.

1. Suponha que temos dois professores, um professor A que planifica


uma aula de cada vez e outro professor B que planifica um conjunto
de aulas, que comentarios (por ou contra) farias em relaçao ao
Actividade 37 procedimento destes professores?

A resposta a esta questão é um tanto quanto divergente, tal como vemos essa
diferenciação de praticas entre os professores A e B. Em todo o caso, devemos
partir da consideração de que a aula é um periodo de tempo variavel.
Dificilmente completamos numa so aula o desenvolvimento de uma unidade
ou topico de unidade, pois o processo de ensino e
aprendizagem se compões de uma sequência articulada de fases ou
funções didacticas, dentro das quais faz-se a preparaçaao e apresentaçao de
objectios, mediação de novos conteudos, realização de actividades,
consolidação (fixação, exercicios, recapitulaçao, sistematizaçao,
aplicaçao) e avaliação do ensino e aprendizagem.

Vendo neste sentido, compreende-se que devemos planear não uma aula, mas
um conjunto de aulas, visto que:

 Na preparação de aulas, o professor deve reler os objectivos


gerais da matéria e a sequência de conteudos do plano de ensino.
Não deve esquecer que cada topico novo é uma continuidae do
anterio: é necessario, assim, considerar o nivel de preparação
inicial dos alunos para a materia nova.

 O professor deve tomar o topico de unidade a ser desenvolvido e


desdobra-lo numa sequênia logica, na forma de conceitos,
problemas, ideias. Trata-se de organizar um conjunto de noções
bàsicas em torno de umaa ideia central, formando um significado
que possibilite ao aluno uma percepçao clara e coordenada do
assunto em questão. E ao mesmo tempo que são listadas noções,
conceitos, ideias e problemas, é feita a previsão do tempo
necessàrio.
226 Lição 29

 Em relação a cada topico, o professor redigià um ou mais


objectivos especificos, tendo em conta os resultados esperados da
assimilação de conhecimentos e habilidades. A previsao do
tempo, nesta fase, ainda não é definitiva, pois poderà ser alterada
no momento de detalhar o desenvolvimento metodologico.

 É importante que o pofessor tenha sempre presente uma visão de


conjunto e da interrelação dos seus elemenos constituintes, de
modo a que cada situaçao de ensino e aprendizagem, que propõe,
constitua uma peça de um todo. Esta peça vai permitir que a
acção educativa se complete em resultadode uma dialéctica
constante entre aquilo que é preconizado no plano a longo prazo
para os alunos de forma mais geral e o que é mais adequado para
aqueles alunos naquele momento.

Também é importante sublinharmos que a alteração do tempo do plano


poderà dever-se ao detalhamento metodologico, mas também da
avaliação da propria aula. Sabemos que o exito dos alunos não depende
unicamente do professor e do seu método de trabalho, pois a situação
docente envolve muitos factores de natureza social, psicologica e o clima
geral da dinâmica da escola. Entretanto, o trabalho docente tem um peso
significativo ao proporcionar condições efectivas para o êxito escolar dos
alunos.

1. Acabamos de ver a importância de planificação do ensino, mas


com isso subsistem duas questões:
a. A planificação é uma panaceia que resolve todos os
problemas da educação?
Actividade 38
b. A planificação tem de ser encarada como uma proposta de
trabalho possivel ou como algo definitivo, rigido, de
cumprimento obrigatorio?

De facto, concordamos consigo quando refere que a planificação não é uma


panaceia de todos os problemas de educação, mais concretamente do ensino: a
PLANIFICAÇÃO, como ilustra a figura abaixo, é apenas uma parte do que
normalmente chamamos ciclo docente, visto que para além
Didactica Geral : Aprender a ensinar 227

dela temos a REALIZAÇÃO e a AVALIAÇÃO, razão pela qual mesmo


que o professor tenha uma planificação mais correcta possivel, se a
realizaçao e avaliação do processo de ensino-aprendizagem tiverem
problemas não poderà alcançar facilmente os objectivos que pretende.
Contudo, se feita com rigor e simultaneamente com a flexibilidade e a
abertura indispensàveis, ela assume uma importância vital na pratica
profissional de todos aqueles que se esforçam na construção de uma
escola empenhada numa comunicação clara entre os elementos
implicados na acção educativa, uma escola mais lucida e mais
humanaque actua com base na realidade dos seus alunos, uma escola
mais eficiente no aproveitamento do tempo e do espaço de que dispõe
para ajudar os seus alunos a “crescer”. Enfim, uma escola que quer estar
consciente do modo como decorrem as situações que ela desencadeia
e/ou se lhe deparam no dia-a-dia, situações essas sobre as quais deseja
agir a fim de, se necessario, as modificar.

Definição dos Analise das condições AVALIAÇÃO


objectivos (concretas)

Concretização dos objectivos

Analise da
Selacão e Selecção das formas de Valorização e
realização
ordenação dos organização e dos meios e classificação
conteudos dos métodos de ensino das
dos resultados
actividades

Actividades Mediação dos Organização das

Apuramento dos
do professor conteudos actividads dos alunos, das resultados
relações sociais e das
condições materiais

Autoregulação das actividades, Produçção


da comunicação e das relações dos
Actividades Asimilação dos sociais resultados
dos alunos conteudos
228 Lição 29

Por outro lado, quando nos referimos a esta modificação, se necessario,


das situações de ensino-aprendizagem, percebemos, a partida, que a
planificaçao não é uma coisa acabada, definitiva, mas sim um
instrumento que necessita de ser constantemente experimentado em face
da realidade com que se trabalha. Isto porque a interacção do grupo
turma(professor/aluno, aluno/aluno) é o alicerce sobre o qual assenta toda
a concretizaçao do processo de ensino-aprendizagem. Como tal, o que
acontece numa sala de aula é muito mais complexo do que os factos que
são colocados no papel. Uma situação de aprendizagem é dinâmica, com
consequências muitas vezes imprevisiveis, consequências essas que por
vezes constituem a parte mais importante dessa aprendizagem. É
indispensavel que o professor saiba interpretar e aproveitar cada
oportunidade que surge desse processo dinâmico, desligando-se de uma
forma livre e criadora do plano que previamente traçou. O plano funciona
como uma hipotese de trabalho, que como tal necessita de ser
experimentado. Em função do que ocorreu, ou està ocorrendo na
realidade, a hipotese pode ser reforçada ou reformulada. Mais, o plano de
aula é um fio condutor, o que significa que não deve ser rigido, mas sim
flexivel ao ponto de permitir ao professor inserir novos elementos, mudar
de rumo, se o exigirem as necessidades e/ou interesses do momento, se de
repente se descobre uma forma mais rica, mais original ou mais adequada
de explorar determinado assunto.

Sumário
E verdade sim que é importante fazermos a planificação do PEA, mas
para termos um bom plano requere-se que obedeça à determinadas
condições, nomeadamente: i) servir como guia de orientação, ii)
apresentar ordem sequencial, iii) apresentar objectividade, iv) apresentar
coerência e v) apresentar flexibilidade. Estas caracteristicas se impõe
sobretudo quando estamos a ser apelados para a necessidade de não
planificar apenas uma aula, mas varias, obedecendo a interligação que
estas representam.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 229

Ao proceder desta forma (interligação de varios planos de aula), o plano


de aula deverà continuar sempre como uma proposta possivel, a ser
enriquecida pelos acontecimentos que irão decorrer na sala de aula e, ao
mesmo tempo, a sua qualidade depende não exclusivamente da sua boa
elaboração, mas também da sua implementação e avaliação. E é
precisamente nestes dois aspectos (implementação ou realização e
avaliação) que varios planos de aula (e mesmo um unico plano) precisarà
de ser revisto, de modo que isso traga a retro-alimentação a continuidade
do PEA em termos de saber se progredimos na matéria (a partir donde),
recuamos ou continuamos a insistir sobre determinados aspectos do plano
realizado: isso irà traduzir uma planificação do PEA em permanente
movimento e que serve, efectivamente, como guia de trabalho
permanente do professor.
230 Lição 29

Exercícios

De entre as ideias seguintes, uma delas não é totalmente correcta. Qual é?

a. O plano de aula é um fio condutor, o que significa que não deve


Auto-avaliação 2 ser rigido, mas sim flexivel ao ponto de permitir ao professor
inserir novos elementos, mudar de rumo, se o exigirem as necessidades
e/ou interesses do momento, se de repente se descobre uma forma mais
rica, mais original ou mais adequada de explorar determinado assunto

b. É indispensavel que o professor saiba interpretar e aproveitar


cada oportunidade que surge do processo dinâmico de aula,
desligando-se de uma forma livre e criadora do plano que
previamente traçou.

c. Planificar varias aulas e não apenas uma permite ao professor ter


uma visão de conjunto e da interrelação dos seus elemenos
constituintes, de modo a que cada situaçao de ensino e
aprendizagem, que propõe, constitua uma peça de um todo.

d. A coerência do plano de ensino faz com que os métodos, por


exemplo, propostos para uma aula correspondam aos objectivos
pretendidos, no sentido em que estes levam (infalivelmente) ao
alcance daqueles

e. A função de planificaçao é orientar a pratica do ensino do


professor, por isso é correcto que um inspector que assiste a aula
dum professor avalie-o negativemente pelos aspectos ocorridos
na aula que não constam no plano, ou pela não realização integral
do plano de aula
Didactica Geral : Aprender a ensinar 231

Lição 29

Niveis de planificação do PEA

Introdução
A pratica do ensino do ensino mostra que o que acontece na escola cmo
experiências da aprendizagem faz parte do curriculo previsto para esse nivel,
classe ou tipo de ensino.

O professor, na sua planificação, desemepenha, nesse sentido, o papel de quem


operacionaliza e concretiza no terreno uma planificação anteriormente feita à
niveis acima dele. Isto, em parte orienta o professor, mas ao mesmo tempo,
como vimos anteriormente, nenhum plano do PEA pode considerar-se uma
prposição rigida, acabada, o que faz com que, da sua parte, o professor
planifique, à sua maneira, as suas aulas.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

Especificar o que se faz ao nivel de planificação central do PEA

Explicar em que consiste a planificação ao nivel do professor


Objectivos
Identificar os elementos constantes nos modelos de plano de aula que
normalmente são utilizados pelos professores

Planificar, à nivel de uma escola, obedecendo um modelo de plano de aulas


apropriado e definido pelos elementos do grupo de disciplina, da classe, etc.

Conforme a figura a seguir, a planificação do processo de ensinoaprendizagem


se realiza em dois niveis fundamentais: central e do
232 Lição 29

professor, passando por um nivel intermediario, o da planificação pela escola.

Programa de disciplina
Nivel de Planificação Central
Programa do ano Central (Planificação Curricular)

Unidade de ensino
Nivel de Planificação pelo
Nivel de Planificação Professor

A nivel central, a planificação curricular é feita para todos os niveis e graus de


ensino-aprendizagem (a nivel da naçao) e, na base disso, procede-se a
definição do perfil de saida do nivel/grau, curso, disciplina, ano, etc a partir do
qual se faz:

 A definição de objectivos, conteudos e métodos gerais


 A distribuição destes pelos anos (semestres, trimestres, etc) e pelas
unidades do PEA
 A elaboração dos programas detalhados por disciplina
 Com base nos programas detalhados, elabora-se o livro do aluno, o
manual do professor e outros meios de ensino-aprendizagem.

1. Depois da planificação central, em que vai consistir a planificação ao


nivel do professor?
2. Quais são os modelos existentes para a elaboração do plano de aula?

Actividade 39

Como podemos ver atravês da experiência de educaçao em Moçambique, por


exemplo, a planificação do professor começa, juntamente com outros colegas,
com a elaboração do plano anual da disciplina, geralmente denominada
“dosifcação”, na qual o grupo de disciplina faz a distribuição das unidades de
ensino em semanas, prevendo momentos de aula, de avaliações, para além
doutras que mereçam destaque na planificação anual ou semestral. E, a seguir a
isso, o professor individualmente (principalmente) ou em grupo faz o plano de
aula(s), ou seja, a previsão do desenvolvimento do conteudo para uma aula ou
conjunto de aulas,
Didactica Geral : Aprender a ensinar 233

tendo em conta um caractér bastante especifico em termos do tema (conteudo),


métodos e técnicas de ensino, objectivos, meios, isto é, das condições concretas
em que se realiza(rà) o ensino-aprendizagem.

Em termos de modelos para a planificação das aulas, convém realçar que


existem muitos, em função do autor que os propõe. Por isso, nos parece
marginal a discussão sobre qual é o melhor modelo, desde que se chegue ao
ponto de incluir os elementos que simbolizam a dinâmica do processo de
ensino-aprendizagem.

Assim, por uma questão meramente elucidativa, incluiremos a seguir


alguns modelos de plano de aula, deixando ao critério do professor, em
grupo de disciplina ou nivel da escola, e em função da disciplina que
lecciona adoptar este ou aquele modelo, ou ainda a combinação entre
eles.

Modelo de Plano de aula 1


234 Lição 29

Escola...

Classe... ..Turma... .Ano lectivo...

Tema... ..Lição numero...

Objectivos de ensino Conteudos Estratégias Material (meios Tempo


de ensino)

Objectivo Geral

Objectivos especificos

Modelo de Plano de aula 2


Didactica Geral : Aprender a ensinar 235

Escola...

Classe... ..Turma... .Ano lectivo...

Tema... ..Lição numero...

Objectivos:

Objectivos Gerais...

Objectivos especificos...

Tempo Função Actividades Variantes Meios de


didactica métodicas ensino
Conteudos Do Professor Dos alunos

Sumário
A planificação do professor tem como base a planificação curricular que,
por sua, vez orienta a planificação a nivel da escola. Deste plano da
escola, que reflecte o curriculo, o professor se serve para planificar as
suas aulas.
236 Lição 29

A planificação das aulas, uma etapa essencial da actividade do professor


como podemos ver nas aulas anteriores, é realizada, regra geral,
obedecendo a determinados modelos. Em todo o caso, mesmo com esta
diversificação de modelos de planificação de aulas, parece haver algum
consenso de que ele comporta actividades do professor e dos alunos
(traduzindo os métodos « variantes métodicas bàsicas » de ensino à
utilizar), os meios de ensino, o tempo, o conteudo, os objectivos e as
funções didacticas (na sua integralidade, incluindo momentos de
introdução e motivação, mediação e assimilação, dominio e consolidação
e, finalmente, contrôle e avaliação).

Exercícios

Coloque V ou F as afirmações que são, respectivamente, verdadeiras ou


falsas:

Auto-avaliação 3 a. A planificação do nivel central é importante por orientar ao


professor sobre as experiências educativas que deverà organizar para
os seus alunos

b. Em função das condiçoes concretas, o professor, pode incorporar


ou enriquecer o curriculo para poder ajustar as condições da sua
escola e as particularidades dos seus alunos

c. O plano central, portanto, o curriculo deve ser cumprido


sequencialmente e de forma linear
Didactica Geral : Aprender a ensinar 237

Lição 30

COMPONENTES DE
PLANIFICAÇÃO DO PEA

Introdução
Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de: A tentativa de
apresentação dos modelos de plano de lição jà foi um bom passo para
visualização dos componentes (ou elementos) que orientam a elaboração da
planificação do PEA e, quiça, em todos os niveis de planifiação do PEA. Estes
componentes, em parte, devem ser cuidadosamente
analisados, visto que qualquer plano de ensino para ser funcional deve, por
exemplo, ajustar-se aos alunos, aos conteudos, aos meios existentes e outros
componentes que a seguir iremos nos debruçar deles.

Ao completar esta lição, você serà capaze de:

Idenificar os componentes que se devem ter para a planificação do


PEA

Explicar, em que medida, é util se ter em conta cada um desses


Objectivos componentes.

1. Quais são os componentes a ter em conta para planificar o PEA

2. Porque é que cada um desses componentes é relevante para uma boa


Actividade 40 planificação do PEA?
238 Lição 30

COMPONENTES DE PLANIFICAÇÃO DO PEA


Acabou de reflectir ? De certeza que sim e não estará espantado se dissermos
que em toda a planificação do PEA, nos diversos níveis, se definem os
objectivos, seleccionam-se conteúdos a privilegiar, identificam-se estratégias,
estabelecem-se tempos de realização e se prevêem actividades de avaliação. E
no caso da planificação ao nível do professor, tudo se passa com mais pormenor,
pesando muito mais a preocupação de adequar as propostas às características do
contexto. E ao realizar esta adequação o professor deve tomar decisões, as quais
devem preceder uma série de interrogações, tais como:

 Está adequada às características do meio em que estou a


trabalhar?
 Toma em consideração os recursos e as limitações que o meio e a
escola oferecem?
 Mobiliza todos os recursos humanos disponíveis (alunos,
professores, funcionários da escola e elementos da comunidade)?
 É possível de ser executado por professores com as
características dos que trabalham nesta escola?
 Toma em consideração as aprendizagens anteriores realizadas por
estes alunos?
 Irá desencadear uma aprendizagem progressiva?  Toma
em consideração as características da turma?

Considerando as interrogações atrás referidas, quando se faz uma planificação


terão de se tomar em linha de conta os seguintes componentes:

a. O meio envolvente à escola

Só artificialmente se pode considerar a escola separada do meio. As paredes da


sala de aula são unicamente barreiras físicas, totalmente permeáveis aos
problemas, interesses e hábitos culturais da zona em que ela está inserida. Se
estes factores, aparentemente estranhos à turma, não são considerados nas
propostas de aprendizagens, corre-se o risco de não interessarem ou de serem
inacessíveis aos alunos. Os exemplos que se dão, os exercícios que se vão
propor, as motivações que se utilizam, a linguagem que se usa, tudo tem de ser
adequado ao meio. E,
Didactica Geral : Aprender a ensinar 239

evidentemente, esta adequação tem muito que ver com as limitações e com os
recursos quer materiais quer humanos que a escola e o meio oferecem.

Com efeito, as condições em que se trabalha são por vezes tão fortemente
imitantes que será utópico não as tomar em consideração. E assim,
frequentemente o professor é forçado, por exemplo, a mudar de estratégia
porque não é mesmo possível concretiza-la com o material de que dispõe. Mas
considerar de forma realista as limitações a que se está sujeito não significa que
se adopte face a elas uma atitude de submissão; bem pelo contrario, é
fundamental que elas se encarem sempre como um desafio à criatividade e
iniciativa de cada um tal como é ilustrado pelo caso de um professor de
Português que, não tendo qualquer biblioteca na escola, nem qualquer biblioteca
de turma, e estando muito empenhado em desenvolver o gosto pela leitura com
seus alunos, faz com eles uma recolha de contos tradicionais da região. Esses
contos foram escritos pelos alunos, por eles ilustrados e policopiados,
constituindo um pequeno embrião de uma colecção de textos à disposição de
todos, talvez uma “biblioteca” mais viva e mais útil que muitas outras.

b. Recursos/meios de ensino existentes

É importante conseguir o aproveitamento óptimo dos recursos existentes.


Desde o quadro preto à árvore do pátio da escola, à mão do professor que
pousa amigavelmente no ombro do aluno, às experiências vividas podem
contribuir para que as aprendizagens se tornem mais ricas e gratificantes.
O facto de a escola ter ou não maquina de projectar, filmes, slides,
retroprojector, ter laboratórios bem ou mal equipados, o facto de a região
ter ou não industrias, explorações mineiras, etc., abertas a uma
colaboração com a escola, ou ainda mercados ou feiras, artesanatos
característicos que se possam explorar, ira ser decisivo na escolha de
estratégias.

O mesmo também se aplica para o caso de recursos humanos. Por exemplo, o


facto de se saber que há alguém que pode dar sobre um determinado assunto
(exemplo, o inicio da luta armada de libertação de Moçambique, etc.) um
depoimento vivo e que se põe à disposição dos alunos para contar a sua
experiência e responder perguntas, pode alterar completamente e enriquecer
uma estratégia anteriormente pensada. Há
240 Lição 30

pois que contar com a riqueza de que são portadores os professores, os alunos,
os familiares dos alunos, bem como os elementos da comunidade.

Finalmente, pensando nos recursos, é importante que o professor pense


também que ele constitui um excelente recurso de ensino, pois tudo
depende do seu “empenhamento, das atitudes, da natureza e da qualidade
da relação pedagógica investida no processo educativo”. O professor ao
planear a sua acção tem, pois, de estar bem consciente dos seus aspectos
positivos e das suas limitações como pessoa e como profissional, a fim de
que possa delas tirar o maior partido possível. E é assim que no corpo
docente ou entre os funcionários se descobre que há musicólogos, poetas,
arqueólogos amadores, fotógrafos, agricultores, oleiros, marceneiros,
cozinheiros, etc. cujos saberes podem enriquecer as actividades escolares
de determinadas disciplinas (exemplo, ofícios, educação visual, educação
musical, desenho, etc.). E o mesmo se pode aplicar no caso dos
encarregados de educação que, dentre eles, se pode recorrer como
portador de alguma riqueza cultural, o que igualmente é bom sob ponto
de vista afectivo, que consiste em um filho ver que o que o pai ou a mãe
fazem é valorizado a ponto de eles serem chamados à escola para ajudar,
para ensinar como qualquer professor.

c. O aluno

Qualquer criança, adolescente ou jovem é portador de uma experiência de vida,


de um saber, cujo seu aproveitamento é um recurso económico e eficaz (a
compreensão de um determinado assunto é muitas vezes mais fácil se esse
assunto for tratado por um colega em vez do professor), e o facto de permitir ao
aluno trazer o contributo do seu próprio mundo ao PEA permite-lhe sentir que é
um dos protagonistas desse processo e fálo-á sentir-se digno de crédito,
confiante em si mesmo e nos outros.

Por outro lado, uma componente importante na planificação do PEA é a sua


adequação ao aluno. Realmente, para além da compreensão das características
próprias do nível etário do aluno e das características médias da população
escolar, certamente tidas na elaboração dos programas, é fundamental que o
professor conheça as características pessoais do aluno.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 241

Com efeito, se a verdadeira aprendizagem é sempre o produto da actividade


pessoal de cada um, então o papel do professor consiste em tentar criar situações
que favoreçam em cada aluno a mobilização óptima de todos os seus recursos,
particularmente dos seus pré-requistos. De facto, é fundamental que o aluno
domine os pré-requisitos daquela unidade de ensino/aprendizagem, isto é, que
domine aqueles conhecimentos e possua aquelas capacidades sem as quais não é
possível realizar as aprendizagens subsequentes.

O aluno, como conjunto, agrupado em turma merece também ser


conhecido. Cada turma é um grupo dotado de uma dinâmica própria e é
necessário que o professor conheça essa dinâmica, os hábitos e o modo de
reagir da turma para planificar a sua acção, de forma a tirar o máximo
partido da turma como um recurso. A confrontação de pontos de vista
diferentes, o aceitar pôr-se em questão, o hábito de ouvir os outros, de
respeitar pontos de vista diferentes dos seus, de se exprimir claramente,
de ajudar e de ser ajudado, de lutar pelo que considera certo são, entre
outras, aprendizagens que o trabalho na turma pode proporcionar e que
permitem contribuir para o desenvolvimento cognitivo, social e afectivo
dos alunos.

O conhecimento do comportamento da turma irá ainda ter uma influência


decisiva no tipo de trabalho que se ira propor: a uma turma irrequieta será
preciso fazer propostas mais dinâmicas que canalizem aquela energia
excessiva para actividade produtiva. Para alunos excessivamente
competitiva será de insistir em propostas assentes no trabalho de grupo,
etc.

d. Conteúdos

Os conteúdos a ser ter em conta na planificação do PEA pelo professor já vêm


indicados, em linhas gerais, pelos programas de ensino que se baseia nos
esquemas conceptuais que os presidem e os temas organizadores. Neste sentido,
quando os professores duma mesma escola não trabalham em conjunto sobre um
mesmo programa pode haver diferenças de interpretação. Isso é que faz com que
na mesma escola diferentes professores dêem as rubricas com ênfases diferentes
e por ordens diferentes. Este facto poderá aparentemente não ser importante,
mas a discrepância de situações em que inevitavelmente os alunos se
242 Lição 30

encontrarão ao enfrentarem os exames repercutiríeis, naturalmente, a nível da


classificação.

Neste sentido, o importante consiste em perceber que para além da organização


do conhecimento em si, com base nas suas regras, o conteúdo abrange todas as
experiências educativas do conhecimento, devidamente seleccionadas e
organizadas pela escola. E na selecção da matéria deve-se ter em conta o valor
funcional que mais se liga aos problemas da actualidade e tenha valor social. A
selecção deve ter em conta os interesses regionais bem como as necessidades e
fases do desenvolvimento do aluno.

Sumário
O ambiente escolar. Esse sim, é um elemento fortemente a considerar
para a planificação do PEA. O professor, qualquer disciplina que seja,
não poderia dar aula indistintamente quer esteja nesta ou naquela escola,
neste ou naquele ponto do pais, sobretudo em função das condições de
que dispõe : é uma questão de pragmatismo e de adequação às condições
locais, para que, efectivamente o plano seja funcional sob o ponto de
conseguir levar os alunos a atingir os objectivos de aprendizagem que se
desejam.

Igualmente diríamos para o caso doutros componentes de que acabamos de


retratar : meios ou recursos de ensino, conteúdos e o aluno. E como poderemos
ver na ala que se segue, o exercício vai tem que ser sempre o mesmo em relação
a outros componentes, nomeadamente objectivos, procedimentos (métodos) de
ensino e a avaliação do plano de ensino.
Didactica Geral : Aprender a ensinar 243

Exercícios

Seleccione apenas as afirmações verdadeiras do conjunto das


seguintes frases:

a. Para além da organização do conhecimento em si, com base nas


Auto-avaliação 4 suas regras, o conteúdo abrange todas as experiências educativas
do conhecimento, devidamente seleccionadas e organizadas pela
escola (em grupo de professores da mesma disciplina ou classe)

b. Nenhum plano de aula teria espaço para acomodar os vários


aspectos do ambiente envolvente : o que interessa é que ele se
restrinja ao que consta no programa.

c. A verdadeira aprendizagem é sempre o produto da actividade


pessoal de cada um, razão pela qual o papel do professor consiste
em tentar criar situações que favoreçam em cada aluno a
mobilização óptima de todos os seus recursos, particularmente
dos seus pré-requistos

d. O que se disse na alínea anterior obriga o professor a planificar as


suas aulas em função das particularidades dos seus alunos

e. Se pudéssemos contar com a riqueza cultural das pessoas


existentes à volta da escola para servirem de meios de ensino,
isso iria atrasar ainda mais o cumprimento do programa
244 Lição 31

Lição 31

COMPONENTES DE
PLANIFICAÇÃO DO PEA
(Conclusão)

Introdução
Objectivos, procedimentos de ensino e avaliação constituem os últimos
componentes que nos resta falarmos deles. A abordagem que fazemos nesta
aula, enquadra-se no que fizemos na aula passada, ou seja, procurar sobretudo
ajudar a compreender a necessidade de tê-los em conta ao longo do processo de
planificação do PEA.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

Explicar em que consiste os objectivos, os procedimentos de ensino e a


avaliação em tanto que componentes do processo de planificação do
PEA.
Objectivos
Didactica Geral : Aprender a ensinar 245

1. Em que consistem os objectivos, os procedimentos de ensino e a


avaliação em tanto que componentes da planificação do PEA?

Actividade 41

Caro cursante, pensamos que por tudo que temos discutido ao longo deste
módulo, falar dos objectivos, dos procedimentos e da avaliação como
componentes de planificação do PEA é bastante fácil para si. De facto,
indo na mesma ordem de apresentação destes componentes tal como
estão ordenados na questão que lhe foi colocada, de certeza que você
conclui seguinte :

i. Objectivos

Os objectivos consistem na descrição clara do que se pretende alcançar como


resultado da nossa actividade. Os objectivos nascem da própria situação
(comunidade, da família, da escola, da disciplina, do professor e,
principalmente, do aluno).

ii. Procedimentos de ensino

Trata-se de acções, processos ou comportamentos planeados pelo professor para


colocar o aluno em contacto directo com as coisas, factos e fenómenos que
possibilitem modificar sua conduta, em função dos objectivos previstos. Eles se
relacionam com os recursos didácticos, teóricos e materiais que o professor tem
de utilizar para alcançar os objectivos de aprendizagem dos seus alunos:
compreende métodos e técnicas de ensino e de todos os recursos auxiliares
usados para estimular a aprendizagem do aluno.

iii. Avaliação

A avaliação se justifica como componente essencial do plano de ensino pelo


facto de ajudar na determinação do grau e quantidade de resultados alcançados
em relação aos objectivos definidos. Nesta ordem de ideais, quando terminam os
trabalhos previstos para o ano lectivo, para aquela unidade de ensino ou para
aquela lição, bem como as actividades que, por se ter de atender a qualquer
acontecimento inesperado substituíram ou
complementaram o que estava planificado, a próxima etapa é
246 Lição 31

avaliar o plano executado, referindo determinadas perspectivas: a sua eficácia, o


seu rendimento e optimização, a sua maximização.

Perspectiva de avaliação Algumas questões a Indicadores


colocar

Os resultados de uma acção educativa são as


modificações do saber, saber fazer e saber ser:
estar dos alunos, são as aprendizagens que se
espera tenham sido adquiridas. Para se
O plano....tem produzido concluir se elas se concretizaram, é
resultados? Quais são ou necessário verificar, através de testes, de
Eficácia foram esses resultados? diálogo e de observação directa, o que os
Estão eles em alunos possuem agora comparando com o
conformidade com os que possuíam à entrada: se a maioria dos
objectivos? alunos conseguiu adquirir as aprendizagens
previstas, então o plano foi eficaz. Pode
considerar-se 80 a 85%de êxito num dado item,
uma percentagem indicadora de que o assunto está
adquirido pela turma

Os resultados foram ou O rendimento e optimização podem ser


não obtidos de forma mais verificados através da análise da prátaica do
rentável? Isto é, o plano próprio ou de outros colegas: comparando
funcionou de maneira com o que sucedeu em acções planeadas de
“económica”?...Para dado modo diferente se pode ver se os resultados
resultado, tem havido justificam os esforços empreendidos, se não
Rendimento e esforços de redução do se investiu de mais para o que se conseguiu,
Optimização custo, de tempo, de se não se poderia chegar ao mesmo, de uma
energia (dos alunos, dos maneira mais fácil, por exemplo, lançando
professores, da mão de menos recursos ou gastando menos
colectividade...)? A tempo. Em suma, o rendimento e a
relação entre o conjunto optimização traduzem-se pelo dispêndio do
dos meios mobilizados e mínimo para obtenção do mais elevado
os resultados resultado
efectivamente obtidos é a
melhor possível?

Poderá apreciar-se a maximização


comparando os objectivos estabelecidos à
Os objectivos visados e as partida com os resultados a que se chegou,
estratégias utilizadas para comparando os efeitos obtidos neste plano
Maximização os alcançar foram os que com os efeitos obtidos com outros planos
permitiram chegar ao mais realizados pelo próprio professor ou por
elevado nível de outros professores. Quando, por exemplo, se
conhecimentos, ao maior estrutura uma aula pondo os alunos a
desenvolvimento das trabalhar em grupo pode conseguir-se que
personalidades, à melhor eles apreendam o conteúdo em questão,
preparação para a vida, à desenvolvendo simultaneamente algumas
melhor adaptação às capacidades. Com efeito, se conseguirmos
condições sociais e que os alunos, ao apreenderem determinado
culturais, etc. Ou ainda: conceito, desenvolvam ao mesmo tempo as
soube-se utilizar a situação suas capacidades cognitivas e psicomotoras e
Didactica Geral : Aprender a ensinar 247

para dela tirar o máximo ainda se enriqueçam sob o ponto de vista


de possibilidades? humano, então estamos no caminho da
maximização da actividade. É, pois, uma
questão de explorar ao máximo as
potencialidades da estratégia e dos materiais
adoptados.

Sumário
Nos modelos de plano de ala fez-se referência dos elementos que devem constar
nele. E nesta aula, assim como na anterior procuráramos sistematizá-los,
apresentando elementos que os caracterizam e, à partir disso, o que justifica a
sua pertinência como elementos importantes a ter em conta em toda a
planificação do PEA.

Em relação a esta aula particularmente, vemos o plano tem que ter


claramente o que se pretende alcançar em termos de aprendizagem como
resultado da actividade de ensino, a qual se realiza utilizando
procedimentos de ensino que, por sua vez, permitirão colocar o aluno em
contacto directo com as coisas, factos e fenómenos que possibilitem
modificar sua conduta, assimilar conceitos, esquemas de pensamento,
desenvolver habilidades, enfim, aprender, em função dos objectivos
previstos.

Exactamente, colocando o plano do ensino ao serviço da aprendizagem dos


alunos, visto que o ensino é uma actividade finalizada, após e ao longo da
realização do PEA (com plano de ensino apropriado), se faz a avaliação do
plano executado, referindo determinadas perspectivas: a sua eficácia, o seu
rendimento e optimização, a sua maximização.
248 Lição 31

Exercícios

Veja se dentre as afirmações que se seguem existe alguma verdadeira:

a. O professor ao planificar uma aula, basta-lhe ter os conteúdos à


explicar posteriormente aos alunos, mesmo sem clareza do que se
Auto-avaliação 5
pretende que eles sejam capazes de fazer, na sequência dessa
aula, por isso colocar os objectivos no plano de lição é, as vezes,
dispensável.

b. No plano de lição os procedimentos de ensino compreendem


métodos e técnicas de ensino e de todos os recursos auxiliares
usados para estimular a aprendizagem do aluno.

c. A avaliação do plano do ensino ajuda a determinar o grau e


quantidade de resultados alcançados em relação aos objectivos
definidos

Respostas aos exercícios de auto-avaliação

Auto-avaliação 1: Não concordaria { a) e b) }, Concordaria { c) } Auto-

avaliação 2: Ideia que não é totalmente correcta { e) }

Auto-avaliação 3: Afirmações verdadeiras { a) e b) }, Afirmação falsa {


c) }

Auto-avaliação 4: Afirmações verdadeiras {a), c) e d) } Auto-

avaliação 5: Afirmações verdadeiras { b) e c) }


Didactica Geral : Aprender a ensinar 249

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

1. CORTESÃO e TORRES. Avaliação Pedagógica II-Mudança na


Escola, Mudança na Avaliação ; Porto Editora, Porto, 1990

2. KLINGBERG, Lothar. Introducción a la didáctica general.


Editorial Pueblo y educación; Ciudad de la Habana, 1972.

3. LEMOS, V. O critério do Sucesso-Técnicas de Avaliação da


Aprendizagem ; 4 ediçao ; Texto editora, Portugal, 1990

4. LIBANEO, J . Didáctica ; Cortez editora ; SP, 1992

5. PILETTI, C. Didáctica ; Cortez editora ; SP, 1990

6. POUW, L. Conferências de Didáctica Geral ; ISP, Maputo, 1993

7. UNESCO. Carta escolar y microplanificacion de la educacion ;


Division de politicas y planeamento de la educacion ; IIPE ; Paris,
1985

8. VV. Pedagogia ; Editorial Pueblo y Educacional ; Habana, 1981

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