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PRINCIPIOS DE INTERPRETACAO BIBLICA Prinefpios de interpretagio bfblica Louis Berkhof Principios de interpretagao Biblica @ by Louis Berkhof. Originalmente publicado em inglés com 0 titulo Principles of Biblical Interpretation. Baker Book House, Grand Rapids, Michigan 49506. © 2000 Editora Cultura Crista. Todos os direitos séo reservados, 1# edigto ~ 2000 ~ 3,000 exemplares 2 edi¢go ~ 2004 ~ 3,000 exemplares 3* edigo ~ 2008 ~ 3.000 exemplares Consetho Editorial ‘Agen Cirilo de Magalies, Jr. AAlderi Souza de Matos André Lis Ramos Claudio Marta (Presidente) Fernando Hamilton Costa Francisco Solano Portela Neto Mauro Fernando Meister Tareftio José Freitas de Carvalho | Produgio Editorial Valdeci da Silva Santos | Traducao Denise Meister Revisao Silvana Brito Editoracao Lela Design Cape Magno Paganelli BSi2p —_Berkhof, Louis 1873-1957 ipios de interpretagdo bfblica/Louis Berkhof, traduzido por ¢~ ¥ edigio revisada - Sao Paulo: Cultura Crista, 2008 144 pa; 16x23 em ‘Tradugio de Principles of biblical interpretation ISBN 978-85-7622-261-3 1, Biblia 2. Hermenéutica 1. Berkhof, L. U1, Titulo 220.6 0° CDD 21 ed. & €DITORA CULTURA CRISTA ‘ua igual Toes Jone, 204 — Camel ‘01540-010- SioPoulo- S>- Bae Fone (tt) 3207-7090-Fox(tt 200-1285, an 0.01.0 ~cep cep ong ‘osoo.oreises Superintendeute: Haverado Ferreira Vargas Editor: Cidudio Anwbnio Batista Marra SumArio PrePACio .. 1, Inrropucao.... IL. HistOR1A DOs PRINCIPIOS HERMENBUTICOS ENTRE OS JUDEUS A. Definigdo de hist6ria da hermenéutis B. Prinefpios de interpretactio entre os judeus ILL. HISTORIA DOS PRINCIPIOS HERMENEUTICOS NA IGREJA CRISTA A. O perfodo patristico . B. O perfodo da Tdade Média. C. 0 perfodo da Reforma D. O periodo do confessionalismo. E, O periodo critico-histérico .. MENBUTICA SAGRADA TV. ACONCEPGAO CORRETA DA BIBLIA, 0 OBJETO DA F A. Ainspiragio da Biblia... B. Unidade e diversidade na 1a Biblia 1 C. A unidade do sentido da Escritura D, O estilo da Escritura: caracteristicas igerais aco oe AO E, O ponto de vista exegético do intérprete .. 3B Y. INTERPRETACAO GRAMATICAL A. O significado das palavras isoladas .. 55 60 B. O significado das palavras no seu contexto ... V. INTERPRETACAO GRAMATICAL A, O significado das palavras isoladas A Biblia foi escrita em linguagem humana e, conseqiientemente, deve ser interpretada gramaticalmente em primeiro lugar. No estudo do texto, 0 in- {érprete pode proceder de duas maneiras. Ele pode comegar com a sentenga, com a expressao do pensamento do escritor como uma unidade e, entao, des- cer aos particulares, a interpretagio das palavras isoladas e dos conceitos; ou ele pode comecar do iiltimo e, entio, gradualmente subir para uma considera- gio da sentenga, do pensamento como um todo. De um ponto de vista pura~ mente l6gico ¢ psicolégico, o primeiro método merece preferéncia. Cf. Woltjer, Het Woord, zijn Oorsprong en Uitlegging, p. 59. Mas, por razGes praticas, é geralmente aconselhavel comecar a interpretagiio de literatura estrangeira com um estudo das palavras isoladas, Portanto, devemos seguir essa ordem na nos- sa discussao. Trés pontos pedem consideragao aqui. 1. A etimologia das palavras. O significado etimol6gico das palavras merece atengao, em primeiro lugar, nao por ser 0 mais importante para um exegeta, mas porque, logicamente, precede todos 0s outros significados. Como regra, nao é aconselhavel que o intérprete gaste muito tempo nas investigagées etimoldgicas. Esse trabalho é extremamente dificil e pode, ordinariamente, ser deixado para os especialistas. Além do mais, 0 significado etimolégico de uma palavra nem esclarece o seu significado atual. Ao mesmo tempo, é aconselha- vel que 0 expositor da Escritura observe a etimologia estabelecida de uma palavra, uma vez que isso pode ajudar a determinar seu significado real e pode 56 - Prinefpios de Interpretagao Biblica iluminé-lo de uma maneira surpreendente. Tomemos as palavras hebraicas kopher, kippurim e kapporeth, traduzidas respectivamente por resgate, re- dengées ou expiagdes e propiciatério, Todas clas sao derivadas da raiz.kaphar, que significa cobrir e contém a idéia de uma redengio ou expiagio realizada por uma certa cobertura. O pecado ou 0 pecador é coberto pelo sangue expiatério de Cristo, que foi tipificado pelo sangue dos sacrificios do Antigo Testamento. Ou, tome a palavra ekklesia do Novo Testamento, derivada de ek e kalein, Ela é uma designagao da Igreja, tanto na Septuaginta quanto no Novo Testa- mento, e aponta para o fato de que ela consiste de um povo chamado, isto é, separado do mundo em devogio especial a Deus. Exerefcio: Encontre o significado original das seguintes palavras: a. Hebraico: hata’, avah, isaddiq, qahal,’edhah; b. Grego: kleronomia, makrothumia, eutrapelia, spermologos. 2. 0 uso atual das palavras.O significado atual de uma palavra é mais importante para o intérprete do que seu significado etimol6gico. Para interpre- tar corretamente a Bfblia, ele deve ter conhecimento dos significados que as palavras adquiriram no curso do tempo e do sentido em que os autores bfblicos as usaram. Esse é um ponto importante a ser estabelecido. Pode-se pensar que isso pode ser facilmente feito por meio da consulta a alguns bons Iéxicos, que geralmente dao os significados originais e detivados das palavrase indicam em que sentido elas devem ser usadas em passagens particulares. Na maioria dos casos, isso se aplica perfeitamente. Ao mesmo tempo, ¢ necessério ter em mente que 08 léxicos nao séio absolutamente infalfveis e menos ainda quando descem aos particulates. Eles simplesmente incorporam os resultados das obras exegéticas dos varios intérpretes que confiaram no julgamento disctiminatério do lexicégrafo e, freqiientemente, revelam uma diferenga de opinifio. E bem possfvel e, em alguns casos, perfeitamente evidente, que a escolha de um sig- nificado tenha sido determinada por preferéncia dogmatica, ‘Tregelles adverte contra esse perigo na obra introdutéria da segunda edigtio do seu Gesenius. Dizele: Daf surge a importancia peculiar, mencionada acima, de se prestar a atengdo adequada & filologia hebraica. Um conhecimento real dessa Itngua, ou mesmo a habilidade de escritores competentes em usar adequadamente as palavras, freqtientemente, mostrar que a afir- maciio dogmatica de que algo muito peculiar deva ser o significado Interpretagdio Gramatical - 57 de uma palavra ou sentenga hebraica é somente uma petitio principii delineada em nome de certas dedugGes a que se pretende chegar. Qualquer estudioso competente pode ver que esse significado estra- nho nao s6 é desnecessdrio como também, muitas vezes, inadmisst- vel, a no ser que seja permitido nos valermos das mais arbitrérias conjecturas... 0 modo pelo qual alguns tém introduzido dificuldades no departamento da filologia hebraica tem sido pela atribuigio de significados novos e estranhos as palavras hebraicas, afirmando que esses significados devem estar certos em passagens particulares (embora em mais nenhum outro lugar), ¢ limitando o sentido de uma raiz ou de um termo para, assim, concluir que se pode encontrar alguma incorrego de declarago por parte dos escritores sagrados.. Se o intérprete tem alguma razio para duvidar do significado de uma palavra, como apresentado no Léxico, ele precisard investigar por si mesmo. Esses esforgos so, indubitavelmente, muito frutfferos mas, também, extremamente dificeis porque: (a) A maioria das palavras tem muitos significados, alguns literais e outros figurados; (b) O estudo comparativo de palavras anélogas em outras linguas requer uma discriminagdio cuidadosa e nem sempre ajuda a fixar o significado exato de uma palavra, uma vez que palavras correspondentes em I{nguas diferentes nem sempre tém, exatamente, os mesmos significados originais ¢ derivativos; (c) No estudo das palavras do Novo Testamento, € imperativo que a avaliagaio do koiné escrito e também do falado, seja considerada; (d) Nao 6 sempre seguro concluir o significado de uma palavra do Novo Testamento a partir do seu significado no grego classico, uma vez. que 0 Cristianismo acrescentou um novo contetido a muitas palayras. Além do mais, €arriscado assumir que uma palavra sempre tem o mesmo significado na Palavra de Deus. O Deus revelador falou muitas vezes e de muitas maneiras; sua revelaglo foi progressiva e pode ter enriquecido o significaco das palavras no curso.do seu desenvolvimento. Mas, por mais dificil que essa tarefa seja, isso néio pode deter o intérprete. Se necesséio, ele deve fazer, por si mesmo, um estuelo completo de uma palavra. Eotinico modo pelo qual ele pode fazer isso é pelo método indutivo. Serd sua incumbéncia (a) apurar, com a ajuda das concordancias grega¢ hebraica, onde a palavra é encontrada; (b) determinar o significado da palavraem cada um dos contextos em que ocorre; ¢ (c) fazer isso por meio das ajudas internas em vez das externas. No decorrer desse estudo, 0s varios significados de uma palavra irfo, gradualmente, tornar-se aparentes. No entanto, o intérprete deve tomar cuidado com as conclusées precipitadas, e nunca basear sua indugao somente 58 - Prineipios de Interpretag&o Biblica em uma parte dos dados dispontveis. Esse estudo indutivo pode capacité-lo a (a) determinar se um certo significado, confiantemente atribufdo pelo léxico a uma palavra, é, de fato, correto; ou (b) obter certeza a respeito do significado repre- sentado como duvidoso no Iéxico; ou (c) descobrir um significado que nunca antes hayia sido atribufdo a uma determinada palavra. Os chamados hapax legomena constituem uma dificuldade especial. Es- ses podem ser de dois tipos, a saber, (1) absoluto, quando uma palavra 6 encontrada apenas uma vez em toda a extensdo da literatura conhecida; e (b) relativo, quando hé apenas um tinico exemplo do seu uso na Biblia. O primeiro é, particularmente, desorientador para o intérprete. A origem de tais palavras est, freqiientemente, perdida na obscuridade e seu significado s6 pode ser determinado de forma aproximada, por meio do contexto em que ocorre e pela analogia de palavras relacionadas na mesma lingua ou em outras. Reflita em epiousios de Mt 6.11; Le 11.3; ¢ pistikes em Me 14.3; Jo 12.3. 3.0 uso de palavras sindnimas. Todas as Iinguas contém antonimos e sindnimos. As palavras sinénimas so aquelas que tém o mesmo significado ou concordam em um ou mais de seus significados, embora possam diferir em outros. Blas, freqiientemente, concordam em seus significados fundamentais, mas expressam diferentes nuances. O uso de sindnimos contribui para a beleza da linguagem na medida em que possibilita a um autor variar suas expressdes. Além disso, enriquece uma linguagem, tornando-a capaz de expressar mais detalhadamente as diferentes nuances e aspectos de cada idéia particular. As linguas em que a Biblia foi escrita sao também ricas em expressdes sindnimas e antOnimas. E de se lamentar que essas nao tenham sido retidas, a uma grande extensao, nas tradugdes. Em alguns casos, isso foi completamente imposs{vel, mas, em outros, podetia ter sido feito. Mas, embora algumas das mais refinadas distingdes tenham sido perdidas na tradugao, o intérprete nunca pode perdé-las de vista. Ele deve atentar para todas as idéias relacionadas da Biblia eperceber rapidamente o que elas tém em comum e em que diferem, Essa éa condigio sine qua non de um conhecimento distintivo da revelagao biblica. Aqui, novamente, 0 auxilio externo pode ser utilizado, como 0 Old Testament Synonyms de Girdlestone, Hebrew Synonyms de Kennedy, New Testament Synonyms de Trench e Biblisch-Theologisches Wérterbuch de Cremer. Mas essas obras no so completas e hé a possibilidade de essas distingGes nao serem aceitéveis ao intérprete. Nesse caso, ele tera de fazer um estudo indutivo por si mesmo, o que é extremamente dificil, No prefiicio da oitava edigéio do seu livro, Trench dé sugestdes valiosas quanto & conduta ade- quada para essa investigagao. Interpretagao Gramatical ~ 59 A importancia de se observar cuidadosamente o significado exato das palavras sinOnimas pode ser ilustrado por alguns poucos exemplos. Em Is 53.2, rés palavras siio usadas para expressar a auséncia da gléria externa na vida do Servo do Senhor. Lemos: “Nao tinha aparéncia nem formosura; olhamo- Jo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse”. A primeira (hadar) desig- na um ornamento e, quando aplicada a Deus, descreve majestade. Ela refere- se a0 modo como o Senhor apareccu entre os homens e nfo a sua forma fisica. Ele se manifestou em um estado de humilhagao. A segunda palavra (tho'ar) significa forma, com a idéia adicional de beleza e, conseqiientemente, refere- se’ forma da beleza corporal. Compare com 1Sm 16.18. Eaterceira (mar'eh, de ra’ah, ver) refere-se, algumas vezes, a uma aparéncia externa que € a expressio da natureza essencial intima do ser e conseqiientemente em harmo- nia com ela. Parece que o profeta quis dizer que a aparéncia extema do Senhor nao era exatamente a que os judeus esperavam de um Messias. O Novo Tes- tamento fornece um belo exemplo em Jo 21.15-17. Quando o Senhor ressurreto indagou pelo amor de Pedro que havia cafdo, usou duas palavras, a saber, agapao ¢ phileo. A distingao entre as duas ¢ feita por Trench nas seguintes palavras: A primeira expressa um afeto mais racional de escolha e selegiio, a partir do fato de se ver no objeto desse afeto algo que é digno de consideragao; ou ainda, a partir de um senso de que isso € devido & pessoa entao considerada, como um benfeitor ou semelhant quanto a segunda, sem ser necessariamente um afeto irracional, dé menos explicagiio de si mesmo a si mesmo; é mais instintivo, mais de sentimentos ou afeig6es naturais, implica mais paixio. A primeira, baseada em admiragao e respeito, € um amor controlado pela vontade e tem um carater duradouro; enquanto a tiltima, baseada na afei- Ho, € um amor mais impulsive e propenso a perder seu fervor, Assim, quando o Senhor fez a pergunta a Pedro pela primeira vez: “Tu me amas?”, ele wsou a primeira palavra, agapao. Mas Pedro no ousou responder afirmativamente & pergunta sobre se ele amava ao Senhor com um amor permanente que alcanga seus maiores triunfos nos momentos de tentagao. Assim, em resposta, ele usou a segunda palavra, phileo. O Senhor repetiu a pergunta e Pedro novamente respondeu da mesma maneira. Ent&o 0 Salvador desceu até 0 nfvel de Pedro e, em sua terceira pergunta, usou a segunda palavra, como se ele duvidasse até mesmo do philein de Pedro. Nao é de admirar que Pedro se entristecesse ¢ fizesse um apelo a onisciéncia do Senhor. 60 - Prinefpios de Interpretagao Biblica Esses exemplos bastam para provar a grande importancia do estudo dos sinnimos, Um interessante campo de estudo se abre aqui para o intérprete. Mas, justamente por ser um estudo tiio fascinante, ele pode se tornar perigoso. ‘As palavras sindnimas tém sempre um significado geral como também um signi- ficado distinto especial; e 0 expositor nfio deve agir segundo o princfpio de que sempre que essas palavras sito usadas, o significado distintive deve ser enfatizado porque, assim, ele estar sujeito a se encontrar enredado em todos os tipos de interpretag6es fantasiosas. O contexto em que a palavra é usada, as qualidades atribufdas a ela os adjuntos somados devem determinar qual o sentido em que deve ser entendida, se 0 geral ou 0 especial. Se duas ou mais palavras ou expresses sinOnimas siio encontradas em uma mesma passagem, geral- mente é seguro admitir que seu significado especial requer atengéo. Exercicio: Estude os seguintes sindnimos: a. Antigo Testament: ’edhah e qahal, Ly 4.13; chatta'th, ‘avone pesha’, $132.5; del e 'ebhyon, Py 14.31; gebher e ’adham, Jr 17.5 b. Novo Testament: deesis, proseuche e eucharistia, 17m 2.1; charis ¢ eleos, 2Tm 1.2; sophia ¢ phronesis, Ef 1.8; morphe e schema, Fp 2.7; mochthos ¢ kopos, \Vs 2.9. Bibliografia: FAIRBAIRN. Hermeneutical Manual, pp. 79-106; TERRY. Biblical Hermeneutics, pp. 73-100; DALMAN. The Words of Jesus; DEISSMANN. Biblical Studies; Girdlestone, Old Testament Synonyms; KENNEDY. Hebrew Synonyms; TRENCH. New Testament Synonyms; CREMER. Biblisch- Theologisches Worterbuch; as varias Concordancias e Léxicos. B. O significado das palavras no seu contexto — Usus Loquendi No estudo das palavras isoladas, a questo mais importante nfo é quan- to a0 significado ctimolégico, nem mesmo quanto aos varios significados que elas adquiriram gradualmente. A questo essencial € quanto ao seu sentido particular no contexto em que ocorrem. O intérprete deve determinar se a pala- ra é usada no seu significado geral ou em um dos seus significados especiais, se €usada no sentido literal ou figurado. A discussao sobre o uso figurado das palavras sera deixada para um paragrafo posterior. No estudo das palavras no seu contexto, 0 intérprete deve proceder segundo os seguintes prinefpios: Interpretagiio Gramatical - 61 1, “A linguagem da escritura deve ser interpretada de acordo com seu significado gramatical; ¢ 0 sentido de qualquer expresséio, proposi- cao ou declaragéo deve ser determinado pelas palavras usadas” (MUENSCHER. Manual of Biblical Interpretation, p. 107). Em tiltima ané- lise, nossa teologia encontra seu fundamento sélido apenas no sentido gramati- cal da Escritura. O conhecimento teol6gico seré falho na proporgaio do seu desvio do significado claro da Biblia, Embora esse princfpio seja perfeitarnente Obyio, érepetidamente violado por aqueles que colocam suas idéias preconce- bidas para sustentar a interpretagao da Biblia. Pela exegese forgada, eles ten- tam ajustar o sentido da Escritura as suas opiniGes ou teorias preferidas. Os racionalistas agem a despeito disso quando reduzem a hist6ria da queda a um mito; ¢ os milenaristas, quando encontram em ITs 4.16 a prova para uma res- surreigéio dupla. O intérprete deve se proteger cuidadosamente contra esse erro econscientemente se manter fiel ao significado claro das palavras, 2. Uma palavra pode ter apenas um significado fixo no contexto em que corre. Isso pode parecer evidente o suficiente para nao exigir men- ao especial. Mas a experiéncia nos ensina que nao é supérfluo chamar a atengdio para 0 fato. O desejo de parecer original e profundo e de surpreender as pessoas comuns por meio de exposigées fantdsticas, as quais elas nunca havi- am ouvido, parece, algumas yezes, tentar os intérpretes a se desviarem clesse prine{pio simples de interpretagao. Freqiientemente acontece de todos os signi- ficados que uma palavra tem em sentido abstrato serem atribufdos a ela em. qualquer contexto em que possa ocorrer. Esse procedimento deve ser conde- nado por ser puramente arbitréirio, Seu perigo e tolice podem ser ilustrados por alguns poucos exemplos. A palayra grega sarks pode designar (a) a parte s6lida de um corpo, exceto os ossos (1Co 15.39; Le 24.39); (b) toda a substancia do corpo, quando €sin6nimo de soma (At 2.26; Ef 2.15; 5.29); (c) a natureza animal (sensual) do homem (Jo 1.13; 1Co.10,18); e (d) a natureza humana enquanto dominada pelo pecado, lugare vefculo dos desejos pecaminosos (Rm 7.25; 8.4-9; G15.16,17). Se um intérprete atribusse todos esses significados a palavra como encontrada em Jo 6.53, ele iria, assim, atribuir pecado, em um sentido ético, a Cristo, aquema Biblia apresenta como aquele sem pecado, Apalayra hebraica nakar significa (a) nao saber, ser ignorante; (b) contemplar, olhar para algo como sendo estranho ou como pouco conhecido; e (c) saber, estar familiarizado com. O primeiro e o terceiro significados sao opostos. Portanto, é perfeitamente dbvio que se um expositor tivesse de com- binar esses varios significados nd interpretagaio de uma tinica passagem como 62 - Prineipios de Interpretao Biblica Gn 42.8, 0 contraste que esse versfculo contém se perderia e o resultado seria puro absurdo. Esse método de interpretagao foi favorecido por Coccejuus, que advogou © principio de que todos os significados possfveis de uma palavra na Eseritura devem ser unidos; mas 0 intérprete deve tomar cuidado com esse método de procedimento arbitratio. 3. Casos em que varios significados de uma palavra stio unidos de tal forma que resultam em uma unidade maior que néo se choca com 0 principio precedente: a. Algumas vezes uma palavra é usada no seu sentido mais geral a fim de incluir seus significados especiais, embora esses nao sejam enfatizados. Quando Jesus disse aos discfpulos em Jo 20.21: “Paz seja convosco”, cle queria dizer paz.no sentido mais amplo ~ paz. com Deus, paz de consciéncia, paz entre eles mesmos, etc. E quando Isafas diz. em 53.4: “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades”, ele certamente se refere as doengas espirituais, das quais 0 Servo do Senhor libertaria seu povo. Mas Mt 8.17 nos diz que essa palavra foi cumprida no ministério de cura do Salvador. A palavra de Isafas é, conseqiientemente, tida como niio somente significando que o Ser vo do Senhor libertou seu povo das doengas espirituais, isto 6, do pecado, mas também das enfermidades fisicas resultantes. b. Hd, também, casos em que um significado especial de uma pala- vra inclui outro, 0 que ndo se choca com o propésito e 0 contexto da passagem em que se encontra, Sob tais circunstancias, é perfeitamente legi- timo unir os dois. Quando Joao Batista diz: “Eis 0 cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, ele usa a palavra (airo) que significa (1) assumir e (2) levar embora. Nessa passagem, o tiltimo significado predomina claramente, mas inclui naturalmente o outro. Jesus nao poderia tirar 0 pecado sem tomé-lo sobre si. cc. As vezes, wm autor usa uma palavra em um sentido sugestivo para indicar muito mais do que ela realmente expressa. sso € especial- mente feito na sinédoque, quando uma parte representa o todo. Quando o Sal- yador ensina seus discfpulos a orarem: “Dé-nos pio de cada dia”, a palavra pdo representa as necessidades da vida em geral. E, quando a Lei diz: “Nao matards", ela protbe, de acordo com a interpretagaio de Jesus, nao somente o assassinato, mas também a raiva, 0 édio e a implacabilidade. CO intérprete, no entanto, deve ser cuidadoso em n&o combinar arbitraria- mente 0s varios significados de uma palavra, Ele pode encontrar casos em que aparentemente dois ou mais significados de uma palavra se encaixem igualmente bem e ser tentado a tomar 0 caminho facil de combind-las. Mas isso nao é boa Interpretagio Gramatical - 63 exegese. Muenscher ¢ de opnio que, nesses casos, 0 significado que exibe o sentido mais completo e fértil deve ser escolhido, No entanto, é melhor suspen- der o julgamento até que estudos adicionais garantam aescolha definitiva. 4, Se uma palavra é usada no mesmo sentido mais do que uma vez, a suposi¢ao natural é de que ela tem 0 mesmo significado em toda parte. Um autor nao usaria ordinariamente a mesma palavra em dois ou trés diferen- tes sentidos em uma tinica passagem, Isso iria, sob circunstincias ordinarias, levar A confusio. Porém, hé algumas excegées a regra. Em algumas poucas passagens, uma palavra é repetida com uma mudanga de significado. Mas esses casos sao de tal natureza que o perigo de mal-entendido é eliminado.O carter da expressio do contexto faz. com que seja suficientemente claro o fato de que a palavra nao tem o mesmo sentido em ambos os casos, Os seguintes exemplos serdo suficientes para ilustrar isso: “Mt 8.22, deixa aos mortos 0 sepultar os seus proprios mortos.; Rm 9.6, porque nem todos os de Israel sao, de fato, israelitas; 2Co 5.21, Aquele que néio conheceu pecado, ele 0 fez peca- do por nés; para que, nele, fossemos feitos justiga de Deus” C. Auxilios internos para a explicacao de palavras E natural que surja a questéio quanto ao melhor modo pelo qual um intér- prete pode descobrir o significado de uma palavra em dado contexto. Pode-se dizet que o modo mais efetivo seja o de consultar um Léxico padréio ou alguns bons comentarios, E, em muitos casos, isso pode ser completamente suficiente, mas, em outros, pode ser necessdrio que o expositor julgue por si mesmo. Sempre que for esse 0 caso, ele terd de recorrer ao uso de auxilios internos. Os seguintes séio os mais importantes: 1. As defini¢des ou explicagdes que os préprios autores dao as suas palavras constituem um dos mais eficientes auxilios. Ninguém melhor do ‘que 0 autor sabe que sentido particular ele vinculou a uma palavra. Os seguintes exemplos podem servir para ilustrarisso: Gn 24.2, "Disse Abraaio ao seu mais antigo servo da casa”, ao que é acrescentando como definig&o, “que gover- nava tudo 0 que possufa”. 21m 3.17, “a fim de que o homem de Deus seja perfeito” ,indicando que o homem de Deus devia ser “perfeitamente habilitado para toda boa obra”. Hb 5,14, “Mas 0 alimento sélido é para os adultos” (ou perfeitos), o que ¢ explicado pelas seguintes palavras, “para aqueles que, pela pratica, tém as suas faculdades exercitadas para discernir no somente o bem, mas também o mal”. 64 - Princfpios de Interpretagao Béblica 2. O sujeito ¢ 0 predicado de uma proposi¢ao se explicam mutua- mente, Em Mt5.13, onde lemos: “Se 0 sal vier a ser insipido”, o significado do verbo moranthei, que também pode significar se tornar louco (cf. Rin 1.22), € determinado pelo sujeito, sal. Em Rm 8.19-23, o significado do sujeito, cria- ¢do, € limitado pelos varios predicados. Os anjos bons sfo excluidos pelo vers{culo 20; os maus, pelos versiculos 19-21. Os mesmos vers{culos tornam impossivel a inclusiio dos homens maus, enquanto o versiculo 23 também exclui os filhos de Deus. A idéia €, portanto, limitada a criagao irracional e inanimada. 3. 0 paralelismo pode ajudar na determinagao do significado de uma palavra. Isso se aplica especialmente aos sinénimos e ao paralelismo antitético. No S17.13 lemos: “Para cle preparou jé instrumentos de morte”, 0 que é explicado pela parte seguinte: “Preparou suas setas inflamadas”. Em Is 46.11, 0 Senhor diz de si mesmo que ele: “Chama a ave de rapina desde 0 Oriente”, ¢ a explicagdo disso se encontra no paralelismo: “E de uma terra Jonginqua, o homem do meu conselho”. Também, em 2Tm 2.13, Paulo afirmaa respeito de Deus que: “Ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo”. A primeira expressao explica a segunda, o que em Le 9.23 significa sacrificar os prazeres ¢ interesses pessoas. Em Py 8.35 lemos: “Porque 0 que me acha acha a vida”; ¢ na parte antitética do paralelismo no versiculo seguinte: “Mas o que peca contra mim violenta a propria alma”. A primeira explica a segunda ¢ mostra claramente que 0 verbo chata’ é usado, aqui, no seu sentido original, isto ¢, errar 0 alvo. Conseqiientemente, poderfa- mos ler: “Mas aquele que me erra...” 4. As passagens paralelas também constituem um auxilio impor- fante, Estas sao divididas em duas classes, a saber, verbal e real. “Quando a mesma palavra ocorre em contextos semelhantes, ou em referéncia ao mesmo assunto geral, o paralelo € chamado verbal... Paralelos reais sio aquelas passa- gens similares nas quais a semelhanga ou identidade consiste néo de palavras ou frases, mas de fatos, assuntos, sentimentos ou doutrinas” (Terry, Biblical Hermeneutics, p. 221). Os paralelos verbais estabelecem pontos de uso lingitistico, enquanto os paralelos reais servem para explicar pontos de interes- se dogmatico, ético e hist6rico. Por ora, estamos interessados apenas nos para- elos verbais, que podem servir para explicar uma palavra obscura ou desco- nhecida. E possivel que nem aetimologia de uma palavra, nem 0 contexto na qual ela é encontrada, sejam suficientes para determinar seu significado exato. Nesses casos, o estudo das passagens paralelas, nas quais a mesma palavra é encontrada em contexto semelhante ou em referéncia ao mesmo assunto ge- Interpretagio Gramatieal - 65 ral, € extremamente significativo. Cada passagem consultada deve, natural- mente, ser estudada no seu contexto. Ao valer-se do auxilio de passagens paralelas, o intérprete deve estar certo de que elas sao realmente paralelas. Nas palavras de Davidson: “Nao é suficiente que o mesmo termo ou frase sejam encontrados em ambos; deve haver similaridade de sentimento”, Por exemplo, Jn 4.10 ¢ 1Ts 5.5 nao sao paralelas, embora a expresstio “filho(s) da noite” seja encontrada em ambas. ‘Também nao sao paralelas Pv 22.2 ¢ 29.13, embora sejam, muitas vezes, con- sideradas como tais. (Cf. TERRY, Biblical Hermeneutics, p. 221). Além dis- so, é necessario que a frase ou expresstio que pede explicagdo seja mais clara em uma passagem do que na outra, uma vez que impossfvel explicar uma passagem obscura com outra igualmente obscura. Quanto a isso, é necessario observar que o intérprete deve se guardar contra o erro de tentar ilustrar uma passagem perfeitamente clara com outra menos compreensfvel. Esse procedi- mento € freqiientemente seguido por aqueles que estiio interessados em esca- par da forca dos ensinos positivos da Biblia. Além disso, enquanto as passa- gens paralclas podem ser citadas de qualquer parte da Escritura, é desejavel observar uma certa ordem, O intérprete deve procurar paralelos, primeiramen- te, nos escritos do mesmo autor, desde que, como Davidson nota: “As mesmas peculiaridades de concepgio e modos de expressao sdio sujeitas a reaparece- rem em obras diferentes que procedem de uma mesma pessoa”. A seguir, as obras de contempordneos devem ser consultadas antes das de outros. Nova- mente, o senso comum dita que os escritos da mesma classe tém prioridade sobre os que pertencem a classes diferentes. Ao ilustrar o uso de passagens paralelas, faremos a distingao entre as que so assim chamadas de forma propria e imprépria. a. Paralelos de palavras apropriadamente assim chamadas. Em Cl 1.16, lemos: “Pois, nele (Cristo), foram criadas todas as coisas”. A vista do fato de que a obra criadora aqui é atribuida a Cristo, alguns arriscam a opiniio de que a expresso “todas as coisas” (panta) refere-se a toda a nova criagdo, embora 0 contexto favorega a idéia de universo. A questéio agora levantada € se hé qualquer passagem na qual a obra da criagao € atribuida a Cristo, ¢ a possi- bilidade de uma refer€ncia & nova criagio é exclufda, Essa passagem é encon- trada em 1Co 8.6, onde a expressiio fa panta & usada para todas as coisas criadas, e a obra criadora ¢ atribufda igualmente ao Pai e ao Filho. Em Is 9.6, 0 profeta diz: “Porque um menino nos nasceu... ¢ o seu nome ser... Deus Forte (El gibbor)”. Gesenius nao encontra referencia a Deus aqui, e traduz essas palavras como “heréi poderoso”. Mas, em Is 10.21, a mesma frase € usada em um contexto no qual s6 pode se referir & Deidade. Jo 9.39 contém a declaragao: 66 - Princfpios de Interpretagao Biblica “Bu vim aeste mundo para juizo, a fim de que os que nfio véem vejam, e os que véem se tornem cegos”. A palavra krima (jufzo) denota geralmente um juizo de condenagdo. Mas a frase final, nesse caso, parece demandar um significa- do mais amplo do juizo em geral, ¢ surge a questo sobre se a palayra é sempre usada nesse sentido, Rm 11.33 responde a essa dtivida, pois 14, a mesma pala- vra, indubitavelmente, tem um significado geral. b. Paralelos de palavras ou frases impropriamente assim chamadas. Es- ses podem ser-chamados de paralelos impréprios uma vez que niocontémas mes- mas palavras, mas expressGes ou palavras sindnimas. Os casos em que uma expres- siio é mais completa em uma passagem do que em outra também podem ser assim lassificados. Em2Sm8. 18, lemos: ..Os filhosde Davi, porém,eram seus cohanin” (geralmente traduzido por sacerdotes). Gesenius afirma ques palavra sempre signi- fica sacerdotes, enquanto Fuerst afirma que ela pode significar principes, praefecti, -ivili,A:ilima opinitio é confirmada pela passagem paralelaem ICr 18.17, onde, emuma enumeragio similar’ de2Sm 8, lemos: “Os filhos ce Davi, porém, exam os primeiros ao lado do rei [principes] (ri’shonim)”. Mt8,24 diz: “E eis que sobreveiono mar uma grande seismos”. Essa palavra significa realmente terremoto, mas.aqui ocontexto parece apontar para um significado diferente, [ssoéconfirmado pelas passagens paralelas, Mc4.37 eL.c8.23, ondea palayra lailaps é usadacomo significado de vendaval ouum vento tempestuoso.E também,em Hb 1.3, lemos:*.. Depois de ter feito (di’ heautoul) a purificagao dos pecados”. A expresso significa- tivadi’ heautou éexplicada pela passagem paralela em Hb 9,26, que diz: “... Para aniquilar, pelo sacrificio desi mesmo, opecado”. Exereicio: Determine o significado das seguintes palavras no contextoem que ovorrem usando os auxilios intemos descritos: “casa” (oikia), 2Co 5.1 “f€” (pistis), Hb L1.1; “o véu (katapetasma), Hb 10.20; “ie envolverd coma sua sombra”, Le 1.35; “um juden’, Rm 2.28,29; “foram feitas” (egeneto), Jo 1.3, comp. Cl 1.16; “os rudimen- tos do mundo” (stoicheia tou kosmou), G14.3, comp. versiculo 9; “as coisas ocul- tas das trevas” (ta krupta fou skopou), 1Co 4.5; “came e sangue” (sarks kai haima), \Co 15,50;comp. Mt 16.17 eGI 1.16. Bibliografia: TERRY. Biblical Hermeneutics, pp. 79-88; 119-128; IMMER. Hermeneutics, pp. 159-183; MUENSCHER, Manual, pp. 107-128; DAVIDSON: Sacred Hermeneutics, pp. 225-252; ELLIOTT. Biblical Hermeneutics, pp. 101-116; FAIRBAIRN. Hermeneutics, pp. 19-106; LUTZ. Biblical Hermeneutics, pp. 186-226. Interpretagiio Gramatical - 67 D. O Uso Figurado das Palavras 1. Principais tropos usados na Escritura. Nesse caso, nao estamos preocupados com as figuras de sintaxe ou de pensamento, mas comas figuras de linguagem que sito comumente chamadas de #ropos, nas quais uma palavra ou expressfio é usacia em um sentido diferente daquele que lhe € prdprio. Blas se baseiam em semelhangas ou em certas relagées definidas. Os principais tropos sio a metéfora, a metonimia ea sinédogue, a. A metdfora pode ser chamada de comparagiio nfio-expressa. Bla 6 uma figura de linguagem na qual um objeto é assemelhado a outro afirmando ser 0 outro, ou falando dele como se fosse 0 outro, Ela difere da s{mile pelo fato de nao expressar palavra de semelhanca. As metéforas ocorrem freqiientemente na Biblia. No S1 18.2, seis delas sao encontradas em um tinico yersiculo, Jesus usow essa figura de linguagem quando disse aos fariseus: “Ide dizer a essa raposa”, Le 13.32. Ha dois tipos de metéforas na Biblia que se referem ao Ser Divino e merecem atengao especial: (1) antropopatismo e (2) antropomorfismo, No primeiro, as emogSes, as paixdes ¢ os desejos humanos séio atribufdos a Deus. Cf. Gn 6.6; Dt 13.17; Ef 4.30, No tiltimo, sao atribuidos acle membros do corpo ¢ atividades fisicas, Cf. Bx 15.16; $134.16; Lm 3.56; Ze 14.4; Tg 54. Indubitavelmente, h4, também, muito de metaférico na desci 40 do céu como uma cidade com ruas de ouro e portées de pérolas, no qual a drvore da vida produz seus frutos de més a més; e na representagdio do tormento eterno como um verme que nao morre, um fogo que nao se extingue e uma labareda de tormento subindo para sempre. b. As metonimias também so numerosas na Biblia. Essa figura, assim como a sinédoque, é baseada em uma relagio em vez de em uma semelhanga. No caso da metonfmia, essa relagio é mais mental do que fisica. Ela indica relagdes como causa ¢ efeito, progenitor ¢ posteridade, sujeito ¢ atributo, sinal c objeto significado. Paulo diz em I'Ts 5.19: “Nao apagueis o Expirito”, quando se refere As manifestagdes especiais do Espirito. E quando, na parabola do rico e Lazaro, Abraao diz: “Eles tm Moisés os profetas”, Le 16.29, ele natural- mente queria dizer os escritos deles, Em Is 22.22: “a chave da casa de Davi” transmite a idéia de controle sobre a casa real. A circuncisao é chamada de alianga em At7.8, porque era um sinal da alianga. c. A sinédoque assemelha-se de algum modo & metonfmia, mas a relagzio na qual é encontrada é mais fisica do que mental. Nessa figura, hé uma certa identidade entre o que é expresso ¢ 0 que se quis dizer. Uma parte 6 expressa pelo todo ou 0 todo por uma parte; um gnero pela espécie, ou uma espécie por um género; uma pessoa pela classe ou uma classe pela pessoa; um plural pelo 68 - Principios de lnterpretagio Biblica singular ou um singular por um plural. B dito que Jefté foi sepultado “nas cida- des de Gileade” (Jz 12.7 —na edigao revista e corrigida), quando, naturalmente, se queria dizer uma cidade apenas, Quando o profeta disse em Dn 12.2: “Mui- tos dos que dormem no pé da terra ressuscitardio”, ele certamente nao pretendia ensinar uma ressurreigao parcial, E quando Lucas nos informa em At 27.37 que havia no navio “duzentase setenta e seis almas” (naedigio revista e corrigida), cle nao quis sugerir que havia somente espititos desencarnados a’bordo. 2. Auxilios internos para se determinar se 0 sentido pretendido é 0 figurado ou o literal. 6 da maior importincia, para o intérprete, saber se uma palavra foi usada no sentido literal ou figurado. Os judeus, e até mesmo 08 discipulos, muitas vezes se enganaram seriamente por interpretar literal- mente o que Jesus disse de modo figurado. Cf Jo 4.11, 32; 6.52; Mt 16,6-12. Nao compreender que o Senhor falou figuradamente quando disse: “Isto (6) o meu corpo” tornou-se até mesmo uma fonte de divisio nas igrejas da Re- forma. Portanto, é de extrema relevancia que o intérprete tenha seguranca quanto a isso. As seguintes consideragdes podem fornecer subsfdios para resolver essa questo. a, Hacertos escritos nos quais 0 uso da linguagem figurada é, a priori, impossivel. Entre estes estao as leis e todos os tipos de instrumentos legais, escritos hist6ricos e obras estritamente filosGficas e cientificas ¢ as Confis- ses, Esses almejam, primeiramente, a clareza e a precisdo, ea beleza fica em segundo plano. Porém, é bom lembrar que a prosa dos orientais é muito mais figurada do que a dos povos ocidentai: b, Ha uma antiga regra hermenéutica, freqiientemente repetida, de que as palayras devem ser entendidas no seu sentido literal a nao ser que a interpreta~ Gio literal envolva uma contradigiio evidente ou um absurdo. Deve-se obser var, no entanto, que na pratica isso depende, meramente, do julgamento racio- nal de cada pessoa. O que parece ser absurdo ou improvavel para alguém pode ser considerado como perfeitamente simples ¢ légico para outro, ¢, Omeio mais importante para se determinar se uma palavra foi usada literal ou figurativamente em um certo contexto é encontrado no auxilio intemo ao qual jé nos referimos. O intérprete deve considerar estritamente o contexto imediato, os adjuntos de uma palavra, 0 carater do sujeito e dos predicados atribuidos a ele, 6 paralelismo ~se presente ~e as passagens paralelas. 3. Principios téteis na interpretagéo da linguagem figurada da Bt- blia, A questo aqui é sobre a interpretagao da linguagem figurada da Biblia, Embora o intérprete deva usar os auxilios internos comuns que acabamos de mencionar, hé certos pontos especiais que ele nfio deve deixar de observar. Interpretagéo Gramatical - 69 a. E da maior importancia que o intérprete tenha um conceito claro das coisas nas quais as figuras estéo baseadas, ou de onde foram extra- fdas, uma vez que 0 uso de tropos é baseado em semelhangas ou relagdes. A linguagem figurada da Biblia € derivada, especialmente, (1) dos aspects fisi- cos da Terra Santa, (2) das instituigdes religiosas de Israel, (3) da hist6ria do antigo povo de Deus e (4) da vida cotidiana e dos costumes dos varios povos que ocupam um lugar proeminente na Biblia, Essas coisas, portanto, devem ser entendidas para que se possa interpretar as figuras derivadas delas. No Sl 92.12, lemos: “O justo floresceré como a palmeira, crescerd como o cedro no Libano”. O expositor nao pode esperar interpretar essa passagem a néio ser que as caracterfsticas da palmeira e do cedro Lhe sejam familiares. Se ele quer explicar 0 $151.7: “Purifica-mecom hissopo, e ficarei limpo”, ele deve teralgum conhecimento do método de purificago cerimonial de Israel. b. O intérprete deve ter 0 objetivo de descobrir a idéia principal, co tertium comparationis, sem dar muita importancia aos detalhes. Quando 08 autores biblicos usavam figuras como as metéforas, geralmente tinham algum ponto espectfico ou pontos de correspondéncia em mente. Mesmo se 0 intérprete puder encontrar mais pontos de correspondéncia, ele deve se limitar aos pretendidos pelo autor. Em Rm 8,17, Paulo diz, em um arroubo de seguranga: “Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus co-herdeiros com Cristo”. E perfeitamente evidente que ele se refere as béngiios que os crentes recebem, com Cristo, de seu Pai comum. A metafora contida na palavra “herdeiro” seria tremendamente forgada se a interpretés- semos como implicando a morte do Pai como o testador, O perigo que seria aplicar uma figura em todos 0s particulares aparece claramente em uma passagem como Ap 16.15, onde lemos: “Fis que venho como vem o ladrao”. Arelagao iré, geralmente, determinar, em cada caso, até onde uma figura deve ser aplicada, c. Com respeito @ linguagem figurada que se refere a Deus ¢ & ordem eterna das coisas, o intérprete deve ter em mente que ela geralmen- fe oferece apenas uma expresso muito inadequada da perfeita realida- de, Deus é chamado de Luz, Rocha, Fortaleza, Torre alta, Sol e Escudo, Todas essas figuras transmitem alguma idéia do que Deus é para 0 seu povo; mas nenhuma delas, nem todas juntas oferecem uma representagao completa de Deus. Quando a Biblia descreve 0 redimido como vestido com o manto da salvagdo, revestido da couraga da justiga, coroado com a coroa da vida e sus tentando as palmas da vit6ria, as figuras nos dio, na verdade, apenas uma idéia muito imperfeita da sua gloria futura, d. O discernimento quanto as figuras da Biblia pode ser testado, a um certo graw, pela tentaliva de expressar os pensamentos que elas trans- 70 - Principios de Interpretagio Biblica mitem em uma linguagem literal. Porém, necessdtio ter em mente que grande parte da linguagem figurada da Biblia desafia esses esforgos. Isso se aplica particularmente a linguagem na qual a Biblia fala de Deus ¢ das coisas eternas. Oestudo diligente ¢ cuidadoso da Biblia nos ajudara, mais do que qualquer outra coisa, a entendermos a linguagem figurada da Biblia, Exercicios: Que tipo de figuras os escritores usaram nas seguintes passagens ecomo elas devem ser interpretadas? Gn 49.14; Nm 24.21; Dt 32,40; 1634.6; “A minha ferida incuravel”; $126.6; $146.9; SI 108.9; Ec 12.3, “dia”; Jr 2.13; Jr 8.7; Bz 7,27; B2.23,29; Ze'7.11; Mt3.5; Mt5.13; Mt 12.40; Rm 6.4; 1Co 5.7.8. Bibliografia: TERRY. Biblical Hermeneutics, pp. 157-176; DAVIDSON. Sacred Hermeneutics, pp. 284-319; MUENSCHER, Manual, pp. 145-166; ELLIOTT. Biblical Hermeneutics, pp. 142-151; FAIRBAIRN. Hermeneutics Manual, pp. 157-173. E. A interpretagio do pensamento A partir da interpretagao das palavras isoladas, prosseguiremos com a interpretagao das palavras em sua relagéio mtitua, ou de pensamento. Por ora, no entanto, estamos preocupados apenas com a expressio formal do pensa~ mento ¢ nao com o seu contetido material, A discussao do dltimo serd feita quando considerarmos a interpretagao hist6rica e teolégica. A explicagio do pensamento € algumas vezes chamada de interpretagéo Iégica. Bla baseia- se na suposigao de que a linguagem da Biblia é, como qualquer outra lingua- gem, um produto do espfrito humano, desenvolvida sob diregio providencial. Sendo assim, é perfeitamente evidente que a Biblia deve ser interpretada de acordo com os mesmos princfpios légicos que sio aplicados na interpretagaio de outros escritos. ° Os pontos que pedem consideragao aqui sfio (1) as expressées idiométi- cas e as figuras de pensamento especiais, (2) a ordem das palavras em uma sentenga, (3) 0 significado especial de varios casos e preposigses, (4) a ligacio l6gica das diferentes oragGes ¢ sentengas ¢ (5) curso do pensamento em uma segiio inteira. 1. As expressdes idiomdticas ¢ as figuras de pensamento especi- ais, Cada lingua tem certas expressdes caracterfsticas, chamadas Interpretago Gramatical - 71 idiomatismos. A lingua hebraica no é excegio A regra e algumas das suas express6es idiomaticas foram transportadas para o Novo Testamento. Hé um uso freqtiente de hendfadis. Assim, lemos em 1Sm 2.3: “Nao multipliqueis, nao falareis”. Isso evidentemente significa, néo multipliqueis palavras. Na sua defesa diante do Sinédrio, Paulo diz: “... No tocante a esperanga e a ressurreigaio dos mortos sou julgado” (At 23.6). O sentido é: “Por causa da esperanga da ressurreigao...”. Assim, também, um substantivo no genitivo, freqiientemente, ocupa o lugar de um adjetivo. O argumento de Moisés em objecio A sua comissaio foi de que ele nao era um “homem de palayras”, isto €, um homem elogiiente (fix 4.10). Em 1Ts 1.3, Paulo fala “da firmeza da vossa esperanga”, quando queria dizer sua esperanga firme, esperanga ca- racterizada pela paciéncia. Além disso, quando no Antigo Testamento as pa- lavras lo’ kol sao escritas juntas, elas devem ser traduzidas por nem todos; mas quando est&o separadas por outras palavras, devem ser traduzidas por nenhum, nada. Seria um sério equivoco traduzir o SI 143.2 por “... A tua vista nem todo ser vivente é justo”, embora essa fosse uma tradugao literal. O significado evidente é, “A tua vista nao ha justo nenhum vivente”’. Cf. também SI] 103.2. Casos semelhantes podem ser encontrados no Novo Tes- tamento. Cf. Mt 24.22; Mc 13.20; Le 1.37; Jo 3.15,16; 6.39; 12.46; Rm 3.20; 1Co 1.29; G1 2.16; 1Jo 2.21; Ap 18.22. Ha também varios tipos de figuras de pensamento que merecem atengiio. especial, a. Algumas figuras promovem uma representagao viva da verdade. 1.A simile. Como é vivido o quadro da completa destruigéio no $12.9: “... Eas despedagards como um vaso de oleiro”; ea da completa solidao em Is 1.8: “A filha de Sido é deixada como choga na vinha”, Cf, também SI 102.6; Ct2.9. 2. A alegoria, que é meramente uma metéfora ampliada e deve ser interpretada pelos mesmos princfpios gerais. Encontramos exemplos no SI 80.8- 15 eemJo 10.1-18. Terry faz.a seguinte distingdo entre a alegoriae a parabola: “A alegoria é um uso figurado e aplicagaio de algum fato presumfvel ou hist6ria, ao passo que a parabola é, el mesma, o fato presumifvel ou a histéria. A paré- bola usa palayras no seu sentido literal e sua narrativa nunca ultrapassa os limites do que poderia ter sido fato real. A alegoria continuamente usa as pala- vras em um sentido metaférico e sua narrativa, embora presumivel em si mes- ma, € manifestamente ficticia”. b. Outras figuras promovem brevidade de expressiio. Elas si 0 re- sultado de uma rapidez e energia do pensamento do autor, que denota um dese- jo de omitir todas as palavras supérfluas, 1.A elipse, que consiste na omissio de uma palayra ou palavras ne- cessdrias para se completar a construgao de uma sentenga, mas nao 72. Principios de Interpretagao Bfblica requeridas para o entendimento desta. Moisés ora: “Volta-te, Senhor! Até quando?” (tu nos desamparards?) As sentengas curtas, abruptas, revelam a emogiio do poeta. Para outros exemplos, cf. 1Co 6.13; 2Co 5.13; Bx 32.32; Gn3.22, 2. A braquilogia, também uma forma de discurso concisa ou abrevia~ da, consiste especialmente na no-repeti¢ao ou na omissdo de uma palavra, quando sua repetigéio ou seu uso seria necessério para completar a construgdo gramatical. Nessa figura, a omissfo no é tao evidente quanto na elipse. Assim Paulo dizem Rm 11.18: “Nao te glories contra os ramos; porém se te gloriares, sabe que néio és tu que sustentas a raiz, mas a raiz (sustenta) a ti”. Note, também Jo 5.9: “Se admitimos o testemunho dos homens, 0 testemunho de Deus € maior”. 3. A Constructio Praegnans, no qual a preposigao é ligada ao verbo expresso embora pertenca, realmente, ao verbo naio-expresso, que é inclufdo em outra como seu resultado. Por exemplo, no $174.7, lemos: “Deitam fogo no teu santudrio; profanam a morada do teu nome aié av chéo”. O pensamento deve ser completado de algum modo como arrasando ou queimando-o até Go chao [isso foi feito na ARA]. Paulo diz em 2Tm 4.18: “ele (o Senhor) me salvaré (e me levaré [que a ARA jé incluiu]) para o seu reino”. 4. A zeuga, que consiste de dois substantives construfdos com um verbo, embora apenas um — geralmente o primeiro ~ se ajuste ao verbo. Assim, lemos literalmente em Co 3.2: “Leite vos dei a beber, nao vos dei alimento sélido”. E em Le 1.64 lemos a respeito de Zacarias: “E sua boca foi imediatamente aberta, e sua lingua” [na versao ARA aparece: “Imediata- mente, a boca se Ihe abriu, ¢, desimpedida a lingua”). Ao fornecer as pala- vras que faltam, 0 intérprete deve tomar muito cuidado para nao mudar 0 sentido do que foi escrito. ©. Outras figuras pretendem suavizar uma expressdo. Elas sio explicadas pela delicadeza de sentimento ou modéstia do autor. 1, O eufemismo consiste em substituir uma palavra que expressa com mais exatidéio o que se queria dizer por outra menos ofensiva. “Com estas palavras adormeceu” (At 7.60). 2. A litote afirma algo pela negagao do oposto. Assim, o salmista canta: “Coragio compungido e contrito nao o desprezarés, 6 Deus” (SI 51.17). E Isafas diz: “Nao esmagaré a cana quebrada, nem apagaré a toreida que fume- ga” (Is 42.3). 3. A meiose € intimamente relacionada A litote. Algumas autoridades associam as duas; outros consideram a litote como uma espécie de meiose. Ela uma figura de linguagem na qual é dito menos do que se queria dizer. Cf. ITs 2.15; 2Ts 3.2; Hb 13.17. Interpretagaio Gramatical - 73 d. Finalmente, hd figuras que dao mais énfase a uma expresso ou a ‘fortalecem. Blas podem ser o resultado de uma indignaco justa ou de uma imaginagio viva. 1.A ironia contém censura ou escémnio disfargado de louvor ou elogio. Cf. J6 12.2; 1Rs 22.15; 1Co4.6, H4 casos na Bfblia em que a ironia se trans- forma em sarcasmo. Cf. 18m 26.15; IRs 18.27; 1Co4.8. 2. A epizéuxis fortalece uma expressiio pela simples repetigiio de uma palavra (Gn 22.11; 28m 16.7; 1s 40.1). 3.A hipérbole ocorre freqtientemente e consiste de um exageroret6rico (Gn 22.17; Dt 1.28; 2Cr 28.4) 2, A ordem das palavras em uma sentenga.“O arranjo de vatias pala- vras em uma sentenga”, diz Winer, “é, em geral, determinado pela ordemem que 0s conceitos sfio formados e pela relagio mais estreita que certas partes da sentenga tém com outras”, No entanto, acontece freqtientemente de os escrito- res bfblicos, por alguma razo, desviarem-se do atranjo usual. Em alguns casos eles fazem isso em busca de um efeito retérico; em outros, para levar certos conceitos a uma relagao mais estreita com os outros. Mas ha também casos em que 0 desejo de enfatizar uma certa palavra conduz.a sua transposigaio. Fsses ‘exemplos sao particularmente importantes para o intérprete. O contexto ira, ge- ralmente, revelar a razo pela qual a mudanga foi efetuada. Na sentenga verbal hebraica, a ordem regular € essa: predicado, sujeito, objeto. Seem uma sentenga o objeto se encontra em primeiro lugar, ou osujeito for colocado no comego ou no fim, é altamente provavel que eles sejam enfé- ticos. O primeiro lugar o mais importante da sentenga, mas a palavra enfatica pode também ocupar o tiltimo lugar. Harper dé as seguintes variagdes da or- demusual: a, objeto, predicado, sujeito, que enfatiza o objeto (IRs 14.11); . objeto, sujeito, predicado, que, de igual modo, enfatiza 0 objeto (Gn37.16); c. sujeito, objeto, predicado, que enfatiza o sujeito (Gn 17.9);e * d. predicado, objeto, sujeito, que também enfatiza o sujeito (1Sin 15.33). Nas sentengas nominais, que descrevem mais uma condigiio do que uma agéio, a ordem usual é: sujeito, predicado, sempre que o predicado forum subs- tantivo. A ordem regular € encontrada, por exemplo, em Dt 4.35: “Jeova (Ele) Deus”. Mas em Gn 12.13, 0 autor se desvia do arranjo usual: “Dize, pois, que és minha irma”. Aqui a énfase esté no predicado. A lingua hebraica tem, ainda, meios mais efetivos de expressar énfase. A fungao do infinitivo absoluto nessa circunstancia é tao conhecida que nao precisa de ilustragiio, A maior proeminéncia é dada ao substantivo, permitindo que ele seja colocado absolutamente no inicio da sentenga e, entao, represen- 74 - Prinejpios de Interpretagio Béblica tando-o, no seu lugar préprio, por um pronome, Cf. Gn 47.21: *.,, Ao povo ele oescravizou” e SI 18.3: “Senhor, ... digno de ser louvado”. Algumas vezes, uma idéia 6 expressa primeiramente por um pronome e, entéio, reassumida por um substantivo, como em Js 1.2,“... A terra que dou a eles, os filhos de Israel” [como ocorre na edicio em inglés usada pelo autor]. Princfpios semelhantes aplicam-se na interpretagaio do Novo Testa- mento. Na fngua grega, 0 sujeito com seus modificadores ocupam geralmen- te o primeiro lugar: seguem-se o predicado com seus adjuntos. O objeto nor- malmente segue 0 verbo: um adjetivo, o substantivo ao qual pertence; e um genitivo, seu substantivo regente. Se a ordem for mudada, isso significa, com toda a probabilidade, que foi dada énfase a alguma palavra. Esse é claramen- te 0 caso, em que o predicado se encontra em primeiro lugar, de Rm 8.18, “.. Que nao sao para comparar as aflicées do presente” [como ocorre na edigao em inglés usada pelo autor]. Cf, também Mt 5.3-11; 2Tm 2.11. Para o mes- mo propésito, 0 objeto é, algumas vezes, colocado na frente, como em Le 16.11, "... A verdadeira (riqueza) quem vos confiaré?” [Notamos que, em geral, a versio da Biblia que o autor estd usando segue a ordem do hebraico ou do grego — N.E.}. Cf. também Jo 9.31; Rm 14.1, O mesmo objetivo € também buscado quando é colocado um genitivo antes do seu substantivo regente ou uma adjetivo atributivo antes do substantivo ao qual pertence. Assim, lemos em Rm 11.13: Bu sou dos gentios um apéstolo” [como ocorre na edigao em inglés usada pelo autor]. Cf. também Rm 12.19; Hb 6.16. Eem Mt7.13, aadverténcia: “Entrai pela estreita (adjetivo primeiro) porta” [como ocorre na edi¢ao em inglés usada pelo autor]. 3. O significado especial dos casos e preposi¢ées. O expositor deve observar particularmente certas combinagGes de palavras, tais como as fra- ses preposicionais e frases em que 0 genitivo ou dativo ocorrem. Perguntas como as seguintes devem ser respondidas: O genitivo em Ez 12.19: “... Da violéncia de todos os que nela habitam”, é um genitivo do sujeito ou do obje- to? E quanto a Obadias, v.10: “... Da violéncia feita a teu irmio Jacé”; eo de Gn 18.20: “... O clamor de Sodoma ¢ Gomorra’? Que tipo de genitivo temos ems 37.22, *... A virgem, filha de Sido”? Os seguintes genitivos sto subje- tivos ou objetivos: Jo 5.42, “o amor de Deus”; Fp 4.7, “a paz. de Deus”; ¢ Rm 4.13, “a justiga da f€”? Como devem ser interpretados os de Rm 8.23: “As primfcias do Espfrito”, e de Ap 2.10: “A coroa da vida”? O dativo também pode dar origem a muitas questées. Alguns exemplos serio suficientes. O dativo em Rm 8.24: “Porque (ou pela) na esperanga fomos salvos”, é modal ou instrumental? O dativo encontrado em Fp 1.27: “... Lutando juntos pela Interpretagio Gramatical - 75 (ou conforme a) fé evangélica”, deve ser considerado como um dativo commodi ou instrumentals? As frases preposicionais também podem dar origem a perguntas impor- tantes. O significado especial de algumas preposig6es depende do caso no qual ocorrem. Além disso, hé algumas preposigées que tém um significado seme- Ihante, porém revelam caracteristicas diferentes. O intérprete nfio pode se dar a0 luxo de negligenciar essas distincdes sutis. Uma vez que a preposicaio ocu- paum lugar muito mais importante no grego do que no hebraico, vamos nos limitar aos exemplos do Novo Testamento. Em 1Co 15.15 lemos: “E somos tidos por falsas testemunhas de Deus, porque temos asseverado contra (gr., kata) Deus que ele ressuscitou a Cristo...” A tradugao “contra” € correta (Meyer) ou deveria ser “de”, ou “por” como em Mt 26.63? Qual € 0 significado da mesma preposigio em Rm 8.27, “kata theon”; e em Hb 11.13: “Todos estes morreram na (kata) £6"? A tiltima passagem deveria ser traduzida por “na” ou “de acordo com a” ou “em conformidade coma f€”? (Como muitos comenta- ristas dizem), O que a preposigao apo significa em Hb 5.7: “Foi ouvido apo a0 que temia” (RC)? Deveria ser traduzido por “por causa de”, isto é, “ouvido, libertando-o por causa do que temia” (constructio praegnans); ou € melhor traduzir por, “... a respeito do que ele temia”; ou ainda diferente, “... por causa do temor piedoso”? Como en deve ser interpretado na expressio: “Em Cristo” (Rm 8.2; GI 1.22; 2.17); e eis na expressao: “Em nome” (Mt 28.19)? Kis een sio usados indiferentemente ou sempre diferem quanto ao significado? Qual é o significado de eis depois dos verbos que indicam descanso, ¢ de en depois de verbos que indicam movimento? Como dia tes charitos (Rm 12.3) difere de dia ten charin (Rin 15.15)? Qual € 0 significado de dia em Jo 6.57, “di’eme viveré”? Em Rm 3.30, 0 apéstolo diz que Deus: “Justificard, por (ek) £6, 0 cir- cunciso e, mediante (dia) a fé, 0 incircunciso”. Qual é a diferenga quanto ao significado? Como as preposigdes anti, huper e peri diferem quando usadas em relago & obra de Cristo em conexo ao pecado ou em favor dos pecado- res? Comparar Mt 20.28; 1Co 15.3; Rm 5.6; GI 1.4. E também, como huper e peri devem ser distinguidos quando usados'em conexo com oracao pelos outros? Cf. Mt5.44; 1Ts 5.25. 4. A relagao ldgica das diferentes oragées ¢ sentengas. 6 absoluta- mente necessario que 0 intérprete tenha um conceito claro da relagao légica existente entre as varias oragées e sentengas. Para isso, ele deve estudar 0 uso dos particfpios e das conjungoes. a. A Relagdo indicada pelo partictpio. Esta pode ser: 1. Modal: Mt 19.22, “... Retirou-se, triste” [como ocorre na edigao em inglés usada pelo autor]; At 2.13, “Outros, porém, zombando, diziam...”. 76 - Principios de Interpretagdo Bfblica 2. Causal: At 4.21, “... Os soltaram, nao tendo achado como 0s casti- gar” (isto é, porque nao acharam nada) 3. Condicional: Rm 2.27, “E, se aquele que € incircunciso por natureza cumpre a lei, certamente, ele te julgard ati”. 4. Concessiva: Rm 1,32, “Ora, conhecendo eles a sentenga de Deus (isto €, embora conhegam)..., néo somente as fazem...”” 5. Temporal: que expressa ago antecedente, simultinea ou conse- qiiente. Questdes exegéticas importantes podem surgir aqui. Em Jo 3.13, 0 Senhor diz a Nicodemos: “Ora, ninguém subiu ao céu, senao aquele que de 14 desceu, a saber, o Filho do homem [que esta (particfpio presente) no céu]”. 6 correto traduzir o participio por “est” ou deveria ser “estava’”? E também, em 2Co 8.9, 0 apéstolo diz: “Pois conheceis a graga de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico (particfpio presente), se fez pobre por amor de vés”. Essa tradugao é correta ou deveria ser “embora fosse rico...” A resposta a essas perguntas iré depender do contexto. O particfpio, em si mesmo, é atemporal. A Gnica questo € quanto ao seu tempo relativo ao do verbo finito. As seguintes regras, tiradas de New Testament Moods and Tenses de Burton, p. 174, siio valiosas: a. Se a agdo do particfpio for antecedente A do verbo, partic{pio, mais comumente, precede o verbo, mas nao invariavelmente. Esse particfpio est, nor- malmente, no tempo aoristo, mas, ocasionalmente, pode aparecer no presente b. Se aagiio do particfpio for simulténea & do verbo, ele pode preceder ou seguir o verbo, sendo o tiltimo caso o mais freqiiente. Ele, naturalmente, est no tempo presente, (Essa afirmagdio de Burton precisa de corregao, Ha muitos casos no Novo Testamento em que 0 participio aoristo ¢ o verbo princi- pal denotam agao coincidente ou idéntica. Cf. Mt 22.1; At 10.33. Cf. MOULTON, Prolegomena, p. 133; ROBERTSON. Grammar of the Greek New Testament, p. 1112s.) ©. Se a aco do partic{pio for subseqtiente & do verbo principal, ele quase invariavelmente segue o verbo, o tempo do particfpio sendo determinado pela concepgao da agao no que diz.respeito ao seu progresso. (Nao ha prova para um aoristo de ag&o subseqiiente. Cf. MOULTON. Proleg., p. 132; ROBERTSON. Grammar, p. 1113.) b. A relacaio indicada pelas conjungées. O meio mais importante de se ligar oracdes e sentengas siio as conjuncées. Elas fornecem o indicador mais claro e decisivo para a relagao Iégica na qual os pensamentos se ligam uns aos ‘outros. Seu valor, como auxflio para a interpretagao, aumenta com suas quali- dades especificas. Quanto mais numerosos os seus significados, mais dificil se torna determinar a relagao precisa que indicam. A conjungao hebraica vav, que serve como uma conjunctio generalis, oferece pouquissimo auxilio, Outra Interpretagao Gramatical - 77 dificuldade surge do fato de que, em certos casos, uma conjungao ¢ aparente- mente usada no lugar de outra. A conjungao hoti serve para introduzir uma oragao causal ou objetiva levantando, assim, a questéo sobre se ela deveria ser traduzida por porguze ou que. Como regra, 0 contexto responde prontamente a essa questao, Faz muito pouca diferenca 0 modo como ela é entendida em Jo 7.23, mas em Rm 8.20, 0 caso 6 diferente. O apéstolo diz: “Pois a criagao esté sujeita & vaidade, nao voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperanga de que (ou, porque) a prépria criagdo serd redimida do cativeiro”. Se as tiltimas pala- vras descrevem o teor da esperanga ou dio uma razio para ela depende de como se concebe hori. Alguns graméticos alegam que hina é sempre final no Novo Testamento e, conseqiientemente, introduz uma oragiio de propésito. Mas, embora esse seja, indubitavelmente, seu significado usual, ele néio se sustenta em todas as ocorréncias, Hé casos em que elaé praticamente equivalente a hoti. Cf. Mt 10.25; Le 1.43; Jo 4.34, Além do mais, ela é usada também em um sentido de écbase para expressar um resultado pretendido. Esse é 0 caso em G15.17:"... Para que no fagais o que porventura seja do vosso querer”; eem ITs 5.4: “Mas, vés, irmaos, nao estais em trevas, para que (hina) esse dia como ladrao vos apanhe de surpresa”. Embora seja verdade que os autores biblicos ocasionalmente tenham se desviado do uso comum de uma conjungéo ~e o intérprete deveria estar pronto a admitir isso —ele nunca deve se precipitar em atribuir um significado 4 con- jungao que nao € lingilisticamente permitido. Traduzir kiem Is 5.10 por cevta- ‘mente é um procedimento arbitrério visto que a conjungao nao € conhecida como tendo um significado explicativo e que o sentido usual é perfeitamente apropria- do, Na interpretagaio de Le 7.47: “Por isso te digo: Perdoados lhe sao os seus muitos pecados, porque (hoti) ela muito amou”, alguns expositores foram im- pelidos pelas suas visdes dogmiticas a atribuirem o significado de dio (por esse motivo), embora ela nao tenha ocorrido nesse sentido, Deve-se ter em mente que a suposi¢ao de alguns dos exegetas mais anti- gos, no sentido de que os escritores do Novo Testamento confundiram, muitas vezes, as conjungées e, por exemplo, usaram de no lugar de gar, ¢ vice-versa, é completamente injustificada. O estudo cuidadoso iré normalmente revelar uma escolha discriminatéria. Cf. as varias gramiticas do Novo Testamento. Além do mais, é necessario evitar o erro de supor que uma conjungiio sempre liga um pensamento ao que imediatamente o precede, Em Mt 10.31 lemos: “Nao temais pois! Bem mais valeis vés do que muitos pardais”. Imedi- atamente se segue: “Portanto, todo aquele que me confessar diante dos ho- mens...” Isso é uma inferéncia, nao da exortagio do versfculo 31, mas de tudo oque foi dito a partirdo versiculo 16. De igual modo, em Ef 2.1 1-13, 0 “portan- 78 - Principios de Interpretacio Biblica to” com o qual a passagem comega nao conecta o versiculo L1 como versiculo 10, mas com as proposiges dos versiculos 1-7. Finalmente, hd passagens que néio siio ligadas por conjungées. Em al- guns casos, elas sao logicamente relacionadas umas as outras, como em Le 16,15-18. Compare o v, 16 com Mt 11.12,13; 0 v.17 com Mt5.18;e0 v.18 com. MLS5.32. Em outros exemplos, no entanto, elas s4o claramente relacionadas, como em Mt 5.2-11; e LJo 1.8-10. Nesses casos é necessario-descobrir a relagdio por meio um estudo diligente do curso do pensamento ¢ do arranjo das palavras na sentenga. 5. O curso do pensamento em uma segéio inteira, Nao é suficiente que 0 intérprete fixe sua atengio nas oragGes e sentengas separadas; ele deve se familiarizar com o pensamento geral do escritor ou orador. Algumas vezes é dificil seguir o raciocinio dos autores bfblicos. Nao nos referimos as dificulda- des peculiares encontradas na interpretagao dos profetas. Outras passagens da Escritura também apresentam cruces interpretum. Os pensamentos sepa- rados podem parecer nao-relacionados quando, na verdade, estao estreitamen- te conectados, Ha casos em que, para alguns, 0 curso do pensamento néio parece estar em harmonia com as leis da légica. Algumas vezes, o discurso, como um todo, aparentemente, sofre de contradigao inerente. Um tinico exem- plopode servir para ilustrara dificuldade que temosem mente. Em Jo3, Nicodemos aborda Jesus com as palavras: “Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus niio estiver com ele”, De que modo a resposta de Jesus no v. 3 é relacionada a essas pala- vras? No versiculo 4, Nicodemos declara que nfo entende Jesus, O Senhor responde a essa pergunta nos versiculos 5-8? O fariseu repete sua pergunta no vers{culo 9 ¢ Jesus expressa, no versfculo 10, surpresa quanto a sua ignoraincia, Por que ele, agora, chama a atengao para o fato de que sabe do que fala: da incredulidade dos judeus, incluindo Nicodemos; ¢ da sua vinda do céue de sua exaltagao futura na cruz para a salvagao dos crentes? Os versfculos 16-21 tam- bém contém as palavras de Jesus? Cf. também Jo 8.31-37; G12. 11-21. As parabolas merecem uma atencao especial. A palavra pardbola é derivada do grego paraballo (jogar ou colocar ao lado de), e sugere a idéia de colocar alguma coisa ao lado de outra para comparagao. Ela denota um método simbélico de linguagem, no qual uma verdade moral ou espiritual é ilustrada pela analogia da experiéncia comum. Mas, embora a paribola seja essencialmente uma comparagao, uma simile, todas as similes nio so neces- sariamente parabolas. A parabola se limita ao que ¢ real e, no seu imagindrio, nao vai além dos limites da probabilidade ou do que poderia ser fato real. Ela Interpretagio Gramatical ~ 79 mantém os dois elementos da comparagio distintos como interno e externo, nao atribui qualidades ¢ relagées de um ao outro. Ela difere, nesse aspecto, da alegoria, que é realmente uma metdfora ampliada e contém sua interpretagao dentro de si mesma. O Senhor tinha um prop6sito duplo ao usar as parébolas, isto , revelar os mistérios do Reino de Deus aos seus discipulos e oculté-los daqueles que nao tinham olhos para as realidades do mundo espiritual. Na interpretagiio das pardbolas, trés elementos devem ser levados em consideraciio. a. O objetivo da parabola ou da coisa a ser ilustrada. B de importan- cia fundamental que o propésito da parébola sobressaia-se claramente na men- te do intérprete. Ao tentar encontré-lo, ele nao deve negligenciar os importan- tes auxilios oferecidos na Biblia. 1. Aocasifio na qual uma parabola foi introduzida pode ilustrar seu signi- ficado e propésito. Mt 20.1ss. éexplicado por 19.27; Mt25.14ss., pelo versiculo 13; Le 16.19-31, pelo versiculo 14, Cf. também Le 10.29; 15.1,2;¢ 19.11, para © propésito das pardbolas seguintes. 2, O objeto da parabola pode estar expressamente declarado na introdu- gao, como em Le 18.1. 3. Certas expresses no final de uma parabola podem indicar, também, 0 seu propdsito. Cf. Mt 13.49; Le 11.9; 12.21. 4, Uma parabola semelhante de significado semelhante pode apontar para a coisa a ser ilustrada. Compare Le 15.3ss. com Mt 18.12ss. O versiculo 14 de Mt 18 contém uma sugestao valiosa. 5. Em muitos casos, no entanto, 0 intérprete ter de descobrir 0 propési- to da parabola por meio de um estudo cuidadoso do seu contexto. b. Representagdo figurada da parabola. Depois que 0 objetivo da parabola for determinado, a representagao figurada pede um exame cuidado- so, A narrativa formal que pretende, de uma s6 vez, revelare ocultara verdade, deve ser cuidadosamente analisadae toda luz geogréfica, arqueolégica e histé- rica necessdrias devem ser dirigidas a ela. c. O tertium comparationis. Finalmente, 0 tertium coniparationis, 0 objetivo exato da comparagiio deve ser detectado. Ha, sempre, algum aspecto especial do Reino de Deus, algum dever particular a ser cumprido ou algum perigo aser evitado, que a pardbola busca exibir ¢ ao qual todo o seu imaginério ésubserviente. Enquanto o intérprete nao descobrir esse objetivo, ele nao pode esperar entender a parabola ¢ nao deveria tentar explicar as peculiaridades individuais, uma vez.que essas s6 podem ser vistas em sua verdadeira luz quan- do contempladas em relagao a idéia central. Além do mais, deve-se tomar cuidado em nao atribuir um significado espiritual independente a todos os deta- 80 - Prinefpios de Interpretagao Biblica Ihes da parabola. fi impossivel dizer precisamente quio longe um expositor pode ir nesse aspecto, A questo quanto ao que exatamente pertence ao con- tetido ético ou doutrindrio e 4 mera descri¢ao nao admite uma resposta bem definida. Muito deve ser deixado ao senso comum, O intérprete deve ter 0 objetivo de distinguir cuidadosamente. A falha em fazer isso muitas vezes le- vou, ¢ pode levar, a interpretagdes fantasiosas e arbitrérias, De modo geral, regra formulada por Immer pode ser titil: “O que contribui para o pensamento fundamental ou para a intengao da parabola pertence ao contetido doutrinério, mas 0 que niio contribui para esse fim é mera descrigaio”. Quanto a isso, seré instrutivo estudar as explicagdes que o Senhor deu para a parabola do Semea- doreado Trigo e do Joio. Exercicios: ‘Que expressées idiomaticas siio encontradas nas seguintes passagens: Gn 1.14; 19.9; 31.15; Jr 7.13; G12.16; Jo 3.29; Ap 2.17; 18.22? Nomeie e interprete as figuras de pensamento encontradas nas seguin- tes passagens: J6 12.2; $132.9; 102.7; Pv 14.34; Is 42.3; 55.12; Mt7.24-27; At 4.28; Jo 21.25; Rm 9.29; 1Co 4.8; 11.22; 2Co 6.8-10. ‘Que mudanga significativa na ordem das palavras é encontrada nas se- guintes passagens? SI 3.5 (heb.); 18.31 (heb.); 74.17; Jr 10.6; Mt 13.28; Jo 17.4; 1Co 2.7; 2Tm 2.11; Hb 6.16; 7.4? Observar os seguintes exemplos de anacoluto: Gn 3.22; S| 18.48,49; Ze 2.11; Rm 8.3 (Winer-Moulton, p.718); G1 2.6; 2Pe 2.4-9. Explique os genitivos ¢ os dativos nas seguintes passagens: Gn 47.43; 1Rs 10.9; Pv 20.2; Rm 1.17; 10.4; Cl 2.18; Rm 8.24, Qual € 0 significado das seguintes preposigées: dia, em Rm 3.25; 1Co 1.9; Hb 3,16; Ap 4.11; en, em Mt 11.11; At 7.29; Ap 5.9; anti, em Mt 2.22; 20.28; huper, em Gl 1.4; 2Co 5.21; Hb 5.1; peri,em 1Co 16.12; 3Jo 2; eis,em Me 1.39; At 19.22; 20.29; Jo 8.30? Como 0 partic{pio esté relacionado ao verbo finito em 1Co 9.19; 11.29; Mt 1.19; 27.49; Le 22.65; At 1.24? Qual é a forga das seguintes conjunges: kai, em Mt5.25; Jo 1.16; Ico 3.5; alla,em 1Co 15.35; 2Co 11.1; hoti, em Mt5.45; Jo 2.18; gar, em Mt2.2; Jo 9.30; de,em 1Co 15.13; 4.7; hina, em Jo 4,36; 5.20; Rm 11.31; ITs 5.4? Bibliografia: TERRY. Biblical Hermeneutics, pp. 166-243; IMMER. Hermeneutics, pp. 198- 235; DAVIDSON. Sacred Hermeneutics, pp. 252-319; FAIRBAIRN. Hermeneutics Manual, pp. 173-189; Gramaticas do Novo Testamento de Winer, Buttman, Blass, Moulton e Robertson. Interpretagiio Gramatical - 81 F. Auxilios Internos para a Interpretagio do Pensamento A pr6pria Bfblia contém auxilio para a interpretagtio ldgica do seu con- tetido e 0 intérprete nao deve deixar de usar isso ao maximo. 1. 0 objetivo especial do autor. Isso significa o objeto que ele tinha em vista ao escrever a porcao particular da obra em consideragao. Os auto- res bfblicos, naturalmente, tinham em mente um propésito definido na compo- sigo das diferentes partes dos seus escritos ¢ almejavam o desenvolvimento de algum pensamento especial. E natural supor que eles tenham escolhido as palavras e expressGes que melhor se adaptassem a transmissao do significa- do pretendido ¢ contribuissem com o argumento geral. Assim, uma familiarizagéio completa com 0 objetivo especial do autor langard luz até mes- mo sobre os detalhes menores, sobre 0 uso dos particfpios ¢ conjungdes e sobre as frases preposicionais e adverbiais. E praticamente desnecessario observar que, assim como as palavras e expressdes devem ser estudadas luz do objetivo especial do autor, assim 0 objetivo especial, por sua vez, deve ser visto em oposigio ao objetivo geral, ou propésito do autor ao escrever seu livro. Esse propésito mais amplo sera estudado quando a interpretagio hist6- rica da Biblia for considerada. A questiio agora levantada é quanto ao melhor método para se descobrir 0 objetivo especial. Nem sempre isso € fécil. Algumas vezes 0 autor o afirma claramente. O propésito particular da cangaio de Moisés, contido em Dt 32, é claramente indicado em 31.19-21. Paulo diz aos seus leitores, em Rm 11.14, a razio pela qual esté se dirigindo aos gentios nessa segao particular e enfatizaa sua adogiio como filhos de Deus. Mas, na maioria dos casos, 0 objetivo especi- al nao é salientado ¢ o intérprete teré necessidade de ler e talvez reler uma secio inteira, junto com 0 contexto precedente ¢ 0 seguinte a fim de detectar seu propésito. Muitas vezes a conclusiio a que o autor chega no contexto ira revelar o propésito que ele tinha em mente. Isso € particularmente verdadeiro quanto aos escritos de Paulo, nos quais o raciocfnio Idgico predomina, Note, em especial, Rm 2.1; 3.20,28; 5.18; 8.1; 10.17; G1 3.9; 4.7,31. Além do mais, ser conveniente notar cuidadosamente a ocasidio que leva & argumentagioem uma determinada segio, uma vez que o e propésito sao correlatos. O propé- sito que Paulo tinha em mente ao escrever a classica passagem a respeito da humilhagio e exaltagao de Cristo, Fp 2.6-11, pode ser melhor entendido a luz do que a precede nos versfculos 3 e 4. La, 0 apéstolo faz uma adverténcia aos: filipenses: “Nada facais por partidarismo ou vangléria, mas por humildade, con- siderando cada um os outros superiores a si mesmo, Nao tenha cada um em Interpretagio Gramatical - 83 ligagdo mais remota deve ser consultada. Alguns comentaristas relacionam Rm 2,16 com o versiculo 15. Mas essa construgao é bastante contestAvel e é preferivel voltar aos versiculos 12 ou 13 econsiderar as sentengas intermedi- rias como um paréntese. Por outro lado, alguns ligam, desnecessariamente, Rm 8.22 como versiculo 19, enquanto ele apresenta um sentido perfeitamente bom se relacionado ao yersiculo 21. c. Quando a ligagdo nao é imediatamente aparente, 0 intérprete nao deve concluir rapidamente que hd uma mudanga no curso do pensa- mento, mas deve parar e refletir. Depois de cuidadoso estudo, pode se tornar evidente que ha apenas uma mudanga aparente, e que, na verdade, ha um prosseguimento do mesmo assunto. Em 1Co 8, Paulo trata do uso correto da liberdade crist&. Ent&o, parece que ele se desvia desse tema em 9.1 e comega uma defesa do seu apostolado, quando diz: “Nao sou eu apéstolo” ete. Mas isso é s6 aparente. Ele chama a atengaio para o fato de que, como um apéstolo de Jesus Cristo, ele tem muitos direitos ¢ liberdade, mas faz uso ponderado disso para que sua obra seja mais frutifera. d. O intérprete deve prestar atengdo nos parénteses, digressdes e anacolutos, Todos esses elementos podem alterar as ligagSes em certa medi- da. No caso dos parénteses, notas relacionadas ao tempo e lugar ou breves circunstancias secundarias sf intercaladas, depois das quais o pardgrafo ou a sentenga continua, como se nenhuma interrupgdo houvesse acontecido. Assim, lemos em Gn 23.2: “Morreu em Quiriate-Arba, que é Hebrom, na terra de Canaii; veio Abraao lamentar Sara e chorar por ela”. Cf. também Is $2. 14,15; Dn 8.2; At 1.15. As digressdes diferem dos parénteses no fato de que so mais long: e consistem de desvios da linha de argumento seguida para temas paralelas, ou em uma mudanga do curso direto de pensamento para outro que é estra- nho aele de algum modo, Hé um exemplo notével em Ef 3.2-13, que alguns estenderia até mesmo a 4,1. Cf também 2Co 3.14-17; Hb 5,10-7.1. Os anacolutos consistem de uma mudanga inesperada de uma constru- cdo para outra, sem que a primeira tenha sido completada. Freqiientemente, expressam energia ou emogoes fortes. Cf. Ze 2.11; SI 18.47,48; Le 5.143 1Tm. 1.3, Ocasionalmente, um anacoluto é ligado a um paréntese ou digressio e, entio, apresenta uma dificuldade dupla. Em Rm 5.12, 0 apéstolo diz; “Portanto, assim como por um s6 homem entrou © pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens porque todos peca- ram”. EntZo, se esperaria naturalmente que ele continuasse: “Também por um 86, Jesus Cristo, a justiga entrou e, por meio da justiga, a vida". Mas 0 apdstolo coloca o pensamento de lado no versiculo 12 e, quando oretoma novamente no versiculo 18, a construgiio é modificada, 84 - Principios de Interpretagéio Biblica e. Nos casos em que a ligagao nao é ébvia, surge a questao sobre se a passagem a ser interpretada néio contém uma reflexdo sobre os pen- samentos, em distingdo as palavras — das pessoas das quais se fala, e se ndo hé uma possivel ligagdo psicolégica. Um estudo cuidadoso dos discur- sos e das conversas do Salvador revela o fato de que ele, muitas vezes, respon- deu aos pensamentos em vez de responder as palavras dos seus ouvintes. Cf. Le 14.1-5; Jo 3.2; 5.17,19,41; 6.26, Muitos comentaristas t@m considerado as palavras em Mq 2.12, 13 como sendo uma interpolagao, por causa da aparente falta de relagiio. Mas é completamente possfvel encontrarmos uma associagio psicolégica aqui. O profeta adverte 0 povo da profecia do vinho e da bebida forte que parecia (4o desejavel a muitos. E 0 pensamento desse bem aparente Ihe dew a oportunidade para falar das béngdios reais que o Senhor iria derramar sobre seu povo. £. O intérprete deve aceitar de bom grado as explicagées que os proprios autores, ocasionalmente, dao de suas préprias palavras ou das palavras dos oradores a quem introduzem no contexto imediato. Nem & preciso acrescentar que eles estéio melhor qualificados para falar com autori- dade a esse respeito do que qualquer outra pessoa, Exemplos de tais interpre- tagGes siio encontrados em Jo 2.21; 7.29; 12.33; Rm 7.18; Hb 7.21 3. O paralelismo também pode ajudar na interpretagdo do pensa- mento. Ao usé-lo, 0 expositor deve se precaver contra dois erros. De um lado, contra o pressuposto de que cada uma das oragdes paralelas tem um significado distinto da outra. Esse ¢ 0 extremo ao qual chegaram alguns dos intérpretes mais antigos, uma vez.que consideraram impréprio a sabedoria do Espirito Santo que os mesmos pensamentos ou sentimentos fossem repeti- dos. Por outro lado, é necessério evitar a suposigao de que hé sempre uma mera tautologia, que as partes paralelas contenham exatamente a mesma idéia, E um erro pensar que ha identidade completa de significado nas partes correspondentes de um paralelismo sinénimo, ou um contraste exato em um paralelismo antitético. Com relagiio ao primeiro, Davidson observa correta- mente: “Algumas vezes, uma parte expressa tniversalmente o que a outra anuncia particularmente, ou vice-versa; em uma pode haver 0 género, na outra a espécie; uma expressa algo afirmativamente, a outra negativamente; uma figurativamente, a outra de forma literal; uma tem uma comparagao, a outra, a sua aplicagio; uma contém um fato, a outra, o modo como aconte- ceu” (Sacred Hermeneutics, p. 234) Assim, € completamente evicente que a funsao exegética do paralelismo consiste “em dar uma percepgao geral do significado de uma sentenga em vez de uma especificagiio precisa ou exata”. Ao usé-lo, o intérprete deve estar Interpretagéo Gramatical - 85 seguro da lucidez relativa das partes paralelas a fim de nao cometer o erro de tentar esclarecer o que é menos obscuro com o que é mais escuro e dificil de entender, Se um membro € figurado e 0 outro literal, o tltimo deveria ser usado para elucidar o primeiro. Alguns exemplos podem servir para ilustrar seu uso. No $122.27, lemos: “Lembrar-se-A0 do SeNHoR ¢ a ele se converterdo os confins da terra (mun- do); perante ele se prostrardio todas as familias das nagdes”, O paralelismo faz com que seja perfeitamente evidente que “os confins da terra” se referem as nag6es distantes, ou gentias. O S] 104.6 contém a expressiio enigmitica: “To- maste 0 abismo por vestuério e a cobriste”, mas isso é elucidado pelas seguin- tes palavras: “As aguas ficaram acima das montanhas”. Em Jo 6.35, Jesus diz: “Bu sou o pao da vida; o que ver a mim jamais terd fome”, Aqui a perguntaé quanto ao tipo de vinda aque o Senhor se refere, ¢ a parte seguinte do paralelismo responde: “E 0 que cré em mim jamais teré sede”. 2Co 5.21 contém um. paralelismo antitético: “Aquele que nao conheceu pecado, ele o fez. pecaclo por nds; para que nele fssemos feitos justiga de Deus”. O apéstolo quis dizer que Cristo foi feito pecado por nés em um sentido legal ou ético? A antfiese: “Para que nele fOssemos feitos justica de Deus”, contém a resposta, uma vez que isso s6 pode ser entendido em um sentido legal. G. Auxilios externos para a interpretacdo gramatical 1. Auxilios externos valiosos. Os auxilios externos para a interpretacaio gramatical da Escritura (incluindo a l6gica), compreendem os seguintes: a. Gramdticas 1, Para o estudo do Antigo Testamento: Ewald, Gesenius-Kautzsch, Green, Wilson, Davidson, Harper, Noordtzij. 2. Para o estudo do Novo Testamento: Winer (inglés: Winer-Moulton Winer-Thayer), Buttmann (inglés: Buttmann-Thayer), Blass, Moulton, Robertson, Robertson-Grosheide. b. Léxicos 1, Para o Antigo Testamento: Gesenius-Buhl (tradugaio para o inglés de uma edigdo antiga de Gesenius por Tregelles), Fuerst, Siegfried-Stade, Koenig, Brown, Drivere Briggs. 2. Para o Novo Testamento: Robinson, Thayer, Harting (holandés), Abbott- Smith, Souter, Cremer (Biblisch-Theologisches Woerterbuch, 10" ed. por Koegel, trad, para o inglés da quarta edico), Baljon, Grieksch-Theologisch Woordenboek. c, Concordancias 1, Para o Antigo Testamento: Fuerst, Mandelkern (ambas tém 0 texto hebraico). 86 - Princfpios de Interpretagao Brblica 2. Para o Novo Testamento: Brueder (baseado no Textus Receptus), Moulton e Geden (baseado no texto de Westcott ¢ Hort). Ambas tém 0 texto grego. 3, Geral:'Trommius (holandés), Cruden, Walker, Strong, Young (todas tm texto ingles). d. Obras especiais 1. Sobre o Antigo Testamento: DRIVER. Hebrew Tenses; ADAMS. ‘Sermons em Accents; GEDEN. Introduction to the Hebrew Bible; Girdlestone, Old Testament Synonyms; KENNEDY. Hebrew Synonyms. 2. Sobre 0 Novo Testament: BURTON. Moods and Tenses; SIMCOX. The Language of the New Testament, SIMCOX. The Writers of the New Testament; TRENCH. New Testament Synonyms, DALMAN. The Words of Jesus; Dalman, Jesus-Joshua; T. WALKER. The Teaching of Jesus and the Jewish Teaching of His Age; DEISSMANN, Light from the Ancient East, DEISSMANN. Biblical Studies; ROBERTSON. The Minister and His Greek New Testament; MOULTON; MILLIGAN. The Vocabulary of the Greek Testament. e. Comentarios 1. Sobre o Antigo Testamento: Comentarios de CALVINO; KELL E DELITZSCH; STRACK E ZOEKLER; Comentirio de LANGE; The International Critical Commentary; Jamieson, Fausset, e Brown; Cambridge Bible; Korte Verklaring (varios autores); e Comentirio de livros separados por Delitzsch, Hoedemaker, Spurgeon, Kok, Sikkel, Alexander, Hengstenberg, Greenhill, Henderson, Pusey, Aalders, Young.¢ Leupold. 2. Sobre o Novo Testamento: Comentarios de Calvino; Comentario de Lange; Meyer (a edig&o mais recente por J. Weiss € realmente uma obra nova); The International Critical Commentary, Zahn; Alford; Expositor’s Greek Testament, Jamieson, Fausset, e Brown; Cambridge Bible; Korte Verklaring, Kommentar op het Nieuwe Testament, por Grosheide, Greydanus outros (edigaio Bottenburg); Erdman, Lenski; Notas de Barnes; e Comentéri- os de livros separados por Ellicott, Lightfoot, Eadie, Brown, Stuart, Westcott, Swete, Mayor, Lindsay, Owen, Beckwith, Godet, Van Andel, Barth, De Moor, e outros. . 2. O Uso Correto dos Comentérios. Podemos acrescentar algumas notas a respeito do uso adequado dos comentarios. a, Ao procurar explicar uma passage, 0 intérprete nao deve recorrer imediatamente ao uso dos comentérios, uma vez que isso pode impedir toda a originalidade no inicio, envolver uma grande quantidade de trabalho desneces- sdrio, e ainda resultar em uma confusio intitel. Ele deve, primeiramente, inter- pretar a passagem independentemente, com todo 0 auxilio interno disponivel e auxilio externo tais como as Gramaticas, as Concordancias e os Léxicos. Interpretagdo Gramatical - 87 b. Se, depois de fazer um estudo original da passagem, ele sentir que precisa consultar um ou mais comentarios, deve evitar os chamados comenté- rios préticos, por melhores que sejam, uma vez que esses almejam a edificagiio em vez da interpretacio cientifica. c. Seu trabalho seré bastante facilitado se ele abordar os Comentarios, tanto quanto possfvel, com questées definidas na mente. Isso s6 ser possivel depois de um certo tempo de estudo original preliminar que o fard ganhar tempo uma vez que eliminaré a necessidade de se ler tudo 0 que os comentérios tém a dizer sobre a passagem em consideragao, Além do mais, quando ele consulta os comentérios com uma ceria linha de pensamento em mente, estar melhor pre~ parado para escolher entre as opiniées conflitantes que pode encontrar. d_ Caso tenha sucesso em dar uma explicagiio aparentemente satisfatéria sem aajuda dé comentiios, é aconselhivel que compare sua interpretagaio com ade outros. F, se descobrir que sua interpretagao é contréria & opiniio geral em algum ponto particular, deve ter a sabedoria de cobrir cuidadosamente aquele campo mais uma vez para ver se considerou todos os dados e se suas inferéncias esto corretas em cada aspecto. Ele pode detectar algum erro que ira compeli-lo a rever sua opiniao. Mas se achar que cada passo que deu est4 bem funda- mentado, entio deve sustentar sua interpretagao a despeito de tudo o que os comentaristas possam dizer.

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