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Digitalizado pelo Arquivo Histórico José Fereira da Silva - Blumenau - SC


em " CADERNOS
u
Tomo I Número 12 Dezembro de 1958

..A- ~rimeira Etapa


/ @OM êste número, "Blumenau em Ca-
C dernos" chega ao primeiro marco da
trilha que se propôs seguir. Foi, sem
dúvida, uma jornada trabalhosa, pontilhada
de aborrecimentos e contrariedades. Teve, en-
tretanto, também, as suas compensações. En-
tre estas, podemos assinalar, como das mais
preciosas, a certeza de que não fizemos debal-
de essa caminhada. Cumprimos o programa
que nós traçamos, sem nos desviarmos um
só grau da meta a que visamos e que, em
última análise, não é outra que o propósito
de um esfôrço continuado e eficiente em prol
do progres:w material e do adiantamento in-
telectual e moral das populações que inte-
gram a Bacia do Itajaí, e, conseqüentemen-
te, do engrandecimnto de todo o estado e do
país.
Que viemos, com o nosso trabâlho, preencher uma lacuna, é fora
de dúvida. É essa certeza mais se evidencia face ao desastre de novembro,
pretérito, que destruiu, implacàvelmente, todo o rico arquivo histórico de
Blumenau, centro Íl'radiador da nova civilização que se espalhou pelos
cinco Itajaí e seus milhares de afluentes e braços, para formar uma co-
munidade ímpar no panorama nacional.
Os dados históricos, as transcrições de interessantes documen-
tos antigos, que êstes "Cadernos" já publicaram nesta primeira série, en-
cerrada com esta edição, ficam, assim, resguardados para a posteridade.
Centenares de outros, cujas cópias havíamos ajuntado, no propósito mes-
mo de, um dia, concretizarmos a idéia que há muito estava em nossas
cogitações, serão registrados em novos tomos, ficando assim, em parte
mínima embora, amenizados os efeitos da verdadeira catástrofe.

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Fereira da Silva - Blumenau - SC
RIO DO TÊSTO
Prof. João EHLERT
Tradução de Lauro HARBS
(CONCLUSÃO DO 11.° CADERNO) .

lizmente, após pouco tempo de ati-


FOI então empreendida a reno-
vação da igreja de Pommerode, vidade na comunidade, atenden-
inclusive a tôrre. Provisoriamente, do o apêlo que lhe fôra formula-
assumiu o cargo de pároco da co- do, o " Pai dos Professôres" , como
munidade o Snr. Pastor Johannes os professôres costumavam apeli-
Blümel. Sua atividade na comuni- dá-lo, assumiu o cargo de diretor
dade foi das mais destacadas, ten- da escola preparatória de profes-
do dedicado especial esfôrço à edu-
cação da mocidade e fazendo cons-
tantes visitas de fiscalização às es-
°
sôres em Benedito-Timbó.
ainda jovem Pastor Snr.
Curt Friege, vindo com a sua es-
colas. Procurou solucionar os pro- pôsa da Alemanha, assumiu então
blemas e dificuldades que se ofe- os serviços da paróquia. Demons-
reciam à comunidade. Quase tô- trou grande atividade durante os
das as comunidades, com o faleci- 6 anos que serviu a comunidade.
mento dos velhos professôres que Não prosseguiu apenas as obras
haviam sido instruídos pelo Snr. iniciadas pelo seu antecessor, mas
Pastor Runte, nomearam para os incentivou ainda mais os serviços
cargos vagos novamente filhos de em benefício de sua comunidade.
colonos e o Snr. Pastor Blümel, Ambos dotados de temperamen-
com o propósito de dar a êsses .to bondoso, prontamente consegui-
novos professôres conhecimentos ram angariar a simpatia de todos
suficientes para um bom desem- os membros da comunidade. Era
penho de sua função , organizou desejo de todos que o P astor Frie-
um curso especial e os convidou a ge permanecesse aqui p ::ra sem -
freqüentarem o mesmo, nomeando pre. Enquanto exercia as funções
o professor Snr. J. Ehlert para di- de pároco, foi construída a casa
rigir os serviços dêsse curso de da comunidade e, sob sua própria
preparação. Foi ainda instalado orientação funda d a uma escola
um curso de violino , também sob com duas classes. Pela Snra. Pas-
orientação do Snr. J. Ehlert. Infe- tor F riege, foi fundada a agre-

Daqui por diante, se não nos faltar o amparo com que vimos
contando, vamos redobrar de esforços para reconstituir, em nossas pá-
ginas, com os poucos elementos de que dispomos e com o que certamente
nos será fornecido pelos homens esclarecidos e patriotas, o arquivo his-
tórico da Bacia do Itajaí.
Coincide o fim dêste primeiro tomo com o mês do N ataI.
Ao ensejo que se nos proporciona de deixar, aqui, consigna-
dos, aos nossos assinantes, colaboradores, anunciantes, amigos e leitores,
os nossos melhores agradecimentos pelo auxílio valioso que nos têm pres-
tado, queremos, também, elevar aos céus uma prece muito fervorosa
para que o Menino Jesus cubra a todos de bênçãos e de graças, para que
o ano que se aproxima seja de ininterrupta felicidade para todos.
Boas Festas.
Feliz Ano Novo
A Redação
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miação das Senhoras de Pommero- cendo a vaga paroquial de Pomme-
de. A antiga residência do páro- rode. Veio então o Pastor Snr.
co foi demolida e substituída por Gustav Schuettkus. Assumindo as
um novo prédio de material. No funções, logo se apr esentou ao
ano de 1939, pouco antes de rom- mesmo uma tarefa basta n te difícil,
per a segunda guerra mundial, porquanto se tencionava levar a
empreendendo, juntamente com a efeito a reforma da igreja. Dotado
sua família , uma viagem de re- de espírito empreend edor e con-
creio à Alemanha, os acontecimen- tando com a boa vontade e cola-
tos vieram impedir o seu retôrno boração de tôda a comunid ade,
ao Brasil. foram as obras iniciadas e concluí-
Seguiram-se os anos de guerra . das sem maiores dificuldades e
mas o feliz casal Pastor Friege dentro de curto espaço de tempo.
permanecia nos corações de to- A igreja sofreu uma modificação
dos os membros da comunidade tanto externa como interna , cons-
e nutria-se a esperança de vê-los tituindo atualmente uma bela
retornarem um dia a Pommerode. obra do lugar e o orgulho da co-
Durante os anos de guerra , a co- munidade. As paredes laterais fo-
munidade foi gentilmente servida ram elevadas em 1,5 metros . O
pelo pastor de Badenfurt, Snr. telhado foi completamente renova-
Werner Andresen. As doutrinas do e acrescentada a sacristia e a
em geral na comunidade, inclusi- parte onde se encontra o altar .. A
ve a dos confirmandos, ficou a tôrre foi mais uma vez reforma-
cargo do professor J . Ehlert, au- da e o seu cume coberto com pla-
xiliado pelos seus filhos Hubert e cas de cobre para oferecer maior
Gerhard, tendo também sido au- durabilidade ao tempo. Do lado da
xiliado em parte pelo professor tôrre, escadas amplas dão acesso à
Snr. Leopold Krueger, até que galeria. Internamente, foram modi-
êste mudou-se para Rio da Luz. A ficados o teto e o púlpito e os ban-
guerra contribuiu para que, den- cos velhos substituídos na sua to-
tro de algum tempo, também o talidade por novos. Também foi
Snr. Pastor Andresen não mais feito um anexo à casa da comu-
pudesse praticar atividades de ca- nidade para funcionamento do
ráter religioso na comunidade. Com jardim da infância e fundado o
a cessação obrigatória dos servi- mesmo, cuja administração está a
ços religiosos, tôda a comunidade cargo da Ordem Auxiliadora das
passou uma época muito triste e Senhoras Evangélicas de Pomme-
o desânimo era geral. Conseguiu- rode.
se que nesse período a comunidade Quando o Snr. Pastor Schuttkus
fôsse visitada de vez em quando já havia assumido o cargo, a co-
pelo .j ovem vigário Snr. Edgar munidade recebeu finalmente no-
Liesenberg. Já nos primeiros cul- tícias do Pastor Friege. Demons-
tos, angariou a simpatia dos pre- trou êle grande interêsse em re-
sentes. As suas palavras e manei- tornar à Pommerode. A diretoria
ras bondosas para com todos, cons- da comunidade respondeu-lhe que
tituíram um consôlo para os mem- infelizmente não era possível
bros das comunidades que costu- atender seu desejo, já era tarde.
mava prestar os seus serviços. Em meados do ano de 1954, o
Por certo, muitos ansiavam possuir Snr. Pastor Schuttkus, devido ao
o jovem pastor E. Liesenberg em seu precário estado íde saúde e
sua comunidade devido as suas óti- diante das recomendações e conse-
mas virtudes. lhos médicos, resolveu voltar à
A guerra havia chegado ao seu Alemanha. Todavia, grande era o
término. Ansiosa, a comunidade desejo estar presente às festivi-
aguardava uma notícia do Pastor dades de posse do seu sucessor
Friege. Porém, inutilmente. De- Snr. Pastor Edgar Liesenberg,
corrido algum tempo, o Snr. Pas- que durante o tempo de guerra já
tor Andresen voltou à Badenfurt prestou valiosos serviços à comu-
e então passou a ministrar nova- nidade. Tiveram assim lugar as
mente os cultos em Pommerode. festividades de despedida e posse
Sem obter notícias e também não dos dois pastôres com as suas dig-
mais regressando o Pastor Friege, nas espôsas, que foram abrilhan-
o Sínodo expediu circular, ofere- tadas pelo côro da igreja de Têsto
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Alto, sob direção do Professor J . pler e, em Têsto Rega , sob dire-
Ehlert. ção do Snr. J. Ehlert. Também à
O Snr. Pastor E. L iesenberg e juventude vem sendo dedicada
sua digna espôsa, já há 4 anos se atenção tôda especial. Contam-se
encontram no meio de nossa co- atualmente três círculos juvenis,
munidade. Pode-se dizer que nes- que têm periodicamente os seus
se espaço de tempo, angariaram a encontros.
estima de todos os membros da co- Ao lado da casa da comunidade,
munidade. Não está o Snr. Pas- está sendo erigido um prédio novo ,
tor Liesenberg cuidando tão so- que servirá para funcionamento
mente da conservação dos feitos de da escola particular da comunida-
seus antecessores, mas vem pros- de, que por enquanto funciona na
seguindo com grande dedicação em casa da comunidade, sendo admi-
novos empreendimentos, de neces- nistrada pela Senhorita L Germer.
sidade e utilidade para a comunida- A escola está funcionando atual-
de. A paróquia de Pommerode mente com três classes.
conta atualmente com 3 igrejas: Grande esfôrço o Snl". Pastor
Pommerode, Têsto Alto e Alto da E. Liesenberg tem empenhado
Serra. O culto é praticado em com o "Hospital e Maternidade Rio
mais dois locais de estudo bíblico. do Têsto", que em data de 30 de
As comunidades de Riberão Gran- outubro de 1955, foi definitiva-
de em Rio da Luz, Rio do .C êrro mente transferido à Paróquia
e Benjamim Constant, que antiga- Evangélica de Rio do Têsto pela
mente pertenciam à paróquia de Sociedade Hospitalar. O hospital
Pommerode, aderíram com o de- está sendo administrado por um
correr dos anos a outras paró- médico e irmãs do "Agnes-Karl-
quias, de acôrdo com a conveni- Verbandes".
ência de sua localização. O Snr. A população atual de Rio do
Pastor Edgar Liesenberg, além Têsto pode ser estimada em 95 %
dos cultos nas igrejas, se dedica de protestantes.
ativamente ao estudo bíblico, em Seguem aqui os nomes dos
13 locais diferentes, que são bem conselheiros ' da Paróquia, que du-
freqüentados. Aulas de doutrina rante muitos anos vêm colaboran-
são exercidas em 6 locais. Em do e se esforçando pelo bem da
Pommerode pelo Snr. Pastor E. causa: Hermann Ehlert, cujo filho
Liesenberg, Têsto Alto I, pelo Heinz até o momento figura como
Snr. Rudolf Hornburg, Têsto Alto único filho de Rio do Têsto que
11, pelo Snr. Chr. Frahm, Wun- se formou pastor e exercendo a
derwald, pelo Snr. A Gaedtke. função em Ibirama. Heinrich
Têsto Rega, pelo Snr. J. Ehlert e Baumann, Wilhelm Rahn, Her-
Alto da Serra, pelo Snr. R . Volk- mann Wachholz, Heinrich Bor-
mann. Culto infantil é dado em chardt, Wilhelm Krüger, Hermann
7 locais. Para tanto, se têm apre- Günther, J . Ehlert, Curt Brandes.
sentado valiosos auxiliares, que A atual diretoria da Paróquia é
vêm facilitando os serviços do constituída pelos seguintes mem-
Pastor. Dois côros embelezam os bros: Rudolf Hornburg - Presi-
cultos com as suas demonstrações dente, Curt Brandes - Secretário
de hinos sacros: Em Pommerode, e Hubert Ehlert - Tesoureiro.
sob direção do Snr. Ewald Bep-

IGREJA evangélica de Badenfurth (o Passo dos Badenses, como o Dr. Blu-


Amenau batizara a localidade) foi inaugurada a 7 de julho de 1872, com gran-
des festividades religiosas e sociais.

M 1934, publicavam-se três jornais: um em língua portuguêsa. "Cidade de


E Blumenau", fundado em 1924. Era bi-semanário e a sua assinatura anual era
de Cr$ 15,00. Dois em língua alemã: " Blumenauer Zeitung", tri-semanal. As-
sinatura anual, Cr$ 12,00 e "Der Urwaldsbote", bi-semanário, fundado em julho
de 1898. Assinatura anual, Cr$ 12,00.

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José Fereira da Silva - Blumenau - SC
Nossas Casas de Saúde

BIRAMA, a antiga sede da Colônia Hansa-Hammonia, é um d.os mais


Ipoéticos e futurosos centros de população de tôda a Bacia do Itajaí:
Situado às margens do rio Hercílio, tàmbém conhecido por Itajaí
do Norte - o mais comprido braço formador do Itajaí-açu - Ibirama
é uma cidade simpática, sede de um município rico e próspero. Sem o
bulício incômodo dos grandes centros, tem, entretanto, um comércio ativo
e sólido, indústrias de grande capacidade de produção, todo uni. excelente
conjunto de utilidades e de confôrto.
Não lhe falta um grande hospital, que se vê na foto, com enfer-
marias amplas, quartos particulares excelentes, tôda a aparelhagem acon-
selhável a um nosocômio moderno.
Numa encosta de morro ainda coberto de densa mata, debruçado
sôbre o rio Hercílio, o Hospital de Ibirama não poderia estar melhor si- ·
tuado. E' uma Casa de Saúde realmente digna dêsse nome e que nada
deixa a desejar, comparada com as mais bem aparelhadas do Estado.
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SCULIiANDO
~~, Ell10S AROUIVOS
Visitando o arquivo municipal lo1heio fôlha por fôlha que contém
de Blumenau, veio-me às mãos a pasta. Seguem-se cartas, editais,
uma pasta com um maço de fô- propostas dirigidas às assembléias,
lhas amarelecidas. Na capa azul atas de reuniões e de assembléias ,
da pasta achava-se escrito com le- relatórios e correspondência. En-
tras desbotadas pelo tempo, po- contram-se nestas fôlhas as mais
rém, em caligrafia bem traçada variadas caligrafias, aqui uma le-
e impecável: "GERMANIA - Es- tra firme , angular, acolá outra
tatutos - atas - correspondên- cheia de arabescos, tôdas, porém,
cias". Com muito cuidado, como mostrando a cultura dos seus au-
se fôssem asas de borboletas, ma- tores. E assim , inteiramente absor-
nuseei estas fôlhas que o tempo to na leitura destas fôlhas ê.mare-
amareleceu e tornou frágeis , e me lecidas, parece-me que emborquei,
profundei, com o interêsse de um no folheá-las , a ampulheta que
papelista, nos assuntos que elas Chronos talvez havia escondido
continham. - Logo as primeiras entre as mesmas. - Retrograda o
páginas cativaram tôda minha tempo. O passado reaparece.
atenção, pois continham o texto ori- Estamos no ano de 1866. Desfaz-se
ginal dos "Estatutos da Sociedade a neblina. Personagens ressaltam
de Canto da .Colônia de Blumenau". das trevas, vozes atingem meu!:;
Esta peça, que em seus três capí- ouvidos. Encontro-me numa mo-
tulos contém 13 parágrafos, traz a desta sala, onde os cantores se
data de 3 de agôsto de 1863. Está reúnem para o ensaio semanal. -
assinada por C. W. Friedenreich, O Dirigente Musical Pastor Os-
como Presidente; Victor Gaertner, wald Hesse, começa o ensaio por
como Secretário e Pastor Oswald vozes - passagens difíceis são re-
Hesse como Dirigente Musical. Se- petidas várias vêzes; forma-se o
guem-se ainda as assinaturas de côro com os tenores e OS baixos
27 sócios ativos. Como "Membros que obedecem à batuta do dirigen-
Sociais" assinaram H. Wendeburg, te. As melodias de velhas e conhe-
Georg Repsold, Fr. Lõscke, Spi- cidas cantigas ressoam na sala .
erling, H. Breithaupt, E . Odebre- Todos se esforçam e prestam a
cht, Oswald Zwicker, von Gilsa. máxima atenção, pois os ensaios
W. Meyer, Dr. Knoblauch, O. Klu- já são os preparativos para o ter-
ge, H. Willerding, C. Sasse, J. ceiro aniversário da fundação da
Baumgarten. Várias averba- Sociedade que se realizará rio pró-
ções marginais nos dão conta das ximo mês de agôsto dêste ano de
alterações havidas no decorrer dos 1866. Depois do primeiro intervalo
anos, por resoluções tomadas em dês te ensaio, o Presidente troca al-
assembléias gerais. Primitivamen- gumas palavras em voz baixa com
te a Sociedade denominava-se "So- o Dirigente. Recomeça o ensaio, a
ciedade de Canto da Colônia de repetição das cantigas ensaiadas
Blumenau", mas em uma destas Levanta-se então o Presidente e so-
averbações marginais consta o se- licita um momento de atenção .
guinte: "Por resolução unânime da Algo de importante deve ter ocor-
assembléia de 10 de agôsto de rido, pois não é hábito o Presiden-
1865, a Sociedade de Canto rece- te usar da palavra nas horas do
beu o nome de "Germania". Aten- ensaio. Todos os cantores olham
ciosamente leio página por página , com uma certa curiosidade para o
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Presidente, que tira uma carta do alimentamos a etWeral,lça; de poder-
OOlso e diz: "Dedicados consócios, mos estar novamente em Blurile-
cantores nossos que daqui parti- nau por ocasião da festa da fun-
ram para dar sua vida e seu san- dação da Sociedade, porém, esta
gue Por nossa nova Pátria, o Brasil, esperança cada vez se torna mais ,
nos enviaram um sinal de vida do em fumo , pois não se nota que a "
longínquo Paraguai. Infelizmente cousa vai adiante. Os brasileiros
esta carta, que é dirigida a nossa estão ~ 3 léguas de Humaitá. En-
Sociedade de Canto, também con- tre os alemães grassou há algum
tém a triste notícia de que seis tempo a febre fria, tendo alguns
cidadãos blumenauenses confirma- sofrido muito, porém,' agora já es-
ram com sua vida o seu amor e tão todos melhor. De Blumenau
sua fidelidade a esta nossa nova morreram até agora : Chr. Muelier,
pátria. O sangue dêstes blumenau- Lobedan, Kurz, Küchendahl, W .
enses que encharcou os campos de Kremar e W ilhelm Fischer da
batalha em terras paraguaias e as Garcia. Eu sinto vontade de és ~
lágrimas de suas famílias que re- crever ainda algumas linhas sôbre
garam o nosso solo virgem aqui, o anterior Comandante do Contin-
sã<> ligas mais fortes do que todos gente, porém, para descrever tôdas
os tratados ou títulos de cidadania as más maquinações do mesmo , eu
documentados. Quem deixa sua teria que encher ainda várias pá-
vida é quem derrama o seu sangue ginas; mas mesmo sem isso, ainda
e suas lágrimas pelo Brasil, quem irão saber que ,chega em Blume-
com árduo trabalho, banhado em nau sôbre o mesmo. Fritz Riemer,
suor e lama, se empenha dia a dia, pede dar especiais lembranças a
tanto no sol como na chuva , a seus pais e avisá-los que na Dire-
transformar esta mata virgem e ção, em Blumenau, se acha deposi-
hostil num lar florescente para tada para os mesmos a quantia de
seus filhos e netos, tem o incontes- Rs. 20$000. Pedimos igualment~ a
tável direito de ser considerado e todos transmitir lembranças nossas
tratado neste país com a mesma a todos os conhecidos de lá (assina-
igualdade dos demais cidadãos. E ram a carta) H. Willerding, F. Rie-',
nosso coração está sangrando com mer, C. H inze" . - Profundo silên-
os nossos consócios que estão lutan- cio reinava durante a leitura desta
do nos campos do Paraguai e nos- carta. O Presidente determina que
sas lágrimas caem sôbre as cabe- a mesma seja juntada aos documen-
cinhas loiras dos filhos órfãos dos tos da Sociedade e incluída no ar-
que tombaram e banham as suas quivo desta. O Dirigente levanta a.
oficinas e o solo onde antes traba- batuta e anuncia: "Agora vamos
lhavam". - A seguir o Presidente, dedicar aos nossos irmãos cantores
Sr. Victor Gaertner desdobra a que lutam no Paraguai e aos que
carta recebida e lê: "PARA- lá tombaram, á cantiga' do Bom 'Ca-
GUAI, em 13-6-66. - A todos os marada, que o poeta alemão Luc1
Sócios da Sociedade de Cantores wig Uhland escreveu e foi musi-
"Germania" as saudações dos con- cada pelo compositor Friedrich
sócios aqui presentes, com os me- Silcher, ambos falecidos há pou-
lhores votos para uma festa de cos anos" . - Suavemente o diri-
aniversário de fundação cheia de gente, Pastor Oswald Hesse, toca
alegria . Desde algum tempo se em seu violino um prelúdio à
vinha manifestando entre os ale- cantiga anunciada e a um sinal
mães e principalmente entre os seu entram as vozes dos cantp-
blumenauenses uma disposição res. E na noite silenciosa da sel-
triste e desalentada, motivada pelo va virgem, soa a comovente can-
fato de terem sido os alemães di- tiga do Bom Camarada:
vididos e embarcados em dois des-
tacamentos como equipação em 2
navios, porém, agora estamos Eu tinha um camarada;
outra vez satisfeitos, porque esta- Melhor quem pode achar?
mos novamente reunidos e isto em
uma ilha na barra do Paraguai, Quando o tambor rufava,
na qual está sendo construído um Ao lado meu marchava,
grande hospital da marinha e a
qual mantemos ocupada. Sempre De passo sempre par. '
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o Prédio da Prefeitura
LAMENT Á VEL incidente que destruiu, em novembro, último, o edi-
D fício do forum de Blumenau, consumindo todo o arquivo histórico, do
município, veio criar um problema.
Deve a prefeitura reconstruir o prédio sinistrado no mesmo es-
tilo arquitetônico, ou deve tratar da construção de um novo Paço Muni-
cipal, com novas linhas, moderno, no gênero atualmente tão em uso no
país?
Os profissionais que ouvimos a respeito, em sua maioria con-
cordam com o ponto de vista que também nós defendemos.
O prédio da Prefeitura Municipal e o do for um, formando um
todo, foi construído em 1939, obedecendo à orientação de técnicos de re-
conhecida competência e de urbanistas de nomeada, como o Dr. GIadosch,
ouvido pelo prefeito de então. O estilo não foi escolhido por simples acàso.
Foi, sim, porque era o estilo que se casava perfeitamente com a fisiono-
mia da cidade, com a paisagem circundante, obedecendo às melhores re-
gras aplicáveis.
Realmente viu-se que, depois de ultimado, êsse prédio harmoni-
zou-se com o conjunto das construções urbanas, confundindo-se com o am-
biente, tornando-se, por assim dizer, uma síntese, uma amostra do e~tilo
característico da maioria das construções citadinas.
Pela sua imponência, pela sua maravilhosa situação numa topo-
grafia de agradável rusticidade, a Prefeitura de BIumenau tornou-se um
monumento que representava, incontestàvelmente, a cidade nãó apenas
pelos poderes administrativos que abrigava, mas principalmente pela
construção que resumia o gôsto arquitetural dos blumenauenses.
Assim, parece-nos que bem andariam os poderes públicos res-
taurando a parte sinistrada nas mesmas linhas e côres primitivas.
Blumenau conserva o Eeu estilo próprio, agradável, de edifica-
ções. Porque tirar-lhe, com uma construção moderna, tipo de caixão de
cimento armado, a poética fisionomia que ainda apl'esenta?
Não queiramos fazer em BIumenau o que - para citar um erttre
os muitos exemplos à vista - foi feito em Ouro Prêto, com a construção
do seu Grande Hotel. Um casarão moderno, bonito, com tôdas as como-
didades, mas que é uma aberração condenável na fisionomia da velha
e simpática Vila Rica.
Pensem nessa e noutras razões os que forem encarregados de
opinar e decidir a respeito do assunto.

(CONTINUAÇÃO DA PG. 227)

A bala vem silvando. Ainda a mão levanta.


Pr'a quem será o fim? A luta enfureceu:
Foi êle traspassado, A destra não te estendo.
Já tomba de meu lado, Na glória vai vivendo,
Pedaço que é de mim. Bom camarada meu!
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YigurB5 do Pre5ente Salomão MATTOS

MAX HERING
Entre as pessoas que dedicaram seu trabalho e suas qualidades
para o engrandecimento de Blumenau, projetando-a no cenário industrial
do país e do exterior, está a veneranda figura do Sr. Max Hering.
Nasceu em Tannhausen, Silésia (Alemanha), em 4 de julho de
1875, vindo para o Brasil em companhia de membros de sua família,
1880, com apenas cinco anos de idade.

Muito jovem ainda, dedicou-se inteiramente à indústria, auxi-


liando seu saudoso pai, nos trabalhos da fábrica fundada pelo mesmo em
1880, hoje a poderosa firma "lndustria Textil Companhia Hering" uma,
das maiores e mais sólidaE>, indústrias do Vale do Itajaí.
Tão grande era a sua sêde de conhecimentos técnicos de fabrica-
ção têxtil, que em 1892, portanto, com 17 anos de idade, seguiu para a
Alemanha, onde passou 2 anos instruindo-se nesse setor.
RegreEsando ao Brasil, foi ràpidamente subindo na firma, mercê
dos seus conhecimentos, chegando em 1915 a assumir a Diretoria, na
qualidade de Gerente, encarregado da parte técnica, pôsto em que per-
maneceu até 1942.
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Desta data em diante, pai'lSOU a fazer parte do Conselho Con-
sultivo, onde ainda se encontra, não obstante os seus 83 anos, empres-
tando a sua experiência e atividades em prol do progreEso sempre -cres-
cente da firma que seu progenitor fundara.
Porém, o Sr. Max Hering, não se satisfez de emprestar a sua
colaboração apenas à Industria Textil Companhia Hering, dedicou-se
também a outras firmas, de outros setores, tendo sido um dos diretores
da Emprêsa Fôrça e Luz Santa Catarina, onde exerceu por muitos anos
a presidência, assim como, foi também por longo tempo, vice-presidente
da Companhia Fábrica. de Papel ltajaí.
Dotado de grande tirocínio comercial e industrial, foi sempre
um batalhador incansável no soerguimento econômico de Blumenau e do
Vale do Itajaí.
O setor social e cultural de nossa Comuna, encontrou em Max
Hering um de seus baluartes, a quem muito devem.
Possuidor de um magnânimo coração, auxiliou sobremaneira aos
necessitados, o que bem prova a doação da importância de Cr$ 325.000,00
a entidades de beneficência desta cidade e de outras de nosso Vale, quando
comemorou as suas bodas de diamantes, ao completar em 3 de agôsto de
1958, seus 60 anos de vida conjugal.
Sua atuação na vida econômica e social de Blumenau, está in-
delevelmente marcada, no coração dos que com Max Hering privaram e
sentiram o prazer de sua amizade.
Max Hering é, sem favor algum um verdadeiro benemérito de
nossa terra, cujos exemplos devem ser seguidos pela geração atual.
É digno portanto da nossa homenagem, a qual prestamos com
tôda sinceridade e reconhecimento.

ARMAÇAO de baleias na praia de Itapocoroí foi fundada em 1778, em con-


A seqüência de terem os espanhóis se apoderado, no ano anterior, da ilha
de Santa Catarina e do litoral fronteiro, onde se achavam instaladas as prin·'
cipais pescas de cetáceos, como a de Piedade. Teve a armação de ltapocoroi a sua
época de fastígio, sendo grande o número de baleias abatidas anualmente. De-
pois, entrou, como as demais estabelecidas nas costas brasileiras, em decadên-
cia até sua completa extinção. Ainda hoje existem, na praia de Armação, os
vestígios dos grandes fornos que serviam para a extração do azeite, os fund!a~
mentos das senzalas e das casas dos pescadores.

MA das mais interessantes sociedades fundadas pelos colonos blumenauenses


U foi, sem dúvida, a CULTUR VEREIN que congregava os mais destacados ele-
mentos da Colônia. O sábio Fritz Mueller foi seu presidente durante vários anos.
A sua fundação deu-se em 1863.

PADRE Gattone, que foi vigário de Gaspar e Brusque, nasceu em Ban-


O nover, Alemanha e chegou a Belchior em 1860. Aí ficou durante seis anos
como pároco. Depois foi transferido para Brusque (21 de maio de 1867). Em
1882 seguiu para o Rio de Janeiro como capelão militar. Morreu a 28 de janeiro
de 1910.

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~~~<tllfr~rn~~ ~~ ijw() " ~~[llm~ll11~[ll
Relatório referente a 1857
(CONTINUAÇÃO DO NúMERO ANTERIOR)

Informei logo sôbre o ruim da existiam; e com alguma boa


estado das armas dos pedestres, vontade o negócio podia ser aca-
que, numa ocasião, ou ronda, tô- b3do por Sua Excelência em pou-
das negaram fogo a uma vez e ex- cos dias e sem grandes e dispen-
pus o perigo que êstes assim ha- diosas formalidades. Pela recusa
viam de correr, num sério encon- de Sua Excelência o negócio fi-
tro com os bugres, requerendo ao cou pendente até hoje e ainda o
Govêrno Imperial uma quantia de está com grande incômodo meu e
Rs 300$000 a Rs 400$000 para me- detrimento da colônia, e terei tal-
lhor armá-los com espingardas de vez de recorrer à Assembléia Pro-
dois canos, e comprar facões, etc. vincial, levando assim imensa de-
para o seu uso; Sua Excelência mora e ficando ainda incerto o re-
achava porém, que as velhas cara- sultado final, por haver nela bas-
binas dos pedestres, que entre 5 tante número de membros que
tiros negavam 3 a 4, eram ainda também não gostam dos herejes
bastante boas, e me declarava que alemães.
não podia apoiar o meu requeri- Nos primeiros dias de março
mento. O Govêrno Imperial porém, próximo passado, Sua Excelência
melhor intencionado, concedeu a acompanhado do major de enge-
quantia requerida e eu comprei nheiros Souza Mello e Alvim, De-
muito boas espingardas de dois legado do Exmo. Sr. Diretor Ge-
canos a um preço que é apenas um ral das Terras Públicas, em Santa
têrço maior do que aquêle pelo Catarina, foi num vapor de guer-
qual a nação pagava as miseráveis ra visitar o ItajaÍ, que subiu pela
carabinas. têrça parte e deixando-o aí "veio
Na conclusão do meu contra- honrar também a colônia com uma
to, ficava pendente o negócio das visita. Apesar das minhas instán-
minhas terras, em as quais contu- cias demorava-se porém apenas
do a exeqüibilidade da emprêsa hora e meia nela, e, pedindo eu.
se baseia e apesar das minhas ins- que pelo menos examinasse um
tâncias e representações ao Exmo. lado, da colônia e que com isso
Sr. ministro do império, fiquei não havia de dispender mais de
sujeito neste importante consigna- 2, e quando muito 2% horas, nem
do negócio ao Sr. Presidente, cujas sequer para isso lhe sobrava o
indisposições já conhecia bastan- tempo e ainda menos, de ficar um
temente. Apesar das recomenda- dia, para ouvir as minhas infor-
ções oficiais e particulares, que mações, examinar de próprios
trouxe comigo, fui recebido com olhos o estado da colônia e depois
notável frieza por Sua Excelên- sentenciar sôbre mim e meus ini-
cia, que de maneira bastante ás- migos e detratores. Desde muito
pera (foi testemunha o Sr. Dr. An- eu havia anelado tal visita, havia
drade Pinto. antigo empregado na muito a referir e explicar a Sua
repartição geral e hoje juiz de di- Excelência - o meu desaponta-
reito do Destêrro) se negou a qual- mento foi pois grande e pouco
quer intervenção nesse negócio, a agradável, vendo frustradas as mi-
cujo arranjo lhe assistiam tôdas nhas esperanças pela apressadà re-
as faculdades tanto pela existen- tirada de Sua Excelência. Na co-
te legislatura geral e provincial lônia Dona Francisca havia se de-
como pelos avisos do Govêrno Im- morado mais de dois dias; a mim
perial com quem eu havia concluÍ- não concedia nem outrás tantas
do o meu contrato. Não se trata- horas. Não lhe podia oferecer, é
va de tornar boa uma cousa ruim verdade, lautos jantares, baile e
ou equívoca, mas sim elucidar e passeio a torchas, com arcos de
arredar algumas dúvidas que ain- flôres etc., pois não fui de nada
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prevenido; mas sempre podia ofe- plena face e pleno público havia
recer a Sua Excelência ceia e al- chamado de mentiroso, velhaco e
môço decentes e conquanto que trapaceiro e interdito a minha
não lhe podia acomodar senão no casa ) que logo no dito ano se ha-
próprio quarto e cama, sempre via retirado da colônia e nunca
não lhe teriam faltado cômodos, se mais voltava e espalhara que era
passasse a noite na colônia. Não bem bom para mim que Sua Ex-
podia apresentar sociedade de casa- celência não fôsse mais dentro da
ca e luvas de pelica, que não exis- colônia, pois não teria nela visto
te na minha colônia e, que eu não mais cousa alguma boa e útil. A
procuro que para aqui venha , mas má conduta dêste sujeito é públi-
nos olhos meus e dos colonos, Sua ca e notória no Destêrro e há pou-
Excelência poderia ter adivinhado co foi judicialmente separado da
o prazer e reconhecimento pela vi- sua mulher (de origem inglêsa )
sita, com que nos honraviY Além pelo cônsul inglês, da mesma mu-
disso, não sendo nós de nada pre- lher, que o havia tirado da misé-
venido e eu por Sua Excelência ria. cuja considerável fortuna
surpreendido no meu jantar de car- ha via dissipado, pagando-lhe en-
ne sêca e feijão à brasileira e em fim , o seu amor com pancadas e
traje de roça, entretanto que os co- grosseiras sevícias, mas como
lonos estavam ocupados com os seus mestre de piano e homem de al-
trabalhos, oferecia-se-Ihe a melhor gumas maneiras e educação entra
ocasião de julgar os diversos boa- nas famílias e é procurado para
tos detratores, com que êstes ini- saraus de boa sociedade. A tal des-
migos me procuram conspurcar, prezível, mas doce hipócrita e adu-
e conhecer de fundo o estado da lador. que por causa da sua longa
colônia, que não sendo prevenida ausência da colônia, não pode
não se lhe podia apresentar n~ saber cousa alguma do seu atual
traje de dia de festa , branqueada estado, às insinuações de tal mi-
e enfeitada, mas como efetiva- serável se presta pois atenção mas
mente foi e é. Dos meus livros de nem à Sua Excelência, nem a~ De-
contas, enfim, Sua Excelência se legado do Exmo. Sr. Diretor Ge-
podia pessoalmente instruir, onde r al sobrara o tempo de examina-
ficam e como eu emprego os fun- rem de próprios olhos a colônia
dos do Govêrno Imperial, com quando ali foram . Note-se ainda'
cujos feitos me considero e devo que dois colonos meus ( . ) fora~
considerar, visto não possuir pro- há poucos meses chamados ao Des-
priedade alguma, que não lhe seja têrro como lentes de matemática
empenhada e hipotecada por adi- e latim no novo liceu da provín-
antamentos, cuja importância tal- cia, que ambos aqui moraram por
vez exceda muito o valor atual 5 e 3 anos, e ainda hoje ai cada ·
das minhas propriedades. Mas tô- um possui terras que não que-
das as minhas esperanças a tal res- rem vE!nder, por terem a intenção
peito foram baldadas. Sua Excelên- d~mals tarde para aqui voltarem,
cia fêz apenas um insignificante e que por isso deverão conhec~r
passeio na povoação e se retirou de- de fundo as circunstâncias da co-
pois de uma demora de apenas lônia. meus atos e minha admin-is-
hora e meia, apesar dos meus ins- tração ; ambos são conhecidos co-
tantes pedidos. mo homens instruídos íntegros e
de caráter independente, ambos
Qual foi agora o meu espanto, pois podiam fornecer informações
quando, chegado há quinze dias, à dignas de crédito - mas nem a
capital da província, por pes- um nem a outro jamais se pediu
soa muito fidedigna, respeitável informação ou sua opinião sôbre
e ao mesmo tempo benévola, m e m im , meu sistema e proceder, sô-
foi participado, que se tenha es- bre o estado atual da colônia e a
palhado boatos pouco lisonjeiros e condição dos seus habitantes en-
que não me podem recomendar, e tretanto que se presta ouvido aos
que pareça que até autoridades,
as quais estou subordinado, lhes
prestassem ouvidos e créditos. Um o sábio Fritz Muller e o P rof essor Be-
mau sujeito (antigo colono meu, cker. lentes respectivanle nte, de ma temáti-
do ano de 1854, a quem eu em e a e latim.

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mexericos de um notório mau su- lamentos, e desejando evitar um
jeito. conflito mais grave por amor da
A mais manifesta prova de in- paz e harmonia, com consenti-
disposição de Sua Excelência con- mento do velho ajustei com o
tra mim foi porém a seguinte, que usurpador, que êle ficasse com uma '
me causou inúmeros desgostos e e aquêle com outra metade do
as mais revoltantes cenas, que me canto em questão. Trêz vêzes o .
prostituía aos olhos dos próprios usurpador deu formal promessa a
colonos e me subtraía inteiramen- tal respeito e três vêzes a rompeu
te '0 fundamento moral, em que como um velhaco conspurcando e
se apóia a minha posição de em- caluniando-me ainda em cima sen-
preendedor - e diretor de colônia. do nisso acompanhado por seu
Como em muitas coisas o obje- mano, em tôda a parte, até na ca-
to não tinha quase valor algum e pital. Instigados por inimigos
tratava-se só de princípios. Um meus, contavam com poderosa pro-
colono solteiro a quem sempre teção e não se enganaram. O sub-
havia tratado da maior benevolên- delegado jogava comigo uma indig-
cia e até amizade e lhe prodiga- na farsa, negando-me sêca e aber-
lizado favores que logo me retri- tamente, em favor de uns instigado-
buía, como muitos outros sujeitos, res e do compadresco a justiça que
pela mais imunda ingratidão, me assistiu. O negócio se tornou
apossava-se e usurpava ilegalmen- então tanto mais sério, quanto aos
te, e apesar das minhas advertên- meus inimigos se vangloriavam e
cias e protestos de um cantinho de os meus amigos. principiavam li
terra devoluta de pouco valor, é desconfiar dos meus direitos e co- .
verdade, mas que eu, confiado no nhecimentos das leis, proclamando-
meu direito de preferência, que a me aquêles como chicanistq, cubi-
lei das terras me garantia, já ha- çoso e ambicioso, que tudo que-
via prometido a um meu colono, o ria comer só e dominar os mais,
mais antigo e pai de família, em- etc. etc. Dirigi-me pois ao Sr. Juiz
penhando-lhe formalmente a mi- de Direito e em conseqüência de
nha palavra de que êle havia de suas ordens e das claras disposi-
ficar com o dito canto e pelo mes- ções da lei, que nem foram aplica-
mo preço que eu tinha a pagar das, e às minhas instâncias, no seu ·
ao Govêrno Imperial. Se não rigor, um prazo foi determinado
houvesse esta circunstância de pro- aos usurpa dores, para se retirarem .
messa formal, e a minha posição do terreno questionável. Passados ..
e autoridade moral na colônia não três meses e não tendo ainda as-
repousassem na minha veracidade sim cumprido a ordem recebida,
e na fieldade com que cumpro as foi-lhes intimado de se retirarem
minhas promessas, não teria feito dentro de três dias, sob pena de
caso dêsse canto insignificante; serem processados como desobedi-
mas uma vez feita a promessa. entes etc., etc... Não fizeram ,
não podia retratá-la sem profun- caso disso, respondendo ao inspe- .
damente abalar o crédito que os tor de quarteirão com ameaças de
colonos têm na minha honradez e resistência armada e cobrindo-me
no meu conhecimento das leis do a mim com injúrias. Um dêles foi-
País. Se do outro lado houvesse se ao Destêrro, dirigiu-se ao Sr.
usurpado, como logo fêz o referi- Inspetor das Medições e ao Exmo.
do môço, êste cantinho, ninguém Sr. Presidente e obteve despacho,
teria feito caso disso, sabendo só cuja vista eu nunca podia alcan-
poucas pessoas que estivesse devo- çar; a mim não se pediu porém
luto; mas conhecendo a minha me- informação sôbre o caso, apesar de
lindrosa posição e não querendo in- estar presente no lugar; entretan-
fringir lei alguma, esperei com pa- to que o Sr. Inspetor não conhecia
ciência pelo momento da compra
ao Govêrno Imperial para logo coisa alguma das terras sitas na-
transferir o terreno ao dito velho. quela parte, e foi medir terras do
Não achando eu nos meus protes- Itajaí-mirim, distante mais de 15
tos apoio algum do sub-delegado a léguas. O resultado foi , que o mõço
quem o negócio competia em pri- voltava vitorioso e gloriando-se a
meiro lugar, apesar das mais cla- si, entretanto que eu impunemen- ,
ras disposições da lei e dos regu- te devia sofrer as mais grl?sseiras
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inJUrIas e insultos da sua parte negocIO encerra para mim a im-
nesta ocasião, em tôda a parte possibilidade de ficar de ora em di-
ficava conspurcado por calúnias; ante na sit uação em que me acho,
chegava isso a ponto tal, que até que já é quase insuportável e ain-
um meu próprio jornaleiro me da se há de piorar de dia em dia.
lembrava que assim a minha honra Com dignidade e honra já não pos-
e posição tinham de sofrer lesão. so ' continuar na minha missão, o
Os dois moços protestavam ao que não poderá convir aos interês-
mesmo tempo, de quererem incen- ses elo Govêrno Imperial que tan-
diar a morada do referido colono to fêz e tanto deseja o adianta-
velho, que morava nas minhas mento e progresso desta emprêsa.
próprias terras. A impunidade e Posso resignar e preparo-me a
escandalosa proteção, com que se ceder o meu lugar a quem o Go-
favoreceu aos malfeitores e se me vêrno Imperial para tal fim desi.g -
negava justiça em flagrante me- nar, sair pobre como Job e aban-
nosprêzo da lei e dos princípios donando tudo, que me iavoreceu,
de direito e da polícia, as injúrias, da região que fertilizei com o meu .
calúnias e insultos, que eu devia suor e em que gastava a fortuna
sofrer, sem poder obter amparo, que herdei dos meus pais, aspi-
já principiavam de exercer funes- rando a um belo ideal; preparo-
ta influência sôbre os mais colo- me para ganhar o meu pão pelo
nos e ameaçam profundamente a resto da minha vida como caixei-
minha posição, tornando-me em r o comercial ou feitor numa fá-
ludíbrio e escárneo de qualquer brica, mas não me acho com fôr-
velhaco . Dirigi pois, uma repre- ças bastantes para no futuro resis-
sentação ao Exmo. Sr. Presiden- tir às conseqüências do golpe, que
te, pedindo-lhe justiça e declaran- acabou de destruir os fundamentos
do-lhe ao mesmo tempo, que, se da minha posição. Padeci muito e
não fôsse possível, conceder-me a Deus me dava fôrça , que não su-
justiça, que pedia segundo as leis, cumbia, que conservava energia e
a minha posição se tornaria insus- perseverança; mas de ora em di-
tentável e eu deveria largá-la. ante a luta se torna desigual de-
Exaro alguns trechos desta re- m a is e nem Vossa ExcelênCia nem
presentação, para melhor eviden- o Govêrno Imperial hão de querer
ciar o caso: " Como particular en- que eu fique à mercê de qualquer
fim o último desfecho do negócio valentão, que sirva de ludíbrio · e
do Thieme (o usurpador) tornou escárneo a qualquer miserável
a minha posição tal, que de ora em gr osseirão e malcriado".
diante, honrosamente já não a pos- Provei mais e documentei a
so sustentar. Como avancei nos sa- Sua Excelência que os usurpado-
crifícios pecuniários, nas indeniza- res haviam infringido a lei das
ções diretas (concedidas aos colo- terras, três repetidas vêzes deso-
nos) nos pagamentos por contra- bedecido às intimações da autori-
tos mal cumpridos, na remissão e dade legal, feito ameaças de re~is­
díminuição de juros até um ponto, tência armada ao inspetor de
além do qual já não posso ir sem quarteirão e de quererem incen-
privar-me dos meios de continuar diar a casa de um pacüico colono,
a minha emprêsa, assim também que um dos usurpa dores neste ne-
aconteceu de um outro lado. Tudo gócio se havia constituído em ver-
quanto o homem mais paciente e d adeiro falsário - a resposta de
pacato pode sofrer na matéria das Sua Excelência foi vaga e indeci-
mais maliciosas insinuações e in- sa não se dava satisfação alguma
terpretações sôbre todo e qualquer à justiça e ao direito e os malfeito-
meu ato das calúnias, invectivas res ficavam impunes, gloriando-se
e injúrias diretas eu o tenho so- a si ultrajando e caluniando-me a
frido desde anos e a melhor prova mim em tôda a parte. No entre-
disso ainda é o negócio do Thieme. tanto teria bastado uma única se-
Um passo porém mais em diante vera intimação ou repreensão ·ao
nessa direção e vou ficar o ridí- sub-delegado, emanada da presi-
culo. o escárneo e ludíbrio dos dência, para satisfazer as exigên-
meus colonos, como dos meus ami- cias das leis e da justiça. Algum
gos e inimigos". Em resultado fi- t empo depois um suplente do -an-
nal, porém o atual desfecho dêste t igo sub-delegado ficou com a vára
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e fêz alguns passos em cumprimen- essa obrigação de maneira tal que
to à lei, obrigando o usurpador, de os mais moradores até não tenham
assinar têrmo de desistência e re- a observar as leis e posturas mu-
tirar-se do terreno usurpado; de- nicipais, existentes a tal respeito,
pois da visita de Sua Excelência e fique unicamente a cargo meu
êste se instalava porém de novo , conservar a estrada limpa deven-
dizendo, que assim lhe fôra per- do eu e não os respectivos mora-
mitido e que Sua Excelência lhe dores remover os paus, que êsses
havia perguntado, porque ou se derrubem ou deixem cair e roçar
não fôsse no seu têrmo. Não sei se o arvoredo que deixem crescer
assim é verdade e não havia âni- nas suas testadas. Assim eu não
mo bastante para pedir esclareci- haveria de fazer mais, senão con-
mento diretamente a Sua Excelên- sertar e pagar o que os outros mo-
cia. Falando-lhe, porém, na mesma radores estragarem e tôda a minha
ocasião da sua visita sôbre o caso receita não havia de chegar a tal
e mostrando-lhe no mapa da colõ- trabalho, entretanto que, reparti-
nia o canto em questão e sua in- do entre centenas de moradores,
significância, pude perceber, que que todos têm o maior interêsse
contraiu as sobrancelhas e seu ros· no bom estado do caminho e par-
to se obscureceu e, a tal sinal, ticipam dos seus benefícios, se
faltou-me o ânimo de continuar e torna pouco pesado e pode ser fei-
talvez ofender a Sua Excelência to oportuna e ocasionalmente. De-
na mInha própria morada, em que clarando-me a Sua Excelência ao
foi hóspede. Numa conferência po- mesmo tempo com considerável
rém, que havia com o Sr. Chefe sinceridade, que eu ainda em dez
da Polícia sôbre o caso, não pude anos não possa e deva contar com
deixar de lhe declarar, que eu razão por lucros da minha em-
não havia mais de sofrer impune- prêsa - como combina-se tal in-
mente injúria e insulto, e que se terpretação com os princípios da
alguém, injuriosamente, me tocas- justiça e eqüidade?
se no corpo, haveria de desforrar- Podia enumerar ainda outros
me do ultraje por um tiro ou fa- fatos porém basta o exarado sobe-
cada, aconteça logo o que quiser. jamente para provar quais e
Finalizando, menciono ainda quantas as dificuldades com que
que tendo eu no meu contrato me tenho de lutar, e quanto a minha
obrigado a conservar a estrada da atual situação é insustentável e
barra, Sua Excelência interpreta insuportável.

SEDE do atual distrito de Catuíra, no município de Bom Retiro, na cabecei-


A ra dO' Itajaí-açu, foi fundada em conseqüência do decreto 1266, de 8 de
novembro de 1853. Destinava-se à sede da colônia militar de Santa Teresa. O
seu primeiro diretor, o major Afonso de Albuquerque Melo, chegou ao local
acompanhado de 19 soldados colonos a 14 de janeiro de 1854. Haviam partido.
da capital da província, Destêrro, a 7, tendo feito o trajet., de 7 dias a pé. Em.
abril seguinte já êsse número estava aumentado para 43 praças, 13 mulheres e 5
crianças. A colônia, a princípio, prosperou. Mas a falta de boas administrações
e de maior interêsse do govêrno geraram a indisciplina e a desordem e deram
em resultado a estagnação dos serviços. A colônia foi emancipada em 1896.

M 1868, partiram do pôrto de Hamburgo, Alemanha, para o Brasil, nada


E menos de 3399 emigrantes, dos quais 2313 da Prússia, ou 68% do total; d'ai
Saxônia, 584 ou 17,5%; de Hessen e Hannover 45; da Silésia, oHolstein, Meck-~
lemburg, Oldenburg e cidades portuárias 233; de Anhalt e Brunsvique 85; da
Austria 58; do sul da Alemanha 46; da Suíça 4; da Suécia 76. Dêsses emigran-
tes, 978 pessoas seguiram em 11 navios para o Rio Grande do Sul; 1586 peSi-'
~as seguiram em 9 navios para a colônia Blumenau e 498, em 6 navios, para.
a colônia Dona Francisca e 337 pessoas, em 4 navios, para o Rio de Janeiro.

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DARWIN E FRlTZ MUELLER
N o próximo ano, comemora-se o primeiro centenário da pu-
blicação do livro de Charles Darwin "A Origem das espécies", que tantos
e eruditos debates provocou na data de seu aparecimento e ainda hoje
é motivo de estudos e discussões.
Conforme já dissemos nestes Cadernos, o sábio blumenauense
Fritz Mueller cooperou, com inestimável contribuição, para os estudos
de que resultaram as arrojadas teorias do cientista inglês.
Ascende a mais de uma centena as cartas trocadas entre os
dois homens de ciência. Fritz Mueller encontrava-se, então, em Blumenau,
na sua propriedade da Vorstadt, que a Prefeitura ainda hoje conserva
e, posteriormente, em Destêrro, como lente de matemática e ciências
naturais do Liceu Catarinense.
Num dos próximos Cadernos, é nosso intuito trazer ao conhe-
cimento dos nossos leitores uma série de comentários sôbre essa cor-
respondência, anotando fatos interessantes, pouco conhecidos e que fazem
ressaltar o excepcional valor do auxílio que Fritz Mueller prestou a
Darwin na enunciação das suas teorias. Aliás, em defesa da opinião do
sábio inglês, Fritz Mueller publicou um livrinho "Fuer Darwin", no qual
não só se declara inteiramente solidário com o ponto de vista do cientista
britânico, como aduz muitas provas por êle mesmo colhidas no mundo dos
crustáceos e moluscos que êle estudara com minucioso cuidado nas praias
da capital da província e do litoral fronteiro.
O mundo científico prepara-se para festejar condignamente o
centenário da obra de Darwin. Aproveitaremos a oportunidade para tra-
zer à publicidade, pela primeira vez em língua portuguêsa, cousas interes-
santes a respeito da amizade entre o sábio inglês e o modesto colono blu-
menauense e sôbre a contribuição dêste último aos estudos de que Darwin,
antes e depois da publicação de sua obra mais conhecida, fêz interessantes
comunicações às sociedades científicas dos centros de maior cultura do ··
mundo.

MINISTRO Victor Konder foi um dos grandes propulsores da


O aviação comercial brasileira. Em 23 de novembro de 1926 o hidropla-
na Dornier Wall, tendo a bordo o ministro alemão Dr. Luther e o Dr.
Victor Konder sobrevoou Blumenau. Nessa ocasião foram assentados os
fundamentos da primeira emprêsa de transportes aéreos em nosso país.

B LUME
14 de
NAU já foi visitada por um rei, ou melhor por um ex-rei. A-
jun~o
de 1928, estêve em visita à nossa cidade Sua Maj·e stade-'
Frederico Augusto, rei da Saxônia, que aí se demorou dois dias.
TERRITóRIO atualmente constituído pelos municípios de Rodeio e parte
O do Timbó, das linhas coloniais de São Pedrinho, Ipiranga, Pique, Cedros
e outras começaram a se povoar com colonos tirolêses que chegaram a partir de
1875.

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· Dezembro
1824 - dia 16. Foi ereta a freguesia do Bom Jesus dos Aflitos
de Pôrto Belo. Êste era, então um povoado que nem capela decente tinha.
Até 1859, quando foi criado o município de ltajaí, todo o território da Bacia
do ltajaí-açu estava sob a jurisdição da Câmara de Pôrto Belo.
1842 - dia 1. A Câmara de Pôrto Belo, em sessão, informa
o requerimento em que José da Silva Mafra requer "uma légua de terras
em quadro, no rio Itajaí, no lugar denominado rio Luiz Alves, fazendo
frente com terras de José Pedro de Azeredo Leão Coutinho, extreman-
do pela sul com terras de João d.a Silva Mafra e pelo norte e oeste com
terras devolutas".
1864 - dia 11. A Câmara municipal de ltajaí resolve aceitar
a proposta de Antônio e José Pereira Liberato para a construção de uma
sede própria para a mesma câmara, entregando-se a êles a importância
arrecadada em subscrição pública. Nada, porém, foi realizado.
1868 - dia 3. Falece em J oinville o engenheiro Augusto W un-
derwald. Êsse profissional levantou o traçado da estrada que liga J oinvil-
te a Blumenau, pela serra de Jaraguá. Nasceu a 2 de maio de 1814 em
Brunswick, cidade natal do Dr. Blumenau também. Em princípios de 1853
emigrou para a colônia Dona Francisca. Explorou a estrada para a serra
(Serrastrasse) e para Curitiba. Foi muito dedicado e trabalhador. No
distrito de Rio do Têsto, em Blumenau, há uma linha colonial que traz
o nome dêsse engenheiro.
1881 - dias 6,7 e 8. Houve tumultos em Warnow por ocasião
do pagamento feito aos trabalhadores de estradas, sob a direção da Co-
missão Antunes. Verificaram-se incidentes desagradáveis entre membros
dessa comissão e colonos do lugar, tendo o govêrno do Destêrro feito
marchar para o local uma escolta ge 20 soldados armados para garantir
a aludida comissão. A presença dessa fôrça exaltou ainda mais a popu-
lação que reclamou do govêrno a sua imediata retirada. "Manteve, porém
o govêrno da província o ato e determinou ao chefe de polícia, que abrisse
inquérito para a punição dos responsáveis pelos incidentes. Tanto rumor
levantou essa questão que até a câmara imperial dela tratou com calor.
Distinguiu-se na defesa dos colonos, exprobando o govêrno pela dispensa
do Dr. Blumenau da direção da colônia, o visconde de Taunay. Parece,
entretanto, que nem tôda a razão estava ao lado dos colonos que se diziam
roubados pela comissão nos seus salários na construção de pontes e es-
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tradas. o próprio Dr. Blumenau, que ainda se encontrava na colônia,
assistindo-a com o seu conselho e a sua experiência, concordou com o go-
vêrno na permanência da fôrça policial para manter a ordem alterada.
Pouco depois o govêrno provincial nomeou o tenente Firmino de Lopes
Rêgo, delegado de polícia de Blumenau. Êsse militar, que durante a pua
estadia em Blumenau, perdeu a espôsa, teve, depois, parte saliente nos
.sucessos que agitaram a vida do país em 1892 e 93.
1881 - dia 17. O Dr. Blumenau regres~a da Côrte, sendo re-
cebido por considerável massa de amigos e de povo que lhe foram levar os
.seus votos de boas vindas. Foi saudado com discursos, música e cantos.
1881 - dia ' 21.
'.; Os soldados, requisitados pelo Dr. Antunes
para sufocar o movimento de Warnow, promovem desordens na vila,
tendo saído feridas. levemente, várias pessoas. Aliás, essa não fôra a pri-
meira vez que a escolta que viera para manter a ordem se desmandara
em arbitrariedades e desordens.
1881 - dia 23. Em virtude das desordens de Warnow, che-
ga à vila Blumenau o chefe de polícia da província.
1884 - dia 2. A Sociedade dos Atiradores festeja com grande
pompa o 25.0 aniversário da sua fundação. Rei do Tiro: Leopoldo Kno-
blauch; rei do pássaro: Otto Wehmuth.
1888 - dia 5. Falece Victor Gaertner. Imigrava em 1850,
tendo chegado a Blumenau a 2 de setembro, juntamente com os primeiros
colonos. Primeiramente foi empregado na casa comercial de Salentien,
em Itajaí, instalando-se depois definitivamente em Blumenau, onde casou
com uma filha de Júlio Sametzki. Abriu uma casa de negócio na vila.
Tornou Blumenau conhecido na Europa com as suas correspondências e
negócios de orquídeas e outras plantas que exportava para a Alemanha,
França, Bélgica e Inglaterra. Foi um dedicado servidor dos interêsses da
colônia. Exerceu durante 23 anos, em Blumenau, o lugar de ·cônsul da
Prússia, depois da Alemanha. Morreu com 56 anos, deixando viúva e oito
filhos. Seu entêrro teve grande acompanhamento e várias homenagens
póstumas lhe foram prestadas.
1888 - dia 15. Mereceu ' destaque na imprensa o fato do Dr.
Bonifácio Cunha (que depois chegou a ser Prefeito tnunicipal) ter vaci-
nado contra a varíola, 93 crianças no bairro do Garcia.
1888 - dia 16. Falece, com 61 anos de idade, o Sr. Heinrich
Hosang, antigo e conceituado colono. Na véspera falecera, com 69 anos
de idade, outro dos mais antigos colonos blumenauenses, o Sr. Ferdinand
Hahne.

PRIMEIRA medalha de porcelana fundida no Brasil foi a do centenário


A de Blumenau, distribuida em 1950. Foi desenhada por Emil MulIer e artis-
ta blumenauense Erwin Teichmann esculpiu os modelos. A gravação dos cunhos
foi feita por Ber~nn Klever. A cunhagem em porcelana fôsca estêve a carg()
ela Porcelana Schmidt SI A de Rio do Têsto. A medalha traz, de um lado, ()
busto de Bermann Blumenau e, do outro, as armas do município. Na Eur&pa,
as medalhas de porcelana estão em g:rande uso e são muito procuradas pelos!
numismatas.

238

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íNDICE Geral do 1.0 TOMO
Pgs.
APRESENTAÇÃO - Redação 1
BLUMENAU EM 1857 - J . Ferreira da Silv a 2 ,25
POETAS BLUMENAUENSES 6
CURIOSIDADES 8 ,54
UM POUCO DE ROMANCE - J . Ferreira da Silva 9
OCORRêNCIAS DE 1857 10
FIGURAS DO PASSADO - Henrique Krohberger 11
Frederico G. Busch 60
Emilio Odebrecht 135
Jacob Brueckheimer 176
Araújo Brusque 209
EFEMÉRIDES - páginas 12, 32, 51, 71, 97, 119, 139, 159, 179
198, 218, 237
F IGURAS DO PRESENTE - Frei Ernesto O . F . M. 13
Hercilio Deeke 77
Max Hering 229
CENTENÁRIO DA COMUNIDADE EVANGÉLICA 14
UM JULGAMENTO ACERTADO 16
SANTA CATARINA, FATOR DE PROGRESSO 17
ASSOCIAÇÃO DE CRONISTAS DO MUNICíPIO 18
O CANAL BOM RETIRO 19
MEU NATAL EM MACAÉ - J . Ferreira da Silva 21
O RIO ITAJAí - Alro. Lucas A . Boiteux 23
ONDE COMEÇA O ITAJAí 28
ESTRADA DE FERRO S. CATARINA - F. Kilian 29
AS ENCHENTES DO ITAJAí 34
A NOVA M ATRIZ 35
" ANITA GARIBALDI" 36
MAU PRESENTE DE NATAL 38
UM CENTENÁRIO MEMORÁVEL 40
MUITO OBRIGADO! - A Redação 41
R ELATóRIOS DO DR. BLUMENAU - 1851 43
1852 44
1853 103
1857 191, ' 210, 231
OS PRIMEIROS MORADORES DO ITAJAí - AI. L . A . Boiteux 47
A CULTURA DO FUMO - A Redação 55
O ANIVERSÁRIO DO MUNICíPIO 57
MONUMENTOS DO VALE DO ITAJAí
P refeitura de Blumenau 58
Matriz de Itajaí 118
Matriz de Gaspar 127
Vale do Rodeio 164
Matriz do Rio do Sul 185
NOTAS LIGEIRAS 59
O VALE MARAVILHOSO - Aristides Largura 61
FOME DE OURO E PRATA - AI. L. A . Boiteux 63 ,92

239
Digitalizado pelo Arquivo Histórico José Fereira da Silva - Blumenau - SC
PALMEIRAS - F . Kilian 67
ANTIGOS MORADORES DO GASPAR - Oswald R. Cabral 68
O BóCIO NA BACIA DO ITAJAí 70
REMINISC~NCIAS - F. K!lian 73
A RODOVIA ITAJAí-BLUMENAU 79
O DR. HERMANN BLUMENAU - Cristina Blumenau 81
O NOME "GARCIA" 91
PÁGINAS DO MEU ARQUIVO - Nemésio Heusi 98,101
O VISCONDE DE SINIMBU 100
OS CANARINHOS PEDREIROS - J . Ferreira da Silva 109
HONROSA OPINIÃO 112
LAMENTÁVEL DESAPARECIMENTO 113
GENTE DE BOM HUMOR 114, 158
ITAJAí, DE FAZENDA A CIDADE - AI. Lucas A. Boiteux 115, 128, 153
BLUMENAU NA GUERRA DO PARAGUAI - O . R. Cabral 121
BRUSQUE - Redação 122
O CôNSUL CARLOS RENAUX 133
O BRASÃO DE BRUSQUlI: 136
A LEI N .o 11 141
FRITZ MUELLER E O PRESo COUTINHO - J . Ferreira da Silva 143
ITAJAf 147
ITAJAí E V. DRUMMOND - J. Ferreira da Silva 148
O ABASTECIMENTO D'ÁGUA - Reinoldo Althoff 151
A PRISÃO DO PADRE JACOBS 157
VASCULHANDO VELHOS ARQUIVOS - F. Kilian 161, 189, 201 , 226
"CIDADE-PALÁCIO" 163
PARECERES E SUGESTõES 165, 207
ARAúJO BRUSQUE - Alm. Lucas A. Boiteux 166
PHILODENDRON RENAU XII - REITZ - Pe. R. Reitz 172
BLUMENAU NO PASSADO 1-75
A GRANDE INJUSTIÇA - Nemésio Heusi 177
ITAPOCOROí - AI. Lucas -A. Boiteux 181
A CRUZ COMO SíMBOLO - Nemésio Heusi 186
ESTANTE DE CADERNOS 195
RIO DO ~STO - João Ehlert 203, 208, 222
TRISTíSSIMA OCORR~NCIA 213
DOCUMENTOS ORIGINAIS - Oswaldo R. Cabral 214
NOSSAS ,C ASAS DE ENSINO 220
A PRIMEIRA ETAPA - A Redação 221
NOSSAS CASAS DE SAúDE 225
O PRÉDIO DA PREFEITURA 228
DARWIN E FRITZ MUELLER 236

l'; Jo
livrinhO' de J. Ferreira da Silva, "A Colonização do Vale do Itajaí", pu-
! ',blicado em 1932, êsse pesquisador informa que o primeiro vigário de Itajaí.
Frei Pedro de Agote teve, algum tempo, e~ sua companhia, um outro francis-
cano, Frei Ramon Lápide os quais, em 24 e 25 de abril de 18!4 administraram
o batismo na Penha do ItapocoroÍ.
PARÓQUIA de Gaspar foi criada em 16 de abril de 1861 e instalada a 23
A de abril do mesmo ano. Seu primeiro vigário foi o padre Alberto Gattone.

240
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JNDAIAL, situada a cêrca de 25 quilômetros de Blu-
menau, a que é ligada por excelente rodo-
via e pelos trilhos da Estrada de Ferro Santa Catarina, é
uma das mais importantes Cidades da Bacia do Itajaí-açu.
Suas linhas coloniais, margeando o grande Itajaí,. o Bene-
dito, o Rio Morto, o Warnow, o Aquidaban e vários outros
cursos dágua, são constituídas de terrenos férteis, povoa-
dos por colonos ativos e trabalhadores. Várias fábricas de la-
ticínios, carnes em conserva, salsicharia, etc., colocam o
município em lugar de destaque entre os centros industriais
de Santa Catarina. É uma cidade limpa, bem cuidada, pi-
torescamente situada na confluência do Rio Benedito. É

sede de comarca.

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