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Introdução ao tema:
As potências vencedoras foram confrontadas com diversos problemas e desafios, na
reconstrução do pós-guerra, uma vez que, o mundo que se encontrava devastado com o fim
da violenta Segunda Guerra Mundial.
A Europa estava em ruinas e o seu prestigio abalado e, por isso, era necessário
reconstrui-la e relançar a economia Internacional
O Nazismo e Fascismo foram derrotados, por isso era necessário julgar as atrocidades
da guerra e acertar a questão das indeminizações.
Tinha que se assegurar a reorganização politica, social e económica dos países
vencidos e dos estados ocupados pelas antigas forças do eixo.
A manutenção da paz também era uma grande preocupação
Surgimento de várias revindicações de emancipação colonial
Luta ideológica entre os EUA e a URSS (o grande marco deste pós-guerra)
Deparamo-nos, assim, com uma clara alteração de forças nas relações internacionais, o que
provocou vários desafios e problemas, nomeadamente na criação de um novo mapa
geopolítico e na edificação de uma paz duradoura. Com efeito, realizaram-se duas grandes
conferências, a de Ialta e a de Potsdam.
Entre julho e agosto de 1945, sucedeu-se a conferência de Potsdam, onde apenas se conseguiu
a confirmação das deliberações tomadas em Ialta, devido aos divergentes interesses
estratégicos. Deste modo, tomaram-se novas medidas relativamente à Alemanha, na condição
de derrotada, como: a criação de um tribunal para o julgamento dos crimes de guerra
cometidos pelos nazis; a administração conjunta da cidade de Berlim e a desmilitarização,
democratização e divisão definitiva da Alemanha.
Estas conferências revelaram alguma tensão, nomeadamente entre os EUA e a URSS, devido à
nítida intenção de Estaline em alargar a sua área de influência sobre o Leste europeu, com
base na legitimidade de ter libertado esses países do domínio nazi (sovietização do leste
europeu, iniciava-se a divisão ideológica).
Neste contexto, surgiu a já prevista/idealizada Organização das Nações Unidas (ONU), que
tinha como objetivo alcançar a paz, garantir a segurança e promover a cooperação entre as
nações. Deste modo, a ONU assumiu um papel relevante na defesa dos direitos humanos (que
atingiu a sua maior expressão com aprovação da “Declaração Universal dos Direitos
Humanos”, onde se promovia do bem estar dos povos, o desenvolvimento dos cuidados de
saúde e a assistência aos refugiados) e, consequentemente, na procura do apaziguamento das
tensões internacionais.
Nesta reunião, os Estados participantes adotaram medidas para uma nova ordem económica,
baseada na cooperação mundial: criação de um novo sistema monetário internacional (SMI),
definição de regras para a estabilidade das taxas de câmbio das suas moedas e de
convertibilidade das moedas face ao ouro ou ao dólar (moeda que se tornou referência). Para
operacionalizar este novo sistema monetário, criou-se o Fundo Monetário Internacional (FMI,
para auxiliar os países com dificuldades no equilíbrio da balança de pagamentos), o Banco
Mundial (BIRD, para financiar a reconstrução do pós-guerra e, posteriormente, projetos de
desenvolvimento económico) e, mais tarde, o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT,
organismo que fomentava o comércio livres).
Para além de tudo isto, a segunda guerra mundial provocou nas colonias uma vontade de lutar
pela liberdade, face à opressão e à tirania, e reafirmou/validou a possibilidade de os povos
disporem de si próprios (autodeterminação). Deste modo, o movimento de descolonização
torne-se evitável, principalmente pelo facto de ter recebido o apoio das duas grandes
potências (EUA e URSS), que pretendiam alargar as suas áreas de influência, e da ONU, que fez
a emancipação colonial uma prioridade.
Podemos concluir que, o mundo nascido do pós-guerra sofreu diversos contornos políticos e
económicos, devido ao novo mapa geopolítico, às novas regras económicas e às reivindicações
de emancipação colonial
Foi neste contexto que, em 1947, o presidente Truman afirmou a necessidade de adotar uma
política de contenção do avanço comunista e apelou ao Ocidente para a luta contra o que
considerou ser o totalitarismo soviético (Doutrina Truman). Para além disto, Truman defendia
que o apoio aos “povos livres” devia ser feito mediante a ajuda económica e financeira, para
inviabilizar a expansão comunista, e, por isso, George Marshall apresentou uma estratégia de
apoio à Europa, que tinha como objetivo reconstruir, em moldes capitalistas, as economias
europeias devastadas, mesmo as que estavam sob a influência soviética (Plano Marshall).
Este clima de desentendimento e confrontação entre o Bloco Ocidental e o Bloco de leste ficou
conhecido como Guerra Fria. Foi um período durante o qual, ao longo de mais de 40 anos, as
duas potências levaram a cabo diversas campanhas ideológicas e de propaganda, com o
objetivo de exaltar a sua superioridade e de provocar medo ao seu opositor, gerando um clima
de desconfiança e de equilíbrio pelo terror, que provocou a adesão aos serviços secretos (CIA e
KGB).
Contudo, nunca houve um confronto militar direto, pois ambos os blocos estavam conscientes
de que a destruição seria total e não haveria lugar para vencedores, sobretudo a partir do
momento em que na corrida de armamento passaram a existir armas atómicas.
A Guerra Fria foi marcada por várias episódios, destacando-se o da “questão alemã” e de
Berlim, que se originou devido ao facto dos três Estados Ocidentais terem unido forças para a
reconstrução rápida e eficaz da Alemanha, o que levou Estaline a bloquear a cidade de Berlim
como forma de retaliação. Com efeito, a Alemanha passou a estar dividida definitivamente em
dois Estados: a Republica Federal Alemã, a ocidente, e a Republica Democrática Alemã, a leste
(na esfera socialista soviética).
Para além de tudo isto, as duas superpotências tinham conceções opostas de desenvolvimento
ao nível político, económico e social: de um lado, o liberalismo, assente sobre o princípio da
liberdade individual e do outro, o marxismo, que subordina o indivíduo ao interesse da
coletividade.
O mundo capitalista
A política de alianças liderada pelos Estados Unidos:
O Bloco Ocidental, liderado pelos EUA, como forma de manter a paz/segurança, de promover a
cooperação económica e de conter a expansão do comunismo, estabeleceu pactos e tratados
com diversos países (política de alianças), com por exemplo:
Durante este período de prosperidade, houve uma ascensão ao poder de partidos defensores
de políticas reformistas e intervencionistas, inspiradas na social-democracia e na democracia-
cristã, em prejuízo dos velhos partidos conservadores identificados com o capitalismo liberal e
com a Depressão dos anos 30.
Ora, estas ideias encontram, nos problemas económicos e sociais decorrentes da conjuntura
de guerra e na necessidade de evitar o seu agravamento, as condições necessárias para
trunfarem e levarem ao poder os partidos que as defendem. Com efeito, cada vez mais o
exercício do poder democrático passa pelo dever de os governantes eleitos assumirem um
papel mais interventivo na vida económica e social, de forma a promover/assegurar o bem-
estar dos cidadãos e uma maior justiça.
É nesta conjuntura que se afirma um novo modelo de Estado, conhecido como Estado
Providencia, que foi implementado na Europa, em 1942, com base no relatório de William
Beveridge (defensor da necessidade do Estado combater os “cinco grandes males” da
sociedade: a miséria, a ignorância, a carência, a doença, e a ociosidade).
Na verdade, a necessidade de mudança também foi sentida por Salazar e, por isso, como
forma de garantir a sobrevivência do regime tomou medidas para se adaptar à nova
conjuntura política internacional:
Foi neste contexto de “abertura” do regime que milhares de pessoas apoiaram o Movimento
de Unidade Democrática (MUD), fundado em 1945, que reuniu distintas correntes de oposição
ao Estado Novo
As reivindicações do MUD não foram atendidas e a pressão da PIDE passou a ser mais intensa,
o que provocou a desistência do movimento à candidatura. Deste modo, as eleições
realizaram-se sem a oposição e os resultados deram a vitória aos candidatos da União
Nacional.
Mais tarde, a oposição voltou a reorganizar-se para eleições presidenciais de 49, tendo
apresentado como candidato o general Norton de Matos, em oposição ao marechal Óscar
Carmona. No entanto, o candidato da oposição democrática, face à intensificação da repressão
e não obtendo as garantias, por parte do regime, de um ato eleitoral livre, viu-se obrigado a
desistir da candidatura.
Podemos concluir que, para não contribuírem para a legitimação daquilo que era considerado
uma farsa, as organizações oposicionistas acabavam por desistir à boca das urnas, não se
apresentado ao sufrágio. Pois, na verdade, a abertura politica anunciada por Salazar serviu
apenas para iludir a opinião pública internacional e, ao mesmo tempo, conhecer melhor os
opositores ao regime, que acabaram por ser perseguidos intensamente.
A questão colonial:
No mundo nascido no pós-guerra, a pressão internacional, relativamente à autonomia e
independência das colonias, bem como a primeira vaga de descolonizações ocorrida no
sudoeste asiático, tiveram importantes repercussões na política colonial do Estado Novo.
Com efeito, passaram a notar-se algumas divergências nas posições a tomar relativamente ao
futuro da política colonial. Os setores mais conservadores defendiam o modelo integracionista,
que alegava o Estado português como sendo unitário, indivisível e pluricontinental, e os mais
liberais apoiavam o modelo federalista, em virtude da pressão da comunidade internacional e
da ideia de que a descolonização em África era irreversível, defendeu a progressiva
transformação das províncias ultramarinas em estados independentes (sem deixar de ter em
conta os interesses nacionais).
Perante isto o regime optou pela revisão do Ato Colonial, que acabou mesmo por ser revogado
na revisão constitucional de 1951. Deste modo, deixou de existir os termos “colonia” e
“império colonial português”, os quais foram substituídos por “províncias ultramarinas” e
“ultramar português”.