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Fichamento – O Processo Grupal, de Enrique Pichon-Rivière.

No capítulo intitulado Freud: um ponto de partida da Psicologia Social, Pichon cita o


denominado autor a fim de tratar da dicotomia psicologia individual/social. Em uma de suas
obras Freud afirma que o individuo sempre deve ser considerado em sua relação com o outro,
de modo que até mesmo a psicologia individual acaba tendo uma dimensão social. Devido à
isso, observamos a necessidade de se considerar o contexto social e as relações sociais do
individuo.

No capítulo Tratamento de grupos familiares: psicoterapia coletiva, nota-se a


importância das diferenças para as relações sociais. De acordo com o autor, o que define uma
relação humana é o contexto particular de cada individuo, o que ele denomina como
experiência vivencial. Nessa experiência, o individuo desempenha papeis que relacionam-se
com suas condições específicas, como agrupamento biológico (sexo, idade) e adaptação
social. Segundo Pichon, as diferenciações biológicas e funcionais de cada ser humano em
relação aos outros é de suma importância, tendo como finalidade manter a individualidade
num mundo coletivo, atribuindo sentido ao seu papel individual. Dessa forma, ao diferenciar-
se, o sujeito ainda contribui com o processo de diferenciação e atribuição de sentido do papel
individual de outros sujeitos, numa relação estreita entre alteridade e diferença, num processo
de significação dinâmica. “Através do processo que conduz à definição desse papel para
cada individuo, seja ele criança ou adulto, ele próprio se torna uma influência integral que
contribui para definir os papeis dos outros indivíduos que integram o meio social.” p. 64. A
família é uma importante instituição, que serve de modelo para a compreensão da interação
grupal, trazendo organização, delimitando as fronteiras distintivas e atribuindo papeis.

Em seguida, o autor pretende buscar as relações entre grupo familiar e doença


mental, considerando a ultima não como uma doença individual, mas como uma doença do
grupo familiar (a unidade básica da estrutura social). Essa concepção tira o foco do doente,
passando a considerá-lo em seu contexto familiar. O doente desempenha um papel
determinado, o de porta-voz de uma patologia que encontra-se presente na família, ou seja, o
grupo familiar é que está doente. O paciente porta-voz é aquele que carrega consigo as
ansiedades e tensões presentes em seu grupo familiar. Esse papel é atribuído pelos
depositários (outros membros dentro desse grupo) ao “doente”, que assume o papel de louco.
Através dessa depositação de uma doença a um membro do grupo, mantem-se o equilíbrio
dentro da família. Dessa forma, ao buscar o tratamento, bem como em relação às medidas
preventivas, o direcionamento não deve se ater somente ao porta-voz, deve-se chegar à
diversas dimensões, como a psicossocial, sociodinâmica e institucional e não somente à
individual.

Em um próximo momento, são abordadas questões relacionadas às investigações


sobre grupos operativos. A didática interdisciplinar, utilizada por Pichon, tem como
pressuposto a existência de esquemas referenciais, entendidos como formas e pensam e agir
que orientam as ações dos sujeitos. Por meio do trabalho em grupo, esses esquemas
referenciais particulares adquirem unidade, tornam-se um esquema referencial operativo.
Assim, a didática interdisciplinar, por exemplo, pode promover um compartilhamento de
conhecimento, tarefa de educar, bem como a inter-relação de grupos distintos em um mesmo
ambiente, trazendo a solução de problemas a partir de especialidades heterogêneas, o que a
torna mais eficaz. Essas técnicas foram descobertas e desenvolvidas na Experiência do
Rosário. O foco está na tarefa e as finalidades centram-se na mobilização de estruturas
estereotipadas, fazendo com que emerja um novo esquema referencial. Para romper com esse
caráter estereotipado é necessário que esses grupos operativos sejam heterogêneos. Esse
processo em que se constroem e mantem-se relações são os vínculos que podem ser do tipo
aberto ou fechado.

Em relação à psicologia social, o autor apresenta duas direções que esta poder seguir,
sendo a primeira o âmbito acadêmico, mais voltado para as técnicas e teoria, e a segunda, a
práxis, caracterizada por seu caráter instrumental e operacional. Essa experiência da prática,
de acordo com o autor, realimenta a teoria porque faz com ela seja confrontada com a
realidade da prática. Essa psicologia social é aquela que possui uma visão integradora do
homem, considerando seu contexto histórico e social, que se enriquece a partir da inter-
relação entre as ciências. O autor afirma que essa relação entre as ciências do homem
possibilita o surgimento da ECRO (esquema conceitual, referencial e operativo), que se
direciona para o aprendizado através da tarefa. Esse elemento faz com que haja uma
compreensão tanto do contexto em que o individuo está inserido (compreensão horizontal)
quanto em dimensões do próprio individuo inserido (compreensão vertical), permitindo
“planejar um manejo das relações com a natureza e seus conteúdos, nas quais o sujeito se
modifica a si mesmo e modifica o mundo, num constante interjogo dialético.” (171)

A didática interdisciplinar é de suma importância para a escola destinada a


psicólogos sociais, considerando todas as suas características positivas citadas acima. Esse
tipo de abordagem aplicada o meio social faz com que exista um rigor maior, considerando
todas as dimensões de um problema. Uma das leis básicas dos grupos operativos que
executam essas atividades, inter-relacionando as ciências, é de que quanto mais heterogêneo
for o grupo, maior a homogeneidade da tarefa e, por conseguinte, o aumento da
produtividade; por isso a necessidade de integrantes de várias especialidades. Assim, a
aprendizagem se faz continua, os integrantes intercalam-se entre aprender e ensinar, tornando
a experiência mais dinâmica.

Dessa forma, os grupos operativos são responsáveis por criar dois tipos de ansiedade,
a ansiedade depressiva, caracterizada pelo medo da perda das estruturas existentes e a
ansiedade paranoide, oriunda de uma nova situação decorrente de novas estruturas que ainda
causam certa insegurança no sujeito. Esses momentos de resistência à mudança devem ser
superados no seio das dinâmicas grupais.

Outro fator importante no interior dos grupos operativos é a atribuição de papeis,


pois é a forma como o grupo se estrutura. Três papéis merecem destaque: o porta-voz, o bode
expiatório e o líder. Eles apresentam um caráter funcional, rotativo e não estereotipado. O
porta-voz torna-se depositário de tudo aquilo que grupo possui de negativo. A partir desse
momento, surge o bode expiatório e o líder, que é depositário dos aspectos positivos do grupo.
O autor afirma que esses papéis ligam-se, adquirindo uma complementaridade que é
fundamental para o interjogo dos papeis dentro do grupo.

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