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Elizabeth Wilson
Sociologia 2010/2011
• Recensão Crítica do livro Distinção de Pierre Bourdieu
• Modelo de poder simbólico que descreve o papel da cultura na reprodução das relações sociais em França
• Tenta mediar as tendências opostas de objectivismo e subjectivismo num modelo em que os sujeitos nem actuam
livremente no espaço social, nem respondem apenas a estruturas objectivas
• Em vez disso os sujeitos parecem interiorizar estruturas objectivas e articulam-nas de modo a que estas pareçam escolhas
livres.
• Articula a relação entre cultura e economia e status social, tentando resolver a dialéctica de estruturalismo voluntário que
marca as teorias Marxistas
• Encara a categoria de classes (não como redutiva, economista ou incapaz) mas fundamental como determinantes que
explicam os efeitos do capital cultural (o status deriva da educação e de modos de consumo) e também do capital
económico (o status deriva de bens materiais), mas também a lutas entre classes e trajectória das mesmas
CAPITAL CULTURAL
• Assim como o dinheiro e investimento, a cultura tem valor e a posse desta (ou falta dela) aumenta (diminui) o valor social
do indivíduo
• Ele tenta complexificar a categoria de classes de acordo com o maior número de factores idade, sexo, localização geográfica,
trajectória, etc) para descrever as classes quer estruturalmente, quer dinamicamente
• Modelo está articulado em três dimensões e ao longo do tempo, tentando compreender o modo como os indivíduos de
cada classe sobem e descem e se redistribuem no espaço social
• Cultura, não é neutra nem edificada moralmente é sim: constituída pela luta de classes em que a estratificação é gerada e
mantida por padrões de consumo (comida, mobiliário, arte)
• No caso, a sociedade francesa é vista como estruturada por dialéctica de classe baixa e classe alta, em que todos os grupos
sociais competem pelos menos objectivos que são estabelecidos pela classe dominante.
• No entanto, a lógica do sistema diz que estes estão apenas disponíveis para a classe alta pois estas estruturas mudam e
perdem o seu estado distinto assim que saem para os grupos sociais que lhe estão abaixo
• Demonstra a relação entre o conjunto de “condições objectivas” que incluem o universo das possibilidades para qualquer
sujeito e orientação subjectiva que permite ao sujeito adaptar-se ao mundo objectivo
• Pode ser encarado como um sistema de disposições que os sujeitos desenvolvem em resposta às condições objectivas que
encontram
• Expressa a internalização das condições económicas , a sua re-articulação numa rede de práticas culturais e a capacidade
para diferenciar e apreciar estas práticas e produtos, ou seja, no gosto de classe.
• “misrecognition” expressa o conhecimento parcial gerado pela acção de poder simbólico nas sociedades estratificadas.
EDUCAÇÃO
• Especificamente o departamento de literatura ocupa um lugar importante pois representa a cultura académica e o bom
gosto desinteressado.
• Literatura é diferente da vida (na sua essência) pois na literatura preferida pelos críticos os temas mais complexos e difíceis
estão apenas acessíveis a uma pequena parte da sociedade.
• A estética em vez de ser um aspecto moral e político da vida, passou a ser vista como autónoma pela falta de
funcionamento na sociedade (inovação tecnológica, alteração nas estruturas dos mercados artísticos e a divisão sob o
capitalismo)
ARTE (visão de Adorno)
• Arte por arte é irrelevante e irresponsável
• Ele defende que quando um trabalho é apenas ele mesmo e nada mais, torna-se arte má
• A verdadeira arte universal liga-se até com as classes mais baixas. (precisamente pela liberdade dos fins de falsa
universalidade.)
• Avant-garde distingue-se da arte tradicional não só pelo experimentalismo da não representação mas também pela sua
vontade de tratar temas de arte anteriormente rejeitados por serem impróprios ou não dignos de representação (objectos
do dia-a-dia e pessoas anónimas)
• Arte moderna ataca o “bonito” e o “afirmativo” na arte, assegurando que arte autónoma não seja vista, enganadoramente,
como um mundo livre
• Mede o gosto estético ao pedir a sujeitos para avaliarem uma série fotográfica:
• Descobre que os sujeitos com menos capital cultural (educações inferiores, sem herança familiar) avaliam como bom
apenas fotografias de objectos que são considerados suficientemente bons para serem representados (nobres, bonitos,
requintados), e não gostam de fotografias que representem objectos considerados feios e não suficientemente bons para
serem representados.
• Descobre uma relação entre capital educacional e a propensão ou aspiração para apreciar um trabalho independentemente
do seu conteúdo.
• Cultura legítima, conscientemente ou não, preenche uma função social de legitimar diferenças sociais.
Sistema de gosto
• A produção de super riqueza e lazer como a condição de possibilidade de uma consciência estética ou “disposição” (que
pressupõe uma distancia do mundo), é a base da experiência burguesa do mundo
• Então, se a super-riqueza, definida como liberdade da necessidade económica, fosse a única condição necessária para
produzir tal teoria e prática, então toda a sociedade, capaz de atingir um certo nível de riqueza, poderia estar apta a
desenvolver tal teoria.
• A competição e a necessidade de alcançar distinção social aparecem como invariantes características humanas do estar em
sociedade em vez de um produto de arranjos socioeconómicos.
Disposição estética
• Põe em segundo plano a natureza e a função do objecto representado
• Exclui qualquer reacção ingénua, assim como qualquer resposta étnica para se concentrar apenas no modo de
representação, no estilo, apreciado por comparação com outros estilos.
• em contraste com a estética popular que surge da singularidade do trabalho, a estética desinteressada foca especificamente
os efeitos artísticos da arte, que são apenas apreciados em comparação com outros trabalhos.
• Essa estética dessinteressada tem origens materiais pois a compreensão do conteúdo simbólico implica que o observador
possua algum capital cultural (adquirido por educação ou pela exposição à arte) para poder apreciá-las
ARTISTA
• A análise de Bourdieu desmistifica o papel social do artista e do intelectual na sociedade burguesa ao colocá-los na classe
dominante.
• Não estão fora da classe estrutural pois assim como os intelectuais, os artistas são situados num espaço contraditório
dentro da classe estrutural
• Têm pouco capital económico mas altos volumes de capital cultural por isso pertencem à classe dominante.
• Assim, uma parte dominante da classe dominante tem o privilégio de determinar o que é cultura legítima, declarando o que
é arte e o que não é, estabelecendo regras do jogo da cultura.
POSIÇÃO DO ARTISTA face à crescente influência do mercado:
• A revolução simbólica, onde os artistas se emancipam de standards burgueses ao recusar aceitar como guias algo que não a
sua própria arte, e tal teve o efeito de fazer o mercado desaparecer
• A ideia do artista maldito, sacrificado nesta vida e consagrado na próxima , era idealização da contradição do modo de
produção que o artista desejava estabelecer.
• Era uma economia virada ao contrario onde o artista podia ganhar na campo simbólico ao perder no económica
• Esta é a violência simbólica através da qual grupos dominantes actuam para impor o seu estilo de vida.
POSSIBILIDADE DE MUDANÇA
• Há tensão entre o desejo de descrever objectivamente as estruturas e o desejo de intervir e transformá-las.
• Tudo sugere que uma queda abrupta nas possibilidades objectivas em relação às aspirações subjectivas, é provável que
produza uma quebra na aceitação tácita das classes dominantes e assim tornar possível uma inversão genuína da mesa
dos valores.
• Bourdieu vê na cultura popular apenas os fragmentos de uma antiga cultura erudita, seleccionada e reinterpretada em
termos de princípios fundamentais de habitus de classe
• ele espera ver, uma cultura verdadeiramente criada como oposição à cultura dominante e afirmada conscientemente como
um símbolo de status ou declaração de existência separada.
• A pequena burguesia deseja pertencer à cultura dominante, e curva-se, a tudo que pareça cultura alta e sem qualquer
sentido critico venera as tradições aristocráticas do passado.
CULTURA MÉDIA, CLASSE MÉDIA E CLASSE TRABALHADORA
• De facto, este tipo de cultura é uma impostora que tem de se basear na cumplicidade dos consumidores.
• É garantida em avanço, já que o consumo de imitações são um tipo de bluff inconsciente que engana o próprio bluffer
• Bourdieu não gosta de cultura dominante porque ela evidencia o sentido de distinção entre os eleitos e o sentido de
exclusão entre os excluídos, mas parece gostar ainda menos de todas as formas de cultura não dominante porque elas
evidenciam cultura legítima, porque elas todas são, à sua maneira, não subversivas.
Ex. De revolução parcial nas hierarquias (novos intermediários culturais): Programas culturais para TV/ rádio, programas que
combinam jazz e extractos sinfónicos, quartetos de cordas e orquestras ciganas
classe trabalhadora pequena burguesia
• está adaptadas às suas chances reais • Grande diferença é a ambição cultural
• não os valoriza e reduz as práticas e os • Vê cada divisão como ocasião para fazer
objectos à sua função técnica. uma escolha estética
CULTURA DE MASSAS
ADORNO BOURDIEU
• filmes (o não deixa espaço para qualquer • música popular (passiva, e sem qualquer
tipo de imaginação ou reflexão por parte tipo de participação)
das massas)
vêem a cultura de massas como enganadoras das massas, que é imposta a estas pelas classes dominantes.
2ª possibilidade de intervenção no Possível através
sistema de dominação cultural (politicas expropriação dos meios de cultura
da classe dominada)
• As escolhas da classe dominada não são na verdade escolhas, são produtos forçados por um sistema manipulador que extrai o
consenso dos dominados sem que eles se quer se apercebam.
• A única maneira para intervir no sistema de dominação é alterar os esquemas perpétuos.
• Se somos determinados pela nossa posição no campo social, a única maneira de escapar é através de auto-coonhecimento
3º possibilidade de intervenção: politicas da classe dominante
• Só o sociólogo consegue atingir o verdadeiro conhecimento que não é atingível ao participantes cegos do sistema
• Com toda a cultura, elite e popular, implicada na legitimação da cultura de elite, a esperança de Distinção é que a
desmistificação irá romper o processo estrutural
• Sociologia desafia a elite que geralmente monopoliza o discurso a consultar também “qualquer um” em vez de apenas de
oradores autorizados
• Bourdieu aspira o OBJECTIVISMO (que não tem nada a ver com o objectivismo do positivismo da ciência)
• Descobre as motivações sociais por detrás das estruturas que o positivismo vê como arbitrárias
3 possibilidade para intervenção sistemática implicadas em distinção:
• desenvolvimento das contradições estruturais,
• legitimação do gosto da classe dominada
• análise do sociólogo
são cada uma deficientes como estratégias dadas as contradições que as acompanham
A IMPORTÂNCIA DE DISTINÇÃO
• Apresenta o 1º modelo geral da relação de cultura com determinantes sociais e materiais apresentando a classe como uma
força determinante
• Ultrapassa as teorias Marxistas ao dar um retrato realista e não padronizado da pequena burguesia e das classes
trabalhadoras.
• Demonstra que a cultura permite as diferenças sociais ao mesmo tempo que incorpora os menos economicamente
capazes, num sistema social que pesa contra eles.