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Disciplina: Direito das Obrigações I
Turma: 3º Ano
Ano:2020
Universidade Licungo
Como avança o Prof. Menezes Leitão, entre os princípios do Direito das Obrigações temos, em
primeiro lugar, a autonomia privada. Em sentido lateral, a expressão consiste na possibilidade
que alguém tem de estabelecer as suas próprias regras. Tecnicamente, porém, deve-se referir
que as regras jurídicas caracterizam-se pela generalidade e abstração, pelo que elas não podem
ser criadas por actos privados. Efectivamente, o que os privados criam são comandos, que só
para eles vigoram. A autonomia privada é assim a possibilidade de alguém estabelecer os
efeitos jurídicos que se irão repercutir na sua esfera jurídica.
O facto jurídico é todo facto que produz efeitos jurídicos. Estes por sua vez dividem-se em
factos stricto senso (os que não resultam de qualquer comportamento humano voluntário, como
o decurso do tempo ou da morte) e actos jurídicos, que são aqueles em que existe um
comportamento humano voluntário, sendo em função dele que se produzem os efeitos
jurídicos.
No âmbito dos actos jurídicos há que distinguir, consoante a maior ou menor liberdade de
produção de efeitos jurídicos entre actos jurídicos simples e negócios jurídicos. Nos actos
jurídicos simples existe apenas a liberdade de celebração, uma vez que os seus efeitos resultam
imperativamente da lei. Pelo contrário, nos negócios jurídicos existe tanto liberdade de
celebração como de estipulação, já que as partes não apenas tem a possibilidade de decidir ou
não o negócio, mas também podem determinar quais são os seus efeitos jurídicos.
Outro principio bastante importante de Direito vigente no Direito das Obrigações consiste no
princípio do ressarcimento ou da imputação dos danos. Este princípio pode ser enunciado
sempre que exista uma razão de justiça, da qual resulte que o dano deva ser suportado por
outrem, que não o lesado, deve ser aquele e não este a suportar esse dano.
A simples injustiça do dano sofrido não e, porém, suficiente para se ter direito a
indemnização. Efectivamente, por muito injusta que seja a situação, em princípio o Direito
tem que aceitar o veredicto do destino, não atribuindo indemnização a quem veio a suportar
um prejuízo material, a perder uma vantagem ou sofrer danos morais, em virtude de quaisquer
circunstância lesiva.
Trata-se, segundo o Prof. Menezes Leitão, de um princípio que é pouco ponderado. Em que na
verdade justa ninguém se enriquece a custa do outro (pelo menos é assim que deve acontecer).
Este princípio avança que sempre que alguém tenha um enriquecimento a custa de alguém sem
causa justificada tem que restituir aquilo com que injustamente obteve.
Imagina-se, um negócio jurídico inválido onde A transmitiu bens a favor de B sem que
houvesse a contra prestação de B (valor pecuniário), deve assim, segundo a doutrina maioria,
B restituir a Apara que não ocorra em enriquecimento injustificado - art. 289º do CC
O Princípio da Boa-fé
Por vezes, porém, a realização da prestação pode fazer-se em termos tais que não permita a plena
satisfação o direito de credito, ou, embora permitindo-a, seja susceptível de causar danos ao credor.
Por outro lado, a exigência de cumprimento do credor pode em certos casos aparecer contrária a
funcionalização dos direitos de crédito em virtude dos prejuízos que causa ao devedor. Justamente
por esse motivo a lei vem a estabelecer deveres de boa de para ambos os sujeitos da relação
obrigacional que visam por um lado permitir o integral aproveitamento da prestação em termos de
satisfação do interesse do credor e por outro lado evitar que a realização da prestação provoque
danos quer ao credor, quer ao devedor.
Para consulta:
Obras:
António Menezes Cordeiro, Tratado de Direito Civil Português, Almedina, 2010
Luís Manuel Teles de Menezes Leitão, Direito das Obrigações, 15ª Ed, Reimpressão,
Almedina, 2018;
Legislação
Decreto-Lei n° 47344 de 25 de Novembro de 1996- que aprova o Código Civil de
Moçambique.
Próxima aula:
Matéria relativa a Estrutura da Obrigação e Distinção entre Direitos de Crédito e Direitos Reais.