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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ - PUCPR

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO “LATO SENSU” EM COMUNICAÇÃO E SEMIÓTICA

A IMAGEM DO HIP-HOP VERSUS O HIP-HOP DA IMAGEM

MAURICIO PRIESS DA COSTA1


Antônio dos Santos Neto 2

Curitiba, 28 de Junho de 2007.

RESUMO

O Hip-Hop, movimento sócio-cultural negro, vêm gradativamente ganhando espaço na sociedade.


Essa exposição porém, transforma o que é vivido em mera representação uma vez que utiliza
apenas a imagem do movimento, separando o mesmo de seu campo de produção e
conseqüentemente de seu significado. O processo é tão intenso, que é possível distinguir dois
Hip-Hop, o que é praticado por por aqueles que mantêm a origem ideológica do movimento e o
que é consumido pela sociedade do espetáculo. A representação é dicotômica ao movimento
original, colocando como imagem individual o que era construído coletivamente, banalizando e
modificando o Hip-Hop como um todo.

Palavras-chave: hip-hop, espetáculo, imagem, sociedade, cultura.

1
Aluno do curso de Comunicação e Semiótica da Pntifícia Universidade Católica do Paraná
2
Professor Orientador
Introdução

“Imagens são construções baseadas nas informações obtidas pelas experiências


visuais anteriores. Nós produzimos imagens por que as informações envolvidas em nosso
pensamento, são sempre de natureza perceptiva”. (Laplantine, 1997)
Imagens não são coisas concretas, ou mera representação gráfica, são processos
do pensamento, moldadas à partir de diversas experiências e carregam consigo uma
determinada “carga” destas experiências. É justamente esta carga que torna o estudo da
imagem fundamental para tentar elucidar as diferenças tão contrastantes nas formas de
apresentação do Hip-Hop.
“Assim a imagem que temos de um objeto não é o próprio objeto, mas uma faceta
do que nós sabemos sobre este objeto externo.” (Laplantine, 1997 ).
Ora, se a imagem construída de determinado objeto é o que é conhecido do
mesmo, é de fundamental importância que o conhecimento adquirido sobre este objeto
sofra o mínimo de perdas até chegar ao receptor, afim de garantir que a imagem condiga
com a realidade. Porém, a relação humana com a própria realidade sofre uma
transformação com o advento das condições modernas de produção ao longo da história.
“Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção se
anuncia como uma imensa acumulação de espetáculos.” (DEBORD, 1997, p. 13).
A imagem como representação (ou visão) de mundo (Weltanschauung), é
justamente quando o real passa a ser substituído pelo imaginário. Esta imagem nasce do
processo da modernização do sistema de produção. A partir desta modernização “tudo o
que era diretamente vivido se afastou numa representação” (DEBORD, 1997, p. 1).
Inicialmente, com o advento da industrialização e conseqüente produção em massa de
bens de consumo, o ter passa a sobressair-se ao ser, ou seja, não importam mais títulos
e posições hierárquicas, mas o fato de possuir ou não, de consumir e mover a sociedade
dita de consumo ou não, essas diferenças baseadas em posses, moldam um
comportamento com o qual aos poucos a sociedade substituirá o ter pelo parecer. Aqui a
Weltanschauung materializa-se, vive-se esta visão de mundo e a realidade transforma-se
em objeto de mera contemplação.
“A fase presente da ocupação total da vida social pelos resultados acumulados
da economia conduz a um deslizar generalizado do ter em parecer, de que todo o ter
efetivo deve tirar o seu prestígio imediato e a sua função última.” (DEBORD, 1997 p. 18).
Visto dessa maneira o que ditará a condição de um indivíduo dentro da sociedade, não é
mais possuir determinado objeto, mas possuir a imagem deste objeto.
“Ao mesmo tempo, toda a realidade individual se tornou social, diretamente
dependente do poderio social, por ele moldada. Somente nisto que ela não é, lhe é
permitido aparecer” (DEBORD, 1987 p. 18 ).
As imagens (e seus valores) então preenchem aspectos da vida humana; quanto
mais o indivíduo deseja determinado objeto, menos participa da própria vida, alienando-se
em prol de uma outra vida que lhe é apresentada. Neste momento, em que o parecer
sobrepuja-se ao ter, a imagem aparece como conceito de distinção social. Determinado
objeto recebe um “valor de imagem” e passa-a ao seu portador, portanto ter determinado
objeto acarreta em possuir determinado valor de imagem, e não possuir este objeto
acarretará num diferente valor de imagem.
Na necessidade de viver a representação apresentada como vida, mecanismos
surgem afim de preencher lacunas nos setores menos abastados da sociedade humana.
Uma vez que a realidade é agora uma representação da vida, o objeto em questão
também não precisa ser mais do que mera representação, os objetos em si são
substituídos por suas marcas, ícones imutáveis que remetem à imagem de poder. O
objeto não vale mais o quanto custa, vale o que representa; bens de consumo não se
destacam por sua qualidade ou suas características superiores, mas pelo design e pela
campanha publicitária repleta de estrelas, consagradas pela mídia e que servem como
modelo para a representação da vida. Ou o indivíduo vive esta representação, ou viverá
simplesmente alienado, uma vez que a sociedade do consumo não precisa mais dele,
mesmo ele necessitando de uma sociedade para viver.
“Promoção linda como a Barbie! Nas compras acima de R$ 60,00 Eemprodutos
Barbie Mattel você ganha um kit de beleza com batom e glitter para o corpo, para ficar tão
linda como a Barbie” (Campanha publicitária da Mattel de Abril de 2007) 3. No mundo das
imagens a boneca não é mais simples brinquedo, é um modelo a ser contemplado, uma
imagem na qual pode-se, e deve-se, reconhecer a si mesmo, uma necessidade imposta
como tal.
“I am What I am”4 (Slogam Reebok).
Imagens de objetos adquirem status de auto-afirmação, de atitude frente a vida. O
tênis além de usado para proteger os pés, agora mostra à sociedade os valores
carregados pelo indivíduo que o usa, não pelo objeto em si, mas pela imagem de
determinada marca atrelada ao mesmo.
“O espetáculo é o discurso ininterrupto que a ordem presente faz sobre si
própria, o seu monólogo elogioso. É o auto-retrato do poder na época de
sua gestão totalitária das condições de existência. A aparência fetichista de
3
Foto da Campanha no Anexo1
4
Eu sou o que sou
pura objetividade nas relações espetaculares esconde seu caráter de
relação entre homens e entre classes: uma segunda lei parece dominar
nosso ambiente com suas lei fatais(...) Se as necessidades sociais da
época em que se desenvolvem tais técnicas não podem encontrar
satisfação senão pela sua mediação, se a administração dessa sociedade e
todo o contato entre os homens já não se podem exercer por intermédio
deste poder de comunicação instantâneo é por que esta ´comunicação´ é
essencialmente unilateral. ” (DEBORD, 1987 p.20).

Assim como os objetos, manifestações de qualquer espécie também estão


sujeitos a sofrer uma adaptação para a imagem, para a representação. Este é o caso do
Hip-Hop, uma manifestação cultural, que uma vez descoberta pela difusão de massa,
deve adaptar-se a este tipo de difusão, valendo não mais o que manifesta, mas o que
representa manifestar. Quando o movimento emerge para a mídia, não é mais necessário
compreender, participar e viver este movimento, basta apenas parecer um integrante, seja
vestindo-se, expressando-se ou falando como um, isto confere um determinado valor ao
indíviduo, no caso, o de uma pessoa de “atitude” frente a sociedade. A mídia então criará
os ícones nos quais uma pessoa deve basear-se afim de construir a imagem que a
permitirá relacionar-se com outros indivíduos. Estrelas são formadas, atitudes
construídas, modas lançadas, e assim molda-se uma segunda cultura ou um segundo
Movimento Hip-Hop.

A Imagem do Hip-Hop e o Hip-Hop da Imagem

O Hip-Hop, é um movimento sócio-cultural que tem suas raízes na Jamaica, mas


irá consolidar-se como movimento estruturado nos Estados Unidos, e meados de 1970.
Nesta época o cenário econômico estadunidense não era favorável aos negros que
haviam sido libertados a pouco tempo da escravidão e estavam marginalizados, afastados
da sociedade.
Nesta realidade social surgem líderes como Martin Luther King e Malcom X, que
mesmo com visões extreamente diferentes tem por objetivo a emancipação do negro
dentro da sociedade. Ambos são assasinados, gerando revolta na comunidade negra
provocando conflitos em quase todas as cidades do país. Depois da morte de Martin
Luther King, em 68, a solução pacífica para os problemas dos negros parecia cada vez
mais distante. É nessa época que surgem propostas mais violentas e agressivas, como o
Partido dos Panteras Negras (do qual a mãe do rapper 2Pac participou).(PIMENTEL,
1997 p. 6).
Os Panteras Negras (Black Panthers), um grupo revolucionário extremamente bem
organizado, possuia uma revista com informes sobre o movimento e praticava ações
comunitárias. A organização e intenção do movimento é explícita no tracho do Livro
Vermelho do Hip-Hop:
No caso dos Black Panthers, eles utilizavam uma brecha na lei americana
para intimidar os policiais brancos. Quando viam algum negro sendo
espancado, aproximavam-se armados com revólveres e espingardas da
cena. Como tinham o direito a portar armas, nada podiam ser feito contra
eles. Se tentassem alguma violência, os Panteras podiam alegar "legítima
defesa". (PIMENTEL, 1997 p. 6)

Tamanha violência acabou condenando o próprio movimento; no início do anos 70 a


polícia já havia fechado os escritórios dos Panteras, e muitos líderes e militantes haviam
sido presos ou mortos.
O Hip-Hop nasce dos “ajuntamentos” dos negros neste cenário de alienação. As festas
nas ruas (sound partys) serviam para, além de entreter, conversar sobre os problemas de
cada bairro negro, de cada comunidade. Estas festas tem como origem festas de rua
jamaicanas, levadas para os Estados Unidos por jovens que buscavam condições
melhores de vida.
Este é o nicho onde irão os elementos artísticos e sociais do Hip-Hop: O RAP, o
Break e o Grafite, todos permeados pela forte crítica social e pela organização
comunitária em prol da emancipação negra. A cultura geralmente é formada por posses,
que podem agregar adeptos um ou mais elementos do movimento. Existem lugares em
que as posses não são tão bem definidas, e até cidades onde não existem posses, mas
grupos que se reúnem para dançar, ou cantar e discutir idéias sobre a sociedade.
Estes elementos muitas vezes confundidos com o próprio movimento são
fundamentais para a disseminação do Hip-Hop, primeiro por atrair jovens e estabelecer
um momento para uma reunião informal, depois por servir de base cultural para a
exposição das reivindicações, opiniões, e idéias dos integrantes quase sempre alienados
da mídia tradicional.
O RAP é o elemento artístico mais visível e exposto na mídia como, além de um
estilo musical, uma maneira de ser. “Depois de se tornar fenômeno comercial, o rap se
firmou como a face mais visível do movimento Hip-Hop. As transformações dos temas das
letras, dos estilos, decorrentes até mesmo da origem dos rappers, fizeram as vendagens
aumentar assustadoramente.” (PIMENTEL 1997, p. 19)
A origem desta música remonta à Jamaica, por volta da década de 1960 quando
surgira os "Sound Systems5", que eram colocados nas ruas dos guetos jamaicanos para
animar bailes. “Esses bailes serviam de fundo para o discurso dos ‘toasters’, autênticos
mestres de cerimônia que comentavam, nas suas intervenções, assuntos como a

5
Sistemas de Som, constituídos de um toca-discos e uma caixa de som potente.
violência das favelas de Kingston e a situação política da Ilha”. (PIMENTEL, 1997, p. 25).
Abreviação de rhythm and poetry6, é um gênero musical nascido entre negros e
caracterizado pelo ritmo acelerado e por uma melodia bastante singular. As longas letras
são quase recitadas e tratam em geral de questões cotidianas da comunidade negra,
servindo-se muitas vezes das gírias correntes nos guetos das grandes cidades.
Na base musical do RAP, é dançado o Break, que nasce como uma alternativa à
violência citidiana. “Pelo menos desde 1967 existe as gangues de break, que, em suas
batalhas para definir que poderia dançar melhor, foram automaticamente tirando das ruas,
inúmeros jovens que poderiam se tornar marginais” (MACARI abud PIMENTEL, 1997 p.
11). Macari coloca como o Break aos poucos substitui estas guerras entre gangues
trazendo paz para os subúrbios estadunidenses, fenômeno semelhante ao que acontece
no Brasil.
Menos visível comercialmente, mas com grande capacidade comunicativca, o
grafite surge da pixação como um elemento plástico do Hip-Hop, que mitas vezes carrega
em si a identidade visual do movimento.
Grafite é a arte de escrever ou pintar em muros, paredes e outros suportes dentro
das cidades em sua maioria públicos. Dentro do formato como é trabalhado hoje, esta
forma de expressão nasce dentro das comunidades pobres, principalmente formadas por
negros e porto-riquenhos, na periferia estadunidense. “O grafite surgiu inicialmente como
tag (assinatura). Em meados da década de 1960, os jovens dos guetos, também de Nova
York, começaram a "pichar" as paredes com seus nomes.” (PIMENTEL, 1997).
Estes suportes públicos para a arte do grafite foram a solução encontrada pela
comunidade carente anseava por melhores condições e desejava expor suas idéias, sua
revolta.
Assim como nas festas e batalhas de B.Boys, problemas são discutidos bem
como alternativas para driblar e mostrar estes problemas para a sociedade, manifestando
e exigindo melhorias. “A certeza de que sua manifestação será olhada ou lida e que
suscitará reações, sejam quais forem, constitui um impulso para a continuidade da ação
do pichador 1 ou do escritor de graffiti. (PROSSER, 2006).
O grafite é descendente da pixação, a arte de sujar muros com mensagens e tags 7.
Geralmente são utilizadas letras garrafais, muitas cores e desenhos com forte teor
político, muitas vezes denunciando problemas da vizinhança. (PIMENTEL, 1997).
Para o jovem que pratica essas intervenções urbanas, seja cantando, dançando
ou desenhando, a cidade é mais que suporte para a sua manifestação, é um ponto de
6
Ritmo e Poesia
7
Assinatura do pixador, geralmente colocado em letras legíveis apenas para o próprios pixadores.
encontro entre ele e os seus iguais e o campo de batalha entre ele e seus diferentes.
Em reciprocidade ao Hip-Hop utilizar a imagem, através dos elementos, para
manifestar-se, a imagem também utilizar-se-a deste como uma nova vertente da moda,
distituindo dos significados que o formam. Essa cisão é tão profunda que passa a
caracterizar um Hip-Hop totalmente diferente do movimento socio-cultural, gerando
elementos artísticos distintos, que embora sejam baseados nos elementos originais,
diversificam-se em suas mensagens e estilos.
“A resistência é recíproca: o rappers8 ignoram a mídia, assim como ela procura
mantê-los à distância. Melhor para eles”. (Martins, 2003, p.9) A frase que abre a
reportagem da revista Caros Amigos, mostra a realidade de alguns grupos de rap, que
tem como objetivo a transmissão da cultura Hip-Hop como ela é mantida dentro das
favelas e guetos, com crítica social forte e mensagens que ajudam na emancipação.
Na década de 1980 quando o jeito negro começa a mostrar-se ao mundo, mostra-se
também lucrativo. “Os lucros produzidos pelos filmes baratos de Lee 9 mostraram que há
um público para o cinema negro(...), o que levou Hollywood a calcular que há um público
significativo para este tipo de filme”(KELLNER, 2001 p.205). Este novo mercado acaba
por expandir-se, criando novos ícones culturais que levarão finalmente a expressão negra
às lojas.
Não apenas a moda negra passa a ser consumida, mas seus trejeitos, suas
expressões e até mesmo seu dialeto são agora utilizados fora das comunidades onde
foram criados graças a essa exposição, o que por sua vez, também é baseado no contato
dos próprios negros com o consumo e a mídia. Essa situação de exposição e diluição
cultural chegará ao então recém criado movimento Hip-Hop. Com a indústria de mercado
permeando e assumindo propriedade de praticamente todas a formas de produção
cultural, o rap, e demais elementos, são transformados em imagem e representação,
gerando uma discrepância entre o que é colocado como Hip-Hop na rua e na mídia.
Estes elementos têm adaptado-se a condição de imagem, com artistas servindo de
modelo para a moda, influenciando inclusive o jeito de falar de seus espectadores.
Grandes personalidades do RAP, do break e do grafite, estrelam propagandas dos mais
variados bens de consumo, atuam em filmes e em jogos eletrônicos, criando sobre o Hip-
Hop esta nova face de imagem dominante da necessidade, na qual o indivíduo deve
reconhecer-se. Condição que provoca um cisma com sua atividade de origem uma vez
que “o espetáculo não é identificável ao simples olhar, mesmo combinado com o ouvido.

8
Cantor de RAP
9
Spike Lee, cineasta estadunidense negro que mostra, através do cinema, a cultura e o cotidiano de
comunidades negras carentes.
Ele é o que escapa a atividade dos homens, à reconsideração e correção de sua obra. É
o contrário do diálogo. Em toda parte onde há representação independente, o espetáculo
reconstitui-se“. (DEBORD 1997,p.18).
A representação independente, é senão o elemento midiático que agora aborda
questões exclusivas da imagem, deixando de lado a ideologia e indagações sociais
abordadas pelos elementos artísticos da periferia. As diferenças são tão notáveis que dois
Hip-Hop coexistirão, um destinado às ruas e regiões mais necessitadas; outro destinado
às lojas, rádios e estampas de camisetas.
“Eu estou cansado de ser pobre e até pior, eu sou preto
Meu estômago ronca, então eu procuro uma bolsa pra roubar
Os tiras sempre culpam os negros
Puxam o gatilho, mata um negão, ele é um herói
Dar crack para as crianças, quem se importa?” (SHAKUR, 1998)10.
Tupac Shakur, mesmo sendo artista vinculado a uma grande gravadora, ainda
mantém, em suas letras, diversos problemas sócio-culturais, alertando constantemente a
população negra estadunidense, para a necessidade de mudanças, não apenas contra o
sistema, mas também em sua aitude diária com outro negros igualmente necessitados. O
foco das letras continuam seguindo a mesma linha do Hip-Hop das ruas.
“Você está cantando agora...com 50cent
Você vai adorar!
Eu só quero relaxar e dançar muito
Eu só quero pegar sol no meu 7-45
Você me deixa louco mina” (Jackson, 2003)11
50 Cent é também artista de uma grande gravadora, porém pertence a época de um
Hip-Hop já consolidado como moda, percebe-se então uma mudança de nas letras que
agora exaltam a vida descompromissada, refletindo a nova situação do artista.
O rapper, o b.boy e o grafiteiro são agora pessoas prestigiadas, artistas que não
precisam mais lutar pelos seus direitos e passam justamente esta imagem como “atitude”.
“Fique rico ou morra tentando”, o lema de 50 Cent e de outros negros que conseguiram
status e poder social, mostram o processo de banalização que ocorre com os elementos e
com o Hip-Hop como um todo. Esse status adquirido é muito bem aproveitado por
campanhas publicitárias que desejam passar através de suas marcas o mesmo poder e
atitude. Daí o uso de estrelas do RAP afim de que o indivíduo reconheça-se na imagem
forte e marcante do artista através do produto (ou marca).
“O movimento de banalização que, sob as diversões cambiantes do
espetáculo, domina mundialmente a sociedade moderna, domina-a também
em cada um dos pontos onde o consumo desenvolvido das mercadorias
multiplicou na aparência os papéis a desempenhar e os objetos a escolher”
(DEBORD 1997 p.89).

10
Texto retirado da canção Changes de Tupak Sahkur
11
Texti retirado da canção 21 Questions (21 questões) de Curtis James Jackson III conheido como 50 Cent
No início da decada de 1980, o Break ganha novos espaços graças a exposição para
as massas, através de artistas como Michael Jackson e Madonna, com suas
performances baseadas na dança de rua. O interesse súbito da mídia por uma dança
diferente e que tem como origem os guetos, logo faz com que o Break precise adaptar-se
a sua nova condição de imagem. Assim mudanças de estilo começam a surgir, afim de
torná-lo comercialmente mais atraente.
Os elementos perdem parte de seu significado, sendo colocados apenas como mera
face artística, sem o conteúdo social ao qual estavam atrelados historicamente. A atitude
pregada incessantemente pela mídia, é senão escolher corretamente o objeto que a ser
comprado e consumido, a imagem que garantirá a visão de mundo consolidada, tanto
para o possuidor do objeto, quanto para quem o observa, ou o “assiste”.
Um elemento, separado então dos demais, será também objeto a ser consumido e
garantirá a base de imagem necessária a outros objetos de consumo, nem todos
necessariamente distantes do Hip-Hop.
As crews12 de B.Boys parecem importar-se cada vez mais com seu perfil artístico
em detrimento do movimento Hip-Hop propriamente dito. “Pra mim é um estilo de vida!
Por mim, assim o Break assim eu não parava de dançar nunca mais. Tanto que até eu to
com vontade de fazer uma tatuagem, no meu braço, do meu grupo, pra mim assim é um
estilo de vida”. (Gordo)13.
Em contrário à construção do coletivo pregada pelo Hip-Hop e pela arte de rua em
geral ressalta-se o individualismo de garantir seu espaço, sua moda. Utilizados como
campanha publicitária os elementos perdem seu senso comunitário, servem então para
firmar uma imagem individual de individualidade, reforçando o arquétipo usado como
modelo a ser seguido por quem deseja ser único, “a absorção eufórica dos modelos
dirigidos é só uma das manifestações da moda; do outro lado, há a indeterminação
crescente das existências, a fun morality trabalha na afirmação individualista da
autonomia privada”. (LIPOVETSKY, 1987 p.177).
O termo Hip-Hop carrega consigo uma série de significados. Esses significados,
dependem não só da maneira como o termo é transmitido, mas também da experiência
intrínseca de cada individuo que está recebendo esta informação. Assim pode-se dizer
que, conforme a quantidade e qualidade de informação um indivíduo detiver sobre
determinado assunto, sua compreensão do mesmo será diretamente afetada.
O espetáculo apropria-se de elementos destas manifestações e despe-o de sua
fonte, seu campo de produção, entregando-o como mera distração ou entretenimento,
12
Turmas, grupos que praticam o Break.
13
B.Boy da região metropolitana de Curitiba. Depoimento retirado de entrevista realizada em 2003.
transferindo-os como algo superior ao nicho onde foram concebidos.
“As vedetes existem para representar variados estilos de vida e de estilos de
compreensão da sociedade, livres para agir globalmente. Elas encaram o
resultado inacessível do trabalho social, imitando subprodutos desse
trabalho que são magicamente transferidos acima dele como sua finalidade:
o poder e as férias, a decisão e o consumo que estão no início e no fim de
um processo indiscutido.” (DEBORD, 1997 p.40)

A maneira de vestir, calças largas e camisetas gigantescas, eram anteriormente


usadas não para representar um estilo, mas por pura necessidade. Sem dinheiro para
comprar roupas específicas para a dança ou o grafite, negros estadunidenses, viam nas
roupas velhas e mais baratas uma alternativa para tais práticas.
“Tendo influências do Funk, Punks e Latinos entre outros. Jovens pobres e
esquecidos pelo governo, começaram a formar seu estilo próprio através de
roupas baratas e que supriam suas necessidades. É interessante lembrar
que marcas como Adidas, até então usadas somente para a prática
esportiva, começaram a ser usadas pelos integrantes da cultura Hip-Hop,
eram usados agasalhos esportivos e tênis, por serem roupas confortáveis
para dançar, e ter um preço mais acessível na época.” (MORATORE,
S/D14.)

O advento da sportswear que culminará no modo de vestir das periferias


estadunidenses dos anos 1960 começa muito anteriormente, quando a moda funde-se
com a indústria. O prêt-à-porter, termo cunhado por J.C. Weill em 1949 na França, é a
expressão que designa a transição da moda tradicional para a lógica de produção
industrial. Até então a moda (já no sentido moderno da palavra) era ditada pela chamada
“Alta Costura”, e dirigida para a pequena e média burguesia. “Mas a despeito destes
progressos, a organização da moda permanece inalterada; todas as indústrias
permanecendo, até os anos de 1960, dependentes da Alta Costura”. (LIPOVETSKY, 1987
p. 71).
Embora a indústria da confecção preceda a Alta Costura, é esta quem dita as
regras de estilo e forma. O sistema bipolar sob medida/série será então quebrado na
década de 1960 pelo prêt-à-porter: “É a partir do começo dos anos 1960 que o prêt-à-
porter vai chegar de alguma maneira à verdade de si mesmo, concebendo roupas com
um espírito mais voltado a audácia, à juventude”(...)(LIPOVETSKY, 1987 p. 110).
Justamente o sistema prêt-à-porter que, além de quebrar a ditadura imposta pela Alta
Costura, tornará a moda mais acessível para as classes menos abastadas, e essa é a
moda a ser consumida pelos jovens negros e latinos das partes mais pobres dos Estados
Unidos.
Com o tempo, esta maneira de vestir fixa-se na identidade de quem dança o

14
MORATORE, Patrícia. http://www.spiner.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=1044. Acessado em
Dezembro de 2006
Break, grafita muros ou canta o RAP gerando uma identidade visual para os membros do
Hip-Hop. Como essa moda mais acessível vai justamente de encontro com as
perspectivas econômicas do Hip-Hop, e mais, vai de encontro a nova dinâmica social do
espetáculo, da busca pelo novo, o próprio Hip-Hop entra em evidência como ícone da
moda jovem para o mundo, colocando agora o Movimento, não mais como vetor da moda,
mas como a própria moda. As calças largas são vendidas como tamanho padrão,
camisetas e tênis especiais são fabricados, perdendo a finalidade de roupa alternativa e
ganhando status de direcionador dos gostos. Essa moda, conforme é consumida vai
distanciando-se de seus conceitos norteadores, ou seja, distanciando-se de seu campo
de produção, sendo colocado como mero consumo, acima da prática que a gerou.
Contúdo, este comportamento não nasce com a transformação do Hip-Hop,
sistemas de moda servem de ditâme para todo o tipo de comportamento desde sua
consolidação. “As estrelas despertam comportamentos miméticos em massa, imitou-se
amplamente sua maquiagem dos olhos e dos lábios, suas mímicas e posturas”
(LIPOVETSKY, 1987 p. 214).
A moda porém, não é um símbolo de status ou de diferenciação de poder
aquisitivo (classes).
“... a moda é menos signo das ambições de classes do que saída do mundo
da tradição, é um desses espelhos que torna visível aquilo que faz nosso
destino histórico tão singular: a negação do poder imemorial do passado
tradicional, a febre moderna das novidades, a celebração do presente
social.” (LIPOVETSKY, 1987 p. 10).

Este sistema-moda deixou de representar status social e passou a descrever o


ímpeto pelo novo, pelo diferente, que agora não é mais alienado, é usado enquanto se
fizer novo, até ser descartado na busca pela novidade.
A moda reitera diferenças sociais, não nasce destas diferenças. ”Retomando em
coro, o refrão da distinção social(...) colocou como origem o que é senão uma das
funções sociais da moda” (LIPOVETSKI, 1987 p.). A moda então distingui a sociedade,
não por ditar tais distinções, mas por mostra-las hiperbolicamente, garantindo a
manutenção de um status social multifacetado.
Evidenciando o fato de a moda não ditar tais diferenças, temos a própria “moda
Hip-Hop”, consumida nas mais diferentes esferas sociais, desde a rua 24 de maio (onde
as comunidades mais carentes consomem todo o tipo de moda e mídia Hip-Hop), até as
grandes grifes como a Puma, Asics, etc.
Dessa maneira a moda parece fazer justamente o contrário do que o esquema da
distinção social propõe, ou seja, parece nivelar as diferenças entre classes, uma vez que
todos consomem a mesma moda. Mesmo assim, por mais tenham a mesma matriz
cultural, as modas são diferentes entre si, ainda existe a moda Hip-Hop para os mais e os
menos abastados.
Aqui ela cumpre seu papel, raptando algo que vem da periferia e colocando como
artigo de luxo há ser consumido por uma determinada faixa social.
A periferia criadora deve agora contentar-se em viver novamente à margem do
novo, adaptando-se à distorções de conceitos que ela mesmo havia criado. “Abaixo o
Ritz, viva a Rua”, frase do estilista de Alta CosturaYves Saint-Laurent, mostra como a
moda da periferia chega até os grandes centros de consumo. “Vinda de um grande
costureiro, a afirmação frisa a provocação dândi, mas não deixa de exprimir a nova
posição da Alta Costura na criação de moda”. (LIPOVETSKY, 1987 p. 112).
O movimento de contestação social torna-se imagem padrão de moda e de
comportamento devido a sua identidade intrinsecamente jovem, uma eterna juventude
perseguida pela sociedade como um todo e que será conseguida através do consumo de
bens que ofereçam a condição de juventude.
Uma vez que a sociedade do espetáculo busca realizar-se na imagem, logo a
atitude, a virilidade, a ludicidadade e outras imagens também serão agregadas a “moda
Hip-Hop”. Para ZUIN o indivíduo precisa de um símbolo, de uma marca maior que ele
mesmo a fim de mostrar para a sociedade que é um indivíduo e faz a diferença. Moletons,
calças, camisas, jaquetas, qualquer coisa é utilizada para registrar que o indivíduo faz
parte de determinado grupo, como se esta roupa fizesse a diferença entre ele e os
demais, quase como demarcações de tribos.
“Na atual sociedade do espetáculo, na qual tanto as coisas quanto às pessoas se
tornam cada vez mais substituíveis, faz-se necessária à demarcação de algum tipo de
ícone que possibilite o reconhecimento imediato daquele que o porta (...) (ZUIN, Antônio,
2003, p. 39)
Essa “moda consumada” como diz Lipovetsky, tem uma tendência de oposição ao
modelo do movimento original. Enquanto o Hip-Hop busca o bem público, a nivelação dos
padrões de vida, a Moda Hip-Hop reiterará a individualidade, como Debord, Lipovestky
acredita na dinâmica da vitória da inovação sobre a tradição: “prioridade atribuída ao
presente sobre o futuro, a ascenção dos particularismos e dos interesses corporativistas,
a desagregação do senso do dever ou da dívida em relação ao conglomerado coletivo”
(LIPOVETSKY, 1987 p. 177)
A natureza do Hip-Hop, indissoluvelmente ligada a lutas sociais, bem como a
imagem jovem dos elementos artísticos, faz deste a vedete ideal para a renovação do
espetáculo, transmitindo como valores a atitude e a autonomia, reforçando o
individualismo hedonista em contraponto a aproximação social propalada pelo movimento
original.
A manifestação sócio-cultural continua existindo e utilizando-se da imagem para
disseminação, porém o Hip-Hop da imagem é cada vez mais exposto em detrimento do
Hip-Hop movimento. Mesmo os círculos mais fechados de b.boys começam a ater-se ao
lado puramente artístico do Break, letras de denúncia, anteriormente tocadas a exaustão
nas grandes rádios, são lentamente substituidas por mensagens de conformidade e
hedonismo exacerbado. A imagem do Hip-Hop perde parte de seu potencial contestador e
de espaço de discussão destinado aos que geralmente não tem nenhum.
Essa transformação da cultura em arte propriamente dita, é parte do processo de
separação total da realidade propagada pela sociedade do espetáculo. “A falta de
racionalidade da cultura separada é o elemento que a condena a desaparecer, por que,
nela, a vitória do racional está já presente como evidência.” (DEBORD, 1997 p.120). O
Hip-Hop vai então sendo substituído por sua imagem racional, sua cultura, separada em
partes, será vendida e consumida sem reflexão crítica, limitando-se dentro de sua própria
autonomia.
As realidades bastante distintas entre grupos de B.Boys e de dançarinos
profissionais revelam-se nas motivações próprias que influenciam na escolha de
determinada forma de expressão: “A eu acho que dançar tipo afasta as coisas maus pra
você, que você ao invés de ta dançando você estaria na rua, aprontando, roubando,
alguma coisa assim”. (Bruno Matheus)15
“Eu via clipe assim sabe, nossa comecei a dançar assim, do nada. Eu tava com meus
amigos assistindo a MTV, daí eu vi um clipe do N`sync eu acho, aí eu falei: nossa tem
dança, vamos pegar isso aí. Aí a gente montou um grupinho, dançava em festas, daí eu
namorava uma menina que dançava num grupo, daí ela me chamou pra fazer uma
audição, eu passei e to dançando até hoje”. (Tiago16).

15
B.Boy da região metropolitana de Curitiba. Depoimento retirado de entrevista realizada em 2003
16
Dançarino de Curitiba. Depoimento retirado de entrevista realizada em 2003
Conclusão

O Hip-Hop assume, na contemporaneidade um status duplo, não ditado pela


condição social de seus participantes ou por imposição da moda, mas por um processo
de tomada e banalização de seus elementos artísticos por parte do espetáculo. É esta
relação mediada por imagens, que necessita estar em constante mudança afim de
garantir eterna juventude e novidade. A superficialidade com que os conteúdos são
tratados faz com que seu valor de novidade seja rapidamente desgastado, sendo
necessária uma incessante busca por novas práticas, assim como a mediação de relação
por imagens acarretará em uma constante perda do processo comunicativo.
Alternativa e entretenimento, esta é a nova face ambígua do Hip-Hop em seu processo
de enfrentamento da separação que ameaça tragá-lo. Não há ainda a total perda de seus
pressupostos culturais, porém no campo de produção, trava-se uma batalha pelo
monopólio de sua construção. “A luta da tradição e da inovação, que é o princípio do
desenvolvimento interno da cultura das sociedades históricas, não pode ser prosseguida
senão através da vitória permanente da inovação.” (DEBORD, 1987 p.120).
Vitória ainda não totalmente consumada dentro de um nicho específico, no qual o Hip-
Hop nasce e então é invadido. Porém uma vitória já estruturada dentro da imagem que
apropria-se do Movimento e, dele faz nascer um novo Hip-Hop, já fruto da separação com
os indivíduos e sua história.
Mesmo com a adaptação à condição de imagem, o Movimento ainda apresenta-
se para alguns indivíduos como oportunidade de luta, mantendo parte de sua estrutura
original. “A nova escola (que veio depois do MH2O17) formada por garotos, em sua grande
maioria negros – o que difere da velha escola formada por ‘jovens adultos’ de outras
etnias -, (...) organiza posses18 para atender a compromissos de aperfeiçoamento e
desenvolvimento de ações políticas e comunitárias.” (ANDRADE in Revista Caros
Amigos, 2002 p.4). “Mas é isso mesmo, nós somos contra a paz, essa que está aí é paz
de cemitério, dos guetos”. (“Gnomo” em entrevista à revista Caros Amigos, 2003 p.7). Há
quem busque outras formas de revolução mais pacíficas dentro do próprio Movimento,
mas muitos dos participantes, principalmente em São Paulo, tem opinião condizente com
a máxima de Robson, membro do mesmo grupo, na mesma entrevista: “Hip-Hop é
revolução”.

17
O MH2O (Movimento Hip-Hop Organizado), surgiu em São Paulo em 1989, e ajudou a organizar e
divulgar o Hip-Hop em território nacional.
18
Tem o mesmo significado de gangue ou “crew” que são os grupos que se reúnem para discutir ações,
tomar decisões e treinar a prática do break, Grafite ou RAP. (ANDRADE, 2003)
A consciência negra, a auto estima, a união da classe marginalizada da periferia
toma forma nas letras, coreografias e discursos dos integrantes do Movimento. "Somos
os pretos mais perigosos do país e vamos mudar muita coisa por aqui. Há pouco ainda
não tínhamos consciência disso" (KL Jay in KHEL, 2007 página não fornecida). Além
desta nova consciência, outro aspecto do Hip-Hop, um de seus mais elementares, é a
mostrar a cara da periferia e suas dificuldades dentro do pequeno espaço conquistado
dentro da mídia, usando assim a própria imagem e o espetáculo. “Quem prestar atenção
nas letras quilométricas do rap, provavelmente vai se sentir mal diante do tom com que
são proferidos estes discursos. É um tom que se poderia chamar de autoritário, mistura
de advertência e de acusação.”(KHEL, 2007 página não fornecida). Essa acusação é feita
na rua mesmo, através da dança em locais públicos reivindicados com muita dificuldade,
nas letras dos rappers, nos muros grafitados, a rua é o primeiro suporte da arte urbana de
contestação.
“Nos anos1970 e 1980, a cultura negra urbana do Hip-Hop desenvolvia
novas formas de música, dança e canto, apropriadas à experiência e à
cultura negras. (...) mas a sua explosão em Cds e vídeos musicais tornaram
o rap e o Hip-Hop muito mais visíveis, produzindo novas formas de
identidade e experiência.” (KELLNER, 2001 p 203).

Justamente devido a tal exposição, a cultura negra será agora parte desta mídia,
influenciando todos os tipos de consumidores, o que acarretará no processo de
banalização e mera assimilação por parte do mercado cultural garantindo a representação
ilusória do não vivido. Essa representação fará frente ao movimento original, colocando
como imagem individual o que era construído coletivamente
A separação, tanto da sociedade como do Hip-Hop, é causada pela dinâmica
social da busca pelo novo. Fruto da torrente econômica mercantil, representação da
cultura separada de seu campo de produção, gera uma perda da gradativa da
comunicação. “O consumo espetacular que conserva a antiga cultura congelada (...)
torna-se no seu setor cultural o que ele implicitamente é na sua totalidade: a comunicação
do incomunicável. (DEBORD, 1987 p.125).”
É provável que o Hip-Hop continue existindo como manifestação sócio cultural
(limitado ao seu próprio nicho) mesmo após seu desgaste como vedete espetacular.
Porém a imagem do Movimento como um todo será afetada permanentemente com o
gradativo processo de separação forçada, tanto para quem o pratica quanto para quem o
consome.
Referências Bibliográficas
DEBORD, G. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997

KELLNER, Douglas. A Cultura da mídia. Edusc, 2001

LAPLANTINE, François - TRINDADE, Liana. O que é Imaginário. São Paulo:


Brasiliense, 1997.

LIPOVETSKY, Gilles. O Imério do Efêmero. São Paulo: Companhia das Letras,


1989.
MARTINS, Sérgio. Invadindo espaços. In: Revista Caros Amigos. São Paulo,
n.3, p. 09, 2003.

PIMENTEL, Spensy. O livro vermelho do Hip-hop. Disponível em:


http://www.realhiphop.com.br/olivrovermelho/ Acesso em fevereiro de 2003

PROSSER, Elizabeth. INTERVENÇÃO URBANA: VANDALISMO OU ARTE?


Anais do 1º Colóquio NacionaL do Núcleo de Estudos em Espaço e Representações.
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ZUIN, Antonio A. S. O CORPO COMO PUBLICIDADE AMBULANTE.


Perspectiva - Revista do Centro de Ciências da Educação da UFSC, FLORIANÓPOLIS, v.
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