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Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua
dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do
edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando
conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você
tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação.
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados,
pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até
cinco dias úteis para respondê-lo (a).
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Apostila gerada especialmente para: Nathan Gonçalves 148.811.597-47
Educação como direito na primeira infância
1
A Educação Básica empreende seu trabalho político-pedagógico em busca de garantir o direito à
alfabetização de crianças dos seis aos oito anos de idade, pois a linguagem constitui o sujeito na interação
social. Para isto, é necessário proporcionar-lhes vivências e experiências de oralidade, leitura e escrita
que envolvam seu mundo físico, social, cultural, a partir das quais possam compreender e produzir textos
orais e escritos variados e de qualidade, de diferentes gêneros textuais, com diversas finalidades, com
vistas à sua participação autônoma em variadas esferas de interação social.
I. Falar, ouvir, ler e escrever textos, em diversas situações de uso da língua portuguesa, que atendam
a diferentes finalidades, que tratem de variados temas e que sejam compostos por formas relacionadas
aos propósitos em questão.
Por ser a escola um dos espaços de acesso, de questionamento e de ressignificação da produção
científica e artística da humanidade, bem como local de formação de valores e de participação cidadã, o
trabalho com os diferentes gêneros textuais sinaliza que as demais aprendizagens relacionam-se
estreitamente com este amplo cenário em que os sentidos do mundo estão sendo construídos. Nesta
direção, a formação dos estudantes como leitores e produtores de textos orais e escritos, falantes e
ouvintes é responsabilidade de todas as áreas curriculares da Educação Básica.
É assim que, desde o Ciclo de Alfabetização, como já realizado na Educação Infantil, as ações da
escola vão na direção de as crianças compreenderem e produzirem textos orais e escritos de diferentes
gêneros textuais, nas variadas esferas sociais de interlocução, em suportes textuais diversos e para
atender a diferentes propósitos comunicativos, considerando as condições em que os discursos são
criados e recebidos.
No que diz respeito a garantir a alfabetização, na perspectiva do letramento, às crianças, no tempo de
600 dias do Ciclo de Alfabetização, é preciso assegurar-lhes que se apropriem do sistema de escrita
alfabética, cujo conhecimento é requisito para a realização de atividades de compreensão e produção de
textos orais e escritos com autonomia, ou seja, sem a ajuda de leitores / escritores mais experientes. Isso
demanda experiências curriculares planejadas, dinâmicas e interdisciplinares. No Ciclo de Alfabetização,
as relações entre fala e escrita e a apropriação do sistema de escrita alfabética não são os únicos
conhecimentos necessários para que a criança se alfabetize, mas, sem dúvida, é com eles que é possível
a constituição gradativa da criança, em relação à sua autonomia, nas práticas de linguagem de que
participa na escola e na vida.
II. Falar, ouvir, ler e escrever textos que propiciem a reflexão sobre valores e comportamentos sociais,
participando de situações de combate aos preconceitos e atitudes discriminatórias: preconceito de raça,
de gênero, preconceito a grupos sexuais, a povos indígenas, preconceito linguístico, dentre outros.
A escola é um importante espaço de combate a preconceitos e discriminações. Os estudantes, ao
conheceram mais e melhor a organização social, política, econômica e cultural em que vivem, podem
ampliar suas referências e compreender que o conceito de cidadania está estreitamente relacionado a
um conjunto de direitos constitucionais estabelecidos e de valores sociais, tendo em vista a diversidade,
a inclusão e o respeito às diferenças, especialmente em um país multicultural como o Brasil. No Ciclo de
Alfabetização, trata-se de problematizar o significado, por exemplo, das diferenças dialetais, dos direitos
civis, especialmente os relativos à criança e ao adolescente, por meio de vivências que tematizem
aspectos de comportamentos preconceituosos ou discriminatórios que neguem os valores inclusivos.
1MEC. Elementos conceituais e metodológicos para definição dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento do ciclo de alfabetização (1º, 2º E 3º ANOS) do
Ensino Fundamental: Brasília, 2012.
IV. Apreciar e usar, em diversas situações, os gêneros literários do patrimônio cultural da infância,
como parlendas, cantigas, trava línguas, dentre outros.
A escola tem função importante na preservação do patrimônio cultural da infância, uma vez que é mais
um espaço de encontro da criança com a linguagem, em sua dimensão lúdica e histórica, o que contribui
para a construção da sua identidade. No Ciclo de Alfabetização, assim como na Educação Infantil, os
jogos verbais da tradição popular propiciam que as crianças brinquem com as possibilidades sonoras que
a língua materna proporciona.
São ritmos, rimas, repetições que auxiliam tanto a memorização desses textos e seus usos em jogos
e brincadeiras, quanto contribuem para que as crianças possam compreender também as relações entre
sons e letras, ao ajustarem o falado e o escrito em diversas situações.
V. Falar, ouvir, ler e escrever textos relativos à divulgação do saber escolar/ científico, como verbetes
de enciclopédia, verbetes de dicionário, resumos, dentre outros, e textos destinados à organização do
cotidiano escolar e não escolar, como agendas, cronogramas, calendários, dentre outros.
Ensinar o “aprender a aprender” e a organizar a vida escolar e extraescolar é uma finalidade
fundamental da Educação Básica. Desta forma, oportunizar que os alunos falem/ouçam, leiam/escrevam
textos relativos às situações de aprendizagem favorece que os estudantes compreendam, por meio de
procedimentos de estudos, os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento humano, o que inclui
saber relacioná-los. No Ciclo de Alfabetização, o uso de agendas, a elaboração de cronogramas, os
resumos de textos lidos são propostos em situações em que as crianças aprendem a se organizar para
estudar, que é um longo processo que necessita de finalidades claras e orientações didáticas
significativas. No que se refere aos textos em que se registram conhecimentos humanos acumulados, as
consultas a enciclopédias e dicionários, por exemplo, representam situações demandadas pela
necessidade de saber onde e como pesquisar assuntos ou temas de que necessitem ou tenham interesse
e curiosidade.
Quanto à produção escrita de verbetes “criativos” ou temáticos, pelos próprios alunos, é uma boa
oportunidade para que conheçam mais as características e os usos das obras de referência.
VI. Participar de situações de fala, escuta, leitura e escrita de textos destinados à reflexão e discussão
acerca de temas sociais importantes, por meio de reportagens, artigos de opinião, cartas de leitores,
dentre outros.
Os gêneros textuais da esfera midiática trazem, para o interior da escola, os temas fundamentais que
estão mobilizando o viver em sociedade, na direção tanto de atualizar os estudantes, quanto de ajudá-los
a problematizar aspectos dos assuntos que circulam nos veículos de massa, de modo a contribuir para a
participação no debate social. A mídia, suas linguagens e seu papel na formação de opinião, já podem
frequentar a escola desde o início da escolaridade. No Ciclo de Alfabetização, a aprendizagem da
argumentação oral e escrita pode ser desenvolvida em situações em que as crianças sejam motivadas a
compreender e usar em determinados textos as estratégias discursivas de diferentes naturezas.
O conjunto de Direitos acima descritos se organizam e se sistematizam em forma de eixos.
ÁREA DA MATEMÁTICA
Como a Matemática deve ser compreendida como instrumento para interpretação do mundo complexo
e marcado por seus diversos contextos, alguns aspectos da lógica podem ser âncoras para o
desenvolvimento de conceitos e utilização de procedimentos. Ela está presente nas conversas informais
e, por sua característica interdisciplinar, também está presente nos conteúdos curriculares das demais
disciplinas. Diversas formas de pensamento lógico-matemático foram desenvolvendo-se ao longo da
Com o objetivo de estabelecer uma real integração do conhecimento matemático com a realidade
sociocultural, ancorado na ideia do letramento matemático, entende-se a aprendizagem matemática como
instrumento de formação e promoção humana. Por isso, defende-se a resolução de situação-problema
como núcleo para o desenvolvimento do conhecimento matemático na escola e não apenas em torno da
resolução de problemas.
Muitas vezes “problemas” e “situações-problema” são termos tomados como sinônimos, mas há
diferenças significativas entre eles. Numa proposta pedagógica fundada em situação-problema, o ponto
de partida não é o conteúdo escolar para a constituição da situação, mas o mergulho em diferentes
contextos. Uma diferença fundamental do conhecimento matemático em situações-problema é o fato de
os conceitos e estruturas matemáticas estarem mais integradas na mobilização de diferentes conteúdos
matemáticos.
A situação-problema provoca, na sua resolução, a mobilização de conceitos e procedimentos
matemáticos de forma aberta à participação das crianças em suas hipóteses, “não pensados” de modo
apriorístico pelo professor, como normalmente é feito na perspectiva de oferta de problemas. Isso pode
trazer, de início, uma desestabilização no professor que não pode, de partida, garantir com certeza quais
conceitos e estratégias os alunos irão mobilizar para resolver a situação-problema. Essa dúvida sobre o
processo de construção do conhecimento é positiva, no que se refere à necessidade de o professor estar
Os pressupostos que contemplam a área das Ciências Humanas e, segundo as DCNEF a História e a
Geografia, consideram o processo de aprendizagem do estudante e o seu desenvolvimento social e
afetivo.
Nessa perspectiva, o professor desempenha um papel fundamental, sendo efetivamente tanto o
orientador, como também o coordenador do processo de aprendizagem, e não um mero transmissor das
informações que estão prontas e são apresentadas como verdades absolutas.
Espera-se uma articulação entre os processos de ensino e a aprendizagem, o que é um desafio, pois
exige do professor que explore e problematize as possibilidades existentes, tanto nas experiências dos
estudantes, como naquelas vivenciadas por outras sociedades, em tempo e espaço distintos. Assim, a
exploração das experiências pelos estudantes constitui o ponto de partida da aprendizagem, não só na
direção da reflexão, mas também da ampliação de seus horizontes, uma vez que terá de comparar, a
partir do seu universo, outras realidades socialmente construídas.
No presente documento, o conjunto de Direitos e Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento
favorecem a compreensão de mundo e da realidade na qual os estudantes estão inseridos e que
contemplam a área de Ciências Humanas. A definição desse conjunto partiu de critérios que orientam o
trabalho dos professores.
Destaca-se que a História é um modo de representação - e o produto dessa representação - da
experiência humana no tempo. Nas atividades de ensino, suas principais finalidades são a constituição
da identidade do sujeito e a orientação da vida prática. Assim, a justificativa da manutenção da História
como componente curricular, na escolarização básica, é a formação da consciência histórica ou, em
termos semelhantes, o desenvolvimento da habilidade de pensar historicamente, de transformar o
passado em presente, a partir dos interesses cotidianos. No caso da Geografia, a centralidade do ensino
e da aprendizagem é a compreensão do espaço, na perspectiva da ação das sociedades na relação com
a natureza.
Partindo desta concepção de História - campo, forma e produto do conhecimento-, entende-se o ensino
como um conjunto de decisões planejadas para viabilizar a apropriação de determinados conhecimentos
e habilidades por parte dos estudantes. O ensino de História pode, portanto, incorporar como princípio
uma proposição elementar e fundamental que serve de base a uma ordem de conhecimentos, tanto no
que diz respeito à investigação quanto à expressão. Em síntese, o ensino de História pode ser
desenvolvido como investigação (pesquisa histórica) e expressão (escrita da história). Tal princípio
também encontra justificativa nas psicologias do desenvolvimento humano e da aprendizagem que
entendem que aprender é um processo de construção de modelos ou regras de apresentação. Para tanto,
é fundamental o desenvolvimento de atitudes e habilidades de investigação e exploração do meio
circundante da criança.
É assim também que, na Geografia, estudam-se os movimentos que as sociedades realizam no
espaço, resultantes de um processo histórico cujas bases materiais dizem respeito às transformações do
território. Nesta direção, a finalidade de conhecer os processos geográficos é contribuir para que os
IV. Conhecer e respeitar o modo de vida (crenças, alimentação, vestuário, fala e etc.) de grupos
diversos, nos diferentes tempos e espaços.
O conhecimento sobre a diversidade dos grupos sociais e seus modos de vida nos permite pensar a
organização da sociedade baseada no respeito às diferenças. As Ciências Humanas permitem
compreender a pluralidade das experiências individuais e coletivas em seus aspectos culturais,
econômicos, políticos, sociais, etnicorraciais e de gênero relacionados aos processos de continuidade,
rupturas, mudanças e permanências, bem como estabelecer relações identificando diferenças e
semelhanças, desigualdades, contradições e conflitos. No Ciclo de Alfabetização são trabalhadas as
diversidades, na perspectiva de como as crianças se identificam e se diferenciam em relação ao outro
para depois compararem seu modo de viver como criança com o de outras crianças em diferentes tempos
e espaços.
A sociedade contemporânea está marcada por um intensivo e crescente uso de técnicas que vêm
alterando essencialmente a economia, a cultura e as relações de convívio, de participação de cada um
na realidade social, assim como a percepção de si mesmo. As tecnologias, em sua maioria, nascem de
pesquisas científicas e retornam ao corpo das ciências ao se consolidarem e se socializarem. As nossas
crianças, desde seu nascimento, se expõem a elas e tornam-se suas usuárias cada vez com maior grau
de naturalidade. Embora conatural até ao mundo infantil, a ciência e as técnicas não são claramente
inteligíveis para as crianças. A curiosidade científica e a análise do que representam as técnicas nas
múltiplas relações do cidadão com a vida e com a sociedade não são transparentes e, portanto, devem
Aprender ciências, no contexto desse Programa, é aprender uma nova forma de linguagem própria de
pensar e de explicar o mundo. A educação em Ciências, pautada na investigação, proporciona espaço e
tempo para que as crianças do Ciclo de Alfabetização se expressem de maneiras diversas e por meio de
variadas linguagens, privilegiando a oralidade como propulsora para a organização de fatos, informações
e ideias que podem ser também apresentadas em forma de registros esquemático ou escrito.
O ensino das Ciências da Natureza tem, pois, dupla função: abordar temas e características próprios
deste campo de conhecimento e auxiliar para que os estudantes possam ser autores de resultados e
relatos de suas investigações e leitores de textos sobre assuntos os mais diversificados. Ensinar Ciências
no Ciclo de Alfabetização é oferecer a oportunidade para que fenômenos que espantam, fascinam e
intrigam as crianças sejam retomados na escola de modo formalizado e que sejam previstas análises e
atividades que deem oportunidade para o entendimento do ponto de vista da cultura científica. O
conhecimento científico é uma produção social, patrimônio histórico e cultural da humanidade ao qual as
crianças têm direito de compreensão e acesso.
A educação em Ciências ultrapassa o espaço físico escolar. Também tem função educativa os
museus, centros de ciências, jardins botânicos, jardins zoológicos, mercados, feiras livres, entre outros.
Frise-se, particularmente aqui, a crescente e enorme possibilidade de acesso às tecnologias da
informação e comunicação se torna um importante elemento metodológico e didático para a inserção da
criança no mundo da ciência.
Em termos conceituais, o Ciclo de Alfabetização, portanto, é o momento de desenvolver o processo
de curiosidade, admiração e encantamento pelas complexidades de ciência e pela longa história da
humanidade presente em cada elemento da técnica. Trata-se de uma educação em que as crianças
possam continuar a encantar-se com o mundo em que vivem, expressar-se sobre o que os deslumbra ou
choca, cuidar de si mesmo e dos outros com apoio das tecnologias e dos conhecimentos das ciências.
Os conhecimentos são apresentados, discutidos e ampliados; e procedimentos e práticas são
propostos e apropriados. Significa, portanto, uma primeira aproximação com o universo conceitual que se
torna complexo em termos de relações e hierarquias.
Nesta perspectiva, os fenômenos das Ciências da Natureza despertam, encantam e fascinam trazendo
contribuições não apenas para a educação em Ciências, mas, sobretudo para o desenvolvimento social,
emocional e cognitivo de crianças que acabam de iniciar sua escolarização no Ensino Fundamental e
estão aprendendo a ler, escrever e expressar-se sobre o que, onde e como vivem - para poder participar
melhor deste mundo.
A Área das Ciências da Natureza no contexto dos Direitos de Aprendizagem para o Ciclo de
Alfabetização (1º, 2º e 3º anos) do Ensino Fundamental
O ensino de Ciências da Natureza tem lugar especial nos anos iniciais, notadamente, pois para dar
conta de um projeto de nação, faz-se necessário repensar e propor o ensino de Ciências para as crianças
do Ciclo de Alfabetização.
Relativo a este ciclo, vale ressaltar que as crianças não formam um grupo homogêneo. Ele é marcado
pela heterogeneidade em relação aos aspectos cognitivos, sociais, culturais e econômicos, mas também
por certa homogeneidade no tocante à curiosidade e inquietação das crianças diante dos fenômenos da
I. Encantar-se com o mundo e com suas transformações, bem como com as potencialidades humanas
de interagir com o mundo e de produzir conhecimento e outros modos de vida mais humanizados.
II. Ter acesso a informações pertinentes à Ciência e conhecê-la como processo que envolve
curiosidade, busca de explicações por meio de observação, experimentação, registro e comunicação de
ideias.
III. Compreender as relações socioambientais locais para construção de uma cultura de pertencimento
e de convivência sustentável, em dimensões universais.
IV. Assumir atitudes e valores de admiração, respeito e preservação para consigo, com outros grupos,
com outras espécies e a natureza.
V. Conhecer ações relacionadas ao cuidado - para consigo mesmo, com a sociedade, com o consumo,
com a natureza, com outras espécies - como um modo de proteger a vida, a segurança, a dignidade, a
integridade física, moral, intelectual e ambiental.
VI. Inventar, perguntar, observar, planejar, testar, avaliar, explicar situações, interagindo socialmente
para tomar decisões éticas no cotidiano.
A Arte faz parte da existência humana. Pode ser considerada como uma das formas de significar o
mundo e, para tal, diferentemente das ciências que utilizam a linguagem verbal, a Arte usa, além da
palavra, cores, sons, formas, movimentos, criando suas próprias maneiras de atribuir sentidos às coisas,
sendo polissêmica por natureza.
Pode-se dizer que identidade/ alteridade, criação/ processo criador, brincadeira/ jogo/ movimento,
imaginação, autoria/ autonomia são conceitos que permeiam os Direitos e Objetivos de Aprendizagem e
Desenvolvimento da Arte, e seus eixos estruturantes. Quanto mais estes elementos estiverem presentes
na escola, mais plenas tornam-se as interações entre a criança e as experiências, os saberes e fazeres
da música, das artes visuais, do teatro e da dança, ou seja, das linguagens artísticas.
A Arte só pode ser apreendida/aprendida pela mediação de outras pessoas - colegas, professores,
artistas -, ou materiais/instrumentos frutos da criação humana, como livros, filmes etc.
É importante perceber que o “contato” - esporádico, sem observação atenta, e sem mediação por parte
dos professores - com lápis de cor, tintas, pincéis, argila e outros materiais não basta para assegurar às
crianças seus Direitos e Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento em artes visuais; e que cantar
canções, hinos e músicas, ou tocar algum instrumento também não garante seus Direitos e Objetivos de
Aprendizagem e Desenvolvimento em música. Da mesma forma, ensaiar textos e coreografias para
apresentações diversas nas escolas não são suficientes para efetivar os Direitos e Objetivos de
Aprendizagem e Desenvolvimento das crianças nas linguagens do teatro ou da dança. O que se defende
é que se vá além. Não é o caso de menosprezar estas ações, e sim de trazer outras possibilidades que
ajudem professores em suas práticas educativas, a partir de um leque maior de propostas visuais,
sonoras, dramáticas e corporais.
O que há de mais específico no trabalho com Arte na escola é justamente a experiência estética,
compreendida como as possibilidades de apreciação, produção e criação nas suas diferentes linguagens
(teatro, música, dança e artes visuais) - nunca descoladas da identidade/ alteridade, criação/ processo
criador, ludicidade, imaginação e autoria/ autonomia.
Na experiência estética a significação não está no objeto, naquele que o produziu, ou ainda no que o
contempla, mas na triangulação entre estes três (objeto, produtor, contemplador), estabelecendo um tipo
Falar da Educação Física, no Ciclo de Alfabetização, é considerá-la numa perspectiva educacional que
destaca a relevância da espontaneidade dos gestos das crianças de 6 a 8 anos. Mas para se pensar
nesta espontaneidade é necessário considerar a criança a partir da sua história de vida, da sua família,
da sua cultura e do seu próprio contexto social, bem como estar atento a valorização da sua lógica de ver
o mundo e dos seus saberes, principalmente os relacionados a cultura infantil de jogos e brincadeiras.
Não se pode esquecer que em seu cotidiano na família, na rua, nos parques, nos prédios, dentre outros
espaços sociais, o movimento é uma das referências mais marcantes para as crianças. Desde o
nascimento, inúmeras linguagens do corpo vão se concretizando nas suas vidas, expressas nas suas
diferentes ações e nas diversas formas que utilizam para se comunicar com os demais sujeitos - crianças
e adultos. A criança vive corporalmente cada momento de sua vida. Ela aprende com o corpo em
movimento e é este movimento que também deve ser considerado no Ciclo de Alfabetização.
Sendo assim, as experiências de movimento vividas pelas crianças proporcionam amplas perspectivas
de aprendizagens, sobretudo aquelas que promovem o conhecimento do seu próprio corpo e a
descoberta das suas possibilidades de ação, principalmente nas diversas relações estabelecidas com as
pessoas, com os objetos e nas diferentes situações do contexto social.
As instituições escolares devem garantir espaço para receber estes corpos em movimento, assim
como devem ter propostas pedagógicas que priorizem currículo e espaço pedagógico para acolher
práticas educativas de Educação Física que sejam participativas, lúdicas, autorais, imaginativas,
criadoras e autônomas. Diante do exposto, propõem-se elementos estruturantes para as práticas
educativas em Educação Física, para as crianças do Ciclo de Alfabetização como forma de garantir-lhes
os Direitos e Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento.
Para atender a isso deve-se considerar o fato de que cada criança carrega consigo um acervo de
códigos gestuais, brincadeiras cantadas e jogos populares, que caracterizam as diferentes formas de
expressão do corpo, bem como cada um faz diferentes usos de seus corpos e possui um conjunto de
experiências e conhecimentos que constituem o que denominamos de cultura corporal. Esta deve ser
considerada e valorizada nas práticas educativas da Educação Física junto às crianças de 6 a 8 anos, e
ampliada constantemente por meio de novas propostas apresentadas, considerando-se suas
possibilidades corporais, interesses e necessidades.
Da cultura corporal emergem os conhecimentos pedagógicos da Educação Física, manifestando-se
nas diferentes formas de expressão do corpo, como construção histórica para favorecer que a criança
possa brincar com elementos do jogo, do esporte, das lutas, da ginástica, entre outros. Neste sentido,
Anteriormente foram tratados os conceitos básicos dos componentes curriculares Arte e Educação
Física. A partir deles foram estruturados os Direitos e Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento que
devem ser assegurados às crianças no Ciclo da Alfabetização. Todos os direitos têm a mesma
importância, não havendo nenhuma ordenação na maneira de trabalhá-los. Os direitos desta área de
conhecimento foram organizados de forma interligada, pois se entende que todos são igualmente
relevantes e, ainda, que não são isolados uns dos outros. Dois direitos expressam mais a perspectiva
do acolhimento - respeitar e acolher as diferenças entre as crianças; bem como considerar os
conhecimentos prévios que trazem em Arte e Educação Física. Outros dois articulam-se a esses e
se voltam mais aos processos de criação, de apropriação e de produção de conhecimentos nas
áreas, como componentes indispensáveis aos direitos a serem assegurados às crianças. E outros
dois direitos, igualmente relevantes e interconectados aos demais se relacionam àqueles voltados à
ênfase na dimensão lúdica, criadora e imaginativa dos conhecimentos - elementos que marcam
as especificidades dos componentes curriculares Arte e Educação Física. Assim, no Ciclo da
Alfabetização, as crianças têm direito a:
Caro candidato, o intuito desse material é tratar os direitos e objetivos de aprendizagem por área
de conhecimento e esta edição é de 2012, última versão disponível no portal do Ministério da
Educação que trata o ciclo de alfabetização, convém ressaltar que a Base Nacional Comum
Curricular engloba atualmente as áreas de conhecimento de acordo com a tabela abaixo:
Componentes Curriculares
Áreas do conhecimento
Anos iniciais (1° ao 5°) Anos Finais (6°ao 9°)
Língua Portuguesa
Arte
Linguagens Educação Física
Língua Estrangeira
Matemática Matemática
Ciências da Natureza Ciências
Geografia
Ciências Humanas
História
Questões
01. - Falar, ouvir, ler e escrever textos, em diversas situações de uso da língua portuguesa, que
atendam a diferentes finalidades, que tratem de variados temas e que sejam compostos por formas
relacionadas aos propósitos em questão.
- Falar, ouvir, ler e escrever textos que propiciem a reflexão sobre valores e comportamentos sociais,
participando de situações de combate aos preconceitos e atitudes discriminatórias: preconceito de raça,
de gênero, preconceito a grupos sexuais, a povos indígenas, preconceito linguístico, dentre outros.
- Encantar-se com o mundo e com suas transformações, bem como com as potencialidades humanas
de interagir com o mundo e de produzir conhecimento e outros modos de vida mais humanizados.
- Ter acesso a informações pertinentes à Ciência e conhecê-la como processo que envolve
curiosidade, busca de explicações por meio de observação, experimentação, registro e comunicação de
ideias.
02. (Câmara dos Deputados - Analista Legislativo - CESPE) Acerca das políticas e ações
governamentais na área da educação, julgue os próximos itens. Nesse sentido, considere que a sigla
FIES, sempre que utilizada, se refere ao Fundo de Financiamento Estudantil.
O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa se baseia na perspectiva de que os três primeiros
anos do ensino fundamental constituem um ciclo de alfabetização e letramento essencial para o sucesso
escolar ulterior, e inclui, entre suas ações, o suporte à formação de professores alfabetizadores e a
aplicação anual de uma avaliação padronizada nacional ao universo de concluintes do terceiro ano do
ensino fundamental.
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito
Comentários
01. Resposta: C
Direitos de aprendizagem e desenvolvimento do componente curricular Língua Portuguesa
I. Falar, ouvir, ler e escrever textos, em diversas situações de uso da língua portuguesa, que atendam
a diferentes finalidades, que tratem de variados temas e que sejam compostos por formas relacionadas
aos propósitos em questão.
II. Falar, ouvir, ler e escrever textos que propiciem a reflexão sobre valores e comportamentos sociais,
participando de situações de combate aos preconceitos e atitudes discriminatórias: preconceito de raça,
de gênero, preconceito a grupos sexuais, a povos indígenas, preconceito linguístico, dentre outros.
III. Apreciar e compreender textos falados e escritos do universo literário, como contos, fábulas,
poemas, dentre outros.
IV. Apreciar e usar, em diversas situações, os gêneros literários do patrimônio cultural da infância,
como parlendas, cantigas, trava línguas, dentre outros.
V. Falar, ouvir, ler e escrever textos relativos à divulgação do saber escolar/ científico, como verbetes
de enciclopédia, verbetes de dicionário, resumos, dentre outros, e textos destinados à organização do
cotidiano escolar e não escolar, como agendas, cronogramas, calendários, dentre outros.
VI. Participar de situações de fala, escuta, leitura e escrita de textos destinados à reflexão e discussão
acerca de temas sociais importantes, por meio de reportagens, artigos de opinião, cartas de leitores,
dentre outros.
04. Resposta: C
Ao contrário do proposto nessa alternativa é necessário contextualizar os conhecimentos apresentados
pelos alunos em sala de aula fato que favorece o processo de alfabetização. São as vivencias da criança
que possibilitam seu desenvolvimento em cada componente curricular. Além disto o letramento é cultural,
por isso muitas crianças já vão para a escola com o conhecimento alcançado de maneira informal
absorvido no cotidiano. Ao conhecer a importância do letramento, deixamos de exercitar o aprendizado
automático e repetitivo, baseado na descontextualização.
2 MARTINELLI, S. C. (orgs). Os aspectos afetivos das dificuldades de aprendizagem. IN Dificuldades de aprendizagem no contesto psicopedagógico. Petrópolis-
USP, 1977.
O comportamento do ser humano não é alguma coisa que deriva de dentro e se manifesta
exteriormente; deriva sempre da relação do ser com o conjunto de condições totais e reais. A esse
conjunto de elementos, fatos, condições e relações chamamos de situação. Para conhecer no
comportamento da criança pré-escolar é necessário observá-la em diferentes situações, que fornecerão
dados mais precisos sobre ela. Todo comportamento emerge da situação total que se configura num dado
momento. Sabemos, entretanto, que não há situação sem história: as experiências passadas refletem-se
no momento presente a partir da organização do aqui e agora.
Sabe-se que não é possível estudar as características específicas do comportamento de um indivíduo
independentemente das influencias do contexto sociocultural, sempre presentes e dificilmente
controladas.
A criança de 4 a 6 anos encontra-se no período da espontaneidade máxima, possui menos limitações
internas do que a criança de 3 anos ou menos e também conhece menos restrições externas socialmente
impostas do que conhecerá mais tarde. Devido a essa abertura ela poderá nos dizer muito sobre seu
mundo e até sobre o nosso, se nós também estivermos abertos e receptivos e soubermos olhar, ouvir e
apreciar o que ela nos apresenta. Nesse período a criança se encontra na idade das flutuações rápidas:
ora é muito independente, ora dependente; ora madura, ora imatura; ora simpática, ora antipática; ora
afetuosa, ora construtiva; ora destrutiva e antissocial.
O comportamento social do pré-escolar concentra-se em suas brincadeiras. É brincando que a criança
vai, pouco a pouco, tomando contato com a realidade; na brincadeira ela oscila entre o real e o simbólico
e tenta descobrir sua própria identidade e a dos outros. A brincadeira capacita a expressão de sentimentos
perturbadores, ajudando a criança a aprender a lidar com eles.
A criança de 4 anos ainda não entende exatamente o que é participar, revezar e o que significam
outros comportamentos que compreendem vivência em grupo: ela brinca mais ao lado das outras do que
com elas.
Aos 5 anos o autocontrole é muito maior, e os sentimentos, embora intensos, são transmitidos de
maneira mais construtiva. Através de um senso de responsabilidade mais maduro, a criança dessa faixa
etária já é capaz de tolerar a frustação e já consegue adiar satisfação de seus desejos. Procurando
alcançar sua autonomia, apresenta sentimentos confusos; em alguns aspectos é bastante infantil e, em
outros, tenta igualar-se aos adultos. Quando está sob tensão é comum retornar a estágios anteriores de
conduta: a tensão provocada pelos primeiros dias no jardim da infância, por exemplo, pode fazê-la querer
a chupeta novamente.
Por volta dos 6 anos, a criança já consegue ver o mundo com mais objetividade. Passa então a aceitar
melhor as pessoas, pois nessa idade já existe maior compreensão de suas características reais. Os
amigos assumem grande importância: são companheiros de brincadeiras e de lutas, ora são heróis, ora
rivais. Nessa idade formam-se grupos por sexo, e é mais fácil a menina entrar num grupo de meninos do
que o menino num de meninas. O desenvolvimento da consciência permite à criança sentir que algumas
regras são aceitas e obedecidas porque ela própria o deseja e não por imposição fora. Ela já compreende
as regras e as leis do comportamento das pessoas, mas alguns imprevistos ainda acontecem, como fazer
xixi nas calças quando enfrenta situações novas ou se sente ameaçada.
Com 5 ou 6 anos a criança se torna mais tranquila, sua identidade mais estabelecida e as bases do
caráter e da personalidade já estão assentadas. Aprende a colaborar e a competir ao mesmo tempo, a
controlar sua necessidade de autoafirmação e a mobilizar seus recursos pessoais para ser bem aceita no
grupo. Começa a compreender o que é fracasso, o que os adultos e companheiros esperam dela e
quando o sucesso depende de seus próprios esforços.
Psicologia da Aprendizagem
4 THIESSEN, Maria L. e BEAL, Ana R. Pré-escola, tempo de educar. São Paulo: Editora Ática, 1993.
5 MONTEIRO, Silas Borges. Epistemologia da prática: o professor reflexivo e a pesquisa colaborativa. In: GHEDIN, Evandro e PIMENTA, Selma. O professor
Teorias da Aprendizagem
8 MANTOVANI DE ASSIS, Orly Z. Uma nova metodologia de educação pré-escolar. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1979.
Friedrich Froebel10
A pedagogia de Froebel, destinada às crianças menores de 7 anos, sofreu forte influência da
pedagogia de Henrique Pestalozzi, na qual determinam a prevalência de uma educação infantil oficial nos
moldes escolarizantes, como também de um ensino primário estritamente voltado à intelectualização.
A proposta pedagógica de Froebel foi a grande fonte de inspiração daqueles que pretendiam implantar
a pré-escola no sistema educacional brasileiro e paulista. Ele entende que a espontaneidade como
elemento fundamental no processo educativo. Embora esse conceito tenha sido anunciado por
Pestalozzi, o filósofo alemão o desenvolveu mais nitidamente, tornando-o o eixo central de sua pedagogia.
Por acreditar na existência de uma força natural que emana do próprio indivíduo, impulsionando-o ao
desenvolvimento, defende a educação baseada na liberdade e no respeito às capacidades de cada
pessoa.
Dentre suas importantes revelações sobre a natureza infantil, está a admissão de que a criança possui
o poder espontâneo para estabelecer relações entre os objetos, reconhecendo semelhanças e analogias
e atribuindo vida a todas as coisas.
Na compreensão de Froebel sobre o processo de desenvolvimento da primeira infância, em que
intervêm as manifestações sensoriais e motores, o jogo e a linguagem revelam o papel fundamental da
simbolização no ato de conhecer. Segundo o filósofo, somente por meio dos símbolos a criança pode
chegar à verdade dos fatos. O simbolismo permite a ela universalizar as ideias, executando a passagem
do mundo simbólico à realidade.
9 PIAGET, Jean. Psicologia da Inteligência. Trad. Por Nathanael C. Caixeiro. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1977.
10 FARIA, Ana Lucia G. e MELLO, Suely A. (organizadores). Linguagens infantis, outras formas de leitura. Campinas: Editora Autores Associados, 2014.
Lev Vygotsky11
O desenvolvimento humano, o aprendizado e as relações entre desenvolvimento e aprendizado são
temas centrais nos trabalhos de Vygotsky. Sua preocupação com o desenvolvimento do homem está
presente em toda sua obra. Vygotsky busca compreender a origem e o desenvolvimento dos processos
psicológicos ao longo da história da espécie humana e da história individual. Esse tipo de abordagem,
que enfatiza o processo de desenvolvimento, é chamado de abordagem genética.
Ao lado de sua preocupação constante com a questão do desenvolvimento, Vygotsky enfatiza a
importância dos processos de aprendizado. Para ele, desde o nascimento da criança, o aprendizado está
relacionado ao desenvolvimento e é “um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento
das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas”12. Existe um percurso
de desenvolvimento, em parte definido pelo processo de maturação do organismo individual, pertencente
à espécie humana, mas é o aprendizado que possibilita o despertar de processos internos de
desenvolvimento que, não fosse o contato do indivíduo com certo ambiente cultural, não ocorreriam.
Normalmente, quando nos referimos ao desenvolvimento de uma criança, o que buscamos
compreender é “até onde a criança já chegou”, em termos de um percurso que, supomos, será percorrido
por ela. Assim, observamos seu desempenho em diferentes tarefas e atividades. Quando dizemos que a
criança já sabe realizar determinada tarefa, referimo-nos à sua capacidade de realiza-la sozinha, sem
necessitar da ajuda de outras pessoas.
Vygotsky denomina a capacidade de realizar tarefas de forma independente de nível de
desenvolvimento real. Para ele, o nível de desenvolvimento real da criança caracteriza o desenvolvimento
de forma retrospectiva, ou seja, refere-se a etapas já alcançadas, já conquistadas pela criança. As
funções psicológicas que fazer parte do nível de desenvolvimento real da criança em determinado
momento de sua vida são aquelas já bem estabelecidas naquele momento. São resultados de processos
de desenvolvimento já completados, já consolidados.
11 OLIVEIRA, Marta K, Vygotsky - Aprendizado e desenvolvimento - Um processo histórico. São Paulo: Editora Scipione, 1993.
12 VYGOTKSY, L. S. A formação social da mente. São Paulo, Martins Fontes, 1984.
Henri Wallon
Na psicogenética de Henri Wallon, a dimensão afetiva está no centro de tudo, tanto do ponto de vista
da construção da pessoa quanto do conhecimento. Para ele, a afetividade é fator fundamental no
desenvolvimento da pessoa, é por meio dela que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades.
Desde pequeno, recém-nascido, o ser humano utiliza a emoção para comunicar-se com o mundo. O
bebê, antes mesmo da aquisição da linguagem, estabelece relação com a mãe, através de movimentos
de expressão, choro, que é uma produção cultural, e os movimentos e gestos são carregados de
significados afetivos, sendo expressões da necessidade alimentar e do humor.
Como diz Dantas13, para Wallon, “O ato mental se desenvolve a partir do ato motor; personalismo
ocorre dos três aos seis anos”. Nesse estágio desenvolve-se a construção da consciência de si mediante
as interações sociais, reorientando o interesse das crianças pelas pessoas.
Henri Wallon foi o primeiro a levar não apenas o corpo da criança, mas também suas emoções, para
dentro da sala de aula. Suas ideias foram baseadas em quatro elementos básicos que se comunicam o
tempo todo: a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa.
A afetividade é anterior ao desenvolvimento, e as emoções têm papel predominante no
desenvolvimento da pessoa, é por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. As
transformações fisiológicas de uma criança revelam traços importantes de caráter e personalidade. A
13 DANTAS, Heloysa. A infância da razão. Uma introdução à psicologia da inteligência de Henri Wallon. São Paulo, Manole, 1990.
Para Wallon14 “a escola maternal parece ser perfeitamente adequada para preparar a emancipação da
criança, que vive encaixada na sua vida familiar onde sabe distinguir mal a sua personalidade do lugar
que aí ocupa e onde a representação que faz de si mesma tem algo de global, de confuso e de exclusivo”.
Em síntese, Wallon considera a escola, principalmente a partir dos 3 anos (início do estágio do
personalismo), como um ambiente sociocultural de notáveis valores educativos, capaz de responder às
múltiplas exigências do desenvolvimento infantil.
A imitação é o processo no qual a criança irá vivenciar e incorporar os modelos de movimentos
corporais presentes no seu meio e, consequentemente, aprender uma linguagem. Para Wallon, a imitação
apresenta graus de evolução e quando passa de um simples gesto para a representação de uma
personagem, de um ser preferido ou muitas vezes desejado, indica o início da terceira fase do
personalismo.
Em síntese, a criança na idade dos 3 aos 6 anos passa por três momentos distintos de
desenvolvimento: oposição, sedução e imitação. Esses momentos são marcados pela preponderância da
afetividade e as relações que vivencia mobilizam para a construção e expressão do seu eu.
À luz da teoria de Wallon, Pereira15 conclui que “expressar-se significa organizar-se e, ao mesmo
tempo, colocar-se em confronto com o outro, o não eu. A orientação subjetiva e a predominância
expressiva, características deste estágio, manifestam-se nos diversos domínios que constituem a
atividade infantil (...) ficam evidentes no movimento, na fala, na atividade mental”. Portanto, as
oportunidades de expressão do seu eu, podem ser asseguradas em propostas pedagógicas que
valorizem na Educação Infantil as diferentes linguagens. Entre elas se faz presente o movimento.
Erro e Aprendizagem
No construtivismo, o erro é possível e necessário, isto é, faz parte do processo. Por isso, o
construtivismo defende que as estruturas, os esquemas, os conceitos, as ideias são criadas, constituídos
por um processo de autorregularão. Autorregularão significa busca de sintonia. Regulação refere-se a
aspectos do processo, corrigidos ou mantidos, tendo-se em vista os resultados que se quer alcançar.
Para Piaget, o erro não interessa o que interessa são as ações física e mental. Erro e acerto são detalhes
dessas ações.
Para compreender melhor a evolução da criança em direção à superação do erro, Piaget divide o
processo de desenvolvimento em três níveis:
Nível I - A criança erra porque não possui a estrutura de pensamento necessária à solução do
problema, o que acarreta uma possibilidade de compreensão no que lhe é solicitado.
Nível II - O erro se apresenta como um problema para a criança. Após tê-lo cometido, a criança já
consegue reconhecer que errou. A criança vai fazendo correções em suas estratégias, em função de seus
êxitos ou fracassos. O erro aparece então como uma “contradição que existe superação”.
Nível III - O erro é superado enquanto problema. Assim, os erros anteriores passam a ser considerados
nas ações seguintes. A criança adquire uma certa “autonomia”, ou seja, as dúvidas, contradições e
dificuldades são agora internas ao sistema, podendo então ser antecipadas, neutralizadas ou anuladas.
Portanto, dentro de uma perspectiva construtivista, a avaliação escolar deve distinguir o tipo de erro
cometido pela criança, fornecendo-lhe, assim, condições de superá-los. Estas condições referem-se aos
14 WALLON, Henry. Psicologia e educação da criança. Lisboa: Veiga, 1979.
15 PEREIRA, M. I. G. O espaço do movimento. Investigação no cotidiano de uma pré-escola à luz da teoria de Henri Wallon. São Paulo, 1992.
As Diretrizes expõem o que deve ser considerado como função sociopolítica e pedagógica das
instituições de Educação Infantil. Tais pontos refletem grande parte das discussões na área e apontam o
“norte” que se deseja para o trabalho com as crianças.
A questão pedagógica é tratada pensando que, se a Educação Infantil é parte integrante da Educação
Básica, como diz a Lei nº 9.394/96 em seu artigo 22, cujas finalidades são desenvolver o educando,
assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para
progredir no trabalho e em estudos posteriores, essas finalidades devem ser adequadamente
interpretadas em relação às crianças pequenas. Nessa interpretação, as formas como as crianças, nesse
momento de suas vidas, vivenciam o mundo, constroem conhecimentos, expressam-se, interagem e
manifestam desejos e curiosidades de modo bastante peculiares, devem servir de referência e de fonte
de decisões em relação aos fins educacionais, aos métodos de trabalho, à gestão das unidades e à
relação com as famílias.
Mediante o Parecer CNE/CEB nº 20/2009 em seu artigo Art. 8º, diz que a proposta pedagógica das
instituições de Educação Infantil deve ter como objetivo garantir à criança acesso a processos de
apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim
como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à
convivência e à interação com outras crianças.
Desta forma, as instituições de Educação Infantil, assim como todas as demais instituições nacionais,
devem assumir responsabilidades na construção de uma sociedade livre, justa, solidária e que preserve
o meio ambiente, como parte do projeto de sociedade democrática desenhado na Constituição Federal
de 1988 (artigo 3, inciso I). Elas devem ainda trabalhar pela redução das desigualdades sociais e regionais
e a promoção do bem de todos (artigo 3 incisos II e IV da Constituição Federal).
As Diretrizes partem de uma definição de currículo e apresentam princípios básicos orientadores de
um trabalho pedagógico comprometido com a qualidade e a efetivação de oportunidades de
desenvolvimento para todas as crianças. Elas explicitam os objetivos e condições para a organização
curricular, consideram a educação infantil em instituições criadas em territórios não-urbanos, a
importância da parceria com as famílias, as experiências que devem ser concretizadas em práticas
cotidianas nas instituições e fazem recomendações quanto aos processos de avaliação e de transição da
criança ao longo de sua trajetória na Educação Básica.
Nos últimos 20 anos, foram se acumulando uma série de conhecimentos sobre as formas de
organização do cotidiano das unidades de Educação Infantil de modo a promover o desenvolvimento das
crianças. Finalmente, a integração das creches e pré-escolas no sistema da educação formal impõe à
Educação Infantil trabalhar com o conceito de currículo, articulando-o com o de projeto pedagógico. O
projeto pedagógico é o plano orientador das ações da instituição. Ele define as metas que se pretende
para o desenvolvimento dos meninos e meninas que nela são educados e cuidados. É um instrumento
político por ampliar possibilidades e garantir determinadas aprendizagens consideradas valiosas em certo
momento histórico.
Para alcançar as metas propostas em seu projeto pedagógico, a instituição de Educação Infantil
organiza seu currículo. É entendido como “as práticas educacionais organizadas em torno do
conhecimento e em meio às relações sociais que se travam nos espaços institucionais, e que afetam a
construção das identidades das crianças”. O currículo busca articular as experiências e os saberes das
crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico
16 Ministério da Educação. Educação Integral: Texto-referência para o debate Nacional. Brasília: MEC, 2009.
Questões
01. (Prefeitura de São Luís/MA - Psicologia - CESPE/2017) Cada pessoa tem um ritmo e um estilo
próprio para aprender e uma trajetória única de desenvolvimento. As experiências, as memórias, as
construções de sentidos de cada sujeito são influenciadas por múltiplos fatores pessoais, socioculturais
e históricos. A esse respeito, é correto afirmar que as dificuldades de aprendizagem dos alunos:
(A) Estão relacionadas especificamente à indisciplina, por deficiências na educação recebida pela
criança no ambiente familiar.
(B) Tendem a produzir menos efeitos ao longo do tempo, o que dispensa a necessidade de intervenção
pedagógica.
(C) São barreiras atitudinais, perceptivas ou afetivo emocionais frente às diferenças interindividuais.
(D) Requerem adaptações no currículo, na qualificação da equipe de educadores e nos processos
avaliativos.
(E) Podem ser facilmente diagnosticadas pelos psicólogos por meio de testes psicométricos.
02. (Prefeitura de São Luís/MA - Cuidador Escolar - CESPE/2017) Acerca dos cuidados com a
criança e do processo de educação, assinale a opção correta.
(A) Educar abrange todos os aspectos da vida do aluno, dos mais elementares até as necessidades
mais elaboradas e intelectualizadas.
(B) Dada a idade das crianças, o processo de educação infantil se resume à transferência de
conhecimento do adulto para a criança.
(C) A criança assume o papel de mediadora em seu processo de aprendizagem.
(D) A criança é o sujeito passivo do processo de conhecimento.
(E) Nos primeiros anos de vida da criança, a educação deve restringir-se à educação formal.
03. (Prefeitura de Rio Branco/AC - Cuidador Pessoal - IBADE/2017) Sobre o cuidar e o educar
como funções básicas da Educação Infantil, leia as afirmativas.
I. Cuidar da criança é, sobretudo, dar atenção a ela como pessoa que está em um contínuo crescimento
e desenvolvimento, compreendendo sua singularidade, identificando e respondendo às suas
necessidades.
II. Pensar no cuidar como única forma de 'garantir' a sobrevivência do ser humano é valorizar a ação,
fundamentalmente mais ampla e significativa, que envolve este ato.
III. No processo educacional, respeitam-se os valores culturais, artísticos e históricos próprios do
contexto social da criança.
Está correto o que se afirmar apenas em:
(A) I
(B) I e II.
(C) lI e III.
(D) III
(E) I e III.
06. Acerca das teorias psicológicas que fundamentam a aprendizagem humana, julgue o item a seguir.
Jean Piaget, que estudou o desenvolvimento da mente relacionando-o à adaptação biológica, dividiu
em fases ou estágios o desenvolvimento cognitivo da criança e denominou como estágio pré-conceitual
o momento em que a criança reconhece um objeto sem, contudo, o diferenciar dos demais da mesma
categoria.
( ) Certo ( ) Errado
08. Acerca das teorias psicológicas que fundamentam a aprendizagem humana, julgue o item a seguir.
Friedrich Froebel, que estudou o processo de desenvolvimento da primeira infância, revelou que o jogo
e a linguagem são fundamentais para compreensão da realidade, ou seja, somente através dos símbolos
é possível universalizar as ideias.
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito
01. Resposta: D
O primeiro viés a se levar em conta no que tange a dificuldade de aprendizagem é a importância da
multidisciplinaridade integrada, adaptações de currículo, profissionais comprometidos e situações
didáticas que minimizem essa dificuldade. Ou seja, quando nos referimos à dificuldade de aprendizagem,
estamos falando sobre um ser que possui uma maneira diferente de aprender.
02. Resposta: A
A criança precisa envolver-se em um ambiente escolar de modo a sentir-se acolhida e protegida em
todos os sentidos, para que seja possibilitado seu desenvolvimento em sua totalidade, sem
descaracterizar suas origens no seu processo de aprendizagem, e para tanto é necessário que a família,
comunidade e escola estejam sempre presentes. Em outras palavras, a educação pré-escolar deve visar,
antes e sobretudo, ao desenvolvimento harmonioso da criança em seus aspectos físico, sócio emocional
e intelectual, para que ela consiga ser tudo o que poderia ser nesse período de sua vida.
03. Resposta: E
A pré-escola não pode limitar-se a cuidar das crianças, cujas mães trabalham fora do lar, ou a preparar
a criança para a escola de ensino básico. Seus objetivos são muito mais amplos. A educação pré-escolar
deve proporcionar à criança contatos e trocas sociais que são indispensáveis para sua socialização, e um
ambiente educativo que estimule o desenvolvimento de sua inteligência, autonomia e criatividade.
04. Resposta: A
O comportamento social do pré-escolar concentra-se em suas brincadeiras. É brincando que a criança
vai, pouco a pouco, tomando contato com a realidade; na brincadeira ela oscila entre o real e o simbólico
e tenta descobrir sua própria identidade e a dos outros. A brincadeira capacita a expressão de sentimentos
perturbadores, ajudando a criança a aprender a lidar com eles.
05. Resposta: D
A proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve ter como objetivo garantir à criança
acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de
diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à
dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças.
07. Resposta: D
Pela brincadeira a criança, SEM a intencionalidade, estimula uma série de aspectos que contribuem
para o seu desenvolvimento.
Rotina
É praticamente impossível a reflexão sobre a organização do tempo na Educação Infantil sem incluir
a rotina pedagógica. Entretanto, é importante enfatizar que a rotina é apenas um dos elementos que
compõem o cotidiano, como veremos a seguir. Geralmente, a rotina abrange recepção, roda de conversa,
calendário e clima, alimentação, higiene, atividades de pintura e desenho, descanso, brincadeira livre ou
dirigida, narração de histórias, entre outras ações. Ao planejar a rotina de sua sala de aula, o professor
deve considerar os elementos: materiais, espaço e tempo, bem como os sujeitos que estarão envolvidos
nas atividades, pois esta deve adequar-se à realidade das crianças18.
Segundo Barbosa a rotina é “a espinha dorsal, a parte fixa do cotidiano”, um artefato cultural criado
para organizar a cotidianidade. A partir dessa premissa, é importante definir rotina e cotidiano: Rotina - É
uma categoria pedagógica que os responsáveis pela educação infantil estruturaram para, a partir dela,
desenvolver o trabalho cotidiano nas instituições de educação infantil. [...] A importância das rotinas na
educação infantil provêm da possibilidade de constituir uma visão própria como concretização
paradigmática de uma concepção de educação e de cuidado (Barbosa). Cotidiano – [...] refere-se a um
espaço-tempo fundamental para a vida humana, pois tanto é nele que acontecem as atividades
repetitivas, rotineiras, triviais, como também ele é o lócus onde há a possibilidade de encontrar o
inesperado, onde há margem para a inovação [...]. José Machado Pais afirma que não se pode reduzir o
cotidiano ao rotineiro, ao repetitivo e ao a-histórico, pois o cotidiano é o cruzamento de múltiplas dialéticas
entre o rotineiro e o acontecimento (Barbosa).
Bem elaborada, a rotina é o caminho para evitar a atividade pela atividade, os rituais repetitivos, a
reprodução de regras, os fazeres automáticos. Para tanto, é fundamental que a rotina seja dinâmica,
flexível, surpreendente. Barbosa aponta que a rotina inflexível e desinteressante pode vir a ser “uma
tecnologia de alienação”, se não forem levados em consideração o ritmo, a participação, a relação com o
mundo, a realização, a fruição, a liberdade, a consciência, a imaginação e as diversas formas de
sociabilidade dos sujeitos nela envolvidos. A rotina é uma forma de organizar o coletivo infantil diário e,
concomitantemente, espelha o projeto político-pedagógico da instituição. A rotina é capaz de apresentar
quais as concepções de educação, de criança e de infância se materializam no cotidiano escolar. Com o
estabelecimento de objetivos claros e coerentes, a rotina promove aprendizagens significativas,
desenvolve a autonomia e a identidade, propicia o movimento corporal, a estimulação dos sentidos, a
sensação de segurança e confiança, o suprimento das necessidades biológicas (alimentação, higiene e
repouso). Isto porque a rotina contém elementos que podem (ou não) proporcionar o bem-estar e o
desenvolvimento cognitivo, afetivo, social, biológico.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998), a rotina deve adequar-
se às necessidades infantis e não o inverso. Ao observar e documentar uma rotina (diária ou semanal,
por exemplo), algumas reflexões emergem:
- Como as atividades são distribuídas ao longo do dia? E da semana?
- Com que frequência, em que momento e por quanto tempo as crianças brincam?
- Quanto do dia é dedicado à leitura de histórias, inclusive para os bebês?
- A duração e a regularidade das atividades têm assegurado a aquisição das aprendizagens
planejadas?
- A criança passa muito tempo esperando entre uma e outra atividade?
- Como é organizado o horário das refeições? Onde são feitas?
- E os momentos dedicados ao cuidado físico, são previstos e efetivados com que frequência e
envolvem quais materiais?
- Como o horário diário de atividades poderia ser aperfeiçoado, em favor de uma melhor
aprendizagem?
- Há espaço para o imprevisto, o incidental, a imaginação, o fortuito?
- As crianças são ouvidas e cooperam na seleção e organização das atividades da rotina?
- Como as interações adulto/criança e criança/criança são contempladas na organização dos tempos,
materiais e ambientes?
18 Texto adaptado produzido pela Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, disponível em http://www.sinprodf.org.br/wp-content/uploads/2014/03/2-
educacao-infantil.pdf
Datas comemorativas
A exploração das datas, festejos, eventos comemorativos no calendário da Educação Infantil está
bastante naturalizada nas instituições da Educação Infantil. Essas datas são geralmente, a “tradição
cívica, religiosa ou escolar”. Entretanto, a tradição não pode obscurecer a necessidade da reflexão acerca
da comemoração de “dias D”. Sousa adverte ser fundamental que “as escolas, professores e pais tenham
muito claro que é preciso priorizar sempre e entender qual o significado do conjunto dessas experiências
para a vida das crianças – de todas e de cada uma delas. E não me refiro ao futuro da criança apenas,
mas principalmente ao seu presente”. Não nos cabe interditar ou eliminar a comemoração de datas
especiais e a realização de festas. No entanto, propomos que, ao destacá-las no calendário escolar,
façamos algumas reflexões. Entre elas:
- Por que a instituição acredita ser válida a mobilização para celebrar este ou aquele dia?
- Por que é necessário realizar atividades acerca das datas comemorativas, todos os anos, com poucas
variações em torno do mesmo tema?
- As atividades relacionadas à temática ampliam o campo de conhecimento das crianças?
- Foram atividades escolhidas pelo professor, pelo coletivo da instituição educacional, pela família ou
pelas crianças?
- Os sentimentos infantis e aprendizagens são levados em conta?
- O trabalho desenvolvido em torno das datas está articulado com os objetivos relacionados às
aprendizagens?
Dica: Sempre devemos considerar, na montagem das salas de Educação Infantil, os diferentes
conhecimentos e linguagens que compõem o currículo, entre eles a leitura, escrita, matemática,
artes, música, ciências sociais e naturais, corpo e movimento. Ter material adequado,
intencionalmente selecionado para as atividades, contribui significativamente para o aprendizado.
É Importante também ter os nomes das crianças em destaque como na latinha de lápis de cor ou
giz de cera, assim como o varal de alfabeto, a tabela numérica e o calendário e sempre, ao longo
do ano, utilizar os materiais produzidos pelas próprias crianças para colorir e significar o espaço
da sala de aula.
Para mediar as aprendizagens promotoras do desenvolvimento infantil, é preciso tencionar uma ação
educativa devidamente planejada, efetiva e avaliada. Por isto, é imprescindível pensar o tempo, os
ambientes e os materiais. Ressalte-se, entretanto, que o que determina as aprendizagens não são os
elementos em si, mas as relações propostas e estabelecidas com eles.
Ambientes: quando planejamos, algumas questões nos norteiam: que tipos de atividades serão
selecionadas, em que momentos serão feitas e qual o local mais adequado realizá-las? A depender do
espaço físico, podem ser mais qualitativas as aquisições sensoriais e cognitivas das crianças. O espaço
é elemento fundamental para o desenvolvimento infantil. E qual a relação entre espaço e ambiente?
Espaço e ambientes são elementos indissociáveis, ou seja, um não se constitui sem o outro. Dessa forma,
apreende-se do termo espaço como as possibilidades de abstração feita pelo ser humano, sobre um
determinado lugar, de modo a torná-lo palpável. Já ambiente é constituído por inúmeros significados, que
são ressignificados pelo sujeito de acordo com suas experiências, vivências e culturas. Os ambientes da
Educação Infantil têm como centro a criança e precisam ser organizados em função de suas necessidades
e interesses, inclusive com mobiliário adequado. É interessante que permitam explorações individuais,
grupais, simultâneas, livres e/ou dirigidas pelos profissionais. Para tanto, é fundamental que os ambientes
sejam organizados para favorecer:
- construção da identidade da criança como agente que integra e transforma o espaço;
- desenvolvimento da independência. Por exemplo: tomar água sozinha, alcançar o interruptor de luz,
ter acesso à saboneteira e toalhas, circular e orientar-se com segurança pela instituição;
- amplitude e segurança para que a criança explore seus movimentos corporais (arrastar-se, correr,
pular, puxar objetos, etc.);
- possibilidades estimuladoras dos sentidos das crianças, em relação a odores, iluminação, sons,
sensação tátil e visual, entre outros;
- observância da organização do espaço para que seja um ambiente estimulante, agradável, seguro,
funcional e propício à faixa etária;
- garantia da acessibilidade a crianças e adultos com visão ou locomoção limitada;
- organização que evite, ao máximo, acidentes e conflitos;
- renovação periódica mediante novos arranjos no mobiliário, materiais e elementos decorativos.
Atividades permanentes: ocorrem com regularidade (diária, semanal, quinzenal, mensal) e têm a
função de familiarizar as crianças com determinadas experiências de aprendizagem. Asseguram o
contato da criança com rotinas básicas para a aquisição de certas aprendizagens, visto que a constância
possibilita a construção do conhecimento. É importante planejar e avaliar com a criança e todos os
envolvidos no processo de como o trabalho foi realizado.
Sequência de atividades: trata-se de um conjunto de propostas que geralmente obedecem a uma
ordem crescente de complexidade. O objetivo é trabalhar experiências mais específicas, aprendizagens
que requerem aprimoramento com a experiência. Os planejamentos diários, geralmente, seguem essa
organização didática.
Atividades ocasionais: permitem trabalhar com as crianças, em algumas oportunidades, um
conteúdo considerado valioso, embora sem correspondência com o que está planejado. Trabalhada de
maneira significativa, a organização de uma situação independente se justifica, a exemplo de passeios,
visitas pedagógicas, comemorações, entre outras.
Projetos didáticos: os objetivos são claros, o período de realização é determinado, há divisão de
tarefas e uma avaliação final em função do pretendido. Suas principais características são objetivos mais
abrangentes e a existência de um produto final19.
Questões
01. O autor Zabalza, traz em seu livro a definição da palavra “espaço” fazendo referência deste com o
espaço escolar. Para o autor a palavra espaço está relacionada:
I. Extensão definida, meio sem limites que contém todas as extensões finitas;
II. O espaço é como algo físico, ligado aos objetos que são os elementos que ocupam o espaço;
III. Para as crianças pequenas o espaço é o espaço equipado com móveis, objetos, cores e etc.
São corretas as afirmações:
(A) Apenas I e II.
(B) Apenas I e III.
(C) Apenas II.
(D) Apenas II e III.
02. (Zabalza) o ambiente escolar contempla quatro dimensões, são elas: dimensão temporal,
dimensão funcional, dimensão física, dimensão relacional. Entretanto, a dimensão temporal e a dimensão
relacional se referem respectivamente:
(A) À organização do tempo e às diferentes relações estabelecidas na sala de aula;
(B) À forma de utilização dos espaços e às diferentes relações estabelecidas na sala de aula;
19 Documento produzido pela Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, disponível em http://www.sinprodf.org.br/wp-content/uploads/2014/03/2-
educacao-infantil.pdf
03. Ao se apropriar do espaço, a criança desenvolve a inteligência prática, denominada por Wallon de:
(A) Inteligência Emocional.
(B) Inteligência Espacial.
(C) Inteligência Sócio afetiva.
(D) Inteligência Abstrata.
04. Marque (V), se a assertiva for verdadeira, ou (F), se a assertiva for falsa.
O objetivo da escola é o ensino e a aprendizagem dos alunos; a organização, a gestão, as condições
físicas e materiais são meios para se atingir esse objetivo.
( ) Falsa. ( ) Verdadeira.
05. Em uma sala de aula do Ensino Fundamental, a professora tem encontrado dificuldades para
manter a organização dos materiais e a limpeza da sala após a realização das atividades diárias. Para
desenvolver a autonomia e a cooperação entre os alunos na organização do espaço e materiais, a
professora deve
(A) Preparar uma lista com regras para organização da sala e materiais e fixa-la na parede da sala.
(B) Realizar reuniões com os pais frisando a importância de que seus filhos adquiram hábitos de
limpeza e organização dentro e fora da sala de aula.
(C) Organizar a sala e os materiais e solicitar que os alunos observem como a sala deve estar ao final
do dia.
(D) Solicitar que a faxineira e a auxiliar da classe a ajudem na organização do espaço e materiais.
(E) Conversar com os alunos e estabelecer combinados e ajudantes diários para a organização do
espaço e materiais.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: D
Ao organizar o espaço, em se tratando da educação infantil, não deve haver rigidez, ao contrário, deve
ser flexível para ganhar novos sentidos a medida em que o trabalho evolui considerando sempre as
necessidades e características do grupo. Estas alterações devem ser devidamente explicitadas às
crianças para que estas tenham a possibilidade de localizar todos os materiais que necessitam para
desenvolver uma determinada atividade.
Segundo o autor mencionado no enunciado da questão, o modo como administramos o espaço
constitui uma mensagem curricular e reflete nosso modelo educativo.
A organização do espaço deve prever atividades diferenciadas em cenários adequados e também
diferenciados.
02. Resposta: A
Para Zabalza ao nos referirmos ao espaço, podemos utilizar dois termos: espaço e ambiente. Espaço,
para a referência ao espaço físico e ambiente para o conjunto formado pelo espaço físico e as relações
que se estabelecem entre as crianças, adultos e pessoas envolvidas. Este ambiente apresenta quatro
dimensões: física, funcional, temporal e relacional.
03. Resposta B
É através da apropriação do espaço que a criança desenvolve a inteligência prática, denominada por
Wallon de Inteligência Espacial, por se constituir em atividades cognitivas ligadas ao espaço exterior.
05. Resposta: E
Ao professor cabe ser o mediador do educando levando-o a aprender em todos os aspectos, ou seja,
na aquisição e desenvolvimento de conhecimentos, habilidades, hábitos, atitudes, valores, ideias ou
qualquer tipo de aprendizagem necessária para o educador.
O professor é agente de educação integral e não apenas transmissor de conhecimentos, e é de vital
importância promover o desenvolvimento de seu aluno levando-o a adquirir atitudes, práticas, reflexão,
orientando-o e assistindo-o na promoção de um ambiente escolar mais significativo.
Considerando uma concepção tecnicista de currículo, ele é compreendido como sendo a prescrição
de uma grade curricular, ou seja, as áreas de conhecimento a serem trabalhadas, em que séries ou ano
trabalhar cada uma, quais os conteúdos de cada área. Essa concepção, porém, traz consigo a ideia de
que em cada parte do processo de escolarização, é preciso aprender determinados conteúdos próprios
daquela etapa e que são considerados como pré-requisito para aprender os próximos conteúdos, sempre
em determinada sequência pré-estabelecida de forma linear. Na educação infantil, por sua vez, essa
concepção ainda é bastante utilizada no modo como se organizam as experiências vividas20.
Currículo é o modo de organizar as práticas educativas, refere-se aos espaços, a rotina, aos materiais
que disponibilizamos para as crianças, as experiências com as linguagens verbais e não verbais que lhes
serão proporcionadas, o modo como vamos recebê-la, nos despedir delas, trocá-las, alimentá-las durante
todo o tempo em que se encontram na instituição.
A forma como essa prática é realizada carrega consigo um conjunto de concepções e ideias sobre a
finalidade da educação, a maneira como os sujeitos aprendem, o que se deseja que eles aprendam, que
tipo de homem queremos formar e para qual tipo de sociedade. Por isso, trata-se de uma prática
complexa, com diversas perspectivas e pontos de vista. Ele é vivido permanentemente pelos sujeitos em
seu processo de educação, através das condições e contextos concretos. Por serem sujeitos, as crianças
atribuem sentido ao que nós a oferecemos: se manifestam o tempo todo: seja se submetendo, se
envolvendo, resistindo, aceitando as propostas ou recusando.
Tomaz Tadeu da Silva, uma das referências nas reflexões sobre currículo afirma que “Qual nossa
aposta, qual é o nosso lado, nesse jogo? O que vamos produzir no currículo entendido como prática
cultural? Os significados e sentidos, as representações que os grupos dominantes fazem de si e dos
outros, as identidades hegemônicas? Vamos fazer do currículo um campo fechado, impermeável à
produção de significados e de identidades alternativas? Será nosso papel o de conter a produtividade das
práticas de significação que formam o currículo? Ou vamos fazer do currículo um campo aberto que ele
é, um campo de disseminação de sentido, um campo de polissemia, de produção de identidades voltados
para o questionamento e a crítica? Evidentemente, a resposta é uma decisão moral, ética, política de
cada um/uma de nós. Temos de saber, entretanto, que o resultado do jogo depende da decisão de
tomarmos partido. O currículo é, sempre e desde já, um empreendimento ético, um empreendimento
político. Não há como evitá-lo.
Os clássicos da Pedagogia, especialmente Montessori, Freinet, Pestalozzi e Dewey iniciaram a ideia
da educação infantil com o pressuposto de que a criança é ativa, deve-se considerar a observação e o
respeito às manifestações infantis e a ideia de que o espaço é educativo embora pareça que a pedagogia
da infância foi se afastando desses referenciais.
Lenira Haddad em seu artigo: “Tensões Curriculares na Educação Infantil” aponta duas grandes
perspectivas adotadas pelos diferentes países que compõe a OECD (Organização de Cooperação e de
Desenvolvimento Econômico) para a Educação Infantil: currículo prescrito X currículo holístico.
Na perspectiva prescritiva, o principal objetivo da Educação Infantil é a preparação para a escola. A
referência é o ensino fundamental. É como se ser professora fosse adotar os mesmos procedimentos do
Nos documentos oficias do Ministério da Educação, entre eles as Diretrizes Curriculares para a
Educação Infantil de 2009 - DCNs e o documento Práticas Cotidianas na Educação Infantil: Bases para
a reflexão sobre as orientações curriculares, muitos princípios do currículo holístico (integral) aparecem.
Nas DCNs está posto que o currículo é: “um conjunto de práticas que buscam articular os saberes e
experiências das crianças com o patrimônio cultural, artístico, ambiental, cientifico e tecnológico,
de modo a promover o desenvolvimento integral da criança”.
Ou seja, currículo não é aquele que se define a priori, mas aquele que é vivenciado com as crianças a
partir de seus saberes, manifestações, articulado com aquilo que consideramos importante que elas
conhecem do patrimônio da humanidade.
O currículo é vivo, é ação, é prática que se manifesta no cotidiano das nossas ações com as crianças
e que articulam com quem elas são, o que pensam, o que sabem, com aquilo que desejamos que elas
aprendam.
O currículo na Educação Infantil é marcado por linguagens. As crianças nascem imersas em um mundo
com diferentes linguagens e práticas sociais utilizadas para as pessoas se expressarem, se comunicarem
entre si e se organizarem socialmente. Na tentativa de entender o mundo que as rodeia, as crianças
também se utilizam dessas linguagens, observando, agindo, pensando e interpretando o mundo por meio
delas.
Durante muito tempo, as instituições infantis, incluindo as brasileiras organizavam seu espaço e sua
rotina diária em função de ideias de assistência, de custódia e de higiene da criança. A década de 1980
passou por um momento de ampliação do debate a respeito das funções das instituições infantis para a
sociedade moderna, que teve início com os movimentos populares dos anos de 1970 21.
A partir desse período, as instituições passaram a ser pensadas e reivindicadas como lugar de
educação e cuidados coletivos das crianças de zero a seis anos de idade.
A abertura política permitia o reconhecimento social desses direitos manifestados pelos movimentos
populares e por grupos organizados da sociedade civil. A Constituição de 1988 (art.208, e inciso IV), pela
primeira vez, na história do Brasil, definiu como direito das crianças de zero a seis anos de idade e dever
do Estado o atendimento à infância.
Muitos fatos ocorreram de forma a influenciar estas mudanças: o desenvolvimento urbano, as
reivindicações populares, o trabalho da mulher, a transformação das funções familiares, as ideias de
infância e as condições socioculturais para o desenvolvimento das crianças.
Ao constituir-se em um equipamento só para pobres, principalmente no caso das instituições de
educação infantil, financiadas ou mantidas pelo poder público, significou, em muitas situações, atuar de
forma compensatória para sanar as supostas faltas e carências das crianças e de seus familiares.
A tônica do trabalho institucional foi pautada por uma visão que estigmatizava a população de baixa
renda. A concepção educacional era marcada por características assistencialista, sem considerar as
questões de cidadania ligadas aos ideais de liberdade e igualdade.
Modificar essa concepção de educação assistencialista significa atentar para várias questões que vão
além dos aspectos legais. Envolve principalmente, assumir as especificidades da educação infantil e rever
concepções sobre a infância, as relações entre classes sociais, à responsabilidade da sociedade e o
papel do Estado em relação às crianças pequenas.
Embora haja um consenso sobre a necessidade de que a educação, para as crianças pequenas deva
promover a integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos e sociais da criança,
considerando que esta é um ser completo e indivisível, as divergências estão exatamente no que se
entende sobre o que seja trabalhar com cada um desses aspectos.
Polêmicas sobre cuidar e educar, sobre o papel do afeto na relação pedagógica e sobre educar pa ra
o desenvolvimento ou para o conhecimento tem-se constituído no pano de fundo sobre o qual se
constroem as propostas em educação infantil.
Fundamentação Legal
A Constituição do Brasil Seção I - da Educação em seu artigo (205) destaca que: A educação direito
de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da
Diretrizes
Educar e cuidar de crianças de 0 a 5 anos supõe definir previamente para que isto será feito e como
se desenvolverão as práticas pedagógicas, visando a inclusão das crianças e de suas famílias em uma
vida de cidadania plena.
As instituições de Educação Infantil são equipamentos educacionais e não apenas de assistência,
nesse sentido, uma das características da nova concepção de Educação Infantil, reside na integração
das funções de cuidar e educar.
As instituições infantis além de prestar cuidados físicos, criam condições para o seu desenvolvimento
cognitivo, simbólico, social e emocional. Nela se dão o cuidado e a educação de crianças que aí vivem,
convivem, exploram, conhecem, construindo uma visão de mundo e de si mesmas, constituindo-se como
sujeitos. Para as crianças pequenas tudo é novo, devendo ser trabalhado e aprendido. Não são
independentes e autônomas para os próprios cuidados pessoais, precisando ser ajudadas e orientadas
a construir hábitos e atitudes corretas, bem como estimuladas na fala e no aprimoramento de seu
vocabulário.
O bom relacionamento entre pais, educadores e crianças, é fundamental durante o processo de
inserção da criança na vida escolar, além de representar a ação conjunta rumo à consolidação de uma
pedagogia voltada para a infância.
A instituição de Educação Infantil deverá proporcionar às crianças momentos que a façam crescer,
refletir e tomar decisões direcionadas ao aprendizado com coerência e justiça.
Fundamentação filosófico-pedagógica
A educação deve ser essencialmente lúdica, prazerosa, fundada nas mais variadas experiências e no
prazer de descobrir a vida, colocando as crianças em contato com uma variedade de estímulos e
experiências que propiciem a ela seu desenvolvimento integral. Essas ações são desenvolvidas e
fundamentadas numa concepção interdisciplinar e totalizadora. As ações desenvolvidas fundamentam-
se nos seguintes princípios:
1) Educação ativa e relacionada com os interesses, necessidades e potencialidades da criança;
2) Ênfase na aprendizagem através da resolução de problemas;
3) Ação educativa ligada à vida e não entendida como preparação para a vida;
4) Incentivo da solidariedade e não da concorrência.
A criança desde que nasce é um ser ativo. Possui um repertório de condutas ou reflexos inatos que
lhe permite interagir com seu meio e experimentar as primeiras aprendizagens, consistindo nas
adaptações que faz às novas condições de vida. O contato do bebê com o meio humano, transforma
essas condutas inatas em respostas complexas. Aos poucos, assimila novas experiências, integrando-as
às que já possui, gerando novas respostas. Este processo de adaptação às condições novas que surgem
se dá ao longo de toda a infância.
- Movimento: As crianças se movimentam desde que nascem, adquirindo cada vez maior controle
sobre seu próprio corpo. Ao movimentar-se, expressam sentimentos, emoções e pensamentos,
ampliando as possibilidades do uso significativo de gestos e posturas corporais. O movimento humano,
portanto, é mais do que simples deslocamento do corpo no espaço.
As maneiras de andar, correr, arremessar, saltar resultam das interações sociais e da relação dos
homens com o meio; são movimentos cujos significados têm sido construídos em função das diferentes
necessidades, interesses e possibilidades corporais humanas presentes nas diferentes culturas.
Diferentes manifestações dessa linguagem foram surgindo, como a dança, o jogo, as brincadeiras, as
práticas esportivas etc., nas quais se faz uso de diferentes gestos, postura e expressões corporais com
intencionalidade. Ao brincar, jogar, imitar e criar ritmos e movimentos, as crianças também se apropriam
do repertório da cultura corporal na qual estão inseridas.
O trabalho com movimento contempla a multiplicidade de funções e manifestações do ato motor,
propiciando um amplo desenvolvimento de aspectos específicos da motricidade das crianças; refletir
sobre as atividades no cotidiano acerca das posturas corporais.
As atividades deverão priorizar o desenvolvimento das capacidades expressivas e instrumentais do
movimento, possibilitando a apropriação corporal pelas crianças, de forma que possam agir com mais
intencionalidade. Devem ser organizadas num processo contínuo e integradas, que envolvam múltiplas
experiências corporais. Os conteúdos podem ser organizados, dentro do movimento em expressividade,
coordenação e equilíbrio.
- Artes Visuais: A arte visual; expressa, comunica e atribui sentido às sensações, sentimentos e
pensamentos. Esta linguagem se faz presente no cotidiano da educação infantil como importante forma
de expressão e comunicação humana, sofrendo influência da cultura onde está inserida. A criança, ao
ingressar na instituição de ensino, traz consigo suas leituras de mundo pelas imagens. Dessa maneira,
trabalhar a arte como geradora de conhecimentos dentro do contexto infantil e, portanto, portadora de um
caráter lúdico, torna-se importante instrumento para o desenvolvimento perceptivo e cognitivo.
Neste sentido, a arte visual deve se estruturada como uma linguagem de códigos próprios e seu ensino
deve articular os seguintes aspectos: Produção: exploração e expressão, por meio da prática artística,
desenvolvendo um percurso poético pessoal; Apreciação: reconhecimento, análise e identificação de
obras artísticas e de seus autores; Reflexão: compreende a obra artística como produto cultural,
possibilitando diversas interpretações.
- Música: A música é uma organização de sons presentes em diversas culturas, compreendidas como
linguagem que traduz formas sonoras expressivas de sentimentos, pensamentos e sensações. Favorece
nas crianças a aquisição de conhecimentos gerais e científicos, desenvolvendo potencialidades, como:
observação, percepção, imaginação e sensibilidades, contribuindo para a sustentação de valores e
normas sociais. É imprescindível que a música faça parte do currículo, no processo ensino aprendizagem.
Escutando, cantando, tocando instrumentos e articulando movimentos. Para a aquisição da linguagem
musical se concretizar, são necessárias ações que envolvam o fazer, o perceber o contextualizar. Esta
linguagem contempla: Apreciação musical e fazer musical.
- Linguagem Oral e Escrita: É de grande importância na formação da criança e nas diversas práticas
sociais. É importante considerar a linguagem como um meio de comunicação, expressão, representação,
Nesta perspectiva, a linguagem oral e escrita deve estar presente no cotidiano e na prática das
instituições de educação infantil.
Assim, a linguagem não é um elemento “estático” nem “objetivo”, mas uma construção dinâmica, na
qual as pessoas se comunicam para informar, expressar seus sentimentos e ideias e compartilhar uma
visão de mundo.
- Natureza e Sociedade: A percepção do mundo físico é direta: elas testam o que sabem, tocando,
ouvindo, observando, elaborando hipóteses e procurando respostas às suas indagações. A atitude
científica merece ser estimulada por intermédio da observação, experimentação, manipulação e
enriquecidos com conversas e ilustrações. As crianças adquirem consciência do contexto em que vivem
e se esforçam para entendê-lo, por meio da interação com o meio natural e social.
Conhecer o mundo implica conhecer as relações entre os seres humanos e a natureza, as formas de
transformações e utilizações dos recursos naturais, a diversidade cultural. Desta forma, as crianças
adquirem condições de desenvolver formas de convivências, atitudes de polidez, respeito, cultivando
valores sociais, intelectuais, morais, artísticos e cívicos, cabe ao professor se inteirar destes domínios e
conhecimentos.
Natureza e Sociedade reúnem aspectos pertinentes ao mundo natural e social abordando: grupos
sociais (a criança e a família, a criança e a escola, a criança e o contexto social), seres vivos (seres
humanos, animais e vegetais), recursos naturais (agua, solo, ar, luz, astros e estrelas) e fenômenos da
natureza (marés, trovão, relâmpagos, enchentes, estações do ano e outros).
22SECRETARIA DO ESTADO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL. Currículo em Movimento da Educação Básica: Educação infantil.
O Parecer CNE/CEB nº 20/09 e a Resolução CNE/CEB nº 05/09, que definem as DCNEIs, fazem, em
primeiro lugar, uma clara explicitação da identidade da Educação Infantil, condição indispensável para o
estabelecimento de normativas em relação ao currículo e a outros aspectos envolvidos em uma proposta
pedagógica. Eles apresentam a estrutura legal e institucional da Educação Infantil - número mínimo de
horas de funcionamento, sempre diurno, formação em magistério de todos os profissionais que cuidam e
educam as crianças, oferta de vagas próximo à residência das crianças, acompanhamento do trabalho
pelo órgão de supervisão do sistema, idade de corte para efetivação da matrícula, número mínimo de
horas diárias do atendimento - e colocam alguns pontos para sua articulação com o Ensino Fundamental.
A versão institucional proposta nas Diretrizes se contrapõe a programas alternativos de atendimento
englobados na ideia de educação não-formal. Lembra o Parecer CNE/CEB nº 20/09 que nem toda Política
para a Infância, que requer esforços multisetoriais integrados, é uma Política de Educação Infantil. Com
isso, outras medidas de proteção à infância devem ser buscadas fora do sistema de ensino, embora
articuladas com ele, sempre que necessário.
Em segundo lugar, as Diretrizes expõem o que deve ser considerado como função sociopolítica e
pedagógica das instituições de Educação Infantil. Tais pontos refletem grande parte das discussões na
área e apontam o norte que se deseja para o trabalho com as crianças.
A questão pedagógica é tratada pensando que, se a Educação Infantil é parte integrante da Educação
Básica, como diz a Lei nº 9.394/96 em seu artigo 22, cujas finalidades são desenvolver o educando,
assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para
progredir no trabalho e em estudos posteriores, essas finalidades devem ser adequadamente
interpretadas em relação às crianças pequenas. Nessa interpretação, as formas como as crianças, nesse
momento de suas vidas, vivenciam o mundo, constroem conhecimentos, expressam-se, interagem e
manifestam desejos e curiosidades de modo bastante peculiares, devem servir de referência e de fonte
de decisões em relação aos fins educacionais, aos métodos de trabalho, à gestão das unidades e à
relação com as famílias.
23 Texto adaptado de OLIVEIRA, Z. M. R. de. O Currículo na Educação Infantil: O que Propõem as Novas Diretrizes Nacionais?
As novas DCNEIs consideram que a função sociopolítica e pedagógica das unidades de Educação
Infantil inclui (Resolução CNE/CEB nº 05/09 artigo 7º):
a. Oferecer condições e recursos para que as crianças usufruam seus direitos civis, humanos e sociais;
b. Assumir a responsabilidade de compartilhar e complementar a educação e cuidado das crianças
com as famílias;
c. Possibilitar tanto a convivência entre crianças e entre adultos e crianças quanto à ampliação de
saberes e conhecimentos de diferentes naturezas;
d. Promover a igualdade de oportunidades educacionais entre as crianças de diferentes classes sociais
no que se refere ao acesso a bens culturais e às possibilidades de vivência da infância;
e. Construir novas formas de sociabilidade e de subjetividade comprometidas com a ludicidade, a
democracia, a sustentabilidade do planeta e com o rompimento de relações de dominação etária,
socioeconômica, étnico-racial, de gênero, regional, linguística e religiosa.
O debate sobre o currículo na Educação Infantil tem gerado muitas controvérsias entre os professores
de creches e pré-escolas e outros educadores e profissionais afins. Além de tal debate incluir diferentes
visões de criança, de família, e de funções da creche e da pré-escola, para muitos educadores e
especialistas que trabalham na área, a Educação Infantil não deveria envolver-se com a questão de
currículo, termo em geral associado à escolarização tal como vivida no ensino fundamental e médio e
associado à ideia de disciplinas, de matérias escolares.
Receosos de importar para a Educação Infantil uma estrutura e uma organização que têm sido hoje
muito criticadas, preferem usar a expressão ‘projeto pedagógico’ para se referir à orientação dada ao
Ambientes: quando planejamos, algumas questões nos norteiam: que tipos de atividades serão
selecionadas, em que momentos serão feitas e em que local é mais adequado realizá-las? A depender
do espaço físico, podem ser mais qualitativas as aquisições sensoriais e cognitivas das crianças. O
espaço é elemento fundamental para o desenvolvimento infantil. E qual a relação entre espaço e
ambiente? Espaço e ambientes são elementos indissociáveis, ou seja, um não se constitui sem o outro.
Dessa forma, apreende-se do termo espaço como as possibilidades de abstração feita pelo ser humano,
sobre um determinado lugar, de modo a torná-lo palpável. Já ambiente é constituído por inúmeros
significados, que são ressignificados pelo sujeito de acordo com suas experiências, vivências e culturas.
Os ambientes da Educação Infantil têm como centro a criança e precisam ser organizados em função de
suas necessidades e interesses, inclusive com mobiliário adequado. É interessante que permitam
explorações individuais, grupais, simultâneas, livres e/ou dirigidas pelos profissionais. Para tanto, é
fundamental que os ambientes sejam organizados para favorecer:
-construção da identidade da criança como agente que integra e transforma o espaço;
-desenvolvimento da independência. Por exemplo: tomar água sozinha, alcançar o interruptor de luz,
ter acesso à saboneteira e toalhas, circular e orientar-se com segurança pela instituição;
-amplitude e segurança para que a criança explore seus movimentos corporais (arrastar-se, correr,
pular, puxar objetos, etc.);
-possibilidades estimuladoras dos sentidos das crianças, em relação a odores, iluminação, sons,
sensação tátil e visual, entre outros;
-observância da organização do espaço para que seja um ambiente estimulante, agradável, seguro,
funcional e propício à faixa etária;
-garantia da acessibilidade a crianças e adultos com visão ou locomoção limitada;
-organização que evite, ao máximo, acidentes e conflitos;
-renovação periódica mediante novos arranjos no mobiliário, materiais e elementos decorativos.
Atividades permanentes: ocorrem com regularidade (diária, semanal, quinzenal, mensal) e têm a
função de familiarizar as crianças com determinadas experiências de aprendizagem. Asseguram o
contato da criança com rotinas básicas para a aquisição de certas aprendizagens, visto que a constância
possibilita a construção do conhecimento. É importante planejar e avaliar com a criança e todos os
envolvidos no processo como o trabalho foi realizado.
Sequência de atividades: trata-se de um conjunto de propostas que geralmente obedecem a uma
ordem crescente de complexidade. O objetivo é trabalhar experiências mais específicas, aprendizagens
que requerem aprimoramento com a experiência. Os planejamentos diários, geralmente, seguem essa
organização didática.
Atividades ocasionais: permitem trabalhar com as crianças, em algumas oportunidades, um
conteúdo considerado valioso, embora sem correspondência com o que está planejado. Trabalhada de
maneira significativa, a organização de uma situação independente se justifica, a exemplo de passeios,
visitas pedagógicas, comemorações, entre outras.
Projetos didáticos: os objetivos são claros, o período de realização é determinado, há divisão de
tarefas e uma avaliação final em função do pretendido. Suas principais características são objetivos mais
abrangentes e a existência de um produto final.
Não há unanimidade em relação ao termo utilizado para nomear o período de ingresso da criança na
instituição. Podem ser usados os termos adaptação, acolhimento e inserção. Como se sabe, a escolha
do termo revela concepções sobre as crianças e o modo de condução do trabalho dos profissionais.
Rotina
É praticamente impossível a reflexão sobre a organização do tempo na Educação Infantil sem incluir
a rotina pedagógica. Entretanto, é importante enfatizar que a rotina é apenas um dos elementos que
compõem o cotidiano, como veremos a seguir.
Geralmente, a rotina abrange recepção, roda de conversa, calendário e clima, alimentação,
higiene, atividades de pintura e desenho, descanso, brincadeira livre ou dirigida, narração de
histórias, entre outras ações. Ao planejar a rotina de sua sala de aula, o professor deve considerar
os elementos: materiais, espaço e tempo, bem como os sujeitos que estarão envolvidos nas
atividades, pois esta deve adequar-se à realidade das crianças.
Segundo Barbosa a rotina é “a espinha dorsal, a parte fixa do cotidiano”, um artefato cultural criado
para organizar a cotidianidade. A partir dessa premissa, é importante definir rotina e cotidiano:
Rotina: É uma categoria pedagógica que os responsáveis pela educação infantil estruturaram para, a
partir dela, desenvolver o trabalho cotidiano nas instituições de educação infantil. [...] A importância das
rotinas na educação infantil provém da possibilidade de constituir uma visão própria como concretização
paradigmática de uma concepção de educação e de cuidado.
José Machado Pais afirma que não se pode reduzir o cotidiano ao rotineiro, ao repetitivo e ao a-
histórico, pois o cotidiano é o cruzamento de múltiplas dialéticas entre o rotineiro e o acontecimento. Bem
elaborada, a rotina é o caminho para evitar a atividade pela atividade, os rituais repetitivos, a reprodução
de regras, os fazeres automáticos. Para tanto, é fundamental que a rotina seja dinâmica, flexível,
surpreendente. Barbosa aponta que a rotina inflexível e desinteressante pode vir a ser “uma tecnologia
de alienação”, se não forem levados em consideração o ritmo, a participação, a relação com o mundo, a
realização, a fruição, a liberdade, a consciência, a imaginação e as diversas formas de sociabilidade dos
sujeitos nela envolvidos. A rotina é uma forma de organizar o coletivo infantil diário e, concomitantemente,
espelha o projeto político-pedagógico da instituição. A rotina é capaz de apresentar quais as concepções
de educação, de criança e de infância se materializam no cotidiano escolar. Com o estabelecimento de
objetivos claros e coerentes, a rotina promove aprendizagens significativas, desenvolve a autonomia e a
identidade, propicia o movimento corporal, a estimulação dos sentidos, a sensação de segurança e
confiança, o suprimento das necessidades biológicas (alimentação, higiene e repouso). Isto porque a
rotina contém elementos que podem (ou não) proporcionar o bem-estar e o desenvolvimento cognitivo,
afetivo, social, biológico.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, a rotina deve adequar-se às
necessidades infantis e não o inverso. Ao observar e documentar uma rotina (diária ou semanal, por
exemplo), algumas reflexões emergem:
- Como as atividades são distribuídas ao longo do dia? E da semana?
- Com que frequência, em que momento e por quanto tempo as crianças brincam?
- Quanto do dia é dedicado à leitura de histórias, inclusive para os bebês?
- A duração e a regularidade das atividades têm assegurado a aquisição das aprendizagens
planejadas?
- A criança passa muito tempo esperando entre uma e outra atividade?
- Como é organizado o horário das refeições? Onde são feitas?
- E os momentos dedicados ao cuidado físico, são previstos e efetivados com que frequência e
envolvem quais materiais?
- Como o horário diário de atividades poderia ser aperfeiçoado, em favor de uma melhor
aprendizagem?
- Há espaço para o imprevisto, o incidental, a imaginação, o fortuito?
- As crianças são ouvidas e cooperam na seleção e organização das atividades da rotina?
- Como as interações adulto/criança e criança/criança são contempladas na organização dos tempos,
materiais e ambientes?
No caso da jornada em tempo integral, no período da manhã devem ser incluídos momentos ativos e
calmos, dando prioridade às atividades cognitivas. As crianças, depois de uma noite de sono, estão mais
descansadas para ampliar sua capacidade de concentração e interesse em atividades que envolvem a
resolução de problemas. É interessante, também, incluir atividades físicas no período da manhã,
observando o tempo e a intensidade de calor e sol ou frio. Já o período da tarde, em uma jornada de
tempo integral, geralmente acaba por concentrar atividades como sono ou repouso, refeições, banho, ou
seja, as práticas sociais. O que não significa que as Interações com a Natureza e a Sociedade, as
Linguagens Oral e Escrita, Digital, Matemática, Corporal, Artística e o Cuidado Consigo e com o Outro
não estejam presentes por meio de atividades planejadas para surpreender e motivar em uma sequência
temporal que corre o risco da monotonia ou da “linha de montagem”. Nas jornadas de tempo parcial, por
serem mais curtas, as práticas sociais aparecem com menor frequência, ainda que também estejam
presentes. As Linguagens, as Interações com a Natureza e a Sociedade e o Cuidado Consigo e com o
Outro são geralmente o foco do trabalho pedagógico. Também é essencial abrir espaço e reservar tempo
para as brincadeiras, sejam livres, sejam dirigidas.
Não se pode ignorar o fato de que muitas das ações da rotina estão pautadas nas relações de trabalho
do mundo adulto. Os horários de lanche, almoço, limpeza das salas, funcionamento da cozinha, as
atividades das crianças estão sintonizadas de acordo com a produtividade, a organização e a eficácia
que estão implicadas em uma organização capitalista. Por vezes, as crianças querem ou propõem outros
elementos que transgridem as formalidades da rotina, das jornadas integrais ou parciais, dos momentos
instituídos pelos profissionais, sejam no sono, na alimentação, na higiene, na “hora da atividade”, nas
brincadeiras, entre outros.
Datas comemorativas
A exploração das datas, festejos, eventos comemorativos no calendário da Educação Infantil está
bastante naturalizada nas instituições da Educação Infantil. Essas datas são geralmente, a “tradição
cívica, religiosa ou escolar”. Entretanto, a tradição não pode obscurecer a necessidade da reflexão acerca
da comemoração de “dias D”. Sousa adverte ser fundamental que “as escolas, professores e pais tenham
muito claro que é preciso priorizar sempre e entender qual o significado do conjunto dessas experiências
para a vida das crianças - de todas e de cada uma delas. E não me refiro ao futuro da criança apenas,
mas principalmente ao seu presente”. Não nos cabe interditar ou eliminar a comemoração de datas
especiais e a realização de festas. No entanto, propomos que, ao destacá-las no calendário escolar,
façamos algumas reflexões. Entre elas:
- Por que a instituição acredita ser válida a mobilização para celebrar este ou aquele dia?
- Por que é necessário realizar atividades acerca das datas comemorativas, todos os anos, com poucas
variações em torno do mesmo tema?
- As atividades relacionadas à temática ampliam o campo de conhecimento das crianças?
- Foram atividades escolhidas pelo professor, pelo coletivo da instituição educacional, pela família ou
pelas crianças?
- Os sentimentos infantis e aprendizagens são levados em conta?
- O trabalho desenvolvido em torno das datas está articulado com os objetivos relacionados às
aprendizagens?
- Será que as crianças são submetidas, ao longo dos anos escolares, às mesmas atividades, ações,
explicações?
- Consideramos as idades das crianças, seus interesses e capacidades ao elegermos as datas
comemorativas?
- Fazemos diferentes abordagens para diferentes faixas etárias?
- Interrompemos trabalhos em andamento para incluir datas comemorativas?
- Quais são os critérios para a escolha das datas? Algumas são mais enfatizadas que outras? Por
quê?
- Os conteúdos e as atividades são problematizados pelos adultos e crianças?
- Expomos as crianças, ainda que não intencionalmente, à “indústria das festas”?
- Incentivamos, ainda que não intencionalmente, a cultura do consumo?
- Como são tratados os aspectos culturais destas datas? Sob qual enfoque? Com qual
aprofundamento?
- Quais valores, conceitos, ideologias atravessam essas celebrações?
Coletivamente, promover a crítica e a reflexão em torno das datas comemorativas auxilia na
problematização de experiências curriculares que, em um primeiro momento, podem parecer
“inquestionáveis”. O que importa é tornar datas e festas significativas e lúdicas para a criança, priorizando-
a como centro do planejamento curricular, suas aprendizagens e seu desenvolvimento, sua cidadania.
Retomando: ao organizar tempo, ambientes e materiais, o profissional deve ter em mente a criança
concreta. O planejamento curricular deve considerar a riqueza e a complexidade da primeira etapa da
Educação Básica.
Dica: Sempre devemos considerar, na montagem das salas de Educação Infantil, os diferentes
conhecimentos e linguagens que compõem o currículo, entre eles a leitura, escrita matemática, artes,
música, ciências sociais e naturais, corpo e movimento. Ter material adequado, intencionalmente
selecionado para as atividades contribui significativamente para o aprendizado. É importante também ter
os nomes das crianças em destaque como na latinha de lápis de cor ou giz de cera assim como o varal
de alfabeto, a tabela numérica e o calendário e sempre, ao longo do ano, utilizar os materiais produzidos
pelas próprias crianças para colorir e significar o espaço da sala de aula.
Para que se possa cuidar e ao mesmo tempo educar crianças através do trabalho pedagógico
organizado em creches e pré-escola é necessário criar um ambiente que transmita segurança, e no qual
a criança se sinta segura, satisfeita em suas necessidades, acolhida da forma como é, onde ela consiga
se relacionar de forma adequada com suas emoções e seus medos, sua raiva, seus ciúmes, sua apatia
ou hiperatividade, e possa construir hipóteses sobre o mundo e elaborar sua Identidade.
A meta do trabalho pedagógico nas instituições de Educação infantil é apoiar as crianças, desde cedo
e ao longo de todas as suas experiências cotidianas, no estabelecimento de uma relação positiva com a
instituição educacional, no fortalecimento de sua autoestima, interesse e curiosidade pelo conhecimento
do mundo, na familiaridade com diferentes linguagens, e na aceitação e acolhimento das diferenças entre
as pessoas.
A fim de garantir às crianças o direito de viver a infância e desenvolverem-se; as escolas de educação
infantil devem proporcionar situações agradáveis, estimulantes e que ampliem as possibilidades infantis
de cuidar de si e de outrem, de se expressar, comunicar e criar, de organizar pensamentos e ideias, de
conviver, brincar e trabalhar em grupo, de ter iniciativa e buscar soluções para os problemas e conflitos
que se apresentam às mais diferentes idades, desde muito cedo.
O ambiente deve possibilitar uma variedade de experiências para exploração ativa e compartilhada
por crianças e professores, que constroem significações nos diálogos que estabelecem.
Sendo assim, a organização curricular das instituições de Educação Infantil deve considerar alguns
desses pontos para que garanta a eficácia do trabalho. Segundo as Diretrizes, essa organização deve
assegurar a educação de modo integral, considerando o cuidado como parte integrante do processo
educativo, combater o racismo e as discriminações de gênero, socioeconômicas, étnico-raciais e
religiosas; conhecer as culturas plurais que constituem o espaço da creche e da pré-escola, a riqueza das
contribuições familiares e da comunidade, suas crenças e manifestações, e fortalecer formas de
atendimento articuladas aos saberes e às especificidades étnicas, linguísticas, culturais e religiosas de
cada comunidade; dar atenção cuidadosa e exigente às possíveis formas de violação da dignidade da
criança e cumprir o dever do Estado com a garantia de uma experiência educativa com qualidade a todas
as crianças na Educação Infantil.
Com base nessas condições, as DCNEIs apontam que as instituições de Educação Infantil, na
organização de sua proposta pedagógica e curricular, necessitam:
- garantir espaços e tempos para participação, o diálogo e a escuta cotidiana das famílias, o respeito
e a valorização das diferentes formas em que elas se organizam;
- trabalhar com os saberes que as crianças vão construindo ao mesmo tempo em que se garante a
apropriação ou construção por elas de novos conhecimentos;
1) O compromisso com uma Educação infantil de qualidade para todas as crianças não pode
deixar de ressaltar o trabalho pedagógico com as crianças com deficiência, transtornos globais
de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Em relação a elas, o planejamento das
situações de vivência e aprendizagem na Educação Infantil deve:
- garantir-lhes o direito à liberdade e à participação enquanto sujeitos ativos;
2) A Educação infantil deve atender a demanda das populações do campo, dos povos da floresta
e dos rios, indígenas e quilombolas por uma educação e cuidado de qualidade para seus filhos. O
trabalho pedagógico de creches e pré-escolas instaladas nas áreas onde estas populações vivem
precisa reconhecer a constituição plural das crianças brasileiras no que se refere à identidade
cultural e regional e à filiação socioeconômica, étnico-racial, de gênero, regional, linguística e
religiosa. Para tanto ele deve:
- estabelecer uma relação orgânica com a cultura, as tradições, os saberes e as identidades das
diversas populações;
- adotar estratégias que garantam o atendimento às especificidades das comunidades do campo,
quilombolas, ribeirinhas e outras - tais como a flexibilização e adequação no calendário, nos
agrupamentos etários e na organização de tempos, atividades e ambientes - em respeito às diferenças
quanto à atividade econômica e à política de igualdade, e sem prejuízo da qualidade do atendimento, com
oferta de materiais didáticos, brinquedos e outros equipamentos em conformidade com a realidade das
populações atendidas, evidenciando ainda o papel dessas populações na produção de conhecimento
sobre o mundo.
Esta demanda por ampliação da Educação Infantil para além dos territórios urbanos é nova e se integra
à preocupação em garantir às populações do campo e indígena, e aos afrodescendentes uma educação
que considere os saberes de cada comunidade, ou grupo cultural, em produtiva interação com os saberes
que circulam nos centros urbanos, igualmente marcados por uma ampla diversidade cultural.
Questões
01. (Prefeitura de Niterói - Agente Educador Infantil - FEC) A organização do currículo, já na creche
e pré-escola tem sido feita através de projetos didáticos, que são propostos como uma estratégia de
ensino. Sobre essa abordagem podemos dizer que:
(A) Decroly e Montessori foram seus idealizadores;
(B) os chamados centros de interesse são a principal referência para o trabalho do professor;
(C) o trabalho se organiza a partir de temas que abrem possibilidades para a criança integrar, criar
relações e entender de forma ampla seu ambiente, atribuindo-lhe significados;
(D) a adesão à pedagogia de projetos se deu de forma intensa porque, didaticamente, organiza os
conteúdos a serem transmitidos pelo professor através de temas eleitos pelos próprios alunos que, por
isso, mostram se mais interessados e participativos;
(E) Piaget foi o grande inspirador da pedagogia de projetos, que deve ser desenvolvida sempre levando
em conta as características cognitivas da criança, abrindo, assim, possibilidades para a pesquisa e o
desenvolvimento do aluno.
04. (INSS - Analista - FUNRIO) O currículo compreendido como algo não estático, mas dinâmico e
concreto, se expressa a partir de:
(A) modelos de protocolos que viabilizarão os procedimentos necessários à realização dos conteúdos
expressos nas programações.
(B) práticas com função socializadora e cultural de determinada instituição que concretizam princípios
e valores expressos em seu projeto escrito.
(C) conflitos e interesses de determinados grupos, mas que necessita garantir a neutralidade dos
conhecimentos que ajudará a disseminar.
(D) programações de conteúdos de ensino e de aprendizagem que expressam os valores e princípios
da instituição.
(E) listagens de conteúdos a serem ensinados aos sujeitos do processo, garantindo sua assepsia
científica.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: C
Tendo em vista que o Currículo é o modo de organizar as práticas educativas, refere-se aos espaços,
a rotina, aos materiais que disponibilizamos para as crianças, as experiências com as linguagens verbais
e não verbais que lhes serão proporcionadas, o modo como vamos recebê-la, nos despedir delas, trocá-
las, alimentá-las durante todo o tempo em que se encontram na instituição o trabalho sempre deve ser
organizado de modo que possibilite à criança interagir, criar relações, significando o ambiente.
02. Resposta: A
O projeto pedagógico deve ser organizado de modo a desenvolver nas crianças a inclusão social,
trabalhando com as diversidades educando para que se estabeleça princípios de igualdade, pois, é essa
a função social da educação infantil.
03. Resposta: A
Nas DCNs está posto que o currículo é: “um conjunto de práticas que buscam articular os saberes e
experiências das crianças com o patrimônio cultural, artístico, ambiental, cientifico e tecnológico, de modo
a promover o desenvolvimento integral da criança”.
Ou seja, currículo não é aquele que se define a priori, mas aquele que é vivenciado com as crianças a
partir de seus saberes, manifestações, articulado com aquilo que consideramos importante que elas
conhecem do patrimônio da humanidade, assim, a proposta deve integrar os conteúdos a serem
trabalhados com a realidade e contexto em que a criança está inserida e com os aspectos da
aprendizagem infantil para, então, promover o desenvolvimento desta criança. Assim, o currículo não
deve ser estático, rígido, mas sim, ser flexível para adequá-lo às necessidades do grupo.
04. Resposta: B
Considerando a realidade de cada grupo o currículo deve promover práticas socializadoras
transmitindo às crianças os valores culturais que a rodeia para isso deve transmitir os valores da
instituição pois cada instituição, cada grupo, cada público-alvo está inserido em diferentes realidades,
diferentes contextualizações que representam a realidade imediata daquela criança.
05. Resposta: C
O currículo escolar é visto como um processo educativo resistente por toda a vida, isto é, todas as
experiências passadas atingem o presente e consequentemente o futuro, ou seja, acumulando e
transformando experiências.
Portanto, é preciso muito cuidado para que sejam selecionadas experiências positivas. Segundo Anísio
Teixeira, o currículo deve ser centrado na criança, “pois é a criança a origem e o centro de toda atividade
escolar”, desta forma é a partir do conhecimento da criança que o currículo deve ser estruturado de modo
a valer esse conhecimento para que haja aprendizagem tomando como ponto de partida o conhecimento
prévio.
A Educação Infantil vem a cada dia se solidificando na legislação e nas políticas públicas brasileiras
como dever do Estado e direito de todas as crianças de 0 a 5 anos de idade. A Constituição Federal
Brasileira determina no seu artigo 7º, inciso XXV, como direito social dos pais trabalhadores urbanos e
rurais, a assistência gratuita aos filhos e dependentes, desde o nascimento até 5 (cinco)anos de idade
em creches e pré-escolas24.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação determina que a Educação Infantil é parte integrante do
sistema educacional brasileiro, constituindo-se a primeira etapa da Educação Básica. Seu objetivo é o
desenvolvimento integral da criança de 0 a 5 anos de idade no que diz respeito aos seus aspectos físico,
intelectual, social, linguístico e afetivo complementando a ação da família e da comunidade (Art. 29).
Como o primeiro espaço de educação coletiva da criança, fora do ambiente familiar, insere-se na base
da construção da cidadania e de uma sociedade democrática, livre, justa, solidária e implicada na
preservação do meio ambiente, como prevê a Constituição Federal de1988.
No que fiz respeito à Avaliação na educação infantil existem, por sua vez, iniciativas do Governo
Federal para Avaliação Básicas que embora se apresentem como direcionadas à avaliação da educação
básica, não contemplam a educação infantil - creche e pré-escola −, etapa integrante deste nível de ensino
desde 1988, com a promulgação da Constituição Federal.
Processo de Avaliação
Avaliar é mais do que só observar as crianças aleatoriamente, mais do que observar aleatoriamente
padrões comportamentais, culturais, de interação entre outros, pois a intenção pedagógica avaliativa dará
condições para o professor (a) criar objetivos e planejar atividades adequadas, tornando a observação
significativa, uma vez que torna possível afunilar o leque de padrões a serem observados dando base
para uma observação precisa dos fatores a serem considerados. Sendo assim, torna-se clara a
necessidade de se construir conhecimentos e reflexão por parte de professores/educadores acerca do
processo avaliativo formal na Educação Infantil26.
A avaliação tem por objetivo obter informações e subsídios que favoreçam o desenvolvimento das
crianças e ampliação de seus conhecimentos. Nesse sentido, avaliar não é apenas medir, comparar ou
julgar. Muito mais do que isso, a avaliação apresenta uma importância social e política fundamental no
fazer educativo.
24 Texto adaptado do Documento produzido pelo Grupo de Trabalho instituído pela Portaria número 1.147/2011, do Ministério da Educação.
25 Texto adaptado de Fúlvia Rosemberg: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742013000100004&lang=pt
26 Texto adaptado de: http://www.moodle.ufba.br/mod/book/view.php?id=9945&chapterid=9308
Assim sendo, a avaliação da aprendizagem precisa servir como base para a construção de uma
aprendizagem bem-sucedida, ou seja, ela deve possibilitar ao educador a eficácia de seu trabalho,
garantindo avanços e isso só é possível se a avaliação deixar de ser usada como um recurso de
autoridade que decide sobre o destino do aluno, e, passar a ser vista como uma ferramenta auxiliar
ao crescimento deste.
Convém ressaltar que a importância que damos aos diversos aspectos daquilo que é objeto de
informação e avaliação depende da visão de quem observa. Isso é valido para todas as esferas de
avaliação inclusive na educação infantil, pois, ainda que este olhar (observação e registro) varie de pessoa
para pessoa, nos seus métodos de análise, ela é também influenciada e/ou regida pelo momento político,
social e econômico do país e dos interesses vigentes. Mesmo dentro de um contexto comum, nossas
análises podem privilegiar aspectos diferenciados.
Considerando essa subjetividade humana, do olhar individual, quando se trata de avaliar para intervir
- que é o nosso caso na Educação Infantil -, temos que ser consistentes, sistemáticos e frequentes.
Podemos trabalhar utilizando variados métodos de registros de modo a captar e incluir os diversos olhares
sobre o fenômeno pedagógico (desenvolvimento do cotidiano) e de desenvolvimento e aprendizagem
infantis.
As diferentes formas de olhar para a criança é que dão a riqueza da interpretação da realidade em
questão e a diversidade que a compõe. Assim, avaliar as ações na Educação Infantil necessita também
uma análise desses diferentes olhares, sempre visando ao enriquecimento do processo de construção de
novas situações para as crianças.
Esse fato acontece também quando consideramos a avaliação e o acompanhamento dos processos
de desenvolvimento, crescimento e aprendizagem das crianças no contexto da Educação Infantil. Assim
sendo, a avaliação deve sempre ser planejada, organizada e também requer uma definição prévia dos
objetivos desta avaliação.
Considerando que as crianças têm maneiras próprias de pensar e interagir com o mundo e são sujeitos
ativos desde o momento em que nascem, precisamos educar o nosso olhar para que ele seja o mais
amplo e perspicaz possível. Gostaríamos de chamar a atenção para o fato de que ao acompanhar e
avaliar as crianças em pleno crescimento devemos considerar um conjunto de aspectos que compõe um
todo. Isto é, a criança não pode ser considerada de maneira fragmentada. Seu desenvolvimento acontece
de maneira integrada. A avaliação é um mecanismo dinâmico e deve ser planejada de maneira a nos
possibilitar a visualização de cada criança, suas características, modos de estar no mundo e a sua
participação no contexto do grupo ao qual pertence.
O processo de avaliação deve envolver uma observação cuidadosa de cada criança, levando em
consideração tanto as dimensões do desenvolvimento infantil, isto é, físico-motora, cognitiva, linguística,
emocional, social e política, quanto as oportunidades oferecidas para elas no cotidiano da creche ou pré-
escola. Chamamos a atenção para uma avaliação que leve em consideração os diversos aspectos
(condições de trabalho, concepções e valores explicitados no Projeto Político Pedagógico, Projeto
Pedagógico Anual e nos planejamentos cotidianos), a organização do trabalho com as crianças, as
28 Texto adaptado da Gerencia de Educação Infantil da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro em A Avaliação da Educação Infantil.
A proposta aqui é a inclusão de uma sexta pergunta: para quem ela será feita? Ou quem será o nosso
interlocutor? Estas perguntas são relevantes na medida em que nos permitem clarificar qual será o uso
da avaliação. Permitirá um retorno das ações à equipe? Servirá para informar os pais sobre o percurso
educacional da criança? Ou possibilitará à criança acompanhar as nossas ações e refletir sobre o seu
percurso na educação infantil? O uso das informações registradas deve ser igualmente discutido com o
grupo da unidade com indicações claras sobre sigilo, encaminhamentos e novos planejamentos, assim
como refletir sobre como estas informações serão passadas para pais e comunidade (quando for o caso).
A discussão sobre estas perguntas deve principiar a construção do Projeto Pedagógico Anual (PPA) e
a revisão das estratégias de acompanhamento e avaliação das crianças deve ser constantemente
realizada, sempre em grupo, para que o objetivo da avaliação seja de fato promotor de mudanças
positivas para todos os envolvidos.
Desta forma, é muito importante que a avaliação seja feita de maneira a ser significativa, tanto para a
equipe pedagógica da unidade quanto para responsáveis e crianças. É preciso haver consenso sobre as
ferramentas que serão utilizadas para a avaliação, o acompanhamento das crianças e do trabalho
pedagógico da creche e pré-escola como um todo.
É muito importante que esta avaliação seja também compartilhada com as crianças a partir da
exploração de seus próprios trabalhos, falas e contribuições. Incluir a criança no processo de avaliação é
muito rico, tanto para ela que pode sentir-se valorizada com a atenção que o professor lhe destina, quanto
para a equipe pedagógica que se sentirá subsidiada para o planejamento de novas ações e intervenções.
Para os pais, os quais poderão acompanhar mais facilmente o desenvolvimento e aprendizagem da
criança, também é muito importante que participem e compartilhem das avaliações.
Deve-se atentar, no decorrer do processo avaliativo, para que não haja a apresentação de uma
imagem destorcida sobre a criança, de modo a influenciar negativamente seu desenvolvimento em
quaisquer aspectos avaliados, assim, a avaliação na Educação Infantil é um processo que possibilita
melhorias e mudanças em benefício da criança e pressupõe atitudes e relações positivas que favoreçam
todos os envolvidos.
Os documentos oficiais brasileiros para a educação infantil têm abordado tal assunto indicando a
importância da avaliação. Eles explicitam que ela é necessária e deve ser parte do processo pedagógico,
não tendo, no entanto, como um de seus objetivos, a promoção. Conforme a alteração da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação, na seção II, em seu artigo 31, inciso I, Lei nº 12.796/2013, referente à Educação
Infantil,"(...) a avaliação mediante o acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo
de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental "e ainda no inciso V, sobre o registro da
avaliação, “expedição de documentação que permita atestar os processos de desenvolvimento e
aprendizagem da criança”. Já o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil define a avaliação
como o conjunto de ações que auxiliam o professor a refletir sobre as condições de aprendizagem
oferecidas e a ajustar sua prática às necessidades colocadas pelas crianças.
Mais recentemente, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (Dezembro de 2009),
em seu artigo 10º postula que “as instituições de educação infantil devem criar procedimentos para
acompanhamento do trabalho pedagógico e para avaliação do desenvolvimento das crianças, sem
objetivo de seleção, promoção ou classificação, garantindo: I -a observação crítica e criativa das
atividades, das brincadeiras e interações das crianças no cotidiano; II -utilização de múltiplos registros
realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns, etc.); III -a continuidade dos
processos de aprendizagens por meio da criação de estratégias adequadas aos diferentes momentos de
transição vividos pela criança (transição casa/instituição de Educação Infantil, transições no interior da
instituição, transição creche/pré-escola e transição pré-escola/Ensino Fundamental); IV -documentação
específica que permita às famílias conhecer o trabalho da instituição junto às crianças e os processos de
desenvolvimento e aprendizagem da criança na Educação Infantil; V -a não retenção das crianças na
30 Documento produzido pelo Grupo de Trabalho instituído pela Portaria número 1.147/2011, do Ministério da Educação. Disponível em:
file:///C:/Users/Usuario/Downloads/educacao_infantil_sitematica_avaliacao.pdf
Artigo publicado por Fúlvia Rosemberg em Cad. Pesqui. vol.43 no.148 São Paulo Jan./Apr. 2013. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742013000100004&lang=pt
Livro divulgado pela Equipe Clorophila- Elmara. Disponível em http://www.moodle.ufba.br/mod/book/view.php?id=9945&chapterid=9308
Trabalho apresentado por Maeli Sorato Manarin em Criciúma/2009. Disponível em http://www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/000041/000041FD.pdf
Gerencia de Educação Infantil da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro em A Avaliação da Educação Infantil.
Texto adaptado de Vital Dionet. Disponível em:
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Educacao/Doutrina/Avalia%C3%A7%C3%A3o%20na%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20Infantil%20-
%20Vital%20Didonet.doc
04. (SEE/AC - Professor de Ciências Humanas - FUNCAB) “A avaliação escolar tende a ser
organizada de forma a identificar o conhecimento nos moldes da compreensão de como este
conhecimento acontece. Independentemente de como esta avaliação é organizada, ele terá basicamente
três etapas.” (MALHEIROS, Bruno T.Didática Geral. Rio de Janeiro: LTC, 2012, p. 182).
São elas:
(A) medição, qualificação e testagem.
(B) testagem, quantificação e atribuição de notas.
(C) apreciação, quantificação e testagem.
(D) verificação, qualificação e apreciação.
(E) qualificação, quantificação e verificação.
05. (SEE/AC - Professor de Ciências Humanas - FUNCAB) Luckesi (2007) define avaliação como
um julgamento qualitativo sobre o processo de ensino-aprendizagem. Esse julgamento deve existir para:
(A) medir as informações que o aluno foi capaz de reter
(B) decidir o grau de dificuldade de testes e provas.
(C) auxiliar o professor na tomada de decisão quanto ao seu trabalho.
(D) atribuir notas aos alunos
(E) revelar o nível de aprovação/reprovação de uma escola.
Gabarito
Comentários
01. Resposta: D
O processo de avaliação em educação infantil sempre deve estar voltado às situações apresentadas
para a criança que devem favorecer o seu desenvolvimento, assim quanto mais situações e estímulos
forem proporcionados àquela criança tanto maior será a possibilidade de que ela se desenvolva, a partir
disto é sempre importante que o educador esteja constantemente observando a realização das tarefas
para que possa organizá-la e planejá-la de forma que possibilite a criança superar suas dificuldades.
02. Resposta: C
É importante que o educador tenha em mente que a avaliação em educação infantil faz parte do
processo de aprendizagem, porém é importante conhecer cada criança em suas habilidades e
dificuldades, para que busque o seu desenvolvimento constante.
03. Resposta: B
Na educação infantil a avaliação não tem como finalidade reter alunos nem deve ser realizada de forma
quantitativa (com atribuição de notas), mas sim, observar a criança e seu desenvolvimento global
considerando as capacidades e dificuldades de cada uma.
04. Resposta: D
Tendo em vista que a avaliação deve ser utilizada para que o educador possa nortear o seu trabalho,
e que também não deve ter caráter quantitativo ela servirá para verificação e qualificação e apreciação
do trabalho realizado observando se houve ou não condições favoráveis para o desenvolvimento da
criança, ou seja, o ato de avaliar fornece dados que permitem verificar diretamente o nível de
aprendizagem dos alunos, e também, indiretamente determinar a qualidade do processo de ensino. Ao
avaliar o progresso de seus alunos na aprendizagem, o professor pode obter informações valiosas sobre
seu próprio trabalho.
05. Resposta: C
De acordo com Luckesi, a avaliação é uma “apreciação qualitativa sobre dados relevantes do processo
de ensino e aprendizagem que auxilia o professor a tomar decisões sobre o seu trabalho. Os dados
relevantes se referem às várias manifestações das situações didáticas, nas quais o professor e os alunos
estão empenhados em atingir os objetivos do ensino. A apreciação qualitativa desses dados, através da
31
A relação entre cuidar e educar: assistência ou essência?
Conforme o dicionário o termo "cuidar" significa: imaginar, meditar, julgar, supor, tratar, Ter desvelo
por. Fazer os preparativos. Acautelar-se, assistir, Ter cuidado: cuidar das crianças. Empregar a atenção.
Ter cuidado consigo mesmo, tratar-se (da saúde, etc.). Este seria o conceito de cuidar isoladamente, mas
o que seria o cuidar na Educação Infantil?
A princípio faz-se necessário definir o que seria "educar". De acordo com as ideias contidas no
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, o educar significa:
Propiciar situações de cuidado, brincadeira e aprendizagens orientadas, de forma que possa contribuir
para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal de ser e estar com os outros
em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança e o acesso pela criança aos conhecimentos
mais amplos da realidade social e cultural.
Denota-se ai dentro do que seria educar, uma propensão ao cuidar. Percebe-se desde já que entre
esses dois termos existe uma relação. A luz do R.C.N o cuidar aparece totalmente imbricado no educar,
deixando claro que o cuidar na Educação Infantil deve ser realizado de forma que ajude no
desenvolvimento integral da criança auxiliando assim na construção de sua autonomia.
Todavia, o R.C.N não apresenta pesquisas com experiências que confirmem as ideias apresentadas.
O Referencial curricular Nacional para a Educação Infantil é um documento produzido por um organismo
público, entretanto, a maioria das instituições escolares da rede pública não correspondem, muitas vezes,
com as indicações referidas por esse documento.
Voltando um pouco para o período industrial, neste tinha-se a necessidade de guardar a criança
enquanto seus pais estavam trabalhando. As crianças eram assistidas, ou seja, cuidadas de forma
assistencialista, sem nenhuma proposta pedagógica. Então, pode-se tirar aqui uma definição para o
cuidar assistencialista que seria diferente do cuidar essencial, já que o primeiro só preocupa-se com
alimentação, higiene e saúde da criança, não integrando essas ações ao ato de educar.
Segundo Campos todas as atividades ligadas à proteção e apoio necessários ao cotidiano de qualquer
criança: alimentar, lavar, trocar, curar, proteger, consolar, enfim cuidar, todas fazem parte integrante do
que se entende por educar. Além do caráter assistencialista o cuidar compreende também o caráter
instrucional, educar e cuidar.
Defende-se aqui a ideia de que cuidar é uma espécie de subconjunto do educar, ou seja, o educar
abarca o cuidar de forma que os cuidados físicos, emocionais, sociais, cognitivos se façam presentes no
âmago do educar, sendo assim o cuidar na Educação Infantil está entrelaçado com o educar.
Nota-se que toda forma de educação implica em um cuidado e ao cuidar o professor também está
educando, ressaltando que educar vai além de cuidar. Por exemplo, o profissional da Educação infantil
quando prepara a aula que dará noção de direção para as crianças, ou seja, longe e perto, direita e
esquerda, a criança ao mesmo tempo em que está construindo conceitos de direção, o professor também
automaticamente cuidará do aspecto psicomotor.
O cuidar é algo dinâmico, instantâneo, mas não significa dizer que o educar não esteja presente nesse
momento. Porém o educar é mais profundo é mais abrangente, é um processo. Ao educar o professor
despertará o sujeito a buscar entender certas indagações (porquê? Como? Para quê?) Possibilitando
assim que este sujeito reflita e construa conhecimentos que vai além do ato de educar. Ressaltando que
este "cuidar" apesar de dinâmico não implica em dizer que a criança aprende instantaneamente também
tais conhecimentos.
Ao tratar da ação instantânea do cuidar, pretendia-se mensurar esta questão, penando que estas
relações acontecem dentro de um determinado tempo. Assim sendo caracteriza-se o ato de cuidar como
essencial, e não desvincula do ato de educar, mas salientando que é um processo que requer ma is
elaboração, planejamento etc. Portanto, o ato de educar a criança está inegavelmente integrado ao ato
de cuidá-la.
31 https://www.webartigos.com/artigos/a-relacao-entre-cuidar-e-educar-na-educacao-infantil/21390/
Portanto, na Educação Infantil, o ato de cuidar e educar são indissociáveis, não tem como separar
essas duas ações. O cuidar e o educar estão nas coisas mais simples da rotina pedagógica da Educação
Infantil; desde a hora em que se está trocando uma frauda, alimentando a criança, no momento da
higiene, todos esses aspectos que parecem ser simplesmente "cuidados", eles também podem e devem
ser trabalhados dentro do aspecto educativo. Quando realizamos estas atividades é preciso conversar
com a criança a respeito da necessidade daquele procedimento e já incentivando que ela tente fazer
sozinha, para assim contribuir para a independência da criança.
Os desafios do ato de cuidar na Educação Infantil, como já se sabe, tem uma forte relação com o ato
de educar. Para vencer estes desafios se faz necessário um profissional que possua um perfil polivalente,
ou seja, um educador que trabalhe com conteúdos de naturezas diversas, abrangendo desde cuidados
básicos e essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento.
Nos primeiros anos de vida de uma criança é de extrema importância que o professor propicie o
desenvolvimento dos aspectos cognitivo, físico, afetivo e emocional. Para tanto não poderá desvincular-
se da questão do espaço, tempo, segurança e das brincadeiras, que consequentemente influenciará no
desenvolvimento integral da criança. Estes aspectos são a base para a estruturação da personalidade e
construção da identidade do sujeito. Será destacado aqui, brevemente, esses aspectos.
Para promover o desenvolvimento físico da criança o ideal é que se faça coadunado com os cuidados
afetivos. Defende-se aqui que o cuidar é preocupar-se, doar-se e querer bem ao outro. Por isso nessa
relação de cuidado, adulto e criança nas situações de conversa, brincadeira ou de aprendizagem
orientada, devem interagir, comunicar-se e expressar-se, demonstrando seus modos de agir e sentir,
estabelecendo assim um vínculo afetivo.
Este processo, certamente desenvolverá benefícios perante o aspecto emocional, tanto para a criança
quanto para o adulto. Porém atingirá com grande relevância o plano emocional da criança, o qual deve
ser tratado com atenção privilegiada.
O aspecto emocional funciona como instrumento que dá suporte ao progresso nos diferentes âmbitos
do desenvolvimento infantil. Tudo na Educação infantil é influenciado pelos aspectos emocionais: desde
o desenvolvimento psicomotor, até o intelectual, o social e o cultural.
A descoberta e a observação são capacidades que auxiliam as crianças a construir um processo de
diferenciação dos outros e consequentemente sua identidade. Dessa forma, a conduta do professor pode
suscitar prejuízos de longa duração na vida da criança. A medida que o profissional de Educação Infantil
De acordo com as ideias de Frabboni os jogos constituem a ocasião própria para a socialização e a
aprendizagem. Aquela ideia de aprender brincando e brincando de aprender, remete ao princípio de que
brincar é fundamental na educação infantil. "O professor ajuda a estruturar o campo das brincadeiras na
vida das crianças. Ele organiza sua base estrutural, ajeitando brinquedos, objetos, fantasia, delimitando
os espaços e o tempo para brincar" (RCN).
Froebel o idealizador do jardim de infância, pregava uma pedagogia da ação, e mais particularmente
do jogo. Ele dizia que a criança não deveria apenas olhar e escutar, mas agir e produzir.
Considerações
Considera-se aqui a criança como um ser diferente do adulto, diferenciando-se deste na idade e na
maturidade. Fora estes fatores o limite entre a criança e o adulto é complexo, pois este limite está
associado à cultura, ao momento histórico e aos papéis determinados pela sociedade. Estes papéis
dependem da classe social e econômica em que está inserida a criança e sua família.
A valorização e sentimentos atribuídos a infância nem sempre existiram de forma como hoje são
concebidas, as mudanças econômicas e políticas da estrutura social tem grande influência e participação
na modificação desses sentimentos.
Conclui-se aqui que para uma Educação infantil de qualidade, é de extrema importância que cuidar e
educar estejam imbricados. Para que o indivíduo seja educado ele precisa passar por cuidados essenciais
(cognitivo, afetivo, emocional, físico e social), que compreendam o desenvolvimento integral da criança,
sem os quais seu crescimento estaria comprometido. Não apenas assistência, como a concepção
assistencial da educação da criança, mas como essencial, implicando nos cuidados citados acima.
Sendo assim, cuidar-educar não se separa, a visão de higiene, alimentação e saúde é uma visão
limitada do cuidar. Acredita-se que cuidar é ter responsabilidade e ajudar na promoção de capacidades.
Concebe-se aqui que é necessário cuidar para educar.
Educação Infantil
32 FARIAS, M. (2005) Infância e educação no Brasil nascente. In: VASCONCELOS, V. M. R. (Org.). Educação da infância: história e política. Rio de Janeiro:
DP&A.
“a educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum
indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir no trabalho e nos
estudos posteriores”.
A educação infantil recebeu um destaque na nova LDB, inexistente nas legislações anteriores. É
tratada na Seção II, do capítulo II (Da Educação Básica), nos seguintes termos:
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual
e social, complementando a ação da família e da comunidade.
Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:
I - avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo
de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental;
33RIZZINI, I. (2000). Assistência à infância no Brasil: uma análise de sua construção. Rio de Janeiro: Ed. Universitária Santa Úrsula.
34OLIVEIRA, Z. M. et al. (2001). Creches: crianças, faz de conta e Cia. Petrópolis: Vozes.
35<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm> Acesso em 09/01/2020.
Da leitura desses artigos, é importante destacar, além do que já comentamos a respeito da educação
infantil como primeira etapa da educação básica:
- A necessidade de que a educação infantil promova o desenvolvimento do indivíduo em todos os seus
aspectos, de forma integral e integrada, constituindo-se no alicerce para o pleno desenvolvimento do
educando. O desenvolvimento integral da criança na faixa etária de 0 a 6 anos torna-se imprescindível e
inseparável das funções de educar e cuidar.
- Sendo a ação da educação infantil complementar à da família e à da comunidade, deve estar com
essas articuladas, o que envolve a busca constante do diálogo com as mesmas, mas também implica um
papel específico das instituições de educação infantil no sentido de ampliação das experiências, dos
conhecimentos da criança, seu interesse pelo ser humano, pelo processo de transformação da natureza
e pela convivência em sociedade.
Além da seção específica sobre a educação infantil, a LDB define em outros artigos aspectos
relevantes para essa etapa da educação. Assim, quando trata “Da Organização da Educação Nacional”
(capítulo IV), estabelece o regime de colaboração entre a União, os Estados e o Municípios na
organização de seus sistemas de ensino. É afirmada a responsabilidade principal do município na
educação infantil, com o apoio financeiro e técnico de esferas federal e estadual.
Uma das partes mais importantes da LDB é a que trata Dos Profissionais da Educação. São sete
artigos que estabelecem diretrizes sobre a informação e a valorização destes profissionais. Define o Art.
62 que a “formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de
licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admita para
formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do
ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal”.
As práticas desenvolvidas entre adultos e crianças de zero a três anos, no contexto das creches, são
relações humanas permeadas por múltiplas influências. Dentre elas, Barreto 36, destaca diversos aspectos
interligados, tais como:
- os princípios e valores constituídos em uma esfera cultural, no interior das famílias e das comunidades
locais;
- os movimentos sociais que fortaleceram esta instituição como um local de referência para mulheres
trabalhadoras e seus filhos;
- e, ainda, as contribuições de estudiosos e pesquisadores, que definem tendências teóricas que irão
contribuir para a construção dos modelos educacionais adotados.
Como decorrência desta determinação diversa, definem-se diferentes funções para as creches no
contexto da sociedade brasileira: como recurso que beneficia a mãe trabalhadora, ou como instrumento
social para prevenir o fracasso escolar das crianças mais pobres, ou ainda como uma instância educativa,
que contribuiria para uma sociedade mais justa e um exercício de cidadania em prol da população infantil.
Para Garcia37, o ambiente tem um impacto poderoso na criação das crianças, isso implica na forma
como elas vão se socializando e adquirindo conhecimento. Em cada fase do relacionamento entre
crianças e família, observa-se muitas características de prazer e de dificuldade que geram
comportamentos desorganizados.
As mudanças que ocorrem durante a infância são mais amplas e aceleradas do que qualquer outra
que venha a ocorrer no futuro. Sendo que dos três aos seis anos as crianças vivem a segunda infância,
período que corresponde aos anos pré-escolares.
Nesta fase, segundo Rocha et al38, a aparência das crianças muda, suas habilidades motoras e
mentais florescem e sua personalidade torna-se mais complexa. Todos os aspectos do desenvolvimento
Brincadeira
O respeito incondicional ao brincar e à brincadeira é uma das mais importantes funções da educação
infantil, não somente por ser no tempo da infância que essa prática social se apresenta com maior
intensidade, mas, justamente, por ser ela a experiência inaugural de sentir o mundo e experimentar-se,
de aprender a criar e inventar linguagens através do exercício lúdico da liberdade de expressão. Assim,
não se trata apenas de um domínio da criança, mas de uma expressão cultural que especifica o humano.
São as primeiras experiências de cuidado corporal que desencadeiam os processos de criação do
campo da confiança. Essa confiabilidade se manifesta na presença de cuidados atentos e seguros, que
protegem o bebê, assim como na proposição de um ambiente que favorece o êxito das ações
desencadeadas por ele, proporcionado pela constante proximidade do adulto que responde às
solicitações de interação e segue o ritmo do bebê. O importante é que o bebê possa conduzir e o adulto
se deixe conduzir, estabelecendo seu direito a uma atitude pessoal desde o começo. É esse o princípio
da autonomia, porém o adulto, ou qualquer outro interlocutor, também pode, e deve oferecer
complementos e desafios. Nessa perspectiva, aprender a “estar só” é uma conquista da criança, baseada
na confiabilidade e no ambiente favorável no qual possa se manifestar. Desafiando os limites da
segurança, gradualmente ela encontra nessa confiança a necessária sustentação para abandonar o
conforto da proteção e se lançar em sua aventura com o mundo.
Antes de brincar com objetos, o bebê brinca consigo mesmo, com a mãe, o pai, os irmãos e outras
pessoas. Antes de poder segurar algo nas mãos, já brinca de abrir e fechar os olhos, fazendo o mundo
aparecer e desaparecer. O bebê, desde suas primeiras experiências lúdicas de explorações e
experimentações sensoriais e motoras, nos mostra uma das mais importantes características do brincar
e das brincadeiras: as crianças brincam porque gostam de brincar, e é precisamente no divertimento que
reside sua liberdade e seu caráter profundamente estético. Esse divertimento resiste a toda análise e
interpretação lógicas, porque se ancora na dinâmica de valorar e significar o vivido através da imaginação,
mostrando que somos mais do que simples seres racionais.
Brincar, jogar e criar estão intimamente relacionados, pois iniciam juntos. O brincar é sempre uma
experiência criativa, uma experiência que consome um espaço e um tempo, configurando uma forma
básica de viver. Um momento significativo no brincar é aquele da admiração, no qual a criança surpreende
a si mesma.
Nas práticas culturais que definem a atividade lúdica em cada grupo social, e em cada brincadeira em
particular, a criança pequena apreende brincando, brincando e as complexificando e brincando as utiliza
em novos contextos, sozinha ou com outras crianças. A presença de uma cultura lúdica preexistente torna
possível o brincar como uma atividade cultural que supõe aprendizagens de repertórios e vocabulários
que a criança opera de modo singular em suas brincadeiras e jogos. Assim, os repertórios e o vocabulário
de jogo disponíveis para os participantes em um determinado grupo social compõem a cultura lúdica
desse grupo e os repertórios e o vocabulário que um indivíduo conhece compõem sua própria cultura
lúdica.
Os artefatos e as brincadeiras ensinadas pelos adultos, e observadas, imitadas e transformadas pelas
crianças, tornam-se o repertório inicial. Assim como a geração adulta é importante na transmissão cultural,
as crianças mais velhas também são importantes agentes de divulgação da cultura lúdica ao
apresentarem outros repertórios e outros vocabulários.
A brincadeira é a cultura da infância, produzida por aqueles que dela participam e acionada pelas
próprias atividades lúdicas. As crianças aprendem a constituir sua cultura lúdica brincando. Toda cultura
é processo vivo de relações, interações e transformações. Isso significa que a experiência lúdica não é
transferível, não pode ser simplesmente adquirida, fornecida através de modelos prévios. Tem que ser
vivida, interpretada, co-constituída, por cada criança e cada grupo de crianças em um contexto cultural
dado por suas tradições e sistemas de significações que tem que ser interpretados, ressignificados,
rearranjados, recriados, incorporados pelas crianças que nesse contexto chegam.
Afetividade
Falar sobre a afetividade na relação interpessoal educador/educando é fundamental para o processo
de ensino aprendizagem e relevante para que o aluno consiga um bom desempenho no seu
desenvolvimento.
No dicionário Aurélio, a afetividade é definida como um “conjunto de fenômenos psíquicos que
manifestam sentimentos e paixões, acompanhados sempre dá impressão de dor, insatisfação, de agrado
ou desagrado, de alegria ou de tristeza” (Ferreira41). Alguns autores como Saltini42 definem a afetividade
como “atitudes, valores, comportamentos moral e ético, desenvolvimento pessoal, desenvolvimento
social, motivação, interesse e atribuição, ternura, empatia, sentimentos e emoções”.
Diante das definições citadas, podemos verificar que a afetividade pode ser demonstrada por meio de
manifestações que envolvem emoções, sentimentos e paixões da vida afetiva. Faz-se necessário, então,
que os professores propiciem um clima de cordialidade e respeito mútuo, para que, desta forma, os alunos
tenham autoestima e obtenham resultado positivo no aspecto cognitivo na escola e fora dela.
Acredita-se que, ainda hoje, muitos educadores não percebem a importância da afetividade em sua
prática pedagógica, levando em consideração somente a transmissão de conteúdos. Entretanto, sabemos
que a educação está além do aspecto cognitivo. Sabe-se que existem muitas formas de ensinar, pois “o
ato de educar só se dá com afeto, só se completa com amor” (Chalita43).
41 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Nova Fronteira. (fascículos folha de São Paulo), 1994/1995.
42 SALTINI, Cláudio J. P. Afetividade & inteligência. Rio de Janeiro: DPA, 1997.
43 CHALITA, Gabriel. Educação: a solução está no afeto. 8 ed. São Paulo: gente, 2001.
Dessa forma, é importante a relação entre os atores escolares para a formação integral do sujeito, pois
muitos alunos, quando vão à escola, levam problemas que são detectados pelo professor, antes mesmo
que na própria família. Contudo, muitas vezes são constatados, condenados ou esquecidos, rapidamente,
em função do conhecimento formal, do currículo escolar, não se determinando tempo para o trabalho com
a dimensão afetiva do(a) aluno(a).
Segundo Chalita, “é importante que o professor tenha entusiasmo, paixão, que vibre com as conquistas
de cada um de seus alunos, não discrimine ninguém, não se mostre mais próximo de alguns alunos,
deixando os outros à deriva”. Para o autor, o professor que se busca construir é aquele que consegue de
verdade ser um educador, que conhece o universo do educando, que tenha bom senso, que permita e
proporcione o desenvolvimento da autonomia de seus alunos. De acordo com Silva, a escola comete
erros porque desconhece as características do funcionamento da mente humana em suas fases de
desenvolvimento; erra por não conhecer conteúdos culturais que possam contextualizar concretamente
os alunos, e erra ainda, por desconhecer as histórias de vida de cada um.
A partir desses conceitos, é preciso que a educação brasileira aponte para políticas públicas que
tenham como meta uma escola de qualidade para todos. Contudo, percebemos que além dos conteúdos
ministrados, para uma educação de qualidade, o professor deve estar consciente do seu papel na relação
professor/aluno, bem como dos aspectos afetivos para a formação de um cidadão que se relaciona e
interaja com os outros. A afetividade é um sentimento gerador de energia que envolve as crianças desde
seu nascimento, influenciando em seu processo de aprender, e assim, em sua formação.
Nesse sentido, o professor deve acolher seu aluno, e isto é uma habilidade fundamental no que se
refere às relações humanas. Para que isso ocorra, é preciso que o professor mude sua postura no ato de
educar, tendo clareza de que ensinar é um gesto que deve ser aplicado através de atos como direcionar,
oportunizar, orientar, motivar e construir conhecimentos. Deve, também, o educador levar em
consideração o importante desejo do aluno de se autodescobrir para aprender, fator imprescindível no
início de sua aprendizagem significativa. Com isso, promoverá o desenvolvimento equilibrado dos
recursos da inteligência que o aluno tem e não apenas da memória. Acerca desse assunto, Masseto
(apud Kullok46) afirma que quando pensamos em ensinar, as ideias associativas nos levam a instruir, a
comunicar conhecimentos ou habilidades, fazer, saber mostrar, guiar, orientar, dirigir ações de um
professor que aparece como agente principal e responsável pelo ensino.
Assim, sabemos que para ocorrer a aprendizagem, é preciso que seja em uma relação de amizade,
solidariedade e respeito mútuo entre professor e aluno. É preciso que a afetividade esteja presente em
cada momento, nesse processo, para que possa promover o desenvolvimento integral e harmonioso do
educando, para assim, facilitar a aprendizagem através de seus conhecimentos.
Além do mais, enfatizando a ideia da importância do ambiente escolar no processo ensino
aprendizagem é que Nogueira47, afirma:
[...] O ambiente escolar na sua forma mais clássica, os métodos por muitos empregados e a leitura
que alguns professores fazem dos alunos como sendo uma “tabula rasa”, desprovido de origem, histórias,
conhecimentos prévios e que, por consequência, está em sua sala de aula para ouvir passivamente as
informações do detentor do conhecimento, são as principais fontes geradoras da desmotivação. Com
estes procedimentos educacionais a possibilidade de o aluno estar ativo ao meio e a ação é totalmente
coibida, e desta forma acreditamos que a única motivação intrínseca que o aluno pode ter é a de rea gir
não aprendendo.
Entretanto, é importante ressaltar ainda que os educadores, como profissionais ligados à educação,
atuem conscientes de seu dever, tendo em vista que sua responsabilidade se dá pelo fato de estar lidando
com pessoas, exigindo por isso que o processo de ensino seja ministrado com seriedade, mas também
com afetividade, por ser de suma importância nesse processo. Para Freire48, ensinar é uma tarefa
profissional que, no entanto, exige amorosidade, criatividade e competências. O processo de ensinar, que
implica o de educar e vice-versa, envolve a paixão do conhecer que nos insere numa busca prazerosa,
ainda que nada fácil. Lidamos com gente, com criança, adolescentes ou adultos. Participamos de sua
formação. Ajudamo-las ou prejudicamos nessa busca.
A afetividade é um aspecto no qual se inserem grandes manifestações que devem ser praticadas em
todo lugar. No cotidiano escolar, espaço onde a criança fica maior parte de seu tempo com o professor,
46 KULLOH, Maisa Gomes Brandão. Relação professor/aluno: contribuição à prática pedagógica. Maceió: Edufal, 2002.
47 NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia dos projetos: uma jornada interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das múltiplas inteligências. São Paulo: Erica, 2001.
48 FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. 11 ed. São Paulo: Olhos D’Água, 2002.
Desta forma, devemos ressaltar que, no processo da relação entre sujeitos, é fundamental a busca do
conhecimento, e isso só será alcançado se houver um processo em que haja interação entre professor
(ensino) e aluno (aprendizado), que tem como objetivo produzir mudanças. Segundo Rogers (apud
Ribeiro50), mudar o foco do ensino para a facilitação da aprendizagem, ou seja, não se preocupar tanto
com as coisas que o aluno deve aprender ou com aquilo que vai ser ensinado, mas sim com o como, por
que e quando aprendem os alunos, como se ouve e se sente a aprendizagem, e quais as suas
consequências sobre a vida do aluno.
De acordo com o autor, também o professor deve buscar identificar, nos fatores implicados em cada
situação, aqueles que agem como combustíveis para o agravamento da crise, tendo em vista a
suscetibilidade das manifestações emocionais às reações do meio social. Acredita-se que os
encaminhamentos de professor, se adequados, podem influir decisivamente sobre a redução dos efeitos
desagregadores da emoção.
Contudo, muito se tem discutido hoje sobre a superficialidade das relações humanas na vida social,
em que as pessoas têm cada vez mais deixado seus sentimentos de lado. O mundo hoje está dominado
pelo jogo de interesses, pelo consumismo, pela luta pela sobrevivência, entre outros que têm contribuído
para uma humanidade em que há falta de afeto.
Faz-se necessário, então, que o educador conheça bem seu aluno, no que diz respeito a suas
inseguranças, dificuldades, bem como o contexto de vida em que ele se encontra, suas relações
familiares, sua relação com os colegas, até mesmo com seu professor. “Para educar o ser humano é
fundamental conhecê-lo profundamente, bem como respeitar seu desenvolvimento, tendo a percepção
correta de como esse ser se desenvolve” (Mendonça51).
Neste sentido, um professor sensato é aquele que tem plena consciência de sua postura dentro da
sala de aula, levando em consideração sua relação com o aluno. O educador deve proporcionar um
ambiente harmonioso, numa relação de respeito e, assim, o desenvolvimento da criança será melhor em
todos os aspectos.
49 SILVA, Adriana Vera. Afetividade: será que sua classe enxerga você assim? Revista Nova Escola, 1996.
50 RIBEIRO, José Geraldo Gomes da Cruz. Relação professor/aluno: contribuição à prática pedagógica. Maceió: Edufal, 2002.
51 MENDONÇA, Mônica Marques. A importância da afetividade na relação professor/aluno. 2005, 36p. Monografia (graduação em Pedagogia). Faculdade de
Alimentação
Esta fase é caracterizada pelo amadurecimento da habilidade motora, da linguagem e das habilidades
sociais relacionadas à alimentação, sendo este um grupo vulnerável que depende dos pais ou
responsáveis para receber alimentação adequada54.
A fase pré-escolar envolve comportamentos e atitudes que persistirão no futuro, podendo determinar
uma vida saudável, à medida que um conjunto de ações que envolvem o ambiente familiar e escolar
forem favoráveis ao estímulo e a garantia de práticas alimentares adequadas.
As creches devem proporcionar condições de garantia para o desenvolvimento do potencial de
crescimento adequado e a manutenção da saúde integral das crianças, envolvendo aspectos
educacionais, sociais, culturais e psicológicos.
A OMS e o Ministério da Saúde recomendam o aleitamento materno exclusivo por seis meses e
complementar até os 2 anos ou mais.
Os benefícios e as vantagens da amamentação devem estimular profissionais da educação e da saúde
a utilizarem seus conhecimentos no sentido de promover e apoiar esta prática.
Nas creches, visando contribuir para a manutenção do aleitamento materno pelo maior tempo possível,
os líquidos deverão ser oferecidos as crianças em copos ou colheres. Deve-se lembrar que a mãe poderá
continuar a amamentar a criança em casa, de manhã e à noite e deve-se buscar facilitar esta prática,
evitando-se o desmame total da criança.
Na impossibilidade do aleitamento materno em tempo integral, como no caso de lactentes
frequentadores de creches em período integral a partir dos 4 meses, há necessidade de algumas
orientações:
52 SALTINI, Claudio J.P. Afetividade e inteligência: a emoção na educação. 3 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.
53 WEIL, Pierre. A criança, o lar e a escola. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.
54 Manual de orientação para a alimentação escolar na educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e na educação de jovens e adultos / [organizadores
Francisco de Assis Guedes de Vasconcelos...et al.] - 2. ed. - Brasília: PNAE: CECANE-SC, 2012.
Restrições Alimentares
Na alimentação complementar não devem ser oferecidas preparações contendo sal, açúcar e gordura
em excesso. Os alimentos devem ser de fácil preparação, adquiridos, armazenados e preparados de
forma a não apresentar riscos de contaminação. Devem ser ricos em micronutrientes, em quantidade
adequada a idade da criança, sendo que os alimentos consumidos pelos adultos devem ser utilizados e
introduzidos gradualmente.
Não deve ser oferecido as crianças refrigerantes, sucos industrializados, doces em geral, balas,
chocolate, sorvetes, biscoitos recheados, salgadinhos, enlatados, embutidos. Estes alimentos possuem
excesso de gordura, açúcar, conservantes ou corantes e podem comprometer o crescimento e
desenvolvimento, promover a carências de vitaminas e minerais, além de aumentarem o risco de doenças
como alergias e obesidade.
É importante considerar que as práticas alimentares são adquiridas durante toda a vida, destacando-
se os primeiros anos como um período muito importante para o estabelecimento de hábitos alimentares
que promovam a saúde do indivíduo desde a infância até a idade adulta.
A escola por sua vez exerce notável influência na formação de crianças e adolescentes constituindo-
se num centro de convivência e ensino-aprendizagem, onde deve haver um envolvimento de toda a
comunidade escolar, alunos, professores, funcionários, pais e nutricionista, que participem de forma
integrada em estratégias e programas de promoção da alimentação saudável, garantindo assim a
qualidade das refeições servidas.
Higiene e Saúde
O reconhecimento de que as instituições educacionais devem preocupar-se com a saúde e bem-estar
das crianças é expresso em vários documentos publicados no País que norteiam as políticas públicas de
educação, saúde e justiça social, bem como a literatura especializada. Contudo o entendimento amplo do
que significa essa dimensão e, sobretudo, a organização, as atitudes e os procedimentos necessários
para sua efetivação com a participação da criança, ainda são controversos.
A importância de considerarmos a promoção da saúde e bem-estar das crianças como uma
responsabilidade das instituições educativas em parceria com familiares e serviços de saúde começa pela
aceitação do fato de que é impossível cuidar e educar crianças sem influenciar ou ser influenciado pelas
práticas sociais relativas à manutenção e recuperação da saúde e bem-estar dos envolvidos neste
processo. Mas para que esta influência seja promotora do crescimento e desenvolvimento saudáveis em
cada contexto sociocultural, é preciso que os professores e gestores em Educação Infantil reflitam
criticamente sobre as informações que possuem do processo saúde-doença das crianças brasileiras, das
diversas e, às vezes, controversas mensagens indiretas e diretas que recebem via mídia, revistas, jornais
e outros meios de informação. Desta forma estarão conscientes de que as escolhas individuais e coletivas
ao planejarem, organizarem e operarem a rotina cotidiana relativa às atitudes e aos procedimentos dos
cuidados, às brincadeiras e atividades educativas (stricto sensus), podem influenciar as práticas culturais
de cuidado infantil e a saúde individual e coletiva das crianças e da comunidade onde estão inseridas.
A importância da dimensão do trabalho dos professores neste âmbito, é que as crianças que convivem
no espaço de uma creche ou pré-escola e interagem com os colegas e profissionais da unidade,
continuam interagindo diariamente com seus familiares nas comunidades onde residem e com as quais
se relacionam. Isto implica reconhecer que todos os aspectos dessa diversidade de relações devem ser
“A dimensão do cuidado, no seu caráter ético, é assim orientada pela perspectiva de promoção da
qualidade e sustentabilidade da vida e pelo princípio do direito e da proteção integral da criança. O
cuidado, compreendido na sua dimensão necessariamente humana que coloca homens e mulheres em
relações de intimidade e afetividade, é característico não apenas da Educação Infantil, mas de todos os
níveis de ensino. Na Educação Infantil, todavia, a especificidade da criança bem pequena que necessita
do professor até adquirir autonomia para os cuidados de si, expõe de forma mais evidente a relação
indissociável do educar e cuidar nesse contexto”
(Parecer CNE/CEB nº 20/09, que aponta as Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Infantil).
Repouso
Assim como os demais espaços da instituição, o espaço destinado a esta faixa etária deve ser
concebido como local voltado para cuidar e educar crianças pequenas, incentivando o seu pleno
desenvolvimento. As crianças de 0 a 1 ano, com seus ritmos próprios, necessitam de espaços para
engatinhar, rolar, ensaiar os primeiros passos, explorar materiais diversos, observar, brincar, tocar o
outro, alimentar-se, tomar banho, repousar, dormir, satisfazendo, assim, suas necessidades essenciais.
Recomenda-se que o espaço a elas destinado esteja situado em local silencioso, preservado das áreas
de grande movimentação e proporcione conforto térmico e acústico.
Espaço destinado ao repouso, contendo berços ou similares onde as crianças possam dormir com
conforto e segurança. Recomenda-se que sua área permita o espaçamento de no mínimo 50 cm entre os
berços para facilitar a circulação dos adultos entre estes.
Sugestões para os aspectos construtivos:55
- Piso liso, mas não escorregadio e de fácil limpeza;
- Janelas com abertura mínima de 1/5 da área do piso, permitindo a ventilação e a iluminação natural,
visibilidade para o ambiente externo, com possibilidade de redução da luminosidade pela utilização de
veneziana (ou similar) vedada com telas de proteção contra insetos, quando necessário;
- Portas com visores, largas, que possibilitem a integração entre as salas de repouso e de atividades,
facilitando o cuidado com as crianças;
- Paredes pintadas com cores suaves; no caso de iluminação artificial, que seja preferencialmente
indireta.
- O programa para as creches prevê educação e cuidado de forma integrada visando, acima de tudo,
o bem-estar e o desenvolvimento da criança56;
- A melhoria da qualidade dos serviços oferecidos nas creches é um objetivo do programa;
55 Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros básicos de infraestrutura para instituições de educação infantil: Encarte 1. Brasília:
Questões
01. (UFPR - Prefeitura de Curitiba/PR - Docência I) Em um grupo de berçário, uma das professoras
convida os bebês, que estão envolvidos em situações diversificadas pela sala na companhia das demais
professoras, para trocar a fralda. Todo o processo, desde o momento de retirada do bebê da sala para o
trocador, é mediado pela fala da professora, que pede licença para pegar o bebê e trocá-lo, que enuncia
cada ação que desenvolve de forma antecipada e procura atribuir sentido às expressões e manifestações
corporais dos bebês expressando por palavras a sua interpretação. Todo esse processo de comunicação
da professora com o bebê é importante porque:
(A) No primeiro ano de vida, o bebê utiliza a linguagem não verbal, ou seja, as emoções e intenções
são expressas pelo corpo e interpretadas pelo adulto. O agir do bebê é estimulado pelo adulto, que reage
lhe dando uma resposta.
(B) A incapacidade do bebê de comunicar aquilo que sente exige que a professora interprete e atribua
sentido de acordo com aquilo que intenciona. Assim, o que predomina não são as emoções e intenções
do bebê, mas da professora.
04. (Prefeitura de Betim/MG - Professor de Educação Infantil) A Educação Infantil é um direito das
crianças brasileiras. Em relação à função das instituições de ensino infantil, é CORRETO afirmar que:
(A) Se prestam ao cuidado de crianças de 0 a 2 anos, substituindo a ação de familiares que não têm
disponibilidade para cuidar de seus filhos, por falta de renda ou por trabalhar fora de casa.
(B) Desenvolvem práticas assistencialistas, reforçando a parceria entre Estado, comunidades carentes
e grande capital financeiro.
(C) Atendem populações de 0 a 6 anos, para oferecer cuidado referente à higiene, à alimentação, à
saúde e ao desenvolvimento de atividades psicopedagógicas e lúdicas.
(D) As creches e pré-escolas existem porque atendem a um direito das famílias, principalmente, das
mães trabalhadoras, que precisam ser liberadas das tarefas domésticas.
05. (SEARH/RN - Professor - Anos Iniciais - IDECAN) Conceber a criança como o ser social que ela
é significa, EXCETO:
(A) Ocupar um espaço somente geográfico.
(B) Pertencer a uma classe social determinada.
(C) Considerar que a criança tem uma história.
(D) Estabelecer relações definidas segundo seu contexto de origem.
06. Acerca das teorias psicológicas que fundamentam a aprendizagem humana, julgue o item a seguir:
As crianças aprendem a cuidar de si mesmas através de repetição e memorização.
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito
Respostas
01. Resposta: A.
As sensações corporais, como as que nos informam que estamos com vontade de ir ao banheiro ou
com fome, ou cansados, são uma importante linguagem que comunica que precisamos parar a atividade
do momento para recuperar o bem-estar, como ir ao sanitário, tomar água, alimentar-se ou descansar.
02. Resposta: D.
O cuidar e o educar são indissociáveis, são ações intrínsecas, portanto é de fundamental importância
que as instituições de educação infantil incorporem de maneira integrada as funções de cuidar e educar,
não mais diferenciando, nem hierarquizando os profissionais e instituições que atuam com crianças
pequenas ou àqueles que trabalham com as de mais idade.
03. Resposta: B.
É importante salientar que a criança se desenvolve e se socializa em diferentes espaços e que,
portanto, desenvolvimento e socialização não definem o papel da educação infantil, exclusivamente.
Como etapa da educação básica, integrada aos sistemas de ensino, a Educação Infantil deve
proporcionar o acesso aos conhecimentos produzidos pela humanidade em diferentes tempos, espaços
e culturas, de forma contextualizada, crítica e adequada às faixas etárias, possibilitando a ampliação do
universo cultural de cada criança, a compreensão da realidade e a interação com o mundo. As instituições
de Educação Infantil devem ser, assim, mais um espaço de socialização e desenvolvimento, tendo como
tarefa específica o trabalho com o conhecimento.
04. Resposta: C.
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem com finalidade o desenvolvimento integral
da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da comunidade.
05. Resposta: A.
Ocupar um espaço somente geográfico caracteriza claramente o desprezo as peculiaridades da
criança como um ser em desenvolvimento.
A Utilização de Projetos57
A realização dos projetos, de forma interdisciplinar, ou seja, de forma que envolva o todo, faz com que
as crianças promovam ações coletivas e cooperativas, de socialização com as demais crianças e com os
adultos que estão a sua volta, auxilia na resolução de conflitos, na produção de autonomia e interesse
sobre determinados assuntos de forma a argumentar e questionar na busca do entendimento e das
soluções. As crianças serão corresponsáveis pela construção do seu próprio conhecimento, agindo assim
ativamente em todas as partes integrantes do processo. Seguindo a linha de pensamento de Queiroz58,
57Texto adaptado de Claudiani Quartezani Santos e Daiana Vulpe <https://bit.ly/2Wc5KZu>
58QUEIROZ, Dayse Cristina Souza de. Projetos na Educação Infantil. Disponívelem:http://pt.scribd.com/doc/117142806/PROJETOS-NA-EDUCACAO-INFANTIL-
Barbosa.
Os projetos podem ser planejados e organizados de inúmeras formas, porém algumas ações são
fundamentais:
1. Tema: delimitar e conhecer bem o assunto que será estudado e pesquisá-lo previamente.
2. Objetivos: escolher uma meta de aprendizagem principal e outras secundárias que atendam às
necessidades de aprendizagem
3. Conteúdos: ter clareza do que as crianças conhecem e desconhecem sobre o tema e o conteúdo
do trabalho.
4. Tempo estimado: construir um cronograma com prazos para cada atividade, delimitando a duração
total do trabalho.
5. Material necessário: selecionar previamente os recursos e materiais que serão usados, como sites
e livros de consulta.
6. Apresentação da proposta: deixar claro para a sala os objetivos sociais do trabalho e quais os
próximos passos.
7. Planejamento das etapas: relacionar uma etapa à outra, em uma complexidade crescente.
8. Encaminhamentos: antecipar quais serão as perguntas que você fará para encaminhar a atividade.
9. Agrupamentos: prever quais momentos serão em grupo, em duplas e individuais.
10. Versões provisórias: revisar o que a garotada fez e pedir novas versões do trabalho.
11. Produto final: escolher um produto final forte para dar visibilidade aos processos de aprendizagem
e aos conteúdos aprendidos.
12. Avaliação: prever os critérios de avaliação e registrar a participação de cada um ao longo do
trabalho.
Embora, às vezes, pareça que objetivos de disciplinas diferentes estejam coordenados numa mesma
proposta, muitas vezes só os relacionados a uma delas estão sendo desenvolvidos. Num cenário ainda
pior - e também comum -, não são trabalhados de forma correta os conteúdos de nenhuma das áreas.
Um bom projeto é aquele que indica intenções claras de ensino e permite novas aprendizagens
relacionadas a todas as disciplinas envolvidas.
Como o exemplo, um projeto de Ciências que tem como objetivo ensinar procedimentos de pesquisa.
Se os alunos tiverem de produzir um relatório e já forem experientes na escrita desse gênero, não é
possível dizer que ele envolve a disciplina de Língua Portuguesa - afinal, eles só estão colocando em jogo
o que sabem. Isso vai efetivamente ocorrer se a tarefa for produzir um artigo científico e esse tipo de texto
for novo para todos.
A ideia de que projetos didáticos precisam ser interdisciplinares pode estar relacionada a uma confusão
entre essa estratégia, os projetos institucionais e os temas geradores. Os projetos institucionais são
ações que envolvem toda a escola em torno de um mesmo objetivo - por exemplo, produzir um
jornal ou uma campanha. Nesse caso, cada professor precisa pensar em atividades relacionadas a ele
para desenvolver com sua turma.
Não há necessariamente um produto final ou um propósito social para o trabalho. Já quando é definido
um tema gerador, como meio ambiente, cabe ao professor escolher quais serão os conteúdos a enfocar
e os objetivos a alcançar. O problema, nesse caso, é organizar as atividades em cima de um tema
Pré-escola
Conteúdos: Natureza e sociedade, linguagem oral e comunicação e exploração e linguagem plástica.
Por que é adequado
- Aproxima as crianças de práticas sociais, como a busca por informações e a apresentação delas.
- Traz um novo propósito para a leitura em aula: ler para estudar e para saber mais sobre um tema.
Erros mais comuns
- Planejar projetos curtos (de uma semana) porque envolvem os pequenos.
- Focar o acabamento do produto final, descaracterizando a produção das crianças.
Língua portuguesa
Conteúdos: Sistema alfabético de escrita, comunicação oral, comportamentos escritores e leitores.
Por que é adequado
- Fornece um contexto favorável de leitura e escrita aos que não estão alfabetizados.
- Articula o conhecimento sobre o sistema de escrita aos conteúdos relacionados à linguagem.
- Favorece a união dos propósitos didáticos aos sociais, já que a turma sabe para quem, por que e o
que escrever.
Erros mais comuns
- Desperdiçar a oportunidade de refletir sobre o sistema alfabético.
- Planejar as mesmas atividades para alunos alfabéticos e não alfabéticos.
- Trabalhar sempre com os mesmos propósitos de leitura, escrita e oralidade.
- Focar o trabalho no produto final.
Matemática
Conteúdos: Leitura, escrita, comparação e ordenação de escrita numérica.
Por que é adequado
- Traz os números nos contextos cotidianos, o que nos anos iniciais dá mais sentido às atividades,
apesar de não ser imprescindível.
Erros mais comuns
- Simular mercadinhos e não propor a reflexão sobre as operações utilizadas.
- Dar mais atenção ao produto final, deixando em segundo plano o conteúdo que se quer ensinar.
Ciências
Conteúdos: Procedimentos e atitudes científicas.
Por que é adequado
- Mostra à turma a importância de buscar soluções, interpretar dados, observar e registrar descobertas.
- Promove a divulgação dos conhecimentos produzidos pelos alunos para destinatários reais.
Erros mais comuns
História
Conteúdos: Procedimentos de pesquisa e História oral e local.
Por que é adequado
- Cria situações significativas de pesquisa, semelhantes às vividas por historiadores.
- Garante que os alunos leiam e escrevam sobre o tema para um destinatário real, o que é essencial
para preservar as características sociais da linguagem nessa área.
Erros mais comuns
- Aceitar a simples cópia de informações.
- Não ajudar na interpretação dos textos.
- Ignorar as relações entre o passado e o presente.
- Adaptar textos ou apenas usar aqueles considerados de fácil leitura.
Geografia
Conteúdos: Geografia física e Geografia cultural.
Por que é adequado
- Evita a fragmentação do saber geográfico
- Permite articular os diferentes campos de estudo da área, como o relevo relacionado a estudos de
caso na cidade e no campo.
Erros mais comuns
- Pedir apenas textos descritivos.
- Não desenvolver a cartografia temática.
- Deixar de lado o trabalho investigativo.
- Não relacionar a paisagem à cultura.
Educação Física
Conteúdos: Práticas da cultura corporal e conhecimentos sobre o corpo.
Por que é adequado
- Possibilita o estudo das manifestações corporais, unindo as questões sociais, físicas, culturais e
econômicas envolvidas nessas práticas.
- Ajuda a mudar a concepção das aulas, colocando as práticas corporais como parte de um processo
maior de aprendizagem.
Erros mais comuns
- Deixar de sistematizar os conhecimentos adquiridos durante o trabalho.
- Não pedir que os alunos produzam materiais escritos e de apoio à pesquisa.
- Supervalorizar as aulas práticas e dar menos atenção às questões teóricas.
Língua estrangeira
Conteúdos: Comportamentos leitores e escritores.
Por que é adequado
- Coloca os alunos em situações sociais de uso do idioma, como a ida ao cinema.
- Possibilita à turma entrar em contato com outros falantes, além de textos, vídeos e jogos interativos.
Erros mais comuns
- Planejar sem adequar os desafios à experiência anterior de cada estudante.
- Usar materiais não adequados às características da turma.
Arte
Conteúdos: Produção e reflexão sobre Arte.
Por que é adequado
- Cria situações significativas de pesquisa, semelhantes às vividas por historiadores.
- Garante que os alunos leiam e escrevam sobre o tema para um destinatário real, o que é essencial
para preservar as características sociais da linguagem nessa área.
Erros mais comuns
- Pedir que os alunos sempre façam releituras e não incentivar que criem.
- Organizar o produto final sem a participação dos estudantes.
- Não incluir o trabalho de todos no produto final.
O primeiro passo é ter clareza sobre o que você quer ensinar, o que espera que os alunos
aprendam e o que eles já sabem. Assim é possível garantir dois importantes critérios didáticos: a
continuidade e a variedade de conteúdos ao longo dos anos.
Um alerta: ter de replanejar uma parte do projeto é muito diferente de desenvolver o trabalho
de forma intuitiva. Quando não há um plano, as intervenções ficam menos efetivas e o professor
tem de correr, ao término de cada aula, para preparar as atividades da próxima. Replanejar é
retornar à etapa anterior, incluir uma nova ou repensar aspectos das que estavam previstas.
Avaliação
No caso dos projetos, são três os eixos de aprendizagem que podem ser considerados na avaliação:
- Conteúdo;
- Aprofundamento no tema;
- Aproximação com a prática social relacionada ao produto final.
As respostas dadas pelos alunos ao longo do processo dão pistas sobre o que já foi compreendido e
no que ainda é preciso avançar, assim como os momentos de sistematização dos conteúdos - quando a
turma define com suas palavras os conceitos estudados. Para Delia Lerner, o processo permite diminuir
a incerteza do professor e do aluno porque nele se passam a limpo os conteúdos ensinados e aprendidos.
Outra boa estratégia é, no fim de cada atividade, fazer uma análise das produções, que funcionam como
um retrato da aprendizagem até aquele ponto. O conjunto delas pode revelar os avanços e os problemas
enfrentados por cada um. Da mesma maneira, o produto final, em suas sucessivas versões, também
mostra o percurso pelo qual o aluno passou. Os projetos possibilitam ainda uma avaliação do trabalho do
professor e indicam em que pontos sua condução precisa ser ajustada. Um meio de fazer isso é pensar
nos objetivos de ensino e nas condições didáticas oferecidas. A análise das produções realizadas e das
respostas dadas pelos estudantes no desenvolvimento do projeto também pode ser vista sob a ótica do
ensino. Algumas questões que norteiam as análises: a forma de conduzir o trabalho foi adequada? Foram
feitas intervenções sempre que necessário? As atividades responderam ao objetivo de cada etapa? Os
materiais usados foram adequados? O tempo previsto foi suficiente? Esse tipo de reflexão tem uma
importância formativa única para o professor e pode impactar positivamente a prática cotidiana.
São duas as funções principais das cerimônias de fechamento de um projeto didático: dar ao aluno
visibilidade para o processo de aprendizagem pelo qual passou e apresentar o trabalho da turma para a
comunidade e os pais, que são estimulados a perceber o avanço de seus filhos.
O evento só cumprirá esses dois papéis se estiver prevista a exposição dos objetivos de cada atividade
realizada, dos registros das várias versões do produto final e das fotos que ilustram o processo. Fazer
uma festa bonita não deve ser a maior preocupação da escola- como é bastante comum -, mas o mínimo
de organização precisa ser garantido.
Sem despender muito tempo nessa tarefa, professores e gestores precisam tomar uma série de
providências, como conseguir microfones para as apresentações orais, organizar as cadeiras para os
convidados e distribuir pelo espaço reservado para o evento suportes para expor os trabalhos. "Não é
correto transformar a culminância na grande estrela de um projeto. O mais atrativo é o caminho pelo qual
todos passaram e as realizações das crianças", explica Maria Alice Junqueira. Alerta: a participação dos