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CURSO DE DIREITO
DIREITO CIVIL VIII – Direito das Sucessões
Prof. Ms. Karla Ferreira de Camargo Fischer

TRABALHO – SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA

Alunos: Felippe A. Pereira, Felipe de Ávila, Fábio Nogueira, Dion Cordeiro e Elizabeth Dantas.

1) O testamento acima é válido? Indique os dispositivos legais que tratam da validade

do presente testamento, apontando se todos os requisitos foram cumpridos ou não.

R: Inicialmente cumpre destacar que o testamento em análise não é válido, tendo em vista
que deixou de observar os requisitos essenciais previstos no artigo 1.864:

Artigo 1.864 inciso II, do Código Civil, tendo em vista que a leitura do inventário não foi
realizada perante duas testemunhas.

Artigo 1.864 inciso III, tendo em vista que o testamento não foi assinado por duas
testemunhas, tendo a qualificação e assinatura apenas uma testemunha.

Ainda, o testamento também apresenta erro material, pois inicialmente o tabelião declara
que os sujeitos envolvidos compareceram em cartório para o fim de realização do
testamento no dia 10 de janeiro de 2006, contudo ao final da minuta a data transcrita é 12
de janeiro de 2004.

2) Supondo que seja válido o testamento, calcule a divisão dos bens/valores definidos
em testamento, levando em consideração todas as regras atinentes ao direito das
sucessões. Especifique quanto caberá a cada um dos herdeiros legítimos,
testamentários e legatários, citando os respectivos dispositivos legais utilizados
para se chegar a cada valor.

Quanto a totalidade do patrimônio do testador, que compreende 400 mil, tem-se que
somente 200 mil poderá ser transmitido pelo testamento, tendo em vista a obrigatoriedade
de resguardar a legítima, podendo o testador dispor somente a metade de seu patrimônio,
nos termos do artigo art. 1846 do Código Civil.

Logo os herdeiros legítimos farão a partilha sobre 200 mil reais, nos termos do artigo
1.829 do Código Civil.

Cumpre destacar que a disposição testamentária em favor Luiza Oliveira deixando um

piano de meia cauda é ineficaz, pois o bem não integrava o patrimônio do testador, nos
termos do artigo 1.912 do Código Civil.
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Quanto a disposição testamentária que deixa um crédito de 20 mil reais, decorrente de

sentença já transitada em julgado, e que se encontra em fase de execução junta a 14°
Vara Cível desta Capital, esta é nula, nos termos do artigo 1.900 inciso II, pois não contem
a identidade do beneficiário, tratando-se de pessoa incerta cuja identidade não se pode
averiguar.

No tocante as disposições válidas, será necessária redução testamentária, nos termos do

artigo 1.966 e seguintes do C.C., haja vista que a soma do patrimônio deixado aos
herdeiros instituídos e aos legatários totaliza 227.500,00 reais, ultrapassando a parte
disponível que compreende 200 mil reais.

Logo, seguindo a regra do parágrafo primeiro do artigo 1.966, que preceitua o instituto da
redução testamentária, deverá ser proporcionalmente reduzida as quotas dos herdeiros
instituídos, e, não bastando deverá ser reduzido o legado.

Portanto, verifica-se que no presente caso a quota dos herdeiros instituídos é suficiente
para a efetivação da redução, ficando a divisão do patrimônio com a seguinte
configuração:

1 - Igor de Jesus a título de legado ficou com os livros da biblioteca do testador, situada
em seu apartamento na Rua Marechal Floriano Peixoto, correspondente a importância de
15 mil reais, nos termos dos artigos 1.917 e 1.966 parágrafo primeiro do C.C.

2 - Heitor de Andrade ficou com a cobertura situada no n° 666 da Rua República Argentina
que corresponde ao valor de 100 mil reais, bem como a quitação das dividas contraídas
até a data do testamento, que totalizam 20 mil reais, ambas a título de legado, nos termos
dos artigos1.918, 1.922 e 1.967 parágrafo primeiro do C.C.

3 – Fábio Lima deixa ficará com o terreno situado na Rua Argentina n° 1900 no valor de
35 mil reais, a título de legado, tendo em vista que Hector Souza o outro legatário faleceu
antes da abertura da sucessão, logo Fábio teve direito de acrescer a parte do colegatário
falecido, nos termos dos artigos 1.941, 1.943 e 1.967 parágrafo primeiro do C.C.

Quanto ao eventual substituto de Fábio, tem-se que seu direito caducou em razão do
primeiro legatário ter recebido seu quinhão.

4 – Já em relação aos herdeiros instituídos houve a necessidade de redução

testamentária proporcional em razão da legítima que deve ser resguardada, devendo ser
abatido do quinhão de cada herdeiro instituído o percentual de 47,8%.

Logo, Lucas inicialmente ficaria com 11.500,00 reais, valor que deve ser
proporcionalmente reduzido, sendo abatido o percentual de 47,8%, restando o valor de
5.992,00 reais, nos termos do artigo 1.967 parágrafo primeiro C.C.
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Para José Lucas da Silva e César Augusto em conjunto, também se faz necessária a
redução testamentária no mesmo percentual (47,8%), neste sentido os dois inicialmente
ficariam com 46.000,00 reais, contudo com o abatimento do percentual a ser reduzido o
quinhão conjunto dos três compreende 24.012,00 reais, nos termos dos artigos 1.941 e
1.967 parágrafo primeiro do C.C.

Marcelo Viana faleceu antes da abertura da sucessão.

Rafael de Oliveira, filho do testador ficará apenas com sua parte da legítima, uma vez que
a disposição testamentária deixa para ele o que sobrar da parte disponível do patrimônio
do testador, contudo nada sobrou.