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Número do processo: 1.0280.05.014221-3/001(1) Númeração Única: 0142213-55.2005.8.13.

0280
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Relator: Des.(a) WAGNER WILSON
Relator do Acórdão: Des.(a) WAGNER WILSON
Data do Julgamento: 14/08/2008
Data da Publicação: 03/09/2008
Inteiro Teor:
EMENTA: USUCAPIÃO. REQUISITOS EXIGIDOS POR LEI. COMPROVAÇÃO. 1. Aplica-se o parágrafo único do art.
1.238 do CC/2002, se autor comprova possuir como seu, o imóvel USUCAPIENDO, sem interrupção nem
oposição, por mais de 10 (dez) anos, nele exercendo atividade comercial, ou seja, serviço de caráter produtivo.
2. Cumpridos os requisitos e o lapso temporal exigido, deve ser declarada a prescrição aquisitiva. 3. Não
prevalece em relação à terceiros a escritura de compra e venda não registrada junto ao Registro de Imóveis. 4.
Recurso ao qual se nega provimento. V.v. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos pelo novo
Código Civil, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo
estabelecido na lei revogada. É ônus do autor da ação de usucapião extraordinário provar, de forma
inequívoca, a posse vintenária sobre o imóvel USUCAPIENDO, exercida sem qualquer oposição, além do
animus domini.

APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0280.05.014221-3/001 - COMARCA DE GUANHÃES - APELANTE(S): JORGE JOSÉ


BICALHO FILHO ESPÓLIO DE E OUTRO - APELADO(A)(S): GERALDO BARBOSA CANDIDO E SUA MULHER -
RELATOR: EXMO. SR. DES. WAGNER WILSON

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 15ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na
conformidade da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, EM REJEITAR AS PRELIMINARES. NEGAR
PROVIMENTO, VENCIDO O VOGAL.

Belo Horizonte, 14 de agosto de 2008.

DES. WAGNER WILSON - Relator

NOTAS TAQUIGRÁFICAS

SESSÃO DO DIA 08/05/2008

O SR. DES. WAGNER WILSON:

VOTO

Conheço do recurso, porque presentes os requisitos de admissibilidade.

Recurso de apelação interposto por Espólio de Jorge José Bicalho Filho e Lucas Augusto Pires Bicalho contra a r.
sentença proferida 1ª Secretaria do Juízo da comarca de Guanhães, que julgou procedente a ação de
usucapião movida por Geraldo Barbosa Cândido e Nilce Aparecida Carvalho Cândido, para "reconhecer e
declarar em seu favor a aquisição do domínio sobre o imóvel com área de 282,43m², dividindo pela frente com
a Avenida Milton Campos, pelo fundo com Ribeirão Vermelho, pelo lado direito com Distribuidora Irmãos Pinho
e pela esquerda com Geraldo Nazário de Queiroz, com uma construção medindo cerca de 40m², situado na
Avenida Milton Campos, nesta cidade de Guanhães" (fl. 131).

Planta e memorial descritivo do imóvel USUCAPIENDO foram juntados às fls. 10/12

Proprietários do imóvel USUCAPIENDO foram citados às fls. 35 e 40.

Os proprietários dos imóveis confinantes foram citados às fls. 26/27.

As fazendas Públicas Municipal, Estadual e Federal foram devidamente intimadas às fls. 18/20.

Citação por edital dos réus incertos e eventuais interessados às fls. 21 e 23.

O Procurador de Justiça opinou pelo provimento do recurso de apelação (fls. 159/165).

Em suas razões de inconformismo, os apelantes sustentam a inexistência de tempo suficiente para a aquisição
do domínio, bem como a inexistência do "animus domini".
Decido.

1. PRELIMINARES

1.1. Inépcia da inicial

Alegam os apelantes que a petição inicial seria inepta, pois não indica a espécie de usucapião pretendida.

Sem razão os apelantes, eis que a petição inicial cumpriu todos os requisitos exigidos pelos artigos 295 e 942
do Código de Processo Civil, sendo que os fundamentos de fato esposados pelos demandantes possibilitam
colher que a usucapião pretendida é a extraordinária.

Além disso, pelo teor da defesa apresentada nos autos, observa-se que o recorrente compreendeu bem o
objeto da contenda, tendo exercido o direito de defesa em sua plenitude.

Finalmente, o autor informou às fls. 73/74 que a usucapião pretendida é extraordinária estabelecida no
parágrafo único do artigo 1.238 do Código Civil.

Rejeito, portanto, a preliminar.

O SR. DES. BITENCOURT MARCONDES:

VOTO

De acordo.

O SR. DES. JOSÉ AFFONSO DA COSTA CÔRTES:

Peço vista.

SESSÃO DO DIA 14/08/2008

O SR. DES. JOSÉ AFFONSO DA COSTA CÔRTES:

VOTO

Também rejeito a preliminar.

O SR. DES. WAGNER WILSON:

VOTO

1.2. Cerceamento de defesa

Alegam os apelantes que os autores, não indicando a espécie de usucapião pretendida, dificultaram a sua
defesa.

Ora, como acima explicitado, os fatos narrados pelos autores possibilitam concluir que a usucapião pretendida
era a extraordinária, tendo os apelantes exercido o direito de defesa em sua plenitude.

Rejeito a preliminar.

1.3. Sentença ultra petita

Sustentam os apelantes que a sentença recorrida padece do vicio da nulidade, tendo em vista ser ultra petita,
já que a juíza julgou "além do pedido contido na inicial" (fl. 135).

Nesse particular, também não assiste razão aos apelantes.

Em decorrência do princípio dispositivo, cabe ao magistrado compor a lide nos limites do pedido do autor e da
resposta do réu, sendo - lhe defeso ir aquém (citra petita), além (ultra petita), ou fora do que foi pedido nos
autos (extra petita), nos termos do art. 460 do CPC. Caso extrapole os limites da demanda que lhe foi posta,
estará a sentença eivada do vício da nulidade.

Os autores requereram em sua inicial "a procedência do pedido, declarando por sentença a propriedade urbana
dos requerentes, escrevendo a referida sentença no Registro de Imóveis, para os efeitos legais" (fl. 03). Na
sentença de fls. 125/131, a douta Magistrada a quo julgou a lide dentro dos limites do pedido formulado pelos
autores, para "reconhecer e declarar em seu favor a aquisição do domínio sobre o imóvel", não havendo que se
falar em decisão ultra petita.

Rejeito a preliminar.

O SR. DES. BITENCOURT MARCONDES:

VOTO

De acordo com o eminente Relator.

O SR. DES. JOSÉ AFFONSO DA COSTA CÔRTES:

VOTO

De acordo com o eminente Relator.

O SR. DES. WAGNER WILSON:

VOTO

2. MÉRITO

A usucapião aplicável à hipótese narrada nos autos seria a extraordinária, prevista no art. 550 do Código Civil
de 1916, que estabelecia que "Aquele que, por 20 (vinte) anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como
seu um imóvel adquirir-lhe-á o domínio, independentemente de título e boa-fé que, em tal caso, se presume,
podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual lhe servirá de título para transcrição no
Registro de Imóveis".

Assim, nos termos do art. 550 do Código Civil de 1916, deveriam ser comprovados os seguintes requisitos: a
posse ad usucapionem, aquela ininterrupta, sem oposição e exercida com animus domini (agir com relação ao
bem como comumente agiria o dono), e o decurso do prazo de 20 anos.

Ocorre que, em 11.01.2003, entrou em vigor a Lei 10.406/2002, que reduziu o prazo de 20 anos previsto no
art. 550, do CC/1916, para 15 anos, de acordo com o art. 1.238, caput:

"Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel,
adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o
declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis."

Deve ser observado, ainda, que o CC/2002 trouxe uma nova espécie de usucapião extraordinário, prevista no
parágrafo único do art. 1.238:

"Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido
no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo."

Vê-se, portanto, que ao contrário do que entendeu a douta Magistrada a quo, a hipótese dos autos atrai a
aplicação do parágrafo único do art. 1.238, e não do caput.

Isso porque o autor comprovou possuir como seu o imóvel USUCAPIENDO, sem interrupção, nem oposição,
nele exercendo atividade comercial, ou seja, serviço de caráter produtivo, de acordo com o que se colhe nos
depoimentos de fls. 96/98:

"quando vendeu o imóvel para o Jorge o imóvel era residencial; que o Jorge transformou o imóvel em
comercial e começou usando como uma loja de pneus que existe até hoje; não sabe dizer quem é o dono da
loja, mas vê o autor lá" (depoimento prestado pelo réu Roberto de Almeida Reis às fls. 96).

"é vizinho do comércio do autor situado na Av. Milton Campos que fica a uns cem metros do comércio do
depoente; que tem cerca de quinze há dezessete anos que o autor tem comércio na Av. Milton Campos; pelo
que sabe o cômodo comercial pertence ao autor; que tem cerca de quinze há vinte anos que o autor recebeu o
imóvel em pagamento de dívida trabalhista do Sr. Jorge Bicalho; que o autor sempre usou o imóvel
USUCAPIENDO e nunca sofreu turbação ou esbulho na posse; o autor não pagava aluguel deste imóvel; que
o autor já morou em um imóvel alugado na Av. Milton Campos, próximo a Cenibra que pertencia a Jorge
Bicalho; que o depoente já foi neste imóvel; acredita tem mais de cinco anos que o autor mudou do imóvel
alugado do Sr. Jorge Bicalho" (testemunho prestado por Heli Carvalho Pimenta Leite às fls. 97)

"que o Jorge Bicalho afirmou para o depoente que deu ao autor um imóvel situado na Av. Milton Campos; que
os autores receberam do Jorge um imóvel comercial, sabe que o autor já morou em um imóvel perto da
cenibra que pertencia ao Jorge Bicalho; que o autor tem uma firma de peças de carro no imóvel da Av. Milton
Campos que foi dado pelo Jorge Bicalho; pelo que sabe a família do Jorge Bicalho não usa o imóvel que foi
dado para o autor; que o imóvel que o autor alugou do Jorge fica no prolongamento da Av. Milton Campos, em
frente ao Clube Real Madri; (...); sabe que o autor ocupa o imóvel USUCAPIENDO há mais ou menos
dezessete anos; pelo que sabe o autor não pagou aluguel do imóvel USUCAPIENDO para o Jorge; o autor
sempre falou que o imóvel USUCAPIENDO era seu, fato confirmado pelo Jorge Bicalho na casa do depoente
(...); que tem cerca de oito anos que o Jorge falou para o depoente que havia dado o imóvel da Av. Milton
Campos para o autor, ocasião em que o autor já usava o imóvel há mais tempo; para o depoente o imóvel
USUCAPIENDO é do autor que o utiliza até a presente data" (testemunho prestado por Afonso Maria
Guimarães às fls. 98).

De acordo com os depoimentos transcritos acima, restou comprovado a posse do autor sobre o imóvel
USUCAPIENDO, não podendo prevalecer o argumento dos apelantes de que referido imóvel estava alugado.

Ora, o contrato de locação de fls. 81 não identifica o imóvel alugado, eis que nele consta apenas que o imóvel
estaria localizado na Av. Milton Campos, não precisando o seu número, tendo o autor comprovado por meio de
prova testemunhal que o falecido Jorge Bicalho possuía dois imóveis na Av. Milton Campos, referindo-se o
contrato de locação ao imóvel residencial onde o autor morava, e pelo qual pagava aluguel, e não ao imóvel
USUCAPIENDO, que o autor utiliza comercialmente.

Portanto, os apelantes não comprovaram que o objeto do contrato de locação de fl. 81 era o imóvel
USUCAPIENDO. Não comprovaram que o autor pagava aluguel, e, sequer, que o falecido Jorge Bicalho
possuía apenas o imóvel USUCAPIENDO na Av. Milton Campos, e não dois imóveis, como atestaram as
testemunhas.

Assim, restou demonstrado que o autor enquadra-se na hipótese prevista no art. 1.238, parágrafo único, eis
que exerce a posse ad usucapionem, isto é, pacífica, ininterrupta e com intenção de dono, em imóvel
comercial, onde o mesmo realiza serviços de caráter produtivo.

Deve-se analisar, ainda, se o autor cumpriu o lapso temporal de 10 (dez) anos exigido pelo parágrafo único do
art. 1.238, devendo ser observado, neste aspecto, que a regra de transição contida no art. 2.029 não se aplica
à espécie, tendo em vista que a ação foi ajuizada em 13/12/2005, ou seja, quando já haviam passados mais
de 2(dois) anos da data da entrada em vigor do Código Civil.

Contando o lapso temporal a partir do ano de 1989 (data informada na inicial), o apelado havia atingido 16
(dezesseis) anos de posse quando propôs a ação.

Contando o lapso temporal a partir da data em que foi lavrada a escritura de compra e venda de fls. 119, em
21/06/1993, o apelado havia atingido 12 (doze) anos de posse quando propôs a ação.

Observa-se, ainda, que as testemunhas afirmaram nos depoimentos de fls. 97/99 que o apelado possui a
posse do imóvel entre quinze a vinte anos.

Portanto, considerando qualquer uma das hipóteses trazidas aos autos, tem-se que os apelados cumpriram o
lapso temporal exigido, devendo ser declarada a prescrição aquisitiva.

Nesse sentido:

"APELAÇÃO - USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO - DIREITO INTERTEMPORAL - NOVO CÓDIGO CIVIL -


REQUISITOS - COMPROVAÇÃO - RECURSO PROVIDO. O prazo de usucapião extraordinária de dez anos, se o
possuidor estabeleceu no imóvel sua moradia habitual ou nele realizou obras ou serviços de caráter produtivo,
sofrerá, até dois anos após a entrada em vigor do novo Código, um acréscimo de dois anos, pouco importando
o prazo transcorrido sob a égide do antigo Código Civil. Isto é assim porque se configurou a posse-trabalho e
para que se possa atender ao princípio da função social da propriedade. Logo, não se aplica o disposto no art.
2.028, nas hipóteses dos art. 1.238 e parágrafo único e 1.242 e parágrafo único, e sim o art. 2.029. Umas das
hipóteses previstas no parágrafo único do art. 1.238 é a de realização de obras ou serviços de caráter
produtivo. Trata-se da posse vinculada ao trabalho. Nela, o possuidor não mora no imóvel, mas fê-lo
produtivo, gerando uma fonte de riqueza, o que é compatível com a finalidade social da propriedade. Restando
demonstrada que a posse exercida pelos autores era mansa e pacífica, com utilização das terras para
atividades produtivas, merece prosperar a pretensão exordial, pois presentes os requisitos do art. 1.238 do
novo Código Civil, aplicado em consonância com o parágrafo único do art. 2.029 do mesmo diploma
legal." (TJMG, Apelação Cível Nº 2.0000.00.483101-6/000, Décima Sétima Câmara Cível, Desembargador
Relator EDUARDO MARINÉ DA CUNHA, DJ 25/08/2005)
Finalmente, não merece prosperar a alegação de que o imóvel USUCAPIENDO pertencia a Jorge José Bicalho
Filho, pessoa absolutamente incapaz, contra o qual não corria a prescrição, porque a escritura pública de
compra e venda de fls. 119 não foi levada a registro na matrícula do imóvel USUCAPIENDO.

Assim, para todos os efeitos legais, inclusive perante terceiros, a propriedade do imóvel pertence a Roberto de
Almeida Reis e sua esposa, Aguida Maria Ferreira Reis Sette, de acordo com a certidão de fl. 07.

Isso é o que dispõe o artigo 1.245 do Código Civil, correspondente ao artigo 530, I, do CC/1916:

"Art. 1245. Transfere entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no registro de imóveis.

§ 1º. Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel."

Portanto, como a escritura de compra e venda não foi registrada junto à respectiva circunscrição imobiliária,
não prevalece em relação à terceiros.

CONCLUSÃO

Com esses fundamentos, conheço do recurso e NEGO-LHE PROVIMENTO, mantendo a sentença de fls.
125/131, porém, sob outros fundamentos. Custas na forma da lei.

O SR. DES. BITENCOURT MARCONDES:

VOTO

De acordo.

O SR. DES. JOSÉ AFFONSO DA COSTA CÔRTES:

VOTO

Peço vênia ao eminente Desembargador Relator para discordar de seu voto.

A Procuradoria de Justiça em parecer de fs. 159/165 opina pelo provimento do recurso com improcedência da
ação porque não restaram comprovados os requisitos essenciais para ocorrência a prescrição aquisitiva,
posicionamento da qual comungo.

Em se tratando de prescrição, deve-se observar as disposições finais e transitórias, para a aplicação do Novo
Código Civil. Assim, sobre o tema, o art. 2.028 do Código Civil de 2002, estabelece, verbis:

"Art. 2.028 - Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua
entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada."

Portanto, os prazos prescricionais que foram reduzidos por esse novo diploma legal serão os da lei anterior se,
na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei
revogada.

Nesse sentido, preleciona Jânio de Souza Machado, em artigo publicado na Revista dos Tribunais 805/20, de
novembro de 2002:

"A extinção da pretensão que surge como uma pena ao negligente - prescrição extintiva - é matéria
disciplinada nos arts. 189 a 206 do novo CC. Em face da sensível redução nos prazos até então estabelecidos,
fez-se necessária a criação de uma regra de transição, a ser aplicada para os casos em que o prazo da lei velha
não esteja totalmente esgotado em 11.01.2003. Em tal hipótese, o prazo reduzido somente será considerado
se na vigência do novo Código Civil já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido no Código
Civil de 1916 (art. 2.028). Não tendo havido o transcurso de mais da metade do tempo estabelecido no Código
Civil de 1916, o prazo reduzido da nova lei tem início a partir da vigência desta."

Deve registrar que a ação foi ajuizada em 13/12/2005 e os apelados alegam que estão de posse do imóvel
desde 1989. Logo, o art. 550, do Código Civil de 1916 é o aplicável à espécie, tratando-se de usucapião
extraordinário, eis que quando do início da vigência do Código Civil de 2002, já havia transcorrido mais da
metade do tempo estabelecido na lei revogada.

Segundo o artigo, "Aquele que, por 20 (vinte) anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um
imóvel, adquirir-lhe-á o domínio, independentemente de título e boa-fé que, em tal caso, se presume,...".
Desse conceito, visualiza-se como requisitos essenciais para a aquisição do domínio através da prescrição
aquisitiva que o postulante tenha o imóvel como seu, por vinte anos, sem interrupção e nem oposição.

In casu, tenho que não restou atendido o requisito tempo, eis que a própria inicial afirma lapso temporal
inferior, como também a prova testemunhal.

Portanto, realmente deve ser reformada a sentença de primeiro grau, por ter aplicado o novo Código Civil ao
caso, observando o prazo de quinze anos. Com essas considerações, dou provimento ao recurso, para não ser
autorizada a procedência do pedido de reconhecimento do domínio através da usucapião extraordinário.

Ficam invertidos os ônus de sucumbência.

SÚMULA : REJEITARAM AS PRELIMINARES. NEGARAM PROVIMENTO, VENCIDO O VOGAL.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0280.05.014221-3/001

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