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VSIPV PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAI n n


ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁÍ.CA
• "tuISTRADOfA) SOB N°
ACÓRDÃO lllllllllllllllllíllllllllllllllllllllllllllllllll

Vistos, relatados e discutidos estes autos de


Agravo de Instrumento n° 990.10.240000-0, da Comarca
de Peruibe, em que é agravante FAZENDA DO ESTADO DE
SÃO PAULO sendo agravado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO
DE SÃO PAULO.

ACORDAM, em Câmara Reservada ao Meio Ambiente


do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a
seguinte decisão: "DERAM PROVIMENTO EM PARTE AO
RECURSO. V. U.", de conformidade com o voto do
Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos


Desembargadores ANTÔNIO CELSO AGUILAR CORTEZ
(Presidente sem voto), RENATO NALINI E EDUARDO BRAGA.

São Paulo, 16 de setembro de 2010.

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TORRES DE CARVALHO
RELATOR
? SBFÍ PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Voto n° AI-1.735/IO
Agravo n° 990.10.240000-0 - Câmara Reservada ao Meio Ambiente
Agte: Fazenda Estadual
Agdo: Ministério Público

Origem: I a Vara (Peruíbe) - Proc. n° 896/03 ou 501/03


Juiz: Jamil Chaim Alves

AÇÃO AMBIENTAL. Peruíbe. Estação Ecológica Juréia-Itatins. Cachoeira do Paraíso. Visita-


ção pública. Atividades comerciais. - 1. Cerceamento de defesa. Melhor teria sido que o juiz
tivesse ouvido a Fazenda sobre os argumentos novos trazidos pelo Ministério Público, antes
de proferir a decisão agravada; mas da falha não decorre a nulidade da decisão interlocu-
tória, que se limita a cumprir decisão anterior. Os argumentos da Fazenda foram trazidos
ao tribunal e serão aqui apreciados, regularizando o processo; não se declara nulidade se
outro ato processual supriu o objetivo. Prevalência do fundo sobre a forma. Pedido de anu-
lação rejeitado. - 2. Estação ecológica. Regulamento. Enquanto não editado o plano de ma-
nejo, admite-se a validade dos atos regulamentares expedidos pela autoridade encarregada
da conservação, manutenção, proteção e fiscalização da área protegida, no caso a Funda-
ção para a Conservação e Produção Florestal do Estado, nos termos do art. 5° / do DE n"
51.453/06 de 29-12-2006. Validade dos atos expedidos pela Fundação Florestal, quando
conformes à lei. - 3. Cachoeira do Paraíso. Visitação pública. A LF n" 9.985/00, art. 9o § 2o
veda a visitação pública, exceto quando com objetivo educacional. Ainda que se admita a
o o
validade da regulamentação expedida pela Fundação Florestal, os art. 5 I e 6 da Portaria
Normativa FF/DE n° 121/09 de 30-12-2009 claramente excede à visitação autorizada em lei
ao autorizar o desenvolvimento de atividades comerciais na Cachoeira do Paraíso (alimen-
tação e bebidas, pernoite em campings e hospedarias). A não indicação da capacidade da
estrutura montada para cursos, palestras e visitas guiadas, somada à grande quantidade
de pessoas que demandam a cachoeira nos finais de semana, causa séria dúvida sobre a
seriedade da regulamentação das visitas a esse local - Agravo provido em parte para, rati-
ficando a antecipação de tutela, esclarecer que (a) na falta do plano de manejo, a Funda-
ção Florestal pode regulamentar provisoriamente o acesso ao parque ecológico; (b) a regu-
lamentação deve ater-se estritamente ao previsto em lei; e (c) o disposto nos art. 5o I e 6o Ie
n da Portaria Normativa FF/DE n° 121/09 excede à previsão do art. 9o § 2° da LF n°
9.985/00.

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Câmara Reservada ao Meio Ambiente - Agravo n° 990.10.240000-0 -fls. 2

1. Trata-se de agravo interposto contra a decisão de fls.


990, 1026 e 1087/1090, aqui fls. 188, vol. 1, 202, 225/228, 300, 310, 345/348,
vol. 2 que determinou o cumprimento de liminar anteriormente concedida para
vedar a visitação pública n a Cachoeira Paraíso, na Estação Ecológica Juréia -
Itatins e reconheceu que a Portaria Normativa FF/DE n° 121/09 não gera efeito
jurídico; a Fazenda alega que a liminar de fls. 560/562, aqui fls. 6 0 / 6 2 , esclare-
cida a fls. 683, aqui fls. 107 vedou a visitação pública, salvo nas hipóteses pre-
vistas no art. 9 o § 2 o da LF n° 9.985/00 (objetivo educacional), e que o regula-
mento atual expedido pelo Instituto Florestal em 23-7-1999 continuaria a vigo-
rar até a aprovação do plano de manejo previsto na lei; mas depois, em atenção à
manifestação do autor e sem a oitiva da Fazenda, o juiz decidiu que a Portaria
Normativa FF/DE n° 121/09, emanado de autoridade sem competência, não ge-
ra efeito jurídico e não supre o regulamento previsto em lei. Reclama do cercea-
mento de defesa decorrente da apreciação de argumento novo (a invalidade da
portaria) sem sua oitiva, da apreciação de questão preclusa (a validade do regu-
lamento) e da anulação indireta da portaria atual. Pede que as decisões interlo-
cutórias de fls. 990, 1026 e 1087/1090 sejam anuladas ante o cerceamento de
defesa; subsidiariamente, sejam reformadas para integral manutenção das deci-
sões de fls. 560/562 e 683 e para afastar o entendimento equivocado de que o
regulamento previsto no art. 9 o § 2 o da lei federal não possa ser editado por por-
taria da Fundação Florestal, convalidando aquela por último editada.

Suspendi a decisão agravada, na parte em que negou


competência à administração para regulamentar as visitas públicas (fls. 241, vol.
2). O Ministério Público respondeu (fls. 253/348, vol. 2); pediu o desprovimento
do agravo ante a validade das decisões de primeiro grau, a invalidade e ilegalida-
de da Portaria FF/DE n° 121/09 por vício de forma e conteúdo e necessidade de
vedar qualquer visita que não se adéqüe à finalidade educacional.

É o relatório.

>=.T:erp = í, = fiAS-TJ
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2. A Reserva Estadual dos Itatins foi criada pelo DE n°


31.650/58; em meio à especulação imobiliária que crescia nas décadas de 1960
e 1970, o DF n° 84.771/80 destinou o local para a construção de usinas do Pro-
grama Brasileiro de Centrais Nucleares e congelou a sua ocupação, até que em
1985 a NUCLEBRAS desistiu do empreendimento. Em resposta à pressão da po-
pulação, o DE n° 24.646/86 de 20-1-1986 criou a Estação Ecológica de Juréia-
Itatins, com 82.000 ha. A LE n° 5.649/87 de 28-4-1987 alterou a área da reser-
va para 79.270 ha abrangendo parte dos municípios de Iguape, Itariri, Miracatu
e Peruíbe, indo na parte litorânea da Praia do Guaraú em Peruíbe à Praia da J u -
réia em Iguape. As desapropriações estão em curso e abrangem a quase totali-
dade da área.

O DE n° 32.412/90 de 1-10-1990 estabeleceu os crité-


rios para a implantação da estação ecológica e fixou critérios para a identificação
das comunidades tradicionais locais; nessa ocasião foi elaborado o Cadastro Ge-
ral de Ocupantes pelos técnicos do Instituto Florestal com 360 famílias em 22
localidades; o § único do art. I o assegurou o exercício da pesca, da agricultura e
a prestação de serviços aos moradores locais que subsistissem dessas ativida-
des. O decreto atendia à intenção de separar as comunidades tradicionais das
demais, que não mereciam essa proteção. A dificuldade de subsistência levou
essa população à exploração do pequeno comércio, inclusive no entorno da Ca-
choeira Paraíso em oito construções adaptadas, cujos responsáveis são identifi-
cados como moradores do Itinguaçu e exercem suas atividades h á doze anos,
alguns residindo ali, outros há quase trinta anos nas proximidades. O número
de comerciantes está contido, segundo a Fazenda.

A criação de áreas de preservação era regulada pela LF


n° 6.902/81 de 27-4-1981, sob cuja égide foram editados os decretos e lei esta-
dual citados, que reserva 90% da área para preservação integral e 10% para pes-
quisas, sem disciplinar o destino das comunidades ali residentes nem a visitação
pública. A LF n° 9.985/00 de 18-7-2000 trouxe novas disposições; permitiu a

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permanência temporária das populações tradicionais até o re-assentamento e


permitiu a visita pública, desde que com objetivo educacional, na forma do plano
de manejo ou de regulamento específico. A LF n° 9.795/99 de 27-4-2000 define
a educação ambiental. A lei é cumprida, segundo o relato do Estado na contesta-
ção da ação, nos termos da Portaria de 23-7-1999 do Diretor Geral do Instituto
Florestal (fls. 676/682, aqui fls. 100/106), hoje da Portaria Normativa FF/DE n°
121/09 de 30-12-2009 (fls. 1064/1076, aqui fls. 206/218, vol. 2).

3. Situada a questão, passo à análise do agravo. Não ca-


be impugnar agora as decisões proferidas tempos atrás, pois escoado o prazo
para recurso; e não h á razão para o extenso inconformismo, u m a vez que as úl-
timas decisões determinam tão somente o cumprimento da liminar que contou
com o assentimento do Estado. É preciso situar os fatos.

O Estado pediu que portaria baixada pela Fundação


Florestal fosse considerada o regulamento previsto no art. 9 o § 2 o da LF n°
9.985/00; o Ministério Público se opôs e o juiz, sem a réplica da Fazenda, en-
tendeu que falecia competência a esse órgão administrativo e, por isso, a mesma
não gerava efeito jurídico. Melhor teria sido a oitiva da Fazenda, ante os argu-
mentos novos trazidos pelo autor; mas da falha não decorre a nulidade da deci-
são de fls. 1087/1090, aqui fls. 225/228, 345/348, vol. 2. Não se anula ato pro-
cessual se, de outra forma, a finalidade foi atingida; os argumentos da Fazenda
estão sendo analisados pelo tribunal e não faz sentido o simples retrocesso, que
a ninguém beneficia, se o incidente pode ser resolvido desde logo. As demais de-
cisões mencionadas no agravo trazem fundamentação concisa; a menção às fo-
lhas do processo indica que o juiz acolheu o fundamento do pedido, não se exi-
gindo, para validade da decisão, a repetição do que consta dos autos. Afasto o
pedido de anulação por cerceamento de defesa e por falta de motivação.

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4. O art. 9 o da LF n° 9.985/00 estabelece que a estação


ecológica tem por objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas
científicas; e proíbe a visitação pública (§ 2o), "exceto quando com objetivo edu-
cacional, de acordo com o que dispuser o plano de manejo da unidade ou regu-
lamento específico". O plano de manejo ainda não foi editado e a visitação foi
regulamentada pela Portaria de 23-7-1999 do Diretor Geral do Instituto Flores-
tal, agora pela Portaria FF/DE n° 121/09 da Fundação Florestal.

A primeira portaria foi considerada como o regulamen-


to da estação ecológica pela decisão de fls. 683, aqui fls. 107, 283, vol. 2; mas
nada impede que a decisão seja reconsiderada, ainda mais quando editada nova
portaria. Feita a anotação, o Estado tem razão. O 'regulamento específico' da LF
n° 9.985/00 não é apenas o decreto expedido pelo Presidente da República, Go-
vernador ou Prefeito, mas o ato administrativo emanado por autoridade compe-
tente que atenda aos ditames da lei. Observo que a lei federal fala em plano de
manejo ou regulamento específico (das visitas educacionais), deixando certo que
o regulamento pode existir n a ausência do plano de manejo, ou concomitante a
ele.

O DE n° 51.543/06 de 29-12-2006 (aqui fls. 232/238,


vol. 2) instituiu o Sistema Estadual de Florestas e atribuiu à Fundação Florestal
(art. 5 o I) a execução de ações para a conservação, manutenção, proteção e fisca-
lização das áreas protegidas, pertencentes ou possuídas pelo patrimônio do Es-
tado, relacionadas no Anexo I (a Estação Ecológica Juréia Itatins é uma delas); e
à atribuição para conservar, manter, proteger e fiscalizar corresponde a atribui-
ção para regulamentar a atuação do órgão e de seus agentes. Na falta do plano
de manejo e sendo a educação ambiental aspecto relevante da razão de ser da
estação ecológica, a Fundação Florestal podia regulamentar o acesso de terceiros
à área, por delegação implícita do Governador do Estado. O ato administrativo é

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válido, desde que conforme a lei. A agravante tem razão nesse ponto: a Fundação
Florestal pode regulamentar as visitas públicas e a forma de propiciar a tão ne-
cessária educação ambiental.

5. O regulamento é válido, se conforme à lei: as visitas


públicas são admitidas em caráter excepcional e apenas com objetivo educacio-
nal (art. 9 o § 2 o da LF n° 9.985/00). A Portaria Normativa FF/DE n° 121/09 (fls.
1064/1075, aqui fls. 206/217, 323/334, vol. 2), no entanto, ao regulamentar o
acesso à Cachoeira Paraíso (art. 5 o I) permite a presença de quiosques com ali-
mentação e bebidas e no art. 6 o , ao cuidar dos produtos e serviços permitidos,
permite o serviço de alimentação e bebidas em bares e restaurantes e por ambu-
lantes autorizados. A disposição excede o poder regulamentar, pois em excesso
do que previsto na lei. A educação ambiental, única razão para a visitação públi-
ca, não exige a presença de comércio e a razão da autorização, segundo informa
a contestação, não é o apoio à educação, mas o comércio como fonte de subsis-
tência dos moradores locais.

A motivação e as disposições da portaria causam per-


plexidade; o Estado não descreve a estrutura montada para a educação ambien-
tal nem o que faz, nesse sentido; e se nota a impossibilidade de cumprir a nobre
finalidade do regulamento se não define a quantidade de pessoas que podem ser
atendidas a cada dia (palestra, acompanhamento, visita) ou quando se compara
a portaria com a informação da inicial da presença de mais de 1.500 por dia nos
finais de semana. Os relatórios da Polícia Ambiental de fls. 977/988, aqui fls.
285/296, vol. 2 denota a absoluta ausência de monitores ambientais, a frustrar
a alegada finalidade educacional da visitação (fls. 980, aqui fls. 288: 3-11-2007
foram admitidas 820 pessoas para o efetivo de um guarda parque, um guarda
vidas e dois seguranças, sem um único monitor). Tem-se a impressão, o que será
mais bem esclarecido em primeiro grau, de u m complexo turístico, não de um

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complexo educacional (a presença de comércio e de salva-vidas nos finais de se-


mana e a ausência ou insuficiência de guarda-parques e de monitores denota o
uso da cachoeira para lazer e banho, o que não pode ser tolerado).

A Fundação Florestal pode regulamentar as visitas;


mas deve fazê-lo nos limites da lei. A Portaria Normativa FF/DE n° 121/09 exce-
de tais limites e não surte efeito, em relação ao excesso. Noto que a análise se
restringiu à Cachoeira Paraíso; não alcança, por isso, as demais áreas nela cita-
das.

6. A análise se alongou na tentativa de u m adequado en-


quadramento da questão; e a questão sob apreciação é o cumprimento da limi-
nar concedida em 10-4-2004, esclarecida em 6-5-2004. O Estado não se insurge
contra ela; cabe-lhe cumpri-la, portanto, removendo o comércio e proibindo a
visitação e uso para lazer e banho nos termos postos pelo juiz, com os esclare-
cimentos ora aduzidos. O provimento é parcial ante o acolhimento de u m dos
pedidos do agravo.

O voto é pelo provimento em parte do agravo tão só


para admitir a competência da Fundação Florestal para a edição do regulamento
das visitas públicas à Estação Ecológica Juréia-Itatins e à Cachoeira Paraíso,
desde que nos limites da lei.

TORRES DE CARVALHO
Relator

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