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A Lua Simbólica no Mapa Natal de Jung

A imagem arquetípica do Grande Feminino se encontra no âmago de


todos nós, homens e mulheres na forma do inconsciente que é primordial.

Jung demonstra com o processo de sua própria jornada que, aqueles que
dão voz e aceitam “o mergulho” integrando aspectos do seu inconsciente e o
manifestam na vida de modo criativo, tem uma existência mais plena, mais
genuína. Assim ele o fez em forma de arte e imaginação. Em sua frase: “quem
olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta” não só orientou a
própria vida, como norteia o despertar na vida de outros nesse caminho
interior.

Este olhar para dentro que despertou Jung, que representa o aspecto do
feminino de sua alma a qual ele sempre foi fiel, podemos investigar a luz da
astrologia. Tendo as narrativas de Jung em sua autobiografia como matéria
prima desse artigo, faremos a analogia da lua simbólica em seu mapa natal
com a mãe, a esposa e a casa.

No mapa natal de Jung a potência do materno; a lua, está associada a


potência da morte e do renascimento; plutão. Ao falar da mãe, da esposa e da
própria casa ele expressa a força desses dois arquétipos no seu mapa que
estão unidos no aspecto da conjunção no signo de touro.

A Grande Mãe e seus símbolos

A respeito da estrutura do arquétipo da “Grande Mãe” ou o Grande


feminino e os símbolos individuais, Neumann explica que para compreendê-los
temos que ampliar nossa observação, utilizando um grande número de
ilustrações e aplicando a amplificação, que é um método da psicologia
comparativa e morfológica, através do qual busca-se a interpretação de
material análogo que advém das mais diversas áreas como: da história da
religião, da pré-história, da arqueologia, da etnologia e aqui faremos através da
sabedoria milenar da astrologia.

Para mostrar as imagens interiores projetadas; ligadas a estruturas


arquetípicas do inconsciente Neumann exemplifica a figura assustadora da

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Górgona, cuja cabeça é coberta por víboras serpenteantes e cujo o olhar
petrifica sua vítima, é uma projeção da Mãe “Terrível” enquanto que a
figura de Sofia é uma projeção da Mãe “Bondosa”. A figura de Ísis, que une
em si os traços da Mãe Terrível e da Mãe Bondosa, corresponde, portanto, ao
arquétipo da Grande Mãe.

Seguindo ainda as imagens, indo mais além, podemos encontrar na sua


composição indicações do arquétipo primordial do “Grande Feminino” e do
“Uroboros”; imagem da serpente circular que morde a própria cauda, sendo o
símbolo do estado psíquico inicial e da situação primordial, em que a
consciência e o ego do ser humano ainda são infantis e não desenvolvidos.

Porém, o símbolo espiritual predileto da esfera matriarcal como


afirma Neumann é a lua, correlação com a noite e com a Grande mãe do céu
noturno.

O ciclo lunar possui uma mitologia característica e conhecida por muitos


em nossa cultura e reflete uma experiência humana arquetípica. A lua tem um
ciclo que evidencia a ligação com o “destino” e com a repetição do ciclo
universal de nascimento, crescimento e morte.

O ciclo da lua em torno da terra tem relação com o ciclo menstrual da


mulher. Em várias línguas a palavra menstruação e lua são as mesmas ou
estão associadas. A palavra menstruação significa "mudança da lua" e "mens"
significa lua. Alguns camponeses alemães chamam o período menstrual de "a
Lua". Na França é chamado de "le moment de la luna".

As fases da lua: nova, crescente e cheia, são três aspectos das


divindades lunares; geralmente femininas. As imagens evocadas que
correspondem a lua nova ou lua negra se associam à morte, à gestação, à
feitiçaria e a deusa grega Hécate. A lua crescente, com sua forma de tigela;
receptiva, pronta para conceber, está associada com as deusas Perséfone e
Ártemis: a primeira; esposa raptada por Hades e a segunda; a caçadora
virgem. (Greene, 1994, p.6)

A lua cheia está plena, é associada à Deméter, deusa da colheita e da


fertilidade, é o ápice do ciclo lunar. Após seu apogeu, ela começa a minguar

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até desaparecer, quando novamente Hécate, que estava oculta, toma seu
poder recomeçando o ciclo.

Em antigos livros indianos encontramos referências repetidas à lua sob o


nome de “Rei Soma”. Este nome hindu é interessante, a mesma palavra soma,
em grego significa corpo, e dela são derivados muitos termos científicos
modernos que se referem ao corpo. O Rei Soma, ou Lunnus, é de fato, regente
de todas as atividades relacionadas com a geração, manutenção e reprodução
do corpo e de todos aqueles elementos da psique que são orientados no sentido
das necessidades da vida exterior. Ele é a força masculina no homem e a força
feminina na mulher. (Rudhyar, 1976, p.58)

A lua, o Mapa e Jung

A lua no mapa astrológico no sentido genérico, diz respeito ao


inconsciente pessoal, nossa imaginação, nossas reações emocionais, em como
nos sentimos confortáveis, a relação com a mãe, o lar emocional e a casa no
aspecto material, a nutrição física, aspectos da saúde ligados ao psicossomático
e a memória afetiva além de apontar para os nossos complexos mais
inconscientes.

Para a análise individual da lua no mapa com seus significados


específicos, é necessário identificar parâmetros no mapa tais como: a lua nos
signos, nas casas e os aspectos que são as ligações entre os planetas:
quadraturas, oposições, conjunções etc., como se fossem conversas entre os
deuses que podem ser em tom harmônico ou desafiador.

A lua está no signo de touro e na terceira casa zodiacal no mapa de


Jung. A lua está na linguagem astrológica em “exaltação” no signo de touro
cujo elemento é terra, associado à estabilidade e segurança, valores
tradicionais, prazeres sensoriais, sentimento de posse e capacidade de gerar.
As 12 casas representam áreas de experiência da vida. A terceira casa
onde a lua de Jung se encontra corresponde ao domicílio do Deus da
comunicação que é Hermes na Grécia e Mercúrio em Roma, esta casa está
associada ao planeta mercúrio. “Tradicionalmente os astrólogos associaram a
terceira casa com a mente concreta e seu oposto complementar, a casa nove,
com a mente abstrata. (...) Aqueles que tem a lua nesta casa podem procurar
conhecimento pela segurança que este os propicia, pelo sentido de proteção e
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bem estar que adquirem ensinando como alguma coisa funciona.” (Sasportas,
1985, p.47)

Um aspecto importante da lua no mapa de Jung é a conjunção com o


planeta plutão. Plutão está no mesmo signo da lua; touro, com uma diferença
menor que dez graus entre eles, o que caracteriza um aspecto de conjunção.
Puigros afirma: “A relação plutão – lua simboliza de modo perfeito o
arquétipo de mãe terrível que é encontrado em várias tradições, como, por
exemplo, a deusa hindu Kali. O poder de, por um lado, nutrir seus filhos e, por
outro, devorá-los constitui uma imagem muito significativa. Trata-se do poder
de dar e tirar a vida.” (Puigross, 1990, p.130)
Nesse depoimento, podemos observar a ambiguidade da lua em touro
(estabilidade) em conjunção com plutão (desapego) no mapa de Jung. A lua
apesar de se encontrar num signo com características de bom anfitrião,
pacíficas, dóceis e obedientes, está em aspecto uno, conjunto com o planeta
associado à morte, poder, destruição, extremos e regeneração; o planeta
plutão é regente do signo de escorpião que é signo oposto e complementar de
touro:
“Minha mãe foi extremamente boa para mim. Ela irradiava um grande
calor animal: era corpulenta, extremamente simpática. Sabia ouvir e gostava
de conversar, num alegre murmúrio de fonte. Tinha evidentes dons literários,
bom gosto, profundidade. Tais qualidades, entretanto, não se manifestavam
exteriormente; permaneciam ocultas numa velha senhora gorda, muito
hospitaleira, que cozinhava muito bem e tinha muito senso de humor.
Partilhava de todas as opiniões tradicionais, revelando porém repentinamente,
uma personalidade inconsciente de poder imprevisto – um aspecto sombrio,
imponente dotado de uma autoridade intangível. Tal fato era inegável e creio
que ela também possuía duas personalidades: uma inofensiva e humana; a
outra, pelo contrário, parecia temível. Esta última só se manifestava em certos
momentos, mas sempre inesperadamente, e me causava medo. Falava, então,
como que consigo mesma e suas palavras me atingiam profundamente, de tal
maneira que em geral ficava calado.” (Jung, 2012, p.80,81)

A lua simbólica na astrologia representa a mãe, o inconsciente e nosso


contato com a intuição. Plutão está em analogia com os poderes ocultos do
submundo, em referencia ao mito de Hades.

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O contato plutão- lua como é analisado por Puiggros, contempla tais
características que podemos observar na relação de Jung com a imagem
materna: “Pode desenvolver uma sensibilidade extrema e despertar suas
faculdades psíquicas. Exposto a essas influências o indivíduo pode apresentar
sonhos proféticos e premunições. Muita curiosidade, imaginação e interesse em
relação a tudo o que representa poder de modificação e regeneração. De modo
geral, não hesita em aplicar todas essas habilidades aos assuntos diários e em
estimular suas relações pessoais. (...) O indivíduo costuma estar atento,
acumula saber e o guarda. A capacidade de intuir e a facilidade em separar o
joio do trigo, aliadas a uma grande subjetividade (...) (Puiggros, 1990, p.131)
Na fala a seguir, Jung também faz relação da personalidade da mãe com
sua própria característica intuitiva:

“Havia uma notável diferença entre as duas personalidades de minha


mãe. Quando criança, tive sonhos de angústia motivados por ela. Durante o
dia, era uma mãe amorosa, mas de noite a julgava temível. Parecia então uma
vidente que ao mesmo tempo é um estranho animal, uma sacerdotisa no antro
de um urso, arcaica e cruel. Cruel como a verdade e a natureza.
Era a encarnação de uma espécie de natural mind. Reconheço em mim
também algo dessa natureza arcaica. De minha mãe herdei o dom, nem
sempre agradável, de ver homens e coisas tais como são. Naturalmente posso
enganar-me redondamente quando não quero reconhecer algum detalhe, mas
no fundo sempre sei do que se trata. O “conhecimento real” está ligado a um
instinto, à participation mystique com o outro. Pode-se dizer que é o “olhar
mais profundo” que vê, num ato impessoal de intuição.” (Jung, 2012, p.83)

A casa e os antepassados também estão em analogia com a lua, e as


características e impressões que ele refere a mãe podemos associar ao lar e a
casa no sentido físico. Campbell e sua mulher visitaram Jung no ano de 1954
em sua casa em Ascona; em Mito e Transformação, ele descreve a forte
impressão que teve ao conhecer aquela casa a qual chamou de “grandiosa”:
“Nascera naquele lindo país montanhoso. Ali, ele estava perto da terra.
Seus antepassados, especialmente do lado da mãe, eram do interior da Suiça.
O avô viera da Alemanha e era curandeiro, mas também a Alemanha, naquela
época, constituía-se de uma cultura rural. E ele tinha muito desse mundo
camponês.” (Campbell, 2008, p.118)

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Jung faz a relação direta da mãe com a casa: “Era uma cabana deste
gênero que eu iria construir, uma morada que correspondesse aos sentimentos
primitivos do homem. Ela deveria oferecer uma sensação de refúgio e de
abrigo, não só no sentido físico, mas também psíquico. (...) Era poderoso o
sentimento de renovação que a torre despertara em mim desde o início.
Constituía como que uma morada materna.” (Jung, 2012, p.271)

Plutão tem sua morada no Hades, ele rege o inframundo, a morada dos
mortos e as entranhas da terra e touro é um signo de terra. Com Plutão no
signo de touro no mapa de Jung, em conjunção com a lua podemos nos
reportar a imagem de Perséfone nas profundezas do Hades, o que está sob a
terra tende a sair para o exterior, é o tempo em que Perséfone retorna à
superfície. Trata-se da realização na prática, como fez Jung com sua própria
casa; de uma obra que evoca a ancestralidade e suas necessidades mais
profundas.

Puiggros fala da natureza de plutão: “Nascer implica crise, assim como


renascer. A tendência que todos demonstramos de nos prolongar a nós
mesmos – em nossos filhos, em nossas obras, e o desejo inconsciente de nos
perpetuar implicam seguir o processo vital em sua totalidade, isto é o processo
de regenerar-se. Morrer para viver de novo, tal como na fábula da Fênix, que
renasce das cinzas. Essa dualidade, vida e morte, expressa de maneiras muito
diversas, é consubstancial com a natureza de plutão” (Puiggros, 1190, 36)

A Morte de Emma

Após a morte da esposa Emma, Jung ficou em recolhimento e falava com


poucas pessoas, porém, fez uma homenagem a mulher e ao mesmo tempo
expressou seu próprio processo de regeneração emocional que a lua conjunto
plutão aponta, como obra de arte; emoção no sentido da demonstração física;
lua em touro (elemento terra), e o poder de regenerar; plutão.
Bair conta que: “Um dos primeiros atos positivos em que ele se envolveu
foi esculpir para Emma a pedra que ele tinha intitulado O vas insigne devotione
et obedientia. A tradução livre da gravação era a mesma expressão que ele
repetia a todos que iam lhe expressar condolências: Ela era a fundação de
minha casa.” (Bair, 2006, p.269) “Assim, um ano após a morte de minha
mulher, o conjunto estava completo.

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A construção da primeira torre começara em 1923, dois meses após a
morte de minha mãe. Essas datas são cheias de sentido porque – como
veremos- a torre está ligada aos mortos. (...) A torre dava-me a impressão de
que eu renascia da pedra. Nela via a realização do que, antes, era um vago
pressentimento: uma representação da individuação. Um marco, aere
perennius. Ela exerceu sobre mim uma ação benfazeja, como a aceitação
daquilo que eu era. (...) Em Bolligen sou mais autenticamente eu mesmo,
naquilo que me concerne. Aquí sou, por assim dizer, um filho “arquivelho” de
sua “mãe”. Assim fala a sabedoria dos alquimistas, pois o “velho”, o
“arquivelho” que eu sentira em mim, quando criança, é a personalidade numero
dois que sempre viveu e sempre viverá, fora do tempo, filho do inconsciente
materno.” (Jung, 2012, p.273)

Jung revela nessa fala a profundidade de sua alma que se confunde com
sua casa e sua ancestralidade, sua vida e finitude, refletindo a expressão plena
dos arquétipos lua-plutão: “Na minha torre, em Bolligen, vive-se como há
séculos. Ela durará mais do que eu; sua situação e seu estilo evocam tempos
que há muito já passaram. (...) As almas de meus ancenstrais são mantidas
pela atmosfera espiritual da casa, pois respondo, bem ou mal, às questões que
suas vidas deixaram em suspenso; desenhei-as nas paredes. É como se uma
grande família silenciosa, ao longo dos séculos, povoasse a casa. Lá vivo meu
personagem número dois, e vejo amplamente a vida que se cumpre e
desaparece.” (Jung, 2012, p.286)

Referências

BAIR, DEIRDRE. Jung: uma biografia, vol 2. São Paulo: Ed. Globo, 2006.

CAMPBELL, JOSEPH. Mito e Transformação. São Paulo: Ed. Ágora, 2008.

GREENE, LIZ .; SASPORTAS, HOWARD. Os Luminares: a psicologia do sol e da


lua no horóscopo: seminários sobre astrologia psicológica, vol 3. São Paulo: Ed.
Roca, 1994.

JUNG, C. G. Memórias, Sonhos e Reflexões. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira,


2012.

JUNG, C. G. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

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NEUMANN, ERICH. A Grande Mãe: um estudo fenomenológico da constituição
feminina do inconsciente. São Paulo: Ed. Cultrix, 2006.

PERERA, S. BRINTON. Caminho para a iniciação feminina. São Paulo: Ed.


Paulinas, 1985.

PUIGGROS, PERE. Plutão. São Paulo: Ed. Pensamento, 1990.

RUDHYAR, DANE. A astrologia e a psique moderna: um astrólogo analisa a


psicologia profunda. São Paulo: Ed. Pensamento, 1976.

SASPORTAS, HOWARD. As Doze Casas: Uma interpretação dos planetas e dos


signos através das casas. São Paulo: Ed. Pensamento, 1985.

STEIN, M. Jung – O Mapa da Alma, uma introdução. São Paulo: Ed. Cultrix,
2006.

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