Vous êtes sur la page 1sur 38

Apologia de Sócrates

Trad. Carlos Alberto Nunes

I
QUAL TENHA SlDO, atenienses, a impressão que vos deixaram meus acusadores, não
saberei dizê-lo. De minha parte, ouvindo-os, cheguei quase a esquecer-me de mim
mesmo, tal foi o seu poder de persuasão. E contudo, por assim dizer, não empregaram
uma só palavra verdadeira. Mas, em tão grande número de falsidades, uma,
particularmente, me deixou estarrecido: que deveríeis ter cautela para eu não vos
enganar, por ser hábil orador. O fato de não se envergonharem de receber imediato
desmentido, quando lhes mostrasse que não sei absolutamente falar bem, é o que
nêles se me afigurou o cúmulo da impudência, a menos que chamem orador
eloqüente a quem só fala verdade. Se é isso o que querem significar, concordarei que
também sou orador. Mas, quão diferente dêles todos! De qualquer forma, como disse,
não enunciaram uma só palavra, ou quase nenhuma, verdadeira. De mim, porém, ireis
ouvir tôda a verdade. Não, atenienses, por Zeus, uma oração arrebicada como a dêles,
com palavras e torneios elegantes, porém de períodos simples e com as expressões
que naturalmente me ocorrerem. Creio ser justo o que vou expor; nem deveis esperar
de mim coisa diversa. Não me ficaria bem, senhores, na idade a que cheguei,
apresentar-me perante vós como um adolescente que trouxesse o discurso preparado.
Por isso mesmo, atenienses, uma coisa vos peço e suplico instantemente: se me
ouvirdes fazer a minha defesa com expressões iguais às que eu costumava empregar
na ágora, nas bancas dos cambistas - onde, decerto, muitos de vós me ouviram
discursar - ou mesmo alhures, nem reveleis admiração nem protesteis contra êsse
fato. O caso é que pela primeira vez, com mais de setenta anos de idade, compareço a
um tribunal. Sou, por conseguinte, estranho à linguagem aqui empregada. E, do
mesmo modo que, se eu fôsse estrangeiro, me desculparíeis por vos falar no meu
dialeto e da maneira por que fôra educado, peço-vos aceitar agora - parecendo-me
justo o que postulo - minha maneira de falar. Talvez seja pior; talvez melhor; quem
sabe? Considerai apenas com a máxima atenção se é justo ou não o que eu disser.
Cifra-se nisso o mérito do juiz; o do orador consiste apenas em dizer a verdade.

II
Será de justiça, atenienses, responder em primeiro lugar às acusações mais antigas e
caluniosas e aos meus primeiros acusadores, para depois tratar das últimas e dos mais
recentes. Sim, porque desde cedo eu tive junto de vós muitos detratores, anos
seguidos, que nunca diziam nada verdadeiro. Tenho mais mêdo dêles do que de Ânito
e seus comparsas, ainda que todos sejam perigosos. Porém muito mais de temer,
senhores, eram aquêles, porque vos falavam quando ainda éreis crianças e me
acusavam sem base, levando-vos a acreditar na existência de um Sócrates, homem
sábio que especulava as coisas do céu e investigava as de debaixo da terra e que
conhecia o meio de deixar bons os argumentos ruins. Os autores dêsses boatos,
atenienses, são os meus mais temíveis acusadores. Quem os ouvia, ficava certo ele que
as pessoas dadas a semelhantes lucubrações não acreditavam nos deuses. Além do
mais, constituem legião os detratores que, anos a fio, lançaram contra mim suas
invectivas, sem contar que vos falavam quando vos encontráveis em idade de acreditar
em tudo, por ainda serdes crianças - alguns já seriam adolescentes - desfechando seus
ataques na ausência do acusado, que nunca teve defensor. O mais absurdo é que
ninguém os conhecia nem podia nomeá-los, salvo a hipótese de entre êles haver certo
fazedor de comédias. Mas os outros, tanto os que por inveja ou maldade vos
procuravam persuadir, como os que, por convicção, chegavam a convencer alguém:
com relação a êsses, sinto-me inteiramente desarmado. Pois não me é possível obrigá-
los a comparecer aqui nem refutá-los de algum modo, sendo de necessidade que em
defesa própria me bata, por assim dizer, com sombras e passe a interrogá-las, sem
haver quem me responda. Admiti, por conseguinte, como já disse, que são de duas
espécies meus acusadores: os que moveram contra mim êste processo, e os mais
antigos, de que acabo de falar, e convencei-vos de que a êstes é que preciso responder
primeiro, pois ouvistes suas acusações muito antes e maior número de vêzes do que as
dos de agora.

Pois que seja! Forçoso é defender-me, atenienses, e tentar desfazer o falso conceito
que há tanto tempo formastes a meu respeito; e tudo num prazo muito curto. Desejo
ser bem sucedido, se advier disso algum proveito para vós e para mim; porém, acima
de tudo, preciso justificar-me plenamente. Sei, no entanto, que não é fácil conseguir
êsse desiderato, nem me iludo quanto à precariedade da minha situação. Será como
fôr do agrado do deus; a mim compete apenas obedecer à lei e defender-me.

III
Voltemos, assim, para o comêço, e vejamos em que se funda a acusação de onde
surgiu a calúnia a meu respeito, que levou Méleto a promover agora êste processo.
Que assacam contra mim os meus caluniadores? Como num processo regular,
precisarei apresentar-vos o teor da acusação: Sócrates erra por investigar
indevidamente o que se passa embaixo da terra e no céu, por deixar bons os
argumentos ruins, e também por induzir outros a fazerem a mesma coisa. Cifra- se
mais ou menos nisso a acusação. Proposições dêsse jaez vós mesmos vistes na
comédia de Aristófanes, em que é apresentado um indivíduo de nome Sócrates, que se
gaba de andar pelo ar e enuncia um sem-número de tolices, de que eu não entendo
nem muito nem pouco. Não me expresso dêsse modo com a intenção de apoucar tal
espécie de conhecimento, caso haja algum sábio que o possua - não vá lembrar- se,
agora, Méleto de mover-me outro processo! - mas a verdade, atenienses, é que nada
tenho que ver com tudo isso. Apelo para o testemunho de quase todos vós, e vos
concito a vos informardes uns com os outros e a contardes o que nessas ocasiões me
ouvistes enunciar. Entre vós há muitos capazes disso. Dizei, por conseguinte, se, em
qualquer tempo, algum de vós me ouviu falar ou muito ou pouco acêrca de
semelhantes tópicos. Por êsse exemplo podereis concluir que o mesmo se passa com
tudo o mais que o povo diz a meu respeito.

IV
Tudo isso carece de base, como se dá, também, com a afirmação, que por certo já vos
chegou aos ouvidos, de que eu procuro ensinar os outros e recebo dinheiro em
pagamento, o que também não é verdade. Aliás, considero verdadeira maravilha ser
alguém capaz de ensinar outras pessoas, como se dá com Górgias, o leontino, e
Pródico, de Céus, e também com Hípias, de Élide. Todos êles, senhores, nas cidades a
que chegam têm o dom de persuadir os jovens - que, aIiás, já desfrutam do privilégio
de gozar gratuitamente da companhia de qualquer de seus concidadãos - e de
convencê-los a abandonar êstes e passar a freqüentá-Ios mediante pagamento,
acrescido dos agradecimentos de que são merecedores. Sim, entre nós encontra-se
presentemente um dêsses sábios, de Paros, de que tive notícia. Visitei casualmente um
individuo que, sozinho, já gastou mais dinheiro com os sofistas do que todos os nossos
concidadãos tomados em conjunto: Cálias, filho de Hipônico. A êsse, como disse,
interroguei. É pai de dois filhos. Cálias, lhe falei, se teus filhos fôssem potros ou
bezerros, saberíamos arranjar quem cuidasse dêles, mediante pagamento, para deixá-
los perfeitos nas respectivas virtudes: evidentemente, algum tratador de cavalos ou
um lavrador. Mas, uma vez que são homens, a quem pretendes confiá-los? Quem
possui o conhecimento da virtude peculiar ao homem e ao cidadão? Imagino que já
refletiste a êsse respeito, visto teres dois filhos. Há alguém nessas condições, lhe
perguntei, ou não? - Sem düvida, respondeu. - Quem é? voltei a lhe falar, de onde veio
e quanto cobra? - É Eveno, de Paro, respondeu; cobra cinco minas. - Então, comigo
mesmo considerei Eveno um homem feliz, no caso, bem entendido, de possuir
semelhante arte e de ensiná-la por quantia tão módica. Eu, também, se a conhecesse,
faria alarde disso e me mostraria envaidecido; mas a verdade, atenienses, é que não a
conheço.

V
Talvez me objete algum dos circunstantes: Mas, afinal, Sócrates, qual é a tua
ocupação? De onde se originaram as acusações que formulam contra ti? Alegas que
nada fazes de mal; porém é evidente que não falariam de ti nem terias a fama que
alcançaste, se nada tivesses feito diferente dos demais. Conta-nos o que se passa, a
fim de não formarmos juízo falso a teu respeito.

Acho muito justa a objeção, e vou tentar mostrar-vos o que deu motivo a essa
notoriedade e às calúnias levantadas contra mim. Ouvi-me. É possível que alguns
dentre vós pensem que não estou falando sério; mas podeis ter certeza de que só vou
dizer-vos a verdade. Semelhante fama, atenienses, não me veio senão de certa
sabedoria que me é própria. Que espécie de sabedoria? Decerto, uma sabedoria
puramente humana, sendo de admitir que, de fato, eu seja sábio dessa forma. Os
outros, sim, a que me referi há pouco, talvez sejam possuidores de uma sabedoria
mais que humana, a respeito da qual não sei o que diga, visto não ter chegado a
compreendê-la. Mente e me calunia quem disser o contrário.

Concito-vos, atenienses, a não vos exaltardes, ainda mesmo que eu vos pareça
exagerado. O que passo a contar não me pertence; vou atribuí-lo a quem é merecedor
de todo o vosso crédito. Para atestar minha sabedoria - se é que possuo alguma e de
que natureza ela seja - vou trazer-vos o testemunho do deus de Delfos. Decerto
conhecestes Querefonte. Foi meu amigo de infância e também vosso, amigo do povo
ateniense; participou de vosso recente exílio e retornou convosco para a pátria. Sabeis
perfeitamente como era Querefonte e como se apaixonava quando empreendia
alguma coisa. Assim, de uma feita, estando em Delfos, atreveu-se a consultar o
oráculo. Como vos pedi, senhores, não vos exalteis. Perguntou, de fato, se havia
alguém mais sábio do que eu. Ora, a Pítia respondeu que ninguém era mais sábio. A
êsse respeito seu irmão poderá confirmar o que vos digo, visto já ter êle falecido.

VI
Véde, agora, porque me refiro a êsse fato. Vou mostrar-vos de onde se originou o que
falam contra mim. Depois de ouvir aquilo, pus-me a refletir a sós comigo: Que quererá
dizer a divindade e que pretende insinuar? Tenho plena consciência de não ser nem
muito sábio nem pouco. Qual o motivo, então, de haver ela afirmado que sou o mais
sábio dos homens? Mentira, não pode ser; não condiz isso com a sua natureza. E
assim, durante muito tempo fiquei sem atinar com o sentido dessas palavras; por fim,
bastante contrafeito, decidi-me a investigar o caso por êste modo: fui ter com um
indivíduo considerado sábio, certo de que ali ou nenhures conseguiria desmentir o
oráculo para dizer-lhe: foste homem é mais sábio do que eu; no entanto, afirmaste
que eu era o mais sábio dos homens. Passei, portanto, a examiná-lo. Não há
necessidade de declinar-lhe o nome; era um dos nossos homens públicos. Mas, ao
examiná-lo, atenienses, aconteceu o seguinte: no decurso de nossa conversação, quis
parecer-me que êIe passava por sábio para muita gente, mas principalmente para êle
mesmo, quando, em verdade, estava longe de sê-lo. De seguida, procurei demonstrar-
lhe que êle se considerava sábio sem o ser, do que resultou atiçar contra mim seu ódio
e o de muitas das pessoas presentes.

Depois, ao retirar-me, falava a sós comigo: mais sábio do que êste homem terei de ser,
realmente. Pode bem dar-se que, em verdade, nenhum de nós conheça nada belo nem
bom; mas êste indivíduo, sem saber nada, imagina que sabe, ao passo que eu, sem
saber, de fato, coisa alguma, não presumo saber algo. Parece, portanto, que nesse
pouquinho eu o ultrapasso em sabedoria, pois, embora nada saiba, não imagino saber
alguma coisa. Depois dêste procurei outro, que passava por ser mais sábio, ainda, do
que o primeiro; porém sempre com idêntico resultado. Dêsse modo, tornava-me
também odiado dêle e de muitos outros.

VII
Daí por diante prossegui no mesmo compasso, percebendo com pesar e mêdo que
incorria no ódio de um sem-número de pessoas; mas estava convencido de que era
obrigado a pôr o serviço divino acima de tudo. Vi-me, portanto, na contingência de
continuar com o estudo no sentido do oráculo, junto dos que pareciam saber alguma
coisa. E, pelo cão! atenienses, a verdade precisará ser dita; aconteceu comigo o
seguinte: com raríssimas exceções, os indivíduos tidos na mais alta conta foram os que
me pareceram mais deficientes, quando examinados de acôrdo com o preceito da
divindade, enquanto outros, considerados em geral como inferiores, se me afiguraram
de mais claro entendimento. Precisarei relatar-vos tôda a minha peregrinação e os
trabalhos por que passei, para chegar à conclusão de que o oráculo era mesmo
irrefutável.

Depois dos políticos, dirigi-me aos poetas de tôda espécie, trágicos, ditirâmbicos e
outros, certo de que neste terreno eu teria naturalmente de revelar-me mais
ignorante do que todos. Tomando de seus poemas os que me pareciam compostos
com mais arte, interrogava-os acêrca do sentido de cada um, para, no mesmo passo,
aprender com êles alguma coisa. Envergonha-me, senhores, contar-vos a verdade.
Contudo, precisará ser dita. Quase todos os circunstantes, por assim dizer, podiam
discorrer com mais proficiência a respeito de cada poema do que o próprio autor. Em
pouco tempo a prendi com os poetas que não é por meio da sabedoria que êles fazem
o que fazem, mas por uma espécie de dom natural e em estado de inspiração, como se
dá com os adivinhos e os profetas. Estes, também, falam muitas coisas bonitas, mas
sem saberem o que dizem. O mesmo me pareceu dar-se com os poetas, tendo-se-me
revelado, de igual modo, que, pelo fato de fazerem suas composições, em todos os
assuntos êles se consideravam os mais sábios dos homens, e que, evidentemente, não
eram. Assim, afastava-me também dali com a convicção de ser superior a êles tanto
quanto o era aos politicos.

VIII
Por último, procurei os artesãos. Tinha plena consciência de que eu não sabia, por
assim dizer, absolutamente nada, e estava convencido de que êles todos conheciam
muitas e belas coisas. Nesse ponto não me enganara; conheciam, realmente, muitas
coisas que eu ignorava, sendo nisso, exatamente, mais sábios do que eu. Contudo,
atenienses, quer parecer- me que êsses meritórios artífices padeciam do mesmo
defeito dos poetas: pelo fato de cada um dêles conhecer a fundo determinada
profissão, julgavam-se também proficientes nas questões mais abstrusas, donde
estragar êsse defeito fundamental de todos a sabedoria de cada um. Daí, ter
perguntado a mim mesmo, com referência ao oráculo, o que fôra preferível: ser como
era, sem participar da sabedoria dêles todos, mas também não ser inquinado de sua
ignorância, ou ser como êles, sob ambos os aspectos? A resposta dada a mim mesmo e
ao oráculo foi que era melhor continuar como sou.

IX
Em conseqüência dessa investigação, atenienses, adquiri muitos inimigos da pior e
mais perigosa espécie, fonte de tôda sorte de calúnias a meu respeito e do
qualificativo de sábio que me conferem. Em cada caso concreto, sempre as pessoas
presentes imaginavam que eu era entendido no assunto em que punha a nu a
ignorância dos demais. Mas o que eu penso, senhores, é que em verdade só o deus é
sábio, e que com êsse oráculo queria êle significar que a sabedoria humana vale muito
pouco e nada, parecendo que não se referia particularmente a Sócrates e que se serviu
do meu nome à guisa de exemplo, como se dissesse: Homens, o mais sábio dentre vós
é como Sócrates, que reconhece não valer, realmente, nada no terreno da sabedoria.

Continuo até hoje a andar por tôda a parte, obediente à intimação divina, a examinar e
questionar o estrangeiro ou concidadão que se me afigure sábio. E quando não me
parece que o seja, sempre que ponho à mostra sua ignorância, é para bem servir à
divindade. Com uma ocupação tão absorvente, nunca me sobrou tempo para realizar
nada de importância, no que entende com os negócios da cidade ou com meus
assuntos particulares, vivendo, isso sim, em extrema pobreza, por encontrar-me ao
serviço do deus.

X
Além do mais, os jovens que me acompanham espontaneamente por tôda a parte -
são os que dispõem de mais tempo, por pertencerem a famílias abastadas - não só se
comprazem de me ver examinar tais pessoas, como, por vêzes, experimentam fazer a
mesma coisa com terceiros, do que resulta descobrirem, segundo creio, um número
infinito de gente dessa marca, que imagina saber alguma coisa, quando, de fato, sabe
pouco ou mesmo nada. Ora, êsses indivíduos assim examinados zangam-se comigo em
vez de se zangarem com êles mesmos e espalham que um celerado de nome Sócrates
anda a corromper os moços. Mas, se alguém lhes pergunta de que se ocupa e o que
ensina, não têm o que dizer, porque de todo o ignoram. E para encobrirem sua
perplexidade, recorrem a essas imputações vulgares, comumente assacadas contra os
amantes da sabedoria: investigar as coisas do céu e as de debaixo da terra, não
acreditar na existência dos deuses e deixar bom o argumento ruim. Porque a verdade,
segundo penso, nenhum se atreve a confessar: que todos êles se revelaram
simuladores de sabedoria, quando, de fato, nada sabem. E por serem todos
ambiciosos, é o que imagino, e arrebatados, e por constituírem multidão, além de se
organizarem sob êsse aspecto e de serem hábeis em persuadir, há muito encheram-
vos os ouvidos com suas assacadilhas a meu respeito. Dêsses tais é que provêm as
acusações de Méleto, Ânito e Lico formuladas contra mim: Méleto, infenso à minha
pessoa por causa dos poetas; Ânito, como porta-voz dos artesãos e dos políticos, e
Lico, aliado aos oradores. Por isso tudo, como já observei no comêço, será de admirar
se conseguir em tão pouco tempo limpar-vos o espírito de uma calúnia tão arraigada.
Eis aí, atenienses, a pura verdade, que vos exponho sem omitir nem dissimular seja o
que fôr. Contudo, tenho quase a certeza de que por isso mesmo me torno odiado,
prova evidente de que falo a verdade, e de ser essa a calünia levantada contra mim e
sua causa exclusiva. É o que ireis verificar, decerto, quer estudeis o assunto agora
mesmo, quer o façais mais tarde.

XI
Sôbre as imputações de meus primeiros acusadores, bastevos esta defesa. Contra
Méleto, êsse homem honesto, amigo da cidade, como êle mesmo ·se qualifica, e
contra os demais acusadores, vou tentar agora responder. Mas, visto tratar-se de nôvo
adversário, façamos como para os primeiros e apresentemos o teor de sua acusação. É
mais ou menos o seguinte: Sócrates, assim diz êle, é culpado de corromper os jovens e
não acreditar nos deuses que a cidade admite, além de aceitar divindades novas. Eis a
acusação; passemos agora a examinar cada uma de suas partes.

Acusa-me do crime de corromper os jovens; porém eu, atenienses, por minha vez, digo
que Méleto é criminoso por estar brincando com coisas sérias e por citar levianamente
em justiça outras pessoas, com fingido zêlo, a respeito de assunto a que nunca atribuiu
a mínima importância. Que tudo se passa dêsse modo é o que tentarei demonstrar-
vos.

XII
Aproxima-te, Méleto, e responde: É certo que fazes muito em penha em deixar os
jovens tão perfeitos quanto possivel? - Sem dúvida. - Então, declara a êstes senhores
quem os deixa melhores. É evidente que sabes isso, uma vez que tanto te importa essa
questão. E já que descobriste quem os corrompe, segundo afirmas, e me trouxeste
diante dêles para acusar-me: Vamos, fala e indica aos presentes quem os deixa
melhores. Quem é?

Como vês, Méleto, ficas calado e não tens o que dizer. Semelhante procedimento não
te parece vergonhoso e prova suficiente do que afirmei, que nunca te preocupaste
com essas questões? Vamos, amigo: quem os deixa melhores? - As leis. - Não foi isso
que te perguntei, meu caro, porém que homem, o qual terá, naturalmente, para
começar, de conhecer as leis. - Êstes aqui, Sócrates, os juízes. - Que me dizes. Méleto?
Êstes varões são capazes de instruir os jovens e de deixá-Ios melhores? - Sem dúvida. -
Todos êles, porventura, ou apenas uns, e outros não? - Todos. - Pela deusa Hera, isso é
que é falar bem I Que número enorme de benfeitores! E agora me responde: as
pessoas que nos escutam, também os deixam melhores. ou não? - Essas também. - E
os membros do conselho? - Também. - Porém Méleto, quem sabe se os cidadãos
reunidos em assembléia, os edesiastas, não corrompem os jovens? Ou todos êles os
deixam melhores? - Êsses também. - Ao que parece, todos os atenienses os deixam
bons e nobres, menos eu. Sou o único a corrompê-los. É isso que afirmas? -
Exatamente. - Quanta falta de sorte me atribuis! Então, responde·me ao seguinte: És
de parecer que o mesmo se passa com relação aos cavalos? Todos os homens os
deixam melhores, e um apenas os estraga? Ou será o contrário disso que acontece:
um, apenas, será capaz de deixá·los melhores, alguns poucos, os tratadores de cavalos,
enquanto a maioria dos homens os estraga, sempre que com êles se ocupam ou dêles
se utilizam? E não é isso que se dá com os outros animais? Sim, é isso mesmo, quer tu
e Ânito o admitam, quer o neguem. Seria imensa a felicidade dos jovens, se fôsse
verdade que apenas uma pessoa os cor· rompe e o resto dos homens trabalhasse em
seu proveito. Mas, com isso, Méleto, só demonstras que nunca te preocupaste com a
juventude, patenteando-se tua indiferença com respeito às questões que te moveram
a citar-me em justiça.

XIII
E agora, Méleto, por Zeus, dize-me se é melhor viver entre cidadãos bons ou entre
malfeitores? Responde, amigo. Não é difícil a pergunta. As pessoas ruins não
ocasionam dano aos que com elas convivem, e as honestas, sempre algum bem? -
Perfeitamente. - E haverá, porventura, quem prefira ser prejudicado a ser beneficiado
pelas pessoas do seu meio? Responde, meu caro; a lei ordena que me respondas: há
quem prefira prejudicar-se? - Não há, realmente. - Sendo assim, ao me chamares a
êste tribunal, por eu corromper os jovens e induzi-los à prática do crime, pretendes
que o faça de caso pensado ou sem o querer? - De caso pensado. - Como assim,
Méleto? És tão mais sábio na tua idade do que eu na minha, para compreenderes que
os indivíduos maus sempre causam dano aos que dêles se aproximam, enquanto os
bons só fazem bem; ao passo que tão longe vai minha ignorância, a ponto de não
perceber que, se eu deixar pior qualquer indivíduo de minha convivência, corro o
perigo de receber algum dano de sua parte? E é de caso pensado, como afirmas, que
ocasiono tamanho malefício? Não, Méleto; jamais poderás convencer-me de
semelhante coisa, como estou certo de que a ninguém convencerás. De duas, uma: ou
eu não corrompo os jovens, ou, se os corrompo, faço-o involuntàriamente. Por isso,
em qualquer hipótese estás mentindo. Se os corrompo sem o querer, não manda a lei
trazer para aqui quem pratica atos involuntários, porém chamá-lo à parte para instruí-
lo e adverti-lo. É claro que, uma vez doutrinado, deixaria de fazer o que só
involuntàriamente praticara. Porém te es========== e fugiste de ensinar-me,
preferindo citar-me para onde a lei manda trazer os que precisam ser punidos, não
quem carece de instrução.

XIV
Nesta altura, atenienses, conforme disse, já deveis estar mais do que convencidos de
que Méleto nunca se preocupou com semelhante questão. Não obstante, declara-nos,
Méleto, por que motivo andas a espalhar que eu corrompo os jovens? Segundo a
queixa apresentada, deve ser por ensiná-Ios a não acreditar nos deuses em que a
cidade acredita, porém em demônios de nova modalidade. Não é isso o que afirmas:
que com essa doutrina eu os corrompo? - Perfeitamente; e insisto no que disse. -
Então, Méleto, por êsses mesmos deuses de que estamos tratando, expõe com mais
clareza teu pensamento, a mim e a êstes senhores aqui presentes. Pois não chego a
compreender se afirmas que eu ensino a acreditar em alguns deuses - do que se
concluiria, afinal, que acredito na existência dos deuses e não sou absolutamente ateu
nem criminoso dessa espécie, com a diferença de não acreditar nos deuses admitidos
pela cidade, porém noutros, sendo êsse o fundamento de tua queixa: por serem
outros - ou se afirmas por maneira categórica que não acredito absolutamente nos
deuses e isso mesmo ensino a outras pessoas? - O que afirmo é que não acreditas
absolutamente na existência dos deuses. - Ó, admirável Méleto! Como podes dizer tal
despropósito? Então, não considero deuses nem o sol nem a lua, como o admitem os
demais homens? - Não, senhores, juízes, por Zeus; êle ensina que o sol é uma pedra e
que a lua é de terra. - É Anaxágoras que imaginas acusar, amigo Méleto. Fazes tão
pouco caso dos presentes e os consideras ignorantes, a ponto de não saberem que nos
escritos de Anaxágoras de Clazômenas pululam proposições desse teor? Assim,
aprenderiam os moços comigo essas noções, quando, por uma dracma, quando muito,
têm a possibilidade de adquiri-las no teatro, para depois zombarem de Sócrates, no
caso de chamar êste para si a paternidade de semelhantes idéias, que, além do mais,
são absurdas! Mas, afinal, por Zeus, o que afirmas mesmo é que eu não acredito em
nenhum dos deuses? - Sim, por Zeus; em nenhum, absolutamente. - É incrível, Méleto;
nem tu mesmo dás crédito ao que dizes, quero crer. Para mim, atenienses, êste
homem é por demais impudente e arrebatado. Foi por orgulho que formulou contra
mim sua acusação. apenas para afrontar-me, numa espécie de bravata juvenil. Dá-me
a impressão de haver apresentado um enigma, para expenmentar-me: Vejamos se o
sábio Sócrates percebe que eu estou brincando e que me contradigo no que afirmo, ou
se conseguirei ludibriá-lo e a todos os que me ouvirem. Pois quer parecer-me que êle
se contradiz na sua acusação. É como se afirmasse: Sócrates é culpado por não
acredItar nos deuses, mas acredita que existem deuses. Positivamente, tudo isso não
passa de pilhéria.

XV
Considerai comigo, senhores, porque acho que êle fala desse modo. Agora, Méleto,
nos responde. E vós, conforme vos pedi no comêço, não vos lembreis de tumultuar, no
caso de eu desenvolver o argumento pelo meu modo costumeiro. Haverá, Méleto,
quem acredite na existência de coisas humanas, mas não aceite a existência dos
homens? Êle que me responda, senhores, em vez de protestar a todo instante. Haverá
quem não acredite em cavalos, mas admita a existência de coisas eqüestres? Ou em
tocadores de flauta, mas apenas nas arte dos flautistas? Não há, excelente varão. Se
não te decides a responder, eu mesmo me encarrego de declarar- te isso e a todos os
presentes. Então, pelo menos responde a esta outra pergunta: haverá quem acredite
na existência de coisas demoníacas, porém não admita a existência de demônios? -
Não há. - Como te sou obrigado por te haveres resolvido a responder-me, muito
embora só o fizesses sob a pressão dêstes senhores. De qualquer forma, confessas
que eu admito a existência de coisas demoníacas e que as ensino, pouco importando
se são novas ou antigas; o fato é que acredito em coisas demoníacas, sempre de
acôrdo com tua afirmativa, o que, aliás, asseveraste, sob juramento, em tua acusação.
Ora, se eu acredito em coisas demoníacas, é mais do que forçoso acreditar também na
existência de demónios, não é verdade? Sim, é isso mesmo; pois tenho de admitir que
concordaste comigo, já que não queres responder. E os demônios, não os concebemos
como sendo deuses ou filhos de deuses? Que dizes a isso: sim ou não? - De acôrdo. -
Por conseguinte, se eu acredito em demônios, como declaras, e os demônios, por sua
vez, são uma espécie de deuses: daí haver eu dito que estavas gracejando e propunhas
enigmas, ao afirmares que não acredito em deuses e, logo a seguir, que acredito nêles,
visto acreditar em demónios. Ora, se os demônios são filhos bastardos dos deuses,
conforme dizem, nascidos de ninfas ou de outras mães: quem poderá admitir que
existem filhos de deuses, porém que não há deuses? Seria tão absurdo como acreditar
alguém na existência de filhos de cavalos e de jumentas, porém não na de cavalos e
jumentas. Não, Méleto; tem de ser isso: foi só para experimentarnos que apresentaste
tua acusação, ou então por te encontrares em dificuldade para dizer em que eu havia
verdadeiramente delinqüido. Mas conseguires convencer alguém, por menos
inteligente que seja, de que haja quem acredite na existência de coisas demoníacas e
divinas e, ao mesmo tempo, não acredite nem em demônios nem em deuses e em
heróis, é o que de nenhum jeito se poderá admitir.

XVI
Não, atenienses; para provar que eu não cometi crime com referência ao que Méleto
me acusa, não se faz mister de defesa muito longa; basta a que já fiz. Quanto ao que
vos disse há pouco, que muita gente me dedica ódio, bem sabeis que é a pura verdade.
Isso é que me condenará, se eu tiver de ser condenado; não Méleto nem Ânito, porém
a calúnia e a inveja das multidões, que já causaram a ruína de muitos homens de bem
e que ainda hão de causar a de muitos outros, pois é pouco provável que parem em
mim. Talvez alguém me objete: Não te envergonhas, Sócrates, de teres adotado um
gênero de vida que hoje poderá acarretar- te a morte? Ao que eu daria esta resposta
justa: Estás enganado, amigo, se imaginas que, por menos que valha uma pessoa, deve
pensar em morrer ou viver, em vez de considerar apenas se procedeu com justiça ou
injustamente em todos os seus atos e se se comportou como homem de bem ou como
celerado. De acôrdo com teu argumento, teriam sido desprezíveis todos os semideuses
que morreram diante dos muros de Tróia, entre os quais se achava o filho de Tétis, que
tão longe levou o desprêzo do perigo ante a ameaça da desonra. Ao vê-lo impaciente
de matar Heitor, sua mãe - uma das deusas - lhe falou mais ou menos nos seguintes
têrmos, segundo penso: Filho, se matares Heitor, em vingança da morte de teu amigo
Pátroclo, virás também a morrer, pois logo depois de Heitor, disse ela, o Destino te
alcançará. Ao ouvir isso, com desprêzo da morte e do perigo e maior receio de viver
desonrado se não vingasse o companheiro, lhe respondeu: Então, que morra logo,
depois de castigar o criminoso, para não ficar junto das naves de proas recurvas como
objeto de galhofa e pêso inútil sôbre a terra. És de parecer que êle tivesse pensado na
morte ou no perigo? Não, atenienses; o que acontece é o seguinte: Todo homem que
escolheu um pôsto, por considerá-lo o mais honroso, ou que nêle tenha sido colocado
por seus superiores, aí terá de permanecer, segundo creio, na hora do perigo, sem
pensar mais na morte, ou no que quer que seja, do que na desonra.

XVII
Fôra por demais grave, atenienses, meu procedimento, se, tendo permanecido no
lugar indicado pelos generais eleitos por vós mesmos para comandar-me, em Potidéia,
em Anfípolis e em Délio, arriscando-me, como qualquer outro, a morrer: vendo-me,
agora, no pôsto em que me colocou a divindade, conforme creio e admiti, para
dedicar-me exclusivamente à filosofia e examinar a mim e aos outros, só de mêdo da
morte ou do que quer que seja viesse a desertar. Isto, sim, fôra gravíssimo, e com todo
o direito qualquer pessoa poderia processar-me por eu não acreditar nos deuses, uma
vez que desobedecera ao oráculo, revelei mêdo da morte e me considerara sábio sem
que o fôsse. Porque ter mêdo da morte, senhores, outra coisa não é senão considerar-
se sábio; equivale a imaginar alguém que sabe o que ignora. Ninguém sabe o que seja
a morte, e, ignorando até mesmo se porventura não será para os homens o maior dos
bens, temem-na como se soubessem com certeza que é o pior dos males. E como
poderá deixar de ser censurável semelhante ignorância, isto é, imaginar alguém que
sabe o que não sabe? Neste particular, senhores, é possível que eu seja diferente da
maioria dos homens, e se tivesse de considerar-me excepcional em alguma coisa, seria
justamente nisto: como não conheço suficientemente o que se passa no Hades,
também não tenho a ilusão de conhecer. Porém, cometer qualquer injustiça e
desobedecer a um superior - deus ou homem - isso sim, sei bem que é mal e
vergonhoso. Fugindo, assim, dos males que reconheço como tal, nunca me temerei
nem fugirei dos que não sei se talvez não sejam bens.

Por isso, no caso de me absolverdes, sem acompanhardes Ânito, quando vos disse que
eu não deveria ter vindo ao tribunal, mas que, uma vez aqui presente, não poderíeis
deixar de condenar-me, pois, conforme asseverou, na hipótese de me absolverdes,
vossos filhos se interessarão pelos ensinamentos de Sócrates, do que resultará todos
êles.ficarem inteiramente corrompidos; ainda mesmo que me dissésseis: Sócrates, não
daremos atenção a Ânito; vamos absolver-te, com a condição de parares com essa
investigação e não te dedicares de hoje em diante à filosofia; porém se fôres mais uma
vez apanhado nessas práticas, morrerás por isso: se me absolvêsseis, como vos disse,
sob essa condição, eu vos falaria nos seguintes têrmos: Estimo-vos, atenienses, e a
todos prezo, porém sou mais obediente aos deuses do que a vós, e enquanto tiver
alento e capacidade, não deixarei de filosofar e de exortar a qualquer de vós que eu
venha a encontrar, falando-lhe sempre na minha maneira habitual: Como se dá, caro
amigo, que, na qualidade de cidadão de Atenas, a maior e mais famosa cidade, por seu
poder e sabedoria, não te envergonhes de só te preocupares com dinheiro e de como
ganhar o mais possível, e quanto à honra e à fama, à prudência e à verdade, e à
maneira de aperfeiçoar a alma, disso não cuidas nem cogitas? E se algum de vós
protestar e me disser que cuida, não o largarei de pronto nem me afastarei dêle, mas o
interrogarei, examinarei e argüirei a fundo. No caso, porém, de convencer-me de que é
carecente de virtude, embora diga o contrário, repreendê-Io-ei por dar pouca
importância ao que é de mais valor e ter em alta estima o que de nada vale. Assirn
procederei com quantos encontrar: môço ou velho, estrangeiro ou meu concidadão.
Sim, primeiro com êstes, por me serdes mais próximos pelo sangue. É o que me
ordena fazer a divindade, bem o sabeis, estando eu convencido de que nunca nesta
cidade vos tocou por sorte maior bem do que o serviço por mim a ela prestado. Outra
coisa não faço, senão perambular pela cidade para vos persuadir a todos, moços e
velhos, a não vos preocupardes com o corpo nem com riquezas, mas a pordes o maior
empenho no aperfeiçoamento da alma, insistindo em que a virtude não é dada pelo
dinheiro, mas o inverso: da virtude é que provém a riqueza e os bens humanos em
universal, assim públicos como particulares. Se com semelhantes ensinamentos eu
corrompo a mocidade, é que são, realmente, prejudiciais. Estará falando à toa quem
afirmar que eu ensino coisa diferente. Por isso, atenienses, vos direi: quer obedeçais a
Ânito quer não; quer me absolvais quer não, ficai certos de que jamais procederei de
outra maneira, ainda que tenha de morrer mil vêzes.

XVIII
Não vos alvoroceis, atenienses; fazei o que pedi: ouvi-me com atenção, sem vos
insurgirdes contra o que eu disser. Estou convencido de que, se me ouvirdes, só tereis
a lucrar. Tanto mais que me proponho agora a tratar de um assunto que decerto há de
provocar protestos de vossa parte. Contende- vos, por favor. Sabeis perfeitamente
que, se me condenardes à morte, sendo eu como vos disse, não me prejudicareis tanto
como a vós mesmos. Nem Méleto, nem Ânito conseguirão prejudicar-me em nada.
Não o poderiam, pois não faz parte, quero crer, da ordem das coisas, ser de algum
modo lesado o indivíduo superior por quem lhe é inferior. Sim, poderá matar-me, ou
exilar-me, ou privar-me dos direitos civis, o que na sua opinião e de muito mais gente
passa por ser um grande mal. Porém de todo diferente é minha maneira de pensar.
Maior mal é fazer o que êle faz agora: procurar matar injustamente um homem. Por
isso mesmo, atenienses, estou longe de argumentar no meu próprio interêsse, como
se poderia imaginar, porém no vosso, para que com minha condenação não venhais a
pecar contra a dádiva que vos concedeu a divindade. Se me matardes, não vos será
fácil encontrar outro nas mesmas condições, por mais risível que pareça, prêso à
cidade pelo deus como um tavão a um cavalo grande e generoso, mas que, por suas
próprias dimensões, se revela um tanto lerdo, motivo por que precisa ser espicaçado.
Foi para isso, segundo penso, que o deus me ligou a esta cidade, para vos espertar e
persuadir, razão de eu não cessar o dia inteiro de vos admoestar um por um, onde
quer que vos encontre, e de insistir com todos. Não vos será fácil, senhores, encontrar
alguém como eu. Por isso, se me aceitardes o conselho, haveis de poupar-me. É
possível que vos impacienteis, como se dá com os dorminhocos, quando despertados
com sacudidelas, convencidos como estais de que podereis continuar a dormir o resto
da vida se obedecerdes a Ânito e me matardes, a menos que o deus se compadeça de
vós outros e mande alguém mais em meu lugar. Que eu sou, realmente, um indivíduo
nessas condições, entregue à cidade pelo deus, podeis inferir do que se segue: não
condiz com a simples natureza humana descurar-me a êsse ponto dos meus próprios
interêsses e deixá-Ios em abandono durante tantos anos, para ocupar-me apenas dos
vossos, com dirigir-me a cada um de vós em particular, como pai ou irmão mais velho,
para concitar-vos a vos preocupardes com a virtude. Se disso eu retirasse algum
proveito ou exigisse pagamento por minhas admoestações, fôra até certo ponto
compreensível. No entanto, vós mesmos devereis de ter observado que, apesar da
impudência dos meus acusadores em me assacarem tantos crimes, não se atreveram
em sua desfaçatez a apresentar uma única testemunha de que em qualquer tempo eu
exigisse ou solicitasse pagamento de quem quer que fôsse. Penso que, em abono de
que vos falo a verdade, será suficiente a testemunha por mim mesmo convocada:
minha pobreza.

XIX
Decerto a muita gente parecerá estranho que eu andasse pela cidade e me afanasse
em aconselhar particularmente os outros, e nos assuntos públicos não tivesse ânimo
de freqüentar as assembléias e dar conselhos à cidade. A razão dêsse fato, como já me
ouvistes muitas vêzes declarar por tôda a parte, a encontrareis em algo divino e
demoníaco que se dá comigo e a que, por zombaria, o próprio Méleto se referiu em
sua acusação. Isso começou desde o meu tempo de menino, uma espécie de voz que
só se manifesta para dissuadir-me do que eu esteja com intenção ele praticar, nunca
para levar-me a fazer alguma coisa. Isso é que se opõe a que eu trate de política. E com
tôda a razão, quer parecer-me. Pois, como sabeis, atenienses, se há muito tempo eu
me tivesse ocupado com os negócios públicos, há muito, também, já teria deixado de
existir, sem ter sido de nenhuma utilidade nem para vós nem para mim. Não vos
zangueis por vos dizer a verdade; mas é fato que não escapará de morrer quem quer
que se vos oponha destemido, ou a qualquer outra assembléla popular, para impedir
que na cidade se pratiquem injustiças ou iniqüidades. Se quiser viver algum tempo, o
paladino da justiça terá de conservar-se como particular, sem imiscuir-se na vida da
cidade.

XX
Em confirmação do que vos digo, vou apresentar-vos um argumento decisivo, não ele
simples palavras, mas de fatos, como é tão do vosso agrado. Ouvi o que se passou
comigo, para vos convencerdes de que o mêdo de morrer não me leva a fazer
nenhuma concessão em detrimento da justiça, e que, assim procedendo, eu me
expunha a morte certa. Vou falar- vos, porventura, de coisas importunas e processuais;
porém será tudo verdadeiro. Em tôda a minha vida, atenienses, nunca ocupei nenhum
cargo na cidade, a não ser uma única vez o de conselheiro. Ora, aconteceu que nessa
ocasião nossa tribo, de Antióquide, exercia o pritanato, quando decidistes julgar
englobadamente os dez generais que na batalha naval não recolheram os mortos,
resolução ilegal a mais não ser, conforme pouco depois vós mesmos reconhecestes.
Dos prítanes fui eu o único a opor-me a que praticásseis algo contra a lei, tendo votado
contra aquela decisão. E muito embora os oradores estivessem dispostos a denunciar-
me e prender-me, como ordenáveis aos berros, achei preferível correr todos os riscos
ao lado da lei e da justiça, a ficar de vosso lado numa deliberação injusta, só de mêdo
de ser prêso ou de vir a perecer.

Isso se deu ainda no tempo da democracia. Porém, depois de instaurada a oligarquia,


de uma feita os Trinta me mandaram chamar à rotunda com mais quatro, para
trazermos de Salamina o salamino Leão, a fim de ser executado, incumbência igual às
que haviam dado a muitos outros, pelo desejo de deixar co-responsáveis nesses crimes
o maior número possível de pessoas. Nessa ocasião demonstrei de nôvo, não com
palavras, mas por atas, que morrer - se a expressão não é um tanto rústica - não me
preocupa no mínimo, e que meu empenho exclusivo consistia em não praticar ação
injusta ou ímpia. Pois aquêle Poder, por mais discricionário que se então mostrasse,
não conseguiu atemorizar-me a ponto de levar-me a praticar qualquer ato injusto;
assim, quando saímos da rotunda, os outros quatro foram a Salamina e trouxeram
prêso Leão, seguindo eu diretamente para casa. E êsse meu ato sem dúvida me teria
custado a vida, se pouco tempo depois o Govêrno não tivesse sido derrubado. Muitas
testemunhas poderão certificar-vos dêsses fatos.

XXI
Acreditais, então, que eu chegaria a viver tanto, se me tivesse ocupado com os
negócios públicos e, como homem de bem, tomasse a defesa da justiça, como é de
mister, para antepô-Ia a tudo o mais? Nem por sombras, atenienses; homem nenhum
o conseguiria. Durante tôda a vida fui sempre o mesmo, tanto nas funções públicas
que cheguei a exercer, como nas minhas relações particulares; jamais concedi nada a
ninguém contràriamente à justiça, nem mesmo aos que os meus caluniadores
denominam meus discípulos.

O fato é que nunca ensinei nada a ninguém. Se alguém deseja ouvir-me quando falo no
desempenho de minha missão quer se trate de môço quer de velho, não crio
dificuldades, como não repilo os que não podem pagar, nem falo apenas para os que
estiverem em condições de remunerar-me; mas me disponho a responder a todos por
igual, assim os ricos como os pobres, ou, se o preferirem, a formular-lhes perguntas,
ouvindo êles o que eu digo. Se de semelhantes práticas alguém sai melhorado ou
prejudicado, é o que com justiça ninguém me pode responsabilizar, pois nunca me
comprometi a dar lições a quem quer que seja, como de fato nunca dei. E se alguém
afirmar que aprendeu comigo ou ouviu de mim qualquer coisa em particular, que
todos os outros não tivessem ouvido, bem sabeis que está mentindo.

XXII
Então, por que motivo há tanto tempo certas pessoas se comprazem em conversar
comigo? Já vo-lo declarei, atenienses; o que vos relatei é a pura verdade: gostavam de
ouvir-me, quando eu examinava os que se julgam sábios sem o serem. De fato, é um
espetáculo interessante. Trata-se, como disse, de uma obrigação imposta pela
divindade, por meio de oráculos e de sonhos, ou como quer que os desígnios divinos
se tornem manifestos para os homens.

Tudo isso, atenienses, é tão verdadeiro como fácil de verificar. Porque se, de fato, eu
corrompo os jovens, como devo ter corrompido muitos no passado, o que cumpria a
qualquer dêles, uma vez atingida a idade adulta e ao perceber que eu o aconselhara
para o mal em sua mocidade, era levantar-se imediatamente para acusar-me e exigir
que eu fôsse castigado. E, no caso de não quererem tomar essa iniciativa, seus
familiares, pais e irmãos ou qualquer outro parente, sendo verdade que eu prejudiquei
algum membro da familia, lembrados agora dêsse fato, deveriam exigir minha punição.
Muitos dêles se encontram aqui presentes, conforme verifico, a começar por Critão, da
minha idade e do mesmo demo a que pertenço, pai de Critobulo, que também diviso
ali; depois, Lisânias, de Esfeto, pai de Ésquines, igualmente presnte; a seguir, Antifonte,
de Cefísia, pai de Epígeno. Outros mais também se acham no recinto, cujos irmãos
freqüentaram minha companhia: Nicóstrato, filho de Teosótides e irmão de Teódoto -
sim, porque Teódoto já morreu, não podendo, por isso mesmo, influenciá-lo com
pedidos - e também Páralo, filho de Demódoco, de quem Teages era irmão. Ali está,
ainda, o filho de Aristão, Adimanto, de quem Platão é irmão, aqui presente, bem como
Eantodoro, cujo irmão é Apaladaro, que diviso mais além. Poderia mencionar muitos
outros, e no meio de tantos competia a Méleto arrolar como testemunha pelo menos
um em sua acusação. Se não lhe ocorreu fazê-lo, chame um dêstes agora, que eu cedo
meu lugar, caso encontre alguém com tal disposição. Mas o que ireis ver, senhores, é
justamente o contrário disso: todos estão prontos a ajudar o corruptor de seus
familiares e que tanto mal lhes causou, no dizer de Méleto e de Ânito. Compreende-se
que os moços corrompidos por mim depusessem a meu favor; mas os que não o foram
e já são homens feitos, parentes dos primeiros, por que razão viriam defender- me, a
não ser por lealdade e justiça e por estarem convencidos de que Méleto mente e só eu
falo a verdade?

XXIII
Nisto, senhores, cifra-se o que eu tinha que dizer em defesa própria, e talvez mais
alguma coisa dêsse teor. É possível que se indigne algum de vós, ao lembrar-se do que
passou em processo de muito menores conseqüências, quando se dirigira, súplice, aos
juízes, banhado em lágrimas, e levara consigo os filhos pequenos, a fim de comover a
todos êles, além de grande número de amigos e familiares, enquanto eu não faço nada
disso, apesar de encontrar-me, como tudo leva a crer, no máximo perigo.
Considerando isso agora, talvez sinta o amor-próprio ofendido e se irrite comigo, para,
num gesto de cólera, depor seu voto contra mim. Se houver entre vós quem seja capaz
de proceder dessa maneira - o que não creio - mas, admitindo que haja, penso que
nestes têrmos lhe daria uma resposta razoável: Eu também, amigo, tenho parentes,
pois, como diz Homero, não provenho de nenhum carvalho nem da rocha, porém de
homens. Por isso mesmo, tenho parentes, atenienses, e filhos em número de três,
sendo um mais grandinho e dois ainda crianças. E contudo, não mandarei buscar
nenhum para concitar-vos a absolver-me. E por que não faço nada disso? Não será por
orgulho, atenienses, nem por desprezar-vos. Se eu encaro ou não a morte com
coragem, é questão diferente; mas, no que concerne à minha honra, à vossa e à da
cidade, não se me afigura decente proceder dessa maneira na idade a que cheguei e
com o nome que tenho, seja ou não merecido. O fato é que é opinião corrente
distinguir-se Sócrates em alguma coisa do comum dos homens. Seria vergonhoso
procederem dêsse modo os que entre vós outros são tidos como superiores pela
sabedoria, pela coragem ou por qualquer outra virtude, tal como já vi passar-se muitas
vêzes com pessoas consideradas de valor, e que, ao serem julgadas, se comportavam
de maneira mais estranha, pela certeza de que algo muito grave lhes aconteceria se
viessem a perecer, e tomo se ficassem imortais no caso de não lhes tirardes a vida. A
meu parecer, com isso êles desonram a cidade, por fazerem crer nos estrangeiros que
os mais eminentes atenienses, escolhidos por seus próprios concidadãos para cargos
de direção e outras honrarias, não diferem em nada das mulheres. Essas coisas,
atenienses, nem ficam bem para os que passamos por ler algum merecimento, nem
podem ser aceitas por vós outros, quando postas em prática. Pelo contrário,
precisareis demonstrar que há muito maior probabilidade de condenardes os autores
dêsses dramas lastimosos que expõem a cidade ao ridículo, do que os que se
comportam com decência.

XXIV
Mas, pondo de parte, senhores, a questão da honra, não me parece decoroso implorar ao juiz
e alcançar absolvição por meio de súplicas, em vez de procurar instruí-lo e convencê-Io. O juiz
não é nomeado para fazer favores com a justiça, mas para julgar segundo as leis. Assim,
importa que nem nós vos habituemos ao perjuro, nem vos acomodeis com êle; fôra de nossa
parte ofensa para os deuses. Não espereis, por conseguinte, atenienses, que eu faça o que não
considero nem honesto nem justo nem piedoso, máxime, em nome de Zeus, por ter sido
acusado de impiedade por Méleto, aqui presente. Pois é evidente que se, à custa de implorar,
eu conseguisse comover-vos e vos levasse a decidir contra vosso próprio juramento, com isso,
por um lado, vos ensinaria a não crer na existência dos deuses, mas, por outro, com minha
própria defesa me acusara de não acreditar que êles existem. Porém está muito longe de ser
assim. A verdade, atenienses, é que eu creio nêles, como não o faz nenhum dos meus
acusadores, e deixo agora a vós e ao deus decidir como fôr melhor tanto para mim como para
todos vós.

XXV
Se não me insurjo, atenienses, pelo fato de me haverdes condenado, é que me
sobejam razões, mas principalmente por não ter sido inesperado o que me aconteceu.
Pelo contrário, o que mais me surpreende é o número de votos dos dois lados. Não
imaginava que seria tão pequena a diferença; esperava muito mais. Como se vê, se
apenas trinta votos houvessem caído para lá, eu teria sido absolvido. Nessas
condições, é lícito afirmar que escapei de Méleto, e também, o que é mais do que
manifesto para todos: além de escapar, se Ânito e Lico não se tivessem apresentado
como acusadores, êle teria de pagar mil dracmas por não haver alcançado o quinto dos
sufrágios.

XXVI
De qualquer forma, êste homem pede a minha morte. Pois que seja! E, de meu lado,
atenienses, que pena me imporei? Evidentemente, a que mereço. E qual poderá ser?
Que mereço sofrer ou dar em paga por não esconder a vida inteira o que sabia e me
ter descurado do que a maioria dos homens tanto preza: riquezas, interêsses de
família, postos militares, atividades demagógicas, empregos de tôda a sorte e as
conjurações políticas e os partidos que surgem na cidade, por julgar-me honesto em
demasia para conseguir a salvação por êsse meio? Não me permiti ingressar num
caminho de que não adviria bem nenhum nem para mim nem para vós; ao invés disso,
empenhei-me apenas em proporcionar a todos vós o que a meu ver constitui o maior
dos benefícios, procurando convencer cada um a não se entregar a seus negócios sem
primeiro ocupar-se de si mesmo para tornar-se cada vez melhor e mais prudente, nem
aos interêsses da cidade em detrimento dela própria, e em tudo o mais seguir a
mesma orientação. Que penalidade, então, mereço, por ser como vos disse? Algo bom,
atenienses, se em verdade tiver de ser punido de acôrdo com meu merecimento. E
alguma coisa que convenha à minha pessoa. Qual recompensa convirá a um benfeitor
pobre que precisa ter livre todo o tempo para vos admoestar? Não há nada tão
indicado, atenienses, para um indivíduo nessas condições, do que ser alimentado no
Pritaneu, muito mais do que para qualquer vencedor em Olímpia, com cavalo de
corrida ou em corrida de carro com dois ou quatro cavalos. Semelhante vencedor só
vos proporciona aparência de felicidade, ao passo que eu vos deixo realmente felizes,
sem contar que êle não carece de alimentos, como se dá comigo. Se houverdes,
portanto, de castigar-me com justiça e de acordo com meu mérito, eis a penalidade
que me imponho: ser alimentado no Pritaneu.

XXVII
Por falar-vos dêsse modo, talvez imagineis que emprego linguagem idêntica à que usei
quando me referi às súplicas e exortações. Nada disso, atenienses. O que há é o
seguinte: estou convencido de que não age deliberadamente quem comete injustiça,
porém não consigo transmitir-vos essa maneira de pensar. Dispomos de muito pouco
tempo para êste diálogo. Creio, porém, que se entre nós houvesse uma lei como há
noutros lugares, de não julgar só num dia os casos de pena capital, porém em muitos,
estou que chegaria a convencer-vos. Mas assim, num prazo tão curto, não me é fácil
limpar-me de uma calúnia dêsse porte. Convencido, pois, de nunca haver feito mal a
ninguém, muito menos iria prejudicar-me e falar contra mim, a ponto de declarar que
mereço punição, e até mesmo de fixar alguma pena. De que posso temer-me? A
punição pedida por Méleto e que eu confesso não saber se é um bem ou um mal? Em
vez disso, irei escolher entre várias penalidades qualquer das que eu reputo um grande
mal e declarar que a mereço? Talvez pena de prisão? Por que viver no cárcere, em
permanente sujeição à autoridade dos Onze? Ou multa em dinheiro, com prisão até
poder pagá-la? Equivaleria, no meu caso, à pena anterior, pois não disponho de
recursos para comprar a liberdade. Escolherei, então, o exílio? Talvez me confirmásseis
essa pena. Porém, bem grande teria de ser o meu apêgo à vida, para levar a insensatez
ao ponto ele não compreender que se vós outros, atenienses como eu, não pudestes
suportar meus discursos e a minha maneira de viver, que se vos tornaram incômodos e
odiados, a ponto de quererdes desembaraçar-vos dêles: vou imaginar que estranhos
os suportarão facilmente?

Longe disso, atenienses. Que bela vida, a minha, desterrado, na idade a que cheguei, a
mudar com freqüência de cidade e sempre expulso da última em que estivesse! Sim,
porque de uma coisa tenho certeza: para onde quer que me dirija, os moços irão
escutar-me, tal qual se dá entre nós. Se os repelir, êles próprios obterão dos mais
velhos que me expulsem; não deixando de acolhê-los, o mesmo farão por amor dêles
seus pais e familiares.

XXVIII
Talvez alguém me observe: Não poderias viver no exílio, Sócrates, quieto e sem falar?
Eis, justamente, o mais difícil de convencer a alguns do vosso meio. Se vos dissesse que
isso equivaleria a desobedecer ao deus, motivo por que não me seria possível ficar
quieto, não me daríeis crédito, por imagnardes que eu estivesse usando de ironia. Por
outro lado, se afirmar que talvez o maior bem do homem consista em passar os dias a
conversar a respeito da virtude e de outros temas sôbre os quais já me ouvistes
discorrer, examinando outras pessoas e a mim mesmo, e que a vida sem êsse exame
não vale a pena ser vivida, é o que menos ainda ireis acreditar. No entanto, senhores, é
exatamente como digo; a dúvida é que não me é possível convencer-vos. Além do
mais, não costumo considerar-me merecedor de punição nenhuma. Se dispusesse de
recursos, estipularia a multa que eu estivesse em condições de pagar; não me
prejudicaria com isso. Mas, dinheiro é o que não tenho, a menos que vos decidísseis
por uma quantia proporcional às minhas posses. Talvez vos possa pagar uma mina: eis
a multa que me imponho. Porém Platão, aqui presente, atenienses, e também Critão,
Critobulo e Apolodoro insistem para que eu arbitre a multa em trinta minas, ficando
êles responsáveis por êsse pagamento. Condeno-me, por conseguinte, a pagar essa
importância, de que êles vos serão fiadores suficientes.

XXIX
Não se passará muito tempo, atenienses, sem que os difamadores gratuitos da cidade
vos acusem e incriminem de haver executado Sócrates, um sábio. Sim, porque me
darão o nome de sábio, embora eu o não seja, só para vos diminuírem. Se tivésseis
esperado um pouco mais, sem vossa interferência tudo se resolveria por si mesmo.
Vêde minha idade: tão avançado em anos e próximo da morte. Não digo isso com
referência a todos, mas apenas aos que me condenaram. Para êsses tenho ainda a
acrescentar: Decerto, senhores, imaginais que eu fui condenado por carecer de
argumentos convincentes, no pressuposto de que estivesse decidido a dizer e fazer
tudo para ser absolvido. Nada disso! Sim, fui condenado por deficiência, porém não de
argumentos, senão de audácia e desfaçatez, e por não decidir-me a dizer-vos o que
talvez vos fôsse mais agradável ouvir: se me pusesse a chorar e a lamentar-me, e
fazendo e alegando muitas coisas, como vos disse, indignas de minha pessoa, mas a
que já vos habituastes a ouvir com outros réus nas mesmas condições. Não; nem há
pouco achei que à vista do perigo precisasse praticar qualquer baixeza, nem agora me
arrependo da maneira por que me conduzi neste processo. Pelo contrário: prefiro mil
vêzes morrer por me ter defendido como o fiz, a ficar vivo se tivesse falado de outro
modo. Porque tanto no tribunal como na guerra, nem eu nem ninguém tem o direito
de lançar mão de todos os recursos para escapar da morte. Muitas vêzes, nos
combates torna-se manifesto que poderia deixar ele morrer quem se resolvesse a
jogar longe as armas e, súplice, se voltasse para seu perseguidor, e em todos os
perigos há muitas maneiras de evitar a morte para quem não se corra de fazer ou dizer
seja o que fôr. Porém o difícil, senhores, não é fugir da morte; muito mais custoso é
fugir da maldade, porque esta corre mais do que a morte. Agora, também, por tardo e
velho, fui apanhado pelo mais lerdo, enquanto meus acusadores, por arrebatados e
ágeis, o foram pelo mais rápido, a maldade. Vou sair daqui julgado por vós como
merecedor da pena de morte, enquanto aquêles foram julgados pela Verdade como
culpados de maldade e de injustiça. Conformo-me com minha pena, como êles devem
conformar-se com a dêles. Talvez tudo devesse terminar por essa forma e creio que
assim mesmo está bem.

XXX
Desejo profetizar a meus acusadores o que virá depois disto, pois me encontro no
instante preciso em que os homens sobretudo profetizam, isto é: quando estão para
morrer. O que vos digo, senhores que me mandais matar, é que logo após a minha
morte, vos atingirá um castigo muito mais grave, por Zeus, do que o que me infligistes
com esta pena. Assim procedestes, imaginando que dêsse modo vos livraríeis das
inquirições sôbre vosso proceder; mas o contrári o disso, justamente, é o que vai dar-
se, posso assegurar-vos. Em muito maior número serão vossos inquiridores, que até o
presente, sem que o percebêsseis, eu conseguia sofrear, e que tanto mais molestos
hão de ser quanto mais moços forem e contra os quais vos indignareis mais ainda. Se
pensais que, matando alguém, impedis de aparecer quem vos censure por não
viverdes bem, estais muito enganados. Pois essa maneira de livrar-se de censores nem
é eficiente nem honrosa. Para qualquer pessoa, o modo mais nobre e fácil não consiste
em incapacitar os outros, mas em esforçar-se para tornar·se homem de bem. É o que
profetizo a todos vós que me condenastes, no momento de nos separarmos.

XXXI
Com os que me deram seu voto, desejo ainda conversar a respeito do que me
aconteceu, enquanto os magistrados estão ocupados e eu nao vou para o lugar em
que terei de morrer. Ficai, senhores, êsse tempo comigo; nada nos impede de
conversar intimamente, enquanto nos fôr isso permitido. Como a amigos é que desejo
expor-vos o significado preciso do que acaba de passar-se.

Com efeito, juízes, - sim, dar-vos o nome de juízes é dizer o que realmente sois -
passou-se comigo alguma coisa maravilhosa. Durante tôda a minha vida, o sinal
costumeiro de meu demônio familiar não deixou de manifestar-se e muitas vêzes, para
opor-se até mesmo nas menores coisas: sempre que eu me encontrava na iminência
de proceder com desacerto. Agora, como vistes, aconteceu isto comigo, que, para
muita gente poderia ser considerado o maior dos males, como de fato já tem sido. No
entanto, o sinal do deus não me advertIu nem quando eu saí hoje de casa, pela manhã,
nem quando me dirigia para êste tribunal, nem em qualquer altura de minha defesa,
ao preparar-me para dizer alguma coisa, apesar de em muitas outras ocasiões me ter
êle cortado o fio do discurso. Hoje, pelo contrário, em tôda a marcha do processo, não
se opôs a nenhum dos meus atos ou palavras. Como explicar semelhante fato? Vou
dizer-vos. É que, sem dúvida, foi para bem tudo o que se passou comigo não havendo
possibilidade de estarmos certos, quando imaginamos ser a morte um grande mal. O
que me aconteceu agora vale como argumento decisivo. Não é possível que o sinal
costumeiro não me tivesse contrariado, se o que eu me dispunha a fazer não fôsse
bom.

XXXII
Consideremos também quantas razões temos para esperar que a morte seja um bem.
Morrer é uma de duas coisas: ou quem morre nada é e carece da menor sensação seja
do que for, ou então, como se diz, é uma mudança e a passagem da alma dêste lugar
para outra parte. Se se tratar, de fato, da privação total de sensação, como no sono,
quando quem dorme nao é perturbado nem pelos sonhos: terá de ser a morte um
ganho maravilhoso. No meu modo de ver se escolhesse alguém uma noite como essa,
de sono tranqüilo que nenhum sonho perturbasse e a comparasse com as outras
noites e os outros dias de sua vida, para decidir, depois de madura reflexão, quantas
noites e quantos dias êle tivera em tôda a vida mais agradáveis do que aquela: não
direi um simples particular, mas até mesmo o Grande Rei acharia mais fácil de contá-
las, em confronto com· os outros dias e as outras noites. Se a morte fôr isso,
considero-a um grande lucro, porque, dessa maneira, todo o tempo não parecerá mais
longo do que uma única noite. Por outro lado, se fôr a morte o trânsito daqui para
lugar diferente, sendo certo, como se diz, que todos os mortos lá se reúnem: que
maior bem poderá haver, senhores juízes? Se ao chegar alguém ao Hades, livre dos
que se dizem juízes, e lá encontrar os juízes verdadeiros, conforme contam, a distribuir
justiça: Minos e Radamanto, e Éaco e Triptólemo, e tantos outros semideuses que
foram justos durante a vida: seria má essa mudança? Ou passar a conviver com Orfeu,
e Museu, e Hesíodo, e Homero: quanto não pagaríeis para alcançar essa ventura? Eu,
pelo menos, desejo morrer mil vêzes, se tudo isso fôr verdade. Como seria admirável
viver em um lugar onde fôssemos encontrar Palamedes e Ajaz Telamônio, e os outros
heróis da Antigüidade que pereceram vítimas de julgamento injusto! Comparar minha
sorte com a dêles, segundo penso, não seria pequena satisfação. Sim, meu maior
prazer consistiria em passar todo o tempo a examinar e interrogar os de lá, comó fiz
com os daqui, para ver qual dêles é realmente sábio e qual se considera sábio sem que
o seja. Quanto não daria qualquer pessoa, senhores juízes, para examinar ao que levou
o grande exército para Tróia, ou a Odisseu, ou a Sísifo, ou a tantos outros homens e
mulheres que se poderia mencionar? Conviver com êles, conversá-los e examiná-los:
que indescritível felicidadel Decerto não matam lá ninguém por isso, pois, além de
serem mais felizes do que os daqui os que lá demoram são imortais o tempo todo, a
ser verdade o que nos contam.

XXXIII
Por isso, também vós, senhores juízes, podeis ficar esperançados ante a perspectiva da
morte e firmar no espírito a certeza de que para o homem de bem nenhum mal pode
acontecer na vida nem na morte, e que os deuses não se descuidam de seu destino. O
que se deu comigo não foi obra do acaso; pelo contrário: tornou-se-me evidente que é
melhor para mim morrer agora e ficar livre de canseiras. Essa a razão de não se ter
manifestado o sinal para impedir-me em nada, nem de mostrar-me eu agora
aborrecido com meus acusadores e os que me condenaram, apesar de não ter sido
essa a intenção dêles ao me acusarem e condenarem, pois os movia o desejo de
prejudicar-me. Isso é que merece censura em todos êles.

E, contudo, só lhes peço uma coisa: Quando meus filhos crescerem, senhores, castigai-
os e importunai-os como eu vos importunei, sempre que os virdes mais preocupados
com riquezas ou com seja o que fôr do que com a virtude; e no caso de imaginarem ser
alguma coisa, não sendo, de fato, coisa alguma, repreendei-os como vos repreendi,
por não cuidarem do que devem e pensarem que têm algum valor, quando, realmente,
nada valem. Se assim fizerdes, ter-me-eis tratado com justiça, a mim e a todos os meus
filhos.

Mas, está na hora de nos irmos: eu, para morrer; vós, para viver. A quem tocou a
melhor parte, é o que nenhum de nós pode saber, exceto Deus.
Πλάτωνος Ἀπολογία Σωκράτους
(ed. John Burnet, 1903)

[17a] ὅτι μὲν ὑμεῖς, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, πεπόνθατε ὑπὸ τῶν ἐμῶν κατηγόρων, οὐκ οἶδα·
ἐγὼ δ᾽ οὖν καὶ αὐτὸς ὑπ᾽ αὐτῶν ὀλίγου ἐμαυτοῦ ἐπελαθόμην, οὕτω πιθανῶς ἔλεγον.
καίτοι ἀληθές γε ὡς ἔπος εἰπεῖν οὐδὲν εἰρήκασιν. μάλιστα δὲ αὐτῶν ἓν ἐθαύμασα τῶν
πολλῶν ὧν ἐψεύσαντο, τοῦτο ἐν ᾧ ἔλεγον ὡς χρῆν ὑμᾶς εὐλαβεῖσθαι μὴ ὑπ᾽ ἐμοῦ
ἐξαπατηθῆτε [17b] ὡς δεινοῦ ὄντος λέγειν. τὸ γὰρ μὴ αἰσχυνθῆναι ὅτι αὐτίκα ὑπ᾽ ἐμοῦ
ἐξελεγχθήσονται ἔργῳ, ἐπειδὰν μηδ᾽ ὁπωστιοῦν φαίνωμαι δεινὸς λέγειν, τοῦτό μοι
ἔδοξεν αὐτῶν ἀναισχυντότατον εἶναι, εἰ μὴ ἄρα δεινὸν καλοῦσιν οὗτοι λέγειν τὸν
τἀληθῆ λέγοντα· εἰ μὲν γὰρ τοῦτο λέγουσιν, ὁμολογοίην ἂν ἔγωγε οὐ κατὰ τούτους
εἶναι ῥήτωρ. οὗτοι μὲν οὖν, ὥσπερ ἐγὼ λέγω, ἤ τι ἢ οὐδὲν ἀληθὲς εἰρήκασιν, ὑμεῖς δέ
μου ἀκούσεσθε πᾶσαν τὴν ἀλήθειαν--οὐ μέντοι μὰ Δία, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι,
κεκαλλιεπημένους γε λόγους, ὥσπερ οἱ τούτων, [17c] ῥήμασί τε καὶ ὀνόμασιν οὐδὲ
κεκοσμημένους, ἀλλ᾽ ἀκούσεσθε εἰκῇ λεγόμενα τοῖς ἐπιτυχοῦσιν ὀνόμασιν--πιστεύω
γὰρ δίκαια εἶναι ἃ λέγω--καὶ μηδεὶς ὑμῶν προσδοκησάτω ἄλλως· οὐδὲ γὰρ ἂν δήπου
πρέποι, ὦ ἄνδρες, τῇδε τῇ ἡλικίᾳ ὥσπερ μειρακίῳ πλάττοντι λόγους εἰς ὑμᾶς εἰσιέναι.
καὶ μέντοι καὶ πάνυ, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, τοῦτο ὑμῶν δέομαι καὶ παρίεμαι· ἐὰν διὰ τῶν
αὐτῶν λόγων ἀκούητέ μου ἀπολογουμένου δι᾽ ὧνπερ εἴωθα λέγειν καὶ ἐν ἀγορᾷ ἐπὶ τῶν
τραπεζῶν, ἵνα ὑμῶν πολλοὶ ἀκηκόασι, καὶ ἄλλοθι, μήτε [17d] θαυμάζειν μήτε θορυβεῖν
τούτου ἕνεκα. ἔχει γὰρ οὑτωσί. νῦν ἐγὼ πρῶτον ἐπὶ δικαστήριον ἀναβέβηκα, ἔτη
γεγονὼς ἑβδομήκοντα· ἀτεχνῶς οὖν ξένως ἔχω τῆς ἐνθάδε λέξεως. ὥσπερ οὖν ἄν, εἰ τῷ
ὄντι ξένος ἐτύγχανον ὤν, συνεγιγνώσκετε δήπου ἄν μοι εἰ ἐν ἐκείνῃ τῇ φωνῇ τε καὶ τῷ
τρόπῳ [18a] ἔλεγον ἐν οἷσπερ ἐτεθράμμην, καὶ δὴ καὶ νῦν τοῦτο ὑμῶν δέομαι δίκαιον,
ὥς γέ μοι δοκῶ, τὸν μὲν τρόπον τῆς λέξεως ἐᾶν--ἴσως μὲν γὰρ χείρων, ἴσως δὲ βελτίων
ἂν εἴη--αὐτὸ δὲ τοῦτο σκοπεῖν καὶ τούτῳ τὸν νοῦν προσέχειν, εἰ δίκαια λέγω ἢ μή·
δικαστοῦ μὲν γὰρ αὕτη ἀρετή, ῥήτορος δὲ τἀληθῆ λέγειν.

πρῶτον μὲν οὖν δίκαιός εἰμι ἀπολογήσασθαι, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, πρὸς τὰ πρῶτά μου
ψευδῆ κατηγορημένα καὶ τοὺς πρώτους κατηγόρους, ἔπειτα δὲ πρὸς τὰ ὕστερον καὶ
τοὺς [18b] ὑστέρους. ἐμοῦ γὰρ πολλοὶ κατήγοροι γεγόνασι πρὸς ὑμᾶς καὶ πάλαι πολλὰ
ἤδη ἔτη καὶ οὐδὲν ἀληθὲς λέγοντες, οὓς ἐγὼ μᾶλλον φοβοῦμαι ἢ τοὺς ἀμφὶ Ἄνυτον,
καίπερ ὄντας καὶ τούτους δεινούς· ἀλλ᾽ ἐκεῖνοι δεινότεροι, ὦ ἄνδρες, οἳ ὑμῶν τοὺς
πολλοὺς ἐκ παίδων παραλαμβάνοντες ἔπειθόν τε καὶ κατηγόρουν ἐμοῦ μᾶλλον οὐδὲν
ἀληθές, ὡς ἔστιν τις Σωκράτης σοφὸς ἀνήρ, τά τε μετέωρα φροντιστὴς καὶ τὰ ὑπὸ γῆς
πάντα ἀνεζητηκὼς καὶ τὸν ἥττω λόγον κρείττω [18c] ποιῶν. οὗτοι, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι,
<οἱ> ταύτην τὴν φήμην κατασκεδάσαντες, οἱ δεινοί εἰσίν μου κατήγοροι· οἱ γὰρ
ἀκούοντες ἡγοῦνται τοὺς ταῦτα ζητοῦντας οὐδὲ θεοὺς νομίζειν. ἔπειτά εἰσιν οὗτοι οἱ
κατήγοροι πολλοὶ καὶ πολὺν χρόνον ἤδη κατηγορηκότες, ἔτι δὲ καὶ ἐν ταύτῃ τῇ ἡλικίᾳ
λέγοντες πρὸς ὑμᾶς ἐν ᾗ ἂν μάλιστα ἐπιστεύσατε, παῖδες ὄντες ἔνιοι ὑμῶν καὶ μειράκια,
ἀτεχνῶς ἐρήμην κατηγοροῦντες ἀπολογουμένου οὐδενός. ὃ δὲ πάντων ἀλογώτατον, ὅτι
οὐδὲ τὰ [18d] ὀνόματα οἷόν τε αὐτῶν εἰδέναι καὶ εἰπεῖν, πλὴν εἴ τις κωμῳδοποιὸς
τυγχάνει ὤν. ὅσοι δὲ φθόνῳ καὶ διαβολῇ χρώμενοι ὑμᾶς ἀνέπειθον--οἱ δὲ καὶ αὐτοὶ
πεπεισμένοι ἄλλους πείθοντες--οὗτοι πάντες ἀπορώτατοί εἰσιν· οὐδὲ γὰρ
ἀναβιβάσασθαι οἷόν τ᾽ ἐστὶν αὐτῶν ἐνταυθοῖ οὐδ᾽ ἐλέγξαι οὐδένα, ἀλλ᾽ ἀνάγκη
ἀτεχνῶς ὥσπερ σκιαμαχεῖν ἀπολογούμενόν τε καὶ ἐλέγχειν μηδενὸς ἀποκρινομένου.
ἀξιώσατε οὖν καὶ ὑμεῖς, ὥσπερ ἐγὼ λέγω, διττούς μου τοὺς κατηγόρους γεγονέναι,
ἑτέρους μὲν τοὺς ἄρτι κατηγορήσαντας, ἑτέρους δὲ [18e] τοὺς πάλαι οὓς ἐγὼ λέγω, καὶ
οἰήθητε δεῖν πρὸς ἐκείνους πρῶτόν με ἀπολογήσασθαι· καὶ γὰρ ὑμεῖς ἐκείνων πρότερον
ἠκούσατε κατηγορούντων καὶ πολὺ μᾶλλον ἢ τῶνδε τῶν ὕστερον.

εἶεν· ἀπολογητέον δή, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, καὶ ἐπιχειρητέον [19a] ὑμῶν ἐξελέσθαι τὴν
διαβολὴν ἣν ὑμεῖς ἐν πολλῷ χρόνῳ ἔσχετε ταύτην ἐν οὕτως ὀλίγῳ χρόνῳ. βουλοίμην
μὲν οὖν ἂν τοῦτο οὕτως γενέσθαι, εἴ τι ἄμεινον καὶ ὑμῖν καὶ ἐμοί, καὶ πλέον τί με
ποιῆσαι ἀπολογούμενον· οἶμαι δὲ αὐτὸ χαλεπὸν εἶναι, καὶ οὐ πάνυ με λανθάνει οἷόν
ἐστιν. ὅμως τοῦτο μὲν ἴτω ὅπῃ τῷ θεῷ φίλον, τῷ δὲ νόμῳ πειστέον καὶ ἀπολογητέον.

ἀναλάβωμεν οὖν ἐξ ἀρχῆς τίς ἡ κατηγορία ἐστὶν ἐξ ἧς [19b] ἡ ἐμὴ διαβολὴ γέγονεν, ᾗ
δὴ καὶ πιστεύων Μέλητός με ἐγράψατο τὴν γραφὴν ταύτην. εἶεν· τί δὴ λέγοντες
διέβαλλον οἱ διαβάλλοντες; ὥσπερ οὖν κατηγόρων τὴν ἀντωμοσίαν δεῖ ἀναγνῶναι
αὐτῶν· “Σωκράτης ἀδικεῖ καὶ περιεργάζεται ζητῶν τά τε ὑπὸ γῆς καὶ οὐράνια καὶ τὸν
ἥττω λόγον κρείττω [19c] ποιῶν καὶ ἄλλους ταὐτὰ ταῦτα διδάσκων”. τοιαύτη τίς ἐστιν·
ταῦτα γὰρ ἑωρᾶτε καὶ αὐτοὶ ἐν τῇ Ἀριστοφάνους κωμῳδίᾳ, Σωκράτη τινὰ ἐκεῖ
περιφερόμενον, φάσκοντά τε ἀεροβατεῖν καὶ ἄλλην πολλὴν φλυαρίαν φλυαροῦντα, ὧν
ἐγὼ οὐδὲν οὔτε μέγα οὔτε μικρὸν πέρι ἐπαΐω. καὶ οὐχ ὡς ἀτιμάζων λέγω τὴν τοιαύτην
ἐπιστήμην, εἴ τις περὶ τῶν τοιούτων σοφός ἐστιν--μή πως ἐγὼ ὑπὸ Μελήτου τοσαύτας
δίκας φεύγοιμι-- ἀλλὰ γὰρ ἐμοὶ τούτων, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, οὐδὲν μέτεστιν. [19d]
μάρτυρας δὲ αὖ ὑμῶν τοὺς πολλοὺς παρέχομαι, καὶ ἀξιῶ ὑμᾶς ἀλλήλους διδάσκειν τε
καὶ φράζειν, ὅσοι ἐμοῦ πώποτε ἀκηκόατε διαλεγομένου--πολλοὶ δὲ ὑμῶν οἱ τοιοῦτοί
εἰσιν-- φράζετε οὖν ἀλλήλοις εἰ πώποτε ἢ μικρὸν ἢ μέγα ἤκουσέ τις ὑμῶν ἐμοῦ περὶ
τῶν τοιούτων διαλεγομένου, καὶ ἐκ τούτου γνώσεσθε ὅτι τοιαῦτ᾽ ἐστὶ καὶ τἆλλα περὶ
ἐμοῦ ἃ οἱ πολλοὶ λέγουσιν.

ἀλλὰ γὰρ οὔτε τούτων οὐδέν ἐστιν, οὐδέ γ᾽ εἴ τινος ἀκηκόατε ὡς ἐγὼ παιδεύειν
ἐπιχειρῶ ἀνθρώπους καὶ χρήματα [19e] πράττομαι, οὐδὲ τοῦτο ἀληθές. ἐπεὶ καὶ τοῦτό
γέ μοι δοκεῖ καλὸν εἶναι, εἴ τις οἷός τ᾽ εἴη παιδεύειν ἀνθρώπους ὥσπερ Γοργίας τε ὁ
Λεοντῖνος καὶ Πρόδικος ὁ Κεῖος καὶ Ἱππίας ὁ Ἠλεῖος. τούτων γὰρ ἕκαστος, ὦ ἄνδρες,
οἷός τ᾽ ἐστὶν ἰὼν εἰς ἑκάστην τῶν πόλεων τοὺς νέους--οἷς ἔξεστι τῶν ἑαυτῶν πολιτῶν
προῖκα συνεῖναι ᾧ ἂν βούλωνται--τούτους πείθουσι [20a] τὰς ἐκείνων συνουσίας
ἀπολιπόντας σφίσιν συνεῖναι χρήματα διδόντας καὶ χάριν προσειδέναι. ἐπεὶ καὶ ἄλλος
ἀνήρ ἐστι Πάριος ἐνθάδε σοφὸς ὃν ἐγὼ ᾐσθόμην ἐπιδημοῦντα· ἔτυχον γὰρ προσελθὼν
ἀνδρὶ ὃς τετέλεκε χρήματα σοφισταῖς πλείω ἢ σύμπαντες οἱ ἄλλοι, Καλλίᾳ τῷ
Ἱππονίκου· τοῦτον οὖν ἀνηρόμην--ἐστὸν γὰρ αὐτῷ δύο ὑεῖ-- “ὦ Καλλία”, ἦν δ᾽ ἐγώ, “εἰ
μέν σου τὼ ὑεῖ πώλω ἢ μόσχω ἐγενέσθην, εἴχομεν ἂν αὐτοῖν ἐπιστάτην λαβεῖν καὶ
μισθώσασθαι ὃς [20b] ἔμελλεν αὐτὼ καλώ τε κἀγαθὼ ποιήσειν τὴν προσήκουσαν
ἀρετήν, ἦν δ᾽ ἂν οὗτος ἢ τῶν ἱππικῶν τις ἢ τῶν γεωργικῶν· νῦν δ᾽ ἐπειδὴ ἀνθρώπω
ἐστόν, τίνα αὐτοῖν ἐν νῷ ἔχεις ἐπιστάτην λαβεῖν; τίς τῆς τοιαύτης ἀρετῆς, τῆς
ἀνθρωπίνης τε καὶ πολιτικῆς, ἐπιστήμων ἐστίν; οἶμαι γάρ σε ἐσκέφθαι διὰ τὴν τῶν ὑέων
κτῆσιν. ἔστιν τις”, ἔφην ἐγώ, “ἢ οὔ;” “πάνυ γε”, ἦ δ᾽ ὅς. “τίς”, ἦν δ᾽ ἐγώ, “καὶ ποδαπός,
καὶ πόσου διδάσκει;” “Εὔηνος”, ἔφη, “ὦ Σώκρατες, Πάριος, πέντε μνῶν”. καὶ ἐγὼ τὸν
Εὔηνον ἐμακάρισα εἰ ὡς ἀληθῶς [20c] ἔχοι ταύτην τὴν τέχνην καὶ οὕτως ἐμμελῶς
διδάσκει. ἐγὼ γοῦν καὶ αὐτὸς ἐκαλλυνόμην τε καὶ ἡβρυνόμην ἂν εἰ ἠπιστάμην ταῦτα·
ἀλλ᾽ οὐ γὰρ ἐπίσταμαι, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι.

ὑπολάβοι ἂν οὖν τις ὑμῶν ἴσως· “ἀλλ᾽, ὦ Σώκρατες, τὸ σὸν τί ἐστι πρᾶγμα; πόθεν αἱ
διαβολαί σοι αὗται γεγόνασιν; οὐ γὰρ δήπου σοῦ γε οὐδὲν τῶν ἄλλων περιττότερον
πραγματευομένου ἔπειτα τοσαύτη φήμη τε καὶ λόγος γέγονεν, εἰ μή τι ἔπραττες ἀλλοῖον
ἢ οἱ πολλοί. λέγε οὖν ἡμῖν τί [20d] ἐστιν, ἵνα μὴ ἡμεῖς περὶ σοῦ αὐτοσχεδιάζωμεν”.
ταυτί μοι δοκεῖ δίκαια λέγειν ὁ λέγων, κἀγὼ ὑμῖν πειράσομαι ἀποδεῖξαι τί ποτ᾽ ἐστὶν
τοῦτο ὃ ἐμοὶ πεποίηκεν τό τε ὄνομα καὶ τὴν διαβολήν. ἀκούετε δή. καὶ ἴσως μὲν δόξω
τισὶν ὑμῶν παίζειν· εὖ μέντοι ἴστε, πᾶσαν ὑμῖν τὴν ἀλήθειαν ἐρῶ. ἐγὼ γάρ, ὦ ἄνδρες
Ἀθηναῖοι, δι᾽ οὐδὲν ἀλλ᾽ ἢ διὰ σοφίαν τινὰ τοῦτο τὸ ὄνομα ἔσχηκα. ποίαν δὴ σοφίαν
ταύτην; ἥπερ ἐστὶν ἴσως ἀνθρωπίνη σοφία· τῷ ὄντι γὰρ κινδυνεύω ταύτην εἶναι σοφός.
οὗτοι δὲ τάχ᾽ ἄν, οὓς ἄρτι [20e] ἔλεγον, μείζω τινὰ ἢ κατ᾽ ἄνθρωπον σοφίαν σοφοὶ εἶεν,
ἢ οὐκ ἔχω τί λέγω· οὐ γὰρ δὴ ἔγωγε αὐτὴν ἐπίσταμαι, ἀλλ᾽ ὅστις φησὶ ψεύδεταί τε καὶ
ἐπὶ διαβολῇ τῇ ἐμῇ λέγει. καί μοι, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, μὴ θορυβήσητε, μηδ᾽ ἐὰν δόξω τι
ὑμῖν μέγα λέγειν· οὐ γὰρ ἐμὸν ἐρῶ τὸν λόγον ὃν ἂν λέγω, ἀλλ᾽ εἰς ἀξιόχρεων ὑμῖν τὸν
λέγοντα ἀνοίσω. τῆς γὰρ ἐμῆς, εἰ δή τίς ἐστιν σοφία καὶ οἵα, μάρτυρα ὑμῖν παρέξομαι
τὸν θεὸν τὸν ἐν Δελφοῖς. Χαιρεφῶντα γὰρ ἴστε που. οὗτος [21a] ἐμός τε ἑταῖρος ἦν ἐκ
νέου καὶ ὑμῶν τῷ πλήθει ἑταῖρός τε καὶ συνέφυγε τὴν φυγὴν ταύτην καὶ μεθ᾽ ὑμῶν
κατῆλθε. καὶ ἴστε δὴ οἷος ἦν Χαιρεφῶν, ὡς σφοδρὸς ἐφ᾽ ὅτι ὁρμήσειεν. καὶ δή ποτε καὶ
εἰς Δελφοὺς ἐλθὼν ἐτόλμησε τοῦτο μαντεύσασθαι--καί, ὅπερ λέγω, μὴ θορυβεῖτε, ὦ
ἄνδρες--ἤρετο γὰρ δὴ εἴ τις ἐμοῦ εἴη σοφώτερος. ἀνεῖλεν οὖν ἡ Πυθία μηδένα
σοφώτερον εἶναι. καὶ τούτων πέρι ὁ ἀδελφὸς ὑμῖν αὐτοῦ οὑτοσὶ μαρτυρήσει, ἐπειδὴ
ἐκεῖνος τετελεύτηκεν. [21b] σκέψασθε δὴ ὧν ἕνεκα ταῦτα λέγω· μέλλω γὰρ ὑμᾶς
διδάξειν ὅθεν μοι ἡ διαβολὴ γέγονεν. ταῦτα γὰρ ἐγὼ ἀκούσας ἐνεθυμούμην οὑτωσί· “τί
ποτε λέγει ὁ θεός, καὶ τί ποτε αἰνίττεται; ἐγὼ γὰρ δὴ οὔτε μέγα οὔτε σμικρὸν σύνοιδα
ἐμαυτῷ σοφὸς ὤν· τί οὖν ποτε λέγει φάσκων ἐμὲ σοφώτατον εἶναι; οὐ γὰρ δήπου
ψεύδεταί γε· οὐ γὰρ θέμις αὐτῷ”. καὶ πολὺν μὲν χρόνον ἠπόρουν τί ποτε λέγει· ἔπειτα
μόγις πάνυ ἐπὶ ζήτησιν αὐτοῦ τοιαύτην τινὰ ἐτραπόμην. ἦλθον ἐπί τινα τῶν δοκούντων
σοφῶν εἶναι, ὡς [21c] ἐνταῦθα εἴπερ που ἐλέγξων τὸ μαντεῖον καὶ ἀποφανῶν τῷ
χρησμῷ ὅτι “οὑτοσὶ ἐμοῦ σοφώτερός ἐστι, σὺ δ᾽ ἐμὲ ἔφησθα”. διασκοπῶν οὖν τοῦτον--
ὀνόματι γὰρ οὐδὲν δέομαι λέγειν, ἦν δέ τις τῶν πολιτικῶν πρὸς ὃν ἐγὼ σκοπῶν
τοιοῦτόν τι ἔπαθον, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, καὶ διαλεγόμενος αὐτῷ--ἔδοξέ μοι οὗτος ὁ
ἀνὴρ δοκεῖν μὲν εἶναι σοφὸς ἄλλοις τε πολλοῖς ἀνθρώποις καὶ μάλιστα ἑαυτῷ, εἶναι δ᾽
οὔ· κἄπειτα ἐπειρώμην αὐτῷ δεικνύναι ὅτι οἴοιτο μὲν εἶναι σοφός, εἴη δ᾽ οὔ. [21d]
ἐντεῦθεν οὖν τούτῳ τε ἀπηχθόμην καὶ πολλοῖς τῶν παρόντων· πρὸς ἐμαυτὸν δ᾽ οὖν
ἀπιὼν ἐλογιζόμην ὅτι τούτου μὲν τοῦ ἀνθρώπου ἐγὼ σοφώτερός εἰμι· κινδυνεύει μὲν
γὰρ ἡμῶν οὐδέτερος οὐδὲν καλὸν κἀγαθὸν εἰδέναι, ἀλλ᾽ οὗτος μὲν οἴεταί τι εἰδέναι οὐκ
εἰδώς, ἐγὼ δέ, ὥσπερ οὖν οὐκ οἶδα, οὐδὲ οἴομαι· ἔοικα γοῦν τούτου γε σμικρῷ τινι
αὐτῷ τούτῳ σοφώτερος εἶναι, ὅτι ἃ μὴ οἶδα οὐδὲ οἴομαι εἰδέναι. ἐντεῦθεν ἐπ᾽ ἄλλον ᾖα
τῶν ἐκείνου δοκούντων σοφωτέρων εἶναι καί [21e] μοι ταὐτὰ ταῦτα ἔδοξε, καὶ ἐνταῦθα
κἀκείνῳ καὶ ἄλλοις πολλοῖς ἀπηχθόμην.

 
μετὰ ταῦτ᾽ οὖν ἤδη ἐφεξῆς ᾖα, αἰσθανόμενος μὲν [καὶ] λυπούμενος καὶ δεδιὼς ὅτι
ἀπηχθανόμην, ὅμως δὲ ἀναγκαῖον ἐδόκει εἶναι τὸ τοῦ θεοῦ περὶ πλείστου ποιεῖσθαι--
ἰτέον οὖν, σκοποῦντι τὸν χρησμὸν τί λέγει, ἐπὶ ἅπαντας τούς τι [22a] δοκοῦντας εἰδέναι.
καὶ νὴ τὸν κύνα, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι-- δεῖ γὰρ πρὸς ὑμᾶς τἀληθῆ λέγειν--ἦ μὴν ἐγὼ
ἔπαθόν τι τοιοῦτον· οἱ μὲν μάλιστα εὐδοκιμοῦντες ἔδοξάν μοι ὀλίγου δεῖν τοῦ πλείστου
ἐνδεεῖς εἶναι ζητοῦντι κατὰ τὸν θεόν, ἄλλοι δὲ δοκοῦντες φαυλότεροι ἐπιεικέστεροι
εἶναι ἄνδρες πρὸς τὸ φρονίμως ἔχειν. δεῖ δὴ ὑμῖν τὴν ἐμὴν πλάνην ἐπιδεῖξαι ὥσπερ
πόνους τινὰς πονοῦντος ἵνα μοι καὶ ἀνέλεγκτος ἡ μαντεία γένοιτο. μετὰ γὰρ τοὺς
πολιτικοὺς ᾖα ἐπὶ τοὺς ποιητὰς τούς τε τῶν τραγῳδιῶν καὶ τοὺς τῶν [22b] διθυράμβων
καὶ τοὺς ἄλλους, ὡς ἐνταῦθα ἐπ᾽ αὐτοφώρῳ καταληψόμενος ἐμαυτὸν ἀμαθέστερον
ἐκείνων ὄντα. ἀναλαμβάνων οὖν αὐτῶν τὰ ποιήματα ἅ μοι ἐδόκει μάλιστα
πεπραγματεῦσθαι αὐτοῖς, διηρώτων ἂν αὐτοὺς τί λέγοιεν, ἵν᾽ ἅμα τι καὶ μανθάνοιμι
παρ᾽ αὐτῶν. αἰσχύνομαι οὖν ὑμῖν εἰπεῖν, ὦ ἄνδρες, τἀληθῆ· ὅμως δὲ ῥητέον. ὡς ἔπος
γὰρ εἰπεῖν ὀλίγου αὐτῶν ἅπαντες οἱ παρόντες ἂν βέλτιον ἔλεγον περὶ ὧν αὐτοὶ
ἐπεποιήκεσαν. ἔγνων οὖν αὖ καὶ περὶ τῶν ποιητῶν ἐν ὀλίγῳ τοῦτο, ὅτι οὐ σοφίᾳ ποιοῖεν
[22c] ἃ ποιοῖεν, ἀλλὰ φύσει τινὶ καὶ ἐνθουσιάζοντες ὥσπερ οἱ θεομάντεις καὶ οἱ
χρησμῳδοί· καὶ γὰρ οὗτοι λέγουσι μὲν πολλὰ καὶ καλά, ἴσασιν δὲ οὐδὲν ὧν λέγουσι.
τοιοῦτόν τί μοι ἐφάνησαν πάθος καὶ οἱ ποιηταὶ πεπονθότες, καὶ ἅμα ᾐσθόμην αὐτῶν διὰ
τὴν ποίησιν οἰομένων καὶ τἆλλα σοφωτάτων εἶναι ἀνθρώπων ἃ οὐκ ἦσαν. ἀπῇα οὖν καὶ
ἐντεῦθεν τῷ αὐτῷ οἰόμενος περιγεγονέναι ᾧπερ καὶ τῶν πολιτικῶν.

τελευτῶν οὖν ἐπὶ τοὺς χειροτέχνας ᾖα· ἐμαυτῷ γὰρ [22d] συνῄδη οὐδὲν ἐπισταμένῳ ὡς
ἔπος εἰπεῖν, τούτους δέ γ᾽ ᾔδη ὅτι εὑρήσοιμι πολλὰ καὶ καλὰ ἐπισταμένους. καὶ τούτου
μὲν οὐκ ἐψεύσθην, ἀλλ᾽ ἠπίσταντο ἃ ἐγὼ οὐκ ἠπιστάμην καί μου ταύτῃ σοφώτεροι
ἦσαν. ἀλλ᾽, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, ταὐτόν μοι ἔδοξαν ἔχειν ἁμάρτημα ὅπερ καὶ οἱ ποιηταὶ
καὶ οἱ ἀγαθοὶ δημιουργοί--διὰ τὸ τὴν τέχνην καλῶς ἐξεργάζεσθαι ἕκαστος ἠξίου καὶ
τἆλλα τὰ μέγιστα σοφώτατος εἶναι--καὶ αὐτῶν αὕτη ἡ πλημμέλεια ἐκείνην τὴν σοφίαν
[22e] ἀποκρύπτειν· ὥστε με ἐμαυτὸν ἀνερωτᾶν ὑπὲρ τοῦ χρησμοῦ πότερα δεξαίμην ἂν
οὕτως ὥσπερ ἔχω ἔχειν, μήτε τι σοφὸς ὢν τὴν ἐκείνων σοφίαν μήτε ἀμαθὴς τὴν
ἀμαθίαν, ἢ ἀμφότερα ἃ ἐκεῖνοι ἔχουσιν ἔχειν. ἀπεκρινάμην οὖν ἐμαυτῷ καὶ τῷ χρησμῷ
ὅτι μοι λυσιτελοῖ ὥσπερ ἔχω ἔχειν.

ἐκ ταυτησὶ δὴ τῆς ἐξετάσεως, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, [23a] πολλαὶ μὲν ἀπέχθειαί μοι
γεγόνασι καὶ οἷαι χαλεπώταται καὶ βαρύταται, ὥστε πολλὰς διαβολὰς ἀπ᾽ αὐτῶν
γεγονέναι, ὄνομα δὲ τοῦτο λέγεσθαι, σοφὸς εἶναι· οἴονται γάρ με ἑκάστοτε οἱ παρόντες
ταῦτα αὐτὸν εἶναι σοφὸν ἃ ἂν ἄλλον ἐξελέγξω. τὸ δὲ κινδυνεύει, ὦ ἄνδρες, τῷ ὄντι ὁ
θεὸς σοφὸς εἶναι, καὶ ἐν τῷ χρησμῷ τούτῳ τοῦτο λέγειν, ὅτι ἡ ἀνθρωπίνη σοφία ὀλίγου
τινὸς ἀξία ἐστὶν καὶ οὐδενός. καὶ φαίνεται τοῦτον λέγειν τὸν Σωκράτη, προσκεχρῆσθαι
δὲ [23b] τῷ ἐμῷ ὀνόματι, ἐμὲ παράδειγμα ποιούμενος, ὥσπερ ἂν <εἰ> εἴποι ὅτι “οὗτος
ὑμῶν, ὦ ἄνθρωποι, σοφώτατός ἐστιν, ὅστις ὥσπερ Σωκράτης ἔγνωκεν ὅτι οὐδενὸς
ἄξιός ἐστι τῇ ἀληθείᾳ πρὸς σοφίαν”. ταῦτ᾽ οὖν ἐγὼ μὲν ἔτι καὶ νῦν περιιὼν ζητῶ καὶ
ἐρευνῶ κατὰ τὸν θεὸν καὶ τῶν ἀστῶν καὶ ξένων ἄν τινα οἴωμαι σοφὸν εἶναι· καὶ
ἐπειδάν μοι μὴ δοκῇ, τῷ θεῷ βοηθῶν ἐνδείκνυμαι ὅτι οὐκ ἔστι σοφός. καὶ ὑπὸ ταύτης
τῆς ἀσχολίας οὔτε τι τῶν τῆς πόλεως πρᾶξαί μοι σχολὴ γέγονεν ἄξιον λόγου οὔτε τῶν
οἰκείων, ἀλλ᾽ ἐν [23c] πενίᾳ μυρίᾳ εἰμὶ διὰ τὴν τοῦ θεοῦ λατρείαν.
 

πρὸς δὲ τούτοις οἱ νέοι μοι ἐπακολουθοῦντες--οἷς μάλιστα σχολή ἐστιν, οἱ τῶν


πλουσιωτάτων--αὐτόματοι, χαίρουσιν ἀκούοντες ἐξεταζομένων τῶν ἀνθρώπων, καὶ
αὐτοὶ πολλάκις ἐμὲ μιμοῦνται, εἶτα ἐπιχειροῦσιν ἄλλους ἐξετάζειν· κἄπειτα οἶμαι
εὑρίσκουσι πολλὴν ἀφθονίαν οἰομένων μὲν εἰδέναι τι ἀνθρώπων, εἰδότων δὲ ὀλίγα ἢ
οὐδέν. ἐντεῦθεν οὖν οἱ ὑπ᾽ αὐτῶν ἐξεταζόμενοι ἐμοὶ ὀργίζονται, οὐχ αὑτοῖς, [23d] καὶ
λέγουσιν ὡς Σωκράτης τίς ἐστι μιαρώτατος καὶ διαφθείρει τοὺς νέους· καὶ ἐπειδάν τις
αὐτοὺς ἐρωτᾷ ὅτι ποιῶν καὶ ὅτι διδάσκων, ἔχουσι μὲν οὐδὲν εἰπεῖν ἀλλ᾽ ἀγνοοῦσιν, ἵνα
δὲ μὴ δοκῶσιν ἀπορεῖν, τὰ κατὰ πάντων τῶν φιλοσοφούντων πρόχειρα ταῦτα λέγουσιν,
ὅτι “τὰ μετέωρα καὶ τὰ ὑπὸ γῆς” καὶ “θεοὺς μὴ νομίζειν” καὶ “τὸν ἥττω λόγον κρείττω
ποιεῖν”. τὰ γὰρ ἀληθῆ οἴομαι οὐκ ἂν ἐθέλοιεν λέγειν, ὅτι κατάδηλοι γίγνονται
προσποιούμενοι μὲν εἰδέναι, εἰδότες δὲ οὐδέν. ἅτε οὖν οἶμαι φιλότιμοι [23e] ὄντες καὶ
σφοδροὶ καὶ πολλοί, καὶ συντεταμένως καὶ πιθανῶς λέγοντες περὶ ἐμοῦ, ἐμπεπλήκασιν
ὑμῶν τὰ ὦτα καὶ πάλαι καὶ σφοδρῶς διαβάλλοντες. ἐκ τούτων καὶ Μέλητός μοι ἐπέθετο
καὶ Ἄνυτος καὶ Λύκων, Μέλητος μὲν ὑπὲρ τῶν ποιητῶν ἀχθόμενος, Ἄνυτος δὲ ὑπὲρ
τῶν δημιουργῶν καὶ [24a] τῶν πολιτικῶν, Λύκων δὲ ὑπὲρ τῶν ῥητόρων· ὥστε, ὅπερ
ἀρχόμενος ἐγὼ ἔλεγον, θαυμάζοιμ᾽ ἂν εἰ οἷός τ᾽ εἴην ἐγὼ ὑμῶν ταύτην τὴν διαβολὴν
ἐξελέσθαι ἐν οὕτως ὀλίγῳ χρόνῳ οὕτω πολλὴν γεγονυῖαν. ταῦτ᾽ ἔστιν ὑμῖν, ὦ ἄνδρες
Ἀθηναῖοι, τἀληθῆ, καὶ ὑμᾶς οὔτε μέγα οὔτε μικρὸν ἀποκρυψάμενος ἐγὼ λέγω οὐδ᾽
ὑποστειλάμενος. καίτοι οἶδα σχεδὸν ὅτι αὐτοῖς τούτοις ἀπεχθάνομαι, ὃ καὶ τεκμήριον
ὅτι ἀληθῆ λέγω καὶ ὅτι αὕτη ἐστὶν ἡ διαβολὴ ἡ ἐμὴ καὶ τὰ αἴτια [24b] ταῦτά ἐστιν. καὶ
ἐάντε νῦν ἐάντε αὖθις ζητήσητε ταῦτα, οὕτως εὑρήσετε.

περὶ μὲν οὖν ὧν οἱ πρῶτοί μου κατήγοροι κατηγόρουν αὕτη ἔστω ἱκανὴ ἀπολογία πρὸς
ὑμᾶς· πρὸς δὲ Μέλητον τὸν ἀγαθὸν καὶ φιλόπολιν, ὥς φησι, καὶ τοὺς ὑστέρους μετὰ
ταῦτα πειράσομαι ἀπολογήσασθαι. αὖθις γὰρ δή, ὥσπερ ἑτέρων τούτων ὄντων
κατηγόρων, λάβωμεν αὖ τὴν τούτων ἀντωμοσίαν. ἔχει δέ πως ὧδε· Σωκράτη φησὶν
ἀδικεῖν τούς τε νέους διαφθείροντα καὶ θεοὺς οὓς ἡ πόλις [24c] νομίζει οὐ νομίζοντα,
ἕτερα δὲ δαιμόνια καινά. τὸ μὲν δὴ ἔγκλημα τοιοῦτόν ἐστιν· τούτου δὲ τοῦ ἐγκλήματος
ἓν ἕκαστον ἐξετάσωμεν.

φησὶ γὰρ δὴ τοὺς νέους ἀδικεῖν με διαφθείροντα. ἐγὼ δέ γε, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, ἀδικεῖν
φημι Μέλητον, ὅτι σπουδῇ χαριεντίζεται, ῥᾳδίως εἰς ἀγῶνα καθιστὰς ἀνθρώπους, περὶ
πραγμάτων προσποιούμενος σπουδάζειν καὶ κήδεσθαι ὧν οὐδὲν τούτῳ πώποτε
ἐμέλησεν· ὡς δὲ τοῦτο οὕτως ἔχει, πειράσομαι καὶ ὑμῖν ἐπιδεῖξαι. καί μοι δεῦρο, ὦ
Μέλητε, εἰπέ· ἄλλο τι ἢ [24d] περὶ πλείστου ποιῇ ὅπως ὡς βέλτιστοι οἱ νεώτεροι
ἔσονται;

ἔγωγε.

 
ἴθι δή νυν εἰπὲ τούτοις, τίς αὐτοὺς βελτίους ποιεῖ; δῆλον γὰρ ὅτι οἶσθα, μέλον γέ σοι.
τὸν μὲν γὰρ διαφθείροντα ἐξευρών, ὡς φῄς, ἐμέ, εἰσάγεις τουτοισὶ καὶ κατηγορεῖς· τὸν
δὲ δὴ βελτίους ποιοῦντα ἴθι εἰπὲ καὶ μήνυσον αὐτοῖς τίς ἐστιν. --ὁρᾷς, ὦ Μέλητε, ὅτι
σιγᾷς καὶ οὐκ ἔχεις εἰπεῖν; καίτοι οὐκ αἰσχρόν σοι δοκεῖ εἶναι καὶ ἱκανὸν τεκμήριον οὗ
δὴ ἐγὼ λέγω, ὅτι σοι οὐδὲν μεμέληκεν; ἀλλ᾽ εἰπέ, ὠγαθέ, τίς αὐτοὺς ἀμείνους ποιεῖ;

οἱ νόμοι.

[24e] ἀλλ᾽ οὐ τοῦτο ἐρωτῶ, ὦ βέλτιστε, ἀλλὰ τίς ἄνθρωπος, ὅστις πρῶτον καὶ αὐτὸ
τοῦτο οἶδε, τοὺς νόμους;

οὗτοι, ὦ Σώκρατες, οἱ δικασταί.

πῶς λέγεις, ὦ Μέλητε; οἵδε τοὺς νέους παιδεύειν οἷοί τέ εἰσι καὶ βελτίους ποιοῦσιν;

μάλιστα.

πότερον ἅπαντες, ἢ οἱ μὲν αὐτῶν, οἱ δ᾽ οὔ;

ἅπαντες.

εὖ γε νὴ τὴν Ἥραν λέγεις καὶ πολλὴν ἀφθονίαν τῶν ὠφελούντων. τί δὲ δή; οἱ δὲ


ἀκροαταὶ βελτίους ποιοῦσιν [25a] ἢ οὔ;

καὶ οὗτοι.

τί δέ, οἱ βουλευταί;

 
καὶ οἱ βουλευταί.

ἀλλ᾽ ἄρα, ὦ Μέλητε, μὴ οἱ ἐν τῇ ἐκκλησίᾳ, οἱ ἐκκλησιασταί, διαφθείρουσι τοὺς


νεωτέρους; ἢ κἀκεῖνοι βελτίους ποιοῦσιν ἅπαντες;

κἀκεῖνοι.

πάντες ἄρα, ὡς ἔοικεν, Ἀθηναῖοι καλοὺς κἀγαθοὺς ποιοῦσι πλὴν ἐμοῦ, ἐγὼ δὲ μόνος
διαφθείρω. οὕτω λέγεις;

πάνυ σφόδρα ταῦτα λέγω.

πολλήν γέ μου κατέγνωκας δυστυχίαν. καί μοι ἀπόκριναι· ἦ καὶ περὶ ἵππους οὕτω σοι
δοκεῖ ἔχειν; οἱ μὲν [25b] βελτίους ποιοῦντες αὐτοὺς πάντες ἄνθρωποι εἶναι, εἷς δέ τις ὁ
διαφθείρων; ἢ τοὐναντίον τούτου πᾶν εἷς μέν τις ὁ βελτίους οἷός τ᾽ ὢν ποιεῖν ἢ πάνυ
ὀλίγοι, οἱ ἱππικοί, οἱ δὲ πολλοὶ ἐάνπερ συνῶσι καὶ χρῶνται ἵπποις, διαφθείρουσιν; οὐχ
οὕτως ἔχει, ὦ Μέλητε, καὶ περὶ ἵππων καὶ τῶν ἄλλων ἁπάντων ζῴων; πάντως δήπου,
ἐάντε σὺ καὶ Ἄνυτος οὐ φῆτε ἐάντε φῆτε· πολλὴ γὰρ ἄν τις εὐδαιμονία εἴη περὶ τοὺς
νέους εἰ εἷς μὲν μόνος αὐτοὺς διαφθείρει, οἱ δ᾽ ἄλλοι [25c] ὠφελοῦσιν. ἀλλὰ γάρ, ὦ
Μέλητε, ἱκανῶς ἐπιδείκνυσαι ὅτι οὐδεπώποτε ἐφρόντισας τῶν νέων, καὶ σαφῶς
ἀποφαίνεις τὴν σαυτοῦ ἀμέλειαν, ὅτι οὐδέν σοι μεμέληκεν περὶ ὧν ἐμὲ εἰσάγεις.

ἔτι δὲ ἡμῖν εἰπέ, ὦ πρὸς Διὸς Μέλητε, πότερόν ἐστιν οἰκεῖν ἄμεινον ἐν πολίταις
χρηστοῖς ἢ πονηροῖς; ὦ τάν, ἀπόκριναι· οὐδὲν γάρ τοι χαλεπὸν ἐρωτῶ. οὐχ οἱ μὲν
πονηροὶ κακόν τι ἐργάζονται τοὺς ἀεὶ ἐγγυτάτω αὑτῶν ὄντας, οἱ δ᾽ ἀγαθοὶ ἀγαθόν τι;

πάνυ γε.

[25d] ἔστιν οὖν ὅστις βούλεται ὑπὸ τῶν συνόντων βλάπτεσθαι μᾶλλον ἢ ὠφελεῖσθαι;
ἀποκρίνου, ὦ ἀγαθέ· καὶ γὰρ ὁ νόμος κελεύει ἀποκρίνεσθαι. ἔσθ᾽ ὅστις βούλεται
βλάπτεσθαι;

 
οὐ δῆτα.

φέρε δή, πότερον ἐμὲ εἰσάγεις δεῦρο ὡς διαφθείροντα τοὺς νέους καὶ πονηροτέρους
ποιοῦντα ἑκόντα ἢ ἄκοντα;

ἑκόντα ἔγωγε.

τί δῆτα, ὦ Μέλητε; τοσοῦτον σὺ ἐμοῦ σοφώτερος εἶ τηλικούτου ὄντος τηλικόσδε ὤν,


ὥστε σὺ μὲν ἔγνωκας ὅτι οἱ μὲν κακοὶ κακόν τι ἐργάζονται ἀεὶ τοὺς μάλιστα πλησίον
[25e] ἑαυτῶν, οἱ δὲ ἀγαθοὶ ἀγαθόν, ἐγὼ δὲ δὴ εἰς τοσοῦτον ἀμαθίας ἥκω ὥστε καὶ τοῦτ᾽
ἀγνοῶ, ὅτι ἐάν τινα μοχθηρὸν ποιήσω τῶν συνόντων, κινδυνεύσω κακόν τι λαβεῖν ὑπ᾽
αὐτοῦ, ὥστε τοῦτο <τὸ> τοσοῦτον κακὸν ἑκὼν ποιῶ, ὡς φῂς σύ; ταῦτα ἐγώ σοι οὐ
πείθομαι, ὦ Μέλητε, οἶμαι δὲ οὐδὲ ἄλλον ἀνθρώπων οὐδένα· ἀλλ᾽ ἢ οὐ διαφθείρω, ἢ εἰ
διαφθείρω, [26a] ἄκων, ὥστε σύ γε κατ᾽ ἀμφότερα ψεύδῃ. εἰ δὲ ἄκων διαφθείρω, τῶν
τοιούτων [καὶ ἀκουσίων] ἁμαρτημάτων οὐ δεῦρο νόμος εἰσάγειν ἐστίν, ἀλλὰ ἰδίᾳ
λαβόντα διδάσκειν καὶ νουθετεῖν· δῆλον γὰρ ὅτι ἐὰν μάθω, παύσομαι ὅ γε ἄκων ποιῶ.
σὺ δὲ συγγενέσθαι μέν μοι καὶ διδάξαι ἔφυγες καὶ οὐκ ἠθέλησας, δεῦρο δὲ εἰσάγεις, οἷ
νόμος ἐστὶν εἰσάγειν τοὺς κολάσεως δεομένους ἀλλ᾽ οὐ μαθήσεως.

ἀλλὰ γάρ, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, τοῦτο μὲν ἤδη δῆλον [26b] οὑγὼ ἔλεγον, ὅτι Μελήτῳ
τούτων οὔτε μέγα οὔτε μικρὸν πώποτε ἐμέλησεν. ὅμως δὲ δὴ λέγε ἡμῖν, πῶς με φῂς
διαφθείρειν, ὦ Μέλητε, τοὺς νεωτέρους; ἢ δῆλον δὴ ὅτι κατὰ τὴν γραφὴν ἣν ἐγράψω
θεοὺς διδάσκοντα μὴ νομίζειν οὓς ἡ πόλις νομίζει, ἕτερα δὲ δαιμόνια καινά; οὐ ταῦτα
λέγεις ὅτι διδάσκων διαφθείρω;

πάνυ μὲν οὖν σφόδρα ταῦτα λέγω.

πρὸς αὐτῶν τοίνυν, ὦ Μέλητε, τούτων τῶν θεῶν ὧν νῦν ὁ λόγος ἐστίν, εἰπὲ ἔτι
σαφέστερον καὶ ἐμοὶ καὶ τοῖς ἀνδράσιν [26c] τουτοισί. ἐγὼ γὰρ οὐ δύναμαι μαθεῖν
πότερον λέγεις διδάσκειν με νομίζειν εἶναί τινας θεούς--καὶ αὐτὸς ἄρα νομίζω εἶναι
θεοὺς καὶ οὐκ εἰμὶ τὸ παράπαν ἄθεος οὐδὲ ταύτῃ ἀδικῶ --οὐ μέντοι οὕσπερ γε ἡ πόλις
ἀλλὰ ἑτέρους, καὶ τοῦτ᾽ ἔστιν ὅ μοι ἐγκαλεῖς, ὅτι ἑτέρους, ἢ παντάπασί με φῂς οὔτε
αὐτὸν νομίζειν θεοὺς τούς τε ἄλλους ταῦτα διδάσκειν.

ταῦτα λέγω, ὡς τὸ παράπαν οὐ νομίζεις θεούς.


 

[26d] ὦ θαυμάσιε Μέλητε, ἵνα τί ταῦτα λέγεις; οὐδὲ ἥλιον οὐδὲ σελήνην ἄρα νομίζω
θεοὺς εἶναι, ὥσπερ οἱ ἄλλοι ἄνθρωποι;

μὰ Δί᾽, ὦ ἄνδρες δικασταί, ἐπεὶ τὸν μὲν ἥλιον λίθον φησὶν εἶναι, τὴν δὲ σελήνην γῆν.

Ἀναξαγόρου οἴει κατηγορεῖν, ὦ φίλε Μέλητε; καὶ οὕτω καταφρονεῖς τῶνδε καὶ οἴει
αὐτοὺς ἀπείρους γραμμάτων εἶναι ὥστε οὐκ εἰδέναι ὅτι τὰ Ἀναξαγόρου βιβλία τοῦ
Κλαζομενίου γέμει τούτων τῶν λόγων; καὶ δὴ καὶ οἱ νέοι ταῦτα παρ᾽ ἐμοῦ
μανθάνουσιν, ἃ ἔξεστιν ἐνίοτε εἰ πάνυ πολλοῦ δραχμῆς [26e] ἐκ τῆς ὀρχήστρας
πριαμένοις Σωκράτους καταγελᾶν, ἐὰν προσποιῆται ἑαυτοῦ εἶναι, ἄλλως τε καὶ οὕτως
ἄτοπα ὄντα; ἀλλ᾽, ὦ πρὸς Διός, οὑτωσί σοι δοκῶ; οὐδένα νομίζω θεὸν εἶναι;

οὐ μέντοι μὰ Δία οὐδ᾽ ὁπωστιοῦν.

ἄπιστός γ᾽ εἶ, ὦ Μέλητε, καὶ ταῦτα μέντοι, ὡς ἐμοὶ δοκεῖς, σαυτῷ. ἐμοὶ γὰρ δοκεῖ
οὑτοσί, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, πάνυ εἶναι ὑβριστὴς καὶ ἀκόλαστος, καὶ ἀτεχνῶς τὴν
γραφὴν ταύτην ὕβρει τινὶ καὶ ἀκολασίᾳ καὶ νεότητι γράψασθαι.

[27a] ἔοικεν γὰρ ὥσπερ αἴνιγμα συντιθέντι διαπειρωμένῳ “ἆρα γνώσεται Σωκράτης ὁ
σοφὸς δὴ ἐμοῦ χαριεντιζομένου καὶ ἐναντί᾽ ἐμαυτῷ λέγοντος, ἢ ἐξαπατήσω αὐτὸν καὶ
τοὺς ἄλλους τοὺς ἀκούοντας;” οὗτος γὰρ ἐμοὶ φαίνεται τὰ ἐναντία λέγειν αὐτὸς ἑαυτῷ
ἐν τῇ γραφῇ ὥσπερ ἂν εἰ εἴποι· “ἀδικεῖ Σωκράτης θεοὺς οὐ νομίζων, ἀλλὰ θεοὺς
νομίζων”. καίτοι τοῦτό ἐστι παίζοντος.

συνεπισκέψασθε δή, ὦ ἄνδρες, ᾗ μοι φαίνεται ταῦτα λέγειν· σὺ δὲ ἡμῖν ἀπόκριναι, ὦ


Μέλητε. ὑμεῖς δέ, ὅπερ [27b] κατ᾽ ἀρχὰς ὑμᾶς παρῃτησάμην, μέμνησθέ μοι μὴ
θορυβεῖν ἐὰν ἐν τῷ εἰωθότι τρόπῳ τοὺς λόγους ποιῶμαι.

ἔστιν ὅστις ἀνθρώπων, ὦ Μέλητε, ἀνθρώπεια μὲν νομίζει πράγματ᾽ εἶναι, ἀνθρώπους δὲ
οὐ νομίζει; ἀποκρινέσθω, ὦ ἄνδρες, καὶ μὴ ἄλλα καὶ ἄλλα θορυβείτω· ἔσθ᾽ ὅστις ἵππους
μὲν οὐ νομίζει, ἱππικὰ δὲ πράγματα; ἢ αὐλητὰς μὲν οὐ νομίζει εἶναι, αὐλητικὰ δὲ
πράγματα; οὐκ ἔστιν, ὦ ἄριστε ἀνδρῶν· εἰ μὴ σὺ βούλει ἀποκρίνεσθαι, ἐγὼ σοὶ λέγω
καὶ τοῖς ἄλλοις τουτοισί. ἀλλὰ τὸ ἐπὶ τούτῳ γε ἀπόκριναι· [27c] ἔσθ᾽ ὅστις δαιμόνια μὲν
νομίζει πράγματ᾽ εἶναι, δαίμονας δὲ οὐ νομίζει;
 

οὐκ ἔστιν.

ὡς ὤνησας ὅτι μόγις ἀπεκρίνω ὑπὸ τουτωνὶ ἀναγκαζόμενος. οὐκοῦν δαιμόνια μὲν φῄς
με καὶ νομίζειν καὶ διδάσκειν, εἴτ᾽ οὖν καινὰ εἴτε παλαιά, ἀλλ᾽ οὖν δαιμόνιά γε νομίζω
κατὰ τὸν σὸν λόγον, καὶ ταῦτα καὶ διωμόσω ἐν τῇ ἀντιγραφῇ. εἰ δὲ δαιμόνια νομίζω,
καὶ δαίμονας δήπου πολλὴ ἀνάγκη νομίζειν μέ ἐστιν· οὐχ οὕτως ἔχει; ἔχει δή· τίθημι
γάρ σε ὁμολογοῦντα, ἐπειδὴ οὐκ ἀποκρίνῃ. τοὺς δὲ [27d] δαίμονας οὐχὶ ἤτοι θεούς γε
ἡγούμεθα ἢ θεῶν παῖδας; φῂς ἢ οὔ;

πάνυ γε.

οὐκοῦν εἴπερ δαίμονας ἡγοῦμαι, ὡς σὺ φῄς, εἰ μὲν θεοί τινές εἰσιν οἱ δαίμονες, τοῦτ᾽ ἂν
εἴη ὃ ἐγώ φημί σε αἰνίττεσθαι καὶ χαριεντίζεσθαι, θεοὺς οὐχ ἡγούμενον φάναι με θεοὺς
αὖ ἡγεῖσθαι πάλιν, ἐπειδήπερ γε δαίμονας ἡγοῦμαι· εἰ δ᾽ αὖ οἱ δαίμονες θεῶν παῖδές
εἰσιν νόθοι τινὲς ἢ ἐκ νυμφῶν ἢ ἔκ τινων ἄλλων ὧν δὴ καὶ λέγονται, τίς ἂν ἀνθρώπων
θεῶν μὲν παῖδας ἡγοῖτο εἶναι, θεοὺς δὲ μή; ὁμοίως γὰρ [27e] ἂν ἄτοπον εἴη ὥσπερ ἂν εἴ
τις ἵππων μὲν παῖδας ἡγοῖτο ἢ καὶ ὄνων, τοὺς ἡμιόνους, ἵππους δὲ καὶ ὄνους μὴ ἡγοῖτο
εἶναι. ἀλλ᾽, ὦ Μέλητε, οὐκ ἔστιν ὅπως σὺ ταῦτα οὐχὶ ἀποπειρώμενος ἡμῶν ἐγράψω τὴν
γραφὴν ταύτην ἢ ἀπορῶν ὅτι ἐγκαλοῖς ἐμοὶ ἀληθὲς ἀδίκημα· ὅπως δὲ σύ τινα πείθοις ἂν
καὶ σμικρὸν νοῦν ἔχοντα ἀνθρώπων, ὡς οὐ τοῦ αὐτοῦ ἔστιν καὶ δαιμόνια καὶ θεῖα
ἡγεῖσθαι, καὶ αὖ τοῦ αὐτοῦ μήτε [28a] δαίμονας μήτε θεοὺς μήτε ἥρωας, οὐδεμία
μηχανή ἐστιν.

ἀλλὰ γάρ, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, ὡς μὲν ἐγὼ οὐκ ἀδικῶ κατὰ τὴν Μελήτου γραφήν, οὐ
πολλῆς μοι δοκεῖ εἶναι ἀπολογίας, ἀλλὰ ἱκανὰ καὶ ταῦτα· ὃ δὲ καὶ ἐν τοῖς ἔμπροσθεν
ἔλεγον, ὅτι πολλή μοι ἀπέχθεια γέγονεν καὶ πρὸς πολλούς, εὖ ἴστε ὅτι ἀληθές ἐστιν. καὶ
τοῦτ᾽ ἔστιν ὃ ἐμὲ αἱρεῖ, ἐάνπερ αἱρῇ, οὐ Μέλητος οὐδὲ Ἄνυτος ἀλλ᾽ ἡ τῶν πολλῶν
διαβολή τε καὶ φθόνος. ἃ δὴ πολλοὺς καὶ ἄλλους καὶ ἀγαθοὺς [28b] ἄνδρας ᾕρηκεν,
οἶμαι δὲ καὶ αἱρήσει· οὐδὲν δὲ δεινὸν μὴ ἐν ἐμοὶ στῇ.

ἴσως ἂν οὖν εἴποι τις· “εἶτ᾽ οὐκ αἰσχύνῃ, ὦ Σώκρατες, τοιοῦτον ἐπιτήδευμα ἐπιτηδεύσας
ἐξ οὗ κινδυνεύεις νυνὶ ἀποθανεῖν;” ἐγὼ δὲ τούτῳ ἂν δίκαιον λόγον ἀντείποιμι, ὅτι ‘οὐ
καλῶς λέγεις, ὦ ἄνθρωπε, εἰ οἴει δεῖν κίνδυνον ὑπολογίζεσθαι τοῦ ζῆν ἢ τεθνάναι
ἄνδρα ὅτου τι καὶ σμικρὸν ὄφελός ἐστιν, ἀλλ᾽ οὐκ ἐκεῖνο μόνον σκοπεῖν ὅταν πράττῃ,
πότερον δίκαια ἢ ἄδικα πράττει, καὶ ἀνδρὸς ἀγαθοῦ ἔργα ἢ κακοῦ. φαῦλοι [28c] γὰρ ἂν
τῷ γε σῷ λόγῳ εἶεν τῶν ἡμιθέων ὅσοι ἐν Τροίᾳ τετελευτήκασιν οἵ τε ἄλλοι καὶ ὁ τῆς
Θέτιδος υἱός, ὃς τοσοῦτον τοῦ κινδύνου κατεφρόνησεν παρὰ τὸ αἰσχρόν τι ὑπομεῖναι
ὥστε, ἐπειδὴ εἶπεν ἡ μήτηρ αὐτῷ προθυμουμένῳ Ἕκτορα ἀποκτεῖναι, θεὸς οὖσα,
οὑτωσί πως, ὡς ἐγὼ οἶμαι· “ὦ παῖ, εἰ τιμωρήσεις Πατρόκλῳ τῷ ἑταίρῳ τὸν φόνον καὶ
Ἕκτορα ἀποκτενεῖς, αὐτὸς ἀποθανῇ--αὐτίκα γάρ τοι”, φησί, “μεθ᾽ Ἕκτορα πότμος
ἑτοῖμος” --ὁ δὲ τοῦτο ἀκούσας τοῦ μὲν θανάτου καὶ τοῦ κινδύνου ὠλιγώρησε, πολὺ δὲ
μᾶλλον [28d] δείσας τὸ ζῆν κακὸς ὢν καὶ τοῖς φίλοις μὴ τιμωρεῖν, “αὐτίκα”, φησί,
“τεθναίην, δίκην ἐπιθεὶς τῷ ἀδικοῦντι, ἵνα μὴ ἐνθάδε μένω καταγέλαστος παρὰ νηυσὶ
κορωνίσιν ἄχθος ἀρούρης”. μὴ αὐτὸν οἴει φροντίσαι θανάτου καὶ κινδύνου;’

οὕτω γὰρ ἔχει, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, τῇ ἀληθείᾳ· οὗ ἄν τις ἑαυτὸν τάξῃ ἡγησάμενος
βέλτιστον εἶναι ἢ ὑπ᾽ ἄρχοντος ταχθῇ, ἐνταῦθα δεῖ, ὡς ἐμοὶ δοκεῖ, μένοντα κινδυνεύειν,
μηδὲν ὑπολογιζόμενον μήτε θάνατον μήτε ἄλλο μηδὲν πρὸ τοῦ αἰσχροῦ. ἐγὼ οὖν δεινὰ
ἂν εἴην εἰργασμένος, ὦ ἄνδρες [28e] Ἀθηναῖοι, εἰ ὅτε μέν με οἱ ἄρχοντες ἔταττον, οὓς
ὑμεῖς εἵλεσθε ἄρχειν μου, καὶ ἐν Ποτειδαίᾳ καὶ ἐν Ἀμφιπόλει καὶ ἐπὶ Δηλίῳ, τότε μὲν
οὗ ἐκεῖνοι ἔταττον ἔμενον ὥσπερ καὶ ἄλλος τις καὶ ἐκινδύνευον ἀποθανεῖν, τοῦ δὲ θεοῦ
τάττοντος, ὡς ἐγὼ ᾠήθην τε καὶ ὑπέλαβον, φιλοσοφοῦντά με δεῖν ζῆν καὶ ἐξετάζοντα
ἐμαυτὸν καὶ τοὺς ἄλλους, ἐνταῦθα δὲ φοβηθεὶς ἢ θάνατον [29a] ἣ ἄλλ᾽ ὁτιοῦν πρᾶγμα
λίποιμι τὴν τάξιν.

δεινόν τἂν εἴη, καὶ ὡς ἀληθῶς τότ᾽ ἄν με δικαίως εἰσάγοι τις εἰς δικαστήριον, ὅτι οὐ
νομίζω θεοὺς εἶναι ἀπειθῶν τῇ μαντείᾳ καὶ δεδιὼς θάνατον καὶ οἰόμενος σοφὸς εἶναι
οὐκ ὤν. τὸ γάρ τοι θάνατον δεδιέναι, ὦ ἄνδρες, οὐδὲν ἄλλο ἐστὶν ἢ δοκεῖν σοφὸν εἶναι
μὴ ὄντα· δοκεῖν γὰρ εἰδέναι ἐστὶν ἃ οὐκ οἶδεν. οἶδε μὲν γὰρ οὐδεὶς τὸν θάνατον οὐδ᾽ εἰ
τυγχάνει τῷ ἀνθρώπῳ πάντων μέγιστον ὂν τῶν ἀγαθῶν, δεδίασι δ᾽ ὡς εὖ εἰδότες [29b]
ὅτι μέγιστον τῶν κακῶν ἐστι.

καίτοι πῶς οὐκ ἀμαθία ἐστὶν αὕτη ἡ ἐπονείδιστος, ἡ τοῦ οἴεσθαι εἰδέναι ἃ οὐκ οἶδεν;
ἐγὼ δ᾽, ὦ ἄνδρες, τούτῳ καὶ ἐνταῦθα ἴσως διαφέρω τῶν πολλῶν ἀνθρώπων, καὶ εἰ δή
τῳ σοφώτερός του φαίην εἶναι, τούτῳ ἄν, ὅτι οὐκ εἰδὼς ἱκανῶς περὶ τῶν ἐν Ἅιδου οὕτω
καὶ οἴομαι οὐκ εἰδέναι· τὸ δὲ ἀδικεῖν καὶ ἀπειθεῖν τῷ βελτίονι καὶ θεῷ καὶ ἀνθρώπῳ, ὅτι
κακὸν καὶ αἰσχρόν ἐστιν οἶδα. πρὸ οὖν τῶν κακῶν ὧν οἶδα ὅτι κακά ἐστιν, ἃ μὴ οἶδα εἰ
καὶ ἀγαθὰ ὄντα τυγχάνει οὐδέποτε φοβήσομαι οὐδὲ φεύξομαι· ὥστε οὐδ᾽ εἴ [29c] με
νῦν ὑμεῖς ἀφίετε Ἀνύτῳ ἀπιστήσαντες, ὃς ἔφη ἢ τὴν ἀρχὴν οὐ δεῖν ἐμὲ δεῦρο εἰσελθεῖν
ἤ, ἐπειδὴ εἰσῆλθον, οὐχ οἷόν τ᾽ εἶναι τὸ μὴ ἀποκτεῖναί με, λέγων πρὸς ὑμᾶς ὡς εἰ
διαφευξοίμην ἤδη [ἂν] ὑμῶν οἱ ὑεῖς ἐπιτηδεύοντες ἃ Σωκράτης διδάσκει πάντες
παντάπασι διαφθαρήσονται, --εἴ μοι πρὸς ταῦτα εἴποιτε· “ὦ Σώκρατες, νῦν μὲν Ἀνύτῳ
οὐ πεισόμεθα ἀλλ᾽ ἀφίεμέν σε, ἐπὶ τούτῳ μέντοι, ἐφ᾽ ᾧτε μηκέτι ἐν ταύτῃ τῇ ζητήσει
διατρίβειν μηδὲ φιλοσοφεῖν· ἐὰν δὲ [29d] ἁλῷς ἔτι τοῦτο πράττων, ἀποθανῇ” --

εἰ οὖν με, ὅπερ εἶπον, ἐπὶ τούτοις ἀφίοιτε, εἴποιμ᾽ ἂν ὑμῖν ὅτι “ἐγὼ ὑμᾶς, ὦ ἄνδρες
Ἀθηναῖοι, ἀσπάζομαι μὲν καὶ φιλῶ, πείσομαι δὲ μᾶλλον τῷ θεῷ ἢ ὑμῖν, καὶ ἕωσπερ ἂν
ἐμπνέω καὶ οἷός τε ὦ, οὐ μὴ παύσωμαι φιλοσοφῶν καὶ ὑμῖν παρακελευόμενός τε καὶ
ἐνδεικνύμενος ὅτῳ ἂν ἀεὶ ἐντυγχάνω ὑμῶν, λέγων οἷάπερ εἴωθα, ὅτι “ὦ ἄριστε ἀνδρῶν,
Ἀθηναῖος ὤν, πόλεως τῆς μεγίστης καὶ εὐδοκιμωτάτης εἰς σοφίαν καὶ ἰσχύν, χρημάτων
μὲν οὐκ αἰσχύνῃ ἐπιμελούμενος ὅπως σοι ἔσται ὡς πλεῖστα, [29e] καὶ δόξης καὶ τιμῆς,
φρονήσεως δὲ καὶ ἀληθείας καὶ τῆς ψυχῆς ὅπως ὡς βελτίστη ἔσται οὐκ ἐπιμελῇ οὐδὲ
φροντίζεις;” καὶ ἐάν τις ὑμῶν ἀμφισβητήσῃ καὶ φῇ ἐπιμελεῖσθαι, οὐκ εὐθὺς ἀφήσω
αὐτὸν οὐδ᾽ ἄπειμι, ἀλλ᾽ ἐρήσομαι αὐτὸν καὶ ἐξετάσω καὶ ἐλέγξω, καὶ ἐάν μοι μὴ δοκῇ
κεκτῆσθαι ἀρετήν, [30a] φάναι δέ, ὀνειδιῶ ὅτι τὰ πλείστου ἄξια περὶ ἐλαχίστου
ποιεῖται, τὰ δὲ φαυλότερα περὶ πλείονος. ταῦτα καὶ νεωτέρῳ καὶ πρεσβυτέρῳ ὅτῳ ἂν
ἐντυγχάνω ποιήσω, καὶ ξένῳ καὶ ἀστῷ, μᾶλλον δὲ τοῖς ἀστοῖς, ὅσῳ μου ἐγγυτέρω ἐστὲ
γένει. ταῦτα γὰρ κελεύει ὁ θεός, εὖ ἴστε, καὶ ἐγὼ οἴομαι οὐδέν πω ὑμῖν μεῖζον ἀγαθὸν
γενέσθαι ἐν τῇ πόλει ἢ τὴν ἐμὴν τῷ θεῷ ὑπηρεσίαν. οὐδὲν γὰρ ἄλλο πράττων ἐγὼ
περιέρχομαι ἢ πείθων ὑμῶν καὶ νεωτέρους καὶ πρεσβυτέρους μήτε σωμάτων [30b]
ἐπιμελεῖσθαι μήτε χρημάτων πρότερον μηδὲ οὕτω σφόδρα ὡς τῆς ψυχῆς ὅπως ὡς
ἀρίστη ἔσται, λέγων ὅτι ‘οὐκ ἐκ χρημάτων ἀρετὴ γίγνεται, ἀλλ᾽ ἐξ ἀρετῆς χρήματα καὶ
τὰ ἄλλα ἀγαθὰ τοῖς ἀνθρώποις ἅπαντα καὶ ἰδίᾳ καὶ δημοσίᾳ’. εἰ μὲν οὖν ταῦτα λέγων
διαφθείρω τοὺς νέους, ταῦτ᾽ ἂν εἴη βλαβερά· εἰ δέ τίς μέ φησιν ἄλλα λέγειν ἢ ταῦτα,
οὐδὲν λέγει. πρὸς ταῦτα”, φαίην ἄν, “ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, ἢ πείθεσθε Ἀνύτῳ ἢ μή, καὶ ἢ
ἀφίετέ με ἢ μή, ὡς ἐμοῦ οὐκ [30c] ἂν ποιήσαντος ἄλλα, οὐδ᾽ εἰ μέλλω πολλάκις
τεθνάναι”.

μὴ θορυβεῖτε, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, ἀλλ᾽ ἐμμείνατέ μοι οἷς ἐδεήθην ὑμῶν, μὴ θορυβεῖν
ἐφ᾽ οἷς ἂν λέγω ἀλλ᾽ ἀκούειν· καὶ γάρ, ὡς ἐγὼ οἶμαι, ὀνήσεσθε ἀκούοντες. μέλλω γὰρ
οὖν ἄττα ὑμῖν ἐρεῖν καὶ ἄλλα ἐφ᾽ οἷς ἴσως βοήσεσθε· ἀλλὰ μηδαμῶς ποιεῖτε τοῦτο. εὖ
γὰρ ἴστε, ἐάν με ἀποκτείνητε τοιοῦτον ὄντα οἷον ἐγὼ λέγω, οὐκ ἐμὲ μείζω βλάψετε ἢ
ὑμᾶς αὐτούς· ἐμὲ μὲν γὰρ οὐδὲν ἂν βλάψειεν οὔτε Μέλητος οὔτε Ἄνυτος--οὐδὲ γὰρ ἂν
δύναιτο--οὐ γὰρ οἴομαι θεμιτὸν [30d] εἶναι ἀμείνονι ἀνδρὶ ὑπὸ χείρονος βλάπτεσθαι.
ἀποκτείνειε μεντἂν ἴσως ἢ ἐξελάσειεν ἢ ἀτιμώσειεν· ἀλλὰ ταῦτα οὗτος μὲν ἴσως οἴεται
καὶ ἄλλος τίς που μεγάλα κακά, ἐγὼ δ᾽ οὐκ οἴομαι, ἀλλὰ πολὺ μᾶλλον ποιεῖν ἃ οὑτοσὶ
νῦν ποιεῖ, ἄνδρα ἀδίκως ἐπιχειρεῖν ἀποκτεινύναι. νῦν οὖν, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, πολλοῦ
δέω ἐγὼ ὑπὲρ ἐμαυτοῦ ἀπολογεῖσθαι, ὥς τις ἂν οἴοιτο, ἀλλὰ ὑπὲρ ὑμῶν, μή τι
ἐξαμάρτητε περὶ τὴν τοῦ [30e] θεοῦ δόσιν ὑμῖν ἐμοῦ καταψηφισάμενοι. ἐὰν γάρ με
ἀποκτείνητε, οὐ ῥᾳδίως ἄλλον τοιοῦτον εὑρήσετε, ἀτεχνῶς--εἰ καὶ γελοιότερον εἰπεῖν--
προσκείμενον τῇ πόλει ὑπὸ τοῦ θεοῦ ὥσπερ ἵππῳ μεγάλῳ μὲν καὶ γενναίῳ, ὑπὸ
μεγέθους δὲ νωθεστέρῳ καὶ δεομένῳ ἐγείρεσθαι ὑπὸ μύωπός τινος, οἷον δή μοι δοκεῖ ὁ
θεὸς ἐμὲ τῇ πόλει προστεθηκέναι τοιοῦτόν τινα, ὃς ὑμᾶς ἐγείρων καὶ πείθων καὶ
ὀνειδίζων ἕνα ἕκαστον [31a] οὐδὲν παύομαι τὴν ἡμέραν ὅλην πανταχοῦ προσκαθίζων.
τοιοῦτος οὖν ἄλλος οὐ ῥᾳδίως ὑμῖν γενήσεται, ὦ ἄνδρες, ἀλλ᾽ ἐὰν ἐμοὶ πείθησθε,
φείσεσθέ μου· ὑμεῖς δ᾽ ἴσως τάχ᾽ ἂν ἀχθόμενοι, ὥσπερ οἱ νυστάζοντες ἐγειρόμενοι,
κρούσαντες ἄν με, πειθόμενοι Ἀνύτῳ, ῥᾳδίως ἂν ἀποκτείναιτε, εἶτα τὸν λοιπὸν βίον
καθεύδοντες διατελοῖτε ἄν, εἰ μή τινα ἄλλον ὁ θεὸς ὑμῖν ἐπιπέμψειεν κηδόμενος ὑμῶν.
ὅτι δ᾽ ἐγὼ τυγχάνω ὢν τοιοῦτος οἷος ὑπὸ τοῦ θεοῦ τῇ πόλει δεδόσθαι, ἐνθένδε [31b] ἂν
κατανοήσαιτε· οὐ γὰρ ἀνθρωπίνῳ ἔοικε τὸ ἐμὲ τῶν μὲν ἐμαυτοῦ πάντων ἠμεληκέναι
καὶ ἀνέχεσθαι τῶν οἰκείων ἀμελουμένων τοσαῦτα ἤδη ἔτη, τὸ δὲ ὑμέτερον πράττειν ἀεί,
ἰδίᾳ ἑκάστῳ προσιόντα ὥσπερ πατέρα ἢ ἀδελφὸν πρεσβύτερον πείθοντα ἐπιμελεῖσθαι
ἀρετῆς. καὶ εἰ μέν τι ἀπὸ τούτων ἀπέλαυον καὶ μισθὸν λαμβάνων ταῦτα
παρεκελευόμην, εἶχον ἄν τινα λόγον· νῦν δὲ ὁρᾶτε δὴ καὶ αὐτοὶ ὅτι οἱ κατήγοροι τἆλλα
πάντα ἀναισχύντως οὕτω κατηγοροῦντες τοῦτό γε οὐχ οἷοί τε ἐγένοντο
ἀπαναισχυντῆσαι [31c] παρασχόμενοι μάρτυρα, ὡς ἐγώ ποτέ τινα ἢ ἐπραξάμην μισθὸν
ἢ ᾔτησα. ἱκανὸν γάρ, οἶμαι, ἐγὼ παρέχομαι τὸν μάρτυρα ὡς ἀληθῆ λέγω, τὴν πενίαν.

ἴσως ἂν οὖν δόξειεν ἄτοπον εἶναι, ὅτι δὴ ἐγὼ ἰδίᾳ μὲν ταῦτα συμβουλεύω περιιὼν καὶ
πολυπραγμονῶ, δημοσίᾳ δὲ οὐ τολμῶ ἀναβαίνων εἰς τὸ πλῆθος τὸ ὑμέτερον
συμβουλεύειν τῇ πόλει. τούτου δὲ αἴτιόν ἐστιν ὃ ὑμεῖς ἐμοῦ πολλάκις ἀκηκόατε
πολλαχοῦ λέγοντος, ὅτι μοι θεῖόν τι καὶ [31d] δαιμόνιον γίγνεται [φωνή], ὃ δὴ καὶ ἐν τῇ
γραφῇ ἐπικωμῳδῶν Μέλητος ἐγράψατο. ἐμοὶ δὲ τοῦτ᾽ ἔστιν ἐκ παιδὸς ἀρξάμενον,
φωνή τις γιγνομένη, ἣ ὅταν γένηται, ἀεὶ ἀποτρέπει με τοῦτο ὃ ἂν μέλλω πράττειν,
προτρέπει δὲ οὔποτε. τοῦτ᾽ ἔστιν ὅ μοι ἐναντιοῦται τὰ πολιτικὰ πράττειν, καὶ παγκάλως
γέ μοι δοκεῖ ἐναντιοῦσθαι· εὖ γὰρ ἴστε, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, εἰ ἐγὼ πάλαι ἐπεχείρησα
πράττειν τὰ πολιτικὰ πράγματα, πάλαι ἂν ἀπολώλη καὶ οὔτ᾽ ἂν ὑμᾶς ὠφελήκη [31e]
οὐδὲν οὔτ᾽ ἂν ἐμαυτόν. καί μοι μὴ ἄχθεσθε λέγοντι τἀληθῆ· οὐ γὰρ ἔστιν ὅστις
ἀνθρώπων σωθήσεται οὔτε ὑμῖν οὔτε ἄλλῳ πλήθει οὐδενὶ γνησίως ἐναντιούμενος καὶ
διακωλύων πολλὰ ἄδικα καὶ παράνομα ἐν τῇ πόλει γίγνεσθαι, ἀλλ᾽ [32a] ἀναγκαῖόν
ἐστι τὸν τῷ ὄντι μαχούμενον ὑπὲρ τοῦ δικαίου, καὶ εἰ μέλλει ὀλίγον χρόνον
σωθήσεσθαι, ἰδιωτεύειν ἀλλὰ μὴ δημοσιεύειν.

μεγάλα δ᾽ ἔγωγε ὑμῖν τεκμήρια παρέξομαι τούτων, οὐ λόγους ἀλλ᾽ ὃ ὑμεῖς τιμᾶτε, ἔργα.
ἀκούσατε δή μοι τὰ συμβεβηκότα, ἵνα εἰδῆτε ὅτι οὐδ᾽ ἂν ἑνὶ ὑπεικάθοιμι παρὰ τὸ
δίκαιον δείσας θάνατον, μὴ ὑπείκων δὲ ἀλλὰ κἂν ἀπολοίμην. ἐρῶ δὲ ὑμῖν φορτικὰ μὲν
καὶ δικανικά, ἀληθῆ δέ. ἐγὼ γάρ, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, ἄλλην μὲν ἀρχὴν οὐδεμίαν [32b]
πώποτε ἦρξα ἐν τῇ πόλει, ἐβούλευσα δέ· καὶ ἔτυχεν ἡμῶν ἡ φυλὴ Ἀντιοχὶς
πρυτανεύουσα ὅτε ὑμεῖς τοὺς δέκα στρατηγοὺς τοὺς οὐκ ἀνελομένους τοὺς ἐκ τῆς
ναυμαχίας ἐβουλεύσασθε ἁθρόους κρίνειν, παρανόμως, ὡς ἐν τῷ ὑστέρῳ χρόνῳ πᾶσιν
ὑμῖν ἔδοξεν. τότ᾽ ἐγὼ μόνος τῶν πρυτάνεων ἠναντιώθην ὑμῖν μηδὲν ποιεῖν παρὰ τοὺς
νόμους καὶ ἐναντία ἐψηφισάμην· καὶ ἑτοίμων ὄντων ἐνδεικνύναι με καὶ ἀπάγειν τῶν
ῥητόρων, καὶ ὑμῶν κελευόντων καὶ βοώντων, μετὰ τοῦ [32c] νόμου καὶ τοῦ δικαίου
ᾤμην μᾶλλόν με δεῖν διακινδυνεύειν ἢ μεθ᾽ ὑμῶν γενέσθαι μὴ δίκαια βουλευομένων,
φοβηθέντα δεσμὸν ἢ θάνατον. καὶ ταῦτα μὲν ἦν ἔτι δημοκρατουμένης τῆς πόλεως·
ἐπειδὴ δὲ ὀλιγαρχία ἐγένετο, οἱ τριάκοντα αὖ μεταπεμψάμενοί με πέμπτον αὐτὸν εἰς τὴν
θόλον προσέταξαν ἀγαγεῖν ἐκ Σαλαμῖνος Λέοντα τὸν Σαλαμίνιον ἵνα ἀποθάνοι, οἷα δὴ
καὶ ἄλλοις ἐκεῖνοι πολλοῖς πολλὰ προσέταττον, βουλόμενοι ὡς πλείστους ἀναπλῆσαι
αἰτιῶν. τότε μέντοι ἐγὼ [32d] οὐ λόγῳ ἀλλ᾽ ἔργῳ αὖ ἐνεδειξάμην ὅτι ἐμοὶ θανάτου μὲν
μέλει, εἰ μὴ ἀγροικότερον ἦν εἰπεῖν, οὐδ᾽ ὁτιοῦν, τοῦ δὲ μηδὲν ἄδικον μηδ᾽ ἀνόσιον
ἐργάζεσθαι, τούτου δὲ τὸ πᾶν μέλει. ἐμὲ γὰρ ἐκείνη ἡ ἀρχὴ οὐκ ἐξέπληξεν, οὕτως
ἰσχυρὰ οὖσα, ὥστε ἄδικόν τι ἐργάσασθαι, ἀλλ᾽ ἐπειδὴ ἐκ τῆς θόλου ἐξήλθομεν, οἱ μὲν
τέτταρες ᾤχοντο εἰς Σαλαμῖνα καὶ ἤγαγον Λέοντα, ἐγὼ δὲ ᾠχόμην ἀπιὼν οἴκαδε. καὶ
ἴσως ἂν διὰ ταῦτα ἀπέθανον, εἰ μὴ ἡ ἀρχὴ διὰ ταχέων κατελύθη. καὶ [32e] τούτων ὑμῖν
ἔσονται πολλοὶ μάρτυρες.

ἆρ᾽ οὖν ἄν με οἴεσθε τοσάδε ἔτη διαγενέσθαι εἰ ἔπραττον τὰ δημόσια, καὶ πράττων
ἀξίως ἀνδρὸς ἀγαθοῦ ἐβοήθουν τοῖς δικαίοις καὶ ὥσπερ χρὴ τοῦτο περὶ πλείστου
ἐποιούμην; πολλοῦ γε δεῖ, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι· οὐδὲ γὰρ ἂν ἄλλος [33a] ἀνθρώπων
οὐδείς. ἀλλ᾽ ἐγὼ διὰ παντὸς τοῦ βίου δημοσίᾳ τε εἴ πού τι ἔπραξα τοιοῦτος φανοῦμαι,
καὶ ἰδίᾳ ὁ αὐτὸς οὗτος, οὐδενὶ πώποτε συγχωρήσας οὐδὲν παρὰ τὸ δίκαιον οὔτε ἄλλῳ
οὔτε τούτων οὐδενὶ οὓς δὴ διαβάλλοντες ἐμέ φασιν ἐμοὺς μαθητὰς εἶναι. ἐγὼ δὲ
διδάσκαλος μὲν οὐδενὸς πώποτ᾽ ἐγενόμην· εἰ δέ τίς μου λέγοντος καὶ τὰ ἐμαυτοῦ
πράττοντος ἐπιθυμοῖ ἀκούειν, εἴτε νεώτερος εἴτε πρεσβύτερος, οὐδενὶ πώποτε
ἐφθόνησα, οὐδὲ χρήματα μὲν λαμβάνων διαλέγομαι [33b] μὴ λαμβάνων δὲ οὔ, ἀλλ᾽
ὁμοίως καὶ πλουσίῳ καὶ πένητι παρέχω ἐμαυτὸν ἐρωτᾶν, καὶ ἐάν τις βούληται
ἀποκρινόμενος ἀκούειν ὧν ἂν λέγω. καὶ τούτων ἐγὼ εἴτε τις χρηστὸς γίγνεται εἴτε μή,
οὐκ ἂν δικαίως τὴν αἰτίαν ὑπέχοιμι, ὧν μήτε ὑπεσχόμην μηδενὶ μηδὲν πώποτε μάθημα
μήτε ἐδίδαξα· εἰ δέ τίς φησι παρ᾽ ἐμοῦ πώποτέ τι μαθεῖν ἢ ἀκοῦσαι ἰδίᾳ ὅτι μὴ καὶ οἱ
ἄλλοι πάντες, εὖ ἴστε ὅτι οὐκ ἀληθῆ λέγει.

ἀλλὰ διὰ τί δή ποτε μετ᾽ ἐμοῦ χαίρουσί τινες πολὺν [33c] χρόνον διατρίβοντες;
ἀκηκόατε, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, πᾶσαν ὑμῖν τὴν ἀλήθειαν ἐγὼ εἶπον· ὅτι ἀκούοντες
χαίρουσιν ἐξεταζομένοις τοῖς οἰομένοις μὲν εἶναι σοφοῖς, οὖσι δ᾽ οὔ. ἔστι γὰρ οὐκ
ἀηδές. ἐμοὶ δὲ τοῦτο, ὡς ἐγώ φημι, προστέτακται ὑπὸ τοῦ θεοῦ πράττειν καὶ ἐκ
μαντείων καὶ ἐξ ἐνυπνίων καὶ παντὶ τρόπῳ ᾧπέρ τίς ποτε καὶ ἄλλη θεία μοῖρα ἀνθρώπῳ
καὶ ὁτιοῦν προσέταξε πράττειν. ταῦτα, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, καὶ ἀληθῆ ἐστιν καὶ
εὐέλεγκτα. εἰ γὰρ δὴ ἔγωγε τῶν νέων [33d] τοὺς μὲν διαφθείρω τοὺς δὲ διέφθαρκα,
χρῆν δήπου, εἴτε τινὲς αὐτῶν πρεσβύτεροι γενόμενοι ἔγνωσαν ὅτι νέοις οὖσιν αὐτοῖς
ἐγὼ κακὸν πώποτέ τι συνεβούλευσα, νυνὶ αὐτοὺς ἀναβαίνοντας ἐμοῦ κατηγορεῖν καὶ
τιμωρεῖσθαι· εἰ δὲ μὴ αὐτοὶ ἤθελον, τῶν οἰκείων τινὰς τῶν ἐκείνων, πατέρας καὶ
ἀδελφοὺς καὶ ἄλλους τοὺς προσήκοντας, εἴπερ ὑπ᾽ ἐμοῦ τι κακὸν ἐπεπόνθεσαν αὐτῶν
οἱ οἰκεῖοι, νῦν μεμνῆσθαι καὶ τιμωρεῖσθαι. πάντως δὲ πάρεισιν αὐτῶν πολλοὶ ἐνταυθοῖ
οὓς ἐγὼ ὁρῶ, πρῶτον μὲν Κρίτων οὑτοσί, ἐμὸς ἡλικιώτης [33e] καὶ δημότης,
Κριτοβούλου τοῦδε πατήρ, ἔπειτα Λυσανίας ὁ Σφήττιος, Αἰσχίνου τοῦδε πατήρ, ἔτι δ᾽
Ἀντιφῶν ὁ Κηφισιεὺς οὑτοσί, Ἐπιγένους πατήρ, ἄλλοι τοίνυν οὗτοι ὧν οἱ ἀδελφοὶ ἐν
ταύτῃ τῇ διατριβῇ γεγόνασιν, Νικόστρατος Θεοζοτίδου, ἀδελφὸς Θεοδότου--καὶ ὁ μὲν
Θεόδοτος τετελεύτηκεν, ὥστε οὐκ ἂν ἐκεῖνός γε αὐτοῦ καταδεηθείη--καὶ Παράλιος ὅδε,
ὁ Δημοδόκου, οὗ ἦν Θεάγης ἀδελφός· ὅδε δὲ [34a] Ἀδείμαντος, ὁ Ἀρίστωνος, οὗ
ἀδελφὸς οὑτοσὶ Πλάτων, καὶ Αἰαντόδωρος, οὗ Ἀπολλόδωρος ὅδε ἀδελφός. καὶ ἄλλους
πολλοὺς ἐγὼ ἔχω ὑμῖν εἰπεῖν, ὧν τινα ἐχρῆν μάλιστα μὲν ἐν τῷ ἑαυτοῦ λόγῳ
παρασχέσθαι Μέλητον μάρτυρα· εἰ δὲ τότε ἐπελάθετο, νῦν παρασχέσθω--ἐγὼ
παραχωρῶ--καὶ λεγέτω εἴ τι ἔχει τοιοῦτον. ἀλλὰ τούτου πᾶν τοὐναντίον εὑρήσετε, ὦ
ἄνδρες, πάντας ἐμοὶ βοηθεῖν ἑτοίμους τῷ διαφθείροντι, τῷ κακὰ ἐργαζομένῳ τοὺς
οἰκείους αὐτῶν, ὥς φασι Μέλητος καὶ [34b] Ἄνυτος. αὐτοὶ μὲν γὰρ οἱ διεφθαρμένοι
τάχ᾽ ἂν λόγον ἔχοιεν βοηθοῦντες· οἱ δὲ ἀδιάφθαρτοι, πρεσβύτεροι ἤδη ἄνδρες, οἱ
τούτων προσήκοντες, τίνα ἄλλον ἔχουσι λόγον βοηθοῦντες ἐμοὶ ἀλλ᾽ ἢ τὸν ὀρθόν τε
καὶ δίκαιον, ὅτι συνίσασι Μελήτῳ μὲν ψευδομένῳ, ἐμοὶ δὲ ἀληθεύοντι;

εἶεν δή, ὦ ἄνδρες· ἃ μὲν ἐγὼ ἔχοιμ᾽ ἂν ἀπολογεῖσθαι, σχεδόν ἐστι ταῦτα καὶ ἄλλα ἴσως
τοιαῦτα.

τάχα δ᾽ ἄν τις [34c] ὑμῶν ἀγανακτήσειεν ἀναμνησθεὶς ἑαυτοῦ, εἰ ὁ μὲν καὶ ἐλάττω
τουτουῒ τοῦ ἀγῶνος ἀγῶνα ἀγωνιζόμενος ἐδεήθη τε καὶ ἱκέτευσε τοὺς δικαστὰς μετὰ
πολλῶν δακρύων, παιδία τε αὑτοῦ ἀναβιβασάμενος ἵνα ὅτι μάλιστα ἐλεηθείη, καὶ
ἄλλους τῶν οἰκείων καὶ φίλων πολλούς, ἐγὼ δὲ οὐδὲν ἄρα τούτων ποιήσω, καὶ ταῦτα
κινδυνεύων, ὡς ἂν δόξαιμι, τὸν ἔσχατον κίνδυνον. τάχ᾽ ἂν οὖν τις ταῦτα ἐννοήσας
αὐθαδέστερον ἂν πρός με σχοίη καὶ ὀργισθεὶς αὐτοῖς τούτοις θεῖτο ἂν μετ᾽ [34d] ὀργῆς
τὴν ψῆφον. εἰ δή τις ὑμῶν οὕτως ἔχει--οὐκ ἀξιῶ μὲν γὰρ ἔγωγε, εἰ δ᾽ οὖν--ἐπιεικῆ ἄν
μοι δοκῶ πρὸς τοῦτον λέγειν λέγων ὅτι “ἐμοί, ὦ ἄριστε, εἰσὶν μέν πού τινες καὶ οἰκεῖοι·
καὶ γὰρ τοῦτο αὐτὸ τὸ τοῦ Ὁμήρου, οὐδ᾽ ἐγὼ ‘ἀπὸ δρυὸς οὐδ᾽ ἀπὸ πέτρης’ πέφυκα ἀλλ᾽
ἐξ ἀνθρώπων, ὥστε καὶ οἰκεῖοί μοί εἰσι καὶ ὑεῖς γε, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, τρεῖς, εἷς μὲν
μειράκιον ἤδη, δύο δὲ παιδία· ἀλλ᾽ ὅμως οὐδένα αὐτῶν δεῦρο ἀναβιβασάμενος
δεήσομαι ὑμῶν ἀποψηφίσασθαι”. τί δὴ οὖν οὐδὲν τούτων ποιήσω; οὐκ αὐθαδιζόμενος,
ὦ ἄνδρες [34e] Ἀθηναῖοι, οὐδ᾽ ὑμᾶς ἀτιμάζων, ἀλλ᾽ εἰ μὲν θαρραλέως ἐγὼ ἔχω πρὸς
θάνατον ἢ μή, ἄλλος λόγος, πρὸς δ᾽ οὖν δόξαν καὶ ἐμοὶ καὶ ὑμῖν καὶ ὅλῃ τῇ πόλει οὔ
μοι δοκεῖ καλὸν εἶναι ἐμὲ τούτων οὐδὲν ποιεῖν καὶ τηλικόνδε ὄντα καὶ τοῦτο τοὔνομα
ἔχοντα, εἴτ᾽ οὖν ἀληθὲς εἴτ᾽ οὖν ψεῦδος, ἀλλ᾽ οὖν δεδογμένον [35a] γέ ἐστί τῳ
Σωκράτη διαφέρειν τῶν πολλῶν ἀνθρώπων. εἰ οὖν ὑμῶν οἱ δοκοῦντες διαφέρειν εἴτε
σοφίᾳ εἴτε ἀνδρείᾳ εἴτε ἄλλῃ ᾑτινιοῦν ἀρετῇ τοιοῦτοι ἔσονται, αἰσχρὸν ἂν εἴη·
οἵουσπερ ἐγὼ πολλάκις ἑώρακά τινας ὅταν κρίνωνται, δοκοῦντας μέν τι εἶναι, θαυμάσια
δὲ ἐργαζομένους, ὡς δεινόν τι οἰομένους πείσεσθαι εἰ ἀποθανοῦνται, ὥσπερ ἀθανάτων
ἐσομένων ἂν ὑμεῖς αὐτοὺς μὴ ἀποκτείνητε· οἳ ἐμοὶ δοκοῦσιν αἰσχύνην τῇ πόλει
περιάπτειν, ὥστ᾽ ἄν τινα καὶ τῶν ξένων [35b] ὑπολαβεῖν ὅτι οἱ διαφέροντες Ἀθηναίων
εἰς ἀρετήν, οὓς αὐτοὶ ἑαυτῶν ἔν τε ταῖς ἀρχαῖς καὶ ταῖς ἄλλαις τιμαῖς προκρίνουσιν,
οὗτοι γυναικῶν οὐδὲν διαφέρουσιν. ταῦτα γάρ, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, οὔτε ὑμᾶς χρὴ
ποιεῖν τοὺς δοκοῦντας καὶ ὁπῃοῦν τι εἶναι, οὔτ᾽, ἂν ἡμεῖς ποιῶμεν, ὑμᾶς ἐπιτρέπειν,
ἀλλὰ τοῦτο αὐτὸ ἐνδείκνυσθαι, ὅτι πολὺ μᾶλλον καταψηφιεῖσθε τοῦ τὰ ἐλεινὰ ταῦτα
δράματα εἰσάγοντος καὶ καταγέλαστον τὴν πόλιν ποιοῦντος ἢ τοῦ ἡσυχίαν ἄγοντος.

χωρὶς δὲ τῆς δόξης, ὦ ἄνδρες, οὐδὲ δίκαιόν μοι δοκεῖ [35c] εἶναι δεῖσθαι τοῦ δικαστοῦ
οὐδὲ δεόμενον ἀποφεύγειν, ἀλλὰ διδάσκειν καὶ πείθειν. οὐ γὰρ ἐπὶ τούτῳ κάθηται ὁ
δικαστής, ἐπὶ τῷ καταχαρίζεσθαι τὰ δίκαια, ἀλλ᾽ ἐπὶ τῷ κρίνειν ταῦτα· καὶ ὀμώμοκεν οὐ
χαριεῖσθαι οἷς ἂν δοκῇ αὐτῷ, ἀλλὰ δικάσειν κατὰ τοὺς νόμους. οὔκουν χρὴ οὔτε ἡμᾶς
ἐθίζειν ὑμᾶς ἐπιορκεῖν οὔθ᾽ ὑμᾶς ἐθίζεσθαι· οὐδέτεροι γὰρ ἂν ἡμῶν εὐσεβοῖεν. μὴ οὖν
ἀξιοῦτέ με, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, τοιαῦτα δεῖν πρὸς ὑμᾶς πράττειν ἃ μήτε ἡγοῦμαι καλὰ
εἶναι μήτε [35d] δίκαια μήτε ὅσια, ἄλλως τε μέντοι νὴ Δία πάντως καὶ ἀσεβείας
φεύγοντα ὑπὸ Μελήτου τουτουΐ. σαφῶς γὰρ ἄν, εἰ πείθοιμι ὑμᾶς καὶ τῷ δεῖσθαι
βιαζοίμην ὀμωμοκότας, θεοὺς ἂν διδάσκοιμι μὴ ἡγεῖσθαι ὑμᾶς εἶναι, καὶ ἀτεχνῶς
ἀπολογούμενος κατηγοροίην ἂν ἐμαυτοῦ ὡς θεοὺς οὐ νομίζω. ἀλλὰ πολλοῦ δεῖ οὕτως
ἔχειν· νομίζω τε γάρ, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, ὡς οὐδεὶς τῶν ἐμῶν κατηγόρων, καὶ ὑμῖν
ἐπιτρέπω καὶ τῷ θεῷ κρῖναι περὶ ἐμοῦ ὅπῃ μέλλει ἐμοί τε ἄριστα εἶναι καὶ ὑμῖν.

[35e] τὸ μὲν μὴ ἀγανακτεῖν, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, ἐπὶ τούτῳ [36a] τῷ γεγονότι, ὅτι μου
κατεψηφίσασθε, ἄλλα τέ μοι πολλὰ συμβάλλεται, καὶ οὐκ ἀνέλπιστόν μοι γέγονεν τὸ
γεγονὸς τοῦτο, ἀλλὰ πολὺ μᾶλλον θαυμάζω ἑκατέρων τῶν ψήφων τὸν γεγονότα
ἀριθμόν. οὐ γὰρ ᾠόμην ἔγωγε οὕτω παρ᾽ ὀλίγον ἔσεσθαι ἀλλὰ παρὰ πολύ· νῦν δέ, ὡς
ἔοικεν, εἰ τριάκοντα μόναι μετέπεσον τῶν ψήφων, ἀπεπεφεύγη ἄν. Μέλητον μὲν οὖν,
ὡς ἐμοὶ δοκῶ, καὶ νῦν ἀποπέφευγα, καὶ οὐ μόνον ἀποπέφευγα, ἀλλὰ παντὶ δῆλον τοῦτό
γε, ὅτι εἰ μὴ ἀνέβη Ἄνυτος καὶ Λύκων κατηγορήσοντες ἐμοῦ, κἂν ὦφλε [36b] χιλίας
δραχμάς, οὐ μεταλαβὼν τὸ πέμπτον μέρος τῶν ψήφων.

τιμᾶται δ᾽ οὖν μοι ὁ ἀνὴρ θανάτου. εἶεν· ἐγὼ δὲ δὴ τίνος ὑμῖν ἀντιτιμήσομαι, ὦ ἄνδρες
Ἀθηναῖοι; ἢ δῆλον ὅτι τῆς ἀξίας; τί οὖν; τί ἄξιός εἰμι παθεῖν ἢ ἀποτεῖσαι, ὅτι μαθὼν ἐν
τῷ βίῳ οὐχ ἡσυχίαν ἦγον, ἀλλ᾽ ἀμελήσας ὧνπερ οἱ πολλοί, χρηματισμοῦ τε καὶ
οἰκονομίας καὶ στρατηγιῶν καὶ δημηγοριῶν καὶ τῶν ἄλλων ἀρχῶν καὶ συνωμοσιῶν καὶ
στάσεων τῶν ἐν τῇ πόλει γιγνομένων, ἡγησάμενος ἐμαυτὸν [36c] τῷ ὄντι ἐπιεικέστερον
εἶναι ἢ ὥστε εἰς ταῦτ᾽ ἰόντα σῴζεσθαι, ἐνταῦθα μὲν οὐκ ᾖα οἷ ἐλθὼν μήτε ὑμῖν μήτε
ἐμαυτῷ ἔμελλον μηδὲν ὄφελος εἶναι, ἐπὶ δὲ τὸ ἰδίᾳ ἕκαστον ἰὼν εὐεργετεῖν τὴν
μεγίστην εὐεργεσίαν, ὡς ἐγώ φημι, ἐνταῦθα ᾖα, ἐπιχειρῶν ἕκαστον ὑμῶν πείθειν μὴ
πρότερον μήτε τῶν ἑαυτοῦ μηδενὸς ἐπιμελεῖσθαι πρὶν ἑαυτοῦ ἐπιμεληθείη ὅπως ὡς
βέλτιστος καὶ φρονιμώτατος ἔσοιτο, μήτε τῶν τῆς πόλεως, πρὶν αὐτῆς τῆς πόλεως, τῶν
τε ἄλλων οὕτω κατὰ τὸν [36d] αὐτὸν τρόπον ἐπιμελεῖσθαι--τί οὖν εἰμι ἄξιος παθεῖν
τοιοῦτος ὤν; ἀγαθόν τι, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, εἰ δεῖ γε κατὰ τὴν ἀξίαν τῇ ἀληθείᾳ
τιμᾶσθαι· καὶ ταῦτά γε ἀγαθὸν τοιοῦτον ὅτι ἂν πρέποι ἐμοί. τί οὖν πρέπει ἀνδρὶ πένητι
εὐεργέτῃ δεομένῳ ἄγειν σχολὴν ἐπὶ τῇ ὑμετέρᾳ παρακελεύσει; οὐκ ἔσθ᾽ ὅτι μᾶλλον, ὦ
ἄνδρες Ἀθηναῖοι, πρέπει οὕτως ὡς τὸν τοιοῦτον ἄνδρα ἐν πρυτανείῳ σιτεῖσθαι, πολύ γε
μᾶλλον ἢ εἴ τις ὑμῶν ἵππῳ ἢ συνωρίδι ἢ ζεύγει νενίκηκεν Ὀλυμπίασιν· ὁ μὲν γὰρ ὑμᾶς
ποιεῖ εὐδαίμονας δοκεῖν εἶναι, ἐγὼ δὲ [36e] εἶναι, καὶ ὁ μὲν τροφῆς οὐδὲν δεῖται, ἐγὼ δὲ
δέομαι. εἰ οὖν δεῖ με κατὰ τὸ δίκαιον τῆς ἀξίας τιμᾶσθαι, τούτου [37a] τιμῶμαι, ἐν
πρυτανείῳ σιτήσεως.

ἴσως οὖν ὑμῖν καὶ ταυτὶ λέγων παραπλησίως δοκῶ λέγειν ὥσπερ περὶ τοῦ οἴκτου καὶ
τῆς ἀντιβολήσεως, ἀπαυθαδιζόμενος· τὸ δὲ οὐκ ἔστιν, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, τοιοῦτον
ἀλλὰ τοιόνδε μᾶλλον. πέπεισμαι ἐγὼ ἑκὼν εἶναι μηδένα ἀδικεῖν ἀνθρώπων, ἀλλὰ ὑμᾶς
τοῦτο οὐ πείθω· ὀλίγον γὰρ χρόνον ἀλλήλοις διειλέγμεθα. ἐπεί, ὡς ἐγᾦμαι, εἰ ἦν ὑμῖν
νόμος, ὥσπερ καὶ ἄλλοις ἀνθρώποις, περὶ θανάτου μὴ μίαν ἡμέραν [37b] μόνον κρίνειν
ἀλλὰ πολλάς, ἐπείσθητε ἄν· νῦν δ᾽ οὐ ῥᾴδιον ἐν χρόνῳ ὀλίγῳ μεγάλας διαβολὰς
ἀπολύεσθαι. πεπεισμένος δὴ ἐγὼ μηδένα ἀδικεῖν πολλοῦ δέω ἐμαυτόν γε ἀδικήσειν καὶ
κατ᾽ ἐμαυτοῦ ἐρεῖν αὐτὸς ὡς ἄξιός εἰμί του κακοῦ καὶ τιμήσεσθαι τοιούτου τινὸς
ἐμαυτῷ. τί δείσας; ἦ μὴ πάθω τοῦτο οὗ Μέλητός μοι τιμᾶται, ὅ φημι οὐκ εἰδέναι οὔτ᾽ εἰ
ἀγαθὸν οὔτ᾽ εἰ κακόν ἐστιν; ἀντὶ τούτου δὴ ἕλωμαι ὧν εὖ οἶδά τι κακῶν ὄντων τούτου
τιμησάμενος; πότερον δεσμοῦ;

[37c] καὶ τί με δεῖ ζῆν ἐν δεσμωτηρίῳ, δουλεύοντα τῇ ἀεὶ καθισταμένῃ ἀρχῇ, τοῖς
ἕνδεκα; ἀλλὰ χρημάτων καὶ δεδέσθαι ἕως ἂν ἐκτείσω; ἀλλὰ ταὐτόν μοί ἐστιν ὅπερ
νυνδὴ ἔλεγον· οὐ γὰρ ἔστι μοι χρήματα ὁπόθεν ἐκτείσω. ἀλλὰ δὴ φυγῆς τιμήσωμαι;
ἴσως γὰρ ἄν μοι τούτου τιμήσαιτε. πολλὴ μεντἄν με φιλοψυχία ἔχοι, ὦ ἄνδρες
Ἀθηναῖοι, εἰ οὕτως ἀλόγιστός εἰμι ὥστε μὴ δύνασθαι λογίζεσθαι ὅτι ὑμεῖς μὲν ὄντες
πολῖταί μου οὐχ οἷοί τε ἐγένεσθε ἐνεγκεῖν τὰς ἐμὰς [37d] διατριβὰς καὶ τοὺς λόγους,
ἀλλ᾽ ὑμῖν βαρύτεραι γεγόνασιν καὶ ἐπιφθονώτεραι, ὥστε ζητεῖτε αὐτῶν νυνὶ
ἀπαλλαγῆναι· ἄλλοι δὲ ἄρα αὐτὰς οἴσουσι ῥᾳδίως; πολλοῦ γε δεῖ, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι.
καλὸς οὖν ἄν μοι ὁ βίος εἴη ἐξελθόντι τηλικῷδε ἀνθρώπῳ ἄλλην ἐξ ἄλλης πόλεως
ἀμειβομένῳ καὶ ἐξελαυνομένῳ ζῆν. εὖ γὰρ οἶδ᾽ ὅτι ὅποι ἂν ἔλθω, λέγοντος ἐμοῦ
ἀκροάσονται οἱ νέοι ὥσπερ ἐνθάδε· κἂν μὲν τούτους ἀπελαύνω, οὗτοί με αὐτοὶ ἐξελῶσι
πείθοντες τοὺς πρεσβυτέρους· [37e] ἐὰν δὲ μὴ ἀπελαύνω, οἱ τούτων πατέρες δὲ καὶ
οἰκεῖοι δι᾽ αὐτοὺς τούτους.

ἴσως οὖν ἄν τις εἴποι· “σιγῶν δὲ καὶ ἡσυχίαν ἄγων, ὦ Σώκρατες, οὐχ οἷός τ᾽ ἔσῃ ἡμῖν
ἐξελθὼν ζῆν;“ τουτὶ δή ἐστι πάντων χαλεπώτατον πεῖσαί τινας ὑμῶν. ἐάντε γὰρ λέγω
ὅτι τῷ θεῷ ἀπειθεῖν τοῦτ᾽ ἐστὶν καὶ διὰ τοῦτ᾽ ἀδύνατον [38a] ἡσυχίαν ἄγειν, οὐ
πείσεσθέ μοι ὡς εἰρωνευομένῳ· ἐάντ᾽ αὖ λέγω ὅτι καὶ τυγχάνει μέγιστον ἀγαθὸν ὂν
ἀνθρώπῳ τοῦτο, ἑκάστης ἡμέρας περὶ ἀρετῆς τοὺς λόγους ποιεῖσθαι καὶ τῶν ἄλλων
περὶ ὧν ὑμεῖς ἐμοῦ ἀκούετε διαλεγομένου καὶ ἐμαυτὸν καὶ ἄλλους ἐξετάζοντος, ὁ δὲ
ἀνεξέταστος βίος οὐ βιωτὸς ἀνθρώπῳ, ταῦτα δ᾽ ἔτι ἧττον πείσεσθέ μοι λέγοντι. τὰ δὲ
ἔχει μὲν οὕτως, ὡς ἐγώ φημι, ὦ ἄνδρες, πείθειν δὲ οὐ ῥᾴδιον. καὶ ἐγὼ ἅμα οὐκ εἴθισμαι
ἐμαυτὸν ἀξιοῦν κακοῦ [38b] οὐδενός. εἰ μὲν γὰρ ἦν μοι χρήματα, ἐτιμησάμην ἂν
χρημάτων ὅσα ἔμελλον ἐκτείσειν, οὐδὲν γὰρ ἂν ἐβλάβην· νῦν δὲ οὐ γὰρ ἔστιν, εἰ μὴ
ἄρα ὅσον ἂν ἐγὼ δυναίμην ἐκτεῖσαι, τοσούτου βούλεσθέ μοι τιμῆσαι. ἴσως δ᾽ ἂν
δυναίμην ἐκτεῖσαι ὑμῖν που μνᾶν ἀργυρίου· τοσούτου οὖν τιμῶμαι.

Πλάτων δὲ ὅδε, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, καὶ Κρίτων καὶ Κριτόβουλος καὶ Ἀπολλόδωρος
κελεύουσί με τριάκοντα μνῶν τιμήσασθαι, αὐτοὶ δ᾽ ἐγγυᾶσθαι· τιμῶμαι οὖν τοσούτου,
ἐγγυηταὶ δὲ ὑμῖν ἔσονται τοῦ ἀργυρίου οὗτοι ἀξιόχρεῳ.

[38c] οὐ πολλοῦ γ᾽ ἕνεκα χρόνου, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, ὄνομα ἕξετε καὶ αἰτίαν ὑπὸ τῶν
βουλομένων τὴν πόλιν λοιδορεῖν ὡς Σωκράτη ἀπεκτόνατε, ἄνδρα σοφόν--φήσουσι γὰρ
δὴ σοφὸν εἶναι, εἰ καὶ μή εἰμι, οἱ βουλόμενοι ὑμῖν ὀνειδίζειν-- εἰ γοῦν περιεμείνατε
ὀλίγον χρόνον, ἀπὸ τοῦ αὐτομάτου ἂν ὑμῖν τοῦτο ἐγένετο· ὁρᾶτε γὰρ δὴ τὴν ἡλικίαν ὅτι
πόρρω ἤδη ἐστὶ τοῦ βίου θανάτου δὲ ἐγγύς. λέγω δὲ τοῦτο οὐ [38d] πρὸς πάντας ὑμᾶς,
ἀλλὰ πρὸς τοὺς ἐμοῦ καταψηφισαμένους θάνατον. λέγω δὲ καὶ τόδε πρὸς τοὺς αὐτοὺς
τούτους. ἴσως με οἴεσθε, ὦ ἄνδρες Ἀθηναῖοι, ἀπορίᾳ λόγων ἑαλωκέναι τοιούτων οἷς ἂν
ὑμᾶς ἔπεισα, εἰ ᾤμην δεῖν ἅπαντα ποιεῖν καὶ λέγειν ὥστε ἀποφυγεῖν τὴν δίκην. πολλοῦ
γε δεῖ. ἀλλ᾽ ἀπορίᾳ μὲν ἑάλωκα, οὐ μέντοι λόγων, ἀλλὰ τόλμης καὶ ἀναισχυντίας καὶ
τοῦ μὴ ἐθέλειν λέγειν πρὸς ὑμᾶς τοιαῦτα οἷ᾽ ἂν ὑμῖν μὲν ἥδιστα ἦν ἀκούειν--
θρηνοῦντός τέ μου καὶ ὀδυρομένου καὶ ἄλλα ποιοῦντος καὶ [38e] λέγοντος πολλὰ καὶ
ἀνάξια ἐμοῦ, ὡς ἐγώ φημι, οἷα δὴ καὶ εἴθισθε ὑμεῖς τῶν ἄλλων ἀκούειν. ἀλλ᾽ οὔτε τότε
ᾠήθην δεῖν ἕνεκα τοῦ κινδύνου πρᾶξαι οὐδὲν ἀνελεύθερον, οὔτε νῦν μοι μεταμέλει
οὕτως ἀπολογησαμένῳ, ἀλλὰ πολὺ μᾶλλον αἱροῦμαι ὧδε ἀπολογησάμενος τεθνάναι ἢ
ἐκείνως ζῆν. οὔτε γὰρ ἐν δίκῃ οὔτ᾽ ἐν πολέμῳ οὔτ᾽ ἐμὲ οὔτ᾽ ἄλλον οὐδένα δεῖ [39a]
τοῦτο μηχανᾶσθαι, ὅπως ἀποφεύξεται πᾶν ποιῶν θάνατον. καὶ γὰρ ἐν ταῖς μάχαις
πολλάκις δῆλον γίγνεται ὅτι τό γε ἀποθανεῖν ἄν τις ἐκφύγοι καὶ ὅπλα ἀφεὶς καὶ ἐφ᾽
ἱκετείαν τραπόμενος τῶν διωκόντων· καὶ ἄλλαι μηχαναὶ πολλαί εἰσιν ἐν ἑκάστοις τοῖς
κινδύνοις ὥστε διαφεύγειν θάνατον, ἐάν τις τολμᾷ πᾶν ποιεῖν καὶ λέγειν. ἀλλὰ μὴ οὐ
τοῦτ᾽ ᾖ χαλεπόν, ὦ ἄνδρες, θάνατον ἐκφυγεῖν, ἀλλὰ πολὺ χαλεπώτερον πονηρίαν· [39b]
θᾶττον γὰρ θανάτου θεῖ. καὶ νῦν ἐγὼ μὲν ἅτε βραδὺς ὢν καὶ πρεσβύτης ὑπὸ τοῦ
βραδυτέρου ἑάλων, οἱ δ᾽ ἐμοὶ κατήγοροι ἅτε δεινοὶ καὶ ὀξεῖς ὄντες ὑπὸ τοῦ θάττονος,
τῆς κακίας. καὶ νῦν ἐγὼ μὲν ἄπειμι ὑφ᾽ ὑμῶν θανάτου δίκην ὀφλών, οὗτοι δ᾽ ὑπὸ τῆς
ἀληθείας ὠφληκότες μοχθηρίαν καὶ ἀδικίαν. καὶ ἐγώ τε τῷ τιμήματι ἐμμένω καὶ οὗτοι.
ταῦτα μέν που ἴσως οὕτως καὶ ἔδει σχεῖν, καὶ οἶμαι αὐτὰ μετρίως ἔχειν.

[39c] τὸ δὲ δὴ μετὰ τοῦτο ἐπιθυμῶ ὑμῖν χρησμῳδῆσαι, ὦ καταψηφισάμενοί μου· καὶ


γάρ εἰμι ἤδη ἐνταῦθα ἐν ᾧ μάλιστα ἄνθρωποι χρησμῳδοῦσιν, ὅταν μέλλωσιν
ἀποθανεῖσθαι. φημὶ γάρ, ὦ ἄνδρες οἳ ἐμὲ ἀπεκτόνατε, τιμωρίαν ὑμῖν ἥξειν εὐθὺς μετὰ
τὸν ἐμὸν θάνατον πολὺ χαλεπωτέραν νὴ Δία ἢ οἵαν ἐμὲ ἀπεκτόνατε· νῦν γὰρ τοῦτο
εἴργασθε οἰόμενοι μὲν ἀπαλλάξεσθαι τοῦ διδόναι ἔλεγχον τοῦ βίου, τὸ δὲ ὑμῖν πολὺ
ἐναντίον ἀποβήσεται, ὡς ἐγώ φημι. πλείους ἔσονται ὑμᾶς [39d] οἱ ἐλέγχοντες, οὓς νῦν
ἐγὼ κατεῖχον, ὑμεῖς δὲ οὐκ ᾐσθάνεσθε· καὶ χαλεπώτεροι ἔσονται ὅσῳ νεώτεροί εἰσιν,
καὶ ὑμεῖς μᾶλλον ἀγανακτήσετε. εἰ γὰρ οἴεσθε ἀποκτείνοντες ἀνθρώπους ἐπισχήσειν
τοῦ ὀνειδίζειν τινὰ ὑμῖν ὅτι οὐκ ὀρθῶς ζῆτε, οὐ καλῶς διανοεῖσθε· οὐ γάρ ἐσθ᾽ αὕτη ἡ
ἀπαλλαγὴ οὔτε πάνυ δυνατὴ οὔτε καλή, ἀλλ᾽ ἐκείνη καὶ καλλίστη καὶ ῥᾴστη, μὴ τοὺς
ἄλλους κολούειν ἀλλ᾽ ἑαυτὸν παρασκευάζειν ὅπως ἔσται ὡς βέλτιστος. ταῦτα μὲν οὖν
ὑμῖν τοῖς καταψηφισαμένοις μαντευσάμενος ἀπαλλάττομαι.

[39e] τοῖς δὲ ἀποψηφισαμένοις ἡδέως ἂν διαλεχθείην ὑπὲρ τοῦ γεγονότος τουτουῒ


πράγματος, ἐν ᾧ οἱ ἄρχοντες ἀσχολίαν ἄγουσι καὶ οὔπω ἔρχομαι οἷ ἐλθόντα με δεῖ
τεθνάναι. ἀλλά μοι, ὦ ἄνδρες, παραμείνατε τοσοῦτον χρόνον· οὐδὲν γὰρ κωλύει
διαμυθολογῆσαι πρὸς ἀλλήλους ἕως ἔξεστιν. ὑμῖν [40a] γὰρ ὡς φίλοις οὖσιν ἐπιδεῖξαι
ἐθέλω τὸ νυνί μοι συμβεβηκὸς τί ποτε νοεῖ. ἐμοὶ γάρ, ὦ ἄνδρες δικασταί--ὑμᾶς γὰρ
δικαστὰς καλῶν ὀρθῶς ἂν καλοίην--θαυμάσιόν τι γέγονεν. ἡ γὰρ εἰωθυῖά μοι μαντικὴ ἡ
τοῦ δαιμονίου ἐν μὲν τῷ πρόσθεν χρόνῳ παντὶ πάνυ πυκνὴ ἀεὶ ἦν καὶ πάνυ ἐπὶ σμικροῖς
ἐναντιουμένη, εἴ τι μέλλοιμι μὴ ὀρθῶς πράξειν. νυνὶ δὲ συμβέβηκέ μοι ἅπερ ὁρᾶτε καὶ
αὐτοί, ταυτὶ ἅ γε δὴ οἰηθείη ἄν τις καὶ νομίζεται ἔσχατα κακῶν εἶναι· ἐμοὶ δὲ [40b] οὔτε
ἐξιόντι ἕωθεν οἴκοθεν ἠναντιώθη τὸ τοῦ θεοῦ σημεῖον, οὔτε ἡνίκα ἀνέβαινον ἐνταυθοῖ
ἐπὶ τὸ δικαστήριον, οὔτε ἐν τῷ λόγῳ οὐδαμοῦ μέλλοντί τι ἐρεῖν. καίτοι ἐν ἄλλοις λόγοις
πολλαχοῦ δή με ἐπέσχε λέγοντα μεταξύ· νῦν δὲ οὐδαμοῦ περὶ ταύτην τὴν πρᾶξιν οὔτ᾽
ἐν ἔργῳ οὐδενὶ οὔτ᾽ ἐν λόγῳ ἠναντίωταί μοι. τί οὖν αἴτιον εἶναι ὑπολαμβάνω; ἐγὼ ὑμῖν
ἐρῶ· κινδυνεύει γάρ μοι τὸ συμβεβηκὸς τοῦτο ἀγαθὸν γεγονέναι, καὶ οὐκ ἔσθ᾽ ὅπως
ἡμεῖς ὀρθῶς ὑπολαμβάνομεν, [40c] ὅσοι οἰόμεθα κακὸν εἶναι τὸ τεθνάναι. μέγα μοι
τεκμήριον τούτου γέγονεν· οὐ γὰρ ἔσθ᾽ ὅπως οὐκ ἠναντιώθη ἄν μοι τὸ εἰωθὸς σημεῖον,
εἰ μή τι ἔμελλον ἐγὼ ἀγαθὸν πράξειν. ἐννοήσωμεν δὲ καὶ τῇδε ὡς πολλὴ ἐλπίς ἐστιν
ἀγαθὸν αὐτὸ εἶναι. δυοῖν γὰρ θάτερόν ἐστιν τὸ τεθνάναι· ἢ γὰρ οἷον μηδὲν εἶναι μηδὲ
αἴσθησιν μηδεμίαν μηδενὸς ἔχειν τὸν τεθνεῶτα, ἢ κατὰ τὰ λεγόμενα μεταβολή τις
τυγχάνει οὖσα καὶ μετοίκησις τῇ ψυχῇ τοῦ τόπου τοῦ ἐνθένδε εἰς ἄλλον τόπον. καὶ εἴτε
δὴ μηδεμία αἴσθησίς ἐστιν ἀλλ᾽ [40d] οἷον ὕπνος ἐπειδάν τις καθεύδων μηδ᾽ ὄναρ
μηδὲν ὁρᾷ, θαυμάσιον κέρδος ἂν εἴη ὁ θάνατος--ἐγὼ γὰρ ἂν οἶμαι, εἴ τινα ἐκλεξάμενον
δέοι ταύτην τὴν νύκτα ἐν ᾗ οὕτω κατέδαρθεν ὥστε μηδὲ ὄναρ ἰδεῖν, καὶ τὰς ἄλλας
νύκτας τε καὶ ἡμέρας τὰς τοῦ βίου τοῦ ἑαυτοῦ ἀντιπαραθέντα ταύτῃ τῇ νυκτὶ δέοι
σκεψάμενον εἰπεῖν πόσας ἄμεινον καὶ ἥδιον ἡμέρας καὶ νύκτας ταύτης τῆς νυκτὸς
βεβίωκεν ἐν τῷ ἑαυτοῦ βίῳ, οἶμαι ἂν μὴ ὅτι ἰδιώτην τινά, ἀλλὰ τὸν μέγαν βασιλέα
εὐαριθμήτους [40e] ἂν εὑρεῖν αὐτὸν ταύτας πρὸς τὰς ἄλλας ἡμέρας καὶ νύκτας--εἰ οὖν
τοιοῦτον ὁ θάνατός ἐστιν, κέρδος ἔγωγε λέγω· καὶ γὰρ οὐδὲν πλείων ὁ πᾶς χρόνος
φαίνεται οὕτω δὴ εἶναι ἢ μία νύξ. εἰ δ᾽ αὖ οἷον ἀποδημῆσαί ἐστιν ὁ θάνατος ἐνθένδε εἰς
ἄλλον τόπον, καὶ ἀληθῆ ἐστιν τὰ λεγόμενα, ὡς ἄρα ἐκεῖ εἰσι πάντες οἱ τεθνεῶτες, τί
μεῖζον ἀγαθὸν τούτου εἴη ἄν, ὦ ἄνδρες δικασταί; εἰ γάρ τις [41a] ἀφικόμενος εἰς Ἅιδου,
ἀπαλλαγεὶς τουτωνὶ τῶν φασκόντων δικαστῶν εἶναι, εὑρήσει τοὺς ὡς ἀληθῶς δικαστάς,
οἵπερ καὶ λέγονται ἐκεῖ δικάζειν, Μίνως τε καὶ ῾Ραδάμανθυς καὶ Αἰακὸς καὶ
Τριπτόλεμος καὶ ἄλλοι ὅσοι τῶν ἡμιθέων δίκαιοι ἐγένοντο ἐν τῷ ἑαυτῶν βίῳ, ἆρα
φαύλη ἂν εἴη ἡ ἀποδημία; ἢ αὖ Ὀρφεῖ συγγενέσθαι καὶ Μουσαίῳ καὶ Ἡσιόδῳ καὶ
Ὁμήρῳ ἐπὶ πόσῳ ἄν τις δέξαιτ᾽ ἂν ὑμῶν; ἐγὼ μὲν γὰρ πολλάκις ἐθέλω τεθνάναι εἰ ταῦτ᾽
ἔστιν ἀληθῆ. ἐπεὶ [41b] ἔμοιγε καὶ αὐτῷ θαυμαστὴ ἂν εἴη ἡ διατριβὴ αὐτόθι, ὁπότε
ἐντύχοιμι Παλαμήδει καὶ Αἴαντι τῷ Τελαμῶνος καὶ εἴ τις ἄλλος τῶν παλαιῶν διὰ κρίσιν
ἄδικον τέθνηκεν, ἀντιπαραβάλλοντι τὰ ἐμαυτοῦ πάθη πρὸς τὰ ἐκείνων--ὡς ἐγὼ οἶμαι,
οὐκ ἂν ἀηδὲς εἴη--καὶ δὴ τὸ μέγιστον, τοὺς ἐκεῖ ἐξετάζοντα καὶ ἐρευνῶντα ὥσπερ τοὺς
ἐνταῦθα διάγειν, τίς αὐτῶν σοφός ἐστιν καὶ τίς οἴεται μέν, ἔστιν δ᾽ οὔ. ἐπὶ πόσῳ δ᾽ ἄν
τις, ὦ ἄνδρες δικασταί, δέξαιτο ἐξετάσαι τὸν ἐπὶ Τροίαν ἀγαγόντα [41c] τὴν πολλὴν
στρατιὰν ἢ Ὀδυσσέα ἢ Σίσυφον ἢ ἄλλους μυρίους ἄν τις εἴποι καὶ ἄνδρας καὶ γυναῖκας,
οἷς ἐκεῖ διαλέγεσθαι καὶ συνεῖναι καὶ ἐξετάζειν ἀμήχανον ἂν εἴη εὐδαιμονίας; πάντως
οὐ δήπου τούτου γε ἕνεκα οἱ ἐκεῖ ἀποκτείνουσι· τά τε γὰρ ἄλλα εὐδαιμονέστεροί εἰσιν
οἱ ἐκεῖ τῶν ἐνθάδε, καὶ ἤδη τὸν λοιπὸν χρόνον ἀθάνατοί εἰσιν, εἴπερ γε τὰ λεγόμενα
ἀληθῆ.

ἀλλὰ καὶ ὑμᾶς χρή, ὦ ἄνδρες δικασταί, εὐέλπιδας εἶναι πρὸς τὸν θάνατον, καὶ ἕν τι
τοῦτο διανοεῖσθαι ἀληθές, ὅτι [41d] οὐκ ἔστιν ἀνδρὶ ἀγαθῷ κακὸν οὐδὲν οὔτε ζῶντι
οὔτε τελευτήσαντι, οὐδὲ ἀμελεῖται ὑπὸ θεῶν τὰ τούτου πράγματα· οὐδὲ τὰ ἐμὰ νῦν ἀπὸ
τοῦ αὐτομάτου γέγονεν, ἀλλά μοι δῆλόν ἐστι τοῦτο, ὅτι ἤδη τεθνάναι καὶ ἀπηλλάχθαι
πραγμάτων βέλτιον ἦν μοι. διὰ τοῦτο καὶ ἐμὲ οὐδαμοῦ ἀπέτρεψεν τὸ σημεῖον, καὶ
ἔγωγε τοῖς καταψηφισαμένοις μου καὶ τοῖς κατηγόροις οὐ πάνυ χαλεπαίνω. καίτοι οὐ
ταύτῃ τῇ διανοίᾳ κατεψηφίζοντό μου καὶ κατηγόρουν, ἀλλ᾽ οἰόμενοι βλάπτειν· [41e]
τοῦτο αὐτοῖς ἄξιον μέμφεσθαι. τοσόνδε μέντοι αὐτῶν δέομαι· τοὺς ὑεῖς μου, ἐπειδὰν
ἡβήσωσι, τιμωρήσασθε, ὦ ἄνδρες, ταὐτὰ ταῦτα λυποῦντες ἅπερ ἐγὼ ὑμᾶς ἐλύπουν, ἐὰν
ὑμῖν δοκῶσιν ἢ χρημάτων ἢ ἄλλου του πρότερον ἐπιμελεῖσθαι ἢ ἀρετῆς, καὶ ἐὰν
δοκῶσί τι εἶναι μηδὲν ὄντες, ὀνειδίζετε αὐτοῖς ὥσπερ ἐγὼ ὑμῖν, ὅτι οὐκ ἐπιμελοῦνται
ὧν δεῖ, καὶ οἴονταί τι εἶναι ὄντες οὐδενὸς ἄξιοι. καὶ ἐὰν [42a] ταῦτα ποιῆτε, δίκαια
πεπονθὼς ἐγὼ ἔσομαι ὑφ᾽ ὑμῶν αὐτός τε καὶ οἱ ὑεῖς. ἀλλὰ γὰρ ἤδη ὥρα ἀπιέναι, ἐμοὶ
μὲν ἀποθανουμένῳ, ὑμῖν δὲ βιωσομένοις· ὁπότεροι δὲ ἡμῶν ἔρχονται ἐπὶ ἄμεινον
πρᾶγμα, ἄδηλον παντὶ πλὴν ἢ τῷ θεῷ.

Vous aimerez peut-être aussi