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APOSTILAS OPÇÃO
Se o profeta fosse apenas um moralista, seguindo as regras A Moral, portanto, é influenciada por fatores sociais e
sem pensar sobre elas, sem avaliar as consequências da sua históricos (espaço – temporais), havendo diferenças entre os
aplicação irrefletida, ele não poderia ajudar o homem que fugia conceitos morais de um grupo para outro(relativismo),
dos bandidos, a menos que arriscasse a própria vida. Ele teria diferentemente da Ética que, pauta-se pela universalidade
de dizer a verdade, mesmo que a verdade tivesse como (absolutismo), valendo seus princípios e valores para todo e
consequência a morte de uma pessoa inocente. qualquer local, em todo e qualquer tempo.
Se avaliarmos a ação e as palavras do profeta com absoluto
rigor moral, temos de condená-lo como imoral, porque em Questões
termos absolutos ele mentiu. Os bandidos não podiam saber
que ele havia mudado de lugar e, na verdade, só queriam saber 01. (SEGEP/MA – Agente Penitenciário –
se ele tinha visto alguém, e não se ele tinha visto alguém “desde FUNCAB/2016) A Moral:
que estava sentado ali”. (A) no sentido prático, tem finalidade divergente da ética,
Se avaliarmos a ação e as palavras do profeta, no entanto, mas ambas são responsáveis por construir as bases que vão
nos termos da ética filosófica, precisamos reconhecer que ele guiar a conduta do homem.
teve um comportamento ético, encontrando uma alternativa (B) determina o caráter da sociedade e valores como
esperta para cumprir a regra moral de dizer sempre a verdade altruísmo e virtudes, ensina a melhor forma de agir e de se
e, ao mesmo tempo, ajudar o fugitivo. Ele não respondeu comportar em sociedade, e capacita o ser humano a competir
exatamente ao que os bandidos perguntavam, mas ainda assim com os antiéticos, utilizando os mesmos meios destes.
disse rigorosamente a verdade. Os bandidos é que não foram (C) diferencia-se da ética no sentido de que esta tende a
inteligentes o suficiente, como de resto homens violentos julgar o comportamento moral de cada indivíduo no seu meio.
normalmente não o são, para atinarem com a malandragem da No entanto, ambas buscam o bem-estar social.
frase do profeta e então elaborarem uma pergunta mais (D) é o conjunto de regras aplicadas no cotidiano, usadas
específica, do tipo: na última meia hora, sua santidade viu este eventualmente por cada cidadão, que orientam cada indivíduo,
homem passar, e para onde ele foi? norteando as suas ações e os seus julgamentos sobre o que é
moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau.
Disponível em:
http://www.revista.vestibular.uerj.br/coluna/coluna.php?seq_coluna=68.
(E) é um conjunto de conhecimentos extraídos da (B) Ética e moral nem sempre são sinônimos; a moral seria
investigação do comportamento humano ao tentar explicar as um conjunto de normas que podem variar com o momento
regras morais de forma racional, fundamentada, científica e histórico e cultural de cada sociedade, sendo, na verdade, o
teórica. objeto de estudo da ética.
(C) Ética vem da palavra romana ethos, que vem de mos ou
02. (FUNPRESP/EXE – Conhecimentos Básicos – mores do grego, que significa moral, caráter ou costumes.
CESPE/2016) Acerca da ética e da função pública e da ética e (D) Muitos dividem a ética didaticamente em dois campos:
da moral, julgue o item que se segue. o primeiro cuida dos problemas gerais e fundamentais
Os termos moral e ética têm sentidos distintos, embora relacionados aos valores e normas da sociedade e o segundo,
sejam frequente e erroneamente empregados como de áreas específicas, como a ética profissional etc.
sinônimos.
(....) Certo Respostas
(....) Errado 01. C/02. Certo/03. E/04.Certo/05. Certo/06.
Certo/07. Errado/08. C
03. (SEDUC/PI – Professor de Filosofia –
NUCEPE/2015) Sobre as éticas deontológicas, marque a
alternativa INCORRETA.
(A) Para uma ética deontológica, o conceito central é o de Princípios e valores.
Dever.
(B) Em sua formulação contemporânea, uma ética
deontológica assume a prioridade do justo sobre o bem. O comportamento ético, já dizia Aristóteles, é o agir
(C) Em Kant, a ética deontológica preconiza uma razão repetido em conformidade com as respectivas virtudes (do
prática autônoma em relação às inclinações naturais, de grego areté). Mas o que são virtudes? Virtudes são
caráter universal. excelências, são, no campo ético, disposições do caráter, ou
(D) Para uma ética deontológica, o único sentimento seja, a propensão (inclinação) a nos comportarmos bem
apropriado é o de respeito à lei moral, dada a precedência das relativamente àquilo que nos afeta. Ora, as disposições do
normas sobre os desejos. caráter podem nos levar a comportamentos bem ou mal diante
(E) Para uma ética deontológica, o conteúdo do dever um sentimento que nos afeta, por exemplo. Mas este
universal é configurado a partir das consequências do curso de comportamento só será virtuoso, se for o bem comportar-se.
ação escolhido. Assim, as disposições do caráter podem constituir virtudes ou
perversões: se nos comportarmos bem diante determinada
04. (TCE/RN – Conhecimentos Básicos – CESPE/2015) situação, praticamos a virtude (excelência); se nos
Com relação à ética e à moral, julgue o item seguinte. comportarmos mal, praticamos a perversão (vício).
A ética é um conjunto de regras e preceitos de ordem Nossas disposições de caráter podem pender para a
valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de virtude ou para o vício, sendo tal a escolha ética que devemos
uma sociedade. fazer!
(....) Certo O comportamento ético é, por essência, virtuoso. A virtude,
(....) Errado assim, é a potência moral do homem, a realização mais
perfeita de um modo de agir; e o hábito é que torna o homem
05. (TCE/RN – Conhecimentos Básicos – CESPE/2015) virtuoso pela prática reiterada de virtudes, de modo que a
Com relação à ética e à moral, julgue o item seguinte. virtude é a disposição firme e constante para o que tem
A efetivação da cidadania e a consciência coletiva da valor.
cidadania são indicadores do desenvolvimento moral e ético Em um sentido vulgar, “valor” é o preço (ou utilidade) dos
de uma sociedade. bens materiais ou a dignidade (ou mérito) das pessoas (o valor
(....) Certo de um carro ou o mérito de um servidor público).
(....) Errado No campo ético, valores são objetos da escolham oral, os
fins da ação ética; é o predicado, a qualidade que torna
06. (MPU – Técnico do MPU – CESPE/2015) Com relação algo estimável; é o preferível, o objeto de uma antecipação
a moral e ética, julgue o item a seguir. ou de uma expectativa normativa (de um dever ser); é,
A ética é um ramo da filosofia que estuda a moral, os enfim, possibilidade de escolha, já que nem sempre é
diferentes sistemas públicos de regras, seus fundamentos e escolhido. Ora, a vida é um bem a que atribuímos altíssima
suas características estima; desta forma, a vida é um valor!
(....) Certo As disposições de caráter do homem podem orienta-lo
(....) Errado para a prática do bem (do que tem valor moral) ou para o mal
(do que não tem valor moral); desta forma, de fato o valor é
07. (DEPEN – Agente e Técnico – CESPE/2015) Acerca preferível e uma possibilidade de escolha nem sempre
da ética e da moralidade no serviço público, julgue o item escolhida, já que, como dito, o homem pode inclinar-se para a
subsecutivo. perversão, para o vício. Portanto, o valor é objeto de uma
Ética e moral são termos que têm raízes históricas escolha moral, de uma escolha positivamente moral.
semelhantes e são considerados sinônimos, uma vez que É o habito, que, orientando o comportamento para a
ambos se referem a aspectos legais da conduta do cidadão. prática de virtudes, nos leva à observância o valor.
(....) Certo Mas como fazer a escolha entre valores ou entre o que tem
(....) Errado e o que não tem valor? O processo de escolha, como todo
processo, se faz por princípios. Princípios, assim, são, de
08. (Prefeitura de Paranaguá/PR – Economista – forma geral, pontos de partida ou fundamentos de um
FAFIPA/2016) Sobre a ética, assinale a alternativa processo. Do ponto de vista filosófico, princípio é o
INCORRETA. fundamento do ser, do devir (do vir a ser), do conhecer. Sob a
(A) O objeto principal da ética, como ramo da filosofia, é a perspectiva especificamente ética, princípio é a fonte, o
reflexão do comportamento humano através da análise dos substrato em que se funda a ação.
valores e normas sociais vigentes em determinado lugar.
meio dos quais a Constituição Federal permite o exercício da § 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes
soberania popular, atribuindo poderes aos cidadãos para que condições:
eles possam interferir na condução da coisa pública de forma I - se contar menos de dez anos de serviço deverá afastar-
direta ou indireta3. se da atividade;
A respeito da democracia brasileira, expõe Lenza4: II - se contar mais de dez anos de serviço será agregado
“estamos diante da democracia semidireta ou participativa, pela autoridade superior e, se eleito, passará
um ‘sistema híbrido’, uma democracia representativa, com automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
peculiaridades e atributos da democracia direta. Pode-se falar, § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
então, em participação popular no poder por intermédio de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger
um processo, no caso, o exercício da soberania que se a probidade administrativa, a moralidade para exercício de
instrumentaliza por meio do plebiscito, referendo, iniciativa mandato considerada vida pregressa do candidato, e a
popular, bem como outras formas, como a ação popular”. normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do
Destaca-se o caput do artigo 14: poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou
emprego na administração direta ou indireta.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO § 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a
BRASIL DE 1988 Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder
CAPÍTULO IV econômico, corrupção ou fraude.
DOS DIREITOS POLÍTICOS § 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em
segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio temerária ou de manifesta má-fé.
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para
todos, e, nos termos da lei, mediante: Nacionalidade:
I - plebiscito;
II - referendo; “Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um
III - iniciativa popular. indivíduo a um determinado Estado, fazendo com que este
§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são: indivíduo passe a integrar o povo daquele Estado e, por
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; consequência, desfrute de direitos e submeta-se a obrigações”. 5
II - facultativos para:
a) os analfabetos; Art. 14 CF: Democracia Participativa ou Semidireta, ou
b) os maiores de setenta anos; seja, participação popular no poder por intermédio de um
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. processo.
§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros Diz o Art. 14 CF: A soberania popular será exercida pelo
e, durante o período do serviço militar obrigatório, os sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
conscritos. para todos, e, nos termos da lei, mediante:
§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei: I) Plebiscito;
I - a nacionalidade brasileira; II) Referendo;
II - o pleno exercício dos direitos políticos; III) Iniciativa Popular.
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; Vejamos alguns conceitos básicos e fundamentais para
V - a filiação partidária; melhor compreensão dos direitos políticos:
VI - a idade mínima de: Democracia: É o governo do povo;
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da
República e Senador; Soberania Popular: “É a qualidade máxima do poder
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de extraída da soma dos atributos de cada membro da sociedade
Estado e do Distrito Federal; estatal, encarregado de escolher os seus representantes no
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado governo por meio do sufrágio universal e do voto direto, secreto
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; e igualitário”. (BULOS, Uadi Lammêgo).
d) dezoito anos para Vereador.
§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. Em outras palavras, é o exercício do poder político pelo
§ 5º - O Presidente da República, os Governadores de povo.6
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver
sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser Nacionalidade: Como vimos, é o vínculo jurídico-político
reeleitos para um único período subsequente. que liga o indivíduo a um Estado;
§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da
República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e Cidadania: “Tem por pressuposto a nacionalidade (que é
os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até mais ampla que a cidadania), caracterizando-se como a
seis meses antes do pleito. titularidade de direitos políticos de votar e ser votado.” (SILVA,
§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, José Afonso da). O cidadão, portanto, nada mais é do que o
o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo nacional que exerce os direitos políticos;
grau ou por adoção, do Presidente da República, de
Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Sufrágio: É o direito de votar e ser votado;
Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e Voto: É o instrumento do exercício do direito de sufrágio;
candidato à reeleição.
3 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 15. ed. São 5 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 11ª ed. São Paulo:
Escrutínio: É a forma de exteriorização do voto, público ou No entanto, em que pese a vedação à cassação, o mesmo
secreto; artigo autoriza a privação dos direitos políticos, seja por
meio da perda ou da suspensão.
Plebiscito: É o instrumento de exercício de democracia Com efeito, o cidadão pode ser privado dos seus direitos
direta por meio do qual o povo é consultado previamente políticos por prazo indeterminado (perda), sendo que, neste
sobre a viabilidade de uma determinada proposta de alteração caso, o restabelecimento dos direitos políticos dependerá do
legislativa.7 exercício de ato de vontade do indivíduo, de um novo
alistamento eleitoral.
Referendo: É o instrumento de exercício de democracia Noutro giro, a privação dos direitos políticos pode se dar
direta por meio do qual o povo é consultado posteriormente por prazo determinado (suspensão), em que o
sobre uma determinada proposta de alteração legislativa.8 restabelecimento se dará automaticamente, ou seja,
independentemente de manifestação do suspenso, desde que
Iniciativa Popular: É o instrumento de exercício de ultrapassado as razões da suspensão.
democracia direta por meio do qual o povo inicia o processo Assim:
legislativo.
PRIVAÇÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS
IMPORTANTE:
PERDA SUSPENSÃO
O projeto de iniciativa popular é apresentado à Câmara Privação por prazo Privação por prazo
dos Deputados, não ao Senado Federal ou Congresso indeterminado determinado
Nacional. Restabelecimento dos Restabelecimento dos
direitos políticos depende direitos políticos se dá
Cassação, Perda e Suspensão dos Direitos Políticos: de um novo alistamento automaticamente
eleitoral
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL Assim:
Art. 15 CF: É vedada a cassação de direitos políticos. 01. (LIQUIGÁS – Profissional Júnior – CESGRANRIO) Na
Entretanto, admite-se a perda e a suspensão dos mesmos. medida em que é editada uma lei, regularmente votada pelo
Congresso Nacional, a qual protege as pessoas com certo grau
Cassação: É a retirada dos direitos políticos de modo de deficiência física, ofertando oportunidades de inserção no
arbitrário, sem qualquer fundamento constitucional ou legal e, mercado de trabalho, está sendo realizado o princípio da
por isso, é prática vedada no Brasil. (A) cidadania
(B) organização
Perda: É a retirada definitiva dos direitos políticos e que (C) proteção
tem por base as hipóteses previstas na Constituição. (D) democracia
(E) república
Suspensão: É a retirada temporária dos direitos políticos,
também com fundamento na Constituição.9 02. (FSC – Advogado – CEPERJ) Dentre os fundamentos
da República Federativa do Brasil está aquele que não está
OBSERVE COM ATENÇÃO! limitado por nenhum outro na ordem interna. Trata-se da:
(A) democracia
PRIVAÇÃO DE DIREITOS POLÍTICOS: (B) cooperação
(C) dignidade
Em concordância com Luciano Dutra10, segundo o Art. 15 (D) cidadania
da CF, é vedada a cassação dos direitos políticos, pois a (E) soberania
mesma seria uma supressão arbitrária, ou seja, sem o devido
processo legal, notadamente sob a ótica do contraditório e da 03. (MPOG – Atividade Técnica – FUNCAB/2015) Sobre
ampla defesa, motivada por perseguições político- ideológicas os direitos políticos, é correto afirmar que:
praticadas em outros momentos antidemocráticos do Estado (A) são inelegíveis, de acordo com o art. 14, § 4º, da
brasileiro. Constituição Federal, os inalistáveis e os analfabetos.
7 LÉPORE Paulo. Noções de Direito Constitucional. Salvador: JusPodivm, 2014; 9 LÉPORE Paulo. Noções de Direito Constitucional. Salvador: JusPodivm, 2014;
(B) a idade mínima de vinte e um anos é requisito de A vontade do Estado é, pois, materializada através dos atos
elegibilidade para candidatura a vereador. e procedimentos administrativos executados pelos agentes
(C) o alistamento eleitoral e o voto são facultativos para os públicos. Estes atos e procedimentos administrativos que dão
maiores de setenta anos e para os maiores de dezesseis e forma e viabilizam a atuação da Administração Pública devem
menores de dezoito anos, mas não para os analfabetos. ser entendidos como foco de análise da ética, constituindo-se
(D) para concorrer a outro cargo, prefeitos devem seu objeto, quando a questão se refere à ética na
renunciar ao mandato até três meses antes do pleito. Administração Pública.
(E) não podem alistar-se com o eleitores os estrangeiros e Embora emanados por ato de vontade dos agentes
os brasileiros naturalizados. públicos, os atos e procedimentos administrativos não podem
expressar a vontade individual do agente que os exterioriza.
04. (DEPEN – Técnico de Apoio – CESPE) No que se refere Isto porque os atos e procedimentos administrativos estão
à ética e ao exercício da cidadania, julgue o próximo item. submetidos ao princípio da moralidade administrativa, o que
Configura um dos elementos indispensáveis para o equivale dizer que o “interesse público está acima de
exercício da cidadania o efetivo conhecimento a respeito dos quaisquer outros tipos de interesses, sejam interesses
direitos imediatos do governante, sejam interesses imediatos de um
(....) Certo (....) Errado cidadão, sejam interesses pessoais do funcionário.
Apesar de se reconhecer que a moralidade sempre foi um
Respostas traço característico necessário ao ato administrativo, já que
01. A/02. E/03. A/04. Errado. não se pode supor a legitimidade de um Estado que não se
amolde ao que moralmente é aceito pela sociedade que o
constitui, é com a Constituição Federal de 1988, que o
princípio da moralidade é expressamente elevado à categoria
Ética e função pública de princípio essencial da administração pública, ao lado dos
princípios da legalidade, da impessoalidade e da publicidade
dos atos administrativos, conforme dispõe seu artigo 37.
De fato, não se pode negar que o desenvolvimento, Os atos e procedimentos administrativos, portanto, além
retificação e refinamento moral da sociedade impõem que de se submeterem a requisitos formais e objetivos para que
“todas as instituições sociais (públicas e privadas), ao lado dos possam gozar de validade e legalidade (competência,
indivíduos, devem se afinar no sentido da conquista da cultura finalidade, fora, motivo, objeto), devem também se apresentar
da moralidade”. Ora, a reverência da moralidade nas relações como moralmente legítimos, sob pena de serem anulados.
entre particulares, no âmbito individual e privado, é forma de Veja-se que neste ponto, aliás, a Constituição Federal
cultivo da futura moralidade na administração da coisa pública também trouxe importante avanço, quando em seu artigo 5º,
(res publica). inciso LXXIII, inclui a moralidade administrativa dentre os
Da mesma forma, a sobrevivência (individual e coletiva) e motivos que ensejam a vida da ação popular a ser proposta por
harmonia social dependem do eficaz e satisfatório qualquer cidadão que constate uma postura imoral praticada
desempenho moral de todas as atividades do homem. É lugar por qualquer entidade da qual o Estado participe.
mais que comum ouvir-se debates a respeito da ética médica, É justamente neste ponto que a ética exerce seu papel,
ética econômica, ética esportiva, e, em especial, ética na gestão permitindo realizar ponderações sobre a moralidade da
da res publica. E, de fato, a relação entre ética e política é tema vontade expressa em determinado ato ou procedimento
dos mais árduos na contemporaneidade. administrativo praticado por uma agente público. Assim, não
Historicamente sustentou-se uma distinção entre a “moral basta quer o agente público seja competente para emanar o ato
comum” e a “moral política”, chegando Maquiavel a afirmar administrativo ou conduzir um procedimento de sua alçada,
que o homem político poderia comportar-se de modo diverso nem que seja respeitada a forma prescrita em lei, devendo,
da moral comum, como se o homem comum e aquele que gere antes de tudo, corresponder a uma conduta eticamente
a coisa pública ou exerce função pública obedecessem a aceitável e, sobretudo, pautar-se pela preponderância do
“códigos” de ética distintos. interesse público sobre qualquer outro.
Todavia, atualmente não se duvida da necessária Desta forma, com a finalidade de amoldar a conduta dos
integração ou “afinamento” entre a moral comum e a moral agentes públicos dentro do que eticamente se espera da
política. Não se pode imaginar a existência de uma absoluta Administração Pública, visando compeli-los a absterem-se de
distinção entre a ética almejada pelos indivíduos que práticas que não sejam moralmente aceitáveis, é que surgem
compõem a sociedade e aquela esperada dos órgãos do Estado, as normas deontológicas, ou seja, as regras que definem
que exercem a função pública. condutas correlatas a serem seguidas, positivadas através dos
Justamente por representarem a coletividade, as Códigos de Ética.
instituições públicas devem se pautar, de forma mais eficaz,
pela ética, posto que devem assumir uma posição de espelho Referências Bibliográficas:
dos anseios da sociedade. Para que o Estado possa gerir a res BORTOLETO, Leandro; MÜLLER, Perla. Noções de ética no
publica, de forma democrática e não autoritária, este deve serviço público. Editora Jus Podivm, 2014.
gozar de credibilidade, a qual somente pode ser conquistada
com a transparência e a moralidade de seus atos, para que não Questões
seja necessário o uso excessivo da força, o que transformaria
um Estado democrático em uma nefasta tirania. 01. (SAPeJUS/GO – Agente de Segurança Prisional –
Cumpre lembrar que, quando se fala em agir ético do FUNIVERSA/2015) Com relação às obrigações éticas do
Estado, ou das instituições públicas que o compõem, na servidor público, assinale a alternativa incorreta.
realidade devemos nos atentar que o agir ético é sempre (A) Os servidores públicos deverão tratar seus
exercido por pessoas físicas, já que o Estado, como uma ficção concidadãos com urbanidade, cordialidade e educação.
jurídica que é, não goza de vontade própria. Estas pessoas (B) Os servidores públicos deverão satisfazer suas
físicas incumbidas, definitiva ou transitoriamente, do exercício obrigações perante os cidadãos de boa-fé.
de alguma função estatal, a quem chamamos de agentes (C) Os servidores públicos não podem incidir em conflitos
públicos, é que devem, em última análise, pautar-se pela ética, de interesse que afetem o desempenho de sua função
já que expressam, com seus atos, a vontade do Estado.
(D) Os mandamentos da ética e do direito não se infração por parte daqueles que desempenham a função
confundem. A única diferença entre eles consiste na pública.
coercibilidade. Logo, os servidores públicos vinculam-se às Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no setor
leis, não podendo ser responsabilizados por condutas imorais público partem da Constituição Federal, que estabelece alguns
que não lhes sejam expressamente vedadas. princípios fundamentais para a ética no setor público. Em
(E) Os servidores públicos estão eticamente obrigados a outras palavras, é o texto constitucional do artigo 37,
guardar sigilo de informações obtidas por meio da função, não especialmente o caput, que permite a compreensão de boa
lhes sendo permitido utilizar dessas informações para seu parte do conteúdo das leis específicas, porque possui um
próprio interesse. caráter amplo ao preconizar os princípios fundamentais da
administração pública. Estabelece a Constituição Federal:
02. (MPU – Técnico do MPU – CESPE/2015) Acerca de Art. 37. A administração pública direta e indireta de
ética e função pública, julgue o item que se segue. qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
Decoro, por ser uma disposição interna para agir e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
corretamente, não é passível, para o servidor público, de ser impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
aprendido ao longo de sua carreira. ao seguinte: [...]
(....) Certo (....) Errado São princípios da administração pública, nesta ordem:
Legalidade
03. (MPU – Técnico do MPU – CESPE/2015) Acerca de Impessoalidade
ética e função pública, julgue o item que se segue. Moralidade
Para que a conduta do servidor público seja considerada Publicidade
irrepreensível é suficiente que ele observe as leis e as regras Eficiência
imperativas. Para memorizar: veja que as iniciais das palavras formam
(....) Certo (....) Errado o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da
Administração Pública.
04. (FUNPRESP/EXE – Conhecimentos Básicos – CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO
CESPE/2016) Acerca da ética e da função pública e da ética e BRASIL DE 1988
da moral, julgue o item que se segue.
Ainda que a função pública integre a vida particular de CAPÍTULO VII
cada servidor, os fatos ocorridos no âmbito de sua vida privada DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
não influenciam o seu bom conceito na vida funcional. Seção I
(....) Certo (....) Errado DISPOSIÇÕES GERAIS
05. (FUNPRESP/EXE – Conhecimentos Básicos – Artigo 37- A administração pública direta e indireta de
CESPE/2016) Acerca da ética e da função pública e da ética e qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
da moral, julgue o item que se segue. e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
O servidor está desobrigado de ter conhecimento das impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
atualizações legais pertinentes ao órgão onde exerce suas ao seguinte: (...)
funções.
(....) Certo (....) Errado Princípio da Legalidade:
O princípio da legalidade, um dos mais importantes
Respostas princípios consagrados no ordenamento jurídico brasileiro,
01. D/02. Errado/03. Errado/04. Errado/05. Errado consiste no fato de que o administrador somente poderá fazer
o que a lei permite. É importante demonstrar a diferenciação
entre o princípio da legalidade estabelecido ao administrado e
ao administrador. Como já explicitado para o administrador, o
Ética no setor público princípio da legalidade estabelece que ele somente poderá agir
dentro dos parâmetros legais, conforme os ditames
estabelecidos pela lei. Já, o princípio da legalidade visto sob a
A questão ética é um fator imprescindível para uma ótica do administrado, explicita que ninguém será obrigado a
sociedade e por isso sempre encontramos diversos autores fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude lei.
tentando definir o que vem a ser ética e como ela se interfere Esta interpretação encontra abalizamento no artigo 5º, II, da
em uma sociedade. Constituição Federal de 1988.
O tema: Ética é por si só polêmico, entretanto causa ainda Para o particular, legalidade significa a permissão de fazer
mais inquietação quando falamos sobre a ética na tudo o que a lei não proíbe. Contudo, como a administração
administração pública, pois logo pensamos em corrupção, pública representa os interesses da coletividade, ela se sujeita
extorsão, ineficiência, etc., mas na realidade o que devemos ter a uma relação de subordinação, pela qual só poderá fazer o que
como ponto de referência em relação ao serviço público, ou na a lei expressamente determina (assim, na esfera estatal, é
vida pública em geral, é que seja fixado um padrão a partir do preciso lei anterior editando a matéria para que seja
qual possamos em seguida julgar a atuação dos servidores preservado o princípio da legalidade). A origem deste
públicos ou daqueles que estiverem envolvidos na vida princípio está na criação do Estado de Direito, no sentido de
pública, entretanto não basta que haja padrão, tão somente, é que o próprio Estado deve respeitar as leis que dita.11
necessário que esse padrão seja ético, acima de tudo.
Assim, ética pública seria a moral incorporada ao Direito, Princípio da Impessoalidade:
consolidando o valor do justo. Diante da relevância social de Posteriormente, o artigo 37 estabelece que deverá ser
que a Ética se faça presente no exercício das atividades obedecido o princípio da impessoalidade. Este princípio
públicas, as regras éticas para a vida pública são mais do que estabelece que a Administração Pública, através de seus
regras morais, são regras jurídicas estabelecidas em diversos órgãos, não poderá, na execução das atividades, estabelecer
diplomas do ordenamento, possibilitando a coação em caso de diferenças ou privilégios, uma vez que deve imperar o
11 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método, 2011.
interesse social e não o interesse particular. De acordo com os só para com os administrados, mas também no âmbito interno.
ensinamentos de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o princípio da Está indissociavelmente ligado à noção de bom administrador,
impessoalidade estaria intimamente relacionado com a que não somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos
finalidade pública. De acordo com a autora “a Administração princípios éticos regentes da função administrativa. Todo ato
não pode atuar com vista a prejudicar ou beneficiar pessoas imoral será diretamente ilegal ou ao menos impessoal, daí a
determinadas, uma vez que é sempre o interesse público que intrínseca ligação com os dois princípios anteriores.14
deve nortear o seu comportamento”.12
Em interessante constatação, se todos são iguais perante a Princípio da Publicidade:
lei (art. 5º, caput) necessariamente o serão perante a O princípio da publicidade tem por objetivo a divulgação
Administração, que deverá atuar sem favoritismo ou de atos praticados pela Administração Pública, obedecendo,
perseguição, tratando a todos de modo igual, ou quando todavia, as questões sigilosas. De acordo com as lições do
necessário, fazendo a discriminação necessária para se chegar eminente doutrinador Hely Lopes Meirelles, “o princípio da
à igualdade real e material. publicidade dos atos e contratos administrativos, além de
Nesse sentido podemos destacar como um exemplo assegurar seus efeitos externos, visa a propiciar seu
decorrente deste princípio a regra do concurso público, onde conhecimento e controle pelos interessados e pelo povo em
a investidura em cargo ou emprego público depende de geral, através dos meios constitucionais...”.15
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas Complementando o princípio da publicidade, o art. 5º,
e títulos, de acordo com a natureza e complexidade do cargo XXXIII, garante a todos o direito a receber dos órgãos públicos
ou emprego. informações de seu interesse particular, ou de interesse
Por força dos interesses que representa, a administração coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena
pública está proibida de promover discriminações gratuitas. de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
Discriminar é tratar alguém de forma diferente dos demais, imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, matéria
privilegiando ou prejudicando. Segundo este princípio, a essa regulamentada pela Lei nº 12.527/2011 (Regula o
administração pública deve tratar igualmente todos aqueles acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5 o, no
que se encontrem na mesma situação jurídica (princípio da inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Constituição
isonomia ou igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990;
impessoalidade no que tange à contratação de serviços. O revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da
princípio da impessoalidade correlaciona-se ao princípio da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências).
finalidade, pelo qual o alvo a ser alcançado pela administração Os remédios constitucionais do habeas data e mandado de
pública é somente o interesse público. Com efeito, o interesse segurança cumprem importante papel enquanto garantias de
particular não pode influenciar no tratamento das pessoas, já concretização da transparência.
que deve-se buscar somente a preservação do interesse A administração pública é obrigada a manter
coletivo.13 transparência em relação a todos seus atos e a todas
informações armazenadas nos seus bancos de dados. Daí a
Princípio da Moralidade Administrativa: publicação em órgãos da imprensa e a afixação de portarias.
A Administração Pública, de acordo com o princípio da Por exemplo, a própria expressão concurso público (art. 37, II,
moralidade administrativa, deve agir com boa-fé, CF) remonta ao ideário de que todos devem tomar
sinceridade, probidade, lealdade e ética. Tal princípio acarreta conhecimento do processo seletivo de servidores do Estado.
a obrigação ao administrador público de observar não Diante disso, como será visto, se negar indevidamente a
somente a lei que condiciona sua atuação, mas também, regras fornecer informações ao administrado caracteriza ato de
éticas extraídas dos padrões de comportamento designados improbidade administrativa. Somente pela publicidade os
como moralidade administrativa (obediência à lei). indivíduos controlarão a legalidade e a eficiência dos atos
Não basta ao administrador ser apenas legal, deve administrativos. Os instrumentos para proteção são o direito
também, ser honesto tendo como finalidade o bem comum. de petição e as certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas
Para Maurice Hauriou, o princípio da moralidade data e - residualmente - do mandado de segurança.16
administrativa significa um conjunto de regras de conduta
tiradas da disciplina interior da Administração. Trata-se de Princípio da Eficiência:
probidade administrativa, que é a forma de moralidade. Tal A administração pública deve manter o ampliar a
preceito mereceu especial atenção no texto vigente qualidade de seus serviços com controle de gastos. Isso
constitucional (§ 4º do artigo 37 CF), que pune o ímprobo envolve eficiência ao contratar pessoas (o concurso público
(pessoa não correto -desonesta) com a suspensão de direitos seleciona os mais qualificados ao exercício do cargo), ao
políticos. Por fim, devemos entender que a moralidade como manter tais pessoas em seus cargos (pois é possível exonerar
também a probidade administrativa consistem um servidor público por ineficiência) e ao controlar gastos
exclusivamente no dever de funcionários públicos exercerem (limitando o teto de remuneração), por exemplo. O núcleo
(prestarem seus serviços) suas funções com honestidade. Não deste princípio é a procura por produtividade e
devem aproveitar os poderes do cargo ou função para proveito economicidade. Alcança os serviços públicos e os serviços
pessoal ou para favorecimento de outrem. administrativos internos, se referindo diretamente à conduta
A posição deste princípio no artigo 37 da CF representa o dos agentes.17
reconhecimento de uma espécie de moralidade Por derradeiro, o último princípio a ser abarcado pelo
administrativa, intimamente relacionada ao poder público. A artigo 37, da Constituição da República Federativa do Brasil de
administração pública não atua como um particular, de modo 1988 é o da eficiência.
que enquanto o descumprimento dos preceitos morais por Se, na iniciativa privada, se busca a excelência e a
parte deste particular não é punido pelo Direito (a priori), o efetividade, na administração outro não poderia ser o
ordenamento jurídico adota tratamento rigoroso do caminho, enaltecido pela EC n. 19/98, que fixou a eficiência
comportamento imoral por parte dos representantes do também para a Administração Pública.
Estado. O princípio da moralidade deve se fazer presente não
12 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2005. 15 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo:
13 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método, 2011. Malheiros, 2005.
14 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método, 2011. 16 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método, 2011.
17 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método, 2011.
De acordo com os ensinamentos de Hely Lopes Meirelles, o situação separadamente, dentro de seu contexto e não de
princípio da eficiência “impõe a todo agente público realizar as forma simplista e apressada.
atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional. É É verdade que aquilo que a sociedade fala sobre o serviço
o mais moderno princípio da função administrativa, que já não público é o que se vê na prática através da morosidade, do
se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, descaso, do empreguismo, improbidade administrativa, má
exigindo resultados positivos para o serviço público e conservação dos bens públicos é motivo de descrédito da
satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e sociedade. A sociedade não tem condições de saber de quem é
de seus membros”.18 a responsabilidade, na ausência de tais esclarecimentos faz
Outrossim, DI PIETRO explicita que o princípio da generalizações distorcidas, impregnadas por preconceitos que
eficiência possui dois aspectos: “o primeiro pode ser definem os funcionários públicos como preguiçosos,
considerado em relação ao modo de atuação do agente público, incompetentes e procrastinadores, quando, de fato, existem
do qual se espera o melhor desempenho possível de suas pessoas que agem dessa forma, assim como em qualquer
atribuições, para lograr os melhores resultados, e o segundo, empresa, mas existem também pessoas altamente qualificadas
em relação ao modo de organizar, estruturar e disciplinar a e preocupadas com o serviço público e com o bem comum.
Administração Pública, também com o mesmo objetivo de Diferente do que vem sendo posto em prática, as empresas
alcançar os melhores resultados na prestação do serviço éticas devem estimular e oportunizar o advento da consciência
público”.19 crítica de seus colaboradores, clientes e parceiros, e não impor
Por sua atualidade merece especial referência a questão do que eles aceitem o que lhes é apresentado. É um ato humano e
nepotismo, ou seja, a designação de cônjuge, companheiro e ético não aceitar verdades prontas, de forma imposta, mas
parentes para cargos públicos no órgão. A lei proíbe o aquelas que a consciência crítica aponta como aceitáveis. É o
nepotismo direto, aquele em que o beneficiado deve estar ser humano quem deve decidir em quem acreditar. As
subordinado a seu cônjuge ou parente, limitado ao segundo organizações éticas buscam na prática, se tornar honestas,
grau civil, por consanguinidade (pai, mãe, avós, irmãos, filhos justas, verdadeiras e democráticas, por uma questão de
e netos) ou por afinidade (sogros, pais dos sogros, cunhados, princípio e não de conveniências na maioria das vezes muito
enteados e filhos dos enteados). embora esse tipo de agir também traga sucesso e
O Supremo Tribunal Federal ampliou essa vedação, por reconhecimento. As empresas éticas devem escolher seus
meio da Súmula Vinculante nº 13, onde proíbe o nepotismo em líderes e colaboradores considerando tanto suas qualidades
todas as entidades da Administração direta e indireta de todos técnicas, quanto éticas. Mesmo sabendo-se que o ser humano
os entes federativos, enquanto que a Lei 8.112/90 veda apenas está suscetível à falhas, uma boa política de Recursos
para a Administração direta, às autarquias e fundações da Humanos, ou uma ótima empresa e banca examinadora no
União; estende a proibição aos parentes de terceiro grau (tios caso dos órgãos públicos diminuem os riscos de práticas
e sobrinhos), que alcançava apenas os parentes de segundo lesivas ao patrimônio público.
grau; e proibiu-se também o nepotismo cruzado, aquele em Além da ética individual a empresa que almeja ser ética
que o agente público utiliza sua influência para possibilitar a deverá refletir seu modo de ser, pois quando se conquista a
nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em cargo em consideração e a confiança dos colaboradores desenvolve a
comissão ou de confiança ou função gratificada não lealdade e compromisso necessários ao crescimento e
subordinada diretamente a ele. estabilidade da organização.
A vedação do nepotismo representa os princípios da Quando a empresa conquista a confiança e o respeito de
impessoalidade, moralidade, eficiência e isonomia, de acordo seus empregados desenvolve a lealdade e o compromisso com
com o decidido na Ação Declaratória de Constitucionalidade ela. Estudos confirmam que as empresas mais éticas são as
(ADC nº 12). A partir de agora, temos a palavra da Suprema mais bem-sucedidas, pois nas últimas décadas elas vêm
Corte, dizendo que o nepotismo ofende os princípios tomando consciência disso e descobrindo que o ser humano,
republicanos, previstos nos artigos 5º e 37 da Constituição ou seja, os clientes, colaboradores, sociedade, fornecedores,
Federal. etc., são as coisas mais importantes na organização, portanto
Neste contexto, podemos verificar que a ética está devem agir de forma a fazer com que eles as admire, respeite,
diretamente relacionada ao padrão de comportamento do ame e não queira substituí-las por outras empresas.
indivíduo, dos profissionais e também do político. O ser Em meio a tantas altercações em relação à ética na política,
humano elaborou as leis para orientar seu comportamento a generalização da corrupção tornou-se evidente no setor
frente as nossas necessidades (direitos e obrigações) e em público, um exemplo recente é a máfia das sanguessugas, mas
relação ao meio social, entretanto, não é possível para a lei não se deve esquecer que existem pessoas muito éticas e
ditar nosso padrão de comportamento e é aí que entra outro conscientes em todas as organizações. Como se percebe, há
ponto importante que é a cultura, ficando claro que não a uma cobrança cada vez maior nos últimos anos por parte da
cultura no sentido de quantidade de conhecimento adquirido, sociedade por transparência e probidade, tanto no trato da
mas sim a qualidade na medida em que esta pode ser usada em coisa pública, como no fornecimento de produtos e serviços ao
prol da função social, do bem estar e tudo mais que diz respeito mercado. A legislação constitucional e a infraconstitucional
ao bem maior do ser humano, este sim é o ponto fundamental, têm possibilitado um acompanhamento mais rigoroso da
a essência, o ponto mais controverso quando tratamos da matéria, permitindo que os órgãos de fiscalização e a
questão ética na vida pública. sociedade em geral adotem medidas judiciais necessárias para
Frequentemente constatamos a opinião pública desabonar coibir os abusos cometidos pelas empresas, espera-se que a
o comportamento ético no serviço público. A crítica feita pela impunidade não impere nas investigações de ilicitudes.
sociedade, decerto, como todo senso comum é imediatista e A falta de ética nasce nas estruturas administrativas
baseada em uma visão superficial da realidade, que entre devido ao terreno fértil encontrado ocasionado pela existência
outras coisas, trabalha com generalizações, colocando no de governos autoritários, no qual são regidos por políticos sem
mesmo “rol” servidores, gerentes e políticos. De fato, sabe-se ética, sem critérios de justiça social e que, mesmo após o
que essa é uma realidade complexa e que precisa ser analisada aparecimento de regimes democrático, continuam
com cautela e visão histórica, recomendando-se tratar cada contaminados pela doença da desonestidade, dos interesses
escusos geralmente oriundos de sociedades dominadas por
situações de pobreza e injustiça social, abala a confiança das 9.784/98, aponta inclusive a superação de tais discussões
instituições, prejudica a eficácia das organizações, aumenta os doutrinárias, pois o referido artigo exige a motivação para
custos, afeta o bom uso dos recursos públicos e compromete a todos os atos nele elencados, compreendendo entre estes,
imagem da organização e ainda castiga cada vez mais a tanto os atos discricionários quanto os vinculados.
sociedade que sofre com a pobreza, com a miséria, a falta de
sistema de saúde, de esgoto, habitação, ocasionados pela falta Questões
de investimentos financeiros do Governo, porque os
funcionários públicos priorizam seus interesses pessoais em 01. (TRF - 4ª REGIÃO - Analista Judiciário - Oficial de
detrimento dos interesses sociais. Justiça Avaliador Federal - FCC) O princípio que traduz a
A mudança que se deseja na Administração pública sugere ideia de que a Administração tem que tratar a todos os
numa gradativa, mas necessária transformação cultural administrados sem discriminações, benéficas ou peculiares
dentro da estrutura organizacional da Administração Pública, denomina-se princípio da:
isto é, uma reavaliação e valorização das tradições, valores (A) responsabilidade.
morais e educacionais que nascem em cada um de nós e se (B) moralidade.
forma ao longo do tempo criando assim um determinado estilo (C) publicidade.
de atuação no seio da organização baseada em valores éticos. (D) supremacia do interesse público.
(E) impessoalidade.
Além destes cinco princípios administrativo-
constitucionais diretamente selecionados pelo constituinte, 02. (SEFAZ/RS - Técnico Tributário da Receita
podem ser apontados como princípios de natureza ética Estadual - FUNDATEC) São Princípios da Administração
relacionados à função pública a probidade e a motivação: Pública, expressos na Constituição Federal, exceto:
a) Princípio da probidade: um princípio constitucional (A) Legalidade
incluído dentro dos princípios específicos da licitação, é o (B) Probidade
dever de todo o administrador público, o dever de honestidade (C) Impessoalidade.
e fidelidade com o Estado, com a população, no desempenho (D) Eficiência.
de suas funções. Possui contornos mais definidos do que a (E) Publicidade.
moralidade. Diógenes Gasparini20 alerta que alguns autores
tratam veem como distintos os princípios da moralidade e da 03. (TRE/MG – Técnico Judiciário –
probidade administrativa, mas não há características que CONSULPLAN/2015) Os mais modernos postulados da
permitam tratar os mesmos como procedimentos distintos, gestão administrativa, tanto no setor privado quanto no
sendo no máximo possível afirmar que a probidade âmbito dos órgãos públicos, determinam que os atos
administrativa é um aspecto particular da moralidade administrativos observem os padrões usuais de moralidade
administrativa. que estão indissociavelmente vinculados a critérios de
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao escolha pautados pela
administrador de motivar todos os atos que edita, gerais ou de (A) ética
efeitos concretos. É considerado, entre os demais princípios, (B) avaliação.
um dos mais importantes, uma vez que sem a motivação não (C) subordinação.
há o devido processo legal, uma vez que a fundamentação (D) estandardização.
surge como meio interpretativo da decisão que levou à prática
do ato impugnado, sendo verdadeiro meio de viabilização do 04. (ANS – Técnico em Regulação em Saúde
controle da legalidade dos atos da Administração. Complementar – FUNCAB/2016) Com relação à ética no
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicável ao setor público, e de acordo com os termos do Decreto n°
caso concreto e relacionar os fatos que concretamente levaram 1.171/1994 (Código de Ética Profissional do Servidor Público
à aplicação daquele dispositivo legal. Todos os atos Civil do Poder Executivo Federal), é correto afirmar que:
administrativos devem ser motivados para que o Judiciário (A) o trabalho desenvolvido pelo servidor público perante
possa controlar o mérito do ato administrativo quanto à sua a comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu
legalidade. Para efetuar esse controle, devem ser observados próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da
os motivos dos atos administrativos. sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado como
Em relação à necessidade de motivação dos atos seu maior patrimônio.
administrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um (B) o servidor público não poderá jamais desprezar o
único comportamento possível) e dos atos discricionários elemento ético de sua conduta, devendo decidir apenas entre
(aqueles que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta um a legal e o ilegal.
ou mais comportamentos possíveis, de acordo com um juízo (C) não é dever do servidor público zelar, no exercício do
de conveniência e oportunidade), a doutrina é uníssona na direito de greve, pelas exigências específicas da defesa da vida
determinação da obrigatoriedade de motivação com relação e da segurança coletiva.
aos atos administrativos vinculados; todavia, diverge quanto à (D) salvo os casos de segurança nacional, investigações
referida necessidade quanto aos atos discricionários. policiais ou interesse superior do Estado e da Administração
Meirelles21 entende que o ato discricionário, editado sob os Pública, a publicidade do ato administrativo não constitui
limites da Lei, confere ao administrador uma margem de requisito de eficácia e moralidade.
liberdade para fazer um juízo de conveniência e oportunidade, (E) com relação à Administração Pública, a moralidade
não sendo necessária a motivação. No entanto, se houver tal limita-se à distinção entre o bem e o mal.
fundamentação, o ato deverá condicionar-se a esta, em razão
da necessidade de observância da Teoria dos Motivos Respostas
Determinantes. O entendimento majoritário da doutrina,
porém, é de que, mesmo no ato discricionário, é necessária a 01. E/02. B/03. A/04. A.
motivação para que se saiba qual o caminho adotado pelo
administrador. Gasparini22, com respaldo no art. 50 da Lei n.
Malheiros, 1993.
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu
princípios éticos que se materializam na adequada prestação alcance ou do seu conhecimento para atendimento do seu
dos serviços públicos; mister;
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias,
respeitando a capacidade e as limitações individuais de todos caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram
os usuários do serviço público, sem qualquer espécie de no trato com o público, com os jurisdicionados administrativos
preconceito ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores;
idade, religião, cunho político e posição social, abstendo-se, g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer
dessa forma, de causar-lhes dano moral; tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão,
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de doação ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou
representar contra qualquer comprometimento indevido da qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão ou para
estrutura em que se funda o Poder Estatal; influenciar outro servidor para o mesmo fim;
i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva
de contratantes, interessados e outros que visem obter encaminhar para providências;
quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidas em i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do
decorrência de ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las; atendimento em serviços públicos;
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências j) desviar servidor público para atendimento a interesse
específicas da defesa da vida e da segurança coletiva; particular;
l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que sua l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente
ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo autorizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao
negativamente em todo o sistema; patrimônio público;
m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no
qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de
as providências cabíveis; parentes, de amigos ou de terceiros;
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele
seguindo os métodos mais adequados à sua organização e habitualmente;
distribuição; o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente
o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa
com a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo humana;
a realização do bem comum; p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas a empreendimentos de cunho duvidoso.
ao exercício da função;
q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de CAPÍTULO II
serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas DAS COMISSÕES DE ÉTICA
funções;
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração
instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto Pública Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou
quanto possível, com critério, segurança e rapidez, mantendo em qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições
tudo sempre em boa ordem. delegadas pelo poder público, deverá ser criada uma Comissão
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por de Ética, encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética
quem de direito; profissional do servidor, no tratamento com as pessoas e com
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas o patrimônio público, competindo-lhe conhecer
funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo concretamente de imputação ou de procedimento susceptível
contrariamente aos legítimos interesses dos usuários do de censura;
serviço público e dos jurisdicionados administrativos; XVII (Revogado);
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos
poder ou autoridade com finalidade estranha ao interesse organismos encarregados da execução do quadro de carreira
público, mesmo que observando as formalidades legais e não dos servidores, os registros sobre sua conduta ética, para o
cometendo qualquer violação expressa à lei; efeito de instruir e fundamentar promoções e para todos os
v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe demais procedimentos próprios da carreira do servidor
sobre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu público;
integral cumprimento. XIX - (Revogado);
XX - (Revogado);
Seção III XXI (Revogado);
Das Vedações ao Servidor Público XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão
de Ética é a de censura e sua fundamentação constará do
XV - E vedado ao servidor público; respectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes,
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, com ciência do faltoso;
posição e influências, para obter qualquer favorecimento, para XXIII (Revogado);
si ou para outrem; XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético,
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros entende-se por servidor público todo aquele que, por força de
servidores ou de cidadãos que deles dependam; lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, natureza permanente, temporária ou excepcional, ainda que
conivente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao sem retribuição financeira, desde que ligado direta ou
Código de Ética de sua profissão; indiretamente a qualquer órgão do poder estatal, como as
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o autarquias, as fundações públicas, as entidades paraestatais,
exercício regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe as empresas públicas e as sociedades de economia mista, ou
dano moral ou material; em qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado.
O art. 2º da Lei 8.429/92 dispõe que agente público que Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei,
exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação
forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
função em qualquer entidade da administração direta, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no
indireta, fundacional ou autárquica de qualquer dos Poderes artigo anterior.
da União, Estados ou Municípios e de empresas incorporadas
ao patrimônio público poderão responder por atos ímprobos. Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que
couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza
Atenção! ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se
Há grande divergência quanto à aplicação da lei de beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
improbidade aos agentes políticos. Veja como tem se
posicionado o STF e o STJ sobre o assunto: Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia
STF: tem entendido que os agentes políticos não estão são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios
sujeitos à Lei de improbidade, isso porque o crime de de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no
responsabilidade estipula sanções de natureza civil e seria bis trato dos assuntos que lhe são afetos.
in idem admitir as duas punições.
STJ: excetuada a hipótese de atos de improbidade Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou
praticados pelo Presidente da República e Ministros de Estado omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á
em crimes conexos com este, não há norma alguma que proíba o integral ressarcimento do dano.
que os agentes políticos respondam por crimes de
responsabilidade e por atos de improbidade. (Reclamações Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente
2790 e 2115). público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos
ao seu patrimônio.
Os atos de improbidade estão disciplinados nos arts. 9º a
11 da Lei 8.429/92 e dispõe sobre hipóteses de enriquecimento Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao
ilícito, atos que causem prejuízo ao erário e atos que atentam patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a
contra os princípios da Administração Pública. Esses eram os autoridade administrativa responsável pelo inquérito
atos previstos até o final do ano 2016, com a LC 157/16 representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade
introduziu-se nova Seção ao Capítulo. Agora, além daqueles dos bens do indiciado.
atos acima descritos poderá configura ato de improbidade a Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o
ação ou omissão decorrentes de concessão ou aplicação caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral
indevida de benefício financeiro ou tributário (art. 10-A). ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial
resultante do enriquecimento ilícito.
Quanto ao elemento subjetivo desses atos, regra geral, ato
de improbidade exige DOLO. Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio
público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às
Vamos à leitura na íntegra da lei: cominações desta lei até o limite do valor da herança.
§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos
o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil. direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o sentença condenatória.
exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa
financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da competente poderá determinar o afastamento do agente
lei e dos tratados internacionais. público do exercício do cargo, emprego ou função, sem
prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será à instrução processual.
proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica
interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei
cautelar. independe:
§ 1º (Revogado pela Medida provisória nº 703, de 2015). I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público,
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as salvo quanto à pena de ressarcimento;
ações necessárias à complementação do ressarcimento do II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de
patrimônio público. controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
§ 3º No caso de a ação principal ter sido proposta pelo
Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3o Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o
do art. 6º da Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965. Ministério Público, de ofício, a requerimento de autoridade
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como administrativa ou mediante representação formulada de
parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de acordo com o disposto no art. 14, poderá requisitar a
nulidade. instauração de inquérito policial ou procedimento
§ 5º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo administrativo.
para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a
mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. CAPÍTULO VII
§ 6º A ação será instruída com documentos ou justificação Da Prescrição
que contenham indícios suficientes da existência do ato de
improbidade ou com razões fundamentadas da Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções
impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas, previstas nesta lei podem ser propostas:
observada a legislação vigente, inclusive as disposições I - até cinco anos após o término do exercício de mandato,
inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil. de cargo em comissão ou de função de confiança;
§ 7º Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica
autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do
manifestação por escrito, que poderá ser instruída com serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou
documentos e justificações, dentro do prazo de quinze dias. emprego.
§ 8º Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias,
em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da CAPÍTULO VIII
inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação Das Disposições Finais
ou da inadequação da via eleita.
§ 9º Recebida a petição inicial, será o réu citado para Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
apresentar contestação.
§ 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho
agravo de instrumento. de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais
§ 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a disposições em contrário.
inadequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o
processo sem julgamento do mérito. Questões
§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas
nos processos regidos por esta Lei o disposto no art. 221, caput 01. (TJ-RS - Assessor Judiciário – FAURGS/2016)
e § 1º, do Código de Processo Penal. Quanto à Lei de Improbidade Administrativa, assinale a
§ 13. Para os efeitos deste artigo, também se considera alternativa correta.
pessoa jurídica interessada o ente tributante que figurar no (A) As normas da Lei de Improbidade Administrativa não
polo ativo da obrigação tributária de que tratam o §4º do art. se aplicam a quem não seja agente público.
3º e o art. 8º-A da LC 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído (B) Os agentes de sociedades de economia mista, por
pela LC 157/16) estarem submetidos a uma relação de emprego, não estão
submetidos aos comandos da Lei de Improbidade
Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de Administrativa.
reparação de dano ou decretar a perda dos bens havidos (C) A ação civil por ato de improbidade administrativa, por
ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos bens, depender de atuação institucional e apuração de
conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo responsabilidades, só pode ser movida pelo Ministério
ilícito. Público.
(D) Quando o Ministério Público ingressa com a ação civil
CAPÍTULO VI de improbidade administrativa, a pessoa jurídica de direito
Das Disposições Penais público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de
impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao
improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário, interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou
quando o autor da denúncia o sabe inocente. dirigente.
Pena: detenção de seis a dez meses e multa. (E) O sucessor do causador do dano em ato de
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está improbidade administrativa não sofre qualquer
sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais responsabilização patrimonial, ainda que tenha recebido
ou à imagem que houver provocado. herança ou legado do infrator.
02. (PC-PE - Escrivão de Polícia – CESPE/2016) Assinale 06. (MPE-RS - Secretário de Diligências – MPE-RS)
a opção correta com referência a improbidade administrativa Tocante ao Procedimento Administrativo e ao Processo
e à Lei de Improbidade Administrativa (Lei n.° 8.429/1992). Judicial previstos na Lei nº 8.429/1992 (Lei de Improbidade
(A) A aplicação administrativa da pena de demissão Administrativa), assinale a alternativa correta.
prevista em lei reguladora de carreira pública exige que se (A) Somente servidor público que tiver conhecimento
aguarde o trânsito em julgado da ação de improbidade acerca da prática de eventual ato de improbidade
administrativa. administrativa poderá representar à autoridade
(B) Os atos de improbidade descritos no art. 11 da Lei n.° administrativa competente para que seja instaurada
8.429'1992 não exigem a presença do dolo para sua investigação.
configuração. (B) A rejeição da representação impede o oferecimento de
(C) Os atos de improbidade descritos no art. 11 da Lei n.° representação ao Ministério Público a respeito do mesmo fato.
8.429'1992, para sua configuração, exigem a demonstração da (C) Nas ações de improbidade, havendo condenação do
ocorrência de dano para a administração pública ou demandado à reparação de danos, poderá ser admitido o
enriquecimento ilícito do agente. perdão judicial.
(D) A punição administrativa do servidor faltoso impede a (D) Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará
aplicação das penas previstas na Lei de Improbidade autuá-la e ordenará a citação do réu para o oferecimento de
Administrativa (Lei n.° 8.429/1992). contestação.
(E) O atentado à vida e à liberdade individual de (E) Autuada a inicial, o juiz ordenará a notificação do
particulares, se praticado por agentes públicos armados, pode requerido, para oferecer manifestação por escrito, no prazo de
configurar improbidade administrativa. 15 (quinze) dias.
Respostas
01. D. / 02. E. / 03. Certo. / 04. D. / 05. E.
06. E / 07. D. / 08. E / 09. C. / 10. D
Anotações