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Portuguesa
autor do original
Ornella Pacífico
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial magda maria ventura gomes da silva, rosaura de barros baião,
gladis linhares
Diagramação fabrico
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
isbn: 978-85-5548-100-0
Prefácio 9
9
O estudo sobre Morfologia Portuguesa está organizado em cinco capítulos,
estruturados do seguinte modo:
Capítulo 1 – Gramática: história, recursos e conceitos – Estudos sobre a lín-
gua, linguagem, diacronia, sincronia
Capítulo 2 – Conceitos de morfologia e seus aspectos componentes: Os
morfemas
Capítulo 3 – Processos formais de formação do léxico
Capítulo 4 – Classes de palavras e categorias gramaticais
Capítulo 5 – Classes de palavras que compõem o sintagma verbal, neologis-
mos e o novo acordo ortográfico.
Conto com a sua participação efetiva na construção de todo esse conhecimento
por meio da realização de muitas leituras e da busca incessante pela informação.
Bons estudos!
OBJETIVOS
Que você seja capaz de:
• Compreender o sentido de língua, linguagem e signo linguístico;
• Diferenciar linguagem verbal e não verbal;
• Aprender o que significam diacronia e sincronia;
• Aprofundar seus conhecimentos sobre a dupla articulação da linguagem.
REFLEXÃO
Você se lembra quantas vezes fizemos a análise morfológica de algumas palavras da frase,
especificando também o número de letras e de fonemas delas? Em muitos casos, não en-
tendíamos a importância nem tínhamos uma explicação dessas atividades, tampouco a sua
finalidade. Muitos exercícios eram realizados automaticamente. A partir dos estudos desse
capítulo, aprofundaremos os conhecimentos sobre essas atividades que realizávamos de
modo automático.
1.1 Linguagem
12 • capítulo 1
buscam interagir uns com os outros. Para isso, estabelecem regras e normas
de vida em sociedade, criam uma forma de pensar e de se reconhecerem como
participantes de uma identidade cultural. Ao colocar os indivíduos em relação
uns com os outros, a linguagem cria o sentido e esse cria o lugar social.
Historicamente, a linguagem tem sido concebida como representação do
mundo e do pensamento, instrumento para transmissão de informações e for-
ma de ação ou interação (KOCH, 1992).
A linguagem, segundo Rosa (2005, p. 18), é um dos sistemas complexos que
interagem com outros sistemas de conhecimento na mente de um indivíduo,
o qual é ativado logo após o nascimento e lhe permite adquirir a língua ou as
línguas no ambiente ao seu redor.
Entende-se por linguagem qualquer sistema de signos simbólicos emprega-
dos na intercomunicação social para expressar e comunicar ideias e sentimen-
tos, isto é, conteúdos da consciência, segundo Bechara 2009.
A linguagem se realiza historicamente revelando aspectos sociais e cultu-
rais. Considerada uma atividade humana, permite ao ser humano, organizar
e dar forma às experiências e representações de mundo que se constroem. Ob-
servemos, portanto, a definição desses elementos que compõem a linguagem:
Sistema é todo conjunto de unidades organizadas, concretas ou abstratas,
reais ou imaginárias, que se ordenam para determinadas finalidades.
Signo é a unidade simbólica estabelecida por meio de convenção, a qual se
manifesta ou leva ao conhecimento de outra coisa que a substitui, podendo ser
concreta ou abstrata, real ou imaginária. Observemos os seguintes exemplos:
a) As nuvens negras no céu manifestam ou são sinais de chuva iminente;
b) a letra “s” final em choras é o signo da segunda pessoa do singular;
c) a mesma letra “s” em histórias é o signo ou sinal que indica plural.
capítulo 1 • 13
Já explicitamos sistema, signo, vamos, portanto, à intercomunicação social.
Para que se compreenda a intercomunicação social, consideremos a lingua-
gem como sendo plural em oposição à individual, ou seja, construída em socie-
dade, reflexo de um sujeito histórico, sendo, portanto, um estar no mundo com
os outros, entre os outros, em comunidade.
Deste modo, a linguagem permite a comunicação entre os membros que
constituem a sociedade com a finalidade de expressar e comunicar ideias e sen-
timentos, conteúdo da consciência.
CONEXÃO
Para uma compreensão mais detalhada sobre língua, linguagem e linguística, leiam a entrevista
com Mario Perini : Sobre Língua, linguagem e linguística. Disponível em: <http://www.revel.inf.
br/files/entrevistas/revel_14_entrevista_perini.pdf>. Acesso em junho de 2014.
14 • capítulo 1
Para que se possa compreender linguagem e língua, faz-se necessário com-
preender a essência de seus conceitos, assim como as várias dimensões da lin-
guagem. Passemos, pois, ao estudo da linguagem verbal e não verbal.
Vimos que a linguagem pode ser entendida como a capacidade que todo ser huma-
no tem de se comunicar. Constitui todo sistema de sinais ou signos convencionais
que nos permite a comunicação. A linguagem humana pode ser verbal e não verbal.
capítulo 1 • 15
1.2.2 Linguagem não verbal
Que leituras podem ser feitas a partir dessa imagem? Como você a interpreta?
Uma das possíveis interpretações é a de que temos aqui a linguagem não
verbal comunicando uma mensagem sobre a importância de se preservarem as
florestas, que representam o pulmão do mundo.
Vejamos outros exemplos de linguagem não verbal:
16 • capítulo 1
Disponível em: <http://www.ciencias.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/1/normal_
34charge_agua.jpg>.
CONEXÃO
Amplie seus conhecimentos sobre a linguagem não verbal ,por meio da leitura do artigo
de Suria Schelles: “A importância da linguagem não verbal nas relações de liderança nas
organizações”. Disponível em:< http://www.fsma.edu.br/esfera/Artigos/Artigo_Suraia.pdf>.
1.3 Língua
Pêcheux
capítulo 1 • 17
O termo língua tem diversas acepções nos textos de linguística. Para Saus-
sure (1969), língua é uma parte da linguagem ou manifestação desta, sendo,
portanto, o objeto da linguística.
“Língua é um sistema de signos que exprimem ideias e é comparável, por isso, à escrita,
ao alfabeto dos surdos-mudos, aos ritos simbólicos, às formas de polidez, aos sinais
militares etc. Ela é apenas o principal desses sistemas”. Os signos em geral ou a lingua-
gem seriam estudados pela semiologia, “uma ciência que estuda a vida dos signos no
seio da vida social”. A semiologia ensinaria, então, “em que consistem os signos, que leis
os regem”, constituindo-se em uma “ciência geral” dos signos.
Saussure 1969, p.24
Língua
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E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixe os Portugais morrerem à míngua
“Minha pátria é minha língua”
Fala Mangueira! Fala!
REFLEXÃO
Dentre as várias acepções sobre o termo língua: “um sistema de signos que exprime ideias”,
“uma coleção de dados”, “resultado da interação de dois componentes: o estágio inicial, comum
à espécie, e aquilo que vai sendo aprendido com o ambiente linguístico”:
a) Como você analisa a letra desta música de Caetano Veloso?
b) Como você interpreta os seguintes versos:
Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?
Os fatos linguísticos, de acordo com Borba (2005), podem ser estudados sob três
pontos de vista: quanto ao seu modo de ser geral, quanto ao seu funcionamento
num determinado momento e lugar e quanto às suas transformações ou evolução.
• Modo de ser geral (acrônico): são considerados em si mesmos, indepen-
dentemente de seu funcionamento real, porque o interesse está no exa-
me de suas possibilidades de funcionar.
• Em determinado momento e lugar (sincrônico): observam- -se fatos ou
dados concretos em funcionamento.
capítulo 1 • 19
• Quanto às transformações ou evolução (diacrônico): procura-se detectar
as alterações dos fatos com o decorrer do tempo.
A B
Fig. 1: Eixo das simultaneidades (AB), concernente às relações entre coisas coexistentes,
D
de onde toda intervenção do tempo se exclui, e eixo das sucessões (CD), sobre o qual não
se pode considerar mais que uma coisa por vez, mas onde estão situadas todas as coisas do
primeiro eixo com suas respectivas transformações (SAUSSURE, 1969, p. 95).
20 • capítulo 1
A diacronia (ou estudos diacrônicos) diz respeito às evoluções ou mudanças
verificadas na língua ao longo do tempo. A sincronia (ou estudos sincrônicos)
relaciona-se com o aspecto estático ou com um estado da língua. Assim, dia-
cronia designa uma fase de evolução e sincronia designa um estado de língua.
O quadro abaixo sintetiza o conceito de diacronia e sincronia proposto
por Saussure:
Diacronia Sincronia
Evolutiva Estática
Sucessões Simultaneidade
A língua é um sistema em que todas as partes podem e devem ser consideradas na sua
solidariedade sincrônica (...). O aspecto sincrônico prevalece sobre o outro (diacrônico),
ele constitui a verdadeira e única realidade. Também a constitui para o linguista: se este
se coloca na perspectiva diacrônica, não é mais a língua o que percebe, mas uma série
de acontecimentos que a modificam.
SAUSSURE, p.102,106
capítulo 1 • 21
Tudo quanto seja diacrônico na língua, não o é senão pela fala. É na fala que se acha o
germe de todas as modificações: cada uma delas é lançada, a princípio, por um certo
número de indivíduos, antes de entrar em uso (...) Mas todas as inovações da fala não
têm o mesmo êxito e, enquanto permanecem individuais, não há por que levá-las em
conta, pois o que estudamos é a língua; elas só entram em nosso campo de observação
no momento em que a coletividade as acolhe.
SAUSSURE, 1969, p. 115
22 • capítulo 1
Vamos observar os exemplos apresentados por Borba (2005, p. 72-73) para
demonstrar a pertinência de uma complementaridade entre o enfoque sincrô-
nico e o diacrônico:
capítulo 1 • 23
1.5 Morfologia
24 • capítulo 1
A morfologia “ocupa-se das condições de estruturação da parte significativa
dos signos e bem assim das regras que determinam as possíveis variações dos
significantes”. O que se enfatiza aqui é o caráter fônico da morfologia. Des-
ta combinação fônica é que resultam os padrões morfológicos: os fonemas se
combinam em sílabas para formar os morfemas, que são unidades de primeiro
nível gramatical (BORBA, 2005, p. 143).
Os estudos sobre morfemas serão aprofundados no capítulo 2.
Segundo Laroca (2005, p. 15), os linguistas dividem a morfologia em dois
ramos: a morfologia flexional e a lexical.
A morfologia flexional (ou gramatical) estuda as relações entre as diferentes
formas de uma mesma palavra, isto é, o seu paradigma flexional, sendo a flexão
uma variação de caráter morfossintático, uma exigência da concordância ver-
bal ou nominal.
Vejamos os exemplos apresentados pela autora:
Jogar/jogador, belo/beleza
capítulo 1 • 25
de segmentação de palavras em unidades constitutivas mínimas, enquanto os
estudos que privilegiam a noção da palavra preocupam-se com o modo pelo qual
a estrutura das palavras reflete suas relações com outras palavras em construções
mais desenvolvidas, como a sentença, e com o vocabulário total da língua.
Deste modo, vamos aprofundar os conhecimentos sobre essas duas unidades,
estabelecendo um paralelo entre a Morfologia e a dupla articulação da linguagem.
Não pode haver prova mais convincente do que a seguinte: o índio, ingênuo, completa-
mente despercebido do conceito da palavra escrita, não tem, apesar disso, dificuldade
em ditar um texto a um investigador linguístico, palavra por palavra.
SAPIR, 1971, p. 44
26 • capítulo 1
1) Substantivos Menino, meninas
capítulo 1 • 27
“primeira articulação”. A “segunda articulação” é a das sequências vocais consi-
deradas em si mesmas.
28 • capítulo 1
Esse conceito, proposto por Baudouin, parte do princípio doutrinário de
que, no som vocal elementar, o que realmente interessa na comunicação lin-
guística é um pequeno número de propriedades articulatórias e acústicas ou
traços, e não todo o conjunto da emissão fonética. Esses traços distintivos são
os que servem para distinguir, numa determinada língua, os sons vocais ele-
mentares dos outros.
Com isso, conforme exemplifica Mattoso Câmara (1992, p. 33), cada fonema ou
conjunto de traços distintivos opõe entre si as formas da língua, que o possuem, e
as outras formas, que não o possuem ou possuem em seu lugar outro fonema.
Vejamos os exemplos:
Ala, vala, vela, vê-la, vila;
Saco, soco, suco;
Pelas, belas, melas, telas, delas, nelas, zelas;
Amo, ano, ancho ..e assim por diante.
ATIVIDADE
1. Discuta a definição de morfologia.
3. Texto
Oficina
Aprendiz de poeta,
Vou tecendo meu verso
Com os fios da esperança
E as vozes da memória.
Tecelã do irreal,
Projeta a realidade
Nas tramas da palavra.
Na aspereza das fibras,
O ressonar do rio
E a ciranda dos heróis.
Na superfície intacta,
capítulo 1 • 29
O voo livre do pássaro
Descreve o infinito.
LAROCA, Maria Nazaré de. Sem cerimônia. Juiz de fora, Edição do autor, 1985, 2 ed. 2000
REFLEXÃO
Neste capítulo, vimos as concepções de língua e linguagem enquanto sistema, o funcionamen-
to da estrutura da língua portuguesa, sincronia e diacronia e a dupla articulação da linguagem.
Retomando o que foi abordado, cabe refletirmos sobre as diversas partes que constituem o
léxico de nossa língua, preferencialmente aquelas que determinam a formação e construção
dos termos que a caracterizam e a identificam. Salientamos também que o estudo da forma é
uma das possibilidades de análise, que traz à tona o entendimento de que as palavras se orga-
nizam não apenas numa frase, mas também internamente.
LEITURA
Para aprofundar seus conhecimentos acerca dos conteúdos abordados no capítulo, reco-
mendo a leitura dos livros de LYONS, John. Linguagem e Linguística: uma introdução. Trad.
Marilda Winkler Averbug, Clarisse Sieckenius de Souza. Rio de Janeiro: Padrão, 1995 e de
MARTINET, A. Elementos de linguística geral. Trad. Jorge Morais-Barbosa. 8. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 1991.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORBA, F.S. Introdução aos estudos linguísticos. Campinas, SP: Pontes, 14 ed. 2005.
30 • capítulo 1
CAMARA, M. J. JR. Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis: Vozes, 21 ed. 1992
LAROCA, Maria N.C. Manual de morfologia do português. Campinas, SP: Pontes, 4 ed.
2005.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 1969.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo, abordaremos os conceitos de morfema da língua portuguesa, as unida-
des que constituem a estrutura das palavras da língua portuguesa, os tipos de morfemas e
os tipos de morfes.
capítulo 1 • 31
2
Conceitos de
Morfologia e seus
Aspectos
Componentes: os
Morfemas
2 Conceitos de Morfologia e seus Aspectos
Componentes: os Morfemas
OBJETIVOS
Neste capítulo, você será capaz de:
• Reconhecer os elementos estruturais de uma palavra;
• Aprofundar seus conhecimentos sobre morfemas, conhecendo os seus tipos e identifi-
cando-os como unidades que constituem a estrutura da língua portuguesa.
REFLEXÃO
Muitas vezes, em nossa vida acadêmica, deparamo-nos com dúvidas sobre os elementos que
compõem as palavras da nossa língua portuguesa. Você se lembra, por exemplo, de quando
precisou formar o plural de algumas palavras e observou, por meio dessas reflexões, que nem
sempre o –s é que indicava o plural? Observou também que as diferentes pessoas do discurso
apresentam flexões verbais diferentes? Pois bem, vamos aprofundar nossos conhecimentos
sobre esse conteúdo e esclarecer essas dúvidas.
34 • capítulo 2
2.1 Conceito de morfema na língua portuguesa
Pedras Pedreiro
Livros Livreiro
Jardins Jardineiro
Barba Barbeiro
capítulo 2 • 35
Os morfes raízes constituem o núcleo mínimo de uma construção morfoló-
gica e podem ser livres ou presos. Num item lexical, podemos depreender vários
núcleos ou elementos básicos centrais. Vejamos o exemplo proposto pela autora:
Racionalização
Racion– al– iz– a– ção
O núcleo mínimo racion- é o morfe raiz, preso, que representa o morfema
raiz [razão].
Em infelizmente e cruzeiro, depreendemos dois morfes raízes, feliz- e cruz-,
que representam os morfemas [feliz] e [cruz] respectivamente.
Os morfemas afixos são representados por morfes presos que podem ocorrer
precedendo ou seguindo o morfe raiz. Esses morfemas afixos são denominados
prefixos, quando vêm antes da raiz, ou sufixos, quando vêm depois da raiz.
Observemos o exemplo abaixo:
No item lexical descongelamento, podemos identificar dois morfes prefixos
des– e con e o morfe sufixo –mento, representante do morfema sufixo deriva-
cional [mento].
Os prefixos, segundo Laroca (2005, p. 31), têm a função de formar novas pa-
lavras, operando no processo lexical da derivação. Em descongelamento, perce-
bemos uma estrutura hierárquica de constituintes imediatos do seguinte modo:
Gelar – congelar – descongelar– descongelamento
O verbo congelar se formou da adição do prefixo com– a gelar; por sua vez, des-
congelar foi formado do prefixo des – + congelar e, finalmente, descongelamento
formou-se pela adição do sufixo derivacional -mento ao verbo descongelar.
36 • capítulo 2
cas de um mesmo morfema, constatando-se variantes de significante diante
do mesmo significado.
Flexão
nominal
Número s Plural Meninas
capítulo 2 • 37
d) Em relação à flexão de gênero, existe uma forma marcada –a (feminina)
e em oposição, uma forma não marcada Ø (masculino). Em relação à fle-
xão de número, existe uma forma marcada –s (plural) e uma não marca-
da Ø (singular).
e) No par alto/altos, a noção de número plural, inerente à classe dos nomes,
acha-se marcada pelo pluralizador –s, enquanto a noção de singular está
marcada pela ausência de uma marca. Bechara (2009) considera esse
como exemplo de um verdadeiro morfema zero Ø.
f) Palavras paroxítonas terminadas em –s (simples, lápis, ourives) perma-
necem invariáveis no singular e no plural e a identificação de número só
acontece mediante a concordância. Ex.: lápis preto / lápis pretos.
Flexão verbal
A ocorrência do morfema zero na flexão verbal se dá pela falta de marca em rela-
ção às outras do mesmo paradigma. Em: escrevo, escreves, escreve, escrevemos,
escreveis, escrevem, a 3ª forma verbal é caracterizada pela falta de desinência em
relação às outras pessoas verbais. Temos, portanto, um morfema zero.
Uma palavra pode apresentar estes elementos estruturais: radical, vogal te-
mática, tema, afixos, desinência e interfixos. Nem sempre, porém, as palavras
apresentam todos esses elementos.
De gramática e de linguagem
38 • capítulo 2
Uma pedra. Um armário. Um ovo. (Ovo, nem sempre
ovo pode estar choco: é inquietante...)
capítulo 2 • 39
2.6 Semantema ou radical
ATENÇÃO
Subtraído o semantema, todos os elementos estruturais são morfemas.
ATIVIDADE
Leia este artigo que mostra a trajetória de uma família de palavras que têm origem no mero
ato de esticar:
Com a corda bem esticada
Mário Eduardo Viaro
Algumas raízes explicam fenômenos não só do português, mas de outras línguas.
Em latim, o verbo tendere tinha diversos sentidos, mas ligava-se, sobretudo, à ideia
de “esforçar-se”, “esticar”. Era usado, por exemplo, para descrever o ato de montar
uma barraca, em que era preciso puxar com força para esticá-la. A vara usada se
chamava tendicula, em que se vê o radical tend-. O mesmo nome era dado à vara
que servia para “estender” a roupa no varal (que, aliás, pode se chamar estendal ou
no francês antigo estendard, que gerou “estandarte” e a inglesa standard).
“Estender” vem do latim extendere (esticar para fora). O particípio de tendere era
tensus ou tentus. Daí, a pessoa “tensa” é, metaforicamente, como uma corda esti-
cada com força. De tensus nasce tensio, que é a “tensão”, da mesma forma que de
extensus, particípio de extendere, obtemos extensio, daí “extensão”.
40 • capítulo 2
Merzavka / Dreamstime.com
Ora, “estender” vem do latim vulgar (que sofreu mais mudanças, por ser língua
viva na época), já “extensão” é aportuguesamento do latim clássico (baseado em
fontes escritas) e, assim, explica-se a diferença de grafia entre as duas palavras.
Do particípio presente tendens (que estica até algum ponto) nasceu o abstrato
tendentia (“ação de orientar-se para”), donde “tendência”. Também da mesma raiz
vem “tenda”, via latim vulgar, e o termo médico “tendão”, via latim científico, ambos
tendo por base a ideia de “estender”.
Outro derivado proporciona discussões sobre ortografia: “entender”, com e,
vem do latim vulgar intendere (estender até certo ponto), ou seja, “atingir (metafo-
ricamente, por meio do intelecto)”. Diferentemente, palavras do latim clássico não
transformam o i em e, como em “intenção”, que vem de intentio, derivado de inten-
tus, particípio de intendere. Um particípio alternativo é intensus (esticado) e, por
consequência, “intenso”. Nessa palavra, capta-se metonimicamente a intensidade
do ato de estender - suponhamos - a corda do arco antes de lançar-se a flecha.
Daí estar dicionarizada “intensão” como “força, veemência, energia”, de intensio, do
particípio intensus.
Da mesma base, veio o particípio presente intendens (o que estende) ou, no
sentido metafórico medieval, “autoridade que afirma com força”, donde o composto
tardio superintendens (superintendente).
É a vogal que vem logo após o semantema e, no caso dos verbos, indica as conju-
gações. São três as vogais temáticas: –a – esticar (v. 17), –e – bater (v. 13), –i – vir
(v. 13). Há, ainda, as vogais temáticas nominais que produzem os temas nomi-
nais, todos com –a, –e, –o átonos finais. Ex.: caneta (v. 3), verde (v. 20) e objeto
capítulo 2 • 41
(v. 19) apresentam vogais temáticas nominais, prontas para receber o morfema
de número: canetas, verdes, objetos.
A vogal temática, portanto, amplia o semantema em tema, ficando este
pronto para receber o morfema ou o sufixo.
ATENÇÃO
Os termos importa (v. 14), adverso (v. 16) e isentos (v. 19) não contêm prefixos, uma vez que
im– ad– e i– fazem parte do semantema.
2.8 Tema
2.9 Afixos
42 • capítulo 2
imprevisibilidade dos pensamentos, permitia prever, dado um
ponto de partida de uma palavra, qual era seu ponto de chegada.
Sabe-se hoje que foi desse ambiente neogramático que nasceram
as ideias de Ferdinand Mongin de Saussure (1857-1913), que pou-
co teve de iconoclasta e fundador de novas ideias.
capítulo 2 • 43
2.10 Desinências
Modo
Indicativo Subjuntivo
Tempo
1ª 2ª 3ª 1ª 2ª 3ª
conj. conj. conj. conj. conj. conj.
Pret. imper-
-VA -A -A -SSE -SSE -SSE
feito
Pret. mais-
-RA -RA -RA
que-perfeito
Futuro do
-RE -RE -RE
presente
Futuro do
-RIA -RIA -RIA
pretérito
44 • capítulo 2
Presente — — — -E -A -A
Futuro -R -R -R
2.11 Interfixos
São elementos que se intercalam entre o radical e o sufixo para facilitar a pro-
núncia. Podem ser vogais e consoantes:
• Vogais: frutífero, gasômetro, parisiense, carnívoro
• Consoantes: paulada, cafezal, cafeteira, pezinho, sonolento, padeiro
ATENÇÃO
O presente do indicativo e o pretérito perfeito do indicativo não possuem morfema modo-tem-
poral, pois são formas primitivas do verbo.
Observe como o compositor Gilberto Gil “brinca” com os lexemas nesta composição musical.
Metáfora
capítulo 2 • 45
Por isso, não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudonada cabe
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível
LEITURA COMPLEMENTAR
Sufixo a serviço de um estilo
É possível criar textos elegantes ao variar o final das palavras, seguindo o exemplo de Drum-
mond
46 • capítulo 2
Expressividade
A expressão literária constitui um nível particular da língua. Nela, a fantasia verbal para a criação
é mais livre. Embora seja possível, é mais difícil uma criação poética vir a fazer parte do léxico da
língua. Continuará sendo, na maioria das vezes, uma lexia virtual que se presta àquele momento,
àquela obra, àquele autor.
A derivação sufixal é um processo extremamente produtivo na formação de novos vo-
cábulos. Os sufixos podem ser classificados em verbais ou nominais. Há também o sufixo
adverbial –mente, que se une a uma base adjetiva no feminino, formando um advérbio que
exprime ideia de qualidade, de quantidade ou medida, de relação, de tempo, de lugar.
Dentre os sufixos verbais, -ar e -izar são, sem dúvida, os mais produtivos na formação de
unidades lexicais neológicas. Unem-se a bases substantivas ou adjetivas, formando um verbo
resultante, na maioria das vezes, de uma frase de base em que se tem verbo + objeto direto
(substantivo) ou verbo + predicativo do sujeito (adjetivo): “dar piruetas” = “piruetar”; “tornar
feminino” = “feminilizar”.
Dentre os sufixos nominais, citam-se os formadores de adjetivo, os formadores de subs-
tantivo e, ainda, os aumentativos e diminutivos.
REFLEXÃO
Neste capítulo, estudamos os principais elementos que formam o léxico da língua portugue-
sa. Aprendemos os conceitos de morfema da Língua portuguesa, as unidades que cons-
tituem a estrutura das palavras da língua portuguesa, os tipos de morfemas e os tipos de
morfes. Com base nesses estudos, você entenderá melhor o sentido das palavras, compre-
endendo não só a sua significação na leitura, mas também o seu emprego na produção de
textos bons, claros e corretos.
capítulo 2 • 47
LEITURA
Para conhecer mais detalhes sobre esses elementos que formam a língua portuguesa, faça
a leitura dos seguintes livros:
MESQUITA. Roberto Melo. Gramática da língua portuguesa. São Paulo: Saraiva, 1998.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEGALA, D. P. Novíssima Gramática da língua portuguesa. São Paulo: Nacional, 2005.
MESQUITA. Roberto Melo. Gramática da língua portuguesa. São Paulo: Saraiva, 1998.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo, vamos conhecer os processos de formação de palavras e suas funções.
Estudaremos os neologismos, empréstimos linguísticos, prefixação, sufixação, sigla, onoma-
topeia, abreviação, assim como algumas questões relevantes acerca das noções de número
e gênero.
48 • capítulo 2
3
Processos Formais
de Formação do
Léxico
3 Processos Formais de Formação do Léxico
Muitas vezes, as necessidades culturais, científicas e de comunicação, de modo
geral, que surgem da vida em sociedade favorecem a renovação do léxico por
meio da criação de palavras. Há, na língua portuguesa, muitos processos pelos
quais se formam palavras. Entre os procedimentos formais, os mais comuns são
a composição e a derivação. Veremos, neste capítulo, esses e outros processos de
formação de palavras.
OBJETIVOS
Neste capítulo, você será capaz de:
• Conhecer os processos de formação de palavras;
• Diferenciar os processos pelos quais as palavras são formadas na língua portuguesa.
REFLEXÃO
Você se lembra de ter ouvido falar em neologismos? De ter estudado palavras primitivas e
palavras derivadas? Você se lembra, por exemplo, de que pedra é uma palavra primitiva e que,
a partir dela, podemos formar outras palavras, as quais chamamos de derivadas? Formamos,
portanto, a partir dessa palavra primitiva outras palavras como pedreiro, pedrada, pedrinha,
entre outras. A esse processo de formação chamamos derivação. Neste capítulo, vamos
estudar esses e outros processos de formação de palavras.
50 • capítulo 3
3.1.1 Flexão e derivação
A flexão dos nomes e dos verbos apresenta, segundo o autor, muito frequente-
mente uma alternância complementar interna que recai na vogal tônica básica:
Avô Avó
Novo Nova
capítulo 3 • 51
Este radical pode ser reduzido, por destaques sucessivos, a:
Este último radical reg que constitui o elemento irredutível e comum a to-
das as palavras do grupo, chama-se primário e coincide, em relação à língua
atual, com a raiz.
regul- é um radical secundário (ou do 2º grau), como regular é um radical
terciário (ou do 3º grau) e assim por diante.
3.2 Composição
3.3 Derivação
52 • capítulo 3
Os processos de derivação são:
capítulo 3 • 53
ATENÇÃO
Na derivação parassintética, se você eliminar o prefixo ou o sufixo, formará uma palavra
inexistente na língua.
Aldo Bizzocchi
54 • capítulo 3
Acontece que a classificação das palavras em primitivas e deriva-
das realizada pela gramática tradicional representa um reducio-
nismo grosseiro da real dinâmica do léxico da língua, bem mais
complexa do que isso. Aliás, é absurdo que, com todos os avanços
da linguística nos últimos 200 anos, ainda se ensine às crianças o
modelo gramatical de Dionísio de Trácia, do século 3 a.C.!
Composição
(...)
Derivação
capítulo 3 • 55
3.4 Hibridismo
3.5 Abreviação
3.6 Sigla
A sigla é formada pela combinação das letras iniciais de uma sequência de pala-
vras que constitui um nome. Existem dois tipos de siglas: as puras (formadas a
partir de uma letra para cada palavra) e as impuras (formadas por mais de uma
letra para cada palavra) Ex.:
Siglas puras: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
IPTU (Imposto Predial, Territorial e Urbano)
MEC (Ministério da Educação e Cultura)
56 • capítulo 3
3.7 Onomatopeia
3.8 Palavra-valise
ATIVIDADE
Leia o poema Neologismo, de Manuel Bandeira, e observe que há preocupação
não só com a fonologia, mas também com a morfossintaxe e a semântica.
capítulo 3 • 57
Agora leia o artigo abaixo que fala sobre os processos de formação de palavras e emprés-
timos:
Aldo Bizzocchi
Ideologia
58 • capítulo 3
Refecção (restauração) - Trocar vulgarismo pela palavra que lhe deu ori-
gem: silentiu, flore, que evoluíram no português arcaico seenço e chor e
foram refeitas na Renascença para “silêncio” e “flor”.
Restituição - Empréstimo de vulgarismo ou semicultismo estrangeiro
com substituição de seus morfemas por correspondentes gregos ou
latinos: inglês to feed back, português “retroalimentar”; francês opéra-
tionnel, português “operacional”.
Composição com radicais cultos - “Anteroposterior”.
Derivação a partir de radical culto com afixos cultos - “Fisiologismo”,
“globalitarismo”.
(...)
LEITURA COMPLEMENTAR
Palavras não têm rugas
Estudos históricos sobre a origem das palavras têm dificuldade para precisar quem deriva
de quem no reino das palavras
Mário Eduardo Viaro
Várias questões gramaticais e linguísticas são históricas. Devido a uma preocupação
com um recorte apenas sincrônico, por décadas do século passado pensava-se que se
fazia uma espécie de expurgo do elemento diacrônico. No entanto, a verdade é que certos
capítulo 3 • 59
temas são impossíveis de ser tratados sob outra ótica. A língua é histórica, além de ter
muitas outras características.
Da mesma forma que um biólogo, numa análise de viés ecológico, pode descrever os
elementos de uma biota prescindindo da teoria da evolução, como faz o linguista sincrôni-
co, o mesmo biólogo não poderá ignorá-la completamente, pois toda a classificação dos
seres dessa biota se pauta em uma taxonomia que só faz sentido historicamente.
Colar e colação
Uma pequena investigação histórica comprova facilmente que “colar” é que veio da pala-
vra “colação” e não o contrário, como quer nossa intuição.
REFLEXÃO
Neste capítulo, aprofundamos nossos conhecimentos acerca dos processos básicos pelos
quais as palavras podem ser formadas: a derivação e a composição e as suas subdivisões.
Aprendemos os conceitos de flexão e derivação. Aprendemos sobre hibridismo, onomato-
peia, siglas puras e impuras, entre outros. Aprofundamos também os conhecimentos o que
é raiz primária e secundária. Com base nesses estudos, é possível compreender melhor o
sentido das palavras e identificar as diferentes origens a partir de suas raízes e dos demais
elementos que as compõem, o que facilita muito no processo de decodificação da mensa-
gem e da produção textual.
LEITURA
Para conhecer mais detalhes sobre os processos de formação de palavras da língua portu-
guesa, faça a leitura dos seguintes livros:
60 • capítulo 3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo, vamos conhecer a classificação, estrutura estrutura e formação das palavras:
principais constituintes do vocábulo formal. Estudaremos as classes gramaticais variáveis e inva-
riáveis. Dentre as classes variáveis, estudaremos os substantivos, adjetivos, pronomes, numerais,
artigos e verbos.
capítulo 3 • 61
4
Classes de Palavras
e Categorias
Gramaticais
4 Classes de Palavras e Categorias
Gramaticais
OBJETIVOS
Neste capítulo, você será capaz de:
• Conhecer as classes de palavras;
• Reconhecer as classes de palavras variáveis e as classes de palavras invariáveis.
REFLEXÃO
Você se lembra das muitas dúvidas acerca da classificação dos substantivos? Concreto ou abs-
trato? Primitivo ou derivado? E a respeito dos verbos, quantas dúvidas no momento de flexio-
ná-los nos diferentes modos e tempos. Pois bem, substantivos, verbos, pronomes, entre outros,
são algumas das classificações das palavras. Vamos aprofundar nossos conhecimentos sobre
as dez classes de palavras da língua portuguesa e lidar com todas essas dúvidas para que pos-
samos dominar mais profundamente essa classificação.
Neste capítulo, vamos estudar as classes nas quais estão divididas as palavras da
língua portuguesa.
64 • capítulo 4
De acordo com Rosa (2005, p. 91), a tradição gramatical greco-latina reconhe-
ceu na palavra características de três tipos:
g) Semânticas: fornecem definições de como o substantivo é a palavra que
nomeia os seres ou como informações acerca de quais os elementos que
podem ser suprimidos do enunciado, mantendo-se, assim, uma estrutura
com significado.
h) Morfológicas: reconhecimento de que o nome pode flexionar-se em gêne-
ro, número e caso, mas não em tempo, modo ou voz.
i) Sintáticas: identificação de que o nome, mas não o verbo, pode funcionar
como sujeito, além de questões variadas acerca dos fenômenos de concor-
dância e regência.
4.2 Morfologia
capítulo 4 • 65
4.3 Classes de palavras
4.3.1 .Variáveis
As classes variáveis são formadas por palavras que sofrem algum tipo de flexão,
seja de gênero (masculino ou feminino), e de número (singular ou plural), como
o substantivo, o adjetivo, o artigo, o pronome e o numeral, e mesmo flexão de pes-
soa (1ª, 2ª ou 3ª), de tempo (presente, pretérito ou futuro) e de modo (indicativo,
subjuntivo e imperativo), como é o caso do verbo.
As classes variáveis são seis: substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pronome
e verbo.
Substantivo – palavra que dá nome aos seres: alunos, idioma, caráter, Brasil.
66 • capítulo 4
Adjetivo – palavra que modifica os seres: quebrado, recente, maravilhoso, tris-
tonho.
Artigo – palavra que precede o substantivo, determinando-o ou indeterminan-
do-o: o, os, uma, umas.
Numeral – palavra que dá ideia de número: 2008, 3º lugar, século XXI.
Pronome – palavra que acompanha ou substitui o substantivo: ela, minha tur-
ma, aquele período, muitas pessoas.
Verbo – palavra que pode sofrer as flexões de pessoa, número, tempo e modo:
caminhar, estudar, estar, chover, gear.
CONEXÃO
Leia mais sobre as classes de palavras variáveis em: http://educacao.uol.com.br/portugues/
ult1693u3.jhtm
4.3.2 Invariáveis
As classes invariáveis são formadas por palavras que não admitem nenhuma fle-
xão. São quatro as classes invariáveis em nossa língua: preposição, advérbio, con-
junção e interjeição.
Preposição – palavra que serve para ligar dois termos de uma oração: copo de
vidro, sairei com vocês.
Advérbio – palavra que modifica um verbo, um adjetivo, outro advérbio ou
toda uma oração, sempre expressando uma circunstância: moro longe, falava
muito mal.
Conjunção – palavra que serve para relacionar duas orações ou termos seme-
lhantes de uma mesma oração: a maçã e a pera; estudo, mas não trabalho.
Interjeição – Palavra que expressa sentimento ou emoção: olá!, tomara!
CONEXÃO
Leia mais sobre as classes de palavras invariáveis em: http://educacao.uol.com.br/portugues/
ult1693u4.jhtm
capítulo 4 • 67
ATIVIDADE
Com base na leitura do texto a seguir, reflita sobre a importância de se conhecerem as ori-
gens da terminologia para evitar a “decoreba” de termos técnicos.
A identidade da gramática
Mário Eduardo Viaro
68 • capítulo 4
LEITURA COMPLEMENTAR
Ensinar gramática?
Olhando uma gramática com algum cuidado, pode-se ver que se trata
de um volume muito heterogêneo. Ele contém: a) regras a serem segui-
das para praticar um desejável padrão lingüístico (ortografia, pronúncia,
concordância e regência são os casos mais óbvios); b) um conjunto de
análises de aspectos estruturais da língua (tipos de sons, de sílabas, de
classes de palavras; morfologia, sintaxe); c) um conjunto de indicações
de comportamentos sociais (evitar regionalismos e estrangeirismos, não
ser grosseiro), intelectuais (ser claro), quase morais (evitar cacofonias),
etiquetais (“ele e eu” ou “eu e ele”). O esboço, precário, permite ver que a
questão “estudar gramática” só é simplificada por falta de conhecimento
ou de boa fé.
Diria que o que mais interessa, do ponto de vista da sociedade, e as-
sumindo uma posição conservadora, é o domínio escrito de uma deter-
minada norma – que, talvez, devesse ser representada pelos jornais e
revistas, e não pela literatura. Ou seja, o “pedaço” da gramática que mais
interessa é o que diz respeito a como se pode e ou não se pode escrever.
Uma observação um pouco cuidadosa mostraria que a fala é suficien-
temente marcada por peculiaridades, e que, portanto, exigir que ela seja
como a escrita é um equívoco. Um bom exemplo é a diferença entre a es-
crita e a fala de colunistas de jornais que também falam em rádios e TVs.
A experiência mostra que esse domínio da escrita dita correta deriva qua-
se totalmente de práticas (leitura, escrita, observação da escrita, revisão
- própria e alheia) e quase nada de estudos “teóricos”. O melhor exemplo
é o dos autores que escreveram antes de haver gramáticas das línguas
em que escreveram. Os clássicos gregos são um exemplo óbvio, mas Ca-
mões também vale.
Dito isso, e para evitar todos os equívocos possíveis, proponho que a escola
tenha sua “hora de gramática”, assim como tem as horas de leitura (que
deveriam ser mais numerosas, aliás).
Mas o que se faria nessas “horas da gramática”? Não se trata de ensinar
português: nem a falar, nem a escrever, nem a ler. Trata-se de pensar sobre
a forma da língua, de mostrar como uma língua é “por dentro”, como é sua
estrutura, como ela funciona, como é “criativa” e viva.
capítulo 4 • 69
Diz-se que os alunos pouco gostam das aulas de gramática, que são arti-
ficiais e desligadas da realidade. Ora, as aulas de gramática não precisam
ser assim. Podem ser ligadas à vida (à nossa e à da língua) e agradáveis.
Para que isso seja possível, proponho três tipos de atividades, todas ligadas
à língua viva.
O primeiro consiste em analisar piadas. Quem leu de Freud pelo menos o
livro destinado a apresentar sua teoria sobre os chistes (Os chistes e sua
relação com o inconsciente) terá percebido que, para poder sustentá-la,
propõe análises lingüísticas sem as quais sua tese da relação da lingua-
gem das piadas com a dos sonhos seria puro palavrório. O que importa é
a técnica, ele insiste.
Vejamos um exemplo (que não é dele):
Fulano vai ao cinema. Chega cedo. Precisa ir ao banheiro. Vai e, quando
tenta voltar à sala,percebe que está trancada. Mas há um buraco na porta,
pelo qual pode ver o filme. Como se chama o filme? – Vida privada.
A pequena aula consistiria em, depois da risada (sintoma de que a sequên-
cia é corretamente compreendida), explicitar o que aí ocorre. Pelo menos:
a) que a sequência pode ser lida de duas maneiras: 1) vida privada e 2) vi
da privada; b) que Vida privada parece mais nome de filme do que Vi da
privada (mas isso interessa menos, porque estamos diante de uma piada
e não de um capítulo da história da sétima arte); c) que as formas vida
privada e vi da privada podem ser distinguidas pela diferença de acento
da sílaba da (final de “vida” ou começo de “da privada”); d) que vi da privada
significa “(eu) vi (o filme) da privada”, ou seja, que dois elementos cruciais
para a interpretação são elípticos, mas todo mundo sabe que estão lá.
Professores e alunos “ligados” poderão perceber fenômenos semelhan-
tes em diversas piadas e também na fala quotidiana (é uma pena que um
livro de piadas tenha sido retirado da lista da Secretaria de Educação de
São Paulo, porque piadas são um excelente material “didático”, para dis-
cutir tanto questões de língua quanto questões sociais).
O segundo consiste em analisar neologismos e estrangeirismos. Os
dois temas permitem um bom debate sobre o que é uma língua na-
cional e sua relação com as novidades culturais – vindas de fora ou
de dentro. Mas a ênfase que sugiro é relativa aos aspectos gramati-
cais. Os estrangeirismos, ao contrário do que muitos pensam, mostram
o quanto a língua é forte, que sua gramática se impõe às palavras
estrangeiras. Veja-se como pronunciamos as palavras e-mail (email),
70 • capítulo 4
hot-dog (roti-dogui), marketing (marquetchim), set (setchi), snob (es-
nobe) etc., e logo ficará claro que não estamos importando inglês, mas
fortalecendo o português (o que está em jogo é nossa cultura e nossa
mentalidade, mas não nossa língua). Sem contar que todos os verbos
importados (!) se tornam verbos regulares da primeira conjugação:
printar, estartar, inicializar, glugar etc. Não é pouco!
Observe-se agora o que ocorre com os neologismos: a gramática sempre
se revela fortíssima (gostar das palavras novas ou não é outra coisa): ala-
vancar e (des)catracalizar são só dois exemplos – derivam regularmente
de alavanca e de catraca.
O terceiro diz respeito à observação cuidadosa de um fenômeno bastante
criticado, o gerundismo. Uma lista dessas formas mostra um fenômeno
curioso: sempre há um verbo auxiliar (posso, vou), seguido do verbo estar
no infinitivo, seguido de outro verbo no gerúndio (vou estar providencian-
do, posso estar enviando).
Observem-se duas coisas: a) nunca são criticadas construções como “vou
ficar esperando / vou continuar trabalhando”, ou seja, aquelas em que não
ocorre o verbo estar; b) o primeiro verbo é sempre flexionado (concorda
com o sujeito: vou, posso, vai, pode, vamos, podemos), o segundo (estar)
está sempre no infinitivo e o terceiro, sempre no gerúndio.
Veja-se que, em qualquer construção com auxiliar + verbo, o segundo
verbo está sempre no infinitivo (vou dormir, pode deixar, devo partir), que
estar exige gerúndio (estou dormindo, sonhando, trabalhando): ou seja,
a sintaxe (a gramática) do dito gerundismo é absolutamente regular! E
portuguesa, não inglesa, como dizem muitos!
capítulo 4 • 71
4.4 Substantivo
A máquina do mundo
CONEXÃO
Leia o poema completo em: <http://www.releituras.com/drummond_amaquina.asp>.
Para nomear os seres e os objetos que fazem parte dessa “Máquina do mun-
do”, Drummond usou palavras como estrada, tarde, sino, sapatos, aves, céu. Cha-
maremos essas palavras de substantivos.
72 • capítulo 4
Substantivos são palavras que designam seres – visíveis ou
não, animados ou não –, ações, estados, sentimentos, desejos,
ideias. CEREJA; MAGALHÃES, 2005, p. 114
Substantivos como lua, sol, fevereiro e papa, entre outros, são nomes individualizados,
não como os nomes próprios, mas pelo contexto extralinguístico e pelo nosso saber que
nos diz que, no contexto natural só há uma lua, um mês de fevereiro...
capítulo 4 • 73
Entre os substantivos comuns, encontram-se os coletivos, que, embora estejam
no singular, indicam vários seres da mesma espécie.
Conforme Sacconi (1999), os coletivos podem ser:
• Específicos – indicam sempre a mesma espécie de ser, daí a não exigência
de modificadores: arquipélago, biblioteca, atlas.
• Não específicos – indicam ora esta, ora aquela espécie de seres; por isso
exigem modificadores: junta de médicos, de dois bois, de examinadores;
manada de elefantes, de cavalos, de búfalos etc.
alcateia – de lobos
álbum – de fotografias
banca – de examinadores
bandeira – de garimpeiros
bando – de aves
cacho – de uvas
concílio – de bispos
corja – de ladrões
elenco – de artistas
74 • capítulo 4
enxoval – de roupas
feixe – de lenha
flora – de vegetais
malta – de desordeiros
nuvem – de insetos
pinacoteca – de pinturas
revoada – de pássaros
vocabulário – de palavras
viviDPiXELS | DREAmStimE.com
2. Concreto ou abstrato
2.1 Concreto é o que designa ser de existência independente: casa, mar,
sol, automóvel, filho, mãe. Os substantivos concretos nomeiam pesso-
• 75
capítulo 4
as, lugares, animais, vegetais, minerais e coisas.
ATENÇÃO
Toda palavra que venha antecedida de artigo é um substantivo. Ex.: o não, o sim, o saber, o a, o
esse, o Ceasa, o Dersa etc. (SACCONI, 1999)
CONEXÃO
Leia um artigo sobre substantivos concretos e abstratos em: <http://www.kplus.com.br/mate-
ria.asp?co=197&rv=Gramatica>.
Menino Menina
Traidor Traidora
Aluno Aluna
Substantivos heterônimos são os que apresentam duas formas, uma para o mas-
culino, outra para o feminino, com radicais diferentes.
76 • capítulo 4
Homem Mulher
Bode Cabra
Boi Vaca
Substantivos uniformes são os que apresentam apenas uma forma para am-
bos os gêneros. Eles dividem-se, conforme tabelas a seguir:
• Comum de dois gêneros apresentam uma só forma para ambos os gê-
neros, com artigos distintos. Vejamos alguns exemplos.
O/A Estudante
O/A Imigrante
O/A Acrobata
O/A Agente
O/A Intérprete
O/A Lojista
O/A Mártir
O/A Viajante
O/A Artista
O/A Atleta
O/A Camelô
O/A Gerente
capítulo 4 • 77
o algoz a pessoa
o apóstolo a criança
o carrasco a vítima
o cônjuge a testemunha
o indivíduo a criatura
Observações importantes
Dependendo do significado que possuem em uma frase, há substantivos que
podem ser femininos ou masculinos. Veja alguns exemplos.
o banana (palerma, imbecil), a banana (fruto);
o cabra (homem valente), a cabra (animal);
o caixa (funcionário/a), a caixa (objeto);
o grama (medida de massa), a grama (capim);
o rádio (aparelho receptor), a rádio (estação, emissora).
ATENÇÃO
78 • capítulo 4
Inconsistência do gênero gramatical — a distinção do gênero nos substantivos não tem fundamen-
tos racionais, exceto tradição fixada pelo uso e pela norma: nada justifica serem, em português,
masculinos lápis, papel, tinteiro e femininos caneta, folha e tinta (Bechara 2009, p. 133).
Conforme Sacconi (1999), as siglas que se usam como nomes próprios têm o
gênero do nome inicial da locução substantiva. Assim, se Ceagesp significa Com-
capítulo 4 • 79
panhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, teremos uma sigla de gê-
nero feminino: a Ceagesp.
4.6 Adjetivo
Observe no poema a seguir as palavras que dão atributos aos substantivos estrelas
e facas.
Você deve ter observado que a autora caracterizou as facas como lisas ou áspe-
ras e as estrelas como leves ou densas. As palavras responsáveis por caracterizar os
substantivos são chamadas de adjetivos.
80 • capítulo 4
Derivado – o que deriva de outra palavra. Ex.: famoso, carnavalesco, amado.
Explicativo – indica uma característica própria do ser. Ex.: sangue vermelho.
Restritivo – indica uma característica acidental. Ex.: suco amargo.
Amapá amapaense
Angola angolano
Atenas ateniense
Brasília brasiliense
Catalunha catalão
Cuiabá cuiabano
capítulo 4 • 81
Localidade Adjetivo pátrio correspondente
Estados Unidos estadunidense, norte-americano, ianque
Florença florentino
Florianópolis florianopolitano
Goiânia goianiense
Gália gaulês
Havana havanês
Japão japonês
Macapá macapaense
Natal natalense
Pequim pequinês
Recife recifense
82 • capítulo 4
Localidade Adjetivo pátrio correspondente
Rio Grande do Norte rio-grandense-do-norte, potiguar, norte-rio-grandense
Romênia romeno
Sardenha sardo
Sergipe sergipano
Teresina teresinense
Tibete tibetano
Tocantins tocantinense
Vitória vitoriense
Sudeste
capítulo 4 • 83
Estado Sigla Adjetivo pátrio
São Paulo (SP) paulista, bandeirante
Centro-Oeste
Mato Grosso do
(MS) mato-grossense-do-sul, sul-mato-grossense
Sul
Nordeste
Norte
84 • capítulo 4
Estado Sigla Adjetivo pátrio
Rondônia (RO) rondoniense, rondoniano
CONEXÃO
Veja uma lista mais completa de adjetivos pátrios em: <http://www.gramaticaonline.com.br/tex-
to/839/Adjetivos_pátrios>..
capítulo 4 • 85
Muitas vezes, para caracterizar um substantivo, não usamos apenas um adjetivo,
mas uma expressão formada por mais de uma palavra. De acordo com Bechara
(2009), esta expressão é formada de preposição + substantivo ou equivalente com
função de adjetivo.
Observe os exemplos.
Homem de coragem = homem corajoso
Livro sem capa = livro desencapado
Observe que nem sempre encontramos um adjetivo de significado perfeita-
mente idêntico ao de locução adjetiva.
Colega de turma
CONEXÃO
Veja uma lista mais completa de locuções adjetivas em: <http://www.gramaticaonline.com.br/
texto/841/Locuções_adjetivas>.
Numerosos adjetivos eruditos, que significam “relativo a”, “próprio de”, “seme-
lhante a”, “da cor de”, equivalem a locuções adjetivas: torácico = do tórax, relativo
ao tórax; sulfurino = da cor do enxofre; férreo = de ferro, como ferro.
86 • capítulo 4
de estômago = gástrico, es-
de abdômen = abdominal de orelha = auricular
tomacal
capítulo 4 • 87
de baço = esplênico de ganso = anserino de prado = pratense
88 • capítulo 4
de cão = canino de lago = lacustre de selo = filatélico
capítulo 4 • 89
de moeda = monetário, nu- de universo ( habitado) =
de criança = pueril, infantil
mismático ecumênico
de vasos sanguíneos =
de dedo = digital de monstro = monstruoso
vascular
de diamante = adamantino,
de nádegas = glúteo de velho, velhice = senil
diamantino
90 • capítulo 4
4.6.4 Gênero do adjetivo
Nos adjetivos terminados em -oso, muda-se a vogal tônica fechada para vogal
aberta: glorioso (ô), gloriosos (ó); famoso (ô), famosos (ó)
Conforme Cegalla (2005), para formar o plural dos adjetivos compostos obser-
vem-se os seguintes princípios.
• Os componentes sendo adjetivos, somente o último toma a flexão do plu-
ral: cabelos castanho-escuros, saudades doce-amargas, ciências político-so-
ciais, conflitos russo-americanos, lenços verde-claros, folhas verde-escuras,
jogos infanto-juvenis.
• Flexionam-se os dois componentes de surdo-mudo: meninos surdos-mu-
dos, crianças surdas-mudas.
capítulo 4 • 91
• Azul-marinho, azul-celeste e azul-ferrete são invariáveis: ternos azul-mari-
nho, mantos azul-celeste, gravatas azul-ferrete.
• Os componentes sendo palavra (ou elemento) invariável + adjetivo, somente
esse último se flexionará: meninos mal-educados, crianças recém-nascidas.
• Os compostos de adjetivo + substantivo são invariáveis: tapetes verde-esme-
ralda, saias azul-pavão, olhos verde-mar, vestidos azul-turquesa.
• Invariáveis ficam também as locuções adjetivas formadas de cor + de +
substantivo: vestidos cor-de-rosa, olhos da cor do mar, cabelos cor-de-palha,
olhos da cor da safira.
92 • capítulo 4
Excepcionalmente, usam-se as formas analíticas desses adjetivos quando se
comparam duas qualidades do mesmo ser. Ex.: Aquele menino é mais bom que
inteligente.
• O superlativo pode:
a) ressaltar, com vantagem ou desvantagem, a qualidade do ser em rela-
ção a outros seres.
Carol é a mais cuidadosa das (ou dentre as) pretendentes ao emprego.
Pedro é o menos cuidadoso dos pretendentes.
capítulo 4 • 93
acre / acérrimo grande / máximo
alto / supremo, sumo humilde / humílimo
ágil / agílimo incrível / incredibilíssimo
amargo / amaríssimo inimigo / inimicíssimo
amável / amabilíssimo íntegro / integérrimo
amigo / amicíssimo livre / libérrimo
antigo / antiquíssimo magnífico / magnificentíssimo
áspero / aspérrimo magro / macérrimo
atroz / atrocíssimo mau / péssimo
baixo / ínfimo mísero / misérrimo
benéfico / beneficentíssimo negro / nigérrimo
benévolo / benevolentíssimo notável / notabilíssimo
bom / ótimo pobre / paupérrimo
célebre / celebérrimo pródigo / prodigalíssimo
comum / comuníssimo provável / probabilíssimo
cristão / cristianíssimo pudico / pudicíssimo
cruel / crudelíssimo respeitável / respeitabilíssimo
difícil / dificílimo sábio / sapientíssimo
doce / dulcíssimo sagrado / sacratíssimo
dócil / docílimo salubre / salubérrimo
fácil / facílimo são / saníssimo
feliz / felicíssimo simpático / simpaticíssimo
feroz / ferocíssimo
94 • capítulo 4
• Por meio de certas expressões da língua coloquial: podre de rico, linda de
morrer.
• Com o adjetivo no diminutivo: a igreja ficou cheinha.
• Com o adjetivo no aumentativo: boi grandão, homem grandalhão, moço
bonitão.
4.7 Artigo
capítulo 4 • 95
f) Dizem-se com artigo os nomes de trabalhos literários e artísticos (se o arti-
go pertence ao título, deve ser escrito obrigatoriamente com maiúscula): a
Eneida, a Jerusalém libertada, Os Lusíadas, A Tempestade.
g) A palavra todo, no singular, pode vir ou não seguida de artigo, com os signi-
ficados de inteiro, total e cada, qualquer.
Toda a família estava presente. ( = a família inteira)
CONEXÃO
Leia um artigo sobre o uso do artigo antes de nomes próprios: <http://www.portrasdasletras.
com.br/pdtl2/sub.php?op=gramatica/docs/ousodeartigo>.
ATENÇÃO
Toda e qualquer palavra que for anteposta por um artigo passará a ser um substantivo.
4.8 Numeral
96 • capítulo 4
Há ainda os numerais coletivos que são aqueles que indicam um aglomerado de
quantidades (século – período de cem anos, bimestre – período de dois meses).
ATENÇÃO
As palavras último, penúltimo e antepenúltimo são adjetivos. Metade é substantivo.
4.9 Pronome
capítulo 4 • 97
Os pronomes que funcionam como substantivos chamam-se pronomes subs-
tantivos; e os que acompanham os substantivos, pronomes adjetivos.
Ex.: Esta casa é mais confortável que a outra. (esta – pron. adjetivo; outra –pron.
subst.)
ATENÇÃO
Os pronomes exercem papel fundamental nas interações verbais. São eles que indicam as pesso-
as do discurso, expressam formas sociais de tratamento e substituem, acompanham ou retomam
palavras e orações já expressas. Contribuem, assim, para garantir a síntese, a clareza, a coerência
e a coesão do texto. CEREJA; MAGALHÃES, 2005
Pronomes pessoais são aqueles que indicam as três pessoas do discurso. Clas-
sificam-se em retos e oblíquos.
98 • capítulo 4
A variação em pessoais retos e pessoais oblíquos está ligada à função que os
pronomes desempenham na frase. Se for função de sujeito, usam-se os pronomes
retos; se for função de objeto direto, usam-se, normalmente, os pronomes oblí-
quos átonos e, na função de objeto indireto, os pronomes oblíquos tônicos.
Emprego dos pronomes pessoais:
• As formas oblíquas o, a, os e as completam verbos que não vêm regidos de
preposição; enquanto lhe e lhes completam verbos regidos das preposi-
ções a ou para (não expressas).
• Em pouco uso, porém vigente, as formas mo, to, no-lo, vo-lo, lho e flexões
resultam da fusão de dois objetos, representados por pronomes oblíquos
(ninguém mo disse = ninguém o disse a mim).
• O/a (s), me, te, se, nos, vos desempenham função se sujeitos de infinitivo
ou de verbo no gerúndio, junto ao verbo fazer, deixar, mandar, ouvir e ver
(mandei-o entrar / eu o vi sair / deixei-as chorando).
• Você hoje é usado no lugar das segundas pessoas (tu/vós), levando o verbo
para a 3ª pessoa.
• Me, te, se, nos, vos podem ter valor reflexivo, enquanto se, nos, vos podem
ter valor reflexivo e recíproco.
capítulo 4 • 99
• Conosco e convosco devem aparecer na sua forma analítica (com nós e com
vós), quando vierem com modificadores (todos, outros, mesmos, próprios,
numeral ou oração adjetiva).
Observe o uso dos pronomes pessoais neste excerto da música Oração ao tem-
po, de Caetano Veloso:
Oração ao tempo
100 • capítulo 4
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo
capítulo 4 • 101
Pronomes de Abreviatura Abreviatura
Usados para:
tratamento singular plural
Pessoas familiares,
Você V. VV.
íntimas
Vossa
V. Em.ª V. Em.ªs Usado para cardeais.
Eminência
Vossa
V.S. – Usado para o papa.
Santidade
102 • capítulo 4
4.12 Pronomes possessivos
capítulo 4 • 103
O mistério da casa
ATIVIDADE
1. Observe a presença dos pronomes neste excerto da música de Caetano Veloso e faça uma breve
análise sobre o uso dos pronomes pessoais do caso reto e oblíquo e justifique o uso do demons-
trativo esse no primeiro verso.
2. Observe esta estrofe retirada da música O Quereres de Caetano Veloso e identifique um adjetivo
no grau superlativo.
104 • capítulo 4
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és
Ah! bruta flor do querer
Ah! bruta flor, bruta flor (...)
REFLEXÃO
Neste capítulo, vimos a classe do substantivo e as três classes de palavras relacionadas ao
substantivo: o adjetivo, utilizado para dar atributos, o artigo, que particulariza ou generaliza o
substantivo, e o numeral, responsável por quantificar, e a classe dos pronomes, como eles se
classificam, como variam ou não e como devem ser utilizados. Fica evidente a importância
da utilização correta dos pronomes para uma satisfatória coesão textual. Como você viu, os
pronomes podem substituir ou acompanhar o substantivo e podem, portanto, ter função de
núcleo ou função secundária nas frases.
Quando você estudar sintaxe, irá perceber que, ao contrário do substantivo (que funciona
como núcleo), o adjetivo, o artigo e o numeral têm uma função secundária, mas não menos
importante, nas frases. Eles aparecem com função de adjunto adnominal, por exemplo, por-
que vêm junto com o nome (o substantivo).
LEITURA
Se você quiser ver outros exemplos e fazer vários exercícios, um livro interessante é a No-
víssima gramática da língua portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla, da Editora
IBEP Nacional.
Outra gramática muito boa é a de Ulisses Infante e Pasquale Cipro Neto, Gramática da
língua portuguesa, publicada pela Editora Scipione.
capítulo 4 • 105
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo, vamos conhecer a classe de palavras que compõem o sintagma verbal,
o papel dos verbos no uso da língua e a classificação das interjeições como uma classe de
palavras. Aprenderemos também o conceito de neologismo e suas implicações para o pro-
cesso vocabular, o novo acordo ortográfico e a morfologia.
106 • capítulo 4
5
Classes de Palavras
que Compõem o
Sintagma Verbal,
Neologismos e
o Novo Acordo
Ortográfico
5 Classes de Palavras que Compõem o
Sintagma Verbal, Neologismos e o
Novo Acordo Ortográfico
Neste capítul,o estudaremos a classe de palavras responsável por indicar ações,
estado, mudança de estado ou fenômenos da natureza: o verbo. Vamos detalhar
como os verbos se classificam e como eles variam. Veremos também os neologis-
mos e o Novo Acordo Ortográfico.
OBJETIVOS
Neste capítulo, você será capaz de:
• Conhecer a classe de palavras que compõe o sintagma verbal;
• Aprender os neologismos e o Novo Acordo Ortográfico.
REFLEXÃO
Nas séries iniciais você aprendeu que os verbos são palavras que indicam ação, mas
você se lembra de que alguns verbos também podem indicar estado, mudança de estado
ou fenômenos da natureza? Vamos estudar agora como os verbos se flexionam, suas
vozes, conjugações, como se classificam, quais são seus elementos estruturais, além do
emprego dos tempos, modos e formas nominais do verbo. Além disso, vamos estudar os
neologismos e o Novo Acordo Ortográfico.
Verbo é a palavra que indica ação praticada ou sofrida pelo sujeito, fato do qual
o sujeito participa ativamente, estado, mudança de estado, qualidade do sujeito
ou fenômeno da natureza. Pode sofrer flexões de número, pessoa, tempo e modo.
Ao conjunto de flexões verbais se dá o nome de conjugação.
108 • capítulo 5
Conjugação verbal
Há três conjugações para os verbos da língua portuguesa, caracterizadas pela
vogal temática.
ATENÇÃO
O verbo pôr e seus derivados pertencem à 2ª conjugação, por se originarem do antigo verbo poer.
e) Modo – indica a maneira, o modo como o fato se realiza. São três os mo-
dos verbais na língua portuguesa.
• Indicativo, que expressa atitudes de certeza.
• Subjuntivo, que expressa atitudes de dúvida, hipótese, desejo.
• Imperativo, que expressa atitude de ordem, pedido, conselho.
capítulo 5 • 109
f) Tempo – indica o momento ou a época em que se realiza o fato. São três
os tempos: presente, passado (ou pretérito) e futuro.
O verbo flor
Royik Yevgen | Dreamstime.com
CONEXÃO
Para conhecer a letra completa da música, acesse:
<http://letras.mus.br/mpb4/945681/>. Acesso em 11/3/2013.
As vozes dos verbos são as formas que estes assumem para indicar a relação
de atividade, passividade ou, simultaneamente, ambas as coisas. São três as
vozes verbais: ativa, passiva e reflexiva (MESQUITA, 1998, p. 250).
a) Na voz ativa, o sujeito da ação é o agente, praticante da ação verbal.
Exemplo: O garoto quebrou a janela.
110 • capítulo 5
b) Na voz passiva, o sujeito é paciente, sofre a ação, é recebedor da ação verbal.
Exemplo: A janela foi quebrada pelo garoto.
A voz passiva pode ser:
• Analítica – formada pelos verbos ser, estar e ficar, seguidos de parti-
cípio. Ex.: O cabelo foi penteado por mim.
• Sintética – formada por um verbo transitivo direto acompanhado
do pronome se, do qual se diz apassivador. Ex.: Penteou-se.
ATENÇÃO
No plural, a voz reflexiva pode indicar reciprocidade de ação. Ex.: Nós nos penteamos. (Um pen-
teou o outro.)
Observações:
capítulo 5 • 111
c) São estes os principais verbos auxiliares que formam locução verbal com
o verbo principal:
Acabar de: Susana acabou de sair.
Andar: Ando trabalhando muito.
Atrever-se a: Não se atreva a dizer isso.
Buscar: Buscamos encontrar uma solução.
Chegar a: Não cheguei a dizer isso.
Começar a: Começou a chover faz pouco.
Conseguir: Não consegui falar direito.
Continuar a: Continuo a falar disso.
Costumar: Costumo jantar ao meio-dia.
Deixar de: Não deixe de agradar o cão.
Desejar: Desejamos ver o Papa.
Haver de: Hei de ver esse jogo.
Ir: Eliana vai fazer o trabalho.
Odiar: Odeio ouvir essas coisas.
Ousar: Não ousei beijar Juçara.
Parar de: Pare de fazer barulho!
Parecer: As crianças parecem chorar.
Poder: Não posso viver sem você.
Pôr-se a: Cassilda pôs-se a chorar.
Precisar: Precisamos progredir muito.
Pretender: Pretendo casar com ela.
Querer: O menino queria ver o cometa.
Tentar: Tentei abrir a porta.
Ter de: Tenho de encontrar uma solução.
Tornar a: Tornei a telefonar há Paula.
Vir: Venho insistindo nisso a tempo.
Nossa língua não dispõe de flexões próprias suficientes para exprimir com
rigor todos os momentos do processo verbal. Vale-se, então, dos verbos au-
xiliares, que são usados para exprimir os mais diferentes aspectos da ação.
CONEXÃO
Veja uma lista de verbos utilizados para indicar sons de animais em :
<http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=gramatica/docs/vozesdeanimais>.
112 • capítulo 5
5.5 Elementos estruturais do verbo
Os verbos possuem uma estrutura que se compõe de: um radical (R), mais uma vo-
gal temática (VT), ambas constituindo o tema (T), mais as desinências modo-tem-
poral (DMT) e número-pessoal (DNP)2 .
Radical (R) é o elemento portador do significado e a parte do verbo que so-
bra, quando retiradas as terminações -ar, -er, -ir. Portanto, am-, vend- e part- são
radicais. O radical, embora às vezes alterado, aparece em toda a conjugação.
Retirado o radical, restarão os morfemas: VT, DMT e DNP, elementos que po-
dem aparecer ou não durante a conjugação.
Vogal temática é o elemento que caracteriza as conjugações. São três: -a-, -e-, -i-.
V = R + VT + DMT + DNP
Vejamos para que nos serve a fórmula estrutural, comparando duas formas
verbais diferentes.
Cantavas x cantássemos
Sabemos que cantavas é a 2ª pessoa do singular do imperfeito do modo indi-
cativo, enquanto cantássemos é a 1ª pessoa do plural do imperfeito do subjuntivo.
capítulo 5 • 113
Como podemos confirmar essas conjugações? Por meio dos elementos es-
truturais. Basta que separemos e confrontemos os elementos mórficos dos ver-
bos: cant/a/va/s e cant/á/sse/mos.
R = cant R = cant
VT = a VT = a
Imperfeito do
VA (ve) 1a. amava, amáveis
indicativo
Imperfeito do
A (e) 2a. e 3a. corria, partia
indicativo
114 • capítulo 5
Desinências Tempo e modo Conjugação Exemplos
Presente do
E 1a. cante, cantem
subjuntivo
Presente do
A 2a. e 3a. corra, partam
subjuntivo
Pessoas e números
(presente do Desinências Exemplos
indicativo)
2a. pessoa do singular -s, -ste, -es cantas, corres, partes, venderes
capítulo 5 • 115
Pessoas e números
(presente do Desinências Exemplos
indicativo)
Neologismo
(...)
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teodora.
CONEXÃO
Leia um artigo sobre a criação de verbos em -izar: <http://www.portrasdasletras.com.br/
pdtl2/sub.php?op=gramatica/docs/verbosterminadosemizar>.
116 • capítulo 5
5.6 Neologismos
Neologismo
Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, a verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teodora.
BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1970.
capítulo 5 • 117
CONEXÃO
Para leitura completa do poema, acesse o link: <http://www.luso-poemas.net/modules/
news03/article.php?storyid=1511>. Acesso em 11/3/2013.
118 • capítulo 5
ATENÇÃO
Os princípios fonéticos e etimológicos correspondem, respectivamente, à fonética e à etimologia.
A fonética estuda os sons de uma língua, ou seja, os sons vocais em sua natureza física e fisioló-
gica. A etimologia ocupa-se do estudo da origem das palavras.
CONEXÃO
No link a seguir, você poderá ler o texto do Acordo na íntegra: http://www.abril.com.br/arqui-
vo/acordo_ortografico.pdf
capítulo 5 • 119
5.8 Acentuação gráfica
A sílaba mais forte de uma palavra recebe o acento de intensidade ou acento tô-
nico. O acento tônico nem sempre corresponde a um acento gráfico. Existem re-
gras que, por convenção, estabelecem em quais casos o acento tônico é marcado
graficamente. As regras de acentuação gráfica, portanto, estabelecem quando a
sílaba tônica de uma palavra é marcada graficamente e o tipo de acento gráfico.
ATENÇÃO
A sílaba tônica de uma palavra, na língua portuguesa, pode estar em três diferentes posições.
Cada posição corresponde a uma classificação. Quando a sílaba tônica é a última, a palavra é
oxítona. Se a sílaba tônica é a penúltima, a palavra é paroxítona. Quando a sílaba tônica é a ante-
penúltima, a palavra é proparoxítona. As palavras de uma sílaba são denominadas monossílabos
tônicos ou átonos de acordo com a intensidade que elas apresentam numa frase.
São acentuados graficamente os terminados em a(s), e(s), o(s), éi(s), éu(s), ói(s).
Exemplos: pá, pé, sê, pó, pôs, dó, réis, céu, réu, rói.
As formas verbais têm e vêm são acentuadas graficamente em oposição às
formais verbais no singular tem e vem. Também é acentuado graficamente o
verbo pôr em oposição à preposição por.
Veja alguns exemplos:
Os alunos têm apresentado bons resultados. /O aluno tem apresentado
bom resultado.
Os turistas vêm nos visitar mais vezes quando são bem tratados. / O turista
vem nos visitar mais vezes quando é bem tratado.
É preciso pôr as contas em dia./ Ele disse que há muita coisa por fazer.
120 • capítulo 5
5.8.2 Palavras oxítonas
capítulo 5 • 121
do singular do presente do indicativo do verbo apoiar), jiboia, europeia,
heroico (diferentemente de herói, que é oxítona).
5.9 Trema
122 • capítulo 5
5.10 Hífen
Com os prefixos AUTO, CONTRA, EXTRA, INFRA, INTRA, NEO, PROTO, PSEU-
DO, SEMI, SUPRE e ULTRA somente devemos usar o hífen se a palavra seguinte
começar por “h”ou vogal igual à vogal final do prefixo. Antes do acordo, tam-
bém se usava o hífen quando a palavra seguinte começava por h, r, s e qualquer
vogal. O Novo Acordo mudou isso. Também é importante atentar para o fato de
que nas palavras iniciadas por r ou s, além de não mais se usar o hífen, é preciso
dobrar essas letras.
Auto-hipnose, auto-observação, autoadesivo, autoanálise, autobiogra-
fia, autoconfiança, autocontrole, autocrítica, autoescola, automedicação,
autopeça, autopiedade, autopromoção, autorretrato, autosserviço, autossu-
ficiente, autossustentável.
Contrabaixo, contraceptivo, contracheque, contradizer, contraespião, con-
trafilé, contragolpe, contraindicação, contramão, contraordem, contrapartida,
contrapeso, contraproposta, contrarreforma, contrassenso.
Extraconjugal, extracurricular, extraditar, extraescolar, extrajudicial, extra-
oficial, extraterrestre, extratropical.
Infracitado, infraestrutura, infraocular, infrarrenal, infrassom, infraverme-
lho, infravioleta.
Intracelular, intragrupal, intramolecular, intramuscular, intranet, intrao-
cular, intrarracial, intrauterino, intravenoso.
Neoacadêmico, neocolonialismo, neofascismo, neoirlandês, neoliberal,
neonatal, neorromântico, neossocialismo, neozelandês.
Protoevangelho, protagonista, protótipo, protozoário.
Pseudoartista, pseudocientífico, pseudoedema, pseudoproblema, pseu-
dorrainha, pseudorrepresentação, pseudossábio.
Semiaberto, semialfabetizado, semiárido, semibreve, semicírculo, semi-
deus, semiescravidão, seminu, semirreta, semisselvagem, semitangente, semi-
úmido, semivogal.
capítulo 5 • 123
Supracitado, supramencionado, suprapartidário, suprarrenal, suprassumo.
Ultracansado, ultraelevado, ultrafamoso, ultrajudicial, ultranacionalismo,
ultraoceânico, ultrapassagem, ultrarradical, ultrarromântico, ultrassensível,
ultrassom, ultrassonografia.
Com os prefixos ANTE, ANTI, ARQUI e SOBRE somente se usará hífen se a
palavra seguinte começar com “h”ou vogal igual à vogal final do prefixo. Pela re-
gra antiga, também se usava o hífen quando a palavra seguinte começava com
“s” e “r”.
Antebraço, antecâmara, antediluviano, antegozar, ante-histórico, antemão,
anteontem, antepenúltimo, anteprojeto, anterrepublicano, antessala, antevés-
pera, antevisão.
Antiabortivo, antiácido, antiaéreo, antialérgico, anticoncepcional, antide-
pressivo, antigripal, anti-hemorrágico, anti-herói, anti-horário, anti--imperia-
lismo, anti-inflacionário, antioxidante, antirrábico, antirradicalista, antissemi-
ta, antissocial, antivírus.
Arquibancada, arquidiocese, arqui-hipérbole, arqui-inimigo, arquimilioná-
rio, arquirrival, arquissacerdotal.
Sobreaviso, sobrecapa, sobrecomum, sobrecoxa, sobre-erguer, sobre-huma-
no, sobreloja, sobremesa, sobrenatural, sobrenome, sobrepasso, sobrerrenal.
Com os prefixos HIPER, INTER e SUPER, somente se usará hífen se a pala-
vra seguinte começar com “h”ou “r”.
Hiperativo, hiperglicemia, hiper-hidratação, hiper-humano, hiperinflação,
hipermercado, hiper-realismo, hiper-reativo, hipersensibilidade, hipertensão,
hipertrofia.
Interação, interativo, intercâmbio, intercessão, intercontinental, interdis-
ciplinar, interescolar, interestadual, interface, inter-helênico, inter--humano,
interlocutor, intermunicipal, inter-racial, inter-regional, inter- -relação, inter-
seção, intertextualidade.
Superaquecido, supercampeão, supercílio, superdosagem, superfaturado,
super-habilidade, super-homem, superinvestidor, superleve, supermercado,
superlotado, super-reativo, super-requintado, supersecreto, supervalorizado.
Com o prefixo SUB, somente será usado o hífen se a palavra seguinte come-
çar com “b”ou “r”.
subaquático, sub-base, subchefe, subclasse, subcomissão, subconjunto,
subdiretor, subdivisão, subeditor, subemprego, subentendido, subestimar,
subfaturado, subgrupo, sub-hepático, sub-humano, subjugado, sublocação,
submundo, subnutrido, submundo, suboficial, subprefeito, sub-raça, sub-rei-
124 • capítulo 5
no, sub-reitor, subseção, subsíndico, subsolo, subtítulo, subtotal.
Com o prefixo CO, somente será usado o hífen se a palavra seguinte come-
çar com “h”.
Coautor, cofundador, co-herdeiro, cosseno, cotangente, coobrigação, coo-
cupante, cooperar, coordenar.
capítulo 5 • 125
MAXI: maxidesvalorização
MEGA: megaevento, megaempresário
MICRO: microcomputador, micro-onda
MINI: minidicionário, mini-hotel, minissaia
MONO: monobloco, monossílabo
MORFO: morfossintaxe, morfologia
MOTO: motociclismo, motosserra
MULTI: multicolorido, multissincronizado
NEURO: neurocirurgião
ONI: onipresente, onisciente
ORTO: ortografia, ortopedia
PARA: paramilitares, parapsicologia
PLURI: plurianual
PENTA: pentacampeão, pentassílabo
PNEUMO: pneumotórax, pneumologia
POLI: policromatismo, polissíndeto
PSICO: psicolinguística, psicossocial
QUADRI: quadrigêmeos
RADIO: radioamador
RE: reposição, rever, rerratificação
RETRO: retroagir, retroprojetor
SACRO: sacrossanto
SOCIO: sociolinguístico, sociopolítico
TELE: telecomunicações, televendas
TERMO: termodinâmica, termoelétrica
TETRA: tetracampeão, tetraplégico
TRI: tridimensional, tricampeão
UNI: unicelular
ZOO: zootecnia, zoológico
126 • capítulo 5
• Em compostos em que o primeiro elemento é forma apocopada (BEL-,
GRÃ-, GRÃO- ...) ou verbal: bel-prazer, grã-fino, grão-duque, el-rei, arra-
nha-céu, cata-vento, quebra-mola, para--lama, beija-flor.
• Em nomes próprios compostos que se tornaram comuns: Santo-Antô-
nio, Dom-João, Gonçalo-Alves.
• Em nomes gentílicos: cabo-verdiano, porto-alegrense, espírito--santen-
se, mato-grossense.
• Em compostos em que o primeiro elemento é numeral: primeiro-minis-
tro, primeira-dama, segunda-feira.
• Em compostos homogêneos (dois adjetivos, dois verbos): técnico-cientí-
fico, luso-brasileiro, azul-claro, quebra-quebra, corre-corre.
• Em compostos de dois substantivos em que o segundo faz papel de adje-
tivo: carro-bomba, bomba-relógio, laranja-lima, manga-rosa, tamanduá
-bandeira, caminhão-pipa.
• Em composto em que os elementos, com sua estrutura e acento, perdem
a sua significação original e formam uma nova unidade semântica: copo-
de-leite, couve-flor, tenente-coronel, pé-frio.
O GLOBO
ATIVIDADE
1. Identifique as desinências modo-temporais nas formas verbais desta letra de música.
Tempo rei
Não me iludo
Tudo permanecerá do jeito que tem sido
Transcorrendo
Transformando
Tempo e espaço navegando todos os sentidos
Pães de Açúcar
Corcovados
Fustigados pela chuva e pelo eterno vento
Água mole
Pedra dura
capítulo 5 • 127
Tanto bate que não restará nem pensamento
Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei
Transformai as velhas formas do viver
Ensinai-me, ó, pai, o que eu ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo, socorrei
Pensamento
Mesmo o fundamento singular do ser humano
De um momento
Para o outro
Poderá não mais fundar nem gregos nem baianos
Mães zelosas
Pais corujas
Vejam como as águas de repente ficam sujas
Não se iludam
Não me iludo
Tudo agora mesmo pode estar por um segundo
Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei
Transformai as velhas formas do viver
Ensinai-me, ó, pai, o que eu ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo, socorrei
Gilberto Gil
© Gege Edições Musicais Ltda. (Brasil e América do Sul) / Preta Music (Resto do mundo).
REFLEXÃO
Nesta capítulo, aprofundamos os conhecimentos sobre outra classe de palavras com papel
fundamental nas orações: o verbo. Vimos as flexões, as vozes e os tempos compostos da
voz ativa. Vimos também como os tempos verbais são formados. Aprofundamos os conheci-
mentos sobre os neologismos e sobre o Novo Acordo Ortográfico. Espero que todos esses
conhecimentos tenham contribuído para a sua formação e que os auxiliem na sua jornada
profissional e pessoal.
128 • capítulo 5
LEITURA
Se você quiser se aprofundar no estudo dos verbos, um bom livro é a arte da conjugação dos
verbos em português, de Ivone C. Benedetti, da Editora Martins Fontes.
Outro livro muito bom para consulta é a gramática de Maria Aparecida Ryan, conjugação dos
verbos em português: prático e eficiente, publicado pela Editora Ática.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
CEGALA, D. P. Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: Naci onal, 2005.
MESQUITA. Roberto Melo. Gramática da língua portuguesa. São Paulo: Saraiva, 1998.
EXERCÍCIO RESOLVIDO
Capítulo 1
Observem a letra desta música de Caetano Veloso:
Língua
Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
capítulo 5 • 129
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixe os Portugais morrerem à míngua
“Minha pátria é minha língua”
Fala Mangueira! Fala!
Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?
Vamos refletir?
Dentre as várias acepções sobre o termo língua: “um sistema de signos que
exprime ideias”, “uma coleção de dados”, “resultado da interação de dois com-
ponentes: o estágio inicial, comum à espécie, e aquilo que vai sendo aprendido
com o ambiente linguístico”:
http://literatortura.com/2013/09/cancao-lingua-caetano-veloso-minucioso-trata-
do-lingua-portuguesa/ de Luiz Antônio Ribeiro
130 • capítulo 5
E furtem cores como camaleões
Eis a função do poeta: confundir prosódias, ou seja, tipos de fala, sotaques, ritmos, acentos,
misturando tudo em um amálgama poético. Profundir paródias, também uso do poeta, está
ligado ao fato do Caetano, entre outras coisas, se utilizar do rap para contar sua história da
língua.
“Minha Pátria é minha língua” é uma frase do poema do O Livro do Desassossego de Bernar-
do Soares, heterônimo de Fernando Pessoa, no qual ele diz que seu apego não está ligado
à nação, à pátria como um território, uma terra, que tudo isso lhe pode ser retirado, mas sua
língua é sua grande referência de sentimento nacional, de pertencimento. Por isso, em língua,
“minha pátria é minha língua” se resume apenas em “Fala Mangueira”, para dar voz à nossa voz.
capítulo 5 • 131
unidades maiores. A discussão proposta no capitulo pelas autoras é acerca da interpretação,
do foco a respeito da unidade fundamental para representar a correlação entre o plano da
expressão e o do conteúdo. Esse papel pode ser atribuído ao morfema. Portanto, temos duas
unidades distintas como possíveis centros de interesse para os estudos da morfologia. Essa
diferença no que diz respeito à unidade em que está centrado o estudo morfológico, se no
morfema ou na palavra, redunda de maneiras diferentes de focalizar a morfologia.
Texto
Oficina
Aprendiz de poeta,
Vou tecendo meu verso
Com os fios da esperança
E as vozes da memória.
Tecelã do irreal,
Projeta a realidade
Nas tramas da palavra.
132 • capítulo 5
Na aspereza das fibras,
O ressonar do rio
E a ciranda dos heróis.
Na superfície intacta,
O voo livre do pássaro
Descreve o infinito.
(LAROCA, Maria Nazaré de. Sem cerimônia. Juiz de fora,
Edição do autor, 1985, 2ª edição:2000)
Capítulo 2
1. Leia este artigo que mostra a trajetória de uma família de palavras que tem
origem no mero ato de esticar:
Com a corda bem esticada
Mário Eduardo Viaro
Leitura do texto e reflexão pessoal
Capítulo 3
capítulo 5 • 133
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teodora.
Capítulo 4
1. Observe a presença dos pronomes neste excerto da música de Caetano Ve-
loso e faça uma breve análise sobre o uso dos pronomes pessoais do caso
reto e oblíquo e justifique o uso do demonstrativo esse no primeiro verso.
134 • capítulo 5
a) esse – pronome demonstrativo
b) me – pronome pessoal do caso obliquo
c) mim- pronome pessoal do caso obliquo
d) seus – pronome possessivo
e) ele- pronome pessoal do caso reto
f) minha- pronome possessivo
g) eu – pronome pessoal do caso reto
2. Faça uma breve análise sobre o uso dos pronomes pessoais do caso reto e obliquo. Os
pronomes pessoais do caso reto têm a função de sujeito da oração, portanto temos no
poema, dois sujeitos: eu e ele.
Eu = que aceito tudo, que sou submissa
Ele = Que a consome, que chega quando quer....
Entre esses sujeitos há a presença dos pronomes que indicam posse, os pronomes
possessivos: seus olhinhos... minha vida....
capítulo 5 • 135
Disponível em: <http://letras.mus.br/caetano-veloso/144566/> Acesso em 5/4/2013.
Neste poema, temos o adjetivo doce, que se encontra no grau superlativo absoluto sintético:
dulcíssimo.
Capítulo 5
136 • capítulo 5
Ensinai-me, ó, pai, o que eu ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo, socorrei
Pensamento
Mesmo o fundamento singular do ser humano
De um momento
Para o outro
Poderá não mais fundar nem gregos nem baianos
Mães zelosas
Pais corujas
Vejam como as águas de repente ficam sujas
Não se iludam
Não me iludo
Tudo agora mesmo pode estar por um segundo
Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei
Transformai as velhas formas do viver
Ensinai-me, ó, pai, o que eu ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo, socorrei
© Gege Edições Musicais Ltda. (Brasil e América do Sul) / Preta Music (Resto do mudo).
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