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RESUMO: Ensaios de conexão realizados com equipamento desenvolvido por Urashima e Martins
(2004) no Departamento de Engenharia Civil da UNESP-FEG permitiram verificar que o
procedimento de montagem do sistema blocos-geogrelha, a escolha do material e forma de
preenchimento dos vazios, tem grande influência nos resultados. O trabalho apresenta as envoltórias de
resistência de conexões obtidas para o sistema blocos-geogrelha, camada simples, para as condições
sem preenchimento e preenchidas com pedrisco e brita. A interpretação dos resultados e principalmente
a compreensão das dispersões observadas podem ser visualizadas pela análise dos mecanismos de
ruptura que ocorreram nos membros transversais da geogrelha, devido à resistência passiva gerada pela
brita. Os resultados demonstram que a definição da resistência da conexão a ser utilizada no
dimensionamento está associada ao procedimento de construção do sistema blocos-geogrelha e
principalmente da granulometria e do grau de compactação do material de preenchimento, caso
contrário, na dúvida nos procedimentos de implantação, recomenda-se a utilização do limite inferior de
resistência.
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montagem do sistema blocos-geogrelha, a escolha Tanto o equipamento quanto os procedimentos
do material e forma de preenchimento dos vazios, de ensaio são embasados na Norma ASTM
influenciam nos resultados dos ensaios de D6638-01 para determinação da resistência de
resistência de conexão. conexão entre a geogrelha e os blocos
segmentados comumente empregados em
2 MATERIAIS, EQUIPAMENTO E estruturas de contenção de taludes. A Figura 1
METODOLOGIA DE ENSAIO apresenta uma vista geral do equipamento.
2.1 Materiais
2.2 Equipamento
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3 TEORIA BÁSICA
F35-S-Pedrisco-BLR-Sob18KPa
Carga [KN/m]
geogrelha é realizado por meio da análise da 8
resistência última da conexão, ou seja, a máxima 6
força por unidade de comprimento gerada pela 4
2
conexão (T ultima). Os valores são expressos em
0
(kN/m) usando a Equação abaixo: -20 0 20 40 60
Deslocamento [mm]
T ultima = Fp / Cg (1)
Potenciômetro 1 Potenciômetro 2
onde:
Figura 5. Exemplo de um resultado de ensaio de
Fp é força de ruptura e Cg é a largura do corpo de arrancamento.
prova.
Para todos os ensaios realizados, foi obtida a Para cada tensão de confinamento, conforme
curva resistência à tração (ou arrancamento) definidas na Tabela 1, foram realizados dois
versus deslocamentos. No presente trabalho foi ensaios. Um terceiro ensaio foi realizado quando
avaliada apenas a resistência máxima a dispersão obtida era grande. A tabela 2
independente do deslocamento sofrido pela apresenta os valores das médias de resistências ao
geogrelha durante o ensaio. Para o caso da arrancamento medidas nos ensaios para a
definição da resistência de serviço, seria condição de vãos vazios e preenchidos com
necessária a definição de um critério de pedrisco e brita. No gráfico da Figura 6, são
deformação para o sistema ou adotar a resistência apresentados os valores individuais dos ensaios
que provoca um deslocamento de 19 mm (Collin, aos quais mostram as dispersões de resultados
1997). observadas. Para a faixa de valores de sobrecarga
estudada, não foi observada uma tendência de
estabilização das envoltórias para um valor limite
4 RESULTADOS OBTIDOS de resistência ao arrancamento. Para as três
situações a resistência da conexão aumenta com a
Em todos os ensaios de arrancamento, verificou- sobrecarga. Um ponto interessante que foi
se uma oscilação muito grande nos sinais dos observado é que à medida que a tensão de
potenciômetros conforme ilustrado na Figura 5. sobrecarga aumenta a diferença de resistência
Nestes casos, o valor da carga de ruptura foi devido ao material de preenchimento diminui.
determinado como sendo o valor médio da faixa
que representa o valor máximo da carga, sendo
no caso da Figura 4, igual a 8,5 kN/m. Como a
largura da prensa só permite amostras de
geogrelha com 70 cm, o valor da resistência foi
corrigido para 1 metro, isto é, 12,41 kN/m
segundo a equação 1.
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Tabela 2. Comparação para os ensaios com a FORTRAC 35/20x20 / Camada Simples.
Tipos de Preenchimento dos vazios.
Vazio Pedrisco Brita
22
20
18
16
14
Resistência Vazio
12
da Conexão Brita
10
(kN/m) Pedrisco
8
6
4
2
0
0 10 20 30 40 50 60
Sobrecarga (kN/m²)
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preenchimento. Pode-se observar que os Esse efeito do passivo reflete no aumento de
filamentos nos vazios sofrem pequenos resistência para todas as sobrecargas aplicadas
estiramentos e a ruptura ocorre nas regiões dos nos ensaios conforme apresentado na Figura 6
contatos entre as fileiras de blocos. A dispersão (Envoltórias de Resistência do Fortrac 35/20-20,
verificada nos ensaios sem preenchimento esta camada simples).
relacionada à influência dos nós de ligamento Nesses ensaios foram observados diferentes
entre os filamentos longitudinais e transversais da padrões de ruptura aos quais dependiam do
geogrelha na região dos contatos entre fileiras e arranjo da brita nos vãos da geogrelha.
na região de encaixe do dente dos blocos.
Os sistemas de ruptura observados nos
ensaios com os vãos preenchidos com pedrisco
podem ser observados na Figura 8. Verifica-se
que ocorre o estiramento dos filamentos
longitudinais devido ao atrito entre a geogrelha e
o pedrisco e, devido ao diâmetro utilizado, não
foi observado ruptura nos filamentos transversais
pelo efeito passivo.
Para os vazios preenchidos com brita, Figura 9,
observa-se grandes estiramentos dos filamentos
longitudinais inclusive com rupturas locais. Esse
comportamento é devido ao efeito passivo entre
Figura 9: Mecanismo de ruptura (vazios preenchidos com
os filamentos transversais e a brita.
brita).
6 CONCLUSÕES
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envoltórias ao invés de ajustes lineares ou bi- REFERÊNCIAS
lineares conforme sugestão de Collins (1997).
O objetivo deste trabalho é apresentar o ASTM D6638-01
equipamento, e o procedimento de ensaio para o Al Hattamleh, O. e Muhunthan, B. (2006). Numerical
estudo da resistência de conexões de blocos Procedures for Deformation Calculations in the
Reinforced Soil Walls. Geotextile and
segmentais geogrelha. Para que sejam obtidos
Geomembranes, n. 24 (1), p. 52-57.
parâmetros a serem utilizados em projeto, deve-se Chirstopher, B.R.E e Berg, R.R. (1990) Pullout
realizar uma campanha de ensaios com diferentes Evaluation of Geosynthetics in Cohesive Soils,
valores de resistências de geogrelhas e tensões Geotextiles, Geomembranes and Related Products,
verticais, bem como ensaios de conexão em Rotterdam.
camada simples e dupla, sendo esta recomendada Collins, J.G. (1997) Design Manual for Segmental
para muros de altura superior a cinco metros. Retainning Walls, 2nd ed., National Concrete
Estes ensaios estão sendo realizados em um Masonry Association, p. 289, Virginia, USA.
trabalho de pesquisa dos autores e será publicado Kakuda, F.M. (2005) Estudo de Ensaio de Arrancamento
de Geogrelha com Utilização de Equipamento
oportunamente.
Reduzido, Dissertação de Mestrado, USP – São
A definição da resistência da conexão a ser Carlos.
utilizada no dimensionamento, vai estar associada Ochila, H., Otani, J. Hayashic, S. e Hirai, T. (1996) The
ao procedimento de construção do sistema blocos Pull-out Resistance of Geogrids in Reinforced Soil
segmentais geogrelha, que esta relacionada às Geotextiles, Geomembranes and Related Products.
áreas de superposição de contatos entre fileiras, Oliveira, G.A. e Ehrlich, M. (2007) Influência da Rigidez
da granulometria e do grau de compactação do do Reforço em Muros de Solo Reforçado. Congresso
material de preenchimento e da tensão vertical Brasileiro de Geossintéticos, Recife, PE.
Riccio Filho, M.V e Ehrlich, M. (2007). Comportamento
atuando em cada nível de reforço.
de um muro de solo reforçado construído com solos
finos tropicais. Congresso Brasileiro de
Geossintéticos, Recife,PE.
Urashima, D.C. e Martins, C.H. (2004) Ensaio para
determinação dos parâmetros de interface bloco-
geogrelha em estruturas de contenção de taludes por
blocos intertravados. XXXI Jornadas Sud-Americanas
de Ingenieria Estrutuctural, Mendoça,.
Urashima, D.C.; Bernardes, G.P.; Silva, A.E.F.; Brugger,
P.J. e Vidal, D. (2006). Ensaios de Laboratório de
Conexão Blocos-Geogrelhas em Estruturas Tipo
Murso Segmentais. Congresso Brasileiro de
Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica,
Curitiba, Paraná, vol.3, p. 1903-1908.
Yoo, C. (2004). Perfomance of a 6 Year Old Geosynthetic
Reinforced Segmental Retaining Wall. Geotextile and
Geomembranes 22, p. 377-397.
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