Sumário Editorial

Alimentos que curam Caros leitores,

Inhame tem propriedades depurativas
e desintoxicantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 4
Começamos o ano de 2006 com muitas atividades e novida-
Vitaminas des na Academia Sul-Americana de Medicina Integrada (Asami), a
Mistura de tocoferóis é mais eficaz começar pelo nome da revista. A partir desta edição, a revista pas-
na prevenção contra Alzheimer . . . . . . . . . p. 5
sa a se chamar Homo Optimus, em alusão ao homem do mundo
Inscrição moderno, que precisa otimizar sua forma de viver e pensar para
Asami . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 5
aproximar-se o máximo possível de seu ponto de equilíbrio em
Corpo-mente um meio ambiente muitas vezes desfavorável. Nas páginas da
Pesquisa relaciona otimismo com menor
Homo Optimus, médicos, profissionais da saúde e todas as pes-
risco de doença cardíaca e AVC . . . . . . . . . p. 6
soas interessadas em viver de uma maneira mais saúdavel encon-
Coluna jurídica
trarão estudos, matérias e artigos voltados para uma medicina
Juris Tantum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 7
mais natural e humana, onde são levados em conta a individua-
Artigo
lidade do ser humano, o poder da alimentação e a influência dos
Escolas de Medicina não ensinam
a tratar o ser humano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 8 aspectos mentais e emocionais na saúde.
A partir desta edição, também lançamos novas colunas para
Medicina Alternativa
México sedia o 1º Congresso
atender aos interesses dos leitores: Alimentos que curam, que
Internacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 9 visa trazer informações sobre as propriedades terapêuticas
dos alimentos, Juris Tantum, uma coluna jurídica para discu-
Ácidos graxos
Ômega-3 reduz risco cardíaco mais tir as questões relacionadas à área médica levantadas pelos
do que as estatinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 10 próprios leitores e também uma espaço denominado Estudos,
Pesquisa destinado à publicação de pesquisas na área de medicina e
Baixa gordura não evita doenças . . . . . . . . p. 11 saúde. Além disso, nossa revista também passará a circular
Entrevista com maior periodicidade.
“Sem inflamação não haveria Outra novidade é que já está no ar o site www.asami.com.br,
câncer clínico” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 12 da Asami. A matéria da página 3 explica tudo sobre o funciona-
Estudos mento e utilização do site. É fundamental também destacarmos
Poder antioxidante das folhas o 5.º Encontro Internacional de Medicina Integrada, que será
de oliveira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 14 realizado nos dias 29 e 30 de abril em Curitiba, no Paraná, com a
Meio ambiente presença de especialistas estrangeiros e brasileiros renomados na
Mundo moderno sobrecarrega o corpo área de nutrologia, imunologia, acupuntura, psiconeuroimunolo-
de substâncias tóxicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 18 gia e meio ambiente (veja programação na contracapa e no site
Estudos www.asami.com.br/hotsite). Não deixe de participar deste impor-
A prática do trabalho voluntário como tante evento científico! Boa leitura!
prevenção de doenças degenerativas . . . p. 20
Vitamina C intravenosa
Eficácia contra tumores reconhecida . . . . p. 22
Academia Sul-Americana de Medicina Integrada

Expediente
Direção Jornalista E-mail:
Dr. Roberto Cesar Leite Responsável asami@asami.com.br
Yannik D’Elboux
Departamento MTB 36.512 A revista Homo Optimus, da Academia Sul-Americana de
Comercial Medicina Integrada, é publicada pela Editora Corpo Mente.
Marcia Rosa Pereira Textos e A revista Homo Optimus não se responsabiliza por conceitos
(41) 3022-0293 Revisão Geral emitidos nos artigos assinados.
Yannik D’Elboux
Editoração Abril 2006
Editora Corpo Mente Fotos
Divulgação Endereço:
Projeto Gráfico, Capa Rua Senador Xavier da Silva, 39
e Diagramação Informações Alto São Francisco, Curitiba/PR
Michelle Aguiar Tel/Fax: (41) 3022-0293 CEP 80530-060
 ASAMI AGORA TAMBÉM TEM SITE
Home page da Academia Sul-Americana de Medicina Integrada
Nos dias de hoje, em que a falta de tempo impe-
ra e a praticidade é fundamental, a internet torna-se
ferramenta indispensável para atualizar-se sobre os
acontecimentos em sua área de atuação e também
ganhar novos conhecimentos. Com base nessa
necessidade, a Academia Sul-Americana de Medi-
cina Integrada (Asami) decidiu criar um site para
os associados. No endereço www.asami.com.br os
associados encontram, além de informações sobre a
Asami, estudos, publicações e matérias sobre a me-
dicina chamada de Corpo-Mente, nutrição, tóxicos e
meio ambiente. O site também disponibiliza as últi-
mas edições da revista da Asami para download.
Com o funcionamento do site, fica mais fácil
para os associados estarem por dentro de todas as
atividades e cursos promovidos pela Asami, além de
outros eventos na área de Medicina Integrada. O site
também possui um espaço dedicado a um Fórum,
que tem como proposta discutir as principais ques-
tões relacionadas à medicina a partir de uma visão
integrada do ser humano. Os usuários também têm
a oportunidade de sugerir tópicos de discussão e
enviar materiais para serem publicados no site após
análise e aprovação da equipe da Asami. Mas para
utilizar livremente todo o conteúdo do site, inclusi-
ve o Fórum, é preciso receber uma senha de acesso,
fornecida pela Asami para os associados com as
anuidades em dia.
Para os interessados em fazer parte da rede
de conhecimento da Asami, é possível obter
todas as infomações de como associar-se no
site e já preencher os dados para o cadastro na
própria página eletrônica. Acesse o endereço
www.asami.com.br. Para mais informações,
dúvidas, críticas e sugestões entre em contato
pelos telefones (41) 3022-0293 e (41) 3019-2966
ou envie um e-mail para asami@asami.com.br.
Revista da Academia Sul-Americana de Medicina Integrada 3
 ALIMENTOS QUE CURAM

INHAME TEM PROPRIEDADES

DEPURATIVAS E DESINTOXICANTES
A utilização dos alimentos para fins medicinais no tratamento da tensão pré-
não é nenhuma novidade. O princípio já era pre- menstrual e para amenizar
conizado por Hipócrates há cerca de 2.500 anos: os sintomas da menopau-
“Que o seu alimento seja o seu medicamento e que o sa devido a presença de
seu medicamento seja o seu alimento”. De lá pra cá, a fitoestrógenos.
medicina evoluiu em muitos aspectos, porém aca- Esse poderoso tubér-
bou distanciando-se dos pilares básicos que regem culo também tem a pro-
a saúde humana, como os cuidados com a alimen- priedade de fortalecer
tação para uma vida saudável. Além de ser fonte de o sistema imunológico.
energia, os alimentos têm propriedades específicas Os médicos orientais recomendam a ingestão
que auxiliam na prevenção, no tratamento e tam- de inhame para fortificar os gânglios linfáticos.
bém na cura de muitas doenças. Entre os alimen- Na Índia, o sistema médico
tos com importantes benefícios para a saúde está ayurvédico também indica
o inhame, um tubérculo rico em amido, fonte de o consumo desse alimento
Betacaroteno, vitaminas C e do complexo B, cálcio, para restaurar as defesas
fósforo e ferro. orgânicas, principalmente
Por ser uma rica fonte de nutrientes, o inhame é como recurso para combater
bastante disseminado como alimento imprescindí- infecções e tumores. Mas nem
vel na dieta da primeira infância. Além disso, é re- só de “dentro para fora” o inhame
conhecido como um agente eficaz na prevenção da é útil, o alimento utilizado na forma
malária, dengue e febre amarela. Diversas pesquisas de cataplasma pode ser usado para
e livros sobre o tema citam que durante a coloniza- tratar furúnculos, abcessos, ajudar na
ção da África muitas aldeias foram dizimadas pela cicatrização de feridas, eczemas, cicatri-
malária quando os colonizadores brancos substituí- zes, espinhas, auxiliar a reduzir o inchaço
ram o cultivo do inhame por outros mais lucrativos, e a dor após fraturas e queimaduras e até
como a cana-de-açúcar, e os nativos foram obriga- mesmo para cuidar de unha encravada. O inhame
dos a reduzir o consumo do tubérculo. Mas, além que possui todas essas propriedades é o tubér-
dessas propriedades, uma das principais caracterís- culo pequeno, de casca marrom
ticas do inhame é o seu poder depurativo e desin- ou cinza, também conhecido
toxicante. Na cultura popular, diz-se que o inhame como inhame japonês ou
“limpa o sangue”. O alimento, na verdade, auxilia na chinês. Existem outras espé-
eliminação das toxinas do sangue por meio da ex- cies de inhame e também
creção dessas substâncias através da pele, dos rins um tubérculo chamado cará
e do intestino. O inhame é recomendado no trata- que pode ser confundido com
mento de diversas doenças, como reumatismo, artri- esse alimento. Apesar de serem
te, inflamações, infecções e foi durante muito tempo comestíveis, esses tubérculos não
empregado no tratamento contra sífilis. Também é detêm o mesmo poder curativo do
utilizado para aumentar a fertilidade em mulheres, inhame.

Abstract: Besides being a source or energy, some foods have specific properties that can help in the
prevention, treatment and also in the cure of many illnesses. One of those foods is the route called yam. It’s
rich in starch, source of Bexarotene, vitamin C and B-complex vitamins, calcium, phosphorous and iron. The
yam is recommended in the treatment of diverse illnesses as rheumatism, arthritis, inflammations, infections
and was for a long time used in the treatment against syphilis. It’s also used to increase fertility in women,
in the treatment of premenstrual syndrome and to relieve menopause’s symptoms due to the presence of
phytoestrogens.

4 HOMO OPTIMUS • Abril 2006

 VITAMINAS

MISTURA DE TOCOFERÓIS É MAIS EFICAZ

NA PREVENÇÃO CONTRA ALZHEIMER
Uma mistura de tocoferóis pode oferecer maior
proteção contra o mal de Alzheimer do que o uso
de apenas um dos compostos da vitamina E, revela
um estudo publicado no American Journal of Clini-
cal Nutrition. O termo vitamina E é usado de forma
genérica para designar oito compostos encontra-
dos na natureza, quatro chamados de tocoferóis
e quatro denominados tocotrienóis, que também
recebem os prefixos alfa, beta, gama e delta para
serem identificados. O alfa-tocoferol é a forma mais
comum da vitamina E encontrada nos suplementos,
enquanto o gama-tocoferol é a mais prevalente nos
alimentos. Pesquisadores já haviam descoberto an-
teriormente que a vitamina E obtida da dieta, e não
de suplementos, é associada com a redução de risco
de desenvolver Alzheimer.
Durante seis anos, os pesquisadores investiga-
ram idosos de 65 anos ou mais, que preencheram
questionários sobre seus hábitos alimentares e pas-
saram por testes cognitivos e avaliação clínica para
o mal de Alzheimer. O maior consumo de vitamina
E e alfa-tocoferóis equivalentes foi associado a uma
menor incidência de mal de Alzheimer. A cada 5 mg
por dia a mais de tocoferóis, os pesquisados tinham
de 26 a 44% menos chance de desenvolver Alzhei-
mer. Um maior consumo de vitamina E também pro-
porcionou proteção contra o declínio cognitivo.
Os resultados do estudo reforçaram a im-
portância da suplementação diária com
vitamina E e indicaram que uma mis-
tura de tocoferóis pode oferecer maior
proteção contra as doenças comuns
associadas ao envelhecimento, como
mal de Alzheimer, do que o uso de alfa-
tocoferol isolado.
Fonte:
Life Extension / Morris MC, Evans DA, Tangney CC, et al. Relation
of tocopherol forms to incident Alzheimer disease and to cognitive
change, American Journal of Clinical Nutrition, 2005. Feb; 81(2):
508-14.

Abstract: According to a report in the American Journal of Clinical Nutrition, mixed vitamin E tocopherols
may offer greater protection against Alzheimer’s disease than vitamin E alone. In a six-year study examining
community residents aged 65 and older, it was concluded that higher intakes of vitamin E and alpha
tocopherol equivalents were found to decrease the incidence of Alzheimer’s.

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Faça parte dessa rede de conhecimento voltada à ‘medicina do ser’. O objetivo principal da Academia Sul-Americana de Medicina Integrada
(Asami) é funcionar como um canal de troca de informações, conceitos e técnicas que permitam tratar o ser humano em sua integralidade.
A Asami reúne médicos e profissionais da saúde das mais diversas áreas, dedicados a unir conhecimentos e diferentes especialidades para
auxiliar cada paciente, conforme suas características e necessidades individuais, a alcançar o pleno bem-estar físico, mental e emocional. A
Asami também oferece aos associados a oportunidade de divulgar seus estudos e experiências na área de medicina integrada, além de des-
contos em todas as atividades da Academia e nos materiais da Editora Corpo Mente. Associe-se e contribua para o progresso da ciência e para
a consolidação de uma medicina direcionada à cura do ser como um todo.

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CORPO-MENTE
PESQUISA RELACIONA OTIMISMO COM
MENOR RISCO DE DOENÇA CARDÍACA E AVC
Novos estudos vêm comprovando o que os es-
pecialistas em medicina integrada já constataram,
que a saúde do ser humano está diretamente ligada
ao equilíbrio físico, mental e emocional. Em uma
pesquisa publicada recentemente nos Arquivos
de Medicina Interna, um dos jornais do JAMA
(Journal of the American Medical Association),
cientistas concluíram que homens idosos com
uma visão otimista têm menos chance de morrer
de doenças cardíacas e de AVC (acidente vascular
cerebral). O trabalho foi realizado por pesquisado-
res do GGZ Instituto Delfland de Saúde Mental, na
Holanda. Em um estudo anterior, o mesmo grupo de
pesquisadores também encontrou um risco menor
de morte por qualquer causa entre adultos que pos-
suíam, de forma geral, atitudes otimistas. Essa nova
pesquisa envolveu 545 homens com idade entre 64
e 84 anos, sem a preexistência de doença cardiovas-
cular ou câncer, durante um período de 15 anos. Os
homens classificados como otimistas em 1985 apre-
sentaram 55% menos chance de morrer de doença
cardíaca ou derrame até o ano 2000,
mesmo quando considerados fatores
como tabagismo, condições gerais de
saúde e histórico familiar, do que os
mais pessimistas por natureza.
Para determinar o nível de oti-
mismo, os participantes tiveram
que responder questionários em
1985, 1990, 1995 e 2000 para avaliar
se possuíam uma visão positiva da
vida e suas expectativas para o futuro.
Abstract: The most optimistic elderly men seem to be less likely to die of heart disease or stroke when
compared with those more pessimistic by nature, reveals a Dutch study that followed 545 men between
ages of 64 and 84 for up to 15 years. Overall, those men who were optimists in 1985, at the first test, were 55
percent less likely to die of heart disease or stroke by 2000.
Academia Sul-Americana de Medicina Integrada
Os níveis mais elevados de otimismo também fo-
ram associados com idade menos avançada, nível
mais alto de educação, aos homens que moraram
com menos freqüência sozinhos, que possuíam
melhor saúde, praticavam mais atividade física e
apresentaram menor índice de depressão em 1990.
Mas a razão de o otimismo afetar a saúde cardiovas-
cular não foi totalmente esclarecida pela pesquisa.
Uma possibilidade para os investigadores é que os
otimistas, de forma geral, têm maior facilidade de li-
dar com as adversidades da vida, como por exemplo
a morte de uma pessoa amada, e tendem a também
cuidar melhor deles mesmos em caso de doença.
Os pesquisadores também notaram em seus
relatórios que pode existir uma influência genética
e biológica tanto para a saúde cardiovascular como
para o otimismo ou pessimismo. Além disso, a ati-
tude otimista ou pessimista também poderia afetar
a saúde por meio da influência no sistema nervoso,
imunológico e hormonal. Outro aspecto destacado
na pesquisa é que o otimismo tende a diminuir com
a idade. Como traços de personalidade são difíceis
de serem modificados, o pessimismo como fator de
risco ainda é um grande desafio para o tratamento
médico. A medicina integrada, que une diferentes
profissionais ligados à saúde física, mental e emo-
cional, pode ser um caminho mais eficiente para a
prevenção.
Fonte:
Archives of Internal Medicine:
http://archinte.ama-assn.org
Reuters Health: www.reutershealth.com

JURIS TANTUM
A partir dessa edição, inaugu-
ramos um espaço dedicado às
questões relacionadas à Medici-
na e ao Direito. Essas duas áreas
de conhecimento, que podem
parecer tão distantes, a cada
dia estreitam laços em prol do
cumprimento dos direitos e de-
veres dos médicos e pacientes,
e também de uma reflexão mais
ampla sobre o direito à saúde,
proporcionando ganhos para
toda a sociedade. O objetivo des-
sa coluna é funcionar como um
canal de troca de experiências
entre médicos e nossa equipe de
assessoria jurídica. A coluna nada
mais é do que uma despretensio-
sa “conversa jurídica”, porém com
a preocupação de responder as
dúvidas dos profissionais da saú-
de referentes às práticas médicas,
com base em tratados, doutrina,
interpretações jurisprudenciais e
em textos de lei.
Como o próprio nome em la-
tim sugere – juris tantum significa
apenas de direito; presunção que
admite prova em contrário –, não
se visa aqui colocar um ponto
final em qualquer discussão, mas
analisar sob os mais diversos
aspectos legais as práticas médi-
cas, a conduta dos profissionais,
o tratamento dispensado aos
pacientes e também as ações
das multinacionais farmacêuticas
e dos grandes laboratórios que
influenciam o exercício da Me-
dicina. O principal pilar de toda
reflexão publicada nesta coluna
será o direito à saúde em seu sen-
tido mais amplo, assegurado pela
Constituição Federal de 1988.
Nossa Carta Magna abre com
COLUNA JURÍDICA
Jocelina Pacheco dos Santos Lima*
os preceitos fundamentais da demo-
cracia. No Título I, art. 1,º no inciso
III encontramos a proteção
à dignidade da pessoa
humana. No art. 3º
vêm os objetivos fun-
damentais da Repú-
blica Federativa do
Brasil, dentre eles a
construção de uma
sociedade livre, justa e solidária.
No Capítulo II, dos Direitos Sociais,
art. 6º diz: “são direitos sociais a educação, a saúde, o
trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistên-
cia aos desamparados, na forma desta Constituição” e
completando um breve passeio pela Constituição
Federal, o art. 196 preceitua que “A saúde é direito de
todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, pro-
teção e recuperação”.
Os preceitos citados são nada mais, nada menos
do que o ápice da lei brasileira. É a lei maior, não
existe nada acima dela. Portanto, quando a Magna
Carta fala em “políticas sociais e econômicas” se
refere à aplicação de medidas em benefício e
proteção da saúde do cidadão e não do capital
ou do sistema capitalista. Ela, a lei maior, pode
até proteger a atividade econômica, mas nun-
ca em detrimento do bem fundamental que é
a saúde do povo brasileiro.
Muitos questionamentos nos assal-
tam. É nosso objetivo trazê-los para dis-
cussão, caro leitor.
Envie o seu tema e suas dúvidas para
serem discutidos nessa coluna pelo
e-mail asami@asami.com.br.
* Jocelina Pacheco dos Santos Lima é advogada no Paraná, OAB 39447. Também revisam e
orientam o trabalho dessa coluna o juiz de Direito Dr. Francisco Cardozo Oliveira, assessor
do presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, e a juíza do Trabalho Dra. Nancy
Nicolas Oliveira, Juíza Substituta do Trabalho, TRT – 9ª Região.
Revista da Academia Sul-Americana de Medicina Integrada 7
 ARTIGO
ESCOLAS DE MEDICINA NÃO ENSINAM
A TRATAR O SER HUMANO
Dr. Roberto Cesar Leite (Curitiba/PR)
O título desse texto pode causar certa estra-
nheza em muitos leitores. Afinal, o que ensinam as
faculdades e universidades nos cursos de medicina?
Infelizmente, o enfoque vem sendo por muitos anos
apenas técnico. O humanismo praticamente inexis-
te na maioria das instituições e o ensino volta-se, de
forma geral, apenas para o tratamento das doenças
e não dos doentes. Os seres humanos por trás das
patologias não passam de meros coadjuvantes du-
rante o processo de aprendizado da medicina. Os
alunos aprendem a prescrever medicamentos, ou a
partir para alternativas cirúrgicas, e concluem o cur-
so sem possuir uma visão integral do ser humano.
As escolas de medicina não ensinam o mais im-
portante, que é analisar cada paciente, cada indiví-
duo, como um todo, conhecer, compreender e estu-
dar as relações que existem entre o corpo, a mente,
a alimentação e o meio em que a pessoa vive e as
influências desses aspectos na cura e prevenção das
enfermidades. O ser humano é visto mais como um
robô, uma máquina, em que apenas o conserto das
peças é suficiente para garantir pleno funcionamen-
to. Partindo dessa premissa, ensina-se uma medicina
praticamente voltada apenas para a alopatia e que
tem como conseqüência o abuso e o uso indiscri-
minado de medicamentos. Além disso, também ob-
serva-se nas escolas de medicina uma negação das
técnicas naturais, uma desconsideração completa
com relação às propriedades curativas das plantas,
dos medicamentos homeopáticos, das práticas
ancestrais e até mesmo da própria psicoterapia.
Por trás dessa conduta, que pode ser caracterizada
como proibitiva e
muitas vezes até
coercitiva para
aqueles que
gosta-
riam
8 HOMO OPTIMUS • Abril 2006
de buscar outros caminhos, escondem-se interesses
econômicos, inclusive influenciados por multinacio-
nais, como as grandes companhias farmacêuticas.
Não há dúvida de que a maioria das disciplinas
que compõem a grade curricular dos cursos de me-
dicina precisam ser ministradas. É preciso conhecer
anatomia, fisiologia, citologia, bioquímica e todas as
ciências que estudam o ser humano. Porém, a medi-
cina não pode distanciar-se do seu objeto principal
e atribuir aos remédios a capacidade de solução
para todos os problemas. Também é fundamental
considerar a necessidade de equilíbrio físico, mental
e emocional para a saúde, trabalhar para recuperar a
homeostase do organismo e perceber a importância
de restabelecer a capacidade de autocura, presente
em todos os seres. Embora muitas terapias sejam
eficazes sobre a sintomatologia de determinada
doença, estão longe de corrigir os desequilíbrios de
base que existem e atuar na origem da patologia,
seja na área da mente, das emoções, da nutrição,
etc. Por desconhecer outras possibilidades, muitos
médicos acabam utilizando técnicas em alguns
casos demasiadamente agressivas ou com pouco
potencial de cura, somente para não ficarem de
braços cruzados frente a uma enfermidade, quando
poderiam empregar outros recursos terapêuticos.
A maioria acredita que apenas o que foi ensinado
durante o curso de medicina é válido.
Adotar outras terapias não significa abandonar
nenhum tipo de medicina, mas reconhecer os li-
mites de cada técnica e as vantagens de agregar
novas possibilidades de tratamento. Lidar somente
com a doença pode representar perda de tempo, é
essencial direcionar esforços para a recuperação da
capacidade de autocura. A medicina é uma arte que
deveria incluir o conhecimento de diferentes possi-
bilidades terapêuticas para poder criar um contexto
terapêutico efetivo, baseado na pessoa portadora
da enfermidade e não somente na doença em
questão. Esse objetivo seria mais facilmente alcan-
çado se a formação dos médicos fosse diferente, se
as escolas de medicina dessem maior espaço para
o estudo de temas como nutrição, psicossomática,
terapias não-alopáticas como a fitoterapia, técnicas
da medicina chinesa, homeopatia, entre outros, fun-
damentais para o exercício eficaz da profissão. Os
médicos precisam conhecer e aplicar essas técnicas
como substitutivas de terapias mais caras e repletas
de efeitos colaterais. Os tratamentos mais tóxicos,
embora necessários algumas vezes, podem causar
desrupturas na homeostase do organismo e predis-
por o indivíduo a outras doenças no futuro. Cada vez
mais é importante valorizar medicinas mais suaves,
com menor uso de drogas, que contribuam para
uma saúde melhor no presente e no futuro.
Outro ponto fundamental, e urgente, que de-
veria ocupar lugar de destaque nas faculdades e
universidades é o ensino da medicina preventiva. É
essencial orientar as pessoas para prevenir doenças.
As enfermidades não “caem do céu”, sempre surgem
após uma série de desequilíbrios, que o médico tem
a obrigação de saber identificar e ajudar a evitar. É
importante ressaltar que prevenção não é fazer um
diagnóstico precoce, o conceito é anterior a essa
fase, consiste em agir antes que qualquer proble-
ma se instale. A medicina preventiva reduz custos,
entretanto, infelizmente, para muitos profissionais
e para o sistema dominado pelas multinacionais é
mais vantajoso trabalhar com a doença, que é muito
mais rentável.
Algumas mudanças estão ocorrendo, como o
reconhecimento de especialidades como a homeo-
patia e a acupuntura, porém esse processo poderia
ser acelerado com o engajamento das escolas de
medicina. A transformação a partir da base – a for-
mação do médico – produziria resultados em menor
prazo. De qualquer forma, o maior acesso a informa-
ções, pesquisas e estudos científicos relacionados a
técnicas e outras formas de terapia, facilitado sobre-
tudo pela internet, tem feito com que um número
cada vez maior de médicos e profissionais da saúde
reconheçam a importância de ampliar seus conhe-
cimentos para poder tratar o ser humano como um
todo.
Abstract: The majority of medical schools do
not teach the most important thing: to analyze
DIVULGAÇÃO
each patient, each individual, as a whole and
to be able to know, understand and study the
relationships between body, mind, diet, life style
and the environment. And also to learn about
the influences of these aspects in the cure and
prevention of diseases. To adopt other therapies
does not mean to abandon any type of medicine,
but to recognize the limits of each technique
and the advantages to add new possibilities of
treatment.
Revista da Academia Sul-Americana de Medicina Integrada
MÉXICO SEDIA 1º CONGRESSO
INTERNACIONAL DE MEDICINA
ALTERNATIVA
O ano de 2006 começou com o encontro
de médicos e terapeutas da área de medicina
complementar e saúde integral no 1º Congresso
Internacional de Medicina Alternativa, realizado
nos dias 28 e 29 de janeiro na cidade de
Chihuahua, no México. O congresso reuniu
cerca de 300 participantes de vários países,
parte de um público bem diversificado, que
incluiu médicos de diferentes especialidades,
enfermeiros, estudantes de medicina, psicólogos,
defensores de técnicas complementares e de uma
medicina mais natural. Durante os dois dias de
congresso, foram abordados temas como AIDS,
psiconeuroimunologia, medicina e nutrição maia,
práticas anti-envelhecimento, diagnóstico por
meio de microscopia de campo escuro, dança-
terapia, saúde integral, entre outros.
Em um clima de muito interesse e integração,
os participantes do 1º Congresso Internacional
de Medicina Alternativa assistiram às palestras
ministradas por especialistas do México, dos
Estados Unidos, da Colômbia, Austrália e também
do Brasil, representado pelo presidente da
Academia Sul-Americana de Medicina Integrada,
Roberto Cesar Leite, que falou sobre “O uso da
medicina integrada no manejo das doenças
crônico-degenerativas”. O infectologista Roberto
Giraldo, que esteve presente no ano passado no
4º Encontro Internacional de Medicina Integrada,
em Curitiba, também foi um dos convidados e
ministrou a palestra “Psiconeuroimunologia”.
O evento foi promovido pelas Fundação
Luisernesto de los Andes, Planeta de Luz e
Comunidade Planetária Janajpacha, instituições
fundadas por Luis Ernesto Espinoza Sánchez
(Chamalú), com sede inicial em Cochabamba, na
Bolívia, e atualmente com sucursais em diferentes
países.
Participantes durante palestra sobre saúde integral
9
 ÁCIDOS GRAXOS ÔMEGA-3
REDUZEM RISCO CARDÍACO
MAIS DO QUE ESTATINAS
Os ácidos graxos essenciais Ômega-3 podem
reduzir o risco de morte por doença cardíaca
de maneira mais significativa do que um grupo
de drogas usadas para diminuir o colesterol,
chamadas de estatinas, segundo um estudo
publicado no Archives of Internal Medicine.
Investigadores suiços revisaram os resultados de
97 estudos clínicos controlados randomizados
– envolvendo mais de 275 mil indivíduos – que
comparavam intervenções com medicamentos,
placebo ou dieta usual. A equipe suiça concluiu
que as estatinas reduziram o risco de mortalidade
por problemas cardíacos em 22%, enquanto que
ácidos graxos Ômega-3 diminuíram o risco em
32%. As estatinas reduziram a mortalidade geral
em 13%, porém nesse caso os ácidos Ômega-3
também tiveram um melhor desempenho,
diminuindo a mortalidade em 23%.
Os ácidos graxos Ômega-3, considerados
essenciais, podem proporcionar outros benefícios
para a saúde cardiovascular além da redução do
colesterol ruim. Os estudos sugerem que essas
substâncias podem ajudar a diminuir inflamação
e prevenir arritmia e trombose, além de reduzir
o colesterol total, LDL e os níveis de triglicérides.
Peixes e óleos de peixe são fontes ricas em ácidos
graxos Ômega-3 EPA (ácido eicosapentaenóico)
e DHA (ácido docosahexaenóico). O consumo
desses ácidos pela população, na maior parte dos
países ocidentais, situa-se bem abaixo dos níveis
recomendados pelas organizações de saúde.
Fonte:
Life Extension
• Studer M, Briel M, Leimenstoll B, Glass TR, Bucher HC, Effect of
different antilipidemic agents and diet on mortality: a systematic
review, Arch Int Med, 2005. Apr 11;165(7):725-30.
• Holub DJ, Holub BJ, Omega-3 fatty acids from fish oils and
cardiovascular disease, Mol Cell Biochem., 2004. Aut;263(1-2):
217-25.
• Lewis A, Lookinland S, Beckstrand RL, Tiedeman ME, Treatment
of hypertriglyceridemia with omega-3 fatty acids: a systematic
review, J Am Acad Nurse Pract., 2004. Sep;16(9):384-95.

D Fitoterapia
D Medicamentos Naturais
Abstract: According to a revew published in the
Archives of Internal Medicine, statins decreased D Hormônios Bioidênticos
cardiac mortality risk by 22% while Omega-3 DVitaminas, sais minerais e
fatty acids decreased risk by 32%. The overall
mortality was reduced by statin drugs buy 13%, suplementos nutricionais
but Omega-3 fatty acids still did better, reducing
the overall mortality by 23%. Rua Nilo Peçanha, 16 Alto São Francisco, Curitiba - PR
Tel/Fax: (41) 3013-2941 e-mail: fbelladonna@gmail.com

10 HOMO OPTIMUS • Abril 2006

 PESQUISA

MAIOR ESTUDO JÁ REALIZADO CONCLUI QUE

DIETA DE BAIXA GORDURA

NÃO EVITA DOENÇAS
A idéia de que as gorduras na alimentação são
as grandes vilãs da saúde e que foi fortemente dis-
seminada nas últimas décadas parece estar com os
dias contados. A maior pesquisa já conduzida para
descobrir os efeitos de uma dieta com baixo teor
de gordura concluiu que essa medida não tem o
resultado que os médicos acreditavam. O estudo
envolveu US$ 415 milhões e fez parte da Iniciativa
para a Saúde da Mulher, dos Institutos Nacionais
de Saúde (NIH) do governo dos Estados Unidos, o
mesmo programa que mostrou os riscos da repo-
sição hormonal durante a menopausa. A pesquisa
analisou durante oito anos aproximadamente 49
mil mulheres com idade entre 50 e 79 anos. No fim
desse período, as mulheres que seguiram uma dieta
com pequena quantidade de gordura tiveram os
mesmos índices de câncer de mama, cólon, infarto
e AVC (acidente vascular cerebral) que aquelas em
uma alimentação sem restrições.
Com base nesse estudo e em novas descobertas
que vêm sendo reveladas nesse campo, a era do “fat
free” (expressão norte-americana para os alimentos
sem gordura) deve finalmente acabar. Para os pes-
quisadores, os resultados da pesquisa não justificam
as recomendações de dietas com pouca gordura
para a população com a intenção de prevenir câncer
e doenças cardiovasculares.
Porém é consenso entre os investigadores
que para uma vida saudável as pessoas devem
continuar a seguir uma dieta com menos
gorduras saturadas e trans e maior quantidade
de grãos integrais, frutas e vegetais.
Alguns médicos e cientistas questionaram o
estudo e acreditam que as gorduras têm grande
influência na prevenção ou surgimento de doen-
ças cardiovasculares. Além disso, defendem que se
fosse analisada uma alimentação baseada na dieta
mediterrânea, por exemplo, com baixa quantidade
de gorduras saturadas como margarina e rica em
óleos como azeite de oliva, os resultados seriam
diferentes. Mas as mulheres investigadas reduziram
todos os tipos de gordura e uma dieta diferenciada
não foi objeto do estudo.
As mulheres que fizeram parte da pesquisa par-
ticiparam de 18 sessões com um nutricionista trei-
nado para o programa em pequenos grupos no pri-
meiro ano do estudo e de quatro sessões por ano no
período seguinte. No primeiro ano, as mulheres em
dieta de baixa gordura reduziram a porcentagem
de gordura para 24% das calorias diárias e no final
da pesquisa esse número ficou em 29%. No grupo
controle, as mulheres tinham uma alimentação, em
média, de 35% de gordura das calorias totais e no
fim esse índice chegou a 37%. Os dois grupos con-
sumiam aproximadamente a mesma quantidade de
calorias diárias. Com relação às doenças cardiovas-
culares, o único fator de risco afetado foi o coleste-
rol LDL, que apresentou níveis ligeiramente maiores
nas mulheres com dieta rica em gorduras, porém
não o suficiente para representar uma diferença sig-
nificativa no risco dessas doenças. As mulheres que
consumiram menos gordura tiveram um índice 9%
menor de câncer de mama. A incidência foi de 42
por 10.000 em mulheres com dieta de baixa gordura
e de 45 por 10.000 nas participantes em suas dietas
usuais. A diferença foi considerada insignificante do
ponto de vista estatístico pelos pesquisadores. Ape-
sar do estudo ter sido conduzido com mulheres, os
responsáveis acreditam que os mesmos resultados
podem ser aplicados aos homens.
Fonte:
The New York Times: www.nytimes.com
Journal of the American Medical Association:
http://jama.ama-assn.org/

Abstract: The largest study ever to ask whether a low-fat diet reduces the risk of getting cancer or heart
disease has found that the diet has no effect. The US$ 415 million study, part of the Women’s Health Initiative
of the National Institutes of Health of USA government, involved during eight years 49.000 women ages 50
to 79. The investigators concluded that those assigned to a low-fat diet had the same rates of breast cancer,
colon cancer, heart attacks and strokes as those women who ate their regular diets.

Revista da Academia Sul-Americana de Medicina Integrada 11

 ENTREVISTA
“SEM INFLAMAÇÃO NÃO
Frente a uma agressão, o
organismo humano costuma
responder prontamente com um
processo de inflamação e poste-
rioremente com a regeneração.
Na maioria dos casos, essa função
é que permite o restabelecimen-
to da saúde e a reparação de te-
cidos lesionados. Porém, no caso
do câncer, segundo a teoria de-
senvolvida pelo pesquisador ar-
gentino Jaime Fiol, esse processo
pode ser o responsável pela evo-
lução das células cancerígenas a
neoplasias e também funcionar
como agente de promoção no
processo de metástase. Tomando
por base esse conceito, conter a
inflamação e a regeneração tam-
bém seriam formas de combater
o desenvolvimento de um câncer.
Jaime Fiol é investigador
independente sobre câncer e
AIDS, odontologista, foi docente
durante 10 anos na cátedra de
Fisiologia, Biofísica e Bioquímica
na Universidade Nacional de
Buenos Aires e realiza pesquisas
com tumores murinos MM3 pro-
vidos pelo Hospital de Oncologia
“Angel Roffo” da mesma univer-
sidade. Nesta entrevista, Fiol
– também um dos convidados
do 5º Encontro Internacional de
Medicina Integrada – explica os
principais aspectos de sua teoria
e as formas de tratamento basea-
das nesse novo conceito.
DIVULGAÇÃO
“Dietas
hipocalóricas
auxiliam no
tratamento
contra o
câncer”
Jaime Fiol
12 HOMO OPTIMUS • Abril 2006
Segundo sua Teoria Inflamató-
ria do Câncer, quais são os prin-
cipais fatores que poderiam
desencadear uma neoplasia?
DR. FIOL: O câncer é uma enfermi-
dade de fatores mútiplos, mas do
ponto de vista biológico é uma úni-
ca entidade e por esse motivo é di-
fícil estabelecer uma relação direta
entre causa-efeito. Há inúmeros fa-
tores que podem desencadear uma
neoplasia, mas de acordo com o
critério de Rous para que se desen-
cadeie uma neoplasia devem atuar
agentes de iniciação e agentes de
promoção. A teoria inflamatória
diz que em ambos os casos o pro-
cesso de inflamação-regeneração
com que o organismo responde a
qualquer irritação crônica pode ser
o agente de iniciação (por seleção
ou mutação) e conseqüentemente
o agente de promoção. Nos casos
em que vírus, agentes químicos ou
radiações atuem como agentes ini-
ciadores, para que o câncer “in situ”
evolua para um câncer clínico deve
haver o processo de inflamação-
regeneração. Sem inflamação não
haveria câncer clínico. Esse concei-
to é fundamental.
E qual é o processo que faz com
que o tumor continue a se de-
senvolver?
DR. FIOL: Suponhamos que uma
célula ou um grupo de células
tornem-se malignas (por seleção
ou por mutação). Essas células ad-
quirem as seguintes características:
desdiferenciação biológica, multi-
plicação exasperada e autonomia
de crescimento e assim vão confor-
mando o câncer “in situ”. Quando
esse crescimento tumoral adquire
um determinado tamanho (o de
uma lentilha) necessita para sua
subsistência e progressão aporte
sangüíneo através da angiogênese.
É aí que a inflamação-regeneração
cumpre seu papel mais impor-
tante na carcinogênese: apaga a
membrana basal e envia vascula-
rização. O organismo faz isso para
reparar a zona irritada como faria
ante uma agressão qualquer (quei-
madura, raspadura, fincada), mas
na realidade o que faz neste caso
é permitir que esse crescimento “in
situ” possa tornar-se maligno, in-
filtrar-se e propagar-se à distância
(metástase). A inflamação seria a
resposável por fazer com que as cé-
lulas tumorais possam desenvolver
um câncer clínico.
Existe alguma forma, de acordo
com seus estudos, de impedir
que o tumor cancerígeno se
desenvolva? Como?
DR. FIOL: Se considerarmos o
ponto anterior, devemos aceitar
que não é questão de matar células
tumorais para controlar o câncer,
mas apontar e controlar seu abas-
tecimento ou aporte. Isto é: tiramos
a célula tumoral do centro da cena
(atuaria de uma maneira passiva)
e colocamos a neovascularização
(angiogênese) e o estroma do teci-
do neoplásico como os responsáveis
pelo crescimento, invasão e propa-
gação à distância das neoplasias.
O estroma e a angiogênese não
são tumorais e são providos pelo
organismo. É o ponto vulnerável do
câncer.
Há algum caminho para eliminar
uma neoplasia sem os tratamen-
tos tradicionais: cirurgia, quimio-
terapia e radioterapia? Qual?
DR. FIOL: Certamente a extirpa-
ção cirúrgica de um câncer “in situ”
HAVERIA CÂNCER CLÍNICO”
soluciona o problema. Certamente
devemos extirpar cirurgicamente
massas tumorais. Certamente que
segue vigente o critério oncológico
da cirurgia abrangendo uma área
de segurança e os gânglios linfá-
ticos. Evidentemente que a radio-
terapia ajuda a eliminar possíveis
infiltrações tumorais e a quimio-
terapia é muito útil em leucemias,
linfomas e alguns sarcomas. Mas
não podemos nos limitar a esse
conceito que pretende curar o cân-
cer eliminando as células tumorais.
Devemos também inibir a infla-
mação-regeneração e o aporte de
estroma para que o resultado seja
melhor. Uma forma de manejar es-
ses aspectos do câncer é através de
uma dieta hipocalórica profunda.
Os tecidos que mais sofrem ante ca-
rências profundas são aqueles que
têm mais necessidades energéticas
e sem dúvida o tecido neoplásico
será afetado com uma dieta hipo-
calórica. E se nos basearmos em
estudos experimentais realizados
por Mider poderíamos aproveitar
a “armadilha de nitrogênio” que o
tecido neoplásico tende ao orga-
nismo quando não recebe alimen-
tos para diagnóstico de metásases
subclínicas ou de tumor primitivo
oculto e inclusive para tratamento
injetando aminoácidos marcados
(microbombardeio radioativo).
A forma de tratamento baseada
nos conceitos da Teoria Infla-
matória do Câncer tem resulta-
dos comprovados?
DR. FIOL: Há uma extensa biblio-
grafia que comprova a relação
entre dietas hipocalóricas e pre-
venção do câncer. Pessoalmente,
os conceitos que surgem da teoria
se provam em animais de experi-
mentação com câncer de mama
espontâneo e logo mantido por
transplantes sucessivos em cepas
de ratos singênicos. Como a evo-
lução do tumor até matar o rato é
de quarenta dias, pode-se analisar
facilmente que os ratos alimen-
tados “ad libitum” morrem no
prazo estabelecido e desenvolvem
metástases pulmonares em 100%
enquanto que os hipo-alimenta-
dos duplicam a sobrevida, não de-
senvolvem metástases pulmonares
e não apresentam esplenomegalia
reativa. Em seres humanos, deveria
indicar-se uma dieta antiinflama-
tória antes, durante e depois da
cirurgia. Ao presidente Reagan,
antes de ter um carcinoma de pele
na zona nasal extirpado, em pleno
mandato presidencial, foi reco-
mendada uma dieta antiinflama-
tória e basicamente vegetariana.
Os titulares dos diários diziam da
seguinte forma: Adeus aos ham-
búrgueres. Mas o tema nunca foi
aprofundado.
E quando o câncer é descober-
to em estágio já avançado, é
possível evitar as metástases?
Como?
DR. FIOL: Creio já ter respondido
essa pergunta nas anteriores, mas
poderia falar sobre novas possibili-
dades baseadas na teoria inflama-
tória. Uma vez esgotados os trata-
mentos convencionais, uma dieta
hipocalórica profunda afetaria,
entre outras coisas, a angiogênese
e como as células tumorais segui-
riam reproduzindo-se se necrosa-
riam a uma distância maior de 169
milimicrons da neovascularização.
O tecido neoplásico requer aportes
grandes de glicose e respira por
glicólise anaeróbia. Uma carência
Revista da Academia Sul-Americana de Medicina Integrada
afirma dr. Jaime Fiol
profunda de nutrientes em quan-
tidade e qualidade, sem dúvida, o
afetará. Parece um absurdo, mas
diria-se que em um organismo
muito vital o câncer também será
muito vital.
Por que o câncer tem uma in-
cidência tão alta atualmente?
O que está favorecendo para o
surgimento de tantos casos?
DR. FIOL: No meu entender, isso se
refere a dois fatores: por um lado
o fracasso da medicina ortodoxa
para poder controlá-lo e por outro
pelo aumento de agentes cance-
rígenos, mutantes, teratogênicos
e pelo aumento de fatores estres-
santes a que estamos expostos
atualmente. Deveríamos perguntar
também se há mais casos ou se são
detectados mais precocemente.
Existe alguma maneira de pre-
venir a formação de um tumor
cancerígeno?
DR.FIOL: As dietas hipocalóri-
cas, com baixo teor de gordura e
hipoprotéicas, são eficazes para
prevenir qualquer tipo de tumor
cancerígeno porque são dietas
antiinflamatórias. Em cada caso
especial de localização, há, obvia-
mente, fatores que contribuem
para prevenir. Não fumar contra
câncer de pulmão, manter a ativi-
dade sexual para evitar microcal-
cificações nos casos de câncer de
próstata e de mama. O consumo
de fibra para prevenção de câncer
de cólon, etc, etc. O câncer é
uma doença dos exces-
sos. Comer pouco
sem dúvida é
uma maneira
de prevenção
muito eficaz.
13
 ESTUDOS
PESQUISA DEMONSTRA
PODER ANTIOXIDANTE
DAS FOLHAS DE
OLIVEIRA
A oliveira é uma árvore con-
siderada em diferentes culturas
símbolo de sabedoria, paz, abun-
dância e glória, tanto que suas
folhas eram usadas na Grécia
Antiga em forma de coroa para
premiar os vencedores dos Jogos
Olímpicos. Na área da saúde, as
folhas de oliveira e o azeite extra-
ído das olivas vêm sendo usados
desde a Antiguidade devido a
várias propriedades medicinais
atribuídas à planta, considerada
antipirética, hipotensora, cicatri-
zante, hipoglicemiante, redutora
do colesterol ruim, diurética e até
laxante. Além dessas proprieda-
des, estudos também apontam
para a função antioxidante das fo-
lhas de oliveira. Um trabalho rea-
lizado na Universidade Metodista
de Piracicaba (Unimep) em julho
de 2005 mensurou a quantidade
de compostos fenólicos presente
nas folhas de oliveira e avaliou a
capacidade antioxidante da fra-
ção hidroalcóolica do extrato de
oliva, por meio da análise da pe-
roxidação lipídica na membrana
celular de animais.
A capacidade antioxidante das
folhas de oliveira (ou folhas de
oliva como também são conhe-
cidas) é associada à presença dos
flavonóides – compostos fenóli-
cos – que são reconhecidos por
minimizar a peroxidação lipídica e
a ação dos radicais livres na saúde
humana. Os efeitos causados pelo
excesso de radicais livres estão
relacionados ao envelhecimento
precoce e ao surgimento de inú-
14 HOMO OPTIMUS • Abril 2006
meras doenças. Atribui-se,
por exemplo, às oxidações
dos ácidos graxos poliinsatu-
rados (como o ácido linoléico,
presente em alta quantidade no
óleo de soja) uma forte influência
no estímulo ao desenvolvimento
de doenças de grande
incidência atualmente,
como a arterios-
clerose, as en-
fermidades
coronarianas
e determi-
nados tipos de
câncer. Já foi de-
monstrado que indivíduos que
ingerem maiores quantidades
de flavonóides, encontrados em cadastrado no CNPq na
alimentos de origem vegetal (ver- área de pesquisa Antioxi-
duras, frutas, chá, etc) apresentam dantes Naturais e Sintéticos,
uma diminuição considerável demonstrou que o poder antioxi-
do risco de morte por acidentes dante das folhas de oliveira pode
cardiovasculares (Kinsella et al., modular os radicais livres de
1993). forma substancial. O extrato das
Os flavonóides também es- folhas de oliveira apresentaram
tão presentes em quantidades atividade antioxidante contra a
significativas no vinho tinto. Esse ocorrência de peroxidação lipídi-
fator poderia ser uma explicação ca de 30 a 40% em suspensões de
para o chamado “paradoxo fran- hemácias, nas concentrações de
cês”: apesar de possuírem uma 0,5 a 2,0 mg/ml de extrato. Partin-
dieta alimentar rica em gorduras, do dessa premissa, os pesquisa-
os franceses sofrem menos de dores acreditam que as folhas de
doenças cardiosvasculares em oliveira têm ação antioxidante e
comparação a outros povos in- poderiam ser consumidas na for-
dustrializados, e acredita-se que ma de extrato ou chás, atuando
o consumo maior de vinho pelos como coadjuvante no tratamento
franceses seja uma das principais de diversas patologias decor-
razões por esse resultado aparen- rentes da peroxidação lipídica
temente paradoxal. por meio do ataque aos radicais
O estudo realizado pelo grupo livres. Leia nas páginas seguintes
de pesquisa da Unimep, também o laudo das análises:
DIVULGAÇÃO

LAUDO DE ANÁLISE DE FITOQUÍMICOS

1-Dados do produto-
Nome da matéria prima:- Folhas de Oliva – do gênero Grapóllo.
Plantação no sítio Cambarissú- Bairro Furnas- Bueno Brandão-M.G.
Altitude:-1500 mts.
Lat. 22º 26’15
Longitude- 46º18’45
Produtor- Cosmo R.Pacetta- Produtor cadastrado no ministério da
Agricultura no. 091-2873- M.G.

2- Procedimento-
Preparo do extrato-

As folhas de oliva secas foram maceradas em um moinho de faca. O pó

seco e moído foi pesado e transferido para um béquer e umedecido com
solução hidroalcoólica 70%. Transferiu-se o pó umedecido para um
funil. Completou-se com quantidade suficiente de solvente e anotou o
volume utilizado. Fechou-se o funil de separação e deixou em repouso
por 48 horas. Após o extrato foi recolhido em erlenmeyer através de
gotejamento.

3-Determinação do conteúdo fenólico total

O conteúdo de compostos fenólicos nos extratos foi determinado pelo

reagente de Folin-Ciocalteau como o equivalente em ácido gálico.

4- Determinação da capacidade antioxidante dos extratos – O efeito

antioxidante foi determinado pela supressão dos radicais catiônicos de
ABTS (ácido 2,2’ -azinobis-(3- etilbenzotiazolina) .
Avaliação espectrofotométrica.
5- Avalialção da peroxidação lipídica- A técniva utilizada para determinar
a peroxidação lipídica foi de TBARS (substâncias reativas ao ácido
tiobarbitúrico, TBA), utilizando suspensões de hemácias obtidas de
sangue de rato como substrato. Avaliação espectrofotométrica.
IEP-001

Mantida pelo Instituto Educacional Piracicabano

“Campus” Centro “Campus” Taquarai “Campus” Santa Bárbara d’Oeste “Campus” Lins
Rua Rangel Pestana, 762 – 13400-901 Rodovia do Açúcar, Km 156 – 13400-911 Rod. SBO/Iracenópolis, Km 016 – 13450-000 Rua Ten. Florêncio Puppo Netto, 300 – 16400-680
Piracicaba – SP – Brasil Piracicaba – SP – Brasil Santa Bárbara d’Oeste – SP – Brasil Piracicaba – SP – Brasil
Tel.: (19) 3124-1515 – Fax.: (19) 3124-1850 Tel.: (19) 3124-1515 – Fax.: (19) 3124-1545 Tel.: (19) 3124-2311 – Fax.: (19) 3124-1361 Tel.: (14) 3533-6000 – Fax.: (14) 3533-6100

Laudo da pesquisa com folhas de oliveira

Revista da Academia Sul-Americana de Medicina Integrada 15

 DIVULGAÇÃO

RESULTADOS-

Foram encontrados-
a-0.032 mg/mL de compostos fenólicos em 1.0 mL de extrato hidro-
alcoólico,, o que representa 3.2% de compostos fenólicos totais.
.
b- Utilizando-se TROLOX, antioxidante clássico como padrão para
comparar os valores obtidos pela ação dos extratos na formação do
radical livre ABTS obteve-se uma ação antioxidante semelhante a 3,5
micromolar de TROLOX.

c- O extrato das folhas de oliva apresentaram atividade antioxidante

contra a ocorrência de peroxidação lipídica de 30 a 40% em suspensões
de hemácias, nas concentrações de 0,5 a 2,0 mg/mL de extrato.

CONCLUSÃO FINAL - Comparando-se os padrões apropriados

conforme descrito na metodologia o extrato hidroalcoólico das folhas
apresentaram alto potencial antioxidante, neutralizando radicais
livres gerados por metodologia apropriada, e sobretudo bloqueando a
peroxidação lipídica , indicando benefícios já apontados na literatura.

Santa Bárbara Dóeste, agosto de 2005.

Professoras responsáveis pelas análises

Grupo de pesquisa cadastrado no CNPQ na área de pesquisa-

Antioxidantes Naturais e Sintéticos.

Laudo da pesquisa com folhas de oliveira

Abstract: A study developed at the Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) in July of 2005 mesured
the amount of phenolic composites present in olive leves and evaluated the antioxidant capacity of the
hydroalcoholic fraction of the olive extract, by analysing the lipid peroxidation in animal’s cellular membrane.
The extract of olive leves had presented antioxidant activity against the occurrence of lipidic peroxidation
from 30 to 40% in red cell’s suspensions, in 0,5 mg/ml to 2,0 mg/ml concentrations of extract.

16 HOMO OPTIMUS • Abril 2006

 INSCRIÇÕES PARA CURSO DE
MEDICINA INTEGRADA ESTÃO ABERTAS
Os interessados no curso de extensão em Medicina Integrada
já podem se inscrever. O curso, coordenado pelaAcademia Sul-Americana
de Medicina Integrada (Asami), é voltado para médicos.
As aulas começam em maio e serão ministradas em Curitiba, no Paraná.
O programa é dividido em cinco módulos, com encontros realizados no
final de semana. O curso tem 80 horas de duração e mais informações
podem ser obtidas pelos telefones (41) 3022-0293 e (41) 3019-2966 ou
pelo e-mail asami@asami.com.br.

Veja abaixo a relação de temas que serão

abordados durante o curso.

ALGUMAS DISCIPLINAS QUE FAZEM PARTE DO CURSO DE EXTENSÃO EM MEDICINA INTEGRADA

1º Módulo – Maio 4º Módulo – Setembro

Medicina Bioxidativa Bioressonância

Microscopia de Campo Escuro e Isopatia Fitoterapia
Nutrologia Proloterapia
Nutrologia

2º Módulo – Junho
5º Módulo – Novembro
Fitoterapia
Terapia Neural Apiterapia
Terapias Intravenosas Cinesiologia Aplicada
Hormônios Bioidênticos
Laserterapia
Medicina Ayurveda
Terapia Celular
3º Módulo – Julho
Atualizações em Exames Laboratoriais
Oligoelementos
Helioterapia * As datas de cada módulo ainda serão definidas.
Nutrologia A ordem das disciplinas está sujeita à alteração
Colonterapia e outras serão incluídas na programação.
 MEIO AMBIENTE
MUNDO MODERNO SOBRECARREGA
A todo instante o corpo precisa travar uma ver-
dadeira batalha contra a enxurrada de substâncias
tóxicas a que é submetido no mundo atual. Os
poluentes estão no ar, nos alimentos, em produtos
cosméticos, na água e até mesmo no solo. Estima-
se que nos Estados Unidos existam cerca de 80
mil substâncias químicas, a maioria ainda pouco
estudada com relação aos efeitos que causam no
organismo humano. Cientistas norte-americanos
acreditam que todas as pessoas carregam em seus
corpos pelo menos 700 contaminantes. Os mecanis-
mos corporais naturais de desintoxicação (como o
suor e outras funções desempenhadas pela pele,
rim, fígado intestino e processos celulares) não são
suficientes para conter a quantidade de substâncias
agressivas geradas no mundo atual.
Para a médica Aurea Eleutério Pascalicchio,
doutora em Saúde Pública e Saúde Ambiental pela
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São
Paulo, a contaminação da água, do ar, solo, mar e dos
alimentos por inúmeros poluentes, tais como os me-
tais, é produto da sociedade altamente industrializa-
da, do processo agrícola, da atitude predatória com
a natureza e do excesso de população mundial. O
resultado dessa contaminação reflete-se no índice
crescente de doenças e sintomas nem sempre fáceis
de serem associados à intoxicação. “Os sintomas ini-
ciais são gerais e inespecíficos, como cansaço, dores
de cabeça, dores abdominais, irritabilidade, tonturas,
perda de memória, insônia, dores musculares, o que
dificulta o diagnóstico”, explica a médica.
As conseqüências da exposição exagerada às
substâncias químicas e aos metais são inúmeras e
entre os males que podem ser desencadeados ou
agravados pelo problema estão: câncer, hiperten-
são, infarto, diabetes, distúrbios respiratórios, infer-
tilidade, alergias, anemia, depressão, distúrbios de
atenção e memória, disfunções imunológicas, difi-
culdades de aprendizado, comportamentos agressi-
vos e violentos, diminuição do período de lactação,
DIVULGAÇÃO
“A contaminação
da água, do ar, mar, solo
e dos alimentos é produto
da sociedade altamente
industrializada”
A médica e doutora em Saúde Pública
Aurea Eleutério Pascalicchio
18 HOMO OPTIMUS • Abril 2006
entre outros. Além disso, o acúmulo de metais no
organismo também está associado ao aumento do
estresse oxidativo. Os metais são provavelmente os
elementos tóxicos mais antigos conhecidos pelo
homem. Em 370 a.C., Hipócrates já descreveu cólicas
abdominais em um homem que extraía metais. O
aumento dessas substâncias com o passar dos anos
é comprovado pela análise das áreas mais geladas
do planeta. Antigamente havia pouco chumbo
na capa de gelo da Groelândia, entretanto, após a
adição de chumbo à gasolina essa quantidade
aumentou 200 vezes.
Aurea Pascalicchio explica que o acú-
mulo de doses no organismo é mais gra-
ve com os tóxicos persistentes, como o
arsênico, metais pesados e compostos
aromáticos halogenados (compostos
policlorados bifenílicos, inseticidas
como DDT, BHC, dieldrin e heptacloro).
“Esses tóxicos concentram-se na cadeia
alimentar e permanecem retidos
nos organismos vivos por
sua natureza física (maior
solubilidade nas gorduras
ou absorção) ou por sua
natureza química (fixação
em certos componentes das células ou
dos tecidos) ou, ainda, por lesarem os órgãos
excretores. Dessa maneira, há um
aumento progressivo da subs-
tância até ultrapassar o limiar
da concentração tóxica e então
aparecem os sintomas e sinais de
intoxicação”, descreve. A médica
também alerta que a superposição
de efeitos leva a lesões irreversíveis, características
de certos tóxicos, independentemente da velocida-
de de eliminação ou da degeneração metabólica,
como é o caso, em geral, das substâncias canceríge-
nas, em que fica difícil estabelecer uma dose limiar.
Apesar da gravidade dos efeitos do acúmulo de
substâncias tóxicas, existem meios que auxiliam na
desintoxicação do organismo. O primeiro passo,
antes de qualquer tratamento ou procedimento, é
detectar o nível de exposição. Testes bioquímicos de
sangue, urina, unhas, cabelo e outros tecidos corpo-
rais medem a quantidade de metais e também as
alterações de minerais importantes decorrentes de
intoxicação química. Também podem ser utilizados
O CORPO DE SUBSTÂNCIAS TÓXICAS
outros exames para mensurar o efeito da agressão
ao organismo por meio da análise da função do
fígado, rim ou cérebro. Aparelhos desenvolvidos na
Europa e nos Estados Unidos também são utilizados
para essa finalidade por meio da mensuração de fre-
qüências e correlação com meridianos de acupun-
tura ou de Voll, tal como VEGA teste e VEGA check.
Entre os tratamentos mais utilizados para a
desintoxicação por metais pesados e outras subs-
tâncias químicas está o emprego de agentes que-
lantes, capazes de “capturar” a substância tóxica,
formando componentes possíves de serem
excretados pelo corpo. Também destaca-
se o uso da homeopatia e acupuntura
para recuperar o estado de homeosta-
se do organismo e a utilização de fito-
terápicos, fórmulas minerais e vitamí-
nicas, prescritas por especialistas. Mas
as melhores medidas sempre serão a
prevenção e a promoção da saúde, eco-
nomicamente também vantajo-
sas, mas que dependem de
maior acesso à informação.
O acesso ao conheci-
mento deve ocasionar a
adoção de hábitos mais
saudáveis e que favoreçam o meio am-
biente, como o consumo responsável, com a
reciclagem de resíduos, busca de
alimentos orgânicos, maior in-
gestão de água e revisão dos
parâmetros de necessidades,
como por exemplo privilegiar
alternativas coletivas de trans-
porte ou o uso da bicicleta para reduzir
a poluição. Veja no quadro ao lado outras medidas
preventivas que ajudam a diminuir as chances de
intoxicação.

Abstract: North American scientists believe that all people have in their bodies at least 700 toxics substances.
The natural corporal mechanisms of detoxification (as the sweat and other functions played by skin, kidney,
liver, intestine and cellular processes) are not enough to contain the amount of aggressive substances
generated in the current world. The consequences of that exaggerated exposition to chemical substances
and metals are innumerable and between diseases that can be unchained or be aggravated by the problem
are: cancer, heart attack, diabetes, high blood pressure, respiratory problems, among others. However, there
are ways to help in the detoxification process as the use of chelating agents, homeopathy, acupucture,
phytotherapics, mineral and vitaminic formulas.

Revista da Academia Sul-Americana de Medicina Integrada 19

 ESTUDOS

A PRÁTICA DE TRABALHO VOLUNTÁRIO

COMO PREVENÇÃO DE DOENÇAS
PSICOSSOMÁTICAS
Vera Lucia Muniz Bassoi (Sorocaba/SP)
Resumo da monografia apresentada à FACIS/IBEHE para obtenção
do título de especialista em Psicossomática - SP/2001

“Na nossa cultura, a formação dos médicos e dos
psicólogos está toda voltada para lidar com a doen-
ça e não com a saúde” – Volich (1998). A partir da
constatação dessa realidade, sentimo-nos chama-
dos a voltar a atenção para a prevenção ou profila-
xia de doenças e desenvolvermos nossa consciência
para uma Psicossomática Comunitária.
De acordo com a Psicossomática, a maior parte
das doenças é de origem emocional e se instala no
corpo, ou soma (doença física), ou na mente (doen-
ça psíquica) do indivíduo que cria, por um motivo
ou outro, sua própria necessidade de adoecer. Se-
gundo Zenidarci - “Os processos desencadeadores do
adoecer estão estreitamente ligados às perdas e frufrus--
trações vividas pelo indivíduo e à elaboração o ou
o nãonão
destes fatos. O estresse,
e tanto físico quanto
nto psí
síqu
quico,
uicoo
o,
e a baixa tolerância ao ’não’ também sãosão fato
fatore
ores
ess dee-
e dosos cconc
sencadeantes. Cada um de nós tem um estilo
es o de vi vid
vida
ida
da
daa,,
portanto, temos com isso um próprio estilo oddee ado
doe--
cer.
r Os grandes filósofos e médicos da Antiguida
idade
d e já j
diziam que o principal fator causal das doençass é a
conduta do indivíduo e suas conseqüências.”
Como ninguém é uma ilha, estando todos na
roda da vida sob influências do meio sócio-cultural-
econômico e, ainda, tendo que levar em conta nossa
personalidade com todos os complexos e traumas
adquiridos desde o nascimento, podemos inferir ser
utópica a possibilidade de um indivíduo nunca ficar
doente (isso sem levar em conta fatores externos,
DIVULGAÇÃO
Conforme nos diz Romano, “O fato rea real
all é q
qu
que
uee o
psiquismo é fundamental na conservação da saúde sa
e que o indivíduo adoece por ‘opção’ de vida, mesmomes
que de forma inconsciente!” Muitos são os fatores
e, entre eles, o que mais comumente aparece é a
necessidade que o ser humano tem de ganhar aten-
ção e cuidados especiais, ou seja, a necessidade de
sentir-se amado.
Como na Psicossomática é importante conside-
rar o indivíduo como um todo, pois ele adoece por
inteiro, e de acordo com o embasamento teórico
apresentado nesta monografia, faz-se necessário
incluir o nível espiritual na definição de saúde
proposta pela OMS, passando a ser assim definida:
“saúde é o total bem-estar bio-psico-social-espiri-
“sa
tuaall ddo homem”, indo, dessa maneira, ao encontro
onceitos da Psicologia Analítica, da Psicologia
Transp
TTra
anspess
essoal e da Psicossíntese.
Den
entro da Psicossíntese, é clara e concisa a afir-
mação sobre a importância do desenvolvimento
maç
ma
espiritual na saúde mental dos indivíduos. Nesse
e
sentido, “o termo ‘espiritual’ remete não somente a ex-
periências tradicionalmente consideradas religiosas,
como também a todos os estados de consciência e a
todas as funções e atividades humanas que têm como
denominador comum a posse de valores superiores
aos comuns – valores éticos, estéticos, heróicos, huma-
nitários e altruístas” (Assagioli, 1997, p.51).

pertencentes ao meio ambiente físico).

Segundo a OMS, “saúde é o total bem-estar biop-
sicossocial do homem”. Se aceitarmos essa definição
de saúde como um estado de permanência, ficare-
mos desesperançados e nos sentiremos impotentes
diante das circunstâncias da vida. No entanto, se
dia
consid
conn
nsiderarmos que vivemos num continuum entre
nãão
nã o doença/doença/não
d
doe doença..., então pode-
re
re
emm
mos
os nonos motivar a permanecer o maior tempo
possív
pos sível
í no estado de não doença (equivalente a
saúde) e, ainda, se entrarmos na doença, existirá a
saú
possibilidade de sairmos dela por um esforço pes-
soal, vontade e deliberação. Aplicação de Reiki

20 HOMO OPTIMUS • Abril 2006

 Se, como
moo foi
ffo
oi dito
d
dii anteriormente, cada um de nós
tem um estilolooppróprio de adoecer, poderemos tam-
bém afirmar que cada um de nós tem seu próprio
estilo de não entrar na doença, ou seja, de preveni-la
permanecendo, assim, em ótimo estado de saúde.
Refletindo sobre a possibilidade de trabalhos
humanitários e altruístas serem o caminho para se
permanecer em estado de saúde, surgiram duas
hipóteses para serem investigadas: 1) o que leva
um indivíduo a realizar trabalhos voluntários é o
fato de ele ter tido um despertar espiritual e, con-
seqüentemente, estar em busca da satisfação das
suas metanecessidades; 2) o indivíduo que satisfaz
suas metanecessidades mantém sua saúde psíquica
e física.
Definindo os conceitos propostos nas hipóteses,
temos:
Despertar espiritual – acordar para outra reali-
dade diferente daquela que esteve até então; é sair
do mundo da ilusão; é a tomada de consciência de
outros níveis da mente.
As experiências que costumam preceder o des-
pertar espiritual são aquelas que causam algum
choque emocional ou que colocam a vida em xeque
como, por exemplo, a perda de um ente querido, ter
sobrevivido a um acidente grave ou a uma doença,
ter entrado em estado de coma, separação de laços
afetivos ou matrimoniais, a dor da traição, mudança
de cidade ou país com culturas e costumes diferen-
tes, a perda de emprego, rompimento de socieda-
des, etc. Porém, Assagioli diz que, “por vezes, a crise
que precede o despertar espiritual se manifesta sem
causa aparente e no pleno gozo da saúde e prospe-
ridade. A mudança começa, muitas vezes, com uma
crescente sensação de insatisfação, de carência, de
“alguma coisa que falta” e que nada tem de material
e definido. Acrescenta-se a isso, gradualmente, um
sentido de vazio com relação à vida cotidiana. Assun-
tos pessoais, que antes absorviam tanto a atenção e
o interesse, parecem perder a importância e o valor.
Surgem novas preocupações. O indivíduo começa a
procurar a origem e o propósito da vida, a perguntar
a razão de muitas coisas que antes tinha por certas
– a questionar, por exemplo, o sentido do sofrimento
pessoal e alheio, e da justificativa possível para tantas
Abstract: This paper analyzed the possibility of humanitarian and altruistic works to be the way to remain
in health state. For this purpose, 40 people had been analyzed, volunteers who applied Reiki. It was observed
that when the axle ego/self was restored, that means, the balance between personality and soul, these
people had become psichologically healthful. In result of the mental health, they had become physically, also,
healthful.
desigualdades no destino dos homens”. O despertar
espiritual provoca as chamadas metamotivações
– motivações advindas da alma, tais como: vontade
de ajudar o próximo, de diminuir a dor e o sofri-
mento do outro, colocar-se a serviço de Deus e da
humanidade.
Metanecessidades – necessidades da alma,
tais como: sentir alegria, paz, harmonia, amor in-
condicional, humildade, compaixão, sensibilidade,
intuição, preencher o vazio interior, estar próximo
de Deus e fortalecer a fé.
As 40 pessoas que fizeram parte da amostra para
a realização deste trabalho científico, todas voluntá-
rias que aplicavam o Reiki, ao serem entrevistadas,
nos forneceram dados que vieram comprovar as
nossas hipóteses. Todas elas haviam passado por
um despertar espiritual e haviam sido motivadas a
ouvir a voz interior que apontava para um trabalho
humanitário. Tendo restaurado o eixo ego/self, isto
é, o equilíbrio entre a personalidade e a alma, tor-
naram-se saudáveis psiquicamente. Em decorrência
da saúde mental tornaram-se, também, saudáveis
fisicamente.
Dessa forma, ficaram comprovadas as hipóteses
que, justapostas, nos dão a seguinte fórmula opera-
cional:
DESPERTAR ESPIRITUAL
METAMOTIVAÇÕES
TRABALHO VOLUNTÁRIO
METANECESSIDADES SATISFEITAS
SAÚDE PSÍQUICA
SAÚDE FÍSICA
E, assim, concluímos esse trabalho com a certeza
de que a afirmação feita por São Francisco de Assis
foi comprovada cientificamente: “É dando que se
recebe”.
Revista da Academia Sul-Americana de Medicina Integrada 21
 EFICÁCIA DA VITAMINA C
INTRAVENOSA CONTRA
TUMORES É RECONHECIDA
Cientistas do National Institutes of Health,
principal órgão de pesquisa médica do governo
dos Estados Unidos, confirmaram o conceito de
que a vitamina C é seletivamente tóxica para
células cancerosas e que níveis tóxicos para
atingir tumores podem ser alcançados utilizando
a administração intravenosa. O artigo, divulgado
na publicação Proceedings of the National Academy
of Sciences (edição de 12 de setembro de 2005),
conclui: “Essas descobertas dão plausibilidade
a utilização do ácido ascórbico em tratamentos
contra o câncer”.
Pesquisadores médicos ortomoleculares,
incluindo o ganhador do prêmio Nobel Linus
Pauling, já reconheceram há bastante tempo a
importância da vitamina C no combate ao câncer.
Cientistas associados com o Bio-Communications
Research Institute (BCRI) em Winchita, Kansas,
Estados Unidos, publicaram 20 artigos científicos
sobre o tema. Pesquisadores do BCRI reportaram
pela primeira vez em 1995 que a vitamina C em
quantidade suficiente é seletivamente tóxica
para células de tumores. Os autores do estudo
concluíram que o nível tóxico para o tumor pode
ser alcançado unicamente pela administração
intravenosa da vitamina C. Uma pesquisa
subseqüente conduzida pelo BCRI, publicada no
British Journal of Cancer em 2001, foi a primeira a
descrever em detalhes o processo farmacológico
de altas doses de vitamina C intravenosa.

Fonte: Towsend Letter for Doctors & Patients

• Chen Q., Espey MG, Krishna MC, Mitchell JB, Corpe CP,
Buettner GR, Shacter E, Levine M., Pharmacologic ascorbic acid
concentrations selectively kill cancer cells: Action as a prodrug
to deliver hydrogen peroxide to tissues, Proc Natl Acad Sci USA,
2005. Sep 20; 102 (38): 13604-9. Epub 2005 Sep 12.
• Cameron E, Pauling L., Supplemental ascorbate in the supportive
treatment of cancer: Prolongation of survival times in terminal
human cancer. Proc Natl Acad Sci USA, 1976. Oct;73(10):3685-9.
hhttp://profiles.nlm.nih.gov/MM/B/B/K/Z/_/mmbbkz.pdf
• Casciari, J.J., Riordan NH, Schimidt, T.L., Meng, S.L., Jackson
JA, Riordan HD, Cytotoxicity of ascorbate, lipoic acid, and other
antioxidants in hollow fibre in vitro tumours, British J Cancer,
2001. 84(11), 1544-1550.

Abstract: Scientists from the National Institute

of Health of United States have confirmed the
concepts that vitamin C is selectively toxic
to cancer cells and that tumor-toxic levels of
vitamin C can be attained using intravenous
administration.

22 HOMO OPTIMUS • Abril 2006

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