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O Funcionamento do Conselho de Escola

The Functioning of Council School

Malisa Quietho Manuel1

Eusebio Fortunato2

Universidade Licungo - Delegação de Quelimane

malisquiethomanuel@gmail.com

849234519/860361020

Resumo

Esta pesquisa aborda o funcionamento do Conselho de Escola, visto na perspectiva


do Regulamento Geral do Ensino Básico, como o órgão máximo deliberativo e
consultivo, que coordena os aspectos mais importantes do seu funcionamento,
permitindo a convergência de várias ideias vindas de vários extractos sociais
(professores, pessoal técnico, pais/encarregados de educação, comunitários e
alunos). Assim, pretende-se reflectir em torno do funcionamento do Conselho de
Escola, contextualizando as nuances à volta da sua constituição e o real sentido de
democraticidade, com a participação da comunidade na vida escolar. Este
desiderato pressupõe identificar os integrantes no Conselho de Escola; descrever os
objectivos, propósitos e pressupostos da sua constituição; sugerir alternativas de
superação dos conflitos de interesses a nível da escola, que retrocedem a gestão
democrática. Esta pesquisa é de aporte teórico, sendo que sua abordagem
qualitativa, fundamenta-se de fontes bibliográficas (artigos científicos relacionados)
e documentais (leis, regulamentos e relatório). Ademais, a lógica de abordagem
baseia-se na dialéctica dessa diversidade bibliográfica. Se bem que a guerra de
protagonismo que se assiste na gestão da escola, e o consequente fechamento e
centralização, é causado por um lado, pelo défice formativo dos gestores, que
muitas vezes chegam a esses cargos por vias pouco claras, e por outro pela baixa
qualificação dos integrantes comunitários (analfabetismo, desactualização, baixo
acesso aos guiões, entre outros). Muitas reformas, podem ocorrer, mas se o líder,
articulador de ideias, visionário, não se manifestar, então o futuro educativo dos
alunos na escola estará fadado ao fracasso.

Palavras-Passe: O Funcionamento, Conselho, Escolar.


1
Estudante do Curso de Licenciatura em Administração e Gestão da Educação
2
Mestrando em Psicopedagogia
2

Abstract

This research addresses the functioning of the School Council, seen from the
perspective of the General Regulation of Basic Education, as the highest deliberative
and consultative body, which coordinates the most important aspects of its
functioning, allowing the convergence of various ideas from various social strata
(teachers, technical staff, parents/guardians, community and students). Thus, it is
intended to reflect on the functioning of the School Council, contextualizing the
nuances surrounding its constitution and the real sense of democracy, with the
participation of the community in school life. This aim is to identify the members of
the School Council; describe the objectives, purposes and assumptions of its
constitution; suggest alternatives for overcoming conflicts of interest at school level,
which go back to democratic management. This research is theoretical, and its
qualitative approach is based on bibliographic sources (related scientific articles)
and documentary sources (laws, regulations and report). Furthermore, the
approach logic is based on the dialectic of this bibliographic diversity. Although the
war of protagonism that is witnessed in the management of the school, and the
consequent closing and centralization, is a consequence on the one hand, of the
training deficit of the managers, who often arrive at these positions in unclear ways,
and on the other hand. low qualification of community members (illiteracy,
outdated, low access to scripts, among others). Many reforms can take place, but if
the leader, articulator of ideas, visionary, does not manifest, then the educational
future of students at school will be doomed to failure.

Passwords: The Functioning, Council, School.

Introdução

A abordagem da ligação escola-comunidade, tem acompanhando as


mudanças constitucionais e sociais que vem sendo registadas desde a
concepção do Sistema Nacional de Educação em 1983, até a última revisão
havida em 2018, através da Lei n.º 18/2018, de 18 de Dezembro. Esta
adequação do sistema às transformações constantes, exige adopção de um
paradigma dinâmico que evoca o Conselho Escolar como órgão máximo,
deliberativo e consultivo que trabalha em coordenação com os demais órgãos
da escola.

Este movimento de descentralização em educação é internacional,


resulta do entendimento de que apenas localmente é possível promover a
gestão da escola e do processo educacional pelo qual é responsável, ciente de
que ela é uma organização social e o seu produto é fruto das dinâmicas
3

sociais, onde qualquer tentativa de centralização e autoritarismo está


condenada ao fracasso (Lück, 2000).

Deste modo, esta pesquisa pretende reflectir em torno do


funcionamento do Conselho de Escola, contextualizando as nuances à volta
da sua constituição e do real sentido de democraticidade, com a participação
da comunidade na vida escolar. Este desiderato pressupõe identificar os
integrantes no Conselho de Escola; descrever os objectivos, propósitos e
pressupostos da sua constituição; sugerir alternativas de superação dos
conflitos de interesses a nível da escola, que retrocedem a gestão
democrática.

Deste modo, é de lei a constituição dos Conselhos Escolares, e pela


sua natureza representativa, assegurar uma reflexão profunda do seu
funcionamento demanda a compreensão da sua origem, natureza,
composição, condições de eleição dos seus membros, mandatos, perfil,
princípios, objectivos, competências, comissões de trabalho e a sua
dimensão democrática.

Esta pesquisa é de aporte teórico, sendo que sua abordagem


qualitativa, fundamenta-se de fontes bibliográficas (artigos científicos
relacionados) e documentais (leis, regulamentos e relatório). Ademais, a
lógica de abordagem baseia-se na dialéctica dessa diversidade bibliográfica.

1. Origem do Conselho de Escola

É razoável assumir que, mudanças profundas decorrentes do


funcionamento da escola sejam em grande medida resultantes das
tendências em que a escola vive, ou seja, conselho de escola surge
efectivamente no contexto das reformas da escola nova, iniciadas nos anos
80 em países como Brasil, e em Moçambique entre as décadas de 80 a 90.

Assim, a organização e funcionamento da escola devem estar


embasados por entre outros, nos seguintes aportes: Regimento ou
Regulamento Escolar, Processos de Planificação do Conselho Escolar e o
4

Processo de Escolha de seus Dirigentes, norteando a definição e o


desencadeamento de suas acções (Mello, 1992 citado em Lima, s.d).

Ademais, importa contextualizar a génese do Conselho de Escola, para


situar o ângulo de sua actuação, sob pena do seu papel estar a quem das
espectativas dos propósitos da sua criação pelo Ministério de tutela. Na
perspectiva do Sector, com este órgão busca-se:

A participação activa e construtiva da comunidade, dos pais e/ou


encarregados de educação através dos Conselhos de Escola, na
tomada de decisões que podem melhorar, as infra-estruturas, o
equipamento, o ambiente escolar e promover o sucesso escolar, pois o
seu envolvimento está positivamente ligado aos resultados dos alunos.
Os pais podem apoiar a escola na organização de um conjunto de
actividades que têm por finalidade, melhorar o desempenho e
desenvolvimento da escola (MINEDH, 2015, p. 5).

Assim, o Conselho de Escola é o órgão máximo de consulta, monitoria e de


fiscalização do estabelecimento, funcionando em estrita coordenação com os demais
órgãos executivos (Direcção da Escola, Conselho Pedagógico e Colectivo de Direcção)
e consultivos (Assembleia Geral da Turma e Conselho Geral da Turma) (MINEDH,
2015; artigo 9 do REGEB3).

Deste modo, é pacifico assumir que este órgão no contexto da racionalidade,


afectividade e dos conflitos emergentes nos seus integrantes, onde cada integrante
em representação dos seus pares e conjuntamente, assumem o curso histórico do
desenvolvimento da escola, numa clara consciência política de compreensão das
dinâmicas do Sistema Educativo, sendo que os ganhos e perdas no âmbito
pedagógico devem ser igualmente distribuídos pelos integrantes do Conselho (Werle,
2003 citado em citado Bergamo, 2009).

Por vezes, é recorrente atrelar o indicador de gestão democrática da escola ao


nível da 1ª comissão (finanças, património, produção e segurança escolar),
obscurecendo as demais áreas de interesse, a 2ª comissão (assuntos sociais) e 3ª
comissão (assuntos pedagógicos), num claro atropelo as princípios de
funcionamento do Conselho de Escola. Este facto remedeia-se com o
aperfeiçoamento técnico do papel dos seus integrantes, e do fim último da sua
actuação: “uma educação de qualidade para a comunidade”.

3
Regulamento Geral do Ensino Básico
5

Direcção da Escola

Segundo o artigo 14, do REGEB, a Direcção da Escola é o segundo maior


órgão executivo, depois do Conselho de Escola, politicamente representada pelo
Director da Escola, Director Adjunto Pedagógico, Chefe de Secretaria, Chefe do
internato (estes dois últimos, caso se justifique ou existam). Este colectivo de
direcção, é extensivo aos responsáveis do Desporto, da Cultura e da Higiene –
Saúde e até após professores.

Conselho Pedagógico

É o órgão de apoio técnico, científico e metodológico do Director da


Escola em matéria pedagógica, sendo por isso composto, para além deste,
que o preside e pode o convocar mensalmente ou extraordinariamente,
também pelo Director Adjunto pedagógico e coordenadores de Ciclos e de
Áreas (artigos 1, 3 e 4 do REGEB).

Colectivo de Direcção

A junção dessas entidades que compõe a Direcção da Escola, assume


a denominação, segundo o artigo 19, de Colectivo de Direcção (órgão
consultivo). Este facto alude a ideia de que, a Direcção da Escola não se
resume tão-somente a pessoa do Director da Escola, Director Adjunto da
Escola, Chefe de Secretaria ou Chefe do Internato, mas a sua acção
coordenada, interdependente onde, em situações de ausência de um dos
seus representantes, não haja necessariamente paralisação da máquina
administrativa escolar.

Assembleia Geral da Escola

É um órgão de consulta e de informação global promovida pelo


Director da Escola, coadjuvado pelos demais constituintes do Colectivo de
Direcção, abrindo-se espaço da sua participação aos membros do Conselho
Escolar, membros de Direcção, Autoridades Locais (Líder Comunitário,
Secretário de Bairro, Autoridades Tradicionais e outras) (números 1 e 2, do
artigo 28, do REGEB).
6

Ainda segundo o artigo 29, do presente Regulamento, esta Assembleia


pode ser convocada pelo Director de Escola duas vezes ao ano (no inicio do
ano lectivo e no final do segundo trimestre para efeito de apreciação do
relatório do ano transacto e balaço do cumprimento das metas
respectivamente), podendo ter lugar extraordinariamente assim que se
justificar.

2. Natureza do Conselho de Escola

De acordo com MINEDH (2015), o Conselho de Escola, é composto por


todos extractos da comunidade escolar (director da escola, professores,
pessoal administrativo, alunos, pais e/ou encarregados de educação),
cabendo a sua presidência a um dos representantes da comunidade. Neste
caso, é imprescindível que esta função seja desempenhada por uma figura
consensual, reúna competências de leitura e escrita, disponha de uma visão
critica e ampla sobre as tendências da educação.

Deste modo, o Conselho de Escola enquanto órgão supremo da escola,


assume dupla dimensão (executiva e consultiva), pela natureza
representativa da sua constituição (todos os segmentos da comunidade
escolar). Estas particularidades, garantem um ambiente escolar participativo
e transparente, colocando os pais e encarregados e demais interessados à
mercê das actividades nela desenvolvidas.

Composição do Conselho de Escola

De acordo com o artigo 10 do Regulamento, o Conselho de Escola é


composto pelo director da escola, representante dos professores,
representante do pessoal administrativo, representante dos pais e
encarregados de educação, representantes da comunidade e representantes
dos alunos, podendo o universo deste órgão variar entre 13, 16 e 19 (escolas
com menos de 500 alunos, entre 500-1500 e mais de 1500 alunos
respectivamente).

3. Condições de Eleição dos Membros do Conselho Escolar


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Qualquer constituinte dos grupos de composição, pode ser elegível à


função de membro deste conselho, desde que: seja idóneo e responsável; seja
aberto, ouvinte e flexível; tenha disponibilidade de participação na vida
escolar; e seja votado pelo grupo a que pertence. Assim a sua criação é da
inteira competência do Director da Escola, e deve decorrer num intervalo de
45 dias após a abertura do ano lectivo (quando exista e careça de
revitalização) e em 30 dias (quando não exista e pretenda-se constituir), onde
a cessação do anterior conselho só terá lugar depois da tomada de posse do
novo conselho (MINEDH, 2015). De acordo com a mesma fonte, note-se 3
etapas na constituição do Conselho de Escola:

a. Procedimentos da Eleição

O Director da Escola deve com auxílio de todos canais (convocatórias,


anúncios, avisos), deixar a comunidade em geral (alunos, professores,
encarregados de educação) à par da realização da eleição (data, hora e local).
Ainda, na referida reunião, todos devem ser dados a conhecer, objectivos,
composição e condições de candidatura, formando-se em seguida o júri de
três pessoas (presidente, secretário e vogal).

Segundo MINEDH (2015), a eleição decorre no grupo de pares (alunos,


professores, pais/encarregados por entre si, como forma de assegurar
legitimidade), com o quórum exigido (triplo das vagas existentes, isto é,
quando há uma vaga, devem concorrer 3 pessoas, se há 3 vagas, devem
concorrer 9 pessoas) e posterior aclaração dos objectivos do acto e da
necessidade da democraticidade do processo. Antes da votação, o jurado dá
a conhecer as possíveis modalidades de votação (secreta e aberta), podendo
ser escolhida pelos presentes, sendo que deve ser esclarecido que há
possibilidade de cada votante escolher apenas um candidato, e em situação
de empate decorre a segunda volta.

b. Reunião Constitutiva para Eleição do Presidente

Volvidos 7 dias após a eleição dos membros do Conselho Escolar, o


Director da Escola, convoca a Assembleia Geral para eleição do Presidente
através do voto secreto, e como fizemos referência, este presidente deve
8

surgir entre o grupo de pais e encarregados de educação e do grupo


comunitário.

c. Os eleitos e a Investidura

No referido dia da eleição do Presidente do Conselho, o membro eleito


(o mais votado) deverá em público ser apresentado, num acto de investidura
a ser dirigido pelo Director da Escola no referido dia.

d. Mandato dos Membros do Conselho de Escola

Todos membros do conselho têm um mandato de 2 anos, renovável


por uma vez, excepto o director (pela natureza do seu vinculo e o
desencontro entre a data de sua nomeação à função e sua eventual
mobilidade nos termos da lei). Este mandato pode ser interrompido pelas
seguintes situações: transferência, desistência, abandono; mudança de
residência; incapacidade por doença; conclusão do nível escolar.

Segundo MINEDH (2015), o transcrito no parágrafo anterior ou a


destituição (por comportamento desonroso à função, incompetência, e outros
julgados pertinentes), pode ter lugar a pedido do membro ou por iniciativa de
2/3 dos membros do Conselho da Escola respectivamente, devendo em
seguida ser informado ao grupo a que pertence, e prosseguir-se com a
respectiva eleição de um sucessor.

e. Perfil do Presidente do Conselho da Escola

Como nos referirmos anteriormente, há um figurino que se espera do


Presidente do Conselho da Escola, enquanto membro eleito
democraticamente, a considerar: capacidade de mobilização da comunidade
na participação na vida escolar; conscientização do valor da comunidade
circundante na vida da escola; abertura à opiniões e contribuições;
descentralização da sua actuação, delegando responsabilidades aos demais;
pragmático e inovador na busca pelo sucesso da escola; idoneidade, zelo, e
competência (MINEDH, 2015).
9

É imperioso que, no âmbito da sua actuação, ao abrigo do número 5,


do artigo 13, do REGEB, o Presidente de entre os potenciais grupos
representados (pais, comunidade, professores), indique o responsável pela
organização de reuniões, actas, relatórios, organização e conservação dos
documentos inerentes ao órgão (o secretário, normalmente alfabetizado, de
preferência um professor).

4. Princípios do Conselho de Escola

O Conselho de Escola, como qualquer outro órgão adstrito ao


funcionamento de uma instituição, no caso particular, a Escola, deve a
partida nortear suas acções em função dos demais instrumentos legais
(PEE4, PCEB5, OTEO6, entre outros). Assim, podemos citar alguns princípios
que guiam as operações deste órgão consultivo e executivo:

1.Respeito pelos documentos normativos e orientadores; 2. Promoção


da unidade e participação da comunidade na melhoria da
aprendizagem dos alunos; 3. Promoção da iniciativa criadora dos
membros para o desenvolvimento da escola; 4. Promoção da cidadania
e dos direitos da criança; 5. Respeito pelos limites e padrões éticos,
combatendo energeticamente todos os actos de corrupção; 6.
Promoção do acesso e retenção das crianças, com destaque para a
rapariga, crianças órfãs e vulneráveis e as com Necessidades
Educativas Especiais (MINEDH, 2015, p. 9).

Estes princípios de forma conjunta, concorrem para o funcionamento


saudável da escola, devendo sempre ocorrer em estrita colaboração com o
Colectivo de Direcção encabeçado pelo Director de Escola. Mais, é preciso
reconhecer os limites de actuação de cada interveniente na hierarquia da
escola, construindo um ambiente aberto e participativo, sob pena de se
ofuscar o espaço de um ou de outro, numa aparente guerra de
protagonismo.

5. Objectivos do Conselho de Escola

O Conselho de Escola à partida, reflecte boa vontade, visão futurista e


tendência emancipadora das escolas por parte do Ministério de tutela,
4
Plano Estratégico da Educação
5
Plano Curricular do Ensino Básico
6
Orientações e Tarefas Escolares Obrigatórias
10

visando tornar o seu futuro não apenas, obra dos profissionais (gestores,
professores e técnicos), como também da comunidade circundante a que se
deseja prestar serviços. Deste modo, segundo MINEDH (2015), são alguns
objectivos deste órgão:

 Planificar e executar as tarefas específicas da sua


comissão;
 Fazer a análise e o acompanhamento do decurso das
actividades específicas que lhes são atribuídas;
 Mobilizar recursos para apoiar o desenvolvimento da
escola na sua área específica;
 Prestar informações regulares ao Conselho de Escola sobre
os avanços e os aspectos a melhorar na sua área específica.

Estas metas, concorrem para a única convergência final dos conselhos


escolares, que é “garantir o acesso e a permanência de todas as crianças, de
todos os adolescentes, jovens e adultos em escolas de qualidade” (Cury,
2000, p. 45 citado em Bergamo, 2009). O profundo conhecimento das
aspirações da comunidade circundante pode ser conhecido a partir da
constituição de um conselho escolar, verdadeiramente democrático,
conhecedor das suas obrigações no dia-a-dia da escola.

6. Competências do Conselho de Escola

Segundo o MINEDH (2015), as principais atribuições deste órgão,


podem ser distribuídas em áreas de actividade, a saber:

a. Administração escolar
 Elaboração do plano anual de actividades e do plano de
desenvolvimento da Escola (3-5 anos);
 Aprovação do Regulamento Interno da Escola (normas de
conduta dentro da escola) e garantia do seu cumprimento;
 Aprovar relatório das comissões de trabalho, deliberar
sobre a execução orçamental, antecipada de análise e pronunciamento
antecipado;
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 Acolher sugestões e queixas vindas da comunidade sobre o


funcionamento da Escola, analisando sobre questões disciplinares e de
condecoração a serem a aplicadas à comunidade escolar;
 Apresentar o relatório de actividades anuais (necessidades,
custos, fontes de financiamento), deduzidas do Plano de
Desenvolvimento, executadas no ano transacto à Assembleia Geral da
Escola;
b. Âmbito Pedagógico
 Propor alterações do calendário e do horário escolar (pico
do absentismo ou atraso, devido a raios percorridos, temporadas de
caça, ritos), aprovando e apoiando social, material e
psicopedagogicamente aos alunos;
 Pronunciar-se sobre o rendimento pedagógico dos alunos,
chamando o apoio material ou financeiro dos pais/encarregados de
educação e da comunidade em geral, quando necessário.
 Contribuir na construção do projecto político pedagógico
que respeite o programa oficial estabelecido, e responda as
necessidades reais locais.

Competências do Presidente do Conselho de Escola

À semelhança dos demais aspectos aqui abordados, as competências


do Presidente da Escola, estão adstritas ao número 4, do artigo 13 do
REGEB, pelo que passamos a citar algumas delas:

a) Convocar e presidir as reuniões do Conselho;


b) Zelar pelo bom funcionamento do Conselho;
c) Cumprir e fazer cumprir as decisões do Conselho;
d) Representar o Conselho da Escola a nível interno e
externo;
e) Prestar informação anual à Assembleia da Escola;

Deve-se salientar a prior que, o referido relatório deve ser produzido


em coordenação com as chefias das comissões, com anuência do Director da
Escola.
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Compete ainda a este dirigente, propor agenda a ser seguida nas


reuniões dos órgãos, ouvidos os membros; coordenar as actividades das
comissões de trabalho (mantendo reuniões regulares com as respectivas
chefias, enquanto planos de trabalho previamente desenhados) (MINEDH,
2015).

7. Funcionamento da Comissões de trabalho

À semelhança do que se assiste no número 5, do artigo 13, do REGEB,


ao auxílio do Presidente, não apenas é escolhido o seu secretário, como
também por sua iniciativa ou do Conselho, os integrantes deverão estar
dispostos em três comissões: 1ª Comissão - Finanças, Património, Produção
e Segurança Escolar, 2ª Comissão – Assuntos Sociais e 3ª Comissão -
Assuntos Pedagógicos.

A proposta da distribuição dos membros do Conselho às comissões de


trabalho acima referidas cabe ao Presidente, numa clara alusão ao princípio
da unidade e participação da comunidade na melhoria da aprendizagem dos
alunos, respeitando a representatividade dos demais elementos de outros
grupos, a equidade género e a competência individual na assunção da
liderança delas. Segundo MINEDH (2015), estas comissões devem planificar
e executar tarefas específicas; fazer acompanhamento das actividades que
lhes são atribuídas; mobilizar recursos para execução das tarefas
específicas; e reportar o decurso de actividades especificas ao Conselho.

As Comissões nascem das necessidades concretas do funcionamento


da Escola, o que passa necessariamente pelo envolvimento dos membros
distribuídos nos respectivos grupos de trabalho, na conscientização,
mobilização e organização da comunidade no apoio às tarefas
imprescindíveis ao desenvolvimento dela.

1ª Comissão: Finanças, Património, Produção e Segurança Escolar

Cabe, segundo MINEDH (2015), a esta comissão, entre outras as


seguintes responsabilidades: participar da planificação das despesas da
escola; promover parcerias e angariação de fundos locais; verificar a
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execução orçamental à disposição da escola (Duodécimo, Apoio Directo às


Escola, e outros); envolver a comunidade na preservação do património
escolar; incentivar a produção escolar assegurando sua gestão transparente,
sem prejuízo das aulas.

2ª Comissão: Assuntos Sociais

A esta comissão, cabe: conscientização à prevenção de doenças e


promoção da saúde, higiene e saneamento; assistir crianças órfãs e
vulneráveis ou necessidades especiais, funcionários com doenças
degenerativas em coordenação com outras instituições; promover palestras
em relação a saúde, higiene e saneamento do meio escolar e comunitário;
compreender a razão dos atrasos e faltas de funcionários e alunos,
salvaguardando a qualidade do ensino e a permanência até a conclusão do
nível respectivamente; apoiar alunos na educação de pares, género e
prevenção à gravidez e assédio sexual (MINEDH, 2015).

3ª Comissão: Assuntos Pedagógicos

Sob esta comissão, estão as responsabilidades: pronunciar-se sobre o


aproveitamento pedagógico, relacionando aos fenómenos atraso, absentismo,
vulnerabilidade social, necessidades especiais, comprometimento dos
professores e sua remediação; sensibilizar o acompanhamento dos pais aos
educandos, incentivando com prémios e distinções aos melhores professores
e alunos; incentivar a prática desportiva e cultural permanentemente;
acompanhar o processo de matrículas (MINEDH, 2015).

8. Conselho Escolar na Perspectiva da Gestão Democrática

A visão democrática da gestão escolar confundisse com a idade de


criação do Sistema Nacional de Educação em Moçambique, consumada pela
Lei n.º 4/83, de 23 de Março, posteriormente revista pela Lei n.º 6/92, de 6
de Maio, que na e) do seu artigo 2, atinente a princípios pedagógicos,
estabelece: “ligação estreita entre a escola e a comunidade, em que a escola
participa activamente na dinamização do desenvolvimento socioeconómico e
cultural da comunidade e recebe desta a orientação necessária para a
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realização de um ensino e formação que respondam as exigências do


desenvolvimento”.

Este desiderato, repete-se 26 anos após a primeira revisão, desta feita


pela g) do artigo 4, da Lei n.º 18/2018 de 28 de Dezembro. Esta parceria
Escola-Comunidade, deixa antever uma tendência ao movimento
escolanovista, democraticista na sua gestão, pelo que concordamos com
Lima (s.d), ao admitir que a participação comunitária na escola, é antes de
mais, responsabilidade desta, movida sem dúvidas por um espírito
democrático (assunção de sugestões e criticas, e respectiva gestão).

A Escola enquanto entidade que presta serviços à comunidade em que


está inserida, não se deve dar ao luxo de, esperar crescimento e qualidade do
seu funcionamento, se não tiver apoio directo dessa comunidade, evitando-
se contudo tomar a participação como fim em si, ofuscando assim o seu real
sentido que reside na participação dos demais no acto das grandes decisões
(Bergamo, 2009).

Esta abertura legal deixada pelo Sistema Nacional de Educação e


adequada ao Regulamento Geral do Ensino Básico, não deve limitar-se a
uma constituição de Conselhos de Escolas simbólicos ou figurativos, mas
sim operantes, o que carece de uma capacitação, conscientização e
imponderamento dos seus constituintes. Esta visão, passa necessariamente
pela existência de um gestor (articulador de ideias, obrador das inovações
educativas, dando oportunidade do envolvimento dos demais), ciente de que
o automatismo, a centralização, o conservadorismo, a fragmentação, o
divisionismo versus conquista, perda versus ganho, resultam no fracasso
das instituições de ensino (Silva, s.d; Lück, 2000).

Para Lück (2000), buscar parcerias educativas, assegurando


competência e qualidade formativa dos alunos face às transformações
sociais, desafia aos gestores escolares, mudança de paradigma, novas
atenções, conhecimentos e habilidades, claro com o envolvimento
incondicional da comunidade. Deste modo, a acção daquele a quem compete
15

liderar a formação do órgão máximo da escola (o Conselho), deve assumir em


seu plano executivo qualidades específicas:

Características organizacionais positivas eficazes para o bom


funcionamento de uma escola: professores preparados, com clareza de
seus objectivos e conteúdos, que planejem as aulas, cativem os
alunos. Um bom clima de trabalho, em que a direcção contribua para
conseguir o empenho de todos, em que os professores aceitem
aprender com a experiência dos colegas (Libâneo, 2005, p. 302 citado
em Gil, 2013, 15).

Articular as visões curriculares centrais e as reais aspirações da


comunidade viés as preocupações que afligem o seu dia-a-dia, que
consubstanciam-se na base da construção de um Projecto Político
Pedagógico, passa por se ter um gestor não apenas financeiro ou de recursos
materiais e humanos, como também que compreenda o essencial a ser
aprendido pelos alunos mediante a base da experiencia empírica dos
mesmos no desenvolvimento cognitivo e afectivo.

Se bem que o Conselho nasce da necessidade da democratização do


funcionamento escolar, isso pressupõe abertura, partilha, transparência,
suplantando o individualismo e o grupismo, o que desconstrói a visão
centralizada de gestão da escola na figura do Director (Abranches, 2003
citado em Silva & Neto, 2007). Esta visão é ainda partilhada por Bergamo
(2009), quando se refere que, por mais que o gestor escolar demonstre uma
postura centralizadora ou autoritária, desempenhando o papel de preposto
ou serviçal do Estado, a comunidade activa representada no Conselho (órgão
máximo), com recurso aos aportes normativos à sua disposição, sempre o
verá numa situação de equilíbrio, e nunca de superioridade ou de comando
dos rumos das grandes decisões da vida e do destino da Escola.

Na realidade moçambicana, há muito que se faça para alcançar tal


disciplina técnica e política dos integrantes comunitários no Conselho
Escolar, principalmente nas zonas rurais, o que passa necessariamente pela
reversão da acentuada taxa do analfabetismo, que tende a subsistir viés aos
múltiplos programas levados a cabo pelo Governo desde a Independência em
1975 (programas de alfabetização Alfa Regular, Alfa Rádio, Alfa funcional,
16

Alfalit, Família sem Analfabetismo, Reflect e Alpha em idiomas locais)


marcados por uma taxa de 35% (34.786) de conclusão do total de 98.414
inscritos em 2015, ainda com a taxa de 47% de abandono e 17% de
insucesso (MINEDH, 2019).

Por mais que, a liderança da escola seja partilha entre os gestores e a


comunidade representada no Conselho, reafirma o MINEDH (2019), que o
bom líder deve promover o trabalho em equipas distribuídas, no seu
desenvolvimento, e isso requer dos gestores alguma formação específica
nesta direcção, se bem que muitos deles chegam ao cargo com uma visão
distorcida do seu papel e da partilha do destino da escola com a
comunidade.

É preciso coordenar esforços, por um lado na consistência da


formação inicial e continuada dos professores (e não apenas, na supremacia
burocrática), e por outro lado na massificação da alfabetização de adultos
nas zonas rurais, por ser de lá que vem os membros integrantes dos
Conselhos Escolares. Esta combinação, deve estar assente na mudança de
paradigma (visão do mundo, que norteia a acção humana), e isso requer a
combinação de vários factores (descentralização, democratização, autonomia
da escola) enquanto parte do mesmo constructo, onde uma articulação
isolada precipitaria o seu fracasso (Lück, 2000).

Considerações Finais

O Conselho de Escola enquanto órgão máximo de consulta, monitoria


e de fiscalização do estabelecimento, funcionando em estrita coordenação
com os demais órgãos executivos e consultivos, nasce por via da criação do
Sistema Nacional de Educação, pela Lei n.º 4/83 de 23 de Março, revisto 9
anos depois, passando pela Lei n.º 6/92, de 6 de Maio, e desaguando
recentemente 26 anos mais tarde, na sua segunda revisão pela Lei n.º
18/2018 de 18 de Dezembro, respaldado no artigo referente aos princípios
pedagógicos, através da ligação escola - comunidade, embora a visão política
tenha sido reajustada ao longo da reforma constitucional de 1990.
17

É na Assembleia Geral da Escola que os membros e o presidente do


Conselho, são eleitos (por votação secreta ou aberta), este último, saído do
grupo de pais/encarregados de educação ou da comunidade, convocada
duas vezes ao ano por iniciativa do Director da Escola ou
extraordinariamente por 2/3 dos integrantes do Conselho (que varia de 13 a
19 membros, dependendo do tipo de escola). Com excepção do Director, o
único membro permanente, os demais membro exercem o mandato de 2
anos, renovável por uma vez, que pode ser interrompido por quebra de
princípios norteadores do seu funcionamento, levantado por um quórum de
2/3.

A descentralização, democratização e a autonomia do Conselho


Escolar, referendadas como sendo o mesmo corolário de um paradigma
dinâmico que deve nortear o funcionamento da escola, impõem a
necessidade de existência das comissões de trabalho (finanças, património,
produção e segurança escolar; assuntos sociais; e assuntos pedagógicos),
num claro respeito aos princípios que norteiam um órgão colegial desta
dimensão (Lück, 2000).

Apesar de 37 anos terem-se passado, remanescem velhos problemas


da efectiva ligação escola-comunidade, perfil das lideranças (paradigmas
tradicionais), inoperância dos conselhos escolares (simbólicos e menos
aplicados), e ineficiência na partilha do poder entre gestores e a comunidade
(muitas vezes, ad hoc, ou quando se pretenda formalizar certos processos
burocráticos, pode se manifestar a pessoa do presidente do conselho).

Os critérios tidos em consideração na constituição do Conselho de


Escola, são pouco claros, havendo por vezes extrapolação dos mandatos dos
seus membros, ou até a inexistência das comissões exigidas por lei. Estes
factores, resultam em parte da não existência de uma formação inicial
específica para os futuros gestores de escola, situação reconhecida pelo
Ministério de tutela, como crucial, se bem que a eficácia de uma escola é em
grande medida determinada pela qualidade da liderança escolar (MINEDH,
2019).
18

E mais, por um lado deve-se evitar esperar a boa prestação de serviço


pelos gestores a partir do modelo ensaio-erro, na actuação em situações de
tensão, na coordenação de grupos de trabalho, na monitoria e
implementação do Projecto Político Pedagógico, na ligação escola-
comunidade viés aos desafios de desenvolvimento da escola (Lück, 2000
citado em Gil, 2013). E por outro, a situação de eleger elementos da
comunidade, não é suficiente para a descentralização, é preciso ter em conta
as competências dos representantes, numa altura que ainda se assiste
iletrados na liderança dos Conselhos.

Referencias Bibliográficas

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Sistema Nacional de Educação. Boletim da República.
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Sistema Nacional de Educação. Boletim da República.
3. Assembleia da República de Moçambique. Lei n.º18/2018, de 18 de
Dezembro: Sistema Nacional de Educação. Boletim da República.
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conselhos escolares: um passo importante para a melhoria na
aprendizagem dos alunos. X Congresso Nacional de Educação, III
Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia, 941-952. Recuperado em
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do Ensino Básico. Boletim da República.
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da educação. Versão on-line. Recuperado em http://www.
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democrática. Recuperado em http://www.portal.mec.gov.br.
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19

9. MINEDH (2019). Revisão de políticas educacionais em Moçambique.


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10. MINEDH (2015). Manual de apoio ao conselho de escola primária.
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11. Sílva, P. K. O. & Neto, A. C. (2007). Conselho escolar como uma
estratégia de gestão democrática. III, 17-27. Recuperado em
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12. Silva, J. N. (s.d). Os desafios da gestão democrática. Formação
de professores: contextos, sentidos e práticas. Recuperado em
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