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ISSN 2179-8184
Junho, 2017 176
Cultivo de Plantas
Aromáticas
ISSN 2179-8184
Junho, 2017
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Embrapa Agroindústria Tropical
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Documentos 176
Cultivo de Plantas
Aromáticas
1a edição
On-line (2017)
Cultivo de plantas aromáticas / Rita de Cassia Alves Pereira, Francisca Natalia Brito,
Maria Gilka Aguiar Bezerra. - Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2017.
CDD 579.36
© Embrapa 2017
Autores
Introdução............................................................................... 7
Botânica, cultivo, composição química e uso de algumas
plantas aromáticas................................................................... 12
Alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham)...................................... 12
Alfavaca-cravo (Ocimum gratissimum L.)..................................... 14
Alfavaca-de-caboclo (Hyptis suaveolens Poit)............................... 16
Alfavaca-de-galinha (Ocimum micranthum Willd.)......................... 18
Capim-santo (Cymbopogon citratus, (D.C.) Staff.)........................ 20
Capim-citronela (Cymbopogon winterianum, Jowitt.).................... 22
Cravo-de-defunto (Tagetes minuta L.)......................................... 23
Elixir-paregórico (Ocimum selloi Benth)........................................ 25
Erva-cidreira (Lippia alba (Mill) N.E. Brown.)................................. 27
Funcho (Foeniculum vulgare Mill.).............................................. 29
Hortelã-japonesa (Mentha arvensis L.)......................................... 31
Malva-santa (Plecthranthus barbatus Andr.)................................. 33
Manjericão-branco (Ocimum basilicum L.).................................... 35
Pimenta-longa (Piper hispidinervum C. DC.)................................. 37
Considerações......................................................................... 40
Referências............................................................................. 41
Cultivo de Plantas
Aromáticas
Rita de Cassia Alves Pereira
Francisca Natalia Brito
Maria Gilka Aguiar Bezerra
Introdução
As plantas aromáticas são utilizadas desde tempos imemoriais e,
segundo alguns investigadores, acompanharam as migrações e
a evolução dos povos que as utilizavam (NEPOMUCENO, 2005).
Existem relatos do uso de plantas aromáticas pelos chineses, em
2700 AEC, no mais antigo livro de ervas do mundo, em que Shen
Nung cita plantas como gengibre e ópio. Outro uso documentado de
óleos essenciais se deu em 2000 AEC em livros escritos em sânscrito,
pelos hindus. Nessa época, já havia conhecimento mais rudimentar
de aparatos de destilação, e há relatos de outros povos que fizeram
uso desses compostos, como persas e egípcios (WIKIPEDIA, 2013).
Muitas das ervas comuns na atualidade já eram conhecidas, como,
por exemplo, o capim-limão, empregado em cerimônias religiosas ou
para fins terapêuticos (LISTA..., 2013). Um dos primeiros produtos
explorados no Brasil para extração de óleos essenciais foi retirado do
pau-rosa, uma árvore da Amazônia, cuja essência, o óleo de linalol, tem
aroma agradável. Outros vegetais também foram explorados, como o
eucalipto, capim-limão, menta, laranja, canela e sassafrás (ELA NÃO
SABIA, 2013).
Alecrim-pimenta
Espécie nativa do Brasil, encontrada nos domínios fitogeográficos da
Caatinga, Cerrado, Amazônia e Mata Atlântica. Nas vegetações de Caatinga,
a espécie é encontrada em: campo rupestre, carrasco, cerrado, floresta ciliar
e savana amazônica (Figura 1) (SALIMENA; MULGURA, 2013).
Alfavaca-cravo
A alfavaca (Ocimum gratissimum L.) pertence ao gênero Ocimum e
à família Labiatae. É originária da Ásia e África e foi trazida ao Brasil
pelos escravos africanos e se naturalizou rapidamente no País (Figura 2)
(CRUZ, et al., 2001).
Alfavaca-de-caboclo
Espécie com ampla distribuição nas regiões semiáridas das Américas
e da África, onde são empregadas para vários fins medicinais. Ocorre
em todo território brasileiro de forma espontânea em solos agrícolas,
beira de estradas e terrenos baldios, sendo considerada planta invasora
(Figura 3) (BASILIO et al., 2005).
Alfavaca-de-galinha
Erva aromática que se distribui pelas Américas (sul da Flórida,
Bahamas, México, Peru, Chile, Brasil) e oeste da Índia (Figura 4)
(SEIDEMANN, 2005). É uma importante fonte de óleos essenciais,
presentes em folhas, inflorescência e sementes.
Tal como ocorre com muitas especiarias, uma grande parte do aroma e
sabor de alfavaca-de-galinha é devido à presença de óleos essenciais,
presentes em folhas, inflorescência e sementes, largamente utilizados
pelas indústrias farmacêuticas de alimentos e perfumes devido aos seus
constituintes majoritários (LORENZI; MATOS, 2008). Porém, espécies
que pertencem à família Lamiaceae são conhecidas por apresentar
polimorfismo químico dos seus óleos essenciais (SACCHETTI et al.,
2004), já tendo sido identificados três quimiotipos distintos para essa
espécie. O quimiotipo indiano, que contêm principalmente eugenol,
1,8-cineol, β-cariofileno e γ-elemene; o quimiotipo do Norte do Brasil,
20 Cultivo de Plantas Aromáticas
Capim-santo
Planta originária da Índia, e muito cultivada em quase todos os países
tropicais, inclusive no Brasil, tanto para fins industriais como em hortas
caseiras para uso em medicina tradicional (Figura 5) (MARTINS et al.,
2000; MATTOS et al., 2006).
Capim-citronela
Planta originária do Ceilão, cultivada principalmente em Java, Haiti,
Honduras, Taiwan, Guatemala e República da China, se adapta a climas
equatorial, oceânico, subtropical e tropical (Figura 6) (CASTRO et al., 2007).
Cravo-de-defunto
Planta nativa da América do Sul, incluindo todo o território brasileiro,
sendo considerada em alguns estados do Brasil como erva ornamental
(Figura 7) (LORENZI, 2000).
Figura 7. Aspecto
geral da espécie
Tagetes minuta L.
24 Cultivo de Plantas Aromáticas
Elixir-paregórico
Espécie nativa do Brasil, encontrada nas regiões Sul e Sudeste do
País, ocorre principalmente nas fisionomias de cerrado e florestas
semideciduais (Figura 8) (MARTINS et al., 2000).
Erva-cidreira
A espécie possui ampla distribuição nas Américas Central e do Sul e
no Sul dos Estados Unidos (HENNEBELLE et al., 2008). No Brasil, é
encontrada em praticamente todas as regiões (Figura 9) (JANNUZZI et
al., 2011).
Funcho
Planta nativa da região mediterrânea da Europa e da África e, devido
à grande adaptabilidade, também cultivada desde regiões onde o clima
é ameno, ao nível do mar, até zonas tropicais com temperaturas mais
elevadas, onde apresenta as melhores produções em termos de qualidade
aromática e medicinal (Figura 10) (WANDERLEY et al., 2008).
Figura 10. Aspecto geral da espécie Foeniculum vulgare, Mill. Foto: Rita de Cassia Alves Pereira
Hortelã-japonesa
Espécie tradicionalmente cultivada no Oriente, em especial no Japão,
de onde foi introduzida no Brasil por imigrantes daquele país para
o Sudeste do Brasil visando à produção de mentol, de alto valor
econômico (Figura 11) (OKA; ROPERTO, 2007; HERBOTECNIA, 2007).
Família: Lamiaceae.
solo, emitindo raízes e novos rizomas, dos quais brotam novas plantas
(HERBOTECNIA, 2007).
Malva-santa
Planta originária provavelmente da África, é amplamente cultivada em
todo o Brasil e utilizada como planta medicinal (Figura 12) (COSTA, 2006).
Manjericão-branco
Espécie nativa da Ásia tropical e introduzida no Brasil pela colônia
italiana, por ser a planta parte de uma tradição culinária muito forte (SILVA
et al., 2004; REIS et al., 2006). É uma planta muito apreciada pelas
indústrias alimentícias, farmacêuticas, de cosméticos e perfumaria (Figura
13) (PEREIRA; MOREIRA, 2011; ROSADO et al., 2011).
Família: Lamiaceae.
Pimenta-longa
Planta predominantemente tropical, bastante comum nas formações
florestais brasileiras. É considerada uma planta invasiva que produz
óleo usado como repelente de insetos (Figura 14) (ROCHA NETO, et
al.,1999; PIMENTEL; MIRANDA, 2001).
Considerações
O cultivo de plantas aromáticas tem o propósito de fornecer matéria-
‑prima para a obtenção de substâncias bioativas para o mercado
consumidor, que busca por produtos diferenciados, saudáveis e isentos
de aditivos sintéticos tanto para uso alimentício quanto para produtos
medicinais, cosméticos e de perfumaria. Justificando o crescente
interesse pelo desenvolvimento do conhecimento nessa área, as
práticas agrícolas relacionadas à produção das plantas aromáticas
são fundamentais para a exploração de substâncias importantes que
estão presentes nas espécies cultivadas. Como exemplo, para os óleos
essenciais, as práticas agrícolas inadequadas de cultivo podem alterar
um ou mais constituintes da composição do óleo essencial, provocando
perda de qualidade do produto final. Dessa forma, para minimizar os
problemas decorrentes na qualidade dos produtos na extração do óleo
essencial, é importante que as condições de coleta e de beneficiamento
do material vegetal sejam executadas conforme a espécie cultivada.
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43 Cultivo de Plantas Aromáticas
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