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O documento discute a publicação de um poema da escritora Alba Valdez em um jornal do século XIX. O jornal tinha uma mistura de assuntos e gêneros sem seção literária separada. O poema se destacou por sua diagramação. Embora o jornal fosse conservador, ele publicava a palavra da mulher desde que não contrariasse a visão da época de mulheres como sonhadoras e dóceis.
O documento discute a publicação de um poema da escritora Alba Valdez em um jornal do século XIX. O jornal tinha uma mistura de assuntos e gêneros sem seção literária separada. O poema se destacou por sua diagramação. Embora o jornal fosse conservador, ele publicava a palavra da mulher desde que não contrariasse a visão da época de mulheres como sonhadoras e dóceis.
O documento discute a publicação de um poema da escritora Alba Valdez em um jornal do século XIX. O jornal tinha uma mistura de assuntos e gêneros sem seção literária separada. O poema se destacou por sua diagramação. Embora o jornal fosse conservador, ele publicava a palavra da mulher desde que não contrariasse a visão da época de mulheres como sonhadoras e dóceis.
1 A palavra de Alba Valdez na imprensa do século XIX e XX
Na segunda página desse periódico aparecia o poema da debutante da
Escola Normal, destacando-se pela diagramação própria do gênero poema, pois estava circundado por anúncios de jornais, notícias do serviço militar, acontecimentos de outras províncias, artigo sobre a chuvas da época, política, industrialização brasileira reclames particulares, desde mortes e aniversários e outra variedade de assuntos, em que predominava a estrutura da prosa. A miscelânea de assuntos, gêneros e discursos é uma marca dos jornais do século XIX, característica esta já observada por Barbosa (2007). Não há no jornal Constituição (1889), nenhuma preocupação em organizar uma sessão literária, ou de belas letras, nesta edição apenas o poema de Alba Valdez cabia dentro desta categoria, pois o jornal se subintitulava “Órgão Conservador” e o que predominava eram as publicações oficiais de utilidade pública e de opinião, principalmente em defesa do governo e do Partido Conservador da Província nas querelas políticas que ocorriam no Ceará e muitas eram travadas nos jornais, que como este pertenciam a organizações político-partidárias e, dessa forma, configuravam-se como uma arma nas lutas pelo poder. (citação do poder do jornal) Assim, ver uma produção da jovem Alba Valdez nas páginas de um jornal como Constituição implica reconhecer que ele está conforme as concepções desse órgão conservador de comunicação, que admite e publica a palavra da mulher, porque esta escrita não fere o perfil de mulher dócil, “sonhadora”, romântica, aceito pela sociedade da época. É desse lugar de menina sonhadora, culta e bem-educada, dentro dos princípios da sociedade patriarcal da época que encontramos a maioria das publicações de Alba Valdez no século XIX, mantendo-se a questão já tratada anteriormente: a transgressão da palavra da mulher no século XIX está muito mais no ato de publicar do que no conteúdo de seus escritos, visto que era preciso primeiro conquistar um espaço, esta luta coube as escritoras pioneiras como Alba Valdez, não haveria lugar para publicar ideias que destoassem do que já estava consolidado na sociedade patriarcal da época.