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ISSN - 01 02.2

VOl.

Armando Vidigal
OUveiros S. Ferreira
Carlos de Meira Mattos
O reatamento com Cuba

Sonia de Camargo
Clóvis Brigagão
Paulo Wrobel
O Brasil e a América Central

Vanda Maria Ribeiro Costa


A ESG e a Nova República

Nilson Borges Filho


Forças Armadas e política externa

Nicolas Bóer
Dissuasão nuclear e moral católica

Cr$ 15.000
Wrobel ,258

BIBLIOGRAFIA

RICO F., Carlos. "Competência entre superpotência y cambio sociopolítico en el


debate político de los EE. UU. Un Comentario desde America Latina" in Revista Occiden- A ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA
tal, mayo-agosto 1984.
DOMíNGUEZ, Jorge I. "The United States and its Regional Security Interests: The
E A NOVA REPÚBLICA
Caribbean, Central, and South America" in Daedalus, Fall 1980.
ROSENTHAL, Certo "Algumas lecciones de la integración económica en America Vanda Maria Ribeiro Costa
Latina: EI caso de Centroamérica", in Estudios Internacionales, octubre-diciembre 1984.
DURÁN, Esperanza. "La Solución de Contadora para el logro de la paz en Centro-
américa"', in Estudios Internacionales, oct.-dic. 1984. o sonho de uma Nova República não é vago nem impreciso. Ninguém
CONNEL-SMITH, Gordon. "The Grenada Invasion in Historical Perspective: From deixou de ouvir a voz ressoando das praças para todo o País, falando e can-
Monroe to Reagan" in Third World QuarterZy, april 1984. tando a justiça social, a paz, a tolerância, a ética e a responsabilidade públicas.
SHARPE, Kenneth E. and DISKIN, Martin. "Facing Facts in EI Salvador: Recon- O ideário da Nova República está dado pelo povo em seu movimento de recu-
ciliation or war" in World Policy Journal, Spring 1984. peração da cidadania e da nacionalidade.
"Estados Unidos, Perspectiva Latinoamericana", voI. 9, n.o 3, marzo 1984, CIDE, A despeito dos mecanismos institucionais para impedi-la, a participação do
México.
povo na política foi exercida. Ê como se, por um momento, tivéssemos expe-
BURBACH, Roger and FLYN, Patricia (eds.). The Politícs of Inte1'Vention, the rimentado a utopia rousseauniana: todos juntos, dispensando representantes e
United States in Central Amel'ica, Monthly Review Press, 1984. mecanismos formais, formulamos a vontade geral.
INSULZA, José Miguel. "La Primeira Guerra Fria: Percepciones Estratégicas de la
Amenaza Sovietica'" (1945-1968), in Cuadernos Semestrales, CIDE, n.o 12. Ainda me lembro da surpresa dos nossos representantes, e nossa, diante
da visualização da nova vontade nacional. Imagino a perplexidade das Forças
STEDMAN-JONES, Careth. "A História do Imperialismo dos Estados Unidos" in
Ideologia na Ciência Social, Editora Paz e Terra, 1982. Armadas percebendo o sentido dessa experiência cívica. A Nação tomava posse
de uma identidade comum há muito alienada, esquecida ou mesmo recusada,
WOLFE, Alan and SANDERS, Jerry. "Ressurgent Cold war Ideology: The Case
of the Committee on the Present Danger" in Capítalism and the State in U.5.-Latin retomando os mesmos símbolos com outro significado. Como então pensar a
American Relations, edited by Richard R. Fagen, Stamord University Press 1979. Escola Superior de Guerra, uma instituição que por longo tempo inspirou a
política nacional orientada por uma ética de segurança e desenvolvimento de
um Estado que sufocou essa nacionalidade?
É tentador pensar que para uma instituição como essa não haveria agora
espaço nem função. Mas a lógica das instituições não é a mesma da espe-
rança. Que se deixe de lado esta para examinar a lógica da preservação do
poder militar, pois é disto que se trata.
Uma Força Armada tem legitimidade quando é capaz de difundir na socie-
dade a crença de que ninguém é capaz como ela de executar as tarefas às quais
se destina. Seu poder de influir em valores e crenças depende de condiciona-
mentos estruturais: da eficácia com que desempenha suas funções, e, porque
este desempenho é coletivo, depende também da coesão interna. Do esprit-de-
corps, .isto que consiste na identificação total de seus elementos entre si e com
a instituição a que pertencem. A coesão interna, por sua vez, é possível quando
os participantes da organização também acreditam que ninguém é melhor do
que eles naquilo que fazem.

A professora Vanda Maria Ribeiro Costa é pesquisadora do CPDOC com bolsa de


pesquisa do CNPq. Tem um estudo sobre os currículos e programas da ESG (1978) e
sobre a disciplina militar (1984). :E: autora, juntamente com Helena Bomeny e Simon
Schwartzman, de Tempos de Capanema, Ed. Paz e Terra-EdusPI 1984.
Costa
260 261 Costa

Se, por um lado, constroem sua própria imagem a ser mostrada à socie- Nada ilustra melhor essa sensibilidade que as modificações curriculares no
dade, por outro, a imagem só se mantém se a sociedade, como um espelho, a ensino militar ao longo dos tempos 2, A história do Exército brasileiro está
reflete de volta. Este movimento especular confere à Força Armada um tipo entrelaçada com modificações no ensino militar que correspondem a momentos
de legitimidade da qual não pode prescindir. de crises na sociedade 3. Nossos "momentos históricos" são, portanto, os mes-
Ampliada em grau desmedido, estrategicamente orientada, a função militar mos, como diria o Conselheiro Acácio.
~o longo desses 20 anos não foi exercida com competência. Injustiça, violência, Oscilando entre um conhecimento especificamente técnico e outro mais abran-
msegurança, arbitrariedade, dilapidação do bem público estão hoje associados, oente voltado para uma formação geral, as modificações do currículo militar
como nunca o foram em nossa história, ao desempenho profissional dos mili- ~xpr;ssam a tensão permanente entre dois modelos de profissionalização que se
tares no governo. excluem mutuamente. No entanto, esta oscilação pendular 4 revela que ambos
Imagino que, diante da imagem que lhe é devolvida, a corporação militar es- permanecem como alternativas sempre à disposição, de acordo com as necessi-
teja a se indagar estarrecida: que Exército é este? Imagino também que a recusa dades institucionais de sobrevivência, o que equivale a dizer, de conquista ou
da corporação em se identificar com esta imagem tenha provocado cisões pro- preservação da autonomia da instituição.
fundas em sua coesão interna. E de se esperar, por isto, que em nome da Há, contudo, uma diferença de fundamento entre os dois currículos, ponto
própria sobrevivência ela se concentre agora num esforçO' supremo para recons- de partida para qualquer reflexão sobre o papel dos militares, seja ela feita por
truir uma identidade ameaçada que lhe traga de volta a legitimidade perdida. militares, pela ESG ou pela sociedade.
O caminho para a legitimidade começa com o desenvolvimentO' de uma O modelo técnico-profissional se orienta pela idéia de que a definição do
ética profissional capaz de reconhecer que as habilidades dos militares devem modelo profissional militar é um problema especificamente militar, cujas solu-
ser exercidas em tarefas socialmente responsáveis, tendo comO' beneficiária a ções devem ser buscadas dentro e a partir de características estruturas da pró-
Nação como um todo.
pria organização, excluindo qualquer referencial externo. O o~tro ~odelo, que
A difusão dessa ética dentro da corporaçãO' se dá através do ensino militar. amplia as perspectivas da função militar, parte do pressuposto illlplíclto de que,
É aí: que entra a Escola Superior de Guerra. fazendo parte da sociedade, de um mundo político, o projeto de, profissionali-
zação deve levar em conta esses condicionamentos externos. A sombra da
Definida comO' um laboratório onde são pensadas questões referentes à fun- oscilação entre projetos "excludentes" acobertaram-se clivagens na elite militar em
ção e ao papel das Forças Armadas, o principal efeito dos trabalhos da ESG, função de suas relações com as elites no poder e seus projetos políticos.
embora menos conhecido, foi o de orientàr ética e politicamente o ensino militar.
Todos nós sabemos que temos feito mais uso das armas que do voto para
Basta examinar os currículos da Academia Militar das Agulhas Negras 1
para avaliar a influência da Doutrina de Segurança Nacional no treinamento dos fazer nossa história política. Embora poucos se identifiquem como sujeitos
cadetes. Nela inspirados, os currículos ensinaram-nos a ver o mundo e a Histó- desta história, ela está aí e não me deixa mentir.
ria através de uma ótica parcial, em função dos interesses e objetivos da insti- A constância dO' apelo às armas acabou por legitimar a função de inter-
tuição militar. Ótica e ética se articulam em uma proposta de desempenho venção no processo político. A intervenção foi a solução histórica conveniente
profissional que exclui toda a complexidade da sociedade à qual a competência às elites que se alternavam no poder e à própria instituiçãO' militar que, evi-
militar também deveria servir, tando a participação na vida política - vista como ameaçadora à coesão in-
Eqüidistante das três Armas, a ESG poderá articular o esforço da institui- terna -, permitia aos militares o desempenho de um papel político.
ção como um todo, de forma integrada; o fato de não ser ligada diretamente A diferença inicialmente apontada entre os dois projetos se diluiu a parti!
à instrução das tropas minimiza os possíveis efeitos instabilizadores na estrutura de 64, quando os currículos de formação geral passaram a se preocupar não
do sistema de ensino, aos quais a instituição é muito sensível; finalmente, depo- mais em levar em conta a inserção da instituição na sociedade mais ampla,
sitária do acervo do pensamento militar acerca de suas relações com a socie- mas a sua participação na estrutura de poder, no Estado-governo.
dade, a ESG está habilitada a retirar mais uma vez, da experiência histórica
das Forças Armadas, as lições que lhe permitam compatibilizar interesses e obje- Na década de 70, os objetivos da formação dos militares são assim expli-
tivos institucionais com os interesses, objetivos e aspirações da sociedade à qual citados:
deve servir. E aqui reside o x do problema que parece mais difícil do que é.
"Ao longo de toda sua carreira, o seu preparo técnico-profissional o capa-
Embora parecendo um corpo blindadO', a instituição militar não o é. citará ao eficiente emprego de força sob seu comando, em uma ação repressiva,
Arrisco-me a dizer que ela é mais sensível ao que ocorre em sua volta que as se a Segurança Nacional assim o exigir, e sua formação cultural sócio-polític.a o
demais inlStituições sociais. É como se, sentinela, estivesse sempre alerta. faz igualmente hábil a utilizar esta mesma força, em ordenada ação prevenÍlva,
Costa 262 263 Costa

para contornar a possibilidade de desfecho de críticas situações sócio-polítíco-mi- É verdade que os sinais ainda são fracos. Tanto que vale a pena enfatizar
litares" ... 5 alguns aspectos. Ressalto de início a substituição da idéia de que o poder
deve estar submisso à orientação do Estado pela idéia de que ele deve ser
A ESG desempenhou um papel fundamental na institucionalização acionado pela vontade nacional. Embora a Escola se mantenha na linha de
modelo. A princípio inteiramente desvinculada do sistema de ensino, tornou-se atribuir às elites o papel de captar, interpretar e difundir esta vontade nacional,
a peça fundamental para a implantação sistemática desse projeto. através da explicitação dos "objetivos autênticos" da Nação, ela mesma incor-
Os resultados dessa experiência certamente levaram-na a repensar sua porou à sua doutrina a presença de um ator muito mais amplo, capaz, só ele,
doutrina. de expressar a vontade nacional. Este ator aparecerá novamente em sua expli-
citação da idéia de democracia - a opinião pública.
Podemos apontar alguns sinais de que a ESG está envolvida nesse esforço Mas o sinal mais evidente de que a ESG se está transformando a si pró-
há algum tempo. São pequenas transformações no conteúdo dos conceitos dou- pria num toar de force essencial à sua nova tarefa é a orientação que parece
trinários relativos a Poder Nacional e Objetivos Nacionais Permanentes.
estar disposta a imprimir em seus trabalhos. Desde sua fundação até a época
em que estudei minuciosamente seus currículos e programas, por volta de 1978,
Em 1971, para a ESG, o Poder Nacional seria "a expressão integrada dos a ESG dizia fundamentar seus trabalhos em "princípios, isto é, conclusões que
meios de toda ordem de que dispõe efetivamente a Nação, numa época consi- são aceitas como verdade" . " Seus métodos e didática se preocupavam funda-
derada, para promover sob a direção do Estado, no âmbito interno e externo, mentalmente em moldar informações, conhecimentos e opiniões dos que por lá
a consecução ou manutenção dos Objetivos Nacionais" .. , Em 1981 a ESG passavam, encaixando-os nestes princípios.
pensou o Poder Nacional como "a expressão integrada dos meios de toda ordem
que dispõe a Nação, acionados pela vontade nacional para conquistar e manter A Escola sempre foi clara no que dizia respeito à validação de seus prin-
interna e externamente os Objetivos Nacionais" 6. cípios. Não importava se fossem verdadeiros ou falsos. Importava antes de
tudo sua instrumentalidade e articulação lógica em função do projeto da insti-
Como se sabe, ao longo desses anos, Objetivos Nacionais nos foram im- tuição. O prefácio do Manual Básico de 1983 subverte esta orientação:
postos como sendo de Segurança e Desenvolvimento. A argumentação interna,
na Escola, acerca destes dois objetivos, parece no entanto ter mudado de ma- " ... o sentido da expressão 'doutrina' assume, na ESG, um colorido espe-
neira significativa. Se em 75 estes objetivos eram colocados como síntese de cífico. Não se trata de um sistema fechado de conceitos, métodos, processos,
nossas aspirações, excluindo-se qualquer outro 7, em 1983 a argumentação muda, normas e valores aceitos como verdade acabada e indiscutível, mas, ao contrá-
e vale a pena reproduzi-la no que interessa: rio, um sistema aberto aos influxos das mudanças sociais e, por isto mesmo,
capaz de conciliar a herança do conhecimento anterior com as novas posturas
. .. "O objetivo-síntese pode, com efeito, ser enfocado sob dois critérios que a Nação vem assumindo".
(Segurança e Desenvolvimento) . " (mas) a vida de uma nação consiste, sobre-
tudo, em manter os valores, ampliando e enriquecendo cada vez mais a com- A natureza instrumental da doutrina permitia - como se pode observar
preensão de seu significado, ao mesmo tempo que os aplica adequadamente a em sua evolução - mudanças de ênfase e mesmo de conteúdo dos conceitos.
circunstâncias novas". . . 8 Eles têm plasticidade e se amoldam a conjunturas novas. Por isto mesmo a
amplitude das modificações varia. Como já disse Alexandre Barros, "outra
A concepção de Democracia como Objetivo Nacional Permanente foi tam- sociedade, outro Exército" 9, Mas essa nova concepção da doutrina promete
bém explicitada: "Para os brasileiros a Democracia como Objetivo Nacional alterações significativas. Disposta agora a pensar, a refletir, a Escola parece
Permanente tem dois significados essenciais: refletir as mudanças que a sociedade inteira está tentando. Para permanecer
deverá modifiçar-se, "vivifica da pelo sopro da realidade social". Mas nada será
1 . busca de uma sociedade que se caracterize pelo respeito à dignidade como antes.
de pessoa humana; Há um tom hobbesiano quando justifica a adoção de Objetivos Nacionais
definidos por ela própria, como "estímulo à ação coletiva" e (criação) de "um
2. adoção de um regime político baseado nesses valores e que se carac-
universo selllântico comum ao povo e governo", permitindo a este aglutinar
teriza fundamentalmente:
esforços populares em .torno dos objetivos da Nação, e àquele um referencial
a. pelo aprimoramento de representação política e da opinião públi- com que avaUar o desempenho governamental 1Q • .

ca, bases para a legitimidade das instituições; De qualquer forma, as modificações, em processo desde 83 e possivelmente
b. adequação das instituições aos reclames da realidade nacional". desde antes, mostram uma evolução clara. Na concepção de poder, na aceita-
265 Costa
Costa 264

O general certamente sabia ser impossível coibir. A decisão não


ção dos limites da ação político-militar, na negação de um Estado todo-poderoso,
ser outra. Mas todos sabemos o que está embrulhado na frase: o apego à
na idéia de que "um governo, para governar, precisa contar com o apoio e a
função repressiva que não tem mais espaço para ser exercida, mas que o será,
participação da sociedade que dirige" 11.
à falta de outra. E porque estamos todos nos sentindo ameaçados, como que
Se essas idéias poderão ser incorporadas ao sistema de ensino militar, eu suspensos todos diante das redefinições necessárias, é possível que ouçamos
não sei. Sei que tanto quanto outras instituições, o Exército se sente amea- ainda apelos à velha função repressiva, que ecoem no interior dos quartéis,
çado nessa nova ordem. Certamente vive como tantas outras instituições a nesse momento de busca de coesão e legitimidade. iParecerá bem mais fácil
expectativa de não saber ainda como fazer o que deve ser feito. Mas há indí- a quem sustentou por tanto tempo governos ilegítimos tentar recuperar a legi-
cios de esperança no ar. Ao tomar posse, o novo comandante da AMAN timidade sustentandO', com armas, governos agora "legítimos". Mas espero que
dizia ser prioritário, em sua gestão, o estreitamento das relações da Escola com todos tenhamos aprendido a lição.
a comunidade 12. Parece estar ressuscitando um velho projeto que permite a
reintegração do Exército em sua sociedade. As autoridades militares têm falado
NOTAS
de se recolherem aos quartéis, de cuidarem de sua profissionalização e têm tra-
zido à cena o soldado-cidadão. Assim falando, estão combinando ingredientes 1. Não nos referimos à Marinha e à Aeronáutica, onde as questões ligadas à pro-
até hoje tidos como incompatíveis, enquantO' núcleo de projetos profissionais fissão são menos problemáticas. Ver Vanda Maria Ribeiro Costa - "A ESG - um estudo
vistos também como incompatíveis. A "volta aos quartéis" tinha o sentido de de currículos e programa". 1978 (mimeo.).
uma militarização restrita, que não se mostrou benéfica nem para a instituição 2. Ver Jehovah Motta. Formação do Oficial do Exército. 1976. O mesmo se pode
nem para a sociedade. A vigência de currículos estritamente profissionais coin- dizer das modificações regimentais e curriculares da ESG. Ver Vanda Maria Ribeiro
cidiu muitas vezes com momentos de rebeldia nas escolas militares. O soldado- Costa. Op. cito
cidadão é a figura idealizada por Benjamin Constant, arauto de um soldado 3. Ver Jehovah Motta. Op. cito
desmilitarizado, cidadão-armado, consciente de uma missão humanitária e moral, 4. Ver Jehovah Motta. Op. cito
jamais inconsciente nem servil. Poupar os militares da reflexão política e: social .5. AMAN - Comando - Ensino na AMAN. Fundamentos. 1976-79.
pode ter sido um dos fatores que geraram os mal-entendidos de seu desempenho
profissional nesses últimos anos. 6. Ver Escola Superior de Guerra - Manual Básico. 1975 e 1983.
7. Idem, Manual Básico. 1975, pp. 35.f}.
possível pensar que a ESG teria condições de compatibilizar projetos
Ê
8. Idem, Manual Básico. 1983 - grifo meu.
de profissionalização tão díspares?
9. Jornal do BrWlil. 14/11/81 - Caderno B.
Não compreendo seu esforço de modificação, aqui apontado, senão como
10. Idem, p. 39.
efeito de modificações na corporação à qual pertence. Assim comO' a origem
da função de intervir nasceu do casamento de elites civis e militares, é possível 11. Idem, Prefácio.
que a aproximação dO' Exército com a sociedade como um todo abra espaços 12. Jornal do Bra.síl. 5. a feira, 11/4/85.
ao surgimento de novas funções e novas tarefas. 13. General Leônidas Pires Gonçalves. lomal do BrWlil. Caderno B, 25/4/85.
Tendo jáo Exército brasileiro autonomia institucional para definir suas
próprias tarefas, é de se esperar que possa abrir suas portas e janelas ao "sop.ro
revificador da realidade social". E a ESG seria um lugar estratégico para o
encontro de militares e civis também envolvidos hoje nesse esforço de redefinir
instituições, papéis sociais e políticos. Caberá à Escola repensar até o tipo de
estagiário que melhor poderá falar das dúvidas e propostas nas quais. a socie-
dade - suas classes e segmentos - está envolvida.
Que a volta aos quartéis não signifique a negaçãO' da responsabilidade polí-
tica que o militar, como cidadão, não pode recusar. Que o sentido desta
responsabilidade seja encontrado sob pena de voltarmos a ouvir a resposta dada
pelo ministro do Exército ao insensível repórter do Jornal do Brasil que lhe
cobrara o comportamento da instituição diante da explosãO' emocional da mul-
tidão em Belo Horizonte: "Decidimos não coibir. Era preciso deixar que o
povo chorasse".. .13

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