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3. A segunda ação foi impetrada como cível, mas convertida em ADI em razão da
impossibilidade de verificação de direito subjetivo violado. Alega-se nesta ação que a
desobediência ao prazo regimental, de observância obrigatória do presidente daquela
Casa, provou desordem e insegurança à nação e aos deputados e que, não obstante a
constitucionalidade material dos projetos retromencionados, são eles inconstitucionais
quanto à forma de processamento. Solicitada a concessão de liminar, o pedido foi
indeferido por razões semelhantes as que sustentaram a decisão denegatória da primeira
ação.
7. A ação cível protocolada por Renan Machado discute, por sua natureza
subjetiva, a violação de direitos subjetivos. Isto é, o autor, como deputado, requer a
proteção jurídica a seus direitos subjetivos violados pela infringência do artigo 14 do
estatuto regimental legislativo. O cerne da questão não é o conflito entre normas, mas
unicamente verificar se houve violação de um direito de Renan Machado.
8. Já a ação protocolada por Victor Henrique não prosperaria se Ação Cível, pois
não demonstrou a existência de transgressão a um direito subjetivo. Por isso determinei
a sua conversão em Ação Direta de Inconstitucionalidade, ação de viés objetivo, que
discute conflito entre ato normativo – à época da impetração, os projetos de lei já
haviam sido aprovados, inclusive a lei geral já estava publicada – e a Constituição da
República.
III – Mérito
10. No tocante à outra ação, Renan Machado informa-nos que as enquetes sequer
duraram dois dias. Isto não é verdadeiro porque as enquetes foram abertas no dia
21/12/2010 e terminaram no dia 23/12/2010. O print pode induzir ao erro na parte
“fechar data”, que não expressa o dia fixado para o término da votação, mas sim o prazo
restante para o fim dela.
12. Essa independência se manifesta de modo diferente quanto aos demais poderes
da República. O Executivo não pode interferir na normativa regimental porque, segundo
o parágrafo 4º do artigo 19 da Constituição da República, trata-se convencionalmente de
um decreto legislativo. Segundo o artigo 21 da Carta da República o Executivo só
exerce o poder de sanção sobre leis gerais e leis comuns.
13. Senhores ministros, o prazo regimental previsto de 3 dias para a votação dos
projetos do Parlamento tem como finalidade precípua permitir a todos os deputados o
direito constitucionalmente assegurado de deliberar sobre as propostas legislativas. Não
é ele mera burocracia ou um fim em si mesmo, mas uma garantia de que todos os
deputados tenham tempo hábil para votar, consideradas as questões circunstanciais que
sempre nos assombram na vida macronacional.
No presente caso, em que o deputado Renan Machado pleiteia a anulação das
votações dos supraditos projetos, não verifico a hipótese de violação a nenhum direito
subjetivo, pois todos os deputados do Parlamento, inclusive o autor, conseguiram
exercer o seu direito de votação, não obstante a alegada exigüidade e anormalidade do
prazo. Ao Judiciário compete analisar a violação ou a ameaça a direitos, jamais avançar
em questão estritamente de seara política, quando não verificada inconstitucionalidade
ou lesão a direito.
14. Pelo exposto, voto pela IMPROCEDÊNCIA da ação proposta por Renan
Machado, ratificando meu entendimento pelo NÃO-CONHECIMENTO da ADI
proposta por Victor Henrique.
É como voto.