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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉCTRICA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL

PROPOSTA DE SUBISTITUIÇÃO DAS PROTECÇÕES


ANALÓGICAS POR UMA PROTECÇÃO MICRO-
PROCESSADA (IED), PARA A PROTECÇÃO DOS
TRANSFORMADORES DE SERVIÇOS AUXILIARES
DA HCB.

Autor:
Beto Alexandre Vilanculo

Songo, Dezembro de 2019


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉCTRICA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL

PROPOSTA DE SUBISTITUIÇÃO DAS PROTECÇÕES


ANALÓGICAS POR UMA PROTECÇÃO MICROPRO-
CESSADA (IED), PARA A PROTECÇÃO DOS TRANS-
FORMADORES DE SERVIÇOS AUXILIARES DA HCB.

Autor:
Beto Alexandre Vilanculo

Supervisor:
o
Eng : Albino Ubisse

Co – Supervisor:
Eng o: Leonel Muthemba

Songo, Dezembro de 2019


Beto Alexandre Vilanculo

PROPOSTA DE SUBSTITUIÇÃO DAS PROTECÇÕES ANALÓGICAS POR UMA PROTECÇÃO


MICROPROCESSADA (IED), PARA A PROTECÇÃO DOS TRANSFORMADORES DE
SERVIÇOS AUXILIARES DA HCB.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para aprovação


pelos membros de júri como requisito parcial à obtenção do grau
de Licenciatura em Engenharia Eléctrica, pelo Instituto Superior
Politécnico de Songo

Supervisor:

........................................................................................
Eng o : Albino Ubisse

Co Supervisor:

........................................................................................
Eng o : Leonel Muthemba
Oponente:

........................................................................................
Eng o :Luis Simone

O Presidente da Mesa de Júri :


........................................................................................
Msc: Nabote Antônio Magaia

Songo, Dezembro de 2019


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉCTRICA

TERMO DE ENTREGA DO RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL.

Declaro que, o estudante Beto Alexandre Vilanculo, entregou no dia do mês de


2019, a cópia do seu Relatório de Estágio Profissional com a referência intitu-
lado : PROPOSTA DE SUBISTITUIÇÃO DAS PROTECÇÕES ANALÓGICAS POR UMA
PROTECÇÃO MICROPROCESSADA (IED), PARA A PROTECÇÃO DOS TRANSFOR-
MADORES DE SERVIÇOS AUXILIARES DA HCB.

Songo, de de 2019

A chefe da secretaria

........................................................................................
ÍNDICE

DEDICATÓRIA V

AGRADECIMENTO VI

EPIGRAFE VII

RESUMO VIII

ABSTRACT IX

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS X

LISTA DE SÍMBOLOS XII

LISTA DE FIGURAS XIII

LISTA DE TABELAS XV

LISTA DE ANEXOS XVI

1 INTRODUÇÃO 1
1.1 Problema e Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Ojectivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2.1 Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2.2 Especı́ficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Relevância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

II
ÍNDICE ÍNDICE

1.4 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.5 Estrutura do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2 SERVIÇOS AUXILIARES DA SUBESTAÇÃO CONVERSORA DE SONGO 6


2.1 Generalidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.1.1 Transformadores de Serviços Auxiliares TSA’s . . . . . . . . . . . . 7
2.1.2 Cargas alimentadas pelos TSA’s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.1.3 Protecções associadas aos TSA’s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

3 TEORIA DE PROTECÇÕES 11
3.1 Conceitos Teóricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
3.1.1 Funcionamento de sistema de protecção . . . . . . . . . . . . . . . 12
3.1.2 Critérios dos sistemas de protecção . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3.2 Transformadores de instrumento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3.2.1 Transformador de corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.2.2 Transformador de tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.3 Disjuntor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.3.1 Componentes de um disjuntor de MT, AT e EAT . . . . . . . . . . . . 17

4 RELÉS DE PROTECÇÃO 18
4.1 Relés de protecção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
4.1.1 Classificação dos relés . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
4.2 Relés electromecânicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4.2.1 Relés de atracção eletromagnética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4.2.2 Relés de indução eletromagnética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4.3 Relés estáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.4 Relés de tecnologia microprocessada ou IED . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4.4.1 Arquitetura e principio de funcionamento . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.4.2 Caracterı́sticas e funcionalidades dos relés microprocessados ou IED 28

5 Protecção dos TSA,s. 34


5.1 Principio básico de funcionamento de um relé de sobrecorrente. . . . . . . 35
5.2 Protecção cuba-massa e terra dos TSA’s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
5.2.1 Protecção Cuba-Massa dos TSA’s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
5.2.2 Protecção de terra dos TSA’s (Lado Secundário) . . . . . . . . . . . 37

III
ÍNDICE ÍNDICE

5.2.3 Relés electromecânicos instalados para a protecção cuba – massa


e protecção de terra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
5.2.4 Valores de ajuste das protecções cuba – massa e de terra . . . . . 38
5.3 Protecção de sobrecorrente dos TSA’s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
5.3.1 Caracterı́stica do relés de sobrecorrente usados para a protecção
dos TSA’s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
5.3.2 Curva de protecção do relé TMAS 311f . . . . . . . . . . . . . . . . 42
5.4 Protecção de Frequência (81) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
5.4.1 Relé estático de sobrefrequência usado para a protecção dos TSA’s 43
5.5 Resumo dos actuais valores de ajuste das protecções analógicas . . . . . 44

6 ESPECIFICAÇÃO E VALORES DE AJUSTE A SEREM PARAMETRIZADOS NO


RELÉ PROPOSTO 45
6.1 Funções que o relé digital deve ter para protecção dos TSA’s . . . . . . . . 46
6.1.1 Funções de medição e de protecção . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
6.2 Especificações técnicas do relé a ser escolhido . . . . . . . . . . . . . . . . 47
6.2.1 Outras funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
6.3 Valores de ajuste a serem parametrizados na nova protecção . . . . . . . . 50
6.3.1 Curvas a serem parametrizadas no IED . . . . . . . . . . . . . . . . 50
6.4 Valores de ajuste da protecção cuba–massa , terra e de sobrefrequência . 52
6.5 Funções de protecção a serem parametrizadas no relé microprocessado . 52

7 ANÁLISE COMPARATIVA, E RESULTADOS ESPERADOS. 54


7.1 Resultados esperados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
7.2 Análise Comparativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 56
8.1 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
8.2 Recomendações para a escolha do IED . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 58

IV
DEDICATÓRIA

Aos meus pais:

Alexandre José Vilanculo e Amélia Fabião Pacule

V
AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus em primeirı́ssimo lugar, por ter me concebido o dom da vida, e sobre-
tudo por ter me dado saúde durante a minha ainda curta vida, para que pudesse chegar
a este magnı́fico momento da minha carreira estudantil.

Aos meus familiares, amigos e colegas de carteira que sempre estiveram por perto
quando necessitasse de qualquer tipo de ajuda, durante a realização do curso.

Ao meu supervisor, Engo . Albino Ubisse, da HCB e ao meu co-supervisor, Engo . Leonel
Muthemba do ISPS, por terem dedicado seu tempo no acompanhamento da realização
do estágio profissional, que culminou com a elaboração do presente relatório de estágio,
deixar um especial agradecimento aos Engo . Dario Languitone; Angélico Manhique e
Igı́dio Muthemba.

Agradecer também a todos técnicos da subestação conversora de Songo, em especial


aos da DST-MEL, particularmente aos senhores, Jornão; Farias; Jonathan; Mboa; Tchipi;
Emerson e a toda equipe em geral, do departamento pelo acolhimento no seu sector de
actividade e prontidão para solucionar as questões colocadas durante a realização do
estágio.

A todo corpo docente do ISPS, por terem contribuı́do de forma positiva para a minha
formação acadêmica, por meio da transmissão dos seus conhecimento, nas 48 cadeiras
que fazem parte do curso de Engenharia Eléctrica.

VI
EPÍGRAFE

O primeiro dever da inteligência é desconfiar dela mesma.

Albert Einsten

VII
RESUMO

O relé é um dos elementos mais importantes nos sistemas de protecção, muni-los de


novas tecnologias tem sido uma das grandes preocupações dos engenheiros ligados a
área das protecções. Actualmente existem três gerações de tecnologia desses disposi-
tivos, que são: a tecnologia electromecânica; que é a pioneira na área de protecções e
que pertence a primeira geração; a electrónica ou estática que também pode ser cha-
mada de relé de estado sólido, que é a segunda geração e a digital, que têm no relé
numérico ou o Intelligent Electronic Device (IED), que ainda pode ser chamado de relé
de tecnologia microprocessada o seu aprimoramento. Os transformadores dos serviços
auxiliares da HCB ainda usam as duas primeiras gerações para sua protecção, havendo
uma necessidade de emigrar para a nova tecnologia de relés. Para a realização deste
trabalho, fez se um levantamento dos valores de ajuste das actuais protecções, com o
objectivo de levar esses valores para a parametrização do relé microprocessado a ser
instalado. Faz se uma selecção de três fabricantes que geralmente fornecem esse tipo
de equipamento a HCB, e compara-se as funções dos relés de cada fabricante, para de-
pois deixar uma recomendação de qual relé deve ser escolhido. Com a instalação desses
dispositivo esperam se grandes ganhos, a nı́vel do aumento das funções de protecção,
garantindo maior fiabilidade ao sistema e melhoria no monitoramento dos transformado-
res de serviços auxiliares da subestação conversora de Songo.

Palavras Chave : Relés microprocessados (IED’s); Relés electromecânicos; Relés estáticos;


Protecção de sobrecorrente; Protecção cuba-massa; Protecção de terra lado ∆; Protecção
de sobrefrequência.

VIII
ABSTRACT

The relay is one of the most important elements in protection systems, providing those
equipment new technologies has been one of the great threats of engineers linked to a
protection area. There are currently three types of technology for those devices, which
are: an electromechanical technology; that is the a pioneer, belonging to the first genera-
tion, an electronic or static that can also be called solid state relay, which is the second
generation and digital, which has in the numerical relay or Inteligent Electronic Device
(IED) your enhancement. HCB auxiliary transformers still use the first two generations
for their protection, and there is a need to emigrate to new relay technology. To perform
this work, it is made a survey of the adjustment values of the current protections, in order
to bring these values to the parameterization of the microprocessor relay to be installed.
It makes a selection of three manufacturers that typically use this type of equipment in
HCB, and compares it with the device functions of each manufacturer, and then leaves a
recommendation of which device to select. With the installation of these devices, major
gains are expected in terms of increased protection functions, ensuring greater system
reliability and improved monitoring of the auxiliary service transformers of the Songo con-
verter substation.

Keywords: Microprocessors relays (IED’s); Electromechanical relays; Static relays; Over


current protection; protection cubes the dought; Side Ground Protection ∆; Overfre-
quency protection

IX
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Abreviaturas e Siglas Significado


ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABB Asea Brown Boveri
A/D Analógico Digital
ANSI American National Standart Institute
AT Alta Tensão
BDD Bobina de Dsiparo
BT Baixa Tensão
BPN Bobina do Ponto Neutro
CA Corrente Alternada
CC Corrente Continua
CI Curva Inversa
CPU Central Processing Unity
CPD Contactos Principais do Disjuntor
DHT Distorção Harmônica Total
EAT Extra Alta Tensão
EEPROM Electrically-Erasable Programmable Read-
Only Memory
EPROM Electrically-Erasable Programmable Read-
Only Memory
EI Extremamente Inversa
Fe Força Electromagnética
Fm Força Magnética

X
§ÍNDICE

GPS global positioning system


GND Ground
HCB Hidroelétrica de Cahorra Bassa
IED Intelligent Electronic Device
IEC International Electro-technical Commission
IHM Interface Homem Máquina
MT Média Tensão
ONAN Óleo natural e Ar natural
PLC Power Line Carrier
PROM programmable read-only memory
RAM Randon Access Memory
ROM Ready Only Memory
RC Rês do chão
RDT Resistance Temperature Detector
SA Serviços Auxiliares
SE Subestação Eléctrica
SEP Sistema Eléctrico de Potência
SCADA Supervisory Control and Data Acquisition
TSA’s Transformador de Servicos Auxiliares
TI Transformador de Intessidade
TP Transformador de potencial
TT Transformador de Tensão
TC Transformador de Corrente
TD Tempo definido

BETO ALEXANDRE VILANCULO XI HCB – 2019


LISTA DE SÍMBOLOS

Grandeza Unidade/Múltiplos Sı́mbolo


Corrente Ampere; Kilo–Ampere A, kA
Frequência Hertz Hz
Percentagem Por Cento %
Pressão Bares bar
Potência Aparente Volt Ampere; Mega Volt Ampere VA, MVA
o
Temperatura Grau Centigrados C
Tensão Volt; Kilo Volt V; kV
Tempo milisegundos ms

XII
LISTA DE FIGURAS

2.1 Esquema de ligação da bobina do ponto neutro . . . . . . . . . . . . . . . . 8


2.2 Bobina do ponto neutro,TSA 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3 Circuitos equivalentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

3.1 Exemplo de Zonas de Protecção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12


3.2 Esquema Básico de Protecção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3.3 Esquema Básico de Ligação de um TC e TT . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.4 Transformador de corrente da subestação conversora de Songo . . . . . . 15
3.5 Transformador de tensão indutivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.6 Cabeça do disjuntor a ar comprimido (PK) para a proteção dos TSA’s. . . . 17

4.1 Principio de Funcionamento do Relé Electromecânico . . . . . . . . . . . . 22


4.2 Relé de Disco de Indução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4.3 Relé Tipo Copo de Inducão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.4 Diagrama de Funcionamento de um Relé Estático . . . . . . . . . . . . . . 26
4.5 Arquitetura de um Relé Microprocessado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.6 Display de Relé de Proteção Pexton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4.7 Display de Relé de Proteção ABB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

5.1 Região de Trip e de Bloqueio do Relé de Sobrecorrente . . . . . . . . . . . 35


5.2 Protecção cuba-massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
5.3 Ligação cuba-massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
5.4 Ligação Y-∆ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

XIII
§Lista de Figuras

5.5 Ligação do TC apartir da Bobina do Ponto Neutro . . . . . . . . . . . . . . 38


5.6 Esquema de Ligação do Rele TMAS 311f . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
5.7 Ajustes da protecção de sobre corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5.8 Curva extremamente inversa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
5.9 Relé de sobrefrequência da Delle Alstorm TMFB1R . . . . . . . . . . . . . 44

6.1 Curvas de Sobre corrente – 220kV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51


6.2 Curvas de Sobre corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

BETO ALEXANDRE VILANCULO XIV HCB – 2019


LISTA DE TABELAS

5.1 Valores de ajuste das protecções analógicas . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

6.1 Tabela de funções que o relé deve ter para a protecção dos TSA’s . . . . . 46
6.2 Funções de protecção a serem parametrizadas no relé microprocessado . 53

7.1 Comparação entre as três tecnologias de relés . . . . . . . . . . . . . . . . 55

8.1 Comparação dos três relés propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

XV
LISTA DE ANEXOS

Anexo 1 Curvas de TD
Anexo 2 Curvas de NI, MI, ET
Anexo 3 Caracterı́sticas dos relés da famı́lia RMA 400
Anexo 4 Chapa de caracterı́sticas dos TI do tipo bucha
Anexo 5 Caracterı́sticas dos relés da famı́lia TMAS
Anexo 6 Esquemas de protecção dos TSA’s
Anexo 7 Resumo das funções de Protecção
Anexo 8 Tabela de dados para a construção das curvas de sobrecorrente (220kV)
Anexo 9 Tabela de dados para a construção das curvas de sobrecorrente (20kV)
Anexo 10 Chapa de caracterı́stica dos transformadores dos serviços auxiliares
Anexo 11 Catálogo da ABB
Anexo 12 Catálogo da Siemens
Anexo 13 Catálogo da Schneider

XVI
CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

A essência da Hidroeletricidade de Cahorra Bassa (HCB) é de fornecer energia eléctrica


aos seus clientes, com padrões de qualidade, segurança e continuidade dos serviços
com o mı́nimo de interrupções possı́veis.

Um dos sistemas mais importantes que garantem essa continuidade na alimentação


dos auxiliares da central, são os transformadores de serviços auxiliares, responsáveis
pelo fornecimento de energia eléctrica aos sistemas de geração. Porém condições into-
leráveis de operação podem surgir durante o funcionamento normal desses importantis-
simos transformadores, e quando estas ocorrem o sistema deve possuir dispositivos de
protecção para protege-lo, garantindo a integridade do equipamento.

Os sistemas de protecção dos transformadores dos serviços auxiliares e de qualquer


outro equipamento em sistemas eléctricos de potência de média, alta e extra alta tensão,
são constituı́dos basicamente por: transformadores de instrumento, relês de protecção
e disjuntores. Um dos dispositivos mais importante para o correcto funcionamento da
filosofia de protecção desses transformadores é o relé de protecção, que tem uma funda-
mental importância na recepção de um sinal de falha, e emissão de um sinal de disparo,
neste âmbito é importante garantir o bom funcionamento desse equipamento e muni-lo
das tecnologias mais recentes possı́veis no mercado.

1
§1.1. Problema e Justificativa

1.1 Problema e Justificativa

Os transformadores dos serviços auxiliares da subestação conversora de Songo, garan-


tem a alimentação das cargas dos serviços auxiliares da subestação e da central (onde
é produzida a energia eléctrica) e garantem ainda o fornecimento da energia eléctrica
á vila de Songo. É de extrema importância que eles sejam protegidos por um sistema
confiável, pois com a sua indisponibilidade não haverá fornecimento de energia eléctrica
aos pontos acima mencionados, sendo que para a sua protecção são usados disjuntores
a ar comprimido accionados por relés analógicos (electromecânicos e estáticos).

Com a evolução tecnológica e com o aumento da complexidade dos sistemas eléctricos


de potência, o uso dos relés electromecânicos e estáticos tem se mostrado ineficaz,
agravado ao facto de a sua fabricação estar discontinuada e as suas peças sobressalen-
tes não se encontrarem disponı́veis no mercado. Associado a estes factos, estes relés
possuem uma limitação no que se refere a monitorização e diagnósticos de avarias, o
que tem acarretado um tempo considerável para a resolução de avarias, influenciando
directamente no tempo de indisponibilidade do transformador ou ainda deixando-o vul-
nerável a eventos que possam perigar o seu funcionamento.

Outro facto (devido a sua forma construtiva), é o de não poderem ser integrados em
sistemas de monitorização e comunicação com os outros equipamentos da subestação,
além de não possuı́rem um interface gráfico que possa comunicar em tempo real com os
técnicos da subestação, dando-lhes a possibilidade de observar os eventos que aconte-
cem no sistema.

Sendo assim, surge então a necessidade de propor-se a substituição desses relés por
outros de tecnologia moderna, capazes de não só proteger mas também monitorar os
transformadores de serviços auxiliares da subestação conversora de Songo.

BETO ALEXANDRE VILANCULO 2 HCB – 2019


§1.2. Ojectivos

1.2 Ojectivos

1.2.1 Geral

• Emigrar das protecções analógicas (estáticas e electromecânicas) para uma protecção


microprocessada (IED).

1.2.2 Especı́ficos

• Caracterizar e elucidar o grau de importância dos transformadores dos serviços


auxiliares;

• Apresentar a filosofia e as teórias relacionadas com sistemas de protecção de um


equipamento em média, alta e extra alta tensão;

• Apresentar de uma forma geral o funcionamento dos relés de protecção de tecno-


logia electromecânica; estática e microprocessada;

• Levantamento dos valores de ajuste das actuais protecções;

• Especificar e recomendar o relé microprocessado (IED).

1.3 Relevância

O presente relatório é de grande relevância para a subestação conversora de Songo,


pois com a implementação dessa protecção nos transformadores de serviços auxiliares,
haverá possibilidade de registos de eventos, sendo possı́vel precaver possı́veis falhas, o
que não existe no sistema actual. possibilidade de monitorização online da qualidade de
energia eléctrica fornecida pelos transformadores de serviços auxiliares.

A nı́vel acadêmico o presente trabalho poderá auxiliar algumas cadeiras de Engenharia


Eléctrica, tais como : Aparelhagem de Manobra e Protecção; Transporte e Distribuição de
Energia; e indirectamente a Electrónica digital; Máquinas Eléctricas; Medidas Eléctricas;
ajudando aos leitores e investigadores do ramo a desenhar curvas de protecção; cal-
cular tempos de actuação para as diferentes curvas das proteções de sobrecorrente e
diferenciar as tecnologias de relés de protecção.

BETO ALEXANDRE VILANCULO 3 HCB – 2019


§1.4. Metodologia

1.4 Metodologia

O presente relatório foi elaborado na base de : consultas bibliográficas; pesquisas na


internet; contacto interpessoal com os colaboradores da hidroelétrica de Cahora Bassa,
e em pesquisas nos arquivos da empresa.

BETO ALEXANDRE VILANCULO 4 HCB – 2019


§1.5. Estrutura do Trabalho

1.5 Estrutura do Trabalho

Capı́tulo 1: Pré-texto→ É a parte pré-textual, composta pela apresentação geral do tra-


balho. Nela poderá se encontrar: a Introdução, o problema e a justificativa, os bjectivos
gerais e especı́ficos, a relevância e a metodologia usada para a elaboração do relatório.
Capı́tulo 2: Serviços auxiliares da subestação de songo→ Neste capı́tulo, abordar
– se – ão os serviços auxiliares da subestação conversora de Songo de uma maneira
geral, para que o leitor tenha uma noção do grau de importânçia dos transformadores de
serviços auxiliares, bem como as suas caracteristicas, constituindo a parte das generali-
dades do trabalho, dando o inı́cio a parte textual do trabalho.
Capı́tulo 3: Teoria de protecção→ No presente capı́tulo, faz-se uma abordagem sobre
teorias relacionadas com sistemas de protecção, buscando conhecimentos teóricos que
servirão como base de sustentação para a compreensão dos capı́tulos que se seguem.
Capı́tulo 4: Relés de protecção → Neste capı́tulo, faz-se uma abordagem as tecnolo-
gias dos relés de protecção, fazendo uma abordagem com mais profundidade sobre a
tecnologia: electromecânicas, estática e microprocessada.
Capı́tulo 5: Protecção dos Transformadores dos serviços auxiliares→ Neste capi-
tulo, vai se estudar os valores de ajustes das protecções analógicas dos transformadores
dos serviços auxiliares.
Capı́tulo 6: Especificação e valores de ajuste a serem parametrizados no relé pro-
posto→ Neste capı́tulo faz se a especificação das funções que o relé microprocessado
deve ter, e são apresentados os valores de ajuste a serem parâmetrizados.
Capı́tulo 7: Análise comparativa, e benefı́cios esperados→ Apresenta se neste capı́tulo,
as comparações das três tecnologias dos relés e os benefı́cios esperados pela HCB com
a implementação do novo relé.
Capı́tulo 8: Conclusões e Recomendações→ Faz se a conclusão do trabalho e reco-
menda se o relé a ser escolhido.

BETO ALEXANDRE VILANCULO 5 HCB – 2019


CAPÍTULO 2

SERVIÇOS AUXILIARES DA
SUBESTAÇÃO CONVERSORA DE SONGO

Transformador de 20 MVA, dos serviços auxiliares da subestação conversora de Songo (cor-


tesia da HCB).

No presente Capı́tulo, faz-se a apresentação dos serviços auxiliares da subestação con-


versora de Songo, apresentando as caracterı́sticas desses transformadores, as cargas
que eles alimentam, para que se tenha uma noção do grau de importânçia desses equi-
pamentos, constituindo esse capı́tulo as generalidades do trabalho.

6
§2.1. Generalidades

2.1 Generalidades

2.1.1 Transformadores de Serviços Auxiliares TSA’s

Segundo (Nhalo, 2017), serviços auxiliares é o nome que se dá a um sistema composto
por todos os dispositivos necessários à operação dos equipamentos principais de uma
subestação. Tal sistema abrange cargas, fontes de alimentação e subsistemas de mano-
bra que interligam fontes e cargas. Geralmente são dotados de subsistemas em corrente
alternada e corrente contı́nua.

Na subestação conversora de Songo, estão instalados dois TSA’s em redundância. Os


TSA’s têm uma importância primordial, pois eles é que recebem a tensão proveniente
do barramento de 220 kV e transformam para a média tensão (20 kV). Para a posterior
alimentação do quadro de 20 kV, quadro este responsável pela distribuição e alimentação
de todos SA’s da subestação, e outras cargas que serão mencionadas ainda no presente
capı́tulo.

Caracterı́sticas Eléctricas dos TSA’s

Os TSA’s são transformadores trifásicos com ligação primária em (Y), e o seu secundário
em (∆). Encontram-se instalados no lado CA da subestação conversora do Songo, o seu
primário é alimentado a 220 kV por meio do barramento a mesma tensão, fornecendo
tensão aos SA’s através da tensão de 20 kV do seu secundário. Esta tensão é usada
para alimentar a sala dos 20 kV. Estes transformadores com a chapa de caracterı́stica no
anexo 10, apresentam as seguintes caracterı́sticas:

• Fabricante: ALSTHOM SAVOISIENNE

• Ano de fabrico: 1973

• No : H61010-02

• Ligação: YNd11

• arrefecimento: ONAN

• Frequência: 50 Hz

BETO ALEXANDRE VILANCULO 7 HCB – 2019


§2.1. Generalidades

• Norma: CEI 76-1967

• Aquecimento: CEI-5o C

• Potência nominal: 20 MVA

• Tensão nominal: 220 kV ±12 %

• Corrente nominal primária: 52,5 A

• Corrente nominal secundária: 577,5 A


Nota :Possuem do lado dos 220 kV, um comutador de tomadas em cargas com 21
posições correspondentes a valores de tensão.

Bobina do ponto neutro

O enrolamento secundário em ∆ dos transformadores de serviços auxiliares não possui


neutro acessı́vel, em virtude disso em caso de uma falha assimétrica (fase - terra), onde
temos componentes de sequência zero1 , os transformadores de instrumento não detec-
tam as correntes de sequência zero, ficando esses tipos de falhas não detectáveis aos
aparelhos de protecção.

Para superar esse inconveniente em SEP usa-se a bobina trifásica do ponto neutro, é
o mesmo princı́pio que usou-se no lado ∆ dos TSA’s, tendo assim um neutro fictı́cio para
se poder conectar a ele um transformador de instrumento, que possa ver essas falhas de
sequênçia zero. O esquema 2.1 ilustra como é feita tipicamente essa ligação. A bobina

Figura 2.1: Esquema de ligação da bobina do ponto neutro


Fonte: Nhalo, 2017
1
A componente de sequência zero representa o elemento de tensão ou corrente não girante.

BETO ALEXANDRE VILANCULO 8 HCB – 2019


§2.1. Generalidades

do ponto neutro ou transformador de aterramento em zig-zag, segundo (KINDERMAN


1996) é um transformador comum com relação de transformação 1:1, conectado como
autotransformador. A figura 2.2 mostra uma bobina do ponto neutro do TSA1. A ligação

Figura 2.2: Bobina do ponto neutro,TSA 1


Fonte : Imagem capturada pelo autor

zig-zag possibilita o bloqueio das sequências positiva 2 e negativa3 .

No caso de uma falha assimétrica do tipo (fase - terra), as correntes de sequência


zero ou homopolar ficam em fase e percorrem pelo aterramento da ligação em Y, como
as bobinas do transformador de aterramento estão ligadas em zig-zag, as correntes in-
dicadas na figura 2.3(a) produzem fluxos magnéticos que são contrabalanceadas com o
fluxo magnético idêntico mas de sentido contrario.

Portanto em cada perna do transformador as correntes se anulam, possibilitando ape-


nas a passagem da corrente de sequência zero. Este transformador aterra o sistema
isolado por meio de uma impedância de sequência zero muito pequena, como mostra a
figura 2.3(b).

2
Sequência positiva é o elemento de tensão ou corrente em condições nominais equilibradas, com um
sentido de rotação, por convenção, positivo.
3
Sequênçia negativa é o elemento de tensão ou corrente com sentido de rotação inverso

BETO ALEXANDRE VILANCULO 9 HCB – 2019


§2.1. Generalidades

(a) Transformador de aterramento em (b) Sequência zero do


zig – zag transformador de aterra-
mento

Figura 2.3: Circuitos equivalentes


Fonte : kinderman, 1997

2.1.2 Cargas alimentadas pelos TSA’s

Feita a redução do nı́vel de tensão dos 220 kV para os 20 kV, essa tensão vai para a
chamada sala dos 20 kV (que é como se fosse uma espécie de um quadro geral), para a
devida protecção; seccionamento; controle; medição e divisão dos circuitos. Desse qua-
dro são alimentadas cargas como: central sul; vila do Songo; subestação e plataforma
de transição4 .

2.1.3 Protecções associadas aos TSA’s

Os TSA’s estão associados aos seguintes equipamentos de protecção :

• Protecção de sobreintensidade (relé TMAS 311f)→ estática ou electrónica;

• Protecção cuba-massa e terra (relé RMA 410.2) → electromecânica;

• Protecção de sobrefrequência (relé TMI1BF) → estática ou electrónica e;

• Protecções intrı́nsecas do transformador5

4
É a partir dela que se alimentam os equipamentos anexos a barragem, tomadas de água e a estacão
de bombagem.
5
São protecções especificas,que já vem incorporadas no próprio transformador

BETO ALEXANDRE VILANCULO 10 HCB – 2019


CAPÍTULO 3

TEORIA DE PROTECÇÕES

Sala dos 20KV da subestação conversora de songo, (cortesia HCB).

No presente capı́tulo, faz-se a introdução dos equipamentos que fazem parte de um


sistema de protecção, falando dos seus componentes e os critérios que são exigidos
para que esses sistemas sejam eficazes, dando uma visão que servirá como alicerce
para entendermos como é feita a protecção dos TSA’s, e de um equipamento qualquer
de média, alta e extra alta tensão.

11
§3.1. Conceitos Teóricos

3.1 Conceitos Teóricos

Não há como falar dos sistemas de protecção, sem fazer uma pequena revisão de con-
ceitos relacionado com curto-circuito, que no presente trabalho vai se usar a designação
de falha ou defeito, tais falhas classificam-se em :

•Falhas Simétricas → caracterizam-se por falhas do tipo trifásicas, ou seja quando as


três fases (RST) de um sistema entram em contacto.

•Falhas Assimétricas → caracterizam-se por falhas do tipo: fase – terra (monofásico);


fase – fase (bifásico) e falhas do tipo fase – fase – terra (bifásico a terra).

Zonas de protecção

Segundo (Da Silva, 2008), zona de protecção é uma área do SEP protegida pelo sistema
de protecção, em que uma falha dentro dessa zona deverá resultar na actuação do sis-
tema de protecção responsável por essa zona, de modo a isolá-la do restante sistema
de potência. A figura 3.1 ilustra um diagrama de um sistema e suas respectivas zonas
de protecção.

Figura 3.1: Exemplo de Zonas de Protecção


Fonte : Da Silva, 2008

3.1.1 Funcionamento de sistema de protecção

Os sistemas de protecção em MT; AT e EAT são compostos basicamente por três compo-
nentes : transformadores de instrumento; disjuntores e pelos relés de protecção. A figura

BETO ALEXANDRE VILANCULO 12 HCB – 2019


§3.1. Conceitos Teóricos

3.2, com um transformador de instrumento (TI); um relé (sobrecorrente) e contactos prin-


cipais de um disjuntor, mostra um esquema simples de protecção com os elementos
acima mencionados. Serve como base para uma explicação de como funciona basica-
mente um sistema de protecção.

Conforme (Glover et al, 2012), a função do TC é de reproduzir em seu enrolamento


0
secundário uma corrente I proporcional à corrente primária I, o TC converte correntes
primárias na faixa de kA ou A para correntes secundárias na faixa de 0-5 ampères, com
o intuito de ligar equipamentos de medição, protecção e controle, com as seguintes van-
tagens:

•Segurança → os transformadores de instrumento fornecem isolamento eléctrico do sis-


tema de energia, para que os técnicos que trabalham com relés executem o seu trabalho
num ambiente seguro.
•Economia → nı́veis reduzidos de corrente permitem que os relés sejam menores; se-
guros; simples e menos caros.
•Precisão → transformadores de instrumento reproduzem com precisão o sistema de
energia eléctrica (correntes e tensões), em amplas faixas de operação.

A função do relé é de discriminar entre uma operação normal e condições de uma falha.
O relé da figura 3.2, tem uma bobina de operação que está conectado ao enrolamento
secundário do TC.

Quando a corrente I excede um valor especı́ficado (condição de uma falha), a bobina


de operação do relé irá fazer com que o seu contacto auxiliar normalmente aberto feche.
Quando o contacto auxiliar do relé fecha, a bobina de disparo do disjuntor é energizada,
o que faz com que o disjuntor abra os seus contactos principais, conforme a figura 3.2.

Os contactos do disjuntor não abrem até que sua bobina de operação seja energi-
zada, manualmente ou por operação do relé. A abertura desses contactos basea-se
nas informações do transformador de instrumento que neste caso é um TC.

BETO ALEXANDRE VILANCULO 13 HCB – 2019


§3.2. Transformadores de instrumento

Figura 3.2: Esquema Básico de Protecção


Fonte : Adaptado de Glover, 2012

3.1.2 Critérios dos sistemas de protecção

Os sistemas de protecção devem estar munidos dos seguintes critérios :


•Fiabilidade → operar de forma fiável quando ocorrer condições de falha, mesmo
após ter permanecido muito tempo sem operar. Uma falha de operação desses sistemas
pode resultar em avultados danos.
• Selectividade →proteger e remover apenas o circuito em falha, garantindo a conti-
nuidade dos demais circuitos.
• Velocidade → operar rapidamente para minimizar a duração da falha e danos ao
equipamento.
• Economia → fornecer protecção máxima a um custo mı́nimo.
• Simplicidade → minimizar o máximo possı́vel os equipamentos dos circuitos de
protecção, tornando o sistema mais simples possı́vel.

3.2 Transformadores de instrumento

Segundo a norma ABNT 6546:1991, transformadores de instrumento são definidos como


sendo os transformadores que tem a função de alimentar instrumentos de medição, dis-
positivos de controle e protecção. Destinam-se em reproduzir em seu circuito secundário,
em uma proporção conhecı́da e definida, uma tensão ou corrente do circuito primário.
Existem dois tipos de transformadores de instrumento:
•Transformadores de corrente (TC) e

BETO ALEXANDRE VILANCULO 14 HCB – 2019


§3.2. Transformadores de instrumento

•Transformadores de tensão (TT).


A figura 3.3, mostra como são ligados os TC’s e TT’s num SEP.

Figura 3.3: Esquema Básico de Ligação de um TC e TT


Fonte:Adaptado de Glover, 2012

3.2.1 Transformador de corrente

Nestes transformadores, o enrolamento primário é ligado em série com o circuito a pro-


teger ou a medir, como mostra a figura 3.3. A impedância interna do TC, deve ser des-
prezı́vel quando comparado a impedância do sistema, de maneira que a corrente no
secundário seja ditada pela corrente do circuito de potência.
A impedância interna do equipamento conectado ao secundário do TC, deve ser tão pe-
quena, fazendo com que o secundário esteja práticamente em curto-circuito, pois o TC
opera como se fosse um transformador com o secundário em curto-circuito.

Figura 3.4: Transformador de corrente da subestação conversora de Songo


Fonte : Imagem capturada pelo autor

BETO ALEXANDRE VILANCULO 15 HCB – 2019


§3.3. Disjuntor

3.2.2 Transformador de tensão

A semelhança do TC, o TT também é um transformador de instrumento. Nestes trans-


formadores o enrolamento primário é ligado em paralelo com o sistema de potência, e o
enrolamento secundário é usado para alimentar os dispositivos de medição; controle e
relés de protecção, como mostra a figura 3.3.
Uma das grandes funções do TT, e do TC além do referido anteriormente, é de isolar
o circuito de AT do circuito de BT, e reproduzir com uma alta fidelidade os efeitos tran-
sitórios e permanentes do circuito de AT para o circuito de BT.

Figura 3.5: Transformador de tensão indutivo


Fonte : Imagem capturada pelo autor

3.3 Disjuntor

De acordo com (DOS SANTOS, 2009), é um dispositivo electromecânico que permite


proteger uma determinada instalação, contra curto-circuitos e sobrecargas à jusante do
ponto de sua instalação.
São os principais equipamentos de protecção numa subestação, a sua função princi-
pal é a de interromper correntes de falha o mais rapidamente possı́vel, com o objectivo
de limitar ou evitar os danos aos equipamentos. Os disjuntores devem ser capazes de
interromper além de correntes de falha, correntes nominais de funcionamento; corren-
6
tes de magnetização de transformadores; reatores; correntes capacitivas de banco de
6
Correntes resultantes da energização de transformadores e que podem atingir 8 a 10 vezes a IN traf o .

BETO ALEXANDRE VILANCULO 16 HCB – 2019


§3.3. Disjuntor

capacitores e linhas em vazio.

3.3.1 Componentes de um disjuntor de MT, AT e EAT

De uma maneira geral, o disjuntor para a sua coordenação de funcionamento é composto


pelas seguintes três partes.

1. Unidade de comando → é o subconjunto composto pelas unidade de comando,


controle e supervisão do disjuntor. Este sistema varia fundamentalmente com o
tipo de accionamento e do meio extinção do arco eléctrico7 , por exemplo para o
caso particular dos disjuntores que protegem os TSA’s, como são de accionamento
e extinção a ar comprimido, eles têm um sistema de controle e monitoramento de
pressão do ar e que deve estar a 30bar.

2. Sistema de accionamento → é parte do disjuntor que possibilita o armazena-


mento e a libertação de energia necessária a operação mecânica do disjuntor, por
meio de dispositivos apropriados, a quando do comando de abertura ou fecho do
disjuntor.

3. Meio de extincão de arco → a separação dos contactos de um disjuntor provoca


o surgimento do arco eléctrico, devido a energia armazenada no circuito sob forma
de energia potencial, e esse arco deve ser rapidamente extinguido sob risco de
trazer consequências danosas ao SEP.

Figura 3.6: Cabeça do disjuntor a ar comprimido (PK) para a proteção dos TSA’s.
Fonte : Imagem capturada pelo autor

7
arco eléctrico é um fenômeno que sucede entre dois electrodos submetidos a uma diferença de tensão
dentro de um meio gasoso (aquando da sua separação).

BETO ALEXANDRE VILANCULO 17 HCB – 2019


CAPÍTULO 4

RELÉS DE PROTECÇÃO

Relés electromecânicos e estáticos para protecção dos TSA’s (cortesia da HCB).

No presente capı́tulo, faz-se uma abordagem sobre as tecnologias de relés de protecção,


abordando o princı́pio de funcionamento de cada um deles, sua constituição apresen-
tando os seus respectı́vos esquemas ou arquiteturas.

4.1 Relés de protecção

Segundo (ROSSI, 2012), os relés de protecção são dispositivos destinados a monitorar


a operação de um ou mais equipamentos ou circuitos em uma dada instalação eléctrica,

18
§4.1. Relés de protecção

tal que quando uma ou mais grandeza(s) por ele supervisionada(s) exceder(em) valores
preestabelecidos (ajustados) de operação, tais relés operam e emitem uma ordem de
comando ou controle ou um alarme, a qual se destina a um ou mais equipamento(s)
receptor(es) especı́fico(s), que proverá(ão) as tomadas de decisões, seguindo rigorosa-
mente os critérios que lhe foram previamente determinados com o objectivo de minimizar
danos ou prejuı́zos maiores, impostos aos equipamentos e circuitos por ele supervisio-
nados.

Os relés de protecção surgiram no inı́cio do século passado, os primeiros relés desenvol-


vidos foram os electromecânicos de sobrecorrente, porém com o aumento da complexi-
dade dos sistemas elétricos e com o desenvolvimento da tecnologia, novos dispositivos
de protecção foram criados para atender às necessidades dos engenheiros de protecção.

4.1.1 Classificação dos relés

Existe uma imensa variedade de relés, para atender as diversas aplicações e podem ser
classificados tendo em conta vários factores, que alguns deles serão mencionados em
seguida.

1. Quanto as grandezas fı́sicas de actuação, os relés podem atender a grande-


zas do tipo → eléctricas; mecânicas; térmicas e ópticas; neste caso os relés a
serem substituı́dos respondem a uma grandeza eléctrica.

2. Quanto a natureza da grandeza a que respondem→ corrente; tensão; pressão;


temperatura e frequência. As protecções electromecânicas e estáticas dos TSA’s
respondem a magnitudes de corrente e frequência, os relés electromecânicos de
terra e de cuba a massa, bem como a estática de sobrecorrente respondem a cor-
rente, e o de frequência como o nome diz responde a variações de frequência.

3. Quanto a natureza da aplicação→ máquinas rotativas (gerador, motor); máquinas


estáticas (transformadores); linhas (aéreas, subterrâneas) e etc. As protecções dos
TSA’s estão aplicadas a uma máquina estática (transformador).

4. Quanto a temporização: podem ser instantâneos ou temporizados, em que:

BETO ALEXANDRE VILANCULO 19 HCB – 2019


§4.1. Relés de protecção

• Instantâneas → são considerados como aqueles, que possuı́em o tempo de


operação inferior a 20 ms.

• Temporizados → são considerados como, aqueles que permitirem um controle


em seu tempo de operação. São classificados da seguinte forma:

♦Tempo definido – TD – caracterı́stica (anexo 1)


♦Tempo normal inverso – NI – curva caracterı́stica (anexo 2)
♦Tempo extremamente inverso – E.I – curva caracterı́stica (anexo 2)
♦Tempo muito inverso –M.I – curva caraterı́stica (anexo 2)

Para a protecção dos TSA’s, o relé de sobrecorrente usa a caracterı́stica de tempo


extremamente inverso, e de tempo definido para uma magnitude de corrente 10
vezes maior a corrente de falha, cuja a curva caracterı́stica de protecção será mos-
trada e debatida na secção 5.6.

5. Quanto à forma de conexão ao elemento sensor→ podem ser:

• Relés primários são conectados directamente ao circuito primário e

• Relés secundários são conectados através dos transformadores de medida


como TC ou TT.

Quanto a essa classificação os relés de protecção dos TSA’s, respeitam o segundo


item.

6. Quanto a função de protecção:→ as funções de protecção são identificadas por


números, de acordo com a (ANSI). Em alguns casos após o número da protecção
existe uma ou duas letras representando uma caracterı́stica especı́fica da protecção
(ver anexo 7). As funções de protecção electromecânicas e estáticas aplicadas aos
TSA’s são:

• 81o – Relé de sobrefrequência;

• 64/50G – Relé de protecção instantânea de terra (para cuba – massa);

• 64/50G – Relé de protecção instantânea de terra (para o lado ∆);

• 51 – Sobrecorrente temporizado; e

As protecções intrı́nsecas aplicadas são:

BETO ALEXANDRE VILANCULO 20 HCB – 2019


§4.2. Relés electromecânicos

• 63 – Relé buchholz;

• 26 – Termômetro de topo de óleo; e

• 71 – Indicador de nı́vel de óleo.

7. Quanto ao Tipo Construtivo → podem ser electromecânicos, estáticos e micro-


processados.

O ultimo item, é uma das partes que mais interessam no presente relatório, dar-se-á
maior ênfase a esta parte, pois é necessário falar das tecnologias de construção dos
relés, uma vez que pretende-se especificar um relé de tecnologia microprocessada. Para
substituir os de tecnologia electromecânica e estática, em virtude disso a que entender
o principio básico de funcionamento de cada tecnologia.

4.2 Relés electromecânicos

São os pioneiros na área de protecção, entre eles existem dois princı́pios fundamentais
de funcionamento, que são:

• Atracção eletromagnética; e

• Indução eletromagnética.

4.2.1 Relés de atracção eletromagnética

Os relés de atracção eletromagnética podem operar em virtude de um êmbolo, sendo


arrastado por um solenóide ou através de uma armadura sendo atraı́da pelos pólos de
um eletroı́man. Para uma melhor compreensão do funcionamento usaremos a figura
4.1, para explicar o seu principio básico de funcionamento. Os relés de atracção eletro-
magnética podem ser accionados por CC ou CA, e funcionam da seguinte maneira:
Seja um circuito monofásico da figura 4.1, contendo uma fonte de tensão (U), alimen-
tando uma carga (Z), resultando em uma corrente I que vai circular no circuito da 4.1.
Neste circuito foi instalado um relé electromecânico do tipo (armadura), o núcleo é per-
corrido por um fluxo proporcional a corrente do circuito, circulando na bobina do relé,
e isso faz com que seja possı́vel que o contacto móvel feche um contacto de um cir-
cuito auxiliar (corrente continua neste caso), accionando um alarme ou uma lâmpada de

BETO ALEXANDRE VILANCULO 21 HCB – 2019


§4.2. Relés electromecânicos

sinalização (neste caso), ou uma bobina de fecho ou de abertura de um disjuntor, colo-


cado no circuito principal, sempre que Fe > Fm .

O valor de I deve ser limitado, e assim sempre que exceder um valor fixado Ia (corrente
de actuação ou de accionamento do relé), o circuito deve ser interrompido, por meio de
fornecimento de um impulso de operação, chamado corrente de operação (Iop ), enviado
a bobina de disparo do disjuntor ou fazer o accionamento da lâmpada ou do alarme para
informar a falha (Caminha, 1978). Dos princı́pios de conversão electromecânica a força

Figura 4.1: Principio de Funcionamento do Relé Electromecânico


Fonte : Caminha, 1978

electromagnética (Fe ) desenvolvida através do entreferro pelo fluxo do núcleo, é provo-


cada pela corrente I na bobina do relé, nestas estruturas obedece a fórmula abaixo :

F e = KI 2 (4.1)

onde K leva em conta o número de espiras, por outro lado a forca (Fm ), é a força que
se opõem ao deslocamento da armadura, devido aos elementos mecânicos tais como:
motores (bobina), órgãos antagônicos, mola, gravidade, contactos, e etc.

A diferença existente entre os relés de êmbolo e os de alavanca é a seguinte: nos relés


de êmbolo, uma corrente eléctrica percorre uma bobina de magnetização que produz
um campo magnético, quando a corrente na bobina atinge o valor de ajuste do relé, o
campo magnético desloca um êmbolo que irá operar um conjunto de contactos do relé,
enquanto que nos relés de alavanca, uma alavanca articulada é atraı́da quando uma cor-

BETO ALEXANDRE VILANCULO 22 HCB – 2019


§4.2. Relés electromecânicos

rente eléctrica percorre um eletroı́man. Este relé possui maior sensibilidade do que o do
tipo êmbolo.

4.2.2 Relés de indução eletromagnética

O seu funcionamento basea-se no principio de funcionamento de um motor de indução.


Existem dois tipos básicos de relés que utilizam este principio, que são:

• Disco de indução; e

• Copo de indução.

Relé de disco de indução

É o tipo usado para a protecção cuba-massa e protecção de terra dos TSA’s (no lado ∆).
Segundo (ROSSI, 2012), consiste em uma bobina que apresenta varias derivações ou
tapes 8 e que está montada sobre um núcleo ferromagnético, o qual possui um entreferro
por onde passa um disco, geralmente feito de alumı́nio, conforme a figura 4.2. O disco é

Figura 4.2: Relé de Disco de Indução


Fonte : Caminha, 1978

fixo em um eixo apoiado sobre um sistema com baixo atrito, a este eixo está presa uma
mola espiral, que desenvolve uma acção de restrição ao movimento do disco (conjugado
antagônico), permitindo assim estabelecer uma condição de controle para a operação do
relé, isto é, se a acção magnética for maior que a força mecânica da mola, o disco gira
e o eixo deslocará um contacto móvel montado sobre si, até se encontrar com um outro
fixo, caracterizando a completa operação do relé.
8
um dispositivo utilizado para mudanças de derivações de um enrolamento (tap).

BETO ALEXANDRE VILANCULO 23 HCB – 2019


§4.2. Relés electromecânicos

A força magnética que é desenvolvida durante a indução é responsável pelo torque


magnético exercido pelo disco, também chamado de ”torque motor”que contrabalançado
com a acção do torque mecânico (Km ) da mola de restrição e da frenagem magnética,
nos dando assim a equação de operação do relé:

T = KΦM 1 ΦM 2 sin(α) − KM , Como : (4.2)

ΦM 1 = ΦM 2 = Φ,e tendo α = 90◦

T = KΦ2M − KM (4.3)

Se o relé for de corrente, teremos uma bobina de baixa impedância conectada ao se-
cundário de um TC, a equacão de operação do relé será descrita pela expressão abaixo:

T = K Is2 − KM (4.4)

Onde Is é a corrente de serviço responsável pela indução do fluxo, analogamente, se o


relé for de tensão, teremos uma bobina de alta impedância conectada ao secundário de
um TT, e a equacão será dada pela expressão abaixo.

T = K Vs2 − KM (4.5)

Relés tipo copo de indução.

Esse tipo construtivo de relés, segundo (Rossi, 2012) é um aprimoramento em relação


ao do tipo disco de indução. O princı́pio de funcionamento é o mesmo e é constituı́do
por um núcleo, sobre o qual existem normalmente 4 ou 8 bobinas distribuı́das conforme
mostrado na figura 4.3.

Neste caso, o rotor é um cilindro oco normalmente de alumı́nio, substituindo então o


disco do caso anterior. O cilindro apresenta uma pequena inércia no sistema, permitindo
assim uma velocidade maior de actuação do relé, o que justifica sua larga aplicação como
unidades instantâneas, considerando que se conseguem tempos de actuação desse relé
na ordem de 10 a 20 ms, constituindo-se assim, como sendo os mais rápidos para a
tecnologia eletromecânica.

BETO ALEXANDRE VILANCULO 24 HCB – 2019


§4.3. Relés estáticos

Esta acção magnética motora então desenvolvida (torque motor) deverá ser maior que a
de uma acção eléctrica ou mecânica de restrição, obtidas por ex: através de molas ou
torques eléctricos antagônicos (torques de frenagens), permitindo-se assim, que o relé
realize uma determinada actuação, que poderá ser por exemplo: o fechamento de seus
contactos.

Matematicamente, recorrendo às mesmas equações apresentadas no item anterior, pode-


se escrever a equacão de funcionamento desses tipos de relés:

T = KΦM 1 ΦM 2 sin(α) − KM (4.6)

Figura 4.3: Relé Tipo Copo de Inducão


Fonte :Rossi, 2012

4.3 Relés estáticos

O desenvolvimento de dispositivos semicondutores estáticos com alto grau de fiabilidade,


principalmente como os transistores; diodos; triac’s e outros, permitiu a construção de
relés de protecção que utilizam esses componentes, esses relés são muito rápidos em
termos de resposta de operação, pois não têm componentes mecânicas.

Utilizam vários circuitos analógicos para executarem as suas funções. Os principais ti-
pos de circuitos usados são : filtros de harmônicas indesejáveis; rectificadores de tensão
alternada para continua; amplificadores; comparadores e temporizadores. Os ajustes de
referência são feitos com potenciômetros e tapes.

BETO ALEXANDRE VILANCULO 25 HCB – 2019


§4.4. Relés de tecnologia microprocessada ou IED

O diagrama 4.4, explica o princı́pio básico de funcionamento de um relé estático. Os


sinais de tensão e corrente (provenientes de TC e TT) são lidos pelo bloco 1 (bloco de
leitura de sinais), de seguida são comparados com valores de referência no bloco 2 (bloco
de comparação de valores), caso esses valores ultrapassem um valor pré-ajustado nesse
bloco, pode ser disparado um mecanismo temporizador no bloco 3 (bloco de sinalização)
ou enviado um sinal directamente para lógica de Trip9 , no bloco 4.
A lógica de Trip verifica se o valor lido no bloco 1 continua superior ao valor pré-ajustado

Figura 4.4: Diagrama de Funcionamento de um Relé Estático


Fonte:Da Silva, 2008

(caso accionada pelo bloco temporizador, apôs o término da contagem do tempo) e então
envia o sinal de abertura do disjuntor ao bloco 5, e um sinal de sinalização ao bloco 6. O
bloco 7 representa a fonte de alimentação auxiliar do relé, o bloco 8 usa se para rotinas
de testes com informações internas e externas (Da Silva, 2008).

4.4 Relés de tecnologia microprocessada ou IED

Os relés de protecção microprocessados, tem o seu principio de funcionamento base-


ado em algorı́timos (binários), que são processados num ou mais processadores. As
9
Sinal de abertura do disjuntor

BETO ALEXANDRE VILANCULO 26 HCB – 2019


§4.4. Relés de tecnologia microprocessada ou IED

informações recebidas por esses relés são processadas digitalmente, por isso grandezas
analógicas como corrente e tensão são convertidas numa linguagem que o processador
entende, e são comparados com valores de ajuste.

Esses relés podem receber informações como : posição de disjuntor (aberto ou fechado),
posição dos seccionadores, sinais de diversos sensores para criação da lógica de in-
tertravamento e sinais de comunicação nos mais diversos protocolos. Para analise e
gerenciamento de dados, o processador é munido de outros componentes electrónicos,
tais como: Multiplexadores, Conversores A/D, memórias (EPROM, RAM, FLASH e EE-
PROM), circuitos de isolamento galvânico 11 .

4.4.1 Arquitetura e principio de funcionamento

A figura 4.5, mostra uma arquitetura básica de um relé de tecnologia microprocessada.


As informações de tensão e corrente provenientes dos transformadores de instrumentos

Figura 4.5: Arquitetura de um Relé Microprocessado


Fonte : Da Silva, 2008
11
Isolamento galvânico é um princı́pio de isolamento de secções funcionais de sistemas elétricos para
evitar o fluxo de corrente não existindo caminhos de condução metálicos

BETO ALEXANDRE VILANCULO 27 HCB – 2019


§4.4. Relés de tecnologia microprocessada ou IED

(TT) e (TC), ao entrarem no relé, passam por transformadores de isolamento 10 , e em se-


guida por filtros que irão deixar passar apenas a frequência fundamental e as frequências
harmônicas desejáveis. Essas informações são do tipo analógicas, sendo por isso im-
possı́veis de serem interpretadas pelo processador do relé. Assim sendo,é necessário o
uso de conversores de sinal A/D, para que essa informação seja apresentada no proces-
sador em forma digital.

Após a conversão do sinal, a informação é conservada e armazenada em uma memória


volátil (RAM) para ser processada pelo algorı́tmo inserido no processador. O programa
que contém o algoritmo de protecção esta gravado em uma memória não volátil (ROM)
ou (EPROM) do processador e chama-se firmware. Uma vez chegada as informações
de corrente e tensão, é necessário que este obtenha informações de ajuste para que se
possa comparar com os dados amostrados. Os relés dessa tecnologia, não só apresen-
tam sinais de saı́da para a bobina de disparo do disjuntor; como também tem saı́das para
alarme; acender leds no seu painel frontal; transmissão de informações via protocolos
de comunicação; registo de eventos e pertubações do sistema (Da Silva, 2008).

4.4.2 Caracterı́sticas e funcionalidades dos relés microprocessados


ou IED

Entradas Analógicas

Essas entradas podem ser de corrente, tensão ou transdutores. As correntes nominais


que vem dos TC são de 1A a 5A como ja havı́amos abordado na secção 3.3, as tensões
nominais geralmente são de: 100V, 110V e 115V. As entradas que medem resistências
são usadas quando se deseja medir temperaturas, cuja informação vem de sensores
resistivos (RDT).

Entradas digitais

Sinais discretos que refletem o estado de disjuntores, sinais provenientes de outros relés,
etc. Usam geralmente como nı́vel de tensão 125 CC.
10
São transformadores com relação de transformação 1:1, usados para isolar 2 circuitos com um deter-
minado objectivo.

BETO ALEXANDRE VILANCULO 28 HCB – 2019


§4.4. Relés de tecnologia microprocessada ou IED

Portas de comunicação

• Portas Seriais: permitem a troca de informações remotas ou locais para tarefas de


ajustes dos valores dos parâmetros, leitura de registros de faltas, dados de ajustes
e outras.

• Portas Paralelas: permitem o intercâmbio de informações em tempo real.

Processador (CPU)

Executa os programas de protecção, o controle de diversas funções de tempo e realiza


tarefas de autodiagnóstico e de comunicação com os periféricos.

Memórias

• RAM: Serve para armazenamento temporário dos valores de entrada, para acumu-
lar resultados intermediários dos programas de protecção e para armazenar dados
a serem guardados posteriormente na memória não volátil.

• ROM e PROM: utilizadas para armazenamento de programas do relé. Estes progra-


mas são executados diretamente na ROM (ou EPROM) ou através de uma memória
RAM previamente carregada com o programa original.

• EPROM e EEPROM: utilizadas para armazenamento dos parâmetros de ajustes do


relé ou outros dados vitais que não são modificados com grande frequência.

Alimentação auxiliar

São fontes de tensão independente, usam-se geralmente baterias da subestação. Produz-


se tensões CC necessárias aos circuitos do microprocessador.

Contactos de saı́da

Os contactos de saı́da são usados para :

• Energizar a bobina de abertura ou de fecho do disjuntor: ao enviar o comando


de abertura, o relé energiza o contacto de saı́da correspondente, que é ligado na
bobina de abertura ou fecho do disjuntor.

BETO ALEXANDRE VILANCULO 29 HCB – 2019


§4.4. Relés de tecnologia microprocessada ou IED

• Alarmes e Sinalização: pode se usar para alimentar dispositivos de sinalização de


algum estado, abertura ou fecho do disjuntor.

Parametrização

Para que o relé funcione adequadamente, isto é, consoante as caracterı́sticas do


sistema a ser protegido e monitorado, é necessário fazerem se ajustes aos valo-
res de protecção. A parametrização esta ligada com os ajustes dos valores de
protecção, bem como as demais funcionalidades existentes no relé.

Parametrizar um relé dessa tecnologia consiste em : escolher os valores de sensibilização


das protecções; tempos de actuação; selecção das curvas; selecção da frequência
de funcionamento; estágios de protecção a serem sinalizados; definir cada entrada
binária; taxa de amostragem do arquivo de oscilografia; determinação do compor-
tamento de determinadas protecções e outros parâmetros.

Interface homem - Máquina ou IHM

Para que o usuário possa operar e interpretar os eventos do relé é necessário que
haja um interface homem máquina, também conhecida como IHM. Os relés mais
simples dessa tecnologia possuem um display com caracteres de sete segmentos
e uma ou mais linhas para apresentar as informações, botoẽs e led’s, alguns apre-
sentam potenciômentros na sua parte frontal como mostra a figura 4.6. Os mais

Figura 4.6: Display de Relé de Proteção Pexton


Fonte : Da Silva, 2008

avançados possuem dispaly de cristal lı́quido, que podem ser do tipo caracteres

BETO ALEXANDRE VILANCULO 30 HCB – 2019


§4.4. Relés de tecnologia microprocessada ou IED

ou matriz gráfica, nos relés com display gráfico pode se por exemplo, desenhar o
diagrama unifilar do sistema protegido e mostrar dinamicamente informações do
sistema, como por exemplo: posicionamento de disjuntores, seccionadores, valo-
res em tempo real de: tensão; corrente; energia consumida num dado instante;
a potência activa; reactiva e aparente e consequentemente o factor de potência;
valores de temperatura e outros dados importantes para o control de SEP.

Figura 4.7: Display de Relé de Proteção ABB


Fonte : Da Silva, 2008

Os leds nesses relés servem para indicar o funcionamento, actuação de alguns


elementos de protecção; inserir valores; pesquisar os menus; alterar configurações
e parâmetros dos relés, possuem uma série de botoẽs e alguns possuem teclados
numéricos.

Registo de eventos

Como esses relés tem memórias e processadores torna se simples e prático im-
plementar as funções de registrador de eventos, todas mudanças no sistema de-
tectadas pelos relés são consideradas eventos, os exemplos de eventos podem
ser: actuação de um elemento de protecção; energização de uma entrada binária;
comando manual ou remoto de abertura de um disjuntor e outros eventos que po-
dem ocorrer no SEP. Dependendo do tipo de evento o relé guarda na sua memória
diversas informações que são lı́das naquele dado instante.

Relógio de tempo real

Alguns relés de protecção possuem internamente relógios de tempo real usados


nos registos de eventos e marcação de data e hora em oscilografias. Em sistemas

BETO ALEXANDRE VILANCULO 31 HCB – 2019


§4.4. Relés de tecnologia microprocessada ou IED

de protecção é normal haver a sobreposição de zonas de protecção, de forma que


determinados pontos de falha são detectados por mais de um relé, assim sendo
quando ocorre um evento no sistema vários relés acabam registrando esse evento,
para facilitar a análise por parte dos técnicos é necessário que os eventos possuam
a data e horário, com precisão de milissegundos e que todos relógios estejam sin-
cronizados. Com este recurso é mais fácil entender se um relé actuou devidamente
ou se ele deveria ter aguardado por mais tempo para fazer a coordenação com os
outros relés.

Oscilografia

O registo oscilográfico é uma das ferramentas mais poderosas que esses relés pos-
suem, pois permite uma análise assertiva e rápida de falhas. Os relés que possuem
essa ferramenta gravam tanto os sinais analógicos de tensão e corrente bem como
sinais binários que vem das entradas binárias.

Quando ocorre uma falha no SEP o relé grava uma cópia de oscilografia em sua
memória interna, gravando inclusive alguns instantes antes desse comando, cha-
mado momento de pré-falha. Esses arquivos são guardados no relé, e transferidos
para um computador para a posterior análise oscilográfica por meio de um software.

Auto – supervisão

Essa função serve para detectar e avisar aos técnicos a inoperabilidade de um relé,
evitando assim actuações indevidas ou falhas nas actuações, o processo consiste
na verificação continua de diversas partes do relé, tais como: memórias; microcon-
trolador; consistência do software (firmware); conversores A/D; situação das entra-
das analógicas e digitais; valores de ajuste; nı́veis de tensão da fonte; circuito de
comando de disjuntor; bobinas dos relés de saı́da e outros elementos que devem
ser supervisionados.

BETO ALEXANDRE VILANCULO 32 HCB – 2019


§4.4. Relés de tecnologia microprocessada ou IED

Comunicação

A maioria desses relés possuem portas seriais, por tanto esses dispositivos po-
dem enviar e receber dados. Estes dados podem ser as parametrizações; lógicas
de operação; configuração gráfica do display mı́mico; arquivos de oscilografia;
medições; estado das entradas binarias; registo de eventos; entre outras informações
do sistema.

Esses relés geralmente tem portas na sua parte frontal, bem como na parte tra-
seira sendo que as frontais são usadas para a parametrização do relé, aquisição
de dados oscilográficos e registo de eventos. As portas de trás são usadas para co-
nectar o relé numa rede de comunicação com outros relés, comunicação com PLC
e integração em sistemas SCADA. Geralmente usam-se portas do tipo RS-232,
RS-485, também existem portas para conexão via fibra óptica.

Protocolos de comunicação

Conjunto de regras que definem como os dados serão transmitidos ou seja é a


lı́ngua falada pelos relés, para fazer com que 2 relés ”falem”ou comuniquem - se
entre eles, devem ter o mesmo protocolo de comunicação.

Os protocolos mais usados na comunicação em redes industriais são : MODBUS;


DNP 3.0; LONWORKS; IEC 60870-5-103; INCOM; PROFIBUS e o IEC – 61850
entre outro, de ressaltar que o IEC – 61850 é utilizado nos relés de tecnologia mi-
croprocessada mais avançados, além de ser um protocolo é uma norma que prevê
toda arquitetura de comunicação utilizada numa subestação, tem como principal
objectivo promover a inoperabilidade, ou seja, a comunicação entre equipamentos
de diferentes fabricantes.

BETO ALEXANDRE VILANCULO 33 HCB – 2019


CAPÍTULO 5

PROTECÇÃO DOS TSA,S.

Disjuntor PK-4B, usado para a protecção dos TSA’s, (cortesia HCB).


No presente capı́tulo, faz-se a abordagem das protecções analógicas dos TSA’s ou seja,
como é feita essa protecção, falando de cada tipo de protecção, seu funcionamento, ca-
racterı́sticas de cada relé, trazendo esquemas para uma maior compressão do sistema,
fala-se também dos valores de ajuste das protecções.
AS protecções electromecânicas e estáticas a serem substituı́das e que protegem os
TSA’s são :

1. Protecção de cuba-massa (64/50G) → relé de sobrecorrente RMA 410.2

2. Protecção de terra (64/50G) → relé de sobrecorrente RMA 410.2

3. Protecção de sobrecorrente (51) → relé de sobrecorrente TMAS 311f e ;

34
§5.1. Principio básico de funcionamento de um relé de sobrecorrente.

4. Protecção de sobrefrequência(81o) → relé frequência TMB1R.

5.1 Principio básico de funcionamento de um relé de so-


brecorrente.

O relé de sobrecorrente instantâneo (50) ou temporizado (51) actua para valores de


0
corrente maiores que a corrente de ajuste, a corrente I secundária do TC é o valor de
entrada para a operação da bobina do relé de sobrecorrente. Relés de sobrecorrente
respondem a magnitude de sua corrente de entrada, como é mostrado pelas regiões de
0
disparo (Trip) e de bloqueio na figura 5.1. Se a corrente I exceder um valor de corrente
ajustado e especificado Ip , chamado de corrente de ajuste (corrente de pick-up), então os
contactos do relé fecham instantâneamente (em caso de um relé de acção instantânea)
0
para energizar a bobina de disparo do disjuntor. Se I for menor que a corrente de
0
de ajuste I , então os contactos do relé permanecem abertos, bloqueando a bobina na
região (Glover et al, 2012).

Figura 5.1: Região de Trip e de Bloqueio do Relé de Sobrecorrente


Fonte :Duncan Glover, 2012

5.2 Protecção cuba-massa e terra dos TSA’s

5.2.1 Protecção Cuba-Massa dos TSA’s

Para poder-se implementar esta protecção todo circuito eléctrico primário e secundário
do transformador deve estar isolado da sua cuba (carcaça), tal isolamento faz-se por

BETO ALEXANDRE VILANCULO 35 HCB – 2019


§5.2. Protecção cuba-massa e terra dos TSA’s

(a) Isolamento Cuba Massa (b) Circulação da Corrente de Defeito

Figura 5.2: Protecção cuba-massa


Fonte : Adaptado de kinderman, 2005

meio de buchings, como mostra a figura 5.2(a). Na conexão da carcaça a terra dos TSA’s
instalou-se um TC do tipo bucha, o cabo que é o primário desse TC passa pelo orifı́cio
cilı́ndrico e vai a terra, do secundário do TC que é a sua própria bobina sai um cabo que
vai alimentar um relé de sobrecorrente, como mostra a figura 5.3. Quando ocorre uma

Figura 5.3: Ligação cuba-massa


Fonte : Imagem Captada e Adaptada pelo Autor

falha de origem interna no transformador envolvendo a sua carcaça, a corrente de falha


total ou parcial flui para a terra passando pelo TC , como mostra a figura 5.2(b). O relé de
sobrecorrente pode ser 50G, mas neste tipo de ligação desempenha a função 64 (relé
detector de fuga a Terra).
Quando houver uma falha interna entre a cuba do transformador e um dos enrolamentos
tanto no lado ∆ como no lado em Y, a corrente passará sempre pelo TC, cuja a corrente
secundária fará actuar a protecção 64 e este por sua vez faz actuar a protecção 94.

BETO ALEXANDRE VILANCULO 36 HCB – 2019


§5.2. Protecção cuba-massa e terra dos TSA’s

5.2.2 Protecção de terra dos TSA’s (Lado Secundário)

Os TSA’s operam isolados da terra devido a natureza da própria ligação ∆, isto proporci-
ona uma grande vantagem, pois as correntes de sequência zero (correntes homopolares)
em caso de falha (1 -terra) do lado Y não passam para o lado ∆ do transformador, e
em contra partida o sistema ∆ é insensı́vel a falhas do tipo (1 -terra) ou falhas entre as
espiras do lado ∆, pois em caso de falha no lado ∆ essa corrente fica confinada dentro
da ligação ∆, conforme mostra a figura 5.4.

Isso justifica o facto de ter se instalado o transformador de aterramento ou a bobina


do ponto neutro do lado ∆ dos TSA’s, para se poder fazer um arranjo de neutro fictı́cio,
de modo que se ligue um TC, com o intuı́to de ligar um relé de corrente. Nos TSA’s foi
instalado também um transformador de corrente do tipo bucha, com as mesmas carac-
terı́sticas que o da protecção cuba–massa.

Figura 5.4: Ligação Y-∆


Fonte : Kinderman, 1997

O cabo do neutro que vem do transformador de aterramento é o primário do TC, e


passa pelo orifı́cio do TC, como mostra a figura 5.5. A bobina do TC é o secundário
e dessa bobina sai um cabo para alimentar o relé de corrente (RMA 410.2, anexo 3
caracteisticas desses relés) instalado na sala de releagem.

BETO ALEXANDRE VILANCULO 37 HCB – 2019


§5.2. Protecção cuba-massa e terra dos TSA’s

Figura 5.5: Ligação do TC apartir da Bobina do Ponto Neutro


Fonte : Imagem Captada e Adaptada pelo Autor

5.2.3 Relés electromecânicos instalados para a protecção cuba –


massa e protecção de terra.

Para a protecção cuba-massa e protecção de terra foram usados relés electromecânicos


do tipo disco de indução, RMA 400 (ver anexo 3), mais concretamento o relé RMA 410.2.
São relés usados para a detecção de correntes residuais, em caso de falhas que envol-
vam sempre a terra. Os relés RMA 410 que só tem um único contacto, foram concebidos
e desenhados com este fim. Além de detecção de correntes homopolares, podem ser
usados também para detectar correntes de outras sequências.

5.2.4 Valores de ajuste das protecções cuba – massa e de terra

• Valor do ajuste ou calibração dos relés → os relés RMA 410.2, foram calibrados
para um valor de ajuste (pick-up) de 0.6A ou seja :I + = 0.6A

• Corrente nominal no primário e no secundário do transformador→ da chapa de


caracterı́sticas temos as seguintes caracterı́sticas:

] Sn = 20M V A

BETO ALEXANDRE VILANCULO 38 HCB – 2019


§5.3. Protecção de sobrecorrente dos TSA’s

] Up = 220kV

A corrente nominal secundária será:


S√ 6
20.10√
In = n
Un 3
= 20.103 3
= 578A
A corrente nominal primária será:
UP 220KV
Da relação de transformação, temos : a = US
= 20KV
= 11
Is Is 578
logo: a = Ip
= Ip = a
= 11
= 52.54A

Da chapa de caracterı́stica dos transformadores de corrente do tipo bucha (anexo 4),


temos a relação de transformação de: 200/1. O valor para actuação da protecção, cuba-
massa e de terra é:

200 A——1 A
X——0.6 A
X = 120 A

Acima dessa corrente, o relé 64 deve fechar os seus contactos, e mandar sinal para o relé
94, este por sua vez activa a bobina de abertura do disjuntor, bobina essa responsável
pela abertura do disjuntor PK – 4B.

5.3 Protecção de sobrecorrente dos TSA’s

A protecção de sobrecorrente dos TSA’s, relé estático ou electrónico do tipo TMAS 311f
recebe sinais de corrente através de 3 TC instalados no primário dos TSA’s.

O relé associado aos TC, vai carregar a bobine de um relé auxiliar de abertura do disjun-
tor (94), logo que este for sensibilizado por uma corrente de falha maior que a de ajuste
(pick-up) do relé de sobrecorrente, actuando sobre a bobina de abertura do disjuntor
como mostra a figura 5.6.

5.3.1 Caracterı́stica do relés de sobrecorrente usados para a protecção


dos TSA’s

Os relés da famı́lia TMAS são unidades electrónicas desenhadas para fazer o monito-
ramento da corrente. São usados para protecção contra sobrecargas bem como contra

BETO ALEXANDRE VILANCULO 39 HCB – 2019


§5.3. Protecção de sobrecorrente dos TSA’s

Figura 5.6: Esquema de Ligação do Rele TMAS 311f


Fonte:Adaptado Inhalo, 2017

curto-circuitos, dependendo da curva (t vs c) que o técnico de protecções definir.

Esse relé com a designação R5 no esquema do anexo (6), recebe correntes do se-
cundário dos 3 TC, montados do lado primário dos TSA’s, como mostra a figura 5.6, o
presente relé tem as seguintes caracterı́sticas:

• Relé Trifásico 311f, ver (anexo 5, para significado de cada número e letra, e carac-
terı́sticas adicionais);

• Regulação: IR corrente de (pick-up) ou corrente de ajuste do relé em 1A ; IRX


corresponde aos múltiplos da corrente de defeito e esta em 10A;

• Tipo Curva (t vs c) : Extremamente inverso e instantânea (associada) e ;

• Fabricante:DELLE ALSTHOM.

Este relé é regulado por meio de 4 input’s, que encontram-se na parte frontal do painel
deste relé, como mostra a figura 5.7, em que ao regular esses valores regula-se pra-
ticamente a curva (t vs c). Este relé recebe 3 sinais de entrada que vem de cada TC,
instalados no lado primário dos TSA’s que são:

• S1 - Corrente threshold12 , correntes de falha;


12
São correntes que fazem o relé actuar.

BETO ALEXANDRE VILANCULO 40 HCB – 2019


§5.3. Protecção de sobrecorrente dos TSA’s

• S2 - Ajuste da sensibilidade da curva, tempos de actuação da protecção;

• S3 - Ajustes das correntes instantâneas de threshold.

Figura 5.7: Ajustes da protecção de sobre corrente


Fonte : Imagem Captada e Adaptada pelo Autor

BETO ALEXANDRE VILANCULO 41 HCB – 2019


§5.3. Protecção de sobrecorrente dos TSA’s

5.3.2 Curva de protecção do relé TMAS 311f

A curva ao lado é a curva de protecção


de sobrecorrente dos TSA’s, tal curva
deve ser interpretada fielmente pelo relé
de protecção de sobrecorrente TMAS
311f.

Trata-se de uma curva associada, do tipo


curva extremamente inversa e de tempo
definido, a extremamente inversa é muito
rápida para variações de altas correntes
(curto-circuito) e lenta para variações bai-
xas de correntes (sobre-carga), como pode-
se analisar pela curva (analisar a curva lo-
garı́tmica).

Em caso de ocorrer uma falha que re-


sulta numa corrente 10 vezes maior que
a corrente de ajuste do relé, e a 0,85
segundos conforme a curva, o relé deve
fechar os seus contactos, energizar o
relé 94 de disparo do disjuntor para ti-
rar de serviço os TSA’s, em 0.1 segun-
dos essa é a região de tempo definido da
Figura 5.8: Curva extremamente inversa
curva.
Fonte: Adaptado do catálogo DMR (Delle
Alsthom)
Para ajustar a curva, basta ajustar os valo-
res no painel 5.7 do relé, em que S3 = ajusta-se a curva em termos dos múltiplos da
corrente de falha, eixo x e esta ajustado para IR = 10, S2 ajusta a curva em termos de
sensibilidade de tempos de actuação do relé, eixo y a direita α=1, e ainda no mesmo eixo
a esquerda estão os tempos de actuação da protecção.

BETO ALEXANDRE VILANCULO 42 HCB – 2019


§5.4. Protecção de Frequência (81)

5.4 Protecção de Frequência (81)

O relé de frequência 81, é um equipamento com sensibilidade na grandeza frequência


da rede eléctrica, e que opera quando a frequência ultrapassar o valor ajustado. O relé
de frequência pode ser de 2 tipos:

• Relé de subfrequência → denominado 81u (Under frequency)

• Relé de sobrefrequência → denominado 81o (Over frequency)

O relé de frequência é conectado ao sistema por meio de TT. Quanto ao principio de


funcionamento o relé de frequência pode ser:

• Frequência absoluta → opera quando a frequência do sistema fica aquém (relé de


sub-frequência), ou além (relé de sobre-frequência), de um valor ajustado;

• Taxa de variação de frequência → o relé opera quando a taxa de variação da


frequência medida ultrapassar um valor pre-ajustado.

Na realidade o relé so fica habilitado para medir a variação da frequência, quando


a frequência absoluta ultrapassar um valor determinado (ajustado).

• Hibrido → Quando o relé actua utilizando os 2 parâmetros anteriores.

5.4.1 Relé estático de sobrefrequência usado para a protecção dos


TSA’s

Para a protecção de sobrefrequência das cargas ligadas aos TSA’s, e a protecção dos
próprios TSA’s usa-se o relé estático do tipo TMI1BF da Delle Alsthom. A figura 5.9,
mostra os estágios da parametrização actual do relé de sobrefrequência, que funciona
segundo o princı́pio de funcionamento da taxa de frequência absoluta, com os seguintes
estágios de protecção :

• 1o Estágio → Deslastragem do primeiro grupo de cargas sensı́veis a Fn ≥ 52 Hz


• 2o Estágio 2 → Deslastragem do segundo grupo de cargas sensı́veis a Fn ≥ 55.5 Hz
• o Estágio 3 → Estágio de maior criticidade em que se atingido, os TSA’s devem ser
retirados de serviço a uma Fn ≥ 66Hz

BETO ALEXANDRE VILANCULO 43 HCB – 2019


§5.5. Resumo dos actuais valores de ajuste das protecções analógicas

Figura 5.9: Relé de sobrefrequência da Delle Alstorm TMFB1R


Fonte : Imagem Captada e Adaptada pelo Autor

5.5 Resumo dos actuais valores de ajuste das protecções


analógicas

A tabela abaixo resumi os valores de ajuste das protecções electromecânicas e estáticas


a serem substituı́das.

Tabela 5.1: Valores de ajuste das protecções analógicas


Funções de proteção Calibração do relé Valor de actuação Tempo de actuação
Massa – cuba (50G) 0.6 A 120 A Instantâneo
Terra lado ∆ (50G) 0.6 A 120 A Instantâneo
Função de protecção Calibração Tipo de curva Tempo de actuação
Sobrecorrente 220 kV(51) 1A EI e DT 0.1s a 10In
Função de protecção 1o Estágio 2 o Estágio 3o Estágio
sobrefrequência (81o) Deslastragem 1 Deslastragem 2 Saida dos TSA’s
Fonte: Elaborada pelo Autor

BETO ALEXANDRE VILANCULO 44 HCB – 2019


CAPÍTULO 6

ESPECIFICAÇÃO E VALORES DE
AJUSTE A SEREM PARAMETRIZADOS
NO RELÉ PROPOSTO

IHM de um relé microprocessado da ABB, cortesia (ABB).

Neste capı́tulo, especifica – se as funções de protecção que o relé a ser escolhido pela
HCB deve ter, apresenta – se também os valores de ajuste a serem parametrizados.

45
§6.1. Funções que o relé digital deve ter para protecção dos TSA’s

6.1 Funções que o relé digital deve ter para protecção


dos TSA’s

6.1.1 Funções de medição e de protecção

O relé a ser escolhido deve agregar novas funções de protecção, além das actuais que
inevitávelmente ele deve possuir. Para que caso os técnicos ligados a área de protecções
na HCB achem conveniente activem essas funções. Aumentado o nı́vel de protecção dos
TSA’s, o que irá conferir maior fiabilidade, deve ter funções de medição para que se mo-
nitore todas as grandezas dos TSA’s, além de registos oscilográficos e outras funções
que abaixo serão apresentadas.

A tabela abaixo resumi as funções que o relé de protecção a ser escolhido deve ter:

Tabela 6.1: Tabela de funções que o relé deve ter para a protecção dos TSA’s
Funções de medição Funções de protecção
Medição das correntes de fase (Y) – 220 kV Sobrecorrente de fase temporizada (51) – 220 kV
Medição da corrente no neutro (Y) – 220 kV Sobrecorrente de fase temporizada (51) – 20 kV
Medição das correntes de linha (∆) – 20 kV Sobrecorrente Instantânea do neutro (50N) – 220 kV
Medição da corrente da BPN (∆) – 20 kV Sobrecorrente Instantânea do neutro (50N) – 20 kV
Medição das Tensões de fase (Y) – 220 kV Sobrecorrente Instantânea de terra (50G) – 20 kV
Medição das Tensões de linha (∆) – 20 kV Protecção de sobrefrequência – 80u
df
Medição da Potências (P, Q, S) (Y) – 220 kV Protecção de taxa de variação frequência – 81
dt o
Medição da Potências (P, Q, S) (∆) – 20 kV Falha do disjuntor – 50BF
Medição da frequência Falha ou falta de fase (46) – 220/20 kV
Medição das harmônicas da rede Protecção diferencial (87T)
Medição do cosφ Protecção de Sobretensão (59) – 20 kV
Medição da Energia Consumida(WR , WS , WT )–20
kV
Medição da Energia Consumida (WT ) – 20 kV
Fonte : Elaborada pelo autor

BETO ALEXANDRE VILANCULO 46 HCB – 2019


§6.2. Especificações técnicas do relé a ser escolhido

6.2 Especificações técnicas do relé a ser escolhido

Interfaces de comunicação

• Deve ter no mı́nimo um interface frontal RS – 232 para comunicação serı́al com PC ou
Lap – top para fins de parametrização;
• Deve ter no minimo um Interface traseira RS – 485, para comunicação em altas taxas
de transmissão sem erros;
• Suporte no minı́mo para os seguintes protocolo de comunicação : IEC 61850; IEC
60870-5-103; MODBUS e Ethernet e;
• Possibilidade de integração futura no sistema SCADA.

Tensão de Alimentação

O relé deve ser alimentado por uma fonte CC de tensão independente, ligado às baterias
da subestação. Os valores tı́picos de tensão da subestação são : (24 V; 48 V; 60 V;
110 V e 220 V) CC. O relé digital deve estar habilitado para funcionar em qualquer uma
dessas faixas, para deve ter um range de (24 V - 220 V).

Entradas e Saı́das Digitais

• No mı́nimo 32 entradas digitais → o relé deverá possuir no mı́nimo 32 entradas digi-


tais que serão usadas para receber sinais que devem ser monitorados dentro dos TSA’s,
sinais como o das protecções intrı́nsecas do transformador; entradas também para a
monitorização futura do estado dos seccionadores; estado aberto ou fechado dos dis-
juntores; bem como para receber sinais da sala de comando da subestação e leitura da
posição do Tap – Changer13 .

• No mı́nimo 24 saı́das digitais → essas saı́das são responsáveis pelos sinais de disparo
do disjuntor (disparo das funções de protecção), também será através dessas saı́das que
a sala de comando irá receber os feedbacks, do estado dos disjuntores; seccionadores;
estado das protecções intrı́nsecas; e outros sinais .
13
Mecanismo que permite variar os nı́veis de tensão em um transformador.

BETO ALEXANDRE VILANCULO 47 HCB – 2019


§6.2. Especificações técnicas do relé a ser escolhido

Entradas Analógicas

• No mı́nimo 9 entradas analógicas de corrente → em que 3 serão para as correntes do


lado AT, 3 para correntes do lado BT, 2 para a monitorização das correntes de terra na
protecção massa – cuba, bem como para o neutro fictı́cio do transformador de aterra-
mento.

• No mı́nimo 9 entradas analógicas de tensão → em que 3 serão usadas para a monitorização


das tensões do lado AT, 3 para as tensões do lado BT, medição das tensões cuba –
massa também serão necessárias.

Caracterı́sticas do Painel Frontal

O relé deve ter um display de cristal lı́quido, com uma matriz gráfica que permite dese-
nhar o diagrama unifilar do sistema de protecção dos TSA’s, e mostrar dinâmicamente
informações do sistema, deve ter ainda na sua parte frontal no mı́nimo 20 led’s para a
sinalização dos vários estágios do sistema.

Curvas de sobrecorrente

O relé deve estar habilitado para a parametrização das seguintes curvas de sobrecor-
rente: curva instantânea; curva de tempo definido; curva inversa; curva normal inversa e
curva extremamente inversa.

6.2.1 Outras funções

Registo de Eventos

Deve ser capaz de registrar no mı́nimo 1000 eventos com uma resolução de 1ms, a
sincronização do tempo para o registo de eventos deve ser feita por GPS.

Oscilografia

O relé a escolher deve ter a capacidade de registrar as formas de onda, das correntes e
tensões em tempo real. A taxa de amostragem deve variar entre 12 a 16 amostras por
ciclo.

BETO ALEXANDRE VILANCULO 48 HCB – 2019


§6.2. Especificações técnicas do relé a ser escolhido

Autoteste e autodiagnóstico

O relé deve ter a capacidade de executar esta operação continuamente. Sendo detectado
qualquer problema, é iniciado um alarme e registrado o evento na lista de eventos.

Monitorização e comando do disjuntor e seccionador

O relé deve oferecer dados da operação do disjuntor, como por exemplo, o valor da
corrente de cada fase nas últimas interrupções. Deve oferecer o registo dos tempos de
actuação para cada fase, essa função irá ajudar na análise da discrepância dos polos,
bem como oferecer o comando das bobinas de abertura e fecho do disjuntor e comando
de até 9 seccionadores.

Monitorização do circuito de disparo do disjuntor

Esta função permite a monitorização contı́nua do circuito de disparo, incluindo os cabos,


a bobina de disparo e a tensão de alimentação. Sera obtido por meio da monitorização
da tensão que existe entre os terminais dos contactos da bobina de disparo (abertos)
dos relés de protecção. Um alarme deve ser iniciado se esta tensão for perdida.

Relatórios de Falha

Na ocorrência de uma falha, as informações de interesse devem ser armazenadas em


memória magnética, para posterior exteriorização, o relé deve armazenar informações
como: número do relé operado; data e instante de operação; tempo de operação; cor-
rentes de pré-falha; correntes e tensões de falha e tipo de falha.

Monitorização da Qualidade da Energia Fornecida pelos TSA’s

Esta função deve estar disponı́vel no relé a ser escolhido, fornecendo o cálculo da
distorção harmônica total (DHT) na corrente e tensão de cada fase, assim como os va-
lores das demandas. Os dados devem ser exteriorizados sob a forma de gráficos ou
valores numéricos.

BETO ALEXANDRE VILANCULO 49 HCB – 2019


§6.3. Valores de ajuste a serem parametrizados na nova protecção

6.3 Valores de ajuste a serem parametrizados na nova


protecção

Para o cálculo dos tempos de actuação e das curvas inversa (CI); normal inversa (NI) e
extremamente inversa (EI) e usando a norma IEC, recorreu – se as fórmulas abaixo:
• Curva Inversa
0.14
ta = .Vta (6.1)
M 0.02−1
• Curva Normalmente Inversa
13.5
ta = .Vta (6.2)
M1 − 1
• Curva Extremamente Inversa
80
ta = .Vta (6.3)
M2 −1
Id
Em que:M = ,Onde:
IPick −Up

Id – Correntes de Defeito;
IPick −Up – Corrente de ajuste ou calibração do relé;
ta – Tempo de Actuação do relé;
Vta – Valor de a ajuste dos tempos de actuação.

Nota : No anexo 8 e 9, encontram se os valores de simulação das correntes de falha


e os respectı́vos tempos de actuação para cada curva.

6.3.1 Curvas a serem parametrizadas no IED

Lado – 220kv

As curvas abaixo foram desenhadas usando as formulas acima, cujos valores de M e os


tempos de actuação de cada curva se encontram no anexo 8.

Para a protecção de sobrecorrente, será parametrizada a curva extremamente inversa,


conforme esta no projecto da protecção analógica de sobrecorrente em uso actualmente
na subestação, ficando as outras curvas na memória do relé, para em caso de mudança
de projecto poder – se escolher uma nova curva e parametrizar, aproveitando assim a
versatilidade desses equipamentos.

BETO ALEXANDRE VILANCULO 50 HCB – 2019


§6.3. Valores de ajuste a serem parametrizados na nova protecção

Figura 6.1: Curvas de Sobre corrente – 220kV


Fonte : Elaborado pelo Autor

Lado – 20KV

Para a protecção de sobrecorrente, será parametrizada a curva extremamente inversa,


conforme a esta no projecto da protecção analógica de sobrecorrente em uso actual-
mente na subestação, ficando as outras curvas na memória do relé.

Figura 6.2: Curvas de Sobre corrente


Fonte :Elaborado pelo Autor

BETO ALEXANDRE VILANCULO 51 HCB – 2019


§6.4. Valores de ajuste da protecção cuba–massa , terra e de
sobrefrequência
6.4 Valores de ajuste da protecção cuba–massa , terra e
de sobrefrequência

Cuba massa e Terra

Para essa protecção, o relé microprocessado será parametrizado um valor instantâneo


de corrente para actuação. Não haverá atraso de tempo, tal valor será de 120 A, valor
este obtido na secção 5.4, acima desse valor essa função de protecção deverá actuar.

Valores de ajuste da protecção de sobrefrequência

Devem ser parametrizados os três estágios de frequência referidos na secção 7.5.1, em


que:

•f1 → Deslastragem do 1 grupo de cargas ligadas aos TSA’s, sensı́veis a uma frequência
de 52 Hz;

•f2 → Deslastragem do 2 grupo de cargas ligadas aos TSA’s, sensı́veis a uma frequência
de 55,5 Hz; e

•f3 → A função de protecção de sobrefrequência do relé microprocessado deve tirar


os TSA’s a uma frequência de 66 Hz.

6.5 Funções de protecção a serem parametrizadas no


relé microprocessado

A tabela abaixo mostra as funções de protecção que devem ser parametrizadas no novo
relé, em que :

MC – Massa cuba;

BETO ALEXANDRE VILANCULO 52 HCB – 2019


§6.5. Funções de protecção a serem parametrizadas no relé
microprocessado
SC – Sobrecorrente e;

Sf – Sobrefrequência

Tabela 6.2: Funções de protecção a serem parametrizadas no relé microprocessado


Funções Calibração do relé Valores Tempos de actuação Curva de Resposta do relé
protecção actuação actuação
MC - 50G 0.6 A 120 A instantâneo - Disparo/Alarme
MC – 50G 0.6 A 10A<Id <120A - - Alarme/LV1
Terra–∆ 50G 0.6 A 120 A instantâneo - Disparo
Terra–∆ 50G 0.6A 10A<Id <120A - - Alarme/LV2
SC–51(Y) 1A 10In 0.1s TD Disparo/Alarme
SC–51(Y) 1A curva 6.1 curva 6.1 EI
SC–51(∆) 1A 10In 0.1s TD Disparo/Alarme
SC–51(∆) 1A curva 6.2 curva 6.2 EI

Sf–81o 1o Estágio 2 o Estágio 3 o Estágio f1 e f2 Alarme


f1≥52.5 Hz f2≥55 Hz f3≥66 Hz f3 Disparo
Fonte : Elaborada pelo Autor

BETO ALEXANDRE VILANCULO 53 HCB – 2019


CAPÍTULO 7

ANÁLISE COMPARATIVA, E
RESULTADOS ESPERADOS.

Pretende-se neste ponto, discutir os aspectos que distinguem a tecnologia dos relés mi-
croprocessados, da tecnologia electromecânica e estática, trazendo as vantagens e des-
vantagens de uma tecnologia em relação a outra, e trazer os resultados e os benefı́cios
que a HCB terá com a futura implementação deste relé.

7.1 Resultados esperados

Com a implementação desses relés a HCB irá beneficiar dos seguintes resultados :

• Menores custos na manuntenção;

• Monitorização da qualidade de energia fornecida para os serviços auxiliares da


subestação e da central, bem como para a comunidade do songo em geral;

• Possibilidade de evitar falhas por meio da monitorização das principais grandezas


eléctricas dos TSA’s;

• Capacidade de usufruir de uma filosofia actual e moderna de protecção;

• Maior flexibilidade do sistema de protecção;

• Diagnósticos rápidos por parte dos técnicos em caso de avaria;

54
§7.2. Análise Comparativa

• Controle e monitorização dos TSA’s na sala de comando e ;

• Possibilidade de integração futura no sistema SCADA.

7.2 Análise Comparativa

Tabela 7.1: Comparação entre as três tecnologias de relés


Tecnologia dos Relés Vantagens Desvantagens
Electromecânicos Robustez; simplicidade e econo- Dificuldade de ajuste e regulação;
mia. são lentos nos tempos de
actuação; altos custos de
manuntenção; discontinuidade no
fábrico de peças para reposição
em caso de avaria.
Estáticos Menor desgaste por não Susceptı́veis a maior aqueci-
possuı́rem partes mecânicas; mento; baixo nivel de fiabilidade;
baixa carga para os TC ;alta actuações indevidas devido a
velocidade de operação. alta sensibilidade a harmônicos e
transitórios comuns a rede.
Microprocessados ou IED São compactos, albergando va- Vida útil reduzida em relação aos
rias funções de protecção numa seus antecessores.
única unidade; têm os tempos
de actuação mais rápidos que os
seus antecessores, são pratica-
mente isentos de manunteção, alto
grau de imunidade contra inter-
ferências eléctricas.
Fonte: Elaborada pelo Autor

BETO ALEXANDRE VILANCULO 55 HCB – 2019


CAPÍTULO 8

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

8.1 Conclusões

O estágio profissional por mim realizado na HCB, foi uma oportunidade única e fantástica,
poder conciliar as competências cientı́ficas e humanas adquiridas no Instituto Supe-
rior Politécnico de Songo, numa das melhores empresas do paı́s e uma referência na
produção de energia eléctrica ao nı́vel da africa austral foi imensurável.
Quanto ao desenvolvimento do trabalho propriamente dito chegou - se as seguintes con-
clusões.

Os TSA’s tem grande importância para a produção de energia eléctrica, poı́s são res-
ponsáveis pelo fornecimento de energia eléctrica aos serviços auxiliares da subestação
do Songo, auxiliares da central e fornecem energia eléctrica a vila do Songo, portanto ha
que muni-los das tecnologias mais recentes na área de protecções.

Na teória de protecções, verificou se que o relé é um dos elemento mais importantes


num sistema de protecção em MT; AT e EAT, poı́s ele e que tem a função de detectar e
enviar um sinal ao circuı́to de disparo de um disjuntor, ou mandar qualquer outro tipo de
sinalização em caso de uma falha ou anomalia num SEP.

Conclui se também que os relés de tecnologia electromecânica e estática apesar de se-

56
§8.2. Recomendações para a escolha do IED

rem robustos, estão susceptı́veis a maiores desgaste por possuı́rem elementos mecânicos
(electromecânicos), e as harmônicas normais da rede para o caso dos estáticos e os de
tecnologia microprocessada são isentos desses efeitos mencionados e são praticamente
livres de manutenção.

De uma forma geral conclui se que a HCB para a protecção dos TSA’s deve emigrar
da tecnologia analógica para a digital, poı́s além de poder usufruir de filosofias actuais
de protecção haverá maior monitorização dos TSA’s o que vai ajudar a evitar interrupções
no forneciemnto de energia, garantindo sempre a continuidades desses importantı́ssimos
transformadores.

8.2 Recomendações para a escolha do IED

Para a escolha da empresa que vai fornecer o relé optou se por selecçionar, por questões
de uniformidade, três marcas usadas na empresa, nomeadamente a Siemens; ABB e a
Schineder. Especificamente escolheu se os seguintes tipos de relés :

IED RET670 da ABB


É um relé numérico da série Relion 670 da ABB, projectado exclusivamente para a
protecção de transformadores de 2 a 3 enrolamentos, executa as funções de medição,
controle e protecção para transformadores de alta tensão, é adequado para funções de
protecção principal como função diferencial, sobrecorrente, entre outras funções além de
registo de relatórios de eventos, oscilografia, medição para facturamento e controle do
consumo de energia.

SIPROTEC 7UT85
É um relé numérico da Siemens, mais precisamente da famı́lia SIPROTEC desenhado
para protecção diferencial de transformadores, possuindo além das funções de protecção,
funções de monitorização e supervisão de transformadores de grande potência.

MiCOM P645
Easergy MiCOM P645 é um relé numérico que oferece protecção rápida e completa para
falhas no transformador, preservando sua vida útil. É projetado para proteger e monitorar

BETO ALEXANDRE VILANCULO 57 HCB – 2019


§8.2. Recomendações para a escolha do IED

transformadores de dois a três enrolamentos (incluindo autotransformadores).

Tabela 8.1: Comparação dos três relés propostos


Funções de proteção RET670 SIPROTEC 7UT85 MICOM P645
50G/64 x x x
81o x x x
51 x x x
50BF x x x
Medição e monitoramento
Corrente e Tensão x x x
Frequencia x x x
Potencias (P,Q,S) x x x
Factor de potencia x x x
Registo de pertubações
Lista de eventos x x x
Registo de eventos x x x
Registo de disparo de disjuntor x
Registrador de pertubação x x x
Fonte: Elaborada pelo Autor

BETO ALEXANDRE VILANCULO 58 HCB – 2019


BIBLIOGRAFIA

[1] ABNT. Transformadores para Instrumentos - terminologia, ABNT NBR


6546:1991, Associação Brasileira de Normas Técnicas. Rio de Ja-
neiro, RJ. 1991.

[2] ALMEIDA, M. A. D. 2000. Apostila de Protecção de Sistemas


Elétricos. Natal.

[3] Caminha, A. 1977 – Introdução à Protecção dos Sistemas Eléctricos,


1th ed, Edgard Blücher, São Paulo.

[4] Glover,JD; Sarma,M; Overbye,T.2012 –Power System, 5th ed, CL-


Engineering, USA.

[5] Goncalves, R. 2012 – Guia de projecto de alta tensao, Sao paulo:


Univesidade de Sao Paulo.

[6] Inhalo, N. 2017 – AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE PROTECÇÃO DOS


TSA’S E PROPOSTA DE MELHORIA, Songo: ISPS.

[7] Kinderman,G.1997 – Curto Circuito,2th ed, SAGRA LUZZATIO, Porto


Alegre.

[8] Kinderman,G.2005 – Protecção de Sistemas Eléctricos de Potência,


Vol1 2th ed, Edição do autor , Florianópolis.

[9] Kinderman,G.2006 – Protecção de Sistemas Eléctricos de Potência,


Vol2 2th ed, Edição do autor , Florianópolis.

59
§Bibliografia

[10] Malafaia, M. 2017 – SISTEMA DE PROTEÇÃO DE TRANSFORMA-


DORES DE EXTRA-ALTA TENSÃO UTILIZANDO RELÉS DIGITAIS,
Rio de Janeiro: Escola Politecnica.

[11] Munisse, J. MANUAL DE RECICLAGEM PROFISSIONAL PARA


TURBINEIROS: Operação da Central da HCB.

[12] Ramires, C. 2003 – Introduccion a los reles de Proteccion, Bolivia :


Univesidade Pontifica Bolivariana.

Outras Bibliografias Consultadas


[13] Figueroa. J, PROTECCIÓN DE SISTEMAS ELÉCTRICOS, Santiago
Marino, Instituto Univerisitario Politecnico.

[14] Catálogo, Relaı́s amperemetrique RMAH 200.

[15] Catálogo DMR, Delle Alsthom.

BETO ALEXANDRE VILANCULO 60 HCB – 2019


ANEXOS

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