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ESCOLA DE ENGENHARIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIAS DE MINAS,
METALÚRGICA E DE MATERIAIS – PPGE3M
RUDIMAR PEDRO
Porto Alegre
2017
RUDIMAR PEDRO
Porto Alegre
2017
I
Folha de Aprovação
___________________________________________
Orientador
Co-orientador
Escola de Engenharia
BANCA EXAMINADORA:
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
II
A MINHA MÃE ANTONIA.
AO MEU PAI CONSTANTE.
AOS MEUS FILHOS.
AOS MEUS IRMÃOS.
AGRADECIMENTOS
III
RESUMO
IV
ABSTRACT
The state of Rio Grande do Sul is the third largest producer of gemstones in
Brazil, only losing to the states of Minas Gerais and Bahia, and agate production
stands out in the region of Salto do Jacuí. Great amounts of waste, which are waiting
for environmentally correct destination and use, are produced in mining and
processing. Particularly, this study assessed the potential use of rolling waste of
agates in civil construction, and the manufacturing of foam concrete blocks as a full
substitute for sand. Additionally, a mixture was made of two foaming agents derived
from coconut fatty acids as air-developer agent, and as hydraulic binder the Portland
CP V ARI-RS cement. The production methodology was based on the production
model of the blocks in a small industry, which produces and sells foam concrete
blocks in the region of Passo Fundo, RS, Brazil. In a previous bench study the
parameters foam composition, residue granulometry, water content, and mix time
were adequate and later replicated industrially. The materials composing foam
concrete blocks are rolled agate stones silica (SiO2 – 92.5%), foam from coconut fatty
acids, fresh water, and cement as binder. In bench tests, 36 cylindrical specimens
were produced, with 50 mm of diameter and 100 mm of height, with different volumes
of incorporated air, divided into three groups. The samples were kept at room
temperature for 28 days with healing process, and after that, the resistance to
compression, density, and air bubbles distribution were analyzed. Results were
assessed by Analysis of Variance, and showed that Group II presented density of
430 Kg/m3 and resistance of 0.92 MPa. This result is close to meeting the
requirements of the norm for resistance class of < 400 Kg/cm3 (NBR 13438, 2013).
V
LISTA DE FIGURAS
Figura 14 – Local onde é realizado o tingimento das pedras roladas de ágatas ....... 40
VI
Figura 23 – Teste de estabilidade e viscosidade do espumígeno. ............................ 59
VII
LISTA DE TABELAS
VIII
LISTA DE SIGLAS E SIMBOLOS
CH - Hidróxido de Cálcio
IX
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................12
2. REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................14
3. MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................29
3.1 MATERIAIS..........................................................................................................30
3.1.1 Cimento.............................................................................................................30
3.1.3 Água.................................................................................................................31
3.1.5 Equipamentos....................................................................................................33
3.2 METODOLOGIA...................................................................................................33
X
3.2.4 Distribuição Granulométrica.............................................................................41
3.4.1 Densidade........................................................................................................44
5. CONCLUSÕES......................................................................................................71
XI
6. TRABALHOS FUTUROS.......................................................................................73
7. REFÊRENCIAS.....................................................................................................74
XII
1. INTRODUÇÃO
12
ganhado espaço nos processos construtivos (FERREIRA, 1987). Mais
especificamente, para Narayanan e Rhamamurthy (2000) o concreto aerado é um
material formado por argamassa que contém pequenas bolhas de ar, formadas por
agente químico ou agente espumígeno aprisionadas em sua matriz, com distribuição
homogênea.
13
2. REFERENCIAL TEÓRICO
14
excesso da água. A porosidade, por sua vez, tem influência na permeabilidade e na
durabilidade das estruturas confeccionadas em concreto. Dessa maneira, a
proporção entre a água e o cimento influencia diretamente na trabalhabilidade,
porosidade, permeabilidade, resistência à compressão e durabilidade dos concretos
e argamassas.
15
Já as adições minerais possuem um forte apelo ambiental. Isso se deve à
procedência de muitas das adições minerais, como os resíduos de vários processos
produtivos, tais como: escória de alto-forno, cinza volante, sílica ativa, etc. Esses
resíduos são incorporados aos materiais cimentícios, melhorando suas
propriedades, e ainda reduzindo o impacto ambiental e a pressão sobre os recursos
naturais. As adições minerais ainda podem apresentar efeitos distintos, tais como
efeito filer, cimentante, pozolânico, e reações álcali-agregado (SANTOS, 2011).
Segundo Kihara e Centurione (2005), as adições minerais podem produzir
efeitos químicos e físicos na microestrutura do concreto. Como efeito químico das
adições minerais, tem-se a sua capacidade de reação com o hidróxido de cálcio,
produzido pela hidratação do cimento Portland, na formação adicional do C-S-H
(silicato de cálcio hidratado), que é o responsável principal pela resistência das
pastas de cimento hidratadas.
A utilização de resíduos minerais vem sendo empregada na indústria do
concreto e traz vantagens em âmbitos técnicos, econômicos e ambientais. Ao
substituir o cimento por esses resíduos, há a redução do consumo de energia, da
poluição do ar gerados por sua produção, e ainda contribui na busca por concretos
de alto desempenho (RABELO e GARCIA, 2013).
A incorporação de adições minerais permite a produção de materiais
cimentícios com melhores características técnicas, pois provocam mudanças na
estrutura interna da pasta de cimento hidratada. Dentre os principais benefícios
decorrentes das adições minerais estão à redução na porosidade capilar do concreto
responsável pelas trocas de umidade, íons e gases com o meio e a diminuição das
fissuras de origem térmica em função da redução do calor de hidratação (DAL
MOLIN, 2005).
As heterogeneidades na microestrutura da pasta de cimento hidratada,
especialmente a existência de grandes poros e cristais na zona de transição, podem
ser consideravelmente reduzidas com a introdução das partículas finas presentes
nas adições minerais. À medida que as reações pozolânicas e cimentícias estão em
curso, ocorre um declínio gradual no tamanho dos poros e dos produtos cristalinos
de hidratação. O efeito físico (efeito microfíler) acontece pelo reduzido tamanho das
partículas (~ 0,1 µm), que se introduzem entre os grãos de cimento e se alojam nos
interstícios da pasta, reduzindo o espaço disponível para a água e atuando como
16
pontos de nucleação dos produtos de hidratação, o que proporciona um refinamento
da estrutura de poros (NEVILLE, 1997).
A utilização da sílica ativa no concreto modifica suas propriedades tanto no
estado fresco (trabalhabilidade, coesão, estabilidade, etc.) como no estado
endurecido (resistência mecânica e durabilidade). O seu efeito microfiler e
pozolânico resulta em mudanças consideráveis na microestrutura e nas
propriedades macroscópicas do concreto. É consenso, no meio científico, que a
adição de sílica ativa ao concreto causa uma melhora notável na resistência à
compressão do mesmo.
Mehta e Monteiro (2008) ressaltam que as adições minerais podem
certamente melhorar as propriedades do concreto, no entanto não se deve esperar
que venham compensar a baixa qualidade dos constituintes do concreto ou de um
traço pobre. Também se deve atentar para as reações álcali agregado resultante
das diferentes adições no concreto e que podem afetar a durabilidade das mesmas
Várias propriedades do concreto, tanto no estado fresco quanto endurecido, são
afetadas positivamente com o uso das adições minerais. A eficiência de uma adição
mineral no comportamento do concreto pode variar em função da quantidade
utilizada e das condições de cura, bem como em função da sua composição
química, mineralógica, granulométrica. Porém, de uma maneira geral, os
mecanismos pelos quais as adições minerais influenciam as propriedades do
concreto fresco e endurecido dependem mais do tamanho, forma e textura das
partículas do que da sua composição química.
As adições minerais podem certamente melhorar as propriedades do
concreto, no entanto não se deve esperar que venham compensar a baixa qualidade
dos constituintes do concreto ou de um traço pobre. Também se deve atentar para
as reações álcali agregado resultante das diferentes adições no concreto e que
podem afetar a durabilidade do mesmo (MEHTA e MONTEIRO, 2008).
Segundo Neville (1997) existem grandes benefícios em relação à introdução
de adições minerais em substituição ao cimento Portland, pois economizam energia
e preservam recursos naturais. Isso é efetivamente correto, mas, na verdade, o
argumento mais poderoso a favor do uso desses materiais são as vantagens
técnicas de sua inclusão no concreto. Na realidade, em muitos casos é preferível o
17
uso desses materiais no lugar do cimento Portland puro, independentemente de
considerações econômicas ou ambientais.
Dentre os diversos efeitos físicos decorrentes das adições minerais ao
concreto, tem-se o efeito filer (aumento da densidade da mistura em função do
preenchimento dos vazios pelas partículas das adições inferiores às partículas do
cimento), o refinamento da estrutura de poros e dos produtos de hidratação do
cimento, alteração da microestrutura da zona de transição (redução da exsudação,
com diminuição da espessura da zona de transição e interferência no crescimento
dos cristais), com consequente aumento de desempenho do concreto em termos de
resistência mecânica e durabilidade. A resistência a ataques químicos e à fissuração
térmica são aspectos da durabilidade do concreto que melhoram significantemente
devido à incorporação das adições minerais.
Ainda como vantagem da incorporação de adições minerais ao cimento, Aïtcin
(2000) afirma que a substituição parcial do cimento Portland por um ou uma
mbinação de dois ou três materiais cimentícios, quando disponíveis a preços
competitivos, pode ser vantajosa não apenas do ponto de vista econômico, mas
também do ponto de vista reológico, e, algumas vezes, do ponto de vista de
resistência.
20
Os Blocos de Concretos Celulares (BCC) podem apresentar duas variações
no processo de fabricação. Os BCCA (Blocos de Concreto Celular Autoclavados), e
os BCCE (Blocos de Concreto Celular Espumígenos), ambos descritos por Ferreira
(1987). O autor descreve que para os BCCA, no processo de cura por autoclave,
os valores de temperatura fiquem na faixa de 160 a 190°C e as pressões estejam na
ordem de 0,6 a 1,2 Kgf/cm2. O processo de autoclave dura cerca de 5 horas, sob
pressão saturada de vapor e temperatura, produzem reações que levam a
compostos com maior resistência, razão pela qual o BCCA tem resistência à
compressão na ordem do dobro e uma retração de cerca da metade, em
comparação com os BCCE que são curados ao ar livre, sem custos energéticos
adicionais. Não obstante, os BCC são considerados ambientalmente menos
impactantes, além dos ganhos energéticos e o melhoramento do conforto térmico e
acústico das edificações (FERREIRA, 1987; GOUAL et al, 2006).
21
Tabela 1 - Classes, resistência à compressão e densidade de massa aparente.
Para Kurugol et al. (2008), os concretos leves podem ser classificados como
não-auto clavado (NAAC) ou auto clavado (AAC), baseado nos métodos de cura. Já
para Melo (2009), a classificação dos concretos celulares em dois grupos, os
aerados com agente espumígeno (espuma pré-formada) e os aerados quimicamente
(também chamados de gasosos). A figura 1 apresenta o organograma da
classificação do BCC (BCCA e BCCE).
22
Figura 1 - Classificação do concreto celular.
23
Figura 2 - Mapa Gemológico da região sul do Brasil.
24
Juchem et al. (2008) destacam que a gênese das ágatas e ametistas ainda é
bastante pesquisada, no entanto existe uma certeza geral que ocorrem
posteriormente ao resfriamento primário dos derrames, a temperaturas hidrotermais
de até 30 a 40º C, com a participação de águas ricas em sílica.
25
secundárias (quando as gemas são transportadas do lugar de formação para outro,
onde voltam a se sedimentar).
27
Figura 3 - Teoria da formação da estrutura e estabilidade de poros.
28
3. MATERIAIS E MÉTODOS
29
3.1 Materiais
3.1.1 Cimento
(a) Batedeira -Tambor de rolagem (b)Aspecto visual do pó de pedras roladas de ágata rolada
3.1.3 Água
01/2015 02/2015
31
3.1.4 Agente Espumígeno
32
3.1.5 Equipamentos
3.2 METODOLOGIA
33
quanto à distribuição granulometria raios laser, à morfologia das partículas por
microscopia de varredura eletrônica, às fases cristalinas por difratometria de raios X,
composição química por fluorescência de raios X, massa específica e umidade por
gravimetria direta. A seguir estão descritos os princípios dos analíticos de cada
técnica utilizada e a descrição do beneficiamento e formação do resíduo de pedras
roladas de ágatas.
(a) (b)
34
solo. Em seguida, utiliza-se a pá do equipamento (Figura 3a) para empurrar o solo,
enquanto os garimpeiros fazem a procura dos geodos. Quando algum deles avista
um geodo ou um grupo destes, comunica ao operador.
35
Figura 9 - Fluxograma do processo de produção da pedra ágata e resíduos gerados.
36
3.2.3 Resíduos de Pedras Roladas de Ágatas
37
encaminhadas para a batedeira, onde são ‘roladas’ em grandes ‘’ tambores’’ O
equipamento pode ser visualizado na Figura 8.
38
O próximo passo é a lixadeira, para onde são encaminhadas, permanecendo
neste processo entre 30 a 60 horas, dependendo da capacidade da máquina.
Depois de retiradas são polidas por aproximadamente 20 horas (Figura 9).
No tingimento são utilizadas anilinas de cor azul, rosa, vermelho, verde, preto,
amarelo e roxo. A solução tingidora é um mistura de anilina e álcool combustível
(etanol) e para a impregnação das cores nas gemas, as mesmas permanecem
imersas na solução por 2 a 3 dias, aquecidas (fogo a lenha) por cerca de 24 horas
(Figura 10). Vencida essa etapa as pedras roladas são retiradas da solução de
tingimento e colocadas para secar ao sol. Os efluentes dessa etapa são depositados
em tanques de armazenamento, após são recolhidos e encaminhados para empresa
especializada em tratamento de águas industriais.
39
Figura 14 - Local onde é realizado o tingimento das pedras roladas de ágatas.
40
3.2.4 Distribuição Granulométrica
41
3.2.6 Composição Química Elementar
42
A morfologia das partículas foi efetuada por Microscopia Eletrônica de
Varredura, que é uma técnica de rotina para investigar a morfologia dos minerais por
imagens nas três dimensões. As imagens são geradas por um feixe de elétrons, que
é desmagnificado por um conjunto de lentes eletromagnéticas agindo como
condensadores. Este feixe é direcionado sobre a amostra, varrendo uma pequena
área. Como consequência, vários sinais são emitidos, sendo que os sinais mais
importantes são os secundários e os retroespalhados. Á medida que os feixes de
elétrons primários varrem a amostra, os sinais vão sofrendo modificações de acordo
com as variações da superfície. Os elétrons secundários fornecem imagens de alta
resolução. Já os retroespalhados fornecem dados da composição (SCHWERTMAN
e CORNELL, 2000).
43
medido após decorridos cinco minutos e finalizada a agitação, objetivando avaliar a
manutenção da mesma.
3.4.1 Densidade
44
3.4.3 Distribuição das Bolhas de Ar no BCCE
45
A Equação 3 apresenta o cálculo normatizado.
(Equação 3)
46
Figura 17 - Fluxograma de produção dos BCCE.
47
Cada grupo de amostras foi executado em triplicata, mantendo a relação de
A/C constante no grupo e variando a composição máxima de água e espuma. A
mistura foi efetuada manualmente em recipiente plástico até que a massa
apresentasse aspecto homogêneo. A argamassa foi compostas de 25g de cimento,
25g de resíduos. As quantidades de água e espuma foram ajustadas para manter a
relação água/cimento (a/c) fixas em cada grupo. A composição do traço com relação
às quantidades percentuais de cimento, resíduo de sílica, relação água/cimento e
espuma são apresentados na Tabela 4.
Tabela 4 - Parâmetros usados nos ensaios de bancada dos BCCE, utilizando resíduos de pedras
roladas de ágatas.
Ensaio % Cimento % Resíduo Relação a/c % Água % Espuma % Total
26,0 9,1
23,4 11,7
Grupo I 32,5 32,5 1,08 100,0
19,5 15,6
16,9 18,2
30,5 8,5
28,0 11,0
Grupo II 32,5 32,5 1,28 100,0
24,4 14,6
22,0 17,1
34,5 8,0
32,2 10,3
Grupo III 32,5 32,5 1,48 100,0
28,7 13,8
26,4 16,1
Fonte; Elaborado pelo autor.
48
Figura 18 – Corpos de prova do BCCE.
49
Figura 19 - Geração da espuma em agitação mecânica e espuma acabada.
50
3.7 Comparação entre BCCE de Resíduo e BCCE de Areia Natural
51
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise química elementar, realizada pela técnica de FRX, revelou que este
lote de resíduo apresenta aproximadamente 92,2 % é constituída por SiO2,
minoritariamente os outros elementos aparecem, sendo o Al2O3 com (1,24%), e o
Fe2O3 (1,06%), com maior representatividade, todos os elementos constituintes
52
encontrados foram convertidos em percentual de óxidos pela relação
estequiométrica. Quimicamente, o resíduo apresenta-se sem periculosidade, pois
não há detecção de metais tóxicos, além disso, foi verificado o valor do o pH em
pasta é da ordem de 8,0, levemente alcalino, colaborando manutenção da
alcalinidade do meio, importante para as reações de hidratação do aglomerante
hidráulico.
53
Figura 20 - Curva granulométrica e resíduos de sílica.
54
Figura 21 - (a) Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) do resíduo, aumento de 4000 X e (b)
Espectroscopia de Energia Dispersiva (EDS) do resíduo.
(a) Imagem do Resíduo de ágata (b) Composição elementar do Resíduo por MEV-
EDS
Fonte: Elaborado pelo autor.
55
Tabela 6 - Quantificação das fases do resíduo de pedras roladas de ágata.
56
4.2 Agente Espumígeno
57
lipofílico, quebrando a tensão superficial da água e produzindo uma dispersão
coloidal com pequenas bolhas, ou seja,uma espuma densa e altamente estável,
com facilidade de incorporação a pasta cimenticia, ricas em carbonatos, e na
distribuição das partículas de sílica. Ao contrário dos espumígenos comerciais que
são compostos de LAS, (Linear Alkylbenzene Sulphonate ou alquilbenzeno
sulfonado linear) que reagem com íons de cálcio e formam sais insolúveis, como o
sulfonato de cálcio, que reduz a formação de espuma, fatores estes que ressaltam
que o espumígeno estudado, derivado de ácidos graxos de coco, seja a melhor
escolha na geração de espuma para fabricação do BCCE.
Para efeito de comparação, testou-se a viscosidade a estabilidade da espuma
formada pela mistura dos espumígenos Dietanolamima de ácido Graxos de Coco e
Dimetil Propil Betaina e um espumígeno derivado LAS.
Como líquidos diferentes possuem propriedades diferentes, testou-se em
bancada a viscosidade dos agentes espumígenos. A viscosidade é a resistência de
um líquido ao escoamento, é uma propriedade reológica importante, pois um fluido
mais viscoso, em sua maioria, possui uma maior estabilidade (PRISTA et al., 2002).
O procedimento para determinação da viscosidade seguiu a metodologia descrita
em Prista et al. (2002).
Os resultados apresentaram viscosidades distintas. O tempo de escoamento
do LAS foi de aproximadamente 10 segundos. Em contrapartida, o tempo de
escoamento da mistura de espumígenos, derivados de ácidos graxos de coco, foi de
aproximadamente 30 segundos.
Verificou-se que a coluna com espuma dos agentes escolhidos, oriundos de
ácido graxo de coco, drenavam lenta e suavemente, permanecendo com mais de
60% do volume de espuma formado. Ao contrário dos agentes comparados (LAS),
cuja coluna de espuma diminuía drasticamente, restando aproximadamente 10% da
espuma formada.
Todos os ensaios efetuados nos agentes espumígenos indicam que suas
características físico-químicas especiais lhe conferem uma durabilidade que permite
um controle na produção de BCCE, em suas mais variadas densidades e resistentes
às múltiplas forças formadas durante a agitação do concreto Sua densidade permite
manter a estrutura das micro bolhas, responsáveis pela incorporação do ar na matriz
cimentícia. O teste de estabilidade pode ser visto na Figura 23.
58
Figura 23 - Teste de estabilidade e viscosidade do espumígeno.
Densidade
59
densidade, menor é a resistência e maior é o volume de ar incorporado pelas bolhas
de ar. A relação de água e espuma é interessante, pois um excesso de água causa
o rompimento do filme que aprisiona o ar, ao mesmo tempo em que uma redução da
quantidade de água também reduz a estabilidade das bolhas, pois, neste caso, os
materiais que têm grande afinidade pela água, como a sílica e o cimento, usam a
água de formação do filme para se hidratar. Assim, a melhor relação foi encontrada
no Grupo II, com 28% de água e 11% de espuma (23 gramas de água e 9 gramas
de espuma). Estes resultados podem ser vistos na Figura 24.
0,8
0,6
0,4
0,2
0
7 9 12 14
Massa de Espuma Adicionada (g)
Resistência à compressão
61
excesso de bolhas de ar também causa uma queda acentuada na resistência à
compressão, pois geram espaços vazios que, ao mesmo tempo, podem propiciar um
melhor abatimento na transmissão som e calor e não oferecer resistência mecânica
a carregamentos sistemáticos. Estes resultados podem ser vistos na Figura 26.
62
complementar, é plenamente viável o atendimento da resistência normatizada com
processo de cura em 28 dias, em temperatura e umidade ambiente.
63
É muito importante deixar claro que a produção de blocos de concreto celular
é amplamente utilizada. Porém, não há normatização brasileira para os BCCE,
apenas para os autoclavados, que têm sua geração de espuma provocada por
agente químico. Neste trabalho, buscou-se a referência de normatização na NBR
13439 (ABNT, 1995), Blocos de Concreto Celular Autoclavados, com relação ao
atendimento da resistência à compressão, parâmetro importante para se obter um
produto com potencial de produção industrial.
Para complementar os estudos foi realizado um teste com quantidades mais
próximas da escala real, no qual foram mantidas as mesmas proporções dos
componentes dos testes anteriores. Como eram esperados, os valores da densidade
430 Kg/m3 e resistência 1,52 MPa foram similares, permanecendo o Grupo II
(relação a/c 1,28) com os melhores valores para resistência à compressão e
densidade. Estes dados podem ser vistos na Figura 28.
(A) (B)
Fonte: Elaborado pelo autor.
64
Tabela 7 - Análise da variância para resistência a compressão.
ANOVA
Fonte da variação SQ Gl MQ F Valor-P F crítico Sig.
Relação a/c 0,292321 2 0,146161 9,555201 0,000886 3,402826 (Sim)
Qde de espuma 0,378715 3 0,126238 8,252792 0,000602 3,008787 (Sim)
Interações 0,190256 6 0,031709 2,072982 0,09456 2,508189 (Não)
Dentro 0,367115 24 0,015296
Total 1,228407 35
Fonte: Elaborado pelo autor
Total 0,162166 35
Fonte; Elaborado pelo autor.
65
4.3.2 Distribuição das Bolhas de Ar
(A) (B)
Fonte: Elaborado pelo autor.
66
Figura 30 - Tomografia realizada nos traços estudados por Melo (2004).
(A) (B)
Fonte: Melo, 2004.
67
Figura 31 - Imagem do BCCE tratada.
Para a utilização dos blocos de concreto celular, a NBR 13438 (ABNT, 2013)
que determina os requisitos para os Blocos de Concreto Celular Autoclavado, isto é,
que sejam curados em autoclave para aumento da resistência mecânica. Contudo,
este processo de cura apresenta vantagens e desvantagens. A principal vantagem é
um ganho na resistência a compressão e redução do tempo de cura. A desvantagem
é o custo do processo de autoclave como um todo. Alternativamente, vem sendo
aplicado a produção de Blocos de Concreto Celular Espumígeno, curados em
ambiente natural.
Assim, este ensaio se propôs a avaliar a obtenção de blocos de concreto
celular espumígeno, utilizando um resíduo industrial e uma espuma de qualidade
superior ao espumígeno empregado comercialmente. Para aplicar um panorama
industrial do estudo, foi efetuada uma comparação entre as características de
resistência a compressão e densidade para os BCCE, em escala de bancada e
piloto, utilizando os materiais industriais e materiais em estudo resíduos de pedras
roladas de ágatas, espumígenos de ácidos graxos de coco e cimento CPV ARI-RS.
Isto pode ser visto na Tabela 9.
68
Tabela 9 - Comparação das características dos BCCE industrial e de estudo.
Blocos Resistênci Densidade Absorção Descrição do processo de fabricação
a (MPa) (Kg/m3) de água
Relação a/c de 0,82, 25 kg de areia,
25 kg de cimento e 20 kg de água.
Bloco 11,1 % Agitação de 10 min. em betoneira de
2,14 830
Industrial 250L. Adição de 50 litros de espuma
e 5 minutos de agitação. Cura de 28
dias ao ambiente
Processo de cura por autoclave,
NBR Maior que Não
4,5 formação de estruturas mas
13438/2013 600 Aplicado
resistentes.
Relação a/c de 1,28, 25g de cimento,
25 g de resíduos de pedras roladas
de ágatas, 20 g de água. Agitação
Bloco
1,07 430 13,6 manual até obter argamassa
Laboratorial
homogênea. Adição de 9g de
espuma e agitação mecânica por 1
minuto.
Processo de cura por autoclave,
NBR Não
1,2 400 formação de estruturas mais
13438/2013 Aplicado
resistentes.
Fonte: Elaborado pelo autor.
69
utilização dos resíduos (Tabela 10). Tal estudo foi mensurado analisando a
metodologia de fabricação do BCCE e calculado o custo de fabricação do m3 do
BCCE industrial, utilizando areia natural e espumígeno industrial, e o m3 do BCCE
estudado, substituindo 100% a areia natural por resíduos de pedras roladas de
ágatas e utilizando o espumígeno de ácidos graxos de coco.
70
5. CONCLUSÕES
71
corte de custeio se realizará na indústria fabricante de pedras preciosas, ao cessar a
necessidade de transportes dos mesmos, e, ao mesmo tempo, um importante e
significativo ganho ambiental acontecerá, pois os passivos criados por depósitos
irregulares de resíduos de pedras roladas de ágatas deixarão de existir.
Por fim, estes estudos permitem antever um grande potencial em relação à
utilização dos resíduos de pedras roladas de ágata, podendo substituir em até 100%
a areia natural, principalmente na fabricação de BCCE, utilizando como agente
formador dos poros, espumígenos derivados de ácidos graxos de coco.
72
6.TRABALHOS FUTUROS
73
7. REFERÊNCIAS
______. Cimento Portland de alta resistência inicial. NBR 5733. Rio de Janeiro, 5p.,
1991.
______. Amostragem de Resíduos sólidos. NBR 10007. Rio de Janeiro, 21 p., 2004.
74
BOSSI, J.; CAGGIANO, W. Contribuición a la geologia de losya cimientos de
ametista del Departamento de Artigas (Uruguai). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
GEOLOGIA, Porto Alegre, 1974. Anais… São Paulo: Sociedade Brasileira de
Geologia, 1974. p. 301-317.
CORSAN. http://www.corsan.com.br/indicadoresdequalidadedaaguadistribuida.
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