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A INTERAÇÃO ENTRE A FAVELA E A CIDADE FORMAL: PROCESSOS DE


SOCIABILIDADE MEDIADOS PELO CIBERESPAÇO1

MÁRCIA M. CRUZ2
(mmcruzz@yahoo.com.br)

Neste artigo, indagamos como a comunicação mediada pelo ciberespaço pode contribuir para
a emancipação cívica de moradores de favelas. Discutimos como as novas tecnologias da
informação e comunicação (NTICs) relacionam-se com as transformações sociais em especial
com a reconfiguração dos espaços urbanos. Tentamos ir além da discussão sobre
inclusão/exclusão digital, obviamente, sem desconsiderá-la no entendimento do problema que
aqui se coloca. Nosso objetivo é mostrar como certas ferramentas da Web - sites, blogs e listas de
discussão - têm sido integradas à luta por reconhecimento e redistribuição, entendida como a
implantação de políticas sócio-econômicas de equidade. Indagamos como movimentos sociais de
favelas - ao superar as limitações de uso da tecnologia - ampliam as formas de inserção,
reconfiguram a sociabilidade e constroem debates, tendo em vista a potencialidade de os
processos comunicativos instalados no espaço virtual ultrapassarem os limites físicos e
geográficos das relações no mundo off-line.

Palavras-chave: ciberespaço; favelas; esfera pública; espaços fluxos; reconhecimento

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Este artigo faz parte da minha pesquisa de mestrado e foi produzido no âmbito do EME (Grupo de Pesquisa em
Mídia e Espaço Público). Agradeço os apontamentos apresentados por: Rousiley Maia, Maria Ceres Castro, Janaína
Galvão, Danila Cal, Augusto Leão, Ângela Marques, Bráulio Nunes, Débora Santos e Sandra Rocha.
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Mestranda em comunicação Social, Universidade Federal de Minas Gerais
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Das ruas e becos para sites, blogs, listas de discussão, orkut, muitos moradores de favela
ganham o mundo. As possibilidades de deslocamento no tempo e no espaço (MITRA, 2001,
p.38) fazem do mundo on-line um cruzamento entre as cidades e as favelas3 pois o status de
periferia e a imagem estigmatizada da favela são vistos de forma distinta no ciberespaço. Se
diferenças entre a cidade formal e as favelas não são apagadas, essas são significantemente
atenuadas "por causa da estrutura global da internet — não há nenhuma indicação clara no
ciberespaço de onde o visitante fica geograficamente situado (MITRA, 2001, p.36)". Podemos,
assim, concluir que as barreiras que impedem a circulação de informação entre os dois espaços
podem ser superadas a partir dessa mediação? Conforme argumenta Mitra (2001, p.38), "a luta
pode continuar em todos os lugares e todo o tempo, independente de onde a pessoa esteja
localizada, estendendo-se tanto quanto suas vozes ressoem no ciberespaço".
Podemos dizer que a mediação pelo ciberespaço permite aos movimentos sociais de
favela: a) acesso a informação formal em sites de jornais noticiosos e portais sobre os mais
variados assuntos; b) interação com pessoas de locais e realidades diferentes (processos de
sociabilidade); c) divulgação de projetos e ações desenvolvidos nas favelas; d) formação de
banco de dados com informações sobre a favela e um banco de memória; e) instauração de
espaços para debate e deliberação de questões controversas.
Em uma comparação com o que acontece no mundo off-line, a circulação desses recursos
tanto pode ocorrer em espaços públicos quanto espaços privados. Enquanto nos sites, portais e
blogs o acesso é livre para que qualquer usuário obtenha informações sobre favelas, as listas de
discussão são o espaço privado do mundo virtual. Estes colocam à disposição na web uma grande
variedade de assuntos relativos às favelas para quem quer que tenha interesse sobre o assunto. As
listas possibilitam, por sua vez, a formação de redes de compartilhamento de informações,
construção de agendas comuns e apontam assuntos de interesse de um coletivo que se une em
torno de interesses semelhantes.

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Para efeito de análises, vamos utilizar o conceito proposto por Fernandes: "assentamentos humanos precários que
resultam originalmente de áreas urbanas privadas e públicas. Em termos jurídicos, o que a distingue (...) é
basicamente o fato de que os favelados — pelo menos no momento da ocupação original da terra — não têm
qualquer título de posse ou propriedade. Vale ressaltar também que as favelas não são homogêneas pois diferem pela
disposição geográfica, densidade populacional, diversidade do mobiliário urbano, diferenças nos níveis de violência,
quanto a presença do poder público e na organização dos movimentos sociais (SILVA,2002).
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Mas quem são esses grupos que transitam por estes espaços? Em sua maioria, são
movimentos sociais de favelas que contam com uma certa organização: muitos possuem sedes
próprias, desenvolvem projetos comunitários há bastante tempo, normalmente, contam com uma
divisão interna de funções. Para a produção dos sites e portais, eles buscam, quando necessário,
parceria com profissionais de produção gráfica (webdesigners) e do setor de programação, que
podem ou não ser moradores de favelas. Grande parte dos textos é produzida por moradores e ex-
moradores de favelas — muitos deles com formação acadêmica. A presença deles no ciberespaço
não é fortuita.
Para nossos propósitos, deve-se destacar que esses grupos mostram claramente o desejo
de se fazerem ouvir em uma esfera pública cada vez mais ampliada, resultante da expansão das
novas tecnologias da informação e comunicação (NTICs) (ASEN e BROUWER, 2001, pp. 22 e
23). Para entendermos a relação dos movimentos de favelas com o ciberespaço, valemo-nos da
noção habermasiana de esfera pública e das contribuições de Castells para o entendimento da
sociedade contemporânea a partir do advento das NTICs. A partir desses aportes teóricos,
procuramos entender como a luta por reconhecimento e redistribuição se dá na por um grupo
visto como excluído, principalmente, tecnologicamente. Considerando que as lutas sociais
passam tanto pela construção de quadros de entendimento como pela distribuição de bens
materiais (FRASER, 1997), faz-se importante entender como essas duas dimensões perpassam o
cotidiano dos moradores de favelas.
A luta por reconhecimento prevê a valorização no campo simbólico da produção cultural
desta população e o combate aos preconceitos e estigmas contra os moradores de favelas. A
redistribuição está relacionada a problemas de injustiças econômicas que vão desde a falta de
emprego às dificuldades de inserção no mercado consumidor desta parcela da população,
passando pelo acesso limitado a serviços públicos. A divisão é puramente conceitual tendo em
vista que esses problemas estão intrinsecamente relacionados.

CIDADANIA: DIREITO À INTERATIVIDADE


Há uma preocupação dos movimentos com o acesso limitado dos moradores de favela às
novas tecnologias da informação, no entanto, há um investimento nos processos comunicativos
do ciberespaço. Não se trata de qualquer acesso tendo em vista que o exercício da cidadania passa
a pressupor não "apenas o direito ao acesso aos novos códigos, mas, sobretudo o direito à
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interatividade" (LEMOS, 2004, p.20). Obviamente ao elemento da interatividade precisam


somar-se outras dimensões que o conceito engloba: do ponto de vista legal, a relação de direitos e
deveres; a participação do indivíduo na comunidade; a capacidade de auto-suficiência material
dos sujeitos - o sustento econômico; o direito de falar sobre si e por si (ALEJANDRO, 1993).
Para que o direito à interatividade esteja à disposição de uma parcela maior de moradores
de favela, é imprescindível a ampliação do acesso. Palczewki (2001, p.169) apresenta três críticas
relacionadas às restrições do acesso: a) para o ciberespaço gerar interpretações alternativas de
identidade é necessário superar as barreiras estruturais de acesso; b) apesar de a internet
possibilitar a união das pessoas, por si só ela não garante que não haverá discriminação; c) o
acesso a internet está mais disseminado entre brancos do que negros e hispânicos e, de acordo
com National Telecommunications and Information Administration 1999, características como
nível escolar, raça e gênero determinam fortemente o que o usuário faz quando está on-line.
Apesar dessas pontuações, Palczewski (2001, p. 171) afirma que a presença de "grupos
marginalizados" no ciberespaço pode garantir interpretações oposicionistas de identidade. "De
diversas maneiras, a internet cria necessariamente espaços para discursos oposicionistas e
formação de identidade da mesma forma que transforma a nossa maneira de compreender o
espaço" (PALCZEWSKI, 2001, p.173).

FAVELA E CIDADE FORMAL


Consideramos fundamental a divisão entre favela e cidade formal como forma de melhor
entendermos peculiaridades desses espaços que são distintos. No entanto, Valladares (2001)
questiona se faz sentido manter "o discurso que faz da favela o próprio símbolo da segregação
espacial, o território por excelência da pobreza e da cultura popular":

Reduzir as favelas a espaços de pobreza nos parece equivocado. Evocar a favela como
uma outra metade da cidade, a cidade informal encravada na cidade formal, é aceitar
uma visão dualista e desconhecer a interdependência, a indissociablidade, as dinâmicas
de transformação e a complexidade dos elementos estruturadores da cidade.
(VALLADARES, 2001)

Demarcamos a distinção favela e cidade formal, pois apesar de verificarmos que se


entrecruzam identidades, do lado sócio-econômico e sócio-jurídico (SANTOS, 1988) esses
espaços da cidade se apresentam de modo desigual e separados, no plano das interações
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cotidianas, das interconexões artístico-culturais, do uso dos espaços públicos, da livre circulação.
Ao propormos a distinção, de forma alguma, estamos desconsiderando que os moradores de
favelas e os da cidade formal se relacionam todo o tempo. Se não por essa distinção, como
entender, por exemplo, o temor das pessoas que não moram em favelas de entrarem nestes locais?
Como não identificar as diferenças nas políticas de urbanização, de transporte, de coleta seletiva
que são implementadas na favela e nos bairros ou da dificuldade que muitos moradores de favela
encontram quando vão procurar emprego, simplesmente, por morarem nestas localidades? Um
conjunto de fatores limita a circulação dos não-moradores desde as diferenças no planejamento
urbano às questões relacionadas à violência, passando pela circulação de bens e mercadorias
diferenciados, pelo preconceito e pela discriminação.
Há barreiras visíveis — de forma indiciaria apresentada no contraste urbanístico da
favela e dos bairros — e os invisíveis — geradas por visões preconceituosas e estigmatizantes
dos moradores de favelas — que nos obrigam a olhar com atenção as peculiaridades de cada um
desses espaços. As dimensões do reconhecimento e da redistribuição estão imbricadas à medida
que exclusão territorial resulta em dificuldades de "acesso a oportunidade de trabalho, cultura ou
lazer" (ROLNIK, 2002), pois:

simetricamente, as oportunidades de crescimento circulam nos meios daqueles que já


vivem melhor, pois a sobreposição das diversas dimensões da exclusão incidindo sobre a
mesma população fazem com que a permeabilidade entre as duas partes seja muito
pequena. (ROLNIK, 2002, p.54)

Somente entendendo bem estas realidades, podemos conectá-las, principalmente no que se


refere aos direitos econômicos, sem que um lado subjugue o outro no que se refere às identidades
e produções culturais. Um exemplo de superação de barreiras promovida pela mediação do
ciberespaço está na possibilidade de um morador de favelas conseguir ler o jornal do dia pela
internet. Mesmo quando dispõe de recursos financeiros, o morador não consegue receber em casa
jornais e revistas, pois os jornaleiros não fazem entregas em favela sob o argumento de serem
locais violentos ou pela dificuldade de se encontrar a localização exata das casas.
No ciberespaço, ele pode não apenas acessar um determinado jornal, mas, além disso,
terá exponencialmente ampliadas as fontes de informação. Embora, os moradores não tenham
computadores conectados à internet em suas casas, podem encontrá-los em telecentros
implantados em muitas favelas, em algumas escolas e eventualmente no trabalho. É evidente que
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a internet não resolve todos os problemas, pois o morador de favela vai continuar, por exemplo,
sem receber serviços delivery ou poder ir para casa de madrugada de táxi.
O ciberespaço amplia processos de sociabilidade uma vez que encampa a circulação de
informações, a formação de redes de solidariedade e encontros entre moradores de favela e deles
com pessoas de outras realidades. Trabalhamos a noção de sociabilidade de Michel Maffesoli
(1987, p. 5) como sendo as formas da vida social a partir da vivência conjunta dos sujeitos, no
que esta tem de sentido comunitário, de compartilhamento de valores, sentimentos e
comportamentos.
O ciberespaço não inaugura práticas que nada têm a ver com nossas relações cotidianas,
possibilita, no entanto, a reformulação e uma ressemantização das formas conhecidas de
sociabilidade, adaptadas às novas condições, tanto de espaço/tempo virtuais (GUIMARÃES
JÚNIOR, 2004). É fundamental não perder de vista a relação entre o mundo on-line e off-line.
Por exemplo, Valladares (2001) atentou-se para a utilização da internet pelos moradores da
Rocinha, a maior favela da América Latina, a partir de uma propaganda que estava nas
proximidades da favela.

O anúncio do site é visível no alto de um edifício de cinco andares situado na Rocinha,


para todos aqueles que se dirigem ao centro da cidade do Rio de Janeiro pelo túnel Dois
Irmãos. Basta clicar o web para o internauta ter acesso a informações sobre a favela em
português e, brevemente, também em espanhol e inglês sobre: localização e história,
projetos para a Rocinha, empreendimentos e as últimas notícias divulgadas pelo jornal
local, o Correio da Zona Sul. (VALLADARES, 2001)

O anúncio fez com que Valladares mesmo que, de forma incipiente, tentasse entender a
relação dos movimentos sociais de favelas e a internet. As implicações da utilização das NTICs
na reconfiguração das favelas também suscitaram questionamentos na antropóloga Caterine
Reginensi (2004). Como elas lançaram um olhar antropológico sobre a questão, nosso estudo
apresenta uma outra faceta do fenômeno: os processos comunicativos e o debate que pode se
instaurar no ciberespaço enquanto parte de uma esfera pública (HABERMAS, 1999). Em seu
trabalho, Reginensi descreve como a internet tem sido incorporada ao cotidiano dos moradores da
Rocinha.
A mediação pelo ciberespaço não deve impedir a interação no mundo off-line entre favela e
cidade formal, no sentido, que o acesso à internet coloque em segundo plano a visita a uma
favela. Ao contrário, ele deve cada vez mais contribuir para o aumento do fluxo e o hibridismo
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entre os dois espaços pois os processos de sociabilidade instaurados no ciberespaço não devem
estar dissociados dos processos no mundo off-line.

ALGUNS EXEMPLOS DE MEDIAÇÃO PELO CIBERESPAÇO


Embora pareça um paradoxo, pois grande maioria dos moradores de favelas não está
conectada à rede mundial de computadores (Mapa da Exclusão, 2003), o ciberespaço configura-
se com maior potencial de circulação de informações do que os medias comerciais no mundo off-
line. Os movimentos sociais das favelas, principalmente os culturais, identificaram, há um tempo,
a potencialidade desse deslocamento e estão investindo nos processos comunicativos no
ciberespaço como forma de intensificar as trocas entre diferentes atores das cidades. A intenção
central nos parece ser publicizar demandas e questões relativas ao universo das favelas, a partir
da perspectiva dos próprios moradores. A imersão no ciberespaço pode ser verificada a partir dos
diversos sites, portais e listas de discussão que têm as favelas como tema central.
Em geral, os sites apresentam preferencialmente ações e projetos, no âmbito da educação
e cultura, desenvolvidos nestas comunidades (ceasm.org.br, casadecultura-rocinha.com.br). Há os
sites noticiosos cujas pautas são relacionadas a assuntos das favelas (vivafavela.com.br e
favelaeissoai.com.br, anf.org.br) e os mais analíticos contendo textos mais atemporais sobre os
conflitos e questões controversas envolvendo a construção simbólica sobre a favela (Observatório
da Favela e o cufa.com.br).
Uma Agência de Imagens da Favela (olharesdomorro.org.br) apresenta diversas
fotografias feitas por jovens moradores do morro Santa Marta, no Rio de Janeiro. O conjunto das
fotos foi apresentado em exposição nos Encontros Internacionais da Fotografia de Arles
(04/07/2005 a 18/09/2005), um evento dentro das programações do “Ano do Brasil na França”.
Mas antes mesmo de estarem geograficamente na Europa, as fotos mostravam cenas do cotidiano
das favelas cariocas para o mundo todo. Apesar de ser específico de uma favela no Rio, o projeto
propõe-se a documentar a vida dos moradores de favelas, com todas as suas nuanças, e fazer um
contraponto às imagens produzidas pelos media comerciais que freqüente e sistematicamente:

exploram o cotidiano das favelas, apresentando informações distorcidas e apelativas que


abordam apenas o aspecto da violência, gerando para seus habitantes, problemas de
ordem ética como discriminação e segregação social. Olhares do Morro pretende
responder a demanda nacional e internacional de imagens deste tema através de acesso
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virtual, de exposições itinerantes e de edição de livros - numa ótica de desenvolvimento


sustentável4.

A mediação pelo ciberespaço possibilita juntamente com a produção de discursos e


imagens, a veiculação de sons. O recurso é utilizado por diversas rádios comunitárias de favelas
que expandiram sua freqüência. Um exemplo é a Rádio Favela, de Belo Horizonte que, por meio
da internet, há cinco anos integra uma rede mundial de Rádios dentro das comemorações do "Dia
Internacional de Combate ao Racismo, Xenofobia e a Intolerância" (REIS, 2005).
A temática da favela pode ser encontrada ainda em sites que não são especificamente
sobre as favelas, mas tratam de questões afins como, por exemplo, em sites de projetos sociais de
Belo Horizonte — Rede Jovem de Cidadania (http://www.redejovembh.org.br/), Rede Lê
(http://www.ufmg.br/rede.le/index.php) e Observatório da Juventude (http://fae.ufmg.br:8080/
objuventude/ )
Especificamente, vimos acompanhando, através de nosso projeto de pesquisa, as
atividades de quatro movimentos sociais de Belo Horizonte: Grupo do Beco, Associação Cultural
Arautos do Gueto, Negros da Unidade Consciente (NUC) e Associação dos Universitários do
Morro (AUM)5. Cada um deles participa de diversas listas de discussão, muitas delas
compartilhadas entre eles. Algumas delas são especificamente formadas por movimentos de
favelas e outras são mais abrangentes e abrigam pessoas e movimentos culturais da cidade como
um todo. O que observamos foi uma intensa troca de textos entre as diversas listas. Um texto que
circula em uma lista A é veiculado em uma lista B devido à interseção que elas têm com a lista C
por meio de usuários em comum.

4 Texto de apresentação do projeto olhares do morro que consta do site www.olharesdomorro.org.br.


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Criado em 1995, no Aglomerado Santa Lúcia (região Centro-Sul), o Grupo do Beco é composto por atrizes e atores
da própria comunidade. Desde sua fundação, a reflexão social está presente em seus trabalhos. Paralelamente à
preocupação com os temas sociais, a busca pela qualidade artística também é uma marca do grupo bem como o seu
aprimoramento nos campos administrativos e de produção. O Grupo Cultural Arautos do Gueto é uma organização
não-governamental que atua no Aglomerado Morro das Pedras (região Oeste) desde 1996. A ONG trabalha em
diversas frentes: Arautos Banda, Arautos Banda — com crianças e adolescentes de 7 a 18 anos, Arautos Mirim (U-
Gueto), com crianças entre 6 e 12 anos, Núcleo de Dança-Afro. Formado em 1997, o Grupo Cultural Negros da
Unidade Consciente desenvolve diversas ações no Alto Vera Cruz (região Leste), uma delas é o projeto Centro
Multiculturalismo Comunitário, um espaço cultural onde acontecem oficinas, palestras e seminários. A outra vertente
do trabalho é a banda NUC que desenvolve artisticamente a cultura Hip Hop. A Associação dos Universitários do
Morro, organização não-governamental do Aglomerado Santa Lúcia, reúne universitários com semelhante situação
social e econômica para lutar pelo acesso e permanência de jovens moradores de favela, especialmente os afro-
descendentes, na universidade. Também tem uma atuação concreta na comunidade, procurando desenvolver projetos
com base no saber adquirido na academia. Foi fundada em 5 de fevereiro de 2003.
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Em todas estas listas circulam informações sobre editais públicos, chamadas de projetos,
apresentações culturais — principalmente de grupos de favelas —, palestras sobre questão racial,
ações afirmativas, iniciativas positivas de comunidades populares, entre outros assuntos. Essas
informações são fundamentais para quem está à procura de empregos e estágios, também para
encontrar parceiros e financiamentos para os projetos sociais desenvolvidos nas favelas. As listas
também têm um importante papel na formação política desses jovens uma vez que o espaço serve
para divulgar questões polêmicas como, por exemplo, casos de violação dos direitos humanos
praticados pela polícia contra jovens negros.
Esses exemplos, menos que tentar fazer um mapeamento dos sites, portais e listas de
discussão, mostram como ferramentas da internet têm sido assimiladas direta ou indiretamente no
cotidiano de movimentos sociais de favela e dão um indicativo que o ciberespaço é um
importante locus para publicização de questões e demandas das populações desses lugares.
Além disso, nele, a interação com pessoas e movimentos de outras comunidades, de
diferentes cidades, estados e até países se processa com mais intensidade do que em mídias como
a TV, o rádio, o jornal impresso. É importante ressaltar que, nesses media, assuntos sobre as
favelas são pautados, mas, o foco, normalmente, é para questões relacionadas à criminalidade e
ao tráfico. Nos media comerciais, os movimentos de favelas não participam da produção das
notícias — não são eles que pautam, editam, redigem, apresentam... É necessário que os
movimentos de favelas empreendam muito esforço para que suas questões recebam uma
cobertura dos media.
Como ressalva Hall (2003, p.387), vale lembrar que, nos processos midiáticos, a produção
está em articulação constante com outros momentos de uma "complexa estrutura dinâmica":
distribuição/consumo, circulação e reprodução. No ciberespaço, no entanto, há uma abertura
maior de participação na produção, sendo que em muitas situações estas etapas estão tão
interligadas que só podemos dividi-la de forma analítica.
O fato de o morador de favela ser sujeito nos processos instaurados no ciberespaço é uma
das principais inovações da internet em relação às outras mídias. Para os movimentos sociais que
estão na Web, o espaço virtual é, ao mesmo tempo, uma janela para o mundo e uma porta de
entrada para as favelas.
O grupo cultural Arautos do Gueto, por exemplo, faz parte de oito listas de discussão:
duas relacionadas à responsabilidade social e empresarial, duas de gestão cultural, uma
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relacionada a temas da juventude, uma específica sobre a juventude negra e favelada e uma
formada por grupos culturais de periferia, uma boa parte deles oriundos de favelas. O grupo conta
ainda com um mailing eletrônico com mais de 5.000 pessoas cadastradas de vários bairros de
Belo Horizonte, de outros Estados e de alguns países da América Latina e Europa. A internet é o
principal suporte que o grupo utiliza para divulgar projetos em andamento, convidar para shows e
apresentações e sensibilizar as pessoas para atividades desenvolvidas para angariar recursos.

VOZES DA FAVELA
O ciberespaço é um espaço estratégico para se fazer ouvir em esfera de visibilidade
ampliada. Embora não atinja públicos numericamente tão grandes com as audiências de TV, o
debate instaurado no ciberespaço pode ultrapassar as barreiras do virtual, dialogando com outras
mídias ou sendo reverberados em outros espaços da esfera pública.
Asen e Brouwer (2001, p.24) lembram que "Habermas identificou que uma entidade como
uma esfera pública transnacional iria requerer mais e mais desenvolvimento de aparatos
estruturais, entretanto, ele não tematizou explicitamente os NTICs como parte do aparato
necessário". Habermas ao rever o conceito de esfera pública à luz da participação da sociedade
civil afirma que ela pressupõe encontros de mundos vividos diferenciados, novos modelos de
socialização e de tradições culturais (1999, p.26) . Habermas dá pistas no sentido de analisarmos
também os dispositivos midiáticos quando diz que: "mais importantes ainda são as formas de
difusão e de organização, os modos de institucionalização dos suportes de um espaço público não
investido pelo poder" (HABERMAS, 1999, p.26).
Sem entrar especificamente no debate se com as NTICs estamos constituindo uma esfera
pública global, o certo é que também os movimentos sociais de favelas estão atentos à
possibilidade de suas questões ultrapassarem os limites das comunidades e literalmente ganharem
o mundo. Muitas vezes, somente quando questões rompem os âmbitos locais e nacionais as
questões passam ter relevância onde foram suscitadas.
Os diversos estudos que relacionam movimentos sociais e internet têm mostrado como as
múltiplas linguagens e códigos desse dispositivo favorecem a formação de identidades (Mitra,
2001, pp. 41 e 45) à medida que públicos fracos — "o sujeito da opinião pública" em oposição a
"públicos fortes" entendidos como "grupos representantes do centro do sistema político e às
elites" (MAIA, 2004, p.10) — tomam um papel de protagonistas e assumem a produção de
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discursos sobre eles próprios: "eventualmente, a identidade dos indivíduos que pertencem a essas
comunidades pode ser produzida entorno de novas narrativas que emergem do ciberespaço"
(MITRA, 2001, p.45).

A chamada em ciberespaço é assim sonorizada por indivíduos que podem mobilizar


uma tecnologia nova de mediação e interconectividade (interatividade) para
problematizar a legitimidade dos centros tradicionais de sociedade. No ciberespaço
vozes individuais indistintas poderiam convergir em um discurso específico do Outro,
como imigrantes indianos que poderiam ser ouvidos agora como uma voz distinta e clara
no ciberespaço. (MITRA,2001, p.39)

Embora, muitos sites sejam híbridos — com participação não só dos movimentos de
favelas, mas também de profissionais de fora da comunidade — a grande maioria tem como pano
de fundo desestigmatizar a imagem que se têm sobre a favela. A tentativa é mostrar as
particularidades das comunidades, a vida cotidiana para além dos problemas com o tráfico e com
a violência. Os grupos culturais reafirmam e reivindicam espaços para suas linguagens artísticas
em uma luta por reconhecimento (FRASER, 1997). Tanto nos sites como nas listas de discussão,
os grupos culturais estão empenhados em defender a identidade do morador de favela como
artista e cidadão. Embora haja uma diversidade entre as diversas favelas, mesmo quando elas
estão na mesma cidade, há um entendimento em torno da imagem dos moradores de favelas: eles
nem sempre são como os medias comerciais costumam retratá-los. A produção de informação no
ciberespaço surge como um contraponto às representações estereotipadas: o favelado mal-
educado, criminoso, carente, sem estudo, apático aos problemas de sua comunidade.
No âmbito da produção da informação, o ciberespaço permite uma maior autonomia para
os movimentos de favelas uma vez que, como ressalva Maia (2004, p.24), como públicos fracos,
eles enfrentariam "um paralelo das desigualdades políticas e comunicativas no terreno dos
media", pois "possuem desvantagens de assimetria de poder, a qual afeta a oportunidade de
acesso aos canais da mídia". A internet é vista como um dispositivo em que o morador de favela
possa alcançar maior autonomia nos processos multimidiáticos. Para Mitra (2004, p.507), o que
está em jogo no ciberespaço não é o poder político, econômico ou militar, mas sim a capacidade
de produzir um discurso eficaz e persuasivo. O que conta para que alguém tenha audiência no
ciberespaço é a impressão de confiabilidade e credibilidade ao que é dito (MITRA, 2004, p.507).
Ela procura analisar o espaço discursivo da internet, no qual:
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o poder da voz não depende necessariamente de determinantes tradicionais de poder,


como saúde da economia, decisões militares ou desenvolvimento industrial, embora ter
todos esses poderes certamente não seja uma desvantagem. Em um mesmo tempo,
alguém com moderada tecnologia e mínimo capital financeiro, agora, pode ter voz e
falar por si próprio no ciberespaço. (MITRA,2004, p.496)

A produção e disseminação de discursos sobre si próprios são fundamentais nos processos


de debate na esfera pública à medida que dão visibilidade aos dilemas e às demandas desses
públicos fracos. É um importante canal para a “voz” (MITRA, 2001, p.39) dos moradores de
favelas a exemplo de outros grupos marginalizados como os indianos em diáspora, movimentos
negros, os zapatistas, entre outros. O ciberespaço inclusive contribui para que a discussão
ultrapasse o âmbito local de modo que:

iniciando aquela luta ideológica não há nenhuma necessidade para localizá-la dentro de
uma 'nação' ou local geográfico específico ou em um momento específico. A luta pode
continuar independente em qualquer lugar e a toda hora donde as pessoas ficam situadas,
contanto que as vozes deles/delas ressonem no ciberespaço. (MITRA, 2001, p.38)

Seria ingênuo acreditar que a mediação pelo ciberespaço seja a solução do problema de
exclusão vivido pelos moradores de favelas, mas sem dúvida trata-se de uma nova estratégia, ao
lado de tantas outras, empregadas na tentativa de superação. É importante lembrar que não é
suficiente apenas dar visibilidade a questão, pois entendendo a publicização em um sentido forte
é necessário um debate mais estruturado, pois, "para alcançar uma publicidade forte, não basta
que algo seja trazido à atenção de todos, mas é preciso satisfazer certas regras pragmáticas que
possibilitam o debate e a argumentação". (MAIA, 2004, p.12). Podemos perceber uma
publicidade no sentido forte, principalmente, nas seções destinadas a colunistas dos sites. Nestes
espaços, assuntos controversos são apresentados e, em alguns casos, os internautas podem postar
seus comentários sobre as questões. Há ainda espaços para publicação de textos e fotos dos
internautas.
O que parece, no entanto, é que, neste momento, os movimentos de favela estão centrando
esforços na visibilidade dos diversos projetos e ações positivas destes espaços. Em sua grande
maioria, os sites e portais parecem não investir pesadamente nos espaços interativos criados. Há
ainda espaços para as enquetes, mas, nestes casos, os usuários são convocados a se posicionarem
diante de respostas preestabelecidas. Um maior investimento nestes espaços para debate
ampliaria os processos de deliberação de questões controversas que são apresentadas nestes sites
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e portais. Por outro lado, listas de discussões seriam por essência o espaço para o debate de
questões controversas, mas com a limitação de o debate ficar restrito às pessoas que nelas estão
cadastradas.

ESPAÇOS DE FLUXOS
A discussão da ampliação da esfera pública com o advento das NTICs faz-se
complementar às discussões acerca da relação desse advento com a reconfiguração dos espaços
físicos das cidades. Como em outros momentos da história espera-se que o desenvolvimento de
novas tecnologias possa contribuir para solução de problemas que tanto nos afligem. Neste artigo
especificamente, o nosso foco são os problemas das favelas. Pareceu-nos importante também
utilizar o conceito de espaço de fluxos propostos por Castells (1999, v.1) que centraliza sua
análise na reconfiguração dos espaços das cidades.
Castells defende que o advento das NTICs, em grau de importância, resulta o mesmo
impacto que a Revolução Industrial trouxe às cidades. Ele defende que a sociedade está na era da
informação e vaticina uma nova forma urbana, a cidade informacional. Ele ressalta que a cidade
informacional não é uma forma, mas caracteriza-se, principalmente, pela importância dada ao
conhecimento, a organização em torno de redes e parcialmente formada de fluxos.
O espaço de fluxos "é a organização material das práticas sociais de tempo compartilhado
que funcionam por meio de fluxos" (CASTELLS, 1999, p.436). Esses processos informacionais
em fluxo gerariam: a) a transformação dos padrões de localização das principais atividades
econômicas sob o novo sistema tecnológico; b) o surgimento da casa eletrônica e a evolução da
cidade e c) evolução das formas urbanas em vários contextos. Quando nos debruçamos para a
realidade, no entanto, encontramos um vazio entre a utilização das NTICs e a reconfiguração dos
espaços, principalmente, quando lançamos o nosso olhar para as favelas. Como entender essa
reconfiguração sem adotar uma perspectiva futurística ou extremamente ingênua? Só podemos
entender essas transformações em um contexto de esfera pública ampliada pela mediação do
ciberespaço na qual movimentos sociais concretos vêem a oportunidade de empreenderem lutas
por reconhecimento e redistribuição.
O espaço de fluxos contrapõe-se a espaço lugares: "organização espacial historicamente
enraizada de nossa experiência comum" (CASTELLS, 1999, p.404). Para ele, "a interação entre a
nova tecnologia da informação e os processos atuais de transformação social realmente têm um
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grande impacto nas cidades e no espaço" sendo que "a interatividade entre os lugares rompe os
padrões espaciais de comportamento em uma rede fluida de intercâmbios que forma a base para o
surgimento de um novo tipo de espaço, o espaço de fluxos".
Um caminho é pensar o elo justamente na emancipação cívica que os processos
comunicativos no ciberespaço podem proporcionar aos grupos sociais. Os processos de debate e
deliberação pública são instâncias fundamentais neste espaço de fluxos. No ambiente da Web os
movimentos sociais na articulação de discurso e imagem, recriam uma nova imagem sobre a
favela, dando novos contornos aos espaços lugares.

CONCLUSÃO
Este artigo apresenta como os movimentos sociais de favelas têm assimilado ferramentas
da internet às suas lutas cotidianas. Alguns recursos estão sendo combinados no ciberespaço de
forma a: a) publicizar temas controversos sobre a favela sob a perspectiva dos moradores destes
espaços e b) contrapor estereótipos a respeito dessa população. As peculiaridades do dispositivo
internet podem favorecer processos de visibilidade das demandas e discussões dos moradores de
favelas que, por meio da mídia comercial, nem sempre chegam ao público ou quando chegam são
apresentadas em uma perspectiva que estigmatiza os espaços de favelas. A mediação no
ciberespaço possibilita principalmente um deslocamento espacial que, no mundo off-line, é
reflexo de uma das principais barreiras entre a favela e a cidade formal. No ciberespaço, o
processo de produção multimidiática está mais ao alcance de movimentos sociais de favela do
que, por exemplo, acontece em uma cobertura por uma rede de TV internacional. Mas também
fica muito evidente que o dispositivo não é por si só autônomo, à medida que para todas as
iniciativas no ciberespaço há uma estreita ligação com projetos e ações desenvolvidas no mundo
off-line. Iniciamos uma análise de como são instaurados processos de debate e deliberação nestes
espaços e procuramos relacionar esses aspectos às reconfigurações dos espaços urbanos.

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