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A bruxa entrou para as entidades vampíricas devido a seus ataques sugadores de sangue a
crianças. Ela também assumiu o papel de vários animais, mais freqüentemente o pato, o rato, o
ganso, o pombo ou a formiga. Seu poder esteve grandemente restrito ao horário entre meia-noite e
duas horas da manhã. As bruxas da região reuniam-se nas encruzilhadas às terças e sextas-feiras
e esses dias assumiam uma conotação negativa no folclore português. Durante suas reuniões
acreditava-se que as bruxas adoravam Satã, de quem teriam recebido vários poderes do mal, entre
os quais o olho maligno.
A proteção contra as bruxas era fornecida por uma série de amuletos mágicos. As crianças
também eram protegidas pelo uso de ferro e aço. Um prego de aço fincado no chão ou uma
tesoura sob o travesseiro manteria as bruxas afastadas. Havia também uma crença na palavra
falada e o folclore era rico em exemplos de inúmeros encantamentos contra as bruxas. Dentes de
alho costurados nas roupas das crianças evitariam que fossem levadas pelas bruxas.
Após um ataque eram feitas tentativas de identificar a bruxa maligna. A mãe da criança morta
poderia ferver as roupas da criança enquanto as cutucava com um instrumento perfurante. A
bruxa, supostamente, sentiria os golpes em seu próprio corpo e seria compelida a voltar para pedir
misericórdia. Ou a mãe poderia pegar uma vassoura e varrer a casa ao contrário, da porta para
dentro, enquanto repetia o feitiço para que a bruxa se manifestasse. A vassoura, símbolo da
bruxaria, era usada para fazer com que as bruxas se acalmassem. Já em 1932 o autor Rodney
Gallop relatou o caso de uma criança na cidade de Santa Leocádia de Baião que morreu sufocada.
Os pais tinham certeza de que a criança tinha sido "chupada pelas bruxas". A avó disse que viu a
bruxa sair voando disfarçada num pardal preto.
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Bruxa
A Bruxa é sempre a última filha de uma série de sete mulheres. Seu fadário (maldição) é de sete
anos. Para escapar a ele deverá ser batizada pela irmã mais velha. Mais tarde será madrinha de
crisma dessa irmã. Ela gosta de sal, Cada vez que o recebe está aliviando sua pena, porque o sal
é sagrado.
Uma informante estava em casa, com toda a farmília, à noite, quando começou a ouvir um assobio
fininho e prolongado. O pai falou: - Fiquem quietos, porque é a Bruxa. E, para ser ouvido por ela,
levantou a voz: - Amanhã bem cedo venha buscar sal. O assobio cessou. No dia seguinte, logo
que se levantou e foi para o quintal picar lenha, apareceu uma velhinha que ele conhecia, porque
morava no bairro. Olhou para ele, calada. Ele também nada perguntou. Entregou-lhe um punhado
de sal. Ela agradeceu e partiu. Suas suspeitas, de que havia uma Bruxa nas vizinhanças,
confirmaram-se. E ficou sabendo quem era ela.
Bruxas rondam as casas onde há bebês. Se são recém-nascidos e, principalmente, se ainda não
foram batizados, é preciso deixar uma luz acesa e não descuidar deles; ela costuma chupar-lhes o
umbigo, matando-os por essa forma. Se são crianças maiores, carrega-as para outros lugares,
longe de casa, entra sempre em uma venda onde há bebida alcoólica e embebeda-se. Depois volta
correndo e esquece-as lá.
Uma Bruxa metamorfoseada em pata apanhou uma menina e transformou-a também em pata.
Foram para longe, a Bruxa preocupou-se em procurar bebida e lá esqueceu a menina. No dia
seguinte, o dono da venda encontrou a menininha nua, perto das bebidas. Nesses casos é preciso
sair procurando os pais das crìanças, para devolvê-las.
Havia duas moças, muito amigas. Uma delas era Bruxa. Fazia orações e gestos especiais e
transformava-se. A outra resolveu imitá-la e conseguiu também se transformar, acompanhando-a
para local distante, onde havia uma venda com bebidas. Lá beberam bastante. A certa altura, a
Bruxa mais recente começou a arrepender-se do que fizera e então voltou à forma humana. A
primeira passou pelo buraco da fechadura e foi-se embora. A outra ali ficou, nua. Apanhou um
saco vazio e com ele se cobriu. Quando o dono da venda chegou, pela manhã, ficou muito
espantado. - Como ê que você conseguiu entrar aqui, com tudo trancado? A moça, chorando,
explicou o que acontecera e contou-lhe do seu arrependimento. A esposa do vendeiro emprestou-
lhe roupas e ela voltou para casa. Nunca mais quis acompanhar a amiga, a qual, envergonhada,
mudou-se do lugar.