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Mediações de Áudio na Web: como o áudio entra e sai na internet1

Pablo de Assis2 (Coordenador)


Gustavo Guilherme da Matta Caetano Lopes3
Everton Darolt4

Universidade Tuiuti do Paraná – UTP


Faculdade Internacional de Curitiba – FACINTER
Fundação Universidade Regional de Blumenal – FURB

Resumo

Em nossa internet primariamente visual, o áudio aparece em diferentes formatos. Neste


trabalho, serão trabalhados dois desses formatos, a webradio e o podcast, focando na
publicidade, interação e produção dessas mídias. Sobre o webradio, pretende-se analisar spots
publicitários veiculados por rádios Hertizianas e a duplicação de seu sinal pela Web,
preocupando-se com questões de territorialidade, segmentação e publico locativo. Ainda,
pretende-se mostrar a revolução do rádio hertiziano para a radioweb e as possibilidades de
interatividade para além da territorialidade. Já com o podcast, o foco é mostrar que além da
facilidade das ferramentas tecnológicas de favorecer a produção dessa mídia por fãs e pelo
público, o próprio formato liberta o usuário dos formatos tradicionais de distribuição de áudio.

Palavras-chave

Webrádio; Publicidade; Interatividade; Podcast; Produção.

Proposta da mesa

Vivemos em uma sociedade e cultura altamente visuais. Praticamente tudo o que


fazemos passa pelo sentido da visão. Nossas propagandas estão repletas de imagens e a forma
de entretenimento mais consumido é aquele que possui algum apelo aos olhos. A beleza é
discutida em termos de padrões e estruturas visuais, como simetria, cor e tonalidades. Mas a
visão não é o único nem o principal sentido.
Segundo o neurologista Oliver Sacks (apud BAITELL, 1997), o sentido da audição é
talvez o mais importante de todos, principalmente no desenvolvimento da linguagem. É
através da audição que aprendemos as palavras e aprendemos que aquilo que vemos tem

1
Proposta de mesa temática apresentada ao eixo temático “Publicidade, Comércio e Consumo”, do IV Simpósio
Nacional da ABCiber.
2
Psicólogo e pesquisador em psicologia (UFPR), mestrando em Comunicação e Linguagem (UTP) e professor
de psicologia (FACEL). pablo@deassis.net.br
3
Mestrando em Comunicação e Linguagem (UTP), Coordenador do curso de comunicação (FACINTER).
gustavo@mt2.com.br
4
Mestrando em Comunicação e Linguagem (UTP). everton@furb.br
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nomes. A surdez pode, então, condenar uma pessoa a uma vida sem linguagem, sem
possibilidade de comunicação.
É claro que com a escrita possuímos um canal para transformar em estímulos visuais
os elementos da linguagem verbal. Podemos também fixar outras imagens que transmitem
mensagens, como fotos e infográficos. Mas, na origem, a base da linguagem é auditiva e a
comunicação se faz com a fala.
Mas a audição não é si linguagem, é também ruído e música. Essas questões todas
fazem parte das nossas paisagens sonoras, ou do nosso “ambiente sonoro. Tecnicamente,
qualquer porção do ambiente sonoro vista como um campo de estudos.” (SCHAFER, 1997
apud TOFFOLO et al, 2003). O som nos rodeia e faz parte de diversos aspectos da nossa vida.
Segundo BAITEL (1997), o som pode ser
massagem sonora e o ouvir seria uma estimulação tátil, com a demonstração
de Montagu, segundo o qual nosso corpo precisa da estimulação tátil para o
funcionamnto do seu sistema nervoso e portanto da sua sensorialidade. E
vamos ainda retomr a consideração de Sacks: com a audição constroem-se
nexos, proposições. Descobrem-se, desvendam-se sentidos.

Isso ocorre em todos os aspectos da nossa vida. A internet não é exceção. Apesar de
grande parte do conteúdo online ser visual ou em texto, devido ao sistema de indexação e
organização favorecer o uso de palavras escritas, existe ainda uma boa quantidade de
conteúdos em áudio disponíveis para acesso, consulta ou download, desde faixas de músicas,
clipes sonoros, trilhas de filmes, discursos ou palestras, conversas gravadas ou transmissões
ao vivo de rádio, entre vários outros formatos.
No final das contas, o formato tem e não tem importância. Sua importância estaria nas
diferentes possibilidades de utilizar o áudio como elementos comunicacional, seja ele
enviado, recebido ou construído em sintonia entre as partes. Mas, na prática, se eu recebo o
áudio via download, streaming, podcasting ou qualquer outro meio, o áudio ainda é áudio e o
som em si serve como canal de convergência das diferentes mídias sonoras, seja ele uma
gravação editada e preenchida de efeitos ou uma produção ao vivo, com elementos crus e com
os defeitos do canal de transmissão e recepção.
Neste artigo iremos tratar de basicamente dois desses formatos de áudio online, as
webrádios e os podcasts. O foco será não nas semelhanças com o áudio offline, mas sim com
as particularidades dessas plataformas, além de se tentar entender como se dá a migração de
um conteúdo offline para o online. Para isso, veremos o processo de migração das rádios
hertzianas para o ambiente virtual, com foco principal de análise nos spots publicitários e o
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preparo dos mesmos para as especificidades do ambiente online; as webrádios e os canais de


interação com o ouvinte, compreendendo as diferenças entre o canal hertiziano e a internet; e
os podcasts e a forma de produção desse formato de áudio transmitido via internet que difere
do rádio e dos formatos tradicionais de áudio, tanto online quanto offline.

I – A problemática da desterritorialização dos spots publicitários locativos veiculados


pelas rádios hertizianas duplicadas na web

O veículo rádio sempre foi partícipe de quase todas as campanhas de pequenas a


grandes empresas brasileiras, pelo seu baixo custo de veiculação, qualidade sonora na entrega
da comunicação e na proximidade que este tem com seu público. Em um planejamento de
mídia o veículo é sempre cotado como uma das possibilidades, e raramente é descartado.
A ideia básica é de que essas rádios, como são regionais, possuem um público fiel,
geolocalizado, participante e que muitas vezes interage com os veículos de forma pessoal por
intermédio de promoções, eventos, ligações telefônicas ou mesmo blitz de rua, mostrando
realmente quem é este ouvinte participante, gerando a possibilidade, por parte da rádio, de
uma identificação e mapeamento do seu alcance e penetração.
Segundo Tahara (2004), para as agências de propaganda ou mesmo para o cliente
direto, o rádio é um veículo de planejamento não muito complexo. As planilhas com CPM5,
horários, programas e valores por spot veiculado ou mesmo pacotes de inserções, sempre
existiram e de certa forma, são confiáveis, o que não há é uma política de pesquisa fiel no
segmento quanto à questão do perfil do ouvinte, informação de primeira relevância para
qualquer segmentação de mídia. Embora essa informação falte, o ouvinte é facilmente
identificado pela própria programação da rádio e programas veiculados, assim como podemos
segmentar também a veiculação de uma campanha em rádio pelo alcance de sua transmissão.
A regionalização do alcance da rádio é um fator extremamente importante para a segmentação
do que vai ser veiculado na mídia em questão, possibilitando ações locais, segmentadas ao
público ao qual se pretende atingir.
Desde o surgimento da possibilidade de transposição de quase tudo que conhecemos
para o mundo virtual, seguindo a definição de virtual de Levy (1996), temos realmente feito
esta migração de informações e da comunicação do real para o virtual. Considera-se para esta
discussão, a comunicação no virtual como sendo a disponibilidade de informação na rede.
5
CPM – Custo por milheiro. Definição de mercado para a quantificação paga por mil unidades de spots, encartes, etc.
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Segundo Bufarah Júnior:


O mini-disk, CD, Dat e os computadores promoveram transformações
irreversíveis na forma e na estrutura do rádio. Incluímos nesse cenário a
explosão da gravação e transmissão de arquivos de áudio via Internet, que
somada ao processo de digitalização das emissoras, acabaram por levar o
rádio para a rede, dotando-o de ferramentas multimídia. (2004, pág. 2)

Esse futuro onde as mídias de massa são acessadas pelo computador já chegou.
Atualmente temos TVs, rádios, jornais, revistas e quase todas as outras mídias usadas para o
planejamento de uma campanha no mundo real, acessíveis online.
A entrada das rádios no mundo virtual se deu de uma forma muita rápida, mas também
muito fácil de ser entendida. Fidler identifica bem essa transposição do veículo rádio como
parte da Mediamorfosis, sendo esta “a transformação dos meios de comunicação, como
resultado da interação entre as necessidades percebidas, as pressões
políticas e de competência, e das inovações sociais e tecnológicas” (1998, p.21).
Para esta entrada no mundo online, a maioria das rádios hertizianas simplesmente
duplicou sua emissão de sinal, enviando uma cópia do que é transmitido por sua antena
tradicional para seu endereço na web, possibilitando que seu ouvinte agora zapeie entre
páginas e conteúdos na internet ouvindo e acompanhando a rádio de sua preferência pela
mesma máquina.
Essa chegada repentina das rádios ao ciberespaço obrigou, em tese, às rádios a se
adaptarem as leis do meio em questão. De acordo com Lemos (2002), liberação, conexão em
rede e reconfiguração, são as três regras básicas para uma atuação correta no mundo onde as
práticas sociais, tecnologia e cultura se convergem. A era da informação em rede tem regras
próprias, não mais levando em questão a origem do rádio e sua transmissão de ondas
eletromagnéticas e sim reconfigurando este meio para um novo, onde os processos de
comunicação, produção de conteúdo e público alvo mudaram completamente.
Existe então um novo veículo a ser trabalhado pelas agências de publicidade ou
clientes. Um veículo que não só possibilita a desterritorialização da comunicação veiculada,
mas também pode criar novas perspectivas e visões em um planejamento de comunicação
uma vez que o spot publicitário veiculado pela rádio hertiziana, definida por Prata (2009) é
duplicado para o ambiente web.
Toda a comunicação qual conhecemos e trabalhamos, utiliza a segmentação de público
alvo como um dos fatores determinantes para se escolher ou não um veículo para mediar os
anúncios publicitários. As campanhas que utilizam o rádio como principal transmissor dessa
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informação, contam com algumas regras fixas que possibilitam uma confiança e uma previsão
do retorno da comunicação feita. Regras, segmentos, públicos, horários e a própria mensagem
em si, possuem padrões que não fogem aos conhecidos.
Nas rádios mediadas pelas web, tudo o que conhecemos anteriormente como padrões
fixos e que eram levados altamente em conta para o planejamento de uma campanha, mudou.
O planejamento de uma ação em uma rádio na web é completamente diferente de planejar
ações em uma rádio local. As rádios na web possuem dados muito mais completos sobre a
segmentação do público ouvinte. Dados como país, estado, cidade, bairro, programa que
ouve, frequência com que ouve e permanência ouvindo, que são dados extremamente
importantes para um planejamento, estão disponíveis.
A grande problemática hoje é que a maior parte dos clientes anunciantes em rádio
oferecem serviços ou produtos locais, fixos, onde o cliente deve ligar, ir ou entrar em contato
com a empresa anunciante. Em uma rádio na web, como a audiência se encontra
desterritorializada em comparação a uma rádio com emissão locativa, a forma de
comunicação não pode seguir as mesmas regras de uma rádio local. A divulgação de produtos
ou serviços não deve oferecer nenhuma forma de interação local com o cliente, deve-se
lembrar que o público alvo agora se encontra em frente a uma interface desterritorializada
onde ligar, ir ou entrar em contato pessoalmente é impossível, mas em contrapartida, entrar no
site, mandar um e-mail, seguir no twitter, ou mesmo comprar online é totalmente razoável. As
possibilidades de interação com o público se tornaram amplas e o produto ou serviço a ser
vendido por parte do cliente sentirão esta mudança.
Com base na proposta acima, espera-se deste trabalho definir qual a eficácia dos spots
atualmente veiculados em rádios hertizianas que efetivamente atingem e obtém sucesso na
comunicação através do sinal duplicado desta mesma rádio na web.

II – Canais de Interação na Webrádio

As resistências do rádio na web foram muito semelhantes as que ocorreram na


Alemanha e na Inglaterra quando o rádio se apresentava à cultura letrada. Hoje é fato que a
consolidação do rádio na internet é fundamental para o meio. Emissoras hertzianas veiculam
seu sinal através da rede, e a cada dia novas emissoras com conteúdos exclusivos em áudio
para internet são criadas. Neste sentido vamos discutir as possibilidades de interação entre
webradios e sua audiência que busca entretenimento e informação através da plataforma
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interativa oferecida pela tecnologia da web. Para complementar, se faz necessário a


compreensão de teorias do rádio hertziano em seus desafios de cativar a audiência
Há muito que o dramaturgo alemão Bertold Brecht destacou a importância de
transformação do rádio como meio de distribuição para a comunicação, pois o rádio pode ser
o maior meio de comunicação imaginável, um imenso sistema de canalização não só como
transmissor, mas como receptor das mensagens. O ouvinte não apenas somente escuta o rádio,
ele também fala com o rádio em um relacionamento participativo para gerar informação.
(BRECHT, 2000)
Quando pensamos em webradio, segundo Prata (2009), as informações de serviço
possuem vida longa, pois os novos formatos e gêneros radiofônicos presentes na web
permitem que as informações perdurem através de texto, podcasts, bancos de dados das
informações já publicadas. Porém, ainda abordando o principio do rádio, ele se baseia em um
conceito de educar, entreter e informar os ouvintes. Para Ferraretto (2001), o papel principal
além de prestar de serviços, é de levar entretenimento a sua audiência. Barbosa Filho (2003)
complementa no viés de que em temas específicos os formatos de entretenimento
apresentados são de interesse da população e denomina como rádio oportunidade. O
entretenimento é que garante forca e projeção nos diversos meios e passa a ser conteúdo
exclusivo da programação.
As características que, em geral, se atribuem ao rádio denotam uma abordagem do
meio desde uma perspectiva funcionalista. Com freqüência, os estudos do meio destacam
traços característicos do rádio como a instantaneidade, a simultaneidade, a mobilidade ou
ubiqüidade (onipresença), a amplitude da cobertura, a proximidade ao ouvinte, a presença
social, a gratuidade, entre outros aspectos. No processo de recriação da realidade através do
rádio intervêm fatores como a fugacidade da mensagem, o suporte exclusivamente sonoro
para o transporte do conteúdo, a distância entre o emissor e o ouvinte, e as condições de
recepção de um público indiscriminado.
Desta forma, pode-se dizer que o rádio é um dos produtos mais consumidos pelos
perfis segmentados com ouvintes das mais diversas programações das rádios. A abordagem
regional tem um apelo muito mais forte e cativante entre a relação com os locutores, que
passam as informações, e os ouvintes, que buscam informação e entretenimento.
Mas e a webradio tem a mesma função e finalidade do rádio hertziano? De modo geral
pode-se afirmar que os interesses dos usuários de webradio são os mesmos das rádios

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hertzianas. Nota-se que a busca por entretenimento e informação garante a força do seu
conteúdo tecnológico gerando o vinculo das pessoas com sua comunidade na sua interação.
Segundo Prata (2009) webradio é “a emissora radiofônica que pode ser acessada através
de uma URL (Uniform Resource Locator), um endereço na internet, não mais por uma
freqüência sintonizada no dial de um aparelho receptor de ondas hertzianas”. (PRATA, 2009,
p. 58). As webradios possuem uma página na internet e podem ser acessadas às outras páginas
da emissora. Na homepage têm-se informações sobra à emissora, o tipo de programação e
vários hiperlinks para os outros paginas e sites que podem oferecer as diversas atividades
desenvolvidas pela emissora.
As novidades presentes são múltiplas e são oferecidas pelas webradios, conforme
destaca Nair Prata:
...serviço de busca, previsão do tempo, chats, podcasts, biografias de artistas,
receitas culinárias, fóruns de discussão, letras cifradas de músicas, etc”. Há
também fotografias na homepage e nas outras páginas, tanto imagens
publicitárias, quanto fotos de artistas e de funcionários da emissora. Há
também vídeos e infografia. (PRATA, 2009, p. 58)

Em 1995 surge nos Estados Unidos uma nova vertente da radiofonia, que hoje pode
ser chamada inclusive, de um novo modelo: a webradio. O primeiro paradigma quebrado pela
webradio foi o suporte, onde não faz uso do aparelho tradicional, com acesso feito pelo
computador esta novidade causa certo preconceito em muitas pessoas. No Brasil a webradio
surge três anos depois, em 1998.
Outro elemento definidor do rádio é a sua sincronia na transmissão com a recepção do
ouvinte. Se não for desta forma, não se caracteriza como radiofonia. Charaudeau (2006),
afirma: “o rádio é, por excelência, a mídia da transmissão direta e do tempo presente” (p.
107). O áudio on demand não é rádio, mas sim, um dos elementos constitutivos da radiofonia
moderna. Assim, ficam excluídos deste termo de definição os podcasts, os iPods, os
reprodutores de música digital, as emissoras e qualquer outra forma de transmissão oral que
não seja feita no tempo real.
Na web tem-se uma tendência importante a destacar que é a segmentação das emissoras
radiofônicas. Toda a indústria cultural e musical buscou um caminho com uma forma de
atender ao mercado, mas no caso da radiodifusão, o fenômeno foi acentuado a partir da
implantação e do desenvolvimento das emissoras FM. O rádio na internet tem um foco no
público ouvinte onde se encontra cada vez mais específico. O ato de fazer rádio na internet
oferece o surgimento de emissoras voltadas a mercados seletivos nos quais ampliam a
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quantidade de emissoras com conteúdos específicos a cada publico. Cada pessoa por si só
pode ter um canal de webradio haja vista que em aspectos legais, na web, as emissoras de
rádio não necessitam de concessões. Porém neste estudo não vamos nos ater a legalidade das
webradios.
O elemento-chave do rádio permanece sendo o som, agora com a agregação de novos
signos nos campos textual e imagético gerados pela web. O som passa a ser o elemento
definidor, o ponto de partida e de chegada da radiofonia. No rádio, o som deve ter sentido por
si próprio, sem a necessidade do apoio do texto ou da imagem, como em outras mídias áudio
visuais. Conforme Charaudeau, “no rádio somente o conteúdo sonoro faz sentido” (1997, p.
120), mas podemos dizer que, com a internet, o texto e a imagem agora também fazem parte
da webradio. Assim, com a definição de Meditsch (2001) e com base na presença de
elementos textuais e imagéticos na radiofonia, podemos conceituar o novo rádio como um
meio de comunicação que transmite informação sonora, invisível e em tempo real. A
informação sonora pode vir acompanhada de textos e imagens, mas estes não serão
necessários para a compreensão da transmissão das informações.
São oito as características clássicas do rádio hertziano definidas por Ortriwano (1985).
Com o suporte internet, constata-se que algumas destas permanecem, outras perdem sentido,
outras são re-configuradas. Segundo Prata (2009) são elas: 1. A Linguagem Oral,
característica que deixa de existir, webradio é também textual e imagética; 2. A Penetração,
característica que expande, o alcance mundial permite, uma webradio ser acessada em todo o
planeta; 3. A Mobilidade, webradio ainda se parece como rádio hertziano, porém é uma
questão de tempo e configuração tecnológica; 4. O Baixo Custo, a webradio ainda é
inacessível para boa parte da população pela falta de acesso a rede. Espera-se que a webradio
tenha o baixo custo com a criação de um receptor no estilo tradicional; 5. O Imediatismo,
característica que se mantém forte na webradio; 6. A Instantaneidade, ganha novidades na
webradio, pois os arquivos permitem o acesso posterior; 7. A Sensorialidade permanece
apenas com relação ao aspecto sonoro. Com os novos recursos textuais e imagéticos se perde
o sentido; 8. A Autonomia, ainda permanece presa a fios e tomadas, mas o emissor pode falar
a toda a sua audiência cada um em particular interagindo em canais diretos.
Pode se afirmar que na webradio o seu público pode se apresentar mais ativo, criativo,
participante e colaborativo produzindo conteúdo, invertendo os papéis. Para os profissionais
mais fechados as possibilidades do rádio moderno provoca angustias, transformando
completamente o modelo padrão de radiofonia que perdura dês da década de 80. Para Cebrián
8

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Herreros, “a internet é a porta aberta a uma renovação das possibilidades do rádio” (2001,
p.66). Neste sentido de novas possibilidades,
O rádio na internet ainda deixa de ter muitas características tradicionais, mas adquire
muitas outras que passam a vigorar pelas formas de interação direta entre emissora e ouvinte.
Segundo Prata, “na webradio há uma inversão que coloca o público numa postura ativa,
gerando uma quebra paradigmática que transforma o receptor em produtor de conteúdo”.
(PRATA, 2009, p.70). Quando pensamos sobre a interação na webradio, Prata apresenta:
A interação é, dessa forma, a palavra-chave desse novo modelo de rádio que
surge na internet e, com toda certeza, a sua marca mais importante. A
diferenciação entre as emissoras certamente se dará por esta via, pois, quanto
mais possibilidades de interação, maior será o número de acessos à
webradio. (PRATA, 2009, p. 134)

Esta interatividade que se apresenta comparada a teoria do tambor tribal pode ser considerada
o elo principal entre o ouvinte e sua tribo. O contato é mediado pela webradio e suas
ferramentas interativas, os novos elementos agregados da web como fotos, vídeos e textos,
estreitam as distâncias da pessoa que está fora de sua tribo. Tal interatividade com apelo de
união garante um maior número de acessos e fortalece a audiência das emissoras hertzianas
que difundem seu sinal via rede. Já para as emissoras com presença exclusiva na web é a
confirmação e garantia de sua audiência.
Quem se atrai por uma determinada webradio em específico tem dois objetivos, o de
se manter informado sobre as noticias de sua tribo ou pelos serviços que tal emissora oferece.
Os novos gêneros da webradio abordados por Prata (2009) como chat, o e-mail, o endereço
eletrônico, a enquete e o fórum, nascidos genuinamente em meio digital podem ser
considerados os novos sons do tambor tribal. Pode se afirmar ainda que com essas formas de
interação temos o chamado “feedback” ou retorno, da resposta da mensagem enviada. Tendo a
internet como suporte do meio, os tradicionais gêneros do rádio hertziano como notícia,
reportagem, anúncios publicitários e todos os outros elencados por Barbosa Filho (2003)
ainda são encontrados nas webradios mantendo uma forte semelhança entre o meio tradicional
e o moderno no rádio.
A webradio leva entretenimento e informação em um sistema nervoso central que
envolve as pessoas por igual. Pode se considerar que este envolvimento é cada vez mais
presente com a interatividade proporcionada pela web. O som na webradio estreita os laços de
intimidade, o ouvido é intolerante e exclusivo. As palavras adquirem um novo significado

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com textura diferenciada enriquecendo mais que a própria imagem em si, na web ainda ocorre
esta textura e soma-se as imagens e textos disponíveis na plataforma.
Esta nova modalidade de interação presente na webradio que é o “encontro entre
usuários”. Pelas ferramentas disponíveis na web os ouvintes criam a partir das emissoras uma
tribo e interagem entre si, envolvendo os usuários na psique sonora. Nas emissoras hertzianas
não havia esse grau de envolvimento, o que na webradio amplia o sentido da ligação entre os
ouvintes. Vale lembrar que o modelo de webradio praticado hoje ainda está em constante
adaptação, apresentando varias formas hibridas de todos os lados, seja pelo conteúdo, forma
de abordagem, modos de transmissão e interatividade. Lembramos também que a ultima
grande transformação do rádio foi a chegada do FM, (freqüência modulada) na qual levou
cerca de 30 anos para se tornar realidade e obter aceitação entre a população. Estes são alguns
dos fatores que deve se refletir ao se pensar em webradio, tanto a tecnologia quanto o seu
público deve estar em sintonia.

III – A cultura da convergência e o caminho da produção amadora de podcasts

O podcast pode ser basicamente definido como um sistema de distribuição de


conteúdo midiático via internet através de um sistema de download direto ponto-a-ponto que
utiliza a tecnologia do feed RSS. Segundo LUIZ e ASSIS (2009), a expressão podcasting
surgiu da junção do prefixo “Pod”, proveniente do nome do aparelho reprodutor de mídias da
Apple, o iPod, com o prefixo “casting”, da palavra broadcasting, ou ampla transmissão,
palavra utilizada para descrever a transmissão de programas de televisão ou rádio. A forma
que isso acontece é através de um Feed RSS.
Segundo PRIMO (2005), “podcasting é um processo midiático que emerge a partir da
publicação de arquivos de áudio na internet”. Esse processo se dá a partir da relação entre o
arquivo de áudio que compõe o podcast e um arquivo de texto que ajuda a divulgá-lo sempre
que ele é lançado na internet. Essa arquivo de texto, o feed RSS, é em formato XML,
atualizado sempre que um site ou blog ou qualquer serviço similar é atualizado. O Feed é
responsável em avisar as atualizações. Ele contem informações simples e básicas em Tags, ou
marcações, como titulo, autor, data e conteúdo (GEOGHEGAN; KLASS, 2007).
Para produzir um podcast é necessário poder gravar e editar um arquivo de áudio ou
vídeo, armazená-lo na internet em algum servidor, produzir um feed e divulgá-lo. Para todas
essas ações existem tanto iniciativas gratuitas quanto pagas. Por exemplo, para gravar um
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arquivo de áudio existe o Audacity, um produtor gratuito de áudio. O Mevio é um serviço


gratuito de armazenamento de mídias para podcasts e ele mesmo cria seu feed. E caso a
pessoa queira armazenar em outro lugar e criar seu feed manualmente, pode utilizar o serviços
gratuitos como o Huffduffer.
A produção em si é relativamente fácil, o que permite com que qualquer pessoa que
queira criar seu próprio conteúdo possa distribuí-lo por esse formato. Isso, além de facilitar a
produção, facilita a divulgação e recepção, já que o ouvinte pode simplesmente assinar e
receber diretamente os programas e conteúdo midiático.
O podcast é uma mídia relativamente nova, surgida em meados de 2004 tanto nos
Estados Unidos quanto no Brasil (SILVA, 2009). Desde então, os produtores de podcast,
conhecidos como podcasters, têm percebido as vantagens nesse sistema de produção e
distribuição de mídia. Além do custo reduzido de produção – já que grande parte dos
softwares necessários para tal podem ser encontrados gratuitamente na internet, outros
elementos característicos da mídia chama a atenção tanto de produtores quanto dos ouvintes.
Uma delas é a liberdade que o usuário tem de baixar e ouvir o que, quando e onde
quiser. Ao contrário das mídias tradicionais transmitidas via radiodifusão, ou broadcasting, o
podcast é baixado ativamente pelo ouvinte que então escolhe se quer ouvir naquele momento
ou em outro de sua conveniência. Segundo MEDEIROS (2005):
...a grande inovação que o Podcasting propõe: o “poder de emissão” na mão
do ouvinte. Com isso, não existe mais uma produção de conteúdo
centralizado nas mãos de uma mídia. Cada usuário produz seu conteúdo
descentralizadamente, disponibilizando-o na rede da melhor maneira que
lhe convier.

Isso mostra que o ouvinte de podcast não é mais “refém” da imposição das mídias
tradicionais. Diferentemente da radiodifusão, onde o ouvinte recebe passivamente as
informações de áudio passadas através de ondas eletromagnéticas por uma central de
distribuição e é recebida por um aparelho de rádio somente nos locais e momentos
disponibilizados pela central de distribuição, o podcast é disponível a qualquer momento e a
qualquer pessoa que ativamente buscar esses arquivos na internet.
Esse exercício da liberdade que o podcast oferece é uma boa forma de mostrar ao
usuário o poder de suas ações e decisões. Ouvir um podcast não é como ouvir a uma rádio
onde se diz, “o que será que está passando?”, mas é mais uma ferramenta criativa onde se diz
“vou ouvir o que eu quero” (FRANCO, 2009).

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Henry Jenkins no livro A cultura da Convergência (2009) aponta diversos caminhos


dos fãs da industria cultural de produção independentes de filmes. Considerando as principais
características desse processo, os podcasts mostram uma outra maneira do fã produzir cultura
e conteúdo nessa cultura da convergência. Segundo Jenkins (2009), “não deveria ser surpresa
o fato de que boa parte das criações do público se espelha em, dialoga com, reage a ou contra,
e/ou adapta materiais extraídos da cultura comercial”. Então, essa forma que os podcasts
encontraram para criar conteúdo por parte dos usuários para comentar o material lançado pela
cultura comercial pode ser sim uma das maneiras de se trabalhar a cultura dos fãs.
Jenkins também comenta em seu livro que a internet e a tecnologia permitiram o
surgimento de novos cineastas, pois com isso temos não só uma nova plataforma de
divulgação dos novos filmes (a internet), como também o barateamento do custo de produção
de filmes, pois câmeras digitais e filmes rodados com elas são muito mais baratas e fáceis de
se trabalhar do que os antigos Super-8. O mesmo aconteceu com o podcast, como um produto
dessa mesma internet e divulgação da tecnologia. Ele é uma forma para produtores
independentes e/ou amadores poderem criar seus conteúdos e divulgá-los na internet sem a
necessidade de orçamentos caros ou sistemas complexos de produção. Em outras palavras, a
cultura da convergência pode trazer conteúdo produzido por usuários a uma distribuição
maior, independente do formato – audiovisual dos fã-filmes ou somente de áudio nos
podcasts. Segundo Jenkins (2009),

A web representa um lugar de experimentação e inovação, onde os


amadores sondam o terreno, desenvolvendo novos métodos e temas e
criando materiais que podem atrair seguidores, que criam suas próprias
condições. Dos métodos mais viáveis comercialmente são então absorvidos
pela mídia comercial, seja diretamente, por meio de contratação de novos
talentos e do desenvolvimento de trabalhos para a televisão, vídeo e cinema
com base nesses materiais, seja diretamente, por meio da mesma qualidade
estética e temática.

Os podcasts estão mostrando emular todos os fatores apresentados por Jenkins com
relação à produção de mídia por fãs, tanto no que diz respeito à produção independente de
conteúdo inspirado na mídia comercial quanto pela absorção da mídia comercial dos talentos
descobertos através da produção amadora de podcasts. O podcast como canal de distribuição
barata e de fácil acesso por qualquer usuário é um bom meio de descoberta e criação de
conteúdo convergente. Além dos canais de divulgação de filmes caseiros ou de filmagens de
família – antes reservados a amigos e familiares e agora amplamente distribuídos na internet –
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a internet oferece meios de distribuição de podcasts, onde o usuário pode divulgar para quem
quiser ouvir as gravações das conversas com seus amigos, diálogos de opiniões de filmes ou
ainda explicações e aulas de como usar determinado recurso. O podcast se mostra tanto como
canal quanto como produto um excelente meio da cultura da convergência. Como diz Jenkins
(2009),
A mídia comercial pode fornecer inspiração para empreendimentos
amadores subsequentes, o que impulsiona a cultura popular para novas
direções. Num mundo assim, os trabalhos dos fãs não podem mais ser
encarados como simples derivados de materiais comerciais, e sim como
sendo eles próprio passíveis de apropriação e reformulação pelas indústrias
midiáticas.

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