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Prefácio..................................................................................... 9
Agradecimentos .......................................................................... 11
Introdução: Vamos virar as cadeiras ............................................ 15
Parte I
Uma maneira de considerar a comunidade espiritual .............. 21
Capítulo 1: Pelo amor de Deus, não pense que vai ser
fácil .................................................................... 23
Capítulo 2: Não é fácil, mas vale a pena ................................ 33
Capítulo 3: Comunidade espiritual: o que é .......................... 45
Capítulo 4: É preciso um Armando ....................................... 53
Capítulo 5: A comunidade não-espiritual .............................. 61
Capítulo 6: Por que a comunidade não-espiritual não é
espiritual? ........................................................... 69
Parte II
Uma maneira de compreender nossos problemas.................... 83
Capítulo 7: Dois recintos ...................................................... 85
Capítulo 8: Existe um Recinto Inferior .................................. 99
Capítulo 9: A mobília do Recinto Inferior ............................. 107
Capítulo 10: Existe mesmo um Recinto Superior ...................... 123
Capítulo 11: A mobília do Recinto Superior ........................... 133
Parte III
Uma maneira de se relacionar neste mundo ............................ 149
Capítulo 12: Voltando nossa alma para o outro: três
convicções fundamentais ..................................... 151
Capítulo 13: A bifurcação na estrada rumo à comunidade
espiritual............................................................. 163
Capítulo 14: Gerentes ou místicos: o mistério da comunidade .... 179
Capítulo 15: O risco vale a pena .............................................. 189
Capítulo 16: ENTRE. VEJA. TOQUE: Um modo de cultivar
a comunidade espiritual ...................................... 197
Capítulo 17: Formando uma comunidade espiritual ................ 213
Capítulo 12
mas não faz mais parte de mim) ainda rastejam, e às vezes picam, mas
seu veneno não pode destruir a vida de Cristo que está em mim.
Juntamente com todos os outros cristãos da Terra, estou vivo.
Anseio agradar ao Pai, ser semelhante a Cristo e ouvir e seguir o
Espírito. Sinto-me envolvido na vida da Trindade, empolgado pela
mesma energia que vibra em cada um deles. Quando essas paixões que
há em mim encontram as mesmas paixões em você, vivenciamos a comu-
nidade espiritual. E avançamos, lenta mas seguramente, na nossa jor-
nada rumo a Deus.
Na Parte III, apresento ao leitor minha idéia de como podemos
participar desse milagre, de como podemos fazer parte de uma comu-
nidade espiritual. Neste capítulo começo a análise ponderando três
convicções que, se nelas não acreditarmos com firmeza e paixão, nos
impedirão de virar nossa cadeira o suficiente para que nossa alma en-
contre outras almas.
Isso seria uma tragédia de enormes proporções, uma tragédia
distintamente humana. Somos seres humanos, criação singular de
uma comunidade divina de três Pessoas que apreciam a companhia
umas das outras mais que qualquer outra coisa, Pessoas que que-
rem partilhar sua alegria com outras. Ansiamos redescobrir a ver-
dadeira comunidade, conhecê-la por experiência própria; fomos
feitos para ela.
Em meio a batalhas contra o câncer, as cirurgias no braço, o divór-
cio, os problemas financeiros; em meio a lutas contra homossexualida-
de, bulimia, sentimentos autodestrutivos, solidão e depressão — em
meio a tudo isso ansiamos por intimidade. Não podemos evitar. É
mais forte do que nós. Tão certo quanto as aves foram feitas para voar
e os peixes para nadar, nós fomos feitos para a comunidade, para o
tipo de comunidade que a Trindade vivencia, para a comunidade espi-
ritual. E à medida que a vivenciamos, nós mudamos, crescemos, nos
curamos.
Queremos que nossos pequenos grupos tenham um significado
maior. Queremos significar mais para as pessoas que compõem esses
grupos, e queremos que elas signifiquem mais para nós. Queremos
que as conversas com nossos filhos, pequenos ou grandes, com nosso
cônjuge, primos, colegas de esporte e amigos do clube do livro nos
VOLTANDO NOSSA ALMA PARA O OUTRO 155
Convicção Fundamental no 1:
A comunidade espiritual é obra do Espírito.
mos a ter empatia, a saber ouvir e a afirmar sem julgar, tudo isso a
fim de dar às pessoas a liberdade de serem elas mesmas, podendo
assim definir quem são e o que querem. A santidade foi expulsa do
centro e substituída pelo ajustamento saudável, pela auto-aceitação e
pelo alívio da dificuldade.
Peterson comenta: “Quando a formação espiritual se deixa domi-
nar pelas ciências comportamentais, é inevitavelmente secularizada e
individualizada com orações ocasionais que pedem ajuda na auto-rea-
lização. Narciso de joelhos”.3
Em todos os meus anos como terapeuta, acho que aprendi uma
lição mais do que qualquer outra. É a lição da paciência. Minha
falta de humildade me impediu de aprendê-la melhor, mas a reali-
dade da vida das pessoas, incluindo a minha, me forçou a esperar a
ação de Deus.
Dez sessões monótonas podem ser seguidas de um momento sobre-
natural na décima primeira, quando tudo muda. Meu paciente melho-
ra. Às vezes ocorre uma rápida e notável integração de múltiplas
personalidades depois de meses sem nenhum progresso visível. Sem o
Espírito e o Cristo que ele representa, não posso fazer nada de real valor.
Essa é uma lição que preciso aprender, se pretendo participar de uma
comunidade espiritual. É uma lição que só Deus pode me ensinar.
Quando os israelitas se preparavam para entrar em Canaã, Deus
lhes falou que expulsariam seus inimigos “pouco a pouco” (Êx 23:30).
O crescimento seria lento. Mas em outro lugar ele diz: “Assim os
desapossarás e, depressa, os farás perecer” (Dt 9:3).
A contradição desaparece quando percebemos que os inimigos a
que se referem as duas passagens são diferentes. Inimigos menores, os
jebuseus, heveus e outros, seriam conquistados devagar. Os inimigos
mais temíveis, os gigantes que fizeram tremer os espiões de pouca fé,
seriam expulsos depressa.
Mas isso introduz um novo problema. Porventura devemos de-
duzir que superaremos devagar os problemas pequenos, enquanto os
grandes não nos tomarão muito tempo? Isso só faz sentido quando
vemos o que aconteceu no momento em que Israel invadiu a terra.
O livro de Josué nos relata que Israel enfrentou primeiro o inimigo
menor, levando sete anos para expulsá-lo. Ao final dessa lenta conquis-
158 O LUGAR MAIS SEGURO DA TERRA
Convicção Fundamental no 2:
A melhor maneira de promover a santidade de outra pessoa é buscar
nossa própria santidade. Nossas escolhas individuais afetam o tipo de
influência que exercemos sobre as pessoas.
Pascal certa vez escreveu: “O menor movimento afeta toda a natu-
reza; uma pedra pode alterar todo o oceano. Do mesmo modo, no
reino da graça, a menor ação afeta tudo por causa das suas conseqüên-
cias; portanto, tudo deve ser levado em conta”.4
Os comentários de Peter Kreeft sobre esse pensamento de Pascal
conduzem a uma conclusão incômoda, que fervilha de possibilida-
des assustadoras e maravilhosas. Ele sugere que quando alguém diz
uma palavra afável a outra pessoa, “um mártir a três mil quilômetros
e trezentos anos de distância pode receber graça suficiente para supe-
rar as próprias provações por sua causa. E se você pecar mais uma vez
hoje à tarde, esse mártir pode se enfraquecer, ceder e se abater”.5
Pergunto-me se minha decisão de falar lá de dentro do Recinto
Superior com minha mulher um momento atrás poderá de algum modo
fortalecer um membro do corpo de Cristo. Diante disso, não é demais
acreditar que a decisão do meu amigo de não assistir a um filme por-
nográfico no quarto do hotel duas semanas atrás poderá ajudar sua
filha a se casar virgem.
A preparação para fazer parte de uma comunidade espiritual não
só inclui a oração da aflição — “Senhor, sem ti eu nada posso fazer” —,
mas também a entrega pessoal a desejos santos: “Senhor, desejo muito
abençoar a minha esposa, a minha filha, o meu amigo. Portanto, vou
valorizar mais a santidade do que o prazer, o alívio da dor ou a satisfa-
160 O LUGAR MAIS SEGURO DA TERRA
ção ilegítima que o pecado — como gritar com a minha esposa, por
exemplo — traz tão facilmente”.
Convicção Fundamental no 3:
Um lugar seguro para confessar nossos desejos e investigar sua origem
nos porá em contato com a nossa fome de Deus.
Jamais o salmista teve tanta consciência da sua alma do que quan-
do disse: