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Coação

Brincadeira de mau gosto


O Bullying significa atos de violência física ou psicológica, sem motivação
aparente e contra alguém em desvantagem de poder, traz consequências
desastrosas para vítimas, agressores e testemunhas e se transforma em tema de
políticas públicas em todo o mundo

Por Juliana Tavares

Quando os estudantes Eric Harris, de 18 anos, e Dylan Klebold, de 17, assassinaram, em


1999, 12 colegas de escola e um professor, deixando mais de 20 pessoas feridas e se
suicidando em seguida, foi como se um véu fosse tirado do rosto da população mundial,
indignada com o ato gratuito de violência. A cena, de guerra, chocou milhões de
pessoas que, em suas vidas rotineiras, atribuiriam o ato a figuras marginais,
possivelmente de origem humilde, moradores da periferia de um país subdesenvolvido.
Nunca, sob hipótese alguma, imaginariam, em seus piores pesadelos, tratar-se de um
acontecimento em uma das escolas de maior destaque dos Estados Unidos, a Columbine
High School. O que teria motivado aqueles dois adolescentes a agir com tamanha
hostilidade?

O episódio, até hoje, não foi totalmente esclarecido. Desconfia-se que Harris e Klebold
teriam tomado tal atitude como forma de se vingar dos colegas pela exclusão escolar
que ambos teriam sofrido durante muito tempo. No entanto, o acontecimento gerou uma
série de discussões sobre maus-tratos aos adolescentes nas escolas, entre eles o
Bullying. E Columbine se transformou em referência quando o assunto é violência
escolar.

No Brasil, casos semelhantes ao da escola norte-americana já foram retratados pela


mídia e chamaram a atenção das autoridades para o problema. Um exemplo aconteceu
em 2003, quando o estudante Edmar Aparecido Freitas, de 18 anos, invadiu o colégio
onde estudava, no interior de São Paulo e, armado, atirou em nove pessoas e depois se
matou. O motivo para tal ato foi que Edmar era gordinho durante a infância e boa parte
da adolescência e, por isso, tornou-se alvo de chacotas por parte dos colegas. Mesmo
quando conseguiu emagrecer, os outros alunos não o deixaram em paz - o que teria sido
o suficiente para deflagrar a tragédia.

"É possível classificar como Bullying agressões verbais e físicas, assédios,


ações desrespeitosas, realizadas de maneira recorrente e intencional"

Sem nenhum termo correspondente em português, o Bullying é uma palavra inglesa


utilizada para descrever atos de violência física ou psicológica provocados pelo Bully
(valentão) contra alguém em desvantagem de poder, sem qualquer motivação aparente.
O fenômeno, evidentemente, não é novo. Mas só virou tema de estudo no início dos
anos 1980, quando o professor Dan
Olweus, da Universidade de Bergen
(Noruega), iniciou investigações
sobre o problema dos agressores e
suas vítimas nas escolas. O genocídio
em Columbine foi o divisor de águas
que trouxe o debate para a mídia e
para outras esferas sociais.

É possível enquadrar como Bullying


desde agressões (verbais e físicas),
assédios até outras ações Especialistas apontam o Bullying como a forma
desrespeitosas realizadas de maneira mais frequente de abuso psicológico praticado
recorrente e intencional por parte dos em diversos ambientes como escolas, locais de
agressores, seja por uma questão trabalho e até dentro da própria família, entre
circunstancial ou por uma irmãos, por exemplo
desigualdade subjetiva de poder. Já é
apontado pelos especialistas em violência como uma das formas de abuso que mais
cresce no mundo, uma vez que pode acontecer em qualquer contexto social, como
escolas, universidades, famílias, entre vizinhos e em locais de trabalho. "O Bullying é
um fenômeno complexo e de difícil identificação.

Por isso, é importante que os diversos profissionais tenham pleno entendimento de sua
existência e seu funcionamento para que não haja equívocos nos encaminhamentos,
atendimentos e procedimentos aos envolvidos", explica Cléo Fante, pedagoga pioneira
no estudo do tema no Brasil e autora de Bullying Escolar (Artmed).

"No entanto, por ser um tema de extrema relevância social, que conquista cada vez mais
visibilidade nos debates públicos, vários equívocos vem ocorrendo em relação à
aplicabilidade do termo. É por essa razão que, entre os estudiosos brasileiros,
convencionou-se empregá-lo somente quando ocorre na relação entre estudantes, seja
no ambiente escolar ou virtual."

O motivo de restringir o Bullying ao ambiente escolar, segundo Cléo Fante, é que a


escola teria a chave para o sucesso das ações de prevenção e controle do fenômeno.
"Além disso, seu poder propagador de envolver crianças em tenra idade traz
consequências graves de aspectos físicos e emocionais à vítima, ao agressor e às
testemunhas, o que precisa ser combatido de maneira rápida e eficaz", diz. Não é difícil
entender o porquê.

Programa de intervenção

Os primeiros resultados sobre o diagnóstico do Bullying de que se tem notícia foi registrado pelo professor
norueguês Dan Olweus, em 1989. Numa pesquisa feita com cerca de 84 mil estudantes, 300 a 400
professores e mil pais verificou-se que 1 em cada 7 alunos estava envolvido nesta prática.

Com a publicação de seu livro Bullying at School, em 1993, Olweus apresentou ao mundo os resultados de
seu trabalho de pesquisa, além de sugerir projetos de intervenção e uma relação de sinais ou sintomas que
poderiam ajudar a identificar possíveis agressores e vítimas. Essa obra deu origem a uma campanha
nacional anti-bullying, que contou com o apoio do governo norueguês e que ajudou a reduzir em cerca de
50% os casos de Bullying nas escolas locais.

Além de desenvolver regras claras contra o Bullying, o programa de intervenção proposto por Olweus tinha
como características principais alcançar um envolvimento ativo por parte de professores e pais, aumentar a
conscientização do problema, eliminando alguns mitos sobre o tema e provendo apoio psicológico e
proteção para as vítimas. Sua repercussão em outros países, como o Reino Unido, Canadá e Portugal,
incentivou essas nações a desenvolverem as suas próprias ações.

Perfil dos envolvidos

Cada caso deve ser considerado isoladamente e rotular os envolvidos pode significar a
simplificação de uma questão que deve ser avaliada com cautela e carinho. No entanto,
os especialistas apontam algumas características padrão no perfil dos agentes
participantes dos casos de Bullying.

Os autores, frequentemente, são indivíduos que pertencem a famílias desestruturadas,


com pouco relacionamento afetivo e cujos pais exercem uma supervisão pobre sobre
eles, oferecendo o comportamento agressivo ou explosivo como modelo na solução de
conflitos - o que, em tese, aumenta a probabilidade desses jovens de se tornarem adultos
com comportamentos antissociais e/ou violentos.

Os alvos, por sua vez, não dispõem de recursos, status ou habilidade para reagir ou fazer
cessar os atos danosos contra si. Geralmente têm poucos amigos, são passivos, quietos e
não se opõem, efetivamente, aos atos de agressividade sofridos.

Exemplo europeu

Em Portugal, três psicólogos de diferentes instituições realizaram o estudo


Bullying Agressividade em Meio Escolar, que concluiu que há pouquíssimos
casos de comportamentos agressivos sobre jovens específicos no país. Nos
1410 alunos do primeiro ciclo de
escolaridade das escolas
analisadas, menos de 20 eram
bullies (que agridem
psicologicamente e fisicamente
os seus pares), ou seja, cerca de
1,4 por cento.

Já as testemunhas, representadas pela


grande maioria dos alunos, convivem
com a violência e se calam em razão
do temor de se tornarem as "próximas
vítimas". "Embora muito debatido, o
Convencionou-se usar o termo Bullying
Bullying ainda não é totalmente
somente em meio escolar devido a sua má
compreendido pelos pais e
empregabilidade em casos distintos
professores que chegam a pensar que
algumas agressões são brincadeiras 'típicas da idade", necessárias para o
amadurecimento dos filhos e dos alunos", afirma o pediatra, especialista sobre o assunto
e editor do site Observatório da Infância, Lauro Monteiro Filho. "No entanto, o Bullying
na escola é muito mais comum do que pensam professores e pais. É preciso alertálos
sobre os riscos de um ambiente em que a prática é frequente."

Identificar os alunos que são vítimas, agressores ou testemunhas é de extrema


importância para que as escolas e as famílias dos envolvidos possam elaborar estratégias
e traçar ações efetivas contra o fenômeno. De acordo com a psiquiatra Ana Beatriz
Barbosa Silva, autora do livro Mente perigosa nas escolas: Bullying (Fontanar), ao
contrário do que se pode imaginar, o impacto desta prática é negativa não apenas para
quem é vítima. Agressores e testemunhas também sofrem. "Cada personagem da trama
apresenta um comportamento típico, tanto na escola como em seus lares", informa. E
destaca as principais mudanças de atitude:

"Os agressores apresentam, habitualmente, atitudes hostis, desafiadoras e agressivas,


inclusive em ambiente doméstico"

Sintomas psicóticos

Recentemente, investigadores da Universidade de Warwick revelaram mais um agravante do Bullying. A descoberta


aponta que crianças que sofrem de maus-tratos físicos ou emocionais por parte dos colegas duplicam as chances de
desenvolver sintomas psicóticos na primeira adolescência, quando comparados a crianças que não sofreram tais
agressões. Contudo, os dados explicam que se essa experiência de Bullying se prolongar ao longo dos anos, esse
risco aumenta para até quatro vezes.

Os sintomas psicóticos são variados, incluem alucinações, delírios - como acreditar que está sendo observado - ou
percepções fora do normal - como crer que os seus pensamentos estão sendo verbalizados e ouvidos pelos outros. Os
cientistas explicam que as vítimas podem sofrer efeitos sérios que levam a alteração da percepção do mundo. Isto
indicaria que os relacionamentos sociais perturbados com colegas é um fator de risco importante no desenvolvimento
destes sintomas de psicose na adolescência e pode aumentar o risco de desenvolver no indivíduo adulto.

As crianças que integraram o estudo, divulgado pelo Science Daily, foram submetidas a entrevistas presenciais, a
partir dos sete anos e meio, bem como a testes físicos e psicológicos. Os pais também participaram, respondendo a
questionários sobre a saúde, o desenvolvimento e o comportamento dos seus filhos. Quando chegaram aos 13 anos,
foram entrevistados sobre as experiências de sintomas psicóticos nos seis meses anteriores.

No ambiente escolar, as vítimas ficam isoladas do grupo ou próximo de adultos que


podem protegê-la. Na sala de aula, a sua postura é retraída e geralmente têm
dificuldades de se expor e fazer perguntas, por exemplo. Apresentam faltas frequentes,
mostram-se comumente tristes, deprimidas ou aflitas. Nos jogos ou atividades em
grupos, sempre são as últimas a serem escolhidas e, aos poucos, vão se desinteressando
das tarefas escolares. Em casa, queixam-se de dores de cabeça, enjoo, dor de estômago,
tonturas, vômitos, perda de apetite, insônia. "Os sintomas tendem a ser mais intensos no
período que antecede o horário de entrarem na escola", diz a médica. "Além disso, o
estresse vivenciado pelas vítimas de Bullying ocasiona baixa imunidade fisiológica,
debilitando o organismo como um todo."

As vítimas também apresentam mudanças intensas de estado de humor, podendo


apresentar explosões repentinas de irritação ou raiva. Outro sinal que pode significar
que a criança está sendo vítima de Bullying é passar a gastar mais do que o habitual
com presentinhos para os colegas. "Essa é uma tentativa de agradar os amigos por meio
de favores materiais para evitar as perseguições", explica a psiquiatra.

Os agressores, segundo a psiquiatra, estão sempre se envolvendo, de forma direta ou


velada, em desentendimentos e discussões entre alunos, ou entre alunos e professores.
Apresentam, habitualmente, atitudes hostis, desafiadoras e agressivas, inclusive no
ambiente doméstico. As testemunhas, por sua vez, costumam não apresentar sinais
explícitos que denunciem a situação que estão vivendo. Tendem a se manter calados
sobre o que sabem ou presenciam. Flavia (nome fictício), 36 anos, é um caso típico de
como o Bullying pode prejudicar uma pessoa, mesmo anos depois de ter acontecido. Por
ter uma irmã excepcional, desde muito cedo teve de lidar com o preconceito. "Nunca fui
destratada diretamente, mas ouvia comentários sobre a minha irmã, frequentemente
pelas costas", recorda. "Evidentemente, apesar da minha indignação e revolta, eu não
sabia como reagir àquilo e permanecia calada."

Estudiosos alertam para o cuidado com os


rótulos de comportamento e perfil, mas algumas
características são consideradas como padrão
nos agentes participantes do Bullying. em
muitas situações, os agressores são jovens
criados em famílias desestruturadas e com
pouco diálogo.

Adulta, Flavia se deparou com uma série de


problemas: desorganização, crises financeiras,
sentimentos negativos. Incomodada, decidiu procurar
por ajuda profissional. "Na terapia, descobri que tudo
estava relacionado àquela situação de Bullying: sem
coragem para reagir às críticas à minha irmã,
desenvolvi uma baixa autoestima que me sabotava
em quase todas as áreas da minha vida", revela.
Uma extensão da prática
Segundo a psicoterapeuta Fabiana Carvalhal, do violenta é reproduzida também
Instituto ConheSer, a baixo auto-estima é apenas um no meio virtual por meio de e-
dos danos psicológicos que acomete quem sofreu ou mails e sites de relacionamento.
presenciou o Bullying. É o chamado Cyberbullying

"Ao contrário do que se supõe, os danos não são comuns apenas em quem está passando
pelo problema. Geralmente, os pacientes chegam ao consultório para tratar de algum
transtorno decorrente do Bullying, como fobia social, transtorno de ansiedade,
transtorno obsessivo compulsivo e transtorno do pânico, sentimentos negativos,
problemas de relacionamento e até mesmo agressividade, ansiedade, dificuldades de
relacionamento interpessoal, dificuldade de concentração, mudanças de humor súbitas,
choro, insônias, medo do escuro, ataques de pânico sem motivo, sensação de aperto no
coração, automutilação, estresse e tentativa de suicídio. No decorrer do processo
percebemos que a causa foi ou é o Bullying", diz.

De acordo com Fabiana, o tratamento, em geral, é feito com psicoterapia. "Mas, em


casos mais graves, há a necessidade de encaminhamento e análise de um médico
psiquiatria para prescrição de medicamentos", informa.

Um estudo feito com 6437 crianças desde o nascimento até aos 13 anos, realizado pela
Universidade de Warwick, no Reino Unido, também revelou que as vítimas podem
sofrer efeitos sérios que levam a alteração da percepção do mundo, como alucinações,
delírios ou pensamentos bizarros.

Mais grave do que parece

Uma pesquisa realizada pela Plan Brasil, em 2009, e divulgada em abril deste ano,
pretendeu conhecer as situações de violência entre estudantes e Bullying nas escolas
brasileiras. Ao todo, foram selecionadas cinco escolas de cada região do país, das quais
20 eram públicas municipais e 5 eram particulares. Participaram do estudo 5.168 alunos
de 11 a 15 anos, além de pais e responsáveis, técnicos, professores ou gestores de
escolas pesquisadas. Segundo o assessor de pesquisa e avaliação da Plan Brasil,
Tarcísio Silva, os dados revelaram que 70% da amostra de estudantes responderam ter
presenciado cenas de agressões entre colegas, enquanto 30% deles declararam ter
vivenciado ao menos uma situação violenta no mesmo período. "A pesquisa mostrou,
ainda, que o Bullying é mais comum nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do país e que a
incidência maior está entre os adolescentes alocados na sexta série do ensino
fundamental", afirma.

Embora, durante as entrevistas, os participantes tenham tido dificuldade em explicitar os


motivos que os levam a sofrer ou a praticar agressões, os estudantes tendem a
considerar que os agressores buscam obter popularidade junto aos colegas. "Boa parte
das crianças que afirmaram praticar o Bullying, disse fazer isso como forma de
afirmação social, tendo esse "status" reconhecido na medida em que seus atos são
observados e, de certa forma, consentidos pela omissão e falta de reação dos atores
envolvidos", garante Tarcísio Silva. "Já as vítimas são sempre descritas pelos
respondentes como pessoas que apresentam alguma diferença em relação aos demais
colegas, como um traço físico marcante, algum tipo de necessidade especial, o uso de
vestimentas consideradas diferentes, a posse de objetos ou o consumo de bens
indicativos de status socioeconômico superior ao dos demais alunos, o que faz com que
os agressores as considerem merecedoras das agressões dado seu comportamento frágil
e inibido."

"O estresse vivenciado pelas vítimas de Bullying ocasiona baixa imunidade


fisiológica, debilitando todo o organismo"

O mais interessante da pesquisa, segundo o assessor da Plan Brasil, é que os próprios


alunos ressaltaram que os prejuízos sobre o processo de aprendizagem atingem tanto
vítimas quanto agressores - que dizem perder a concentração porque dedicam o tempo
para pensar no que vai fazer à vítima.

A pesquisa também apontou a Internet como local de prática de Bullying - o


Cyberbullying. Os dados revelaram que 16,8% dos respondentes são vítimas, 17,7% são
praticantes e apenas 3,5% são vítimas e praticantes ao mesmo tempo.
"Independentemente da idade das vítimas, o envio de e-mails maldosos é o tipo de
agressão mais frequente, seguido da invasão de e-mails pessoais para se passar pela
vítima", pontua Tarcísio Silva. "Houve relatos de crianças de 10 anos invadindo e-mails
pessoais, se fazendo passar pela vítima, para poder difamá-la."

Políticas públicas

A seriedade do tema promoveu a criação de políticas públicas anti-bullying por alguns municípios do
Brasil. Em março, a Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou, por unanimidade, o projeto que tem como
objetivo combater este fenômeno.

De acordo com a proposta, ficou definido como Bullying as ameaças e agressões físicas como bater, socar,
chutar, agarrar, empurrar, submeter o outro por força à condição humilhante; furto, roubo, vandalismo e
destruição proposital de bens alheios; extorsão e obtenção forçada de favores sexuais; insultos ou atribuição
de apelidos vergonhosos ou humilhantes; comentários racistas, homofóbicos ou intolerantes quanto às
diferenças econômico-sociais, físicas, culturais, políticas, morais e religiosas. Também estão listados como
Bullying a exclusão ou isolamento proposital do outro, pela fofoca e disseminação de boatos ou de
informações que deponham contra a honra e a boa imagem das pessoas; e envio de mensagens, fotos ou
vídeos por meio de computador, celular ou assemelhado, bem como sua postagem em blogs ou sites cujo
conteúdo resulte em sofrimento psicológico a alguém.

O projeto pretende disseminar conhecimento sobre esse fenômeno nos meios de comunicação e nas escolas,
entre os responsáveis legais pelas crianças e adolescentes nelas matriculados; identificar concretamente, em
cada instituição, a incidência e a natureza das práticas de Bullying e desenvolver planos locais para a
prevenção e o combate às práticas violentas nas escolas, oferecendo às vítimas e familiares apoio técnico e
psicológico, de modo a garantir a recuperação da autoestima das vítimas e a minimização dos eventuais
prejuízos em seu desenvolvimento escolar.

Outros estados já mostram interesse de seguir o exemplo gaúcho. É o caso do Espírito Santo, cuja
Assembleia Legislativa rejeitou, recentemente, o parecer da Comissão de Justiça que vetava o projeto anti-
bullying nas escolas públicas e privadas do Estado. Um substitutivo do projeto prevê a inclusão de medidas
no projeto pedagógico, das escolas públicas e privadas, de educação fundamental para a conscientização,
prevenção, diagnóstico e combate ao Bullying.

Medidas insuficientes

De acordo com Tarcísio Silva, a pesquisa revelou que a gestão escolar e as


competências dos docentes e técnicos do sistema de ensino não contemplam
procedimentos de prevenção, controle e correção da violência que se manifesta em seu
ambiente e nos arredores, tendo como protagonistas seus próprios alunos. "Mais do que
uma omissão, ou carência de capacitação e de instrumentos apropriados, parece existir
uma tendência a considerar que este tipo de problema e sua solução não fazem parte da
natureza ou da missão de uma instituição de ensino", explica. "Os procedimentos
adotados pelas escolas são as tradicionais formas de coação ao aluno, como a suspensão
(culpabilização do aluno) e a conversa com pais (culpabilização da família), medidas
claramente insuficientes para a abordagem do fenômeno.

Projeto de Lei

Os vereadores da cidade de Sumaré, em São Paulo, aprovaram por


unanimidade, em segunda votação, o projeto de lei que pretende combater
o Bullying nas escolas da cidade. A proposta designa que professores e
equipe pedagógica serão treinados para a prática de conscientização,
prevenção e combate ao problema. A medida prevê a capacitação dos
professores por meio de cursos, palestras, debates, além de orientação de
pais e alunos com a ajuda de cartilhas e seminários"Os procedimentos
adotados pelas escolas são as tradicionais ineficientes formas de coação ao
aluno, como a suspensão e a conversa com os pais"
A alienação e a falta de instrução de pais, docentes e direção de instituições
de ensino a respeito do Bullying, agravam cada vez mais o quadro deste
fenômeno que cresce no mundo

Já o discurso de pais e familiares evidenciou que a responsabilização pela emergência


de fatores desencadeadores da violência entre os estudantes é mutuamente atribuída. De
um lado, as famílias são acusadas de não assumirem a socialização adequada das
crianças, e de outro, os profissionais das escolas são acusados de desinteresse,
incompetência, alienação em relação às necessidades e aos problemas dos alunos."

Agir contra a violência;


Valorizar o respeito.Ações para diminuir o Bullying nas escolas

De acordo com o pedagogo William Sanches, algumas atitudes podem mitigar o fenômeno nas escolas. Segundo ele,
resgatar os jovens excluídos e promover neles o sentimento de pertencer à comunidade pode ser incentivado pelos
educadores através de discussões, oficinas e projetos de integração como forma de trazer pais e filhos para dentro do
ambiente escolar. Além de integrar escola e família, essas ações podem ajudar a criança a:

Superar a invisibilidade e recuperar a identidade social;

Valorizar as vivências sociais;


Trabalhar contra os estigmas;
Evidentemente, não existem soluções simples para se combater o Bullying. Mas, criar
procedimentos preventivos e formas de reação ágeis para evitar a ocorrência de
situações de Bullying e quaisquer outras manifestações de violência entre estudantes
parece ser a maneira mais eficaz de evitar que um acontecimento isolado se transforme
numa prática recorrente.

O pediatra Aramis Antonio Lopes Neto, presidente do departamento científico de


segurança da criança e do adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria, avisa que as
normas dentro da escola devem ser claras, objetivas, aplicadas com rigor e
transparência. "Mas, principalmente, é preciso envolver todos os agentes da escola: de
alunos e funcionários a pais e comunidade, como forma de assegurar a legitimidade da
aplicação do programa de prevenção", finaliza.
Fonte:

Edição nº 58
http://portalcienciaevida.uol.com.br/esps/edicoes/58/artigo187584-5.asp.

Acesso em 20/10/2010.

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