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Resumo
O artigo tem como temática central as propostas contemporâneas para o ensino de arte. O
estudo de caráter qualitativo articula teoricamente as questões referentes ao ensino de arte na
atualidade ao procurar entender as mudanças na pós-modernidade com as novas perspectivas
e abordagens metodológicas do ensino da arte. O texto inicialmente caracteriza o pensamento
pós-moderno como movimento cultural e estético que influencia o pensamento e a prática
sobre o ensino da arte na atualidade, a partir de outra forma de pensar: o fenômeno estético, a
relação espaço e tempo, as identidades e as formas de representação das subjetividades dentro
dos movimentos da arte. Aborda três propostas atuais para o ensino de arte: a Estética do
cotidiano fundamentada por Richter (2008, 1999), na perspectiva da interculturalidade com
foco nas experiências cotidianas; o estudo da Cultura Visual, fundamentado por Hérnandez
(2007), como proposta de abordagem no ensino da arte com foco na análise crítica da
visualidade contemporânea; e a A/r/tografia fundamentada por Irwin (2013), Dias (2013),
Tourinho (2013a, 2013b) como metodologia prática centrada no fazer artístico para o ensino
de arte. A construção do texto centra-se no objetivo de evidenciar como o movimento pós-
moderno tem marcado estas propostas. Entre os princípios centrais destas novas formas de
ensino de arte visualiza-se a busca por práticas que evidenciem conteúdos e conhecimentos
mais significativos para o contexto escolar. Práticas de ensinar e aprender sentidos,
significados e saberes de arte que valorizam a diversidade e a experiência individual e
coletiva, minimizando a distância entre arte e vida.
Introdução
Os anos oitenta e noventa são marcados por uma nova forma de conceber o ensino de
arte no Brasil.O ensino de arte baseado na livre-expressão, instaurado em um período
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Mestre em Educação: Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. Professora de Artes do Instituto Federal
catarinense – Câmpus Camboriú. E-mail: andreiabazzo@yahoo.com.br.
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Mestrando em Educação: Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. Professor de Artes do Instituto Federal
Catarinense – Câmpus Luzerna. E-mail: ismirnov_arte@hotmail.com.
ISSN 2176-1396
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Segundo Maria Cristina Rosa (2005, p. 39) “alguns intelectuais marcam este momento como um momento pós-
moderno, outros preferem usar o termo contemporaneidade e outros ainda atualidade”. Aqui, optaremos pelo
primeiro termo para nos referirmos às mudanças gerais nas práticas do ensino de arte, reservando o termo
atualidade ou atuais para nos referirmos especificamente às abordagens e metodologias para o ensino de arte.
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O Brasil sendo um país com uma identidade plural artística e cultural é o cenário que
justifica a proposta de Ivone Richter (2008) de abordagem intercultural e com foco na
percepção da estética do cotidiano como provocação para o estudo da arte.
Nesta perspectiva o olhar voltado para tramas e referências cotidianas indica uma
abordagem voltada para quem se ensina, na tentativa de aproximar a arte dos sujeitos com a
proposta de perceberem-se produtores de arte e plateia de arte. Ao aproximar a arte desses
sujeitos o ensino deve ampliar o repertório artístico e cultural dos estudantes. Neste sentido
promove a igualdade e o acesso a cultura como:
[...] analisar, interpretar, avaliar e criar a partir da relação entre os saberes que
circulam pelos “textos” orais, auditivos, visuais, escritos, corporais e, especialmente,
pelos vinculados às imagens que saturam as representações tecnologizadas nas
sociedades contemporâneas. (HERNÁNDEZ, 2007, p. 24).
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O termo em espanhol IBA (Investigación Baseada em las Artes), tem seu equivalente em português em PBA
(Pesquisa Baseada nas Artes), e ABR (Arts-basead Research), em inglês. Para Hernández (2013, p. 40-41) os
pressupostos desta metodologia tem origem “por um lado, a partir de uma instância epistemológica-
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Eisner, nos anos 1970 na Stanford University, nos Estados Unidos, ao utilizar a arte como
elemento base para suas pesquisas, abrindo espaço para a discussão sobre a utilização da arte
como metodologia de pesquisa, e não apenas como objeto de estudo.
A possibilidade da IBA/PBA ser aplicada a qualquer disciplina e em conjunto com
outras formas de pesquisa, fez-se reconhecer a contribuição dessa metodologia no campo da
educação, constituindo o que se denomina PEBA. Pesquisa Educacional Baseada em Arte
(PEBA) “[...] é uma ampliação que reconhece a contribuição específica das PBAs para a
educação”. (SINNER et al., 2013, p.102). A diferença considerável é que a PBA não tem
intenção de influenciar assuntos educacionais enquanto a PEBA sim. Relacionado à PEBA
encontra-se a Pesquisa Baseada na Prática (PBP), e é especificamente aqui que a a/r/tografia
se encontra localizada, e se constitui como uma metodologia baseada na prática para pesquisa
e ensino.
É na Faculdade de Educação da University of British Columbia (UBC), em
Vancouver, no Canadá, por meio do monitoramento de dissertações e teses, entre 1994 e
2009, que se tem apontado os principais conceitos e características da a/r/tografia
constituindo-a como uma prática de Pesquisa Educacional Baseada em Arte e uma Pedagogia.
(OLIVEIRA, 2013; DIAS, 2013, SINNER et al., 2013).
Em língua portuguesa, esta discussão tem chegado principalmente por intermédio, do
professor Belidson Dias, da Universidade de Brasília, e da professora Rita Irwin da University
of British Columbia, além de outros pesquisadores de universidades brasileiras e estrangeiras
como: Fernando Hernández (2008, 2013); Irene Tourinho (2013a; 2013b); Marilda Oliveira
de Oliveira (2013) e Adriana Aguiar (2013).
A a/r/tografia como uma metodologia prática centra-se na prática do fazer artístico. O
foco de aprendizagem na produção artística, evidencia-se como primeiro aspecto quanto a
aplicabilidade desta metodologia no ensino e mais especificamente, no ensino de arte.
Diferentemente das perspectivas epistemológicas que consideram a origem do
conhecimento e da existência no Ser individual, a /ar/tografia compartilha da perspectiva de
“que a existência individual e o conhecimento são contingências de inter-relações com
outros” (TOURINHO, 2013b, p. 236). Isso indica o aspecto coletivo e social desta
metodologia, por meio das comunidades de a/r/tógrafos. Em A/r/tografia como forma de
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
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