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PRE
O termo DROGA origina-se do holandês antigo “DROOG” (folha seca),
porque antigamente quase todos os MEDICAMENTOS eram feitos à base de
vegetais.

A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE considera “DROGA” qualquer


entidade (substância) química ou mistura de entidades, que alteram a função
biológica e possivelmente a sua estrutura. Qualquer substância capaz de
modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças
fisiológicas ou de comportamento (mas outras que não àquelas necessárias
para a manutenção da saúde, como por exemplo água e oxigênio) (OMS,
1981).

Na língua portuguesa (mais no Brasil) significa, no sentido figurado:


“coisa de pouco valor; coisa enfadonha; desagradável” (Novo Dicionário
Aurélio 1986); “gíria: coisa ruim, imprestável; interjeição: exclamação que
exprime frustração no que se está fazendo”.

São aquelas que “agem no Sistema Nervoso Central (SNC) produzindo


alterações de comportamento, humor e cognição, possuindo grande
propriedade reforçadora sendo, portanto, passíveis de auto-administração”
(uso não sancionado pela medicina). Em outras palavras, estas drogas levam
à dependência (OMS, 1981).
PSICO vem de psique = mente; TRÓPICO vem de tropismo = ação de
aproximar.
Isso já informa que a sua ação dá- se no cérebro.
Das várias classificações existentes dos psicotrópicos, adota-se a do
pesquisador francês Chaloult, por ser simples e prática. Chaloult dividiu o
que ele denominava de “Drogas Toxicomanogenas” (indutoras de
Toxicomanias) em 3 grandes grupos:
Estimulantes da Atividade do Sistema Nervoso Central,
1
Perturbadores da Atividade do Sistema Nervoso Central,
Depressores da Atividade do Sistema Nervoso Central.
A ação de cada psicotrópico depende de: tipo de droga (estimulante,
depressora ou perturbadora), via de administração, quantidade da droga,
tempo e freqüência de uso, qualidade da droga, absorção, eliminação, uso
com outras drogas.

São aquelas que tem a


sua produção e seu consumo
permitidos por lei, sendo
“liberadas” para
comercialização. Observa-se
aqui que o fato de serem
“liberadas” não significa que
não tenham algum tipo de
controle governamental bem
como não provoquem algum
dano à saúde.

São aquelas
que tem a sua
produção,
comercialização e
consumo
proibidos por lei.

2
As provas mais antigas do conhecimento do ópio remontam às
plaquinhas de escrever dos Sumerianos, que viveram na baixa Mesopotâmia
(hoje o Iraque/Irã) há cerca de 7000 anos.
O conhecimento de suas propriedades medicinais chega depois à
Pérsia e ao Egito por intermédio dos Babilônios. Os gregos e os árabes
também empregavam o ópio para fins médicos.
O primeiro caso conhecido de cultivo da papoula, na Índia, data do
século XI, no tempo do império Mongol (século XVI), a produção e o
consumo de ópio nesse pais já eram fatos normais.

O relato mais antigo que se tem sobre o álcool consta da passagem da


Bíblia , onde Noé ficou nu perante seus filhos depois de tomar certa
quantidade de BEBIDA INEBRIANTE (GÊNESIS 9-20,21).
Na Antigüidade, o álcool ou mais comumente o vinho, era conhecido
como a dádiva de todos os deuses, sendo BACO o deus do Vinho.

500 anos a.C., o povo Cita (habitante do Rio Danúbio/Volga - Europa


Oriental), queimava a maconha (cânhamo) em pedras aquecidas e inalava os
vapores dentro de suas barracas ou tendas.

Aproximadamente no ano de 1.500, o CACTUS PEYOTE era utilizado


em cerimônias religiosas (no descobrimento da América).
Na mesma época, os espanhóis utilizavam as drogas alucinógenas
como uma forma de auto-castigo, pois para este povo DROGA significa
“DEMÔNIOS”.

O ópio (morfina/anestésico) incentivado na guerra civil americana


(1776) era utilizado para fornecer alívio à dolorosa vida dos soldados.

Em 1890, iniciou-se a livre comercialização de vinho, elaborado com


extratos de coca e xaropes, com as mesmas composições. Em 1914, deu-se a
proibição da livre negociação, com isto iniciou-se o Mercado Negro-ilícito (O
EUA faturou cerca de 100 a 200 bilhões de dólares).
Por volta de 1920, os EUA instauraram a “LEI SECA” - Proibição do
comércio de álcool - lei esta que prorrogou-se por 13 anos.

Durante a 2ª Grande Guerra, receitas de anfetaminas (estimulantes)


eram utilizadas para combater a fadiga.
Barbitúricos/Hipnóticos (Ex: Gardenal) teve seu auge em 1950:“VIVA
MELHOR COM A QUÍMICA” (Lema utilizado pelos laboratórios).
3
1960, foi o auge do LSD (a era dos ácidos), muitos psiquiatras
receitavam impiedosamente o consumo deste tipo de droga.
Em 1970, a proliferação da cocaína e seus derivados, entre eles o
“crack”, e mais recentemente aparecendo o ecstasy, mais popular entre as
classes média e alta.

O SNC – SISTEMA NERVOSO CENTRAL- é a parte que fica dentro da


caixa craniana, sendo o cérebro o principal órgão deste sistema.
Assim, os ESTIMULANTES DA ATIVIDADE DO SISTEMA NERVOSO
CENTRAL referem-se ao grupo de substâncias que AUMENTAM a atividade do
cérebro. Ou seja, ESTIMULAM o seu funcionamento, fazendo com que a
pessoa fique mais “ligada”, “elétrica”, sem sono. Este grupo de substâncias é
também chamado de PSICOANALÉPTICOS, NOANALÉPTICOS,
TIMOLÉPTICOS.

As substâncias que compõem o grupo de ESTIMULANTES DO SNC são:

[1] Nicotina
[2] Cafeína
[3] Anfetamina
[4] Cocaína

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[1] NICOTINA (TABACO) - ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS

Planta originária do continente americano, o tabaco já era fumado


pelos índios desde antes da chegada dos colonizadores europeus. Esse
hábito, como os demais de mascá-lo ou aspirá-lo, foi sendo adquirido
também pelos viajantes europeus que vinham à América.
Foi, somente em 1560, que o uso do tabaco veio a tomar grande
impulso na Europa, a partir da propaganda de Jean Nicot - diplomata francês
cujo nome originou a palavra NICOTINA - de que ela possuía “maravilhosos
poderes curativos”. Foi Nicot que introduziu o seu uso na França.
Com o passar do tempo, o hábito de fumar tabaco havia se propagado
e, no século XVII, já era um vício generalizado em toda Europa, alcançando
também a África e Ásia.
O tabaco perde, contudo, sua auréola de “remédio para todos os
males”, restringindo seu uso à população de baixa renda. Mas aos poucos vai
ganhando o gosto da nobreza e da burguesia e, por fim, no início do século
XVIII, é um dos maiores valores de comércio internacional. O cachimbo no
século XVII, o rapé e o hábito de mascar no século XVIII, assim como o
charuto no século XIX, foram formas muito comuns do uso do tabaco nas
respectivas épocas. Mas a grande “democratização” do consumo de tabaco
veio a acontecer no século XX, com a expansão do hábito de fumar cigarro.
Originário dos “papeletes” ou “papelitos” espanhóis do século XVII e do
“cigarette” francês do século XIX, o cigarro se popularizou de forma
impressionante no século XX, sobretudo depois da Primeira Guerra Mundial.
Apesar de existirem vozes se opondo ao uso do tabaco, este sofreu uma
expansão constante e crescente. Somente na década de 60, com a revelação
dos cientistas de que o cigarro provoca câncer no pulmão e outros males, é
que se deu início a uma campanha contra seu uso. Certos grupos tomam
esta campanha como uma verdadeira “cruzada”.

NICOTINA - EFEITOS FÍSICOS E PSÍQUICOS

Consumida por via oral ou nasal, a nicotina, componente do tabaco, é


considerada uma droga estimulante. Não possui nenhum efeito terapêutico,
provocando dependência física e psíquica. Provoca tolerância, ou seja, o
organismo adapta-se a sua presença através de um processo biológico, e
sujeita a síndromes de abstinência os indivíduos que param de fumar de
uma maneira brusca.
Entre as 4 mil substâncias existentes na fumaça do tabaco, a nicotina
é a responsável pela dependência física, caracterizada por sintomas de
irritabilidade, palpitação, tontura, ansiedade e fadiga.
* Aumento da pressão arterial, diminuição do fluxo sangüíneo para a
pele, diminuindo a
temperatura;
* Faringites, bronquites, falta de apetite;
* Perturbações da visão;
* Diversos tipos de câncer;
* Doenças cardiovasculares, angina, infarto.

[1] Nicotina [3] Anfetamina


[2] Cafeína [4] Cocaína

5
[2] CAFEÍNA - ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS

A forma pura da cafeína foi extraída das plantas em 1820, mas,


atualmente, pode ser produzida em laboratório. Em nosso dia-a-dia a
encontramos em pequenas quantidades por meio do café, do chá preto, chá
mate, guaraná, coca-cola ou da noz de cola.

CAFÉ
Infusão feita das sementes do cafeeiro, o café é a bebida que contém
cafeína mais consumida no mundo.
O cafeeiro é originário da Etiópia, tendo chegado à Arábia no século
XIII e à Turquia no século XVI. Mas é somente com sua chegada à Itália, no
princípio do século XVII, que se dá sua grande expansão, pois começaram a
surgir, desde então, casas de café por toda Europa, servindo de local de
encontro e discussões sérias. Na segunda metade do século XVII, o café
chegou à América.
Antes de ser consumido da maneira que conhecemos, o café, há cerca
de 700 anos, foi uma comida, depois vinho e também remédio.
No século XVII, em vários condados da Alemanha e na Rússia Czarista,
consumidores de café foram condenados à morte.
Tendo se popularizado com sua chegada à Europa, foram os Estados
Unidos, após sua independência, que se tornaram o principal consumidor
mundial, respondendo hoje pelo consumo de cerca de 1/3 (um terço) do café
cultivado no mundo. O Brasil entra, por sua vez, na estatística do café com
o primeiro lugar entre os produtores, vindo acompanhado da Colômbia,
detentora do segundo.
Atualmente é também cultivado em Java, Sumatra, Índia, Arábia,
África Equatorial, Hawai, México, Antilhas, América Central e outros países
da América do Sul.

CHÁ OU CHÁ PRETO


A primeira referência ao chá, na literatura chinesa, data de 350 d.C..
De origem chinesa, a lenda remete sua descoberta ao imperador Chen Nung,
no ano 2737 a.C.. Tendo se difundido no Japão e outros países orientais,
chegou à Europa por volta de 1600, através de mercadores vindos do
Oriente.
No século XVII, o chá consolidou-se como a bebida nacional da Grã-
Bretanha. Na segunda metade desse mesmo século, chegou às colônias
americanas. Em 1767, o governo britânico passou a cobrar uma taxa pelo
chá ali consumido. Esta taxa foi um dos temas explorados pela resistência
anticolonialista na guerra de independência dos Estados Unidos.
Atualmente, o principal consumidor mundial é a Grã-Bretanha, vindo
logo em seguida os Estados Unidos. Na produção, o primeiro lugar é da Índia,
com a China em segundo. O chá também é produzido no Japão, Sri Lanka,
ex- União Soviética, Indonésia, Turquia, Bangladesh, Irã, Taiwan, vários
países da África e América do Sul, inclusive Brasil.

ERVA MATE
Nativa da América do Sul, contém relativamente, uma grande
quantidade de cafeína. É consumida principalmente como chá ou chá mate,
ou chimarrão, bebida popular dos pampas, ou tererê, este aqui popular no
Paraguai.
A cultura da erva mate é uma grande indústria no sul do Brasil, o
Uruguai e Argentina, sendo deles exportadas em grande quantidade para
toda a América do Sul.
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GUARANÁ
O fruto do guaranazeiro, arbusto trepador originário do estado do
Amazonas, seu cultivo foi iniciado pelos índios Maues. Esses objetivavam,
com o seu consumo, realizar trabalhos físicos mais cansativos. O consumo
era feito através de dissolução do pó do guaraná em água.
O homem branco teve o primeiro contato com o guaraná por volta do
século XVI. É comum encontramos hoje refrigerantes com nome guaraná,
mas esses são normalmente feitos com sabor artificial. A outra forma
comum de consumo, que se assemelha à dos índios Maues, vincula o
guaraná à idéia de um produto natural, sendo um produto, nesse caso, pouco
popular.

CAFEÍNA - EFEITOS FÍSICOS E PSÍQUICOS


A cafeína é uma droga estimulante consumida por via oral, que em
pequenas quantidades aumenta a circulação por provocar dilatação nos
vasos sangüíneos. Não é tóxica mas pode, em dose excessiva, produzir
excitação, insônia, dores de cabeça, taquicardia, problemas digestivos e
nervosismo.
Alguns a usam para resolver problemas cardíacos, auxiliar pessoas com
depressão nervosa decorrente do uso do álcool, ópio e outras drogas.
Porém alguns estudiosos não observam nenhum uso terapêutico na cafeína,
alertando para o perigo da dependência psíquica e da síndrome de
abstinência.
[1] Nicotina [3] Anfetamina
[2] Cafeína [4] Cocaína

[3] ANFETAMINAS - ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS

Sintetizada pela primeira vez em 1887, as anfetaminas são drogas


estimulantes, ou seja, alteram nosso psiquismo, aumentando, estimulando
ou acelerando o funcionamento do cérebro e do Sistema Nervoso Central.
São drogas sintéticas, fabricadas em laboratório, não sendo, portanto,
produtos naturais. Foi lançada no mercado farmacêutico na forma de um
inalador indicado como descongestionante nasal, em 1932. Em 1937,
iniciou-se o comércio de Benzedrina, um comprimido para revigorar
energias e elevar estados de humor. Foi usado, durante a Segunda Guerra
Mundial, pelas tropas alemãs para combater a fadiga provocada pelo
combate. Os Estados Unidos também permitiram seu uso na Guerra da
Coréia.
Por ser uma droga cujo uso terapêutico auxilia principalmente na
moderação do apetite, é facilmente encontrada nas farmácias, que são
obrigadas a vendê-la sob prescrição médica.
Além de inibidoras de apetite, as anfetaminas podem, também, a partir
de uma certa dosagem, provocar um estado de grande excitação e sensação
de poder. Esse uso se popularizou após a Segunda Guerra Mundial, na
década de 50.
Na gíria, estas drogas são conhecidas, por exemplo, como “rebite” e/ou
“bolinha”. “Rebite” é como são chamadas as anfetaminas entre os
caminhoneiros. Tendo um prazo para entregar determinada mercadoria, eles
tomam o “rebite”, objetivando dirigir à noite e não pegar no sono, ficando
“acesos” e “presos” ao volante. O uso entre jovens passou a ser também
freqüente. Usadas com o nome de “bolinha”, deixam a pessoa “acesa”,
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“ligadona”, provocando um “baque”. Procurando varar a noite estudando,
uma pessoa pode usá-las com o objetivo de realizar esta tarefa por mais
tempo, evitando o cansaço.
Mais ou menos em l970, inicia-se o controle da comercialização – pois
as anfetaminas passaram a ser consideradas drogas psicotrópicas, sendo
portanto ilegal seu uso sem acompanhamento médico adequado.

ANFETAMINAS - EFEITOS FÍSICOS E PSÍQUICOS

As anfetaminas provocam dependência física e psíquica, podendo


acarretar, com seu uso freqüente, tolerância à droga, assim como a sua
interrupção brusca, síndrome de abstinência.
Sendo consumidas por via oral ou injetadas, elas são consideradas
psicotrópicos estimulantes, por induzir a um estado de grande excitação e
sensação de poder, facilitando a exteriorização de impulsos agressivos e
incapacidade de julgar adequadamente a realidade.
O uso prolongado pode provocar forte dependência, sendo que no
extremo podem surgir alucinações e delírios, sintomas denominados
“psicose anfetamínica”.

NOMES COMERCIAIS

* Dualid, Inibex, Hipofagin, Moderine (substância ativa -


Dietilpropiona)
* Lipomax, Desobesi (substância ativa - Fenpropex)
* Dasten, Absten, Moderamin, Fagolipo, Inobesin, Lipese, Diazinil
(substância ativa
-Mazindol)
USO TERAPÊUTICO: Anorexigeno (MEDICAMENTO utilizado para provocar a
anorexia, que é aversão ao alimento)

* Pervitin (substância ativa - Metanfetamina)


NOME POPULAR: “Ice”
USO TERAPÊUTICO: Não tem
* Ritaline (substância ativa - Metilfenidato)
NOMES POPULARES: Bolinha, bola, rebite, “ice”
USO TERAPÊUTICO: Sistema Hipercinético

[1] Nicotina [3] Anfetamina


[2] Cafeína [4] Cocaína

[4] COCAÍNA - ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS

É um produto extraído da planta “Erythroxylon coca”, ou, como é


popularmente conhecida, “coca” ou “epadu”.
Sendo uma planta tipicamente sul americana, é nativa dos Andes,
onde mascar sua folhas, “coquear”, é um hábito tradicional que remonta
vários séculos. Sua principal função é evitar a sede, a fome e o frio.
Podemos encontrar, em algumas sociedades andinas, um valor cultural
e mitológico ligado à coca.
Em certas sociedades, por exemplo, é aplicada a folha no recém-
nascido para secagem do cordão umbilical - que depois é enterrado com as
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folhas, representando um talismã para o resto da vida do indivíduo. Em
certas cerimonias funerais, é usada, também, mediante certos rituais, como
forma de apaziguar e tranqüilizar os espíritos.
O papel sócio-cultural da coca é importante em alguns países andinos.
Dois exemplos são o Peru e a Bolívia, onde é consumida também sob a forma
de chá, com propriedades medicinais que auxiliam principalmente
problemas digestivos. Sua importância é tal que, neste primeiro país, existe
até um órgão do governo encarregado de controlar a qualidade das folhas
vendidas no comércio, o “Instituto Peruano da Coca”.
Se em alguns países andinos a coca é um bem sócio-cultural, histórica
e tradicionalmente importante, em outros países, como no Brasil, é vista
como um “mal, algo a ser combatido e exterminado de qualquer maneira”. A
lei destes países procura taxar o seu uso como ilícito e a sociedade, em sua
maioria, procura estigmatizar seus usuários como “desviantes” ou
“marginais”.
O uso mais comum nestes casos é sob a forma de sal - o cloridrato de
cocaína. É consumida via nasal, ou seja, aspirada, “cheirada”. Por ser uma
droga cara, seu uso é dificultado a pessoas de baixa renda.
Se o “pó”, como é popularmente conhecido o sal cloridrato de cocaína,
é muito caro, favorecendo o seu uso pelas camadas mais altas da sociedade,
o uso da coca tornou-se mais acessível à população de baixa renda com o
advento do “crack”.
Esta é uma forma de uso que surgiu nos Estados Unidos, entre a
população negra, e que começou a se difundir no Brasil, principalmente na
periferia das grandes cidades. No crack, a substância usada é a pasta básica
de coca (“freebasing”, em inglês).
Mas não é só “cheirando o pó” ou “fumando o crack” que se consome a
cocaína, pode-se também injetá-la, depois de diluída em água, na corrente
sangüínea. O “pico” como é conhecida esta forma de uso, produz um efeito
chamado de “rush” ou “baque”.

COCAÍNA - EFEITOS FÍSICOS E PSÍQUICOS

A cocaína provoca sensação de euforia e bem-estar, idéia de


grandiosidade, irritabilidade e aumento da atenção a estímulos externos.
Com o aumento da dose: reações de pânico, sensação de estar sendo
perseguido, às vezes alucinações auditivas e táteis (escutar vozes, sentir
sensação de bichos andando pelo corpo). O quadro completo é chamado de
“psicose cocaínica”. INTOXICAÇÃO aguda: em INTOXICAÇÃO com doses
mais altas, quadro de síndrome cerebral orgânica (SCO), caracterizado por
confusão e desorientação, podendo resultar em lesão cerebral.
Efeitos físicos: aumento da pressão arterial e da freqüência cardíaca,
podendo provocar infarto e arritmias que causam morte súbita. Menciona-se
ocorrências de convulsões generalizadas e aumento da temperatura capaz de
induzir convulsões. Com a aplicação endovenosa, corre-se o risco de
contrair-se os vírus do hepatite e da AIDS.

NOMES POPULARES: Pó, neve, brisola, bright, branquinha, pico, crack, coca,
basuko, pedaço, farinha, etc.

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Os PERTURBADORES DA ATIVIDADE DO SISTEMA NERVOSO
CENTRAL referem-se ao grupo de substâncias que MODIFICAM
QUALITATIVAMENTE a atividade do cérebro, ou seja, PERTURBAM,
DISTORCEM o seu funcionamento, fazendo com que a pessoa passe a
perceber as coisas deformadas, parecidas com as imagens dos sonhos. Este
grupo de substâncias é também chamado de PSICODISLÉPTICOS,
PSICODÉLICOS, ALUCINÓGENOS, PSICOTOMIMÉTICOS,
PSICOMETAMÓRFICOS, ALUCINANTES.
As substâncias que compõem o grupo de PERTURBADORES do SNC
são:

[1] Histórico Geral [5] Cacto


[2] Anticolinérgicos [6] Cogumelo
[3] Maconha [7] LSD-25
[4] Daime

[1] HISTÓRICO GERAL DAS DROGAS PERTURBADORAS (OU


ALUCINÓGENAS)

A palavra alucinação significa, em linguagem médica, percepção sem


objeto, ou seja, a pessoa que está em processo de alucinação percebe coisas
sem que elas existam. Assim, quando uma pessoa ouve sons imaginários ou
vê objetos que não existem, ela está tendo uma alucinação auditiva ou uma
alucinação visual, respectivamente.
As alucinações podem aparecer espontaneamente no ser humano em
casos de psicoses, sendo que destas a mais comum é a doença mental
chamada esquizofrenia. Também podem ocorrer em pessoas que não tem
doença mental, mas que tomam determinadas substâncias que são
chamadas de alucinógenas, isto é, que “geram” alucinações. Estas drogas
são também chamadas de psicotomiméticas por “imitarem” ou
“mimetizarem” um dos mais evidentes sintomas das psicoses - as
alucinações.
Esses efeitos são também chamados de psicodélicos - termo
contestado por alguns autores, pois significa expansão da mente. Tal
contestação deve-se ao fato de acreditarem que alucinação nada tem de
aumento da capacidade mental; ao contrário, são aberrações, perturbações
do perfeito funcionamento do cérebro.
Grande parte das drogas alucinógenas são provenientes de plantas.
Estas plantas foram descobertas, em grande parte, por culturas primitivas
no passado, que, ao sentirem os efeitos mentais das mesmas, passaram a
considerá-las como “plantas divinas”, isto é, que faziam com que quem as
ingerisse recebesse mensagens divinas, dos deuses, pois elevavam o homem
a uma dimensão não material, provocando alucinações. Dessa maneira,
esses povos e culturas, em seus rituais acreditavam estar em contato com
forças da natureza e suas divindades.
Assim, até hoje em culturas indígenas de vários países o uso de plantas
alucinógenas tem este significado religioso. Seu uso é basicamente ritual ou
de cura. No entanto, também são utilizadas para fins ritualísticos, fora do

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contexto cultural de origem, com a finalidade apenas de provocar
alucinações.
No Brasil, drogas alucinógenas são até hoje muito usadas nos rituais de
tribos indígenas.
A serviço da comunidade, o xama, ao consumir alucinógenos, entra em
contato com os espíritos que o ajudarão a curar doenças, proteger a
comunidade contra ataques mágicos e propiciar bem-estar, boas caçadas etc.
O xama, pois, compartilha com o seu povo os prazeres obtidos com a droga.
Esta, antes de tudo, é propriedade coletiva e não individual, e seu uso deve
propiciar harmonia ao invés de desavença, paz ao invés de contestação.
As drogas perturbadoras tiveram seu uso popularizado na década de
60, com o movimento hippie. Este fenômeno sócio-cultural tratava-se de
uma revolta contra os valores exclusivamente unitilitaristas, competitivos e
materialistas, incorporados ao modo de vida das sociedades indústriais que
colocavam em segundo plano os sentimentos mais íntimos e as necessidades
místico-religiosas. Denunciando certas características de alheamento da
sociedade indústrial, os hippies incluíam o uso de tais drogas em sua
contestação à procura do “flower-power” (poder das flores). Nesta época,
cresceu assustadoramente o número de pessoas que passaram a fazer uso
de drogas alucinógenas como manifestação simbólica dos seus ideais.

[1] Histórico Geral [5] Cacto


[2] Anticolinérgicos [6] Cogumelo
[3] Maconha [7] LSD-25
[4] Daime

[2] ANTICOLINÉRGICOS

Diz-se das substâncias antagonistas da ação de fibras nervosas


parassimpáticas que liberam Acetilcolina, ou seja, que inibem a produção da
Acetilcolina.

[A] MEDICAMENTOS
[B] PLANTA

[A] ANTICOLINÉRGICOS: MEDICAMENTOS - ASPECTOS HISTÓRICOS E


CULTURAIS

Em uma manhã de 89, um menino de rua, com as pupilas dilatadas,


descreveu o que sentia após tomar dez comprimidos de Artane: “Via elefante
correndo pela rua e rato saindo do buraco; se olhava para o céu via estrela
de dia. Tava tudo embaçado e dava medo mas era também bonito”.
As drogas anticolinérgicas podem ser sintetizadas em laboratório. É o
caso de alguns MEDICAMENTOS como Artane, Akneton, Bentyl e outros. Em
doses elevadas, além dos efeitos no nosso corpo, são capazes de alterar as
nossas funções psíquicas.
Estes MEDICAMENTOS têm utilidade terapêutica no tratamento da
Síndrome de Parkinson e como antiespasmódico. Foram usados durante a
Segunda Guerra Mundial por organismos militares, que viram neles um “soro
da verdade”, pois na aplicação parenteral levam a um estado torporoso, com
especial tendência à sugestibilidade, liberando barreiras conscientes de
defesa.

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O uso não médico de substâncias anticolinérgicas, em particular
Artane, mas também Bentyl, Asmosterona e outros, é mencionado no Brasil
desde 1972. Lançados no mercado para o tratamento dos parkinsonianos,
eles fizeram conhecer-se rapidamente nos meios iniciados no uso indevido
de drogas, a começar por menores de rua. Entre eles, o Artane é conhecido
pelos nomes populares de “artemis”, “aranha” e “buque”; e o Bentyl por
“bentinho”.
O uso de Artane, por crianças de rua, é assustador, inclusive por
aplicação endovenosa. Chega a ser a terceira droga mais usada pelos
meninos de rua do Brasil (após os inalantes e a maconha). O abuso de
anticolinérgicos, tanto das plantas como dos MEDICAMENTOS, é
relativamente comum no Brasil. Estas drogas, com exceção feita aos
meninos de rua, são usadas esporadicamente.

ANTICOLINÉRGICOS (MEDICAMENTOS) - EFEITOS FÍSICOS E PSÍQUICOS

Absorvido em quantidades maiores do que a dose terapêutica, o


produto provoca alterações mentais como alucinações e delírios, com
duração de 48 horas. Consumido junto com outras drogas, como inalantes e
maconha, o efeito pode durar mais tempo ainda, iniciando pela sensação de
“barato” na cabeça, ou no corpo todo, seguida de alterações na percepção de
cores/sons, terminando com sensações de estranheza, medo, confusão
mental, idéias de perseguição, dificuldades de memória - síndrome que
adota a forma de um surto psicótico agudo. O potencial de dependência
parece elevado, com alta toxicidade, evoluindo para alterações crônicas.
Os delírios e alucinações dependem bastante da personalidade da
pessoa e de sua condição. Por exemplo, um menino de rua pode ver Nossa
Senhora, ou seja, as alucinações vêm preencher um vácuo existencial.

OUTROS EFEITOS

As drogas anticolinérgicas são capazes de produzir muitos efeitos


periféricos. Assim, as pupilas ficam muito dilatadas, a boca seca e o coração
dispara. Os intestinos ficam paralisados - tanto que são usados
MEDICAMENTOS como antidiarréicos - e a bexiga fica “preguiçosa” ou há
retenção de urina.
Os Anticolinérgicos podem produzir, em doses altas, grande elevação
da temperatura - que chega, às vezes, até a 40-41 graus. Nestes casos, não
muito comuns, a pessoa apresenta-se com a pele muito seca e quente com
vermelhidão principalmente no rosto e pescoço. Esta temperatura elevada
pode provocar convulsões (ataques). São, por isto, bastante perigosas.
Existem pessoas também que descrevem ter “engolido a língua” e
quase se sufocarem por causa disto. Ainda, em casos de dosagem elevada, o
número de batimentos do coração sobe exageradamente, podendo chegar
acima de 150 batimentos por minutos. Estas drogas não desenvolvem
tolerância no organismo e não há descrição de síndrome de abstinência após
a parada de um uso contínuo.

NOMES COMERCIAIS

* Akineton (substância ativa - Biperideno)


USO TERAPÊUTICO: Mal de Parkinson (antiparkinsoniano)
* Artane (substância ativa - Triexafenid)
NOME POPULAR: Aranha, artemis, buque
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USO TERAPÊUTICO: Mal de Parkinson (antiparkinsoniano)
* Bentyl (substância ativa - Diciclomina)
NOME POPULAR: Bentinho
USO TERAPÊUTICO: Antiespasmódico
* Asmosterona (substância ativa - Benactizina)
USO TERAPÊUTICO: Asma
* Periatin, Periavit (substância ativa - Ciproheptadina)
USO TERAPÊUTICO: Orexígeno (produz apetite)
[A] MEDICAMENTOS
[B] PLANTA

[B] ANTICOLINÉRGICOS: PLANTA (DATURA) - ASPECTOS HISTÓRICOS E


CULTURAIS
Em 1866, um médico na Bahia descreveu um quadro apresentado por
dois escravos: “Fui chamado a visitar estes doentes no dia seguinte, às 8
horas da manhã. Já podiam caminhar, mas estavam trôpegos e hallucinados,
vendo objectos himaginários, phantasmas, ratos a passear pela camara, etc.,
de que procuravam fugir dirigindo-se para a porta. Ambos tinham as pupilas
dilatadas (...), a boca e faces nada ofereciam de notável (...). Na panela que
servira para fazer o cozimento, estavam dois ramos com muitas folhas e
algumas flores rudimentares, de uma planta que reconheci ser a trombeteira
(Datura arborea, Lin)”.
Em 1984, um jovem advogado de São Paulo narrou sua experiência,
após ingerir chá de saia-branca: “Os sintomas iniciam-se cerca de 10
minutos mais tarde com queixas de não enxergar direito, vendo tudo
embaraçado e fora de foco. As pupilas estão totalmente dilatadas. Seguem-se
alucinações terrificantes, visão de animais e plantas ameaçadoras, cadáveres
de índios, pessoas etc. Algumas horas mais tarde, relata que perdeu o pulso
e engoliu a língua sendo levado para o pronto-socorro”.
Além dos MEDICAMENTOS, as drogas anticolinérgicas podem ser de
origem vegetal. Neste caso, a planta Datura arborea sintetiza substâncias
(atropina e/ou escopolamina) que produzem efeitos anticolinérgicos.

ANTICOLINÉRGICOS (PLANTA) - EFEITOS FÍSICOS E PSÍQUICOS

Esta droga é capaz de produzir muitos efeitos periféricos. Assim, as


pupilas ficam dilatadas, a boca seca e o coração pode disparar. Provoca
retenção de urina e paralisia das funções intestinais.
Produz delírios e alucinações, que dependem da personalidade e
sensibilidade de quem ingeriu a substância. Esta droga não desenvolve
tolerância no organismo e não há descrição de síndrome de abstinência.
Em doses elevadas, podem produzir grande elevação da temperatura
(apresentação da pele muito seca e quente com vermelhidão principalmente
no rosto e pescoço) que pode provocar convulsões (ataques). O número de
batimentos cardíacos sobe exageradamente, podendo chegar até acima de
150 batimentos por minuto.

NOMES POPULARES: Lírio, Zabumba, Trombeta, Trombeteira, Cartucho, Véu


de Noiva, Saia Branca (substância ativa - Atropina, Escopolamina)
USO TERAPÊUTICO: Não reconhecido

13
[1] Histórico Geral [5] Cacto
[2] Anticolinérgicos [6] Cogumelo
[3] Maconha [7] LSD-25
[4] Daime

[3] MACONHA - ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS

Maconha é o nome dado, aqui no Brasil, a uma planta chamada


cientificamente de “Cannabis Sativa”, conhecida há séculos e que cresce
naturalmente em várias partes do globo, podendo ser facilmente cultivada e
sendo encontrada em todos os continentes. Seu plantio foi incentivado
durante muitos séculos devido à utilização de seus talos para a fabricação de
cordas, fibras têxteis, palitos e até papel. Todavia, é das folhas, bem como
de seus topos floridos, que se extrai a substância ativa conhecida como
“THC Delta 9 Tetrahidrocanabinol”.
Os produtos da “Cannabis Sativa” podem ser consumidos por via
pulmonar (fumada) ou por via oral (comidos), como ocorre nas populações
indígenas.
Originaria da Ásia Central, seus primeiros registros históricos são de
mais de 200 anos a.C. na China, no Egito e na Índia. No segundo milênio
a.C., era empregada com fins terapêuticos na China e descrita pelo
imperador Shen Nung como analgésico. Seu emprego medicinal corresponde
a uma longa tradição entre povos africanos e asiáticos, mas também já era
utilizada como desinibidora: os gregos a usavam para liberar do corpo gases
intestinais e para dor de ouvido; e os indianos, há 1000 anos a.C.,
utilizavam-na para “libertar a mente de coisas mundanas”. Seu consumo é
tradição secular em alguns países, principalmente naqueles onde o consumo
de álcool é proibido.
Parece ter sido introduzida nas Américas pelos espanhóis, que fizeram
as primeiras plantações no Chile, no século XVI. O hábito de fumar ou
ingerir folhas e sementes da Cannabis é antigo, vinculado a práticas
religiosas de muitos povos.
Na segunda metade do século XIX, escritores e intelectuais franceses
fornecem as primeiras descrições do uso recreativo desta preparação no
Ocidente. Há séculos, ele fazia parte do arsenal de medicina popular em
vários países e, ao final do século XIS, fez parte de vários MEDICAMENTOS
produzidos por respeitáveis laboratórios farmacêuticos dos Estados Unidos.
Era indicada como analgésico, antiespasmódico e dilatador dos brônquios.
O interesse médico pela Cannabis diminui no início do século XX em
detrimento da morfina e dos barbitúricos, que ofereciam melhores
resultados. Hoje em dia, seu emprego terapêutico é quase nenhum, mas
atualmente, graças a pesquisas recentes, é reconhecida como
MEDICAMENTO em pelo menos duas condições clínicas: reduz ou abole as
náuseas e vômitos produzidos por médicamentes anticâncer e tem efeito
benéfico em alguns casos de epilepsia.
Em algumas partes da Ásia, os médicos ainda a utilizam no tratamento
de algumas afecções.
Considerada como “droga da moda” nos anos 60, no auge da
contestação hippie (junto com o LSD-25), a maconha continua a ser muito
fumada até hoje, em particular nas faixas jovens, mas perdeu o seu destaque
em favor dos inalantes, nas classes desfavorecidas, e da cocaína, nas classes
média e alta.
Na Jamaica, seu uso é popular. Conhecida como “ganja”, é facilmente
cultivada e produzida, embora o seu consumo seja considerado ilegal.

14
Certas seitas atribuem-lhe poderes místicos e divinos, especialmente o
de afastar os maus espíritos. O operário jamaicano encontra na ganja
energia para trabalhar e relaxamento após o trabalho; oferece a droga,
mesmo aos filhos, para que fiquem “mais inteligentes”.
Nessa população, pois, fumar a ganja é um rito e não um fator de
alienação ou desintegração social: seu uso constitui um complexo de
crenças, atitudes e costumes compartilhados por toda a comunidade.
Porém, há diferença entre as classes sociais. Na população de baixa
renda, a criança aprende a usar a erva muito cedo, sendo possível que se
coloque chá de “ganja” até nas mamadeiras. Nas classes média e alta, no
entanto, a droga é condenada, mas os adolescentes a fumam, expressando,
assim, a sua oposição à geração adulta. Ela se tornou, portanto, um símbolo
de curiosidade, prazer ou mesmo revolta.
O haxixe é uma substância mais ativa, extraída da própria maconha.
Enquanto a maconha contém 1% de THC, o haxixe contém até 14%. Pouco
comum entre nós, é habitualmente reduzido a pó e misturado ao tabaco
normal para ser fumado em cachimbo. É, em sua maior parte, produzido no
norte da África, Paquistão, Nepal, Líbano e Turquia, sendo contrabandeado
para os Estados Unidos e Europa, onde seu preço é elevado. A faixa da
população que usa o haxixe é a mesma que usa a maconha, mas observa-se
que a maconha é mais comum entre aqueles que estão iniciando-se no
hábito ou que o fazem esporadicamente. O haxixe é mais encontrado entre
aqueles já iniciados e fumantes contumazes, que necessitam doses mais
potentes da droga. É moldado em pequenas barras ou bolos de cor marrom
escura e seu óleo é bem mais potente.
Diz-se que a palavra assassino parece originar-se do árabe hashishin,
designação dada a uma tribo do norte da Pérsia, na Idade Media, por volta do
século XI, povoada por homens guerreiros altamente perigosos e temidos
por sua grande crueldade. Sabia-se que seus homens eram “motivados” pelo
consumo de certa substância despersonalizante, que os impelia ao
barbarismo e delitos sádicos dos mais horrendos crimes.
No Brasil, atribui-se a origem da maconha aos escravos africanos
trazidos para cá, sendo inicialmente utilizada por índios e negros - o que
talvez justifique a associação de seu nome à marginalidade, mostrando que
as origens dessa crença são mais culturais do que farmacológicas, já que a
maconha é a droga ilícita de uso mais freqüente e alvo de muitas
controvérsias, pois enquanto uns condenam seu uso alegando que é uma
porta de entrada à delinqüência, outros a inocentam.
Muito consumida pela população negra, o seu uso foi muito difundido
principalmente em Estados do Nordeste, como Bahia e Maranhão, onde até
hoje existe um uso recreativo a nível popular.
Do ponto de vista médico, não há unanimidade, mas a maioria dos
trabalhos leva a concluir que a maconha é uma droga que não causa
dependência física e cujos malefícios não seriam maiores do que aqueles
provocados pelo álcool e pelo tabaco.

MACONHA - EFEITOS FÍSICOS E PSÍQUICOS

Podem ser físicos (ação sobre o próprio corpo ou parte dele) e psíquicos
(ação sobre a mente). Esses efeitos sofrerão mudanças de acordo com o
tempo de uso que se considera, ou seja, os efeitos são agudos (isto é, quando
ocorrem apenas algumas horas após fumar) e crônicos (conseqüências que
aparecem após o uso continuado por semanas, meses ou mesmo anos).

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Os efeitos físicos agudos são muito poucos: os olhos ficam meio
avermelhados, a boca fica seca e o coração dispara (de 60-80 batimentos por
minuto pode chegar a 120-140 ou até mais).
Os efeitos psíquicos agudos dependerão da qualidade da maconha
fumada e da sensibilidade de quem fuma. Para uma parte das pessoas, os
efeitos são uma sensação de bem-estar acompanhada de calma e
relaxamento, de diminuição da fadiga e vontade de rir. Para outras pessoas,
os efeitos são mais desagradáveis: sentem angústia, ficam aturdidas,
temerosas de perder o controle da cabeça, trêmulas e suando. É o que,
comumente, chamam de “má viagem”. Há, ainda, evidente perturbação na
capacidade da pessoa calcular tempo e espaço e um prejuízo da memória e
atenção.
Aumentando-se a dose e/ou dependendo da sensibilidade, os efeitos
psíquicos agudos podem chegar até a alterações mais evidentes, com
predominância de delírios e alucinações. O delírio é uma manifestação
mental pela qual a pessoa faz um juízo errado do que vê ou ouve. Neste caso,
há mania de perseguição (delírios persecutórios). A mania de perseguição
pode levar ao pânico e, conseqüentemente, a atitudes perigosas (“fugir pela
janela”, agredir as pessoas em “defesa” antecipada contra agressão que julga
estar sendo tramada). Já a alucinação, que é uma percepção sem objeto,
pode ter fundo agradável ou terrificante.
Já os efeitos físicos crônicos da maconha são maiores. Com o
continuar do uso, vários órgãos do corpo são afetados. Os pulmões são um
exemplo disso, levando a problemas respiratórios (bronquites), como ocorre
também com o cigarro comum. Porém, a maconha contém alto teor de
alcatrão (maior mesmo que no cigarro comum) e nele existe uma substância
chamada benzopireno, conhecido agente cancerígeno. Ainda não está
provado cientificamente que a pessoa que fuma maconha cronicamente está
sujeita a contrair câncer dos pulmões com maior facilidade. Mas, os
indícios, de que assim possa ser, são cada vez mais fortes.
Outro efeito físico indesejável do uso crônico da maconha refere-se à
testosterona, ou hormônio masculino. Já existem muitas provas de que a
maconha diminui em até 50-60% a quantidade de testosterona. Em
conseqüência, o homem apresenta um número bem reduzido de
espermatozóides no líquido espermático, o que leva a uma “infertilidade”.
Este efeito desaparece quando a pessoa deixa de fumar a planta. É também
importante dizer que o homem não fica impotente ou perde o desejo sexual,
ele fica somente estéril.
Há, ainda, os efeitos psíquicos crônicos da maconha. Sabe-se que o uso
continuado da maconha interfere na capacidade de aprendizagem e
memorização e pode induzir um estado de amotivação. Além disso, a
maconha pode levar algumas pessoas a um estado de dependência, isto é,
elas passam a organizar sua vida de maneira a facilitar o uso da maconha,
sendo que tudo o mais perde o seu valor.

NOMES MAIS CONHECIDOS: Maconha, haxixe, cânhamo, bangh, ganja,


diamba, marijuana, marihuana.

NOMES POPULARES: Baseado, erva, tora, beise, fumo, bagulho, fininho.

[1] Histórico Geral [5] Cacto


[2] Anticolinérgicos [6] Cogumelo
[3] Maconha [7] LSD-25
[4] Daime
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[4] DAIME - ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS

O Daime é um chá extraído de duas plantas alucinógenas: do “cipó da


vida” (Banisteriopsis Caapi) e de uma folha (Psychotria Viridis). Há
referências, também, da utilização da planta Chacrona. Essas plantas, das
quais se produz o chá, são utilizadas no ritual do Santo Daime ou do Culto
da União do Vegetal e várias outras seitas. O cipó da “forca” e a folha, “luz”.
Estes rituais são bastantes difundidos no Brasil e cultuam as forças e
os deuses das florestas. São praticados nas regiões Norte, (Amazônia e Acre),
como também na região Centro Oeste, nos Estados de São Paulo e Rio de
Janeiro.
O ritual tem origem na sociedade das populações indígenas e mestiças
da Amazônia Ocidental. Seu uso veio dos índios da América do Sul.
O Daime é utilizado para rituais mágicos e religiosos, para receber
orientação divina, para comunicar-se com os espíritos que animam as
florestas e, também, para determinar a causa de moléstias e cura, bem como
produzir interação social através do ritual. As alucinações provocadas pelo
chá são chamadas de “mirações”.
Uma das substâncias sintetizadas por essas plantas é a DMT -
Dimetiltriptamina, responsável pelo seus efeitos.

DAIME - EFEITOS FÍSICOS E PSÍQUICOS

* Provoca dilatação das pupilas, suor excessivo, taquicardia, náuseas e


vômitos.
* Perda da discriminação espaço-temporal, ilusões, alucinações e
delírios.
Não há desenvolvimento de tolerância; comumente, não induz à
dependência e não ocorre síndrome de abstinência.
NOMES POPULARES: Natema, yajé, nepe, caapi. É mais genericamente
conhecida pelos índios Quechuas como “Ayahuasca” (ou huasca, ou hoasca),
que significa “cipó dos espíritos” e “vinho da vida”.
USO TERAPÊUTICO: Foi demonstrado cientificamente que os efeitos desse
chá tem eficácia no combate a vermes e protozoários.
[1] Histórico Geral [5] Cacto
[2] Anticolinérgicos [6] Cogumelo
[3] Maconha [7] LSD-25
[4] Daime

[5] CACTO (PEYOTE) - ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS

Utilizado desde remotos tempos na América Central, em rituais


religiosos indígenas, sendo originário desta mesma região. Este cacto
mexicano (Lopophora Williansi), que não existe no Brasil, produz a
substância alucinógena “MESCALINA”. PEYOTE é seu nome popular, de
origem asteca, que significa “planta divina”.
Carlos Castanheda, em seu livro “A Erva do Diabo”, fala de uma
experiência com o mescalito: “Abriu a tampa e entregou-me o vidro: dentro
havia sete artigos de aparência estranha. Eram de tamanhos e consistência
variados. Ao tato, pareciam a polpa de nozes ou superfície de cortiça. Sua
cor acastanhada os fazia parecer cascas de nozes duras e secas.”

17
Era - e ainda é - empregado e venerado como amuleto, panaceia
(remédio para todos os males) ou alucinógeno, nas regiões montanhosas do
México, bem antes da chegada dos conquistadores espanhóis. Por certos
índios, era utilizado como remédio ou para visões que permitissem
profecias. Ingerido em grupo pode servir como indutor de estados de transe
durante certas atividades rituais. Os astecas o mascavam durante
festividades comunitário - religiosas.
O mescalito é considerado como protetor espiritual, pois acredita-se
que ele aconselha e responde a todas as perguntas que você fizer.

CACTO (PEYOTE) - EFEITOS FÍSICOS E PSÍQUICOS

* Dilatação das pupilas, suor excessivo, taquicardia, náuseas e


vômitos.
* Alucinações e delírios. Essas reações psíquicas são variáveis; as vezes
são agradáveis (boa viagem) ou não (má viagem), onde podem ocorrer visões
terrificantes, como sensações de deformação do próprio corpo.
Não há desenvolvimento de tolerância; também não induz à dependência e
não ocorre síndrome de abstinência com o cessar do uso.

NOMES POPULARES: Peyote, peyotl, peiote, mescal, mescalito


USO TERAPÊUTICO: Não reconhecido

[1] Histórico Geral [5] Cacto


[2] Anticolinérgicos [6] Cogumelo
[3] Maconha [7] LSD-25
[4] Daime

[6] COGUMELO - ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS

Seu uso ritual é bastante antigo no México, onde ficou famoso, sendo
utilizado pelos nativos daquela região desde antes de Cristo. Sabe-se que o
“cogumelo sagrado” atualmente ainda é utilizado por bruxos, em seus
rituais, e por alguns pajés. É chamado pelos índios astecas do México de
“carne dos deuses”, sendo considerado sagrado por certas tribos. Tem o
nome cientifico de “Psylocybe mexicana” e dele pode-se extrair uma
substância com forte poder alucinógeno: a psilocibina.
No Brasil, temos pelo menos duas outras espécies de cogumelos
alucinógenos: o “Psylocibe cubensis” e a espécie do gênero “Paneoulus”.
Um caso real conta:
“Um jovem arquiteto coleta vários cogumelos. Prepara-os num
liquidificador, com leite e leite condensado. Guarda essa mistura na
geladeira de sua casa. Mais tarde, com grande sentimento de culpa, depara
com sua avó, que bebera a mistura pensando tratar-se de batida de frutas ou
vitamina, meio aterrorizada na sala de visitas, com a TV ligada, e discutindo
amargamente com os personagens da novela - que haviam saído do aparelho
e estavam pela sala.”

COGUMELO - EFEITOS FÍSICOS E PSÍQUICOS

* Os sintomas físicos são poucos salientes. Podem aparecer dilatação


das pupilas, suor

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excessivo, taquicardia, náuseas e vômitos. Não há desenvolvimento
de tolerância;
também não induzem dependência e não ocorre síndrome de
abstinência.
* Produzem alucinações e delírios. Estes efeitos são maleáveis e
dependem de várias
condições, como personalidade e sensibilidade do indivíduo. Pode
também provocar
hilaridade e euforia.
* Estas alucinações podem ser agradáveis. Em outras ocasiões, os
fenômenos mentais
podem ser desagradáveis (visões terrificantes, sensações de
deformação do próprio
corpo).
* Um dos problemas preocupantes deste alucinógeno, bem como da
Datura, Daime,
Peyote e o LSD-25, é a possibilidade, felizmente rara, da pessoa ser
tomada de um
delírio persecutório, delírio de grandeza ou acesso de pânico e, em
virtude disto, tomar
atitudes prejudiciais a si e aos outros.

NOMES POPULARES: Chá, cogu


USO TERAPÊUTICO: Não reconhecido

[1] Histórico Geral [5] Cacto


[2] Anticolinérgicos [6] Cogumelo
[3] Maconha [7] LSD-25
[4] Daime

[7] LSD-25 - ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS

O LSD-25 (abreviação de Dietilamida do Ácido Lisérgico) é uma


substância sintética fabricada em laboratório.
Foi descoberto, em 1943, por um cientista suíço, Albert Hoffman, que
estudava alcalóides (substâncias encontradas nos vegetais), extraídos de
fungos que atacam o centeio e cereais. Este cientista trabalhava com os
alcalóides da Ergotina, sobretudo a Dietilamida do Acido Lisérgico,
substância que ele próprio, cinco anos antes (1938), havia composto a partir
da associação experimental da Dietilamida do Ácido Lisérgico-25 e cuja
fórmula final resultou no tratamento de destro-dietilamida do ácido
lisérgico-25 (“este nome indica, além da combinação química básica, que a
droga desvia a luz polarizada para a direita-destro, é solúvel na água e foi a
vigésima quinta de uma série de anotações experimentais”).
Seu interesse pela ergotina baseava-se numa expectativa gerada desde
a Idade Média, a propósito de uma peste que era conhecida, devido ao
excessivo ardume que causa na pele, como “fogo sagrado” ou “fogo de Santo
Antão” - causada pelo contato direto com um fungo (um cogumelo
conhecido popularmente por Ergot e que comumente cresce atado à planta
do centeio). Esta substância foi ingerida acidentalmente pelo cientista, ao
aspirar pequeníssima quantidade de pó, num descuido de laboratório,
provocando estranhos efeitos como distorções visuais, perceptuais e
alucinações.

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Eis o que ele descreveu: “Os objetos e o aspecto dos meus colegas de
laboratório pareciam sofrer mudanças ópticas. Não conseguindo me
concentrar em meu trabalho, num estado de sonambulismo, fui para casa,
onde uma vontade irresistível de me deitar apoderou-se de mim. Fechei as
cortinas do quarto e imediatamente caí em um estado mental peculiar
semelhante à embriaguez, mas caracterizado por uma imaginação exagerada.
Com os olhos fechados, figuras fantásticas de extraordinária plasticidade e
coloração surgiram diante de meus olhos”.
Em 1960, apareceram os primeiros relatos do uso do LSD-25 entre
jovens e adultos, influenciados pelo movimento hippie. Em 1968, o LSD-25
foi proibido, mas continuou sendo produzido em laboratórios clandestinos.
Normalmente, o LSD-25 é encontrado em minúsculos pedaços de
papel, “selos” embebidos da substância.
Esporadicamente sabe-se do uso de LSD-25 no Brasil, principalmente
por pessoas das classes mais favorecidas. O Ministério da Saúde do Brasil
não reconhece nenhum USO TERAPÊUTICO do LSD-25 (e de outros
alucinógenos) e proíbe totalmente a produção, comércio e uso do mesmo no
território nacional.

LSD-25 - EFEITOS FÍSICOS E PSÍQUICOS

O LSD-25 produz uma série de distorções no funcionamento do


cérebro, alterando as funções psíquicas. Tais alterações dependem muito da
sensibilidade da pessoa, do seu estado de espírito no momento em que
tomou a droga e do ambiente em que se deu a experiência.
As alucinações, tanto visuais quanto auditivas, podem trazer
satisfação (boa viagem) ou deixar a pessoa extremamente amedrontada (má
viagem, “bode”).
Outro aspecto refere-se aos delírios. Estes são chamados juízos falsos
da realidade, isto é, há uma realidade, um fato qualquer, mas a pessoa
delirante não é capaz de avaliá-lo corretamente, podendo desencadear
também estados psicóticos como pânico e sentimentos paranóicos.
O LSD-25 produz poucos efeitos no resto do corpo. A pulsação pode
ficar mais acelerada, as pupilas podem ficar dilatadas, além de ocorrer
sudoração e certa excitação. São raros os casos de convulsão. Mesmo as
doses muito fortes não chegam a intoxicar seriamente a pessoa do ponto de
vista físico. Não leva comumente a estado de dependência e não há
descrição de síndrome de abstinência. A tolerância desenvolve-se muito
rapidamente, mas também há desaparecimento rápido da mesma com o
parar do uso.
O perigo do LSD-25 está no fato de que, pela perturbação psíquica, há
perda da habilidade de perceber e avaliar situações comuns de perigo. Há
descrições de casos de comportamento violento e de pessoas que, após
tomarem o LSD-25, passaram a apresentar por longos períodos depressão ou
mesmo acessos psicóticos.
O “flashback” é uma variante dos efeitos a longo prazo - semanas ou
até meses após a sua utilização, a pessoa passa repentinamente a ter todos
os sintomas psíquicos daquela experiência anterior, sem ter tomado de novo
a droga.

NOMES POPULARES: Acido


USO TERAPÊUTICO: Nenhum

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Os DEPRESSORES DA ATIVIDADE DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
referem-se ao grupo de substâncias que DIMINUEM a atividade do cérebro,
ou seja, DEPRIMEM o seu funcionamento, fazendo com que a pessoa fique
“desligada”, “devagar”, desinteressada pelas coisas.
Este grupo de substâncias é também chamado de PSICOLÉPTICOS. As
substâncias que compõem o grupo de DEPRESSORES do SNC são:

[1] ÁLCOOL
[2] INALANTES/SOLVENTES
[3] ANSIOLÍTICOS
[4] BARBITÚRICOS
[5] OPIÁCEOS (ópio, morfina, codeína/ziprepol, heroína)

[1] ÁLCOOL - ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS

A palavra álcool origina-se do árabe al-kuhul: líquido.


As bebidas alcóolicas representam as drogas mais antigas das quais se
tem conhecimento, por seu simples processo de produção. Obtidas pela
fermentação de diversos vegetais, segundo procedimento no início primitivo
e depois cada vez mais sofisticado, elas já estavam presentes nas grandes
culturas do Oriente Médio e são utilizadas em quase todos os grupos
culturais estando, em geral, relacionadas a momentos festivos.
Os mais antigos documentos da civilização egípcia descrevem o uso do
vinho e da cerveja. A medicina egípcia, respeitada em toda a região
mediterrânea, usava essências alcóolicas para uma série de moléstias,
enquanto meio embriagador contra dores e como abortivo. O vinho entre os
egípcios era bebido em honra à deusa Isis.
O consumo de cerveja pelos jovens era comum: muitos contos, lendas
e canções de amor relatam os seus poderes afrodisíacos. O seu uso social e
festivo era bem tolerado, embora, já no Egito, moralistas populares se
levantassem contra o seu abuso “por desviar os jovens dos estudos”.
A embriaguez, no entanto, era tolerada apenas quando decorrente de
celebrações religiosas, onde era considerada normal ou mesmo estimulada.
Na Babilônia 500 a.C., a cerveja era oferta aos deuses. Nas culturas da
Mesopotâmia, as bebidas alcóolicas existiram, com certeza, no final do
segundo milênio a.C.; aos poucos, a cerveja à base de cereais foi substituída
por fermentados à base de tâmaras. A fermentação da uva também é
regularmente mencionada. O uso medicinal de produtos alcoólicos é comum.
O consumo de álcool, nas civilizações gregas e romanas, é bem
conhecido. Ele era utilizado tanto pelo seu valor alimentício, quanto para
festividades sociais. Ressaltamos apenas a associação entre o uso do vinho e
certas práticas e concepções religiosas representadas pela popular figura do
Bacchus. Durante longos períodos, o consumo de vinho era proibido para as
mulheres, interdito do qual testemunham também os relatos bíblicos.
Lembramos ainda que o vinho é parte integrante de cerimônias católicas e
21
protestantes, bem como no judaísmo, no candomblé e em outras práticas
espíritas.
O consumo de bebidas alcóolicas é amplamente difundido no Brasil,
onde se consome mais álcool per capita do que leite.
Nos anos 20, nos Estados Unidos, houve uma proposta de coibição
legal do uso de bebidas alcóolicas chamada de Lei Seca, porém durou
pouquíssimo tempo; o seu fracasso deu-se devido a pressões econômicas que
fácil e vitoriosamente se interpuseram, além de que o próprio consumidor
encontrou uma forma sutil e prática para alimentar suas necessidades.
O principal agente do álcool é o ETANOL (álcool etílico).
As bebidas alcóolicas são elaboradas a partir da fermentação de
produtos naturais:
* Vinho: fermentação da uva.
* Cerveja: fermentação de grãos de cereais.
* Outros: fermentação do mel, cana-de-açúcar, beterraba, mandioca,
milho, pimenta,
arroz etc.
Bebidas alcóolicas destiladas - como cachaça, rum, uísque ou gim - são
obtidas através da destilação de bebidas fermentadas.

ÁLCOOL - EFEITOS FÍSICOS E PSÍQUICOS

* Provoca um efeito desinibidor.


* Em caso de uso mais intenso, pode favorecer atitudes impulsivas e,
no extremo, levar à
perda da consciência chegando-se ao coma alcoólico.
* Com o aumento do seu uso, diminui a potência sexual.
* O uso crônico de doses elevadas leva ao desenvolvimento de
dependência física e
tolerância.
* Em caso de supressão abrupta do consumo, pode-se desencadear a
síndrome de
abstinência (confusão mental, com visões assustadoras, ansiedade,
tremores,
desregulação da temperatura corporal e convulsões).
* Dependendo da gravidade dos sintomas, pode levar à morte.
* “Delirium tremens”: quadro de abstinência completamente instalado
(estado de
consciência turvo e vivência de alucinações, principalmente táteis).

NOMES COMERCIAIS: Todas as marcas de bebidas alcóolicas.


NOMES POPULARES: Birita, mel, mé, pinga, goró, cana, loirinha etc.

[1] ÁLCOOL
[2] INALANTES/SOLVENTES
[3] ANSIOLÍTICOS
[4] BARBITÚRICOS
[5] OPIÁCEOS (ópio, morfina, codeína/ziprepol, heroína)

[2] INALANTES/SOLVENTES - ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS

INALANTES: toda a substância que pode ser inalada, isto é, introduzida


no organismo através da aspiração pela boca ou nariz.
22
SOLVENTES: substância capaz de dissolver coisas. Via de regra, todo o
solvente é uma substância altamente volátil, isto é, evapora-se muito
facilmente podendo, por isso, ser inalado. Devido a essa característica, são,
portanto, chamados de inalantes. Muitos dos solventes ou inalantes são
inflamáveis, ou seja, pegam fogo facilmente.
Os solventes passam a ser utilizados como droga de abuso por volta de
1960 nos EUA. No Brasil o uso de solventes começa a aparecer no período de
1965-1970.
Hoje, o consumo de solventes se dá muito em países do chamado
Terceiro Mundo, enquanto que em países desenvolvidos a freqüência de uso
é muito baixa.
Os solventes são drogas muito utilizadas por meninos de rua como
forma de, por exemplo, sanar a fome e por estudantes de 1º. e 2º. graus dado
seu fácil acesso e baixo custo.
Eles podem ser aspirados voluntariamente (caso dos meninos de rua
que cheiram cola de sapateiro) ou involuntariamente (trabalhadores de
indústrias de sapatos ou de oficinas de trabalho, expostos ao ar
contaminado por essas substâncias).
O clorofôrmio e o éter chegaram a servir como drogas de abuso em
outros tempos e depois seu uso foi praticamente abandonado. No Brasil, a
moda voltou com os lança-perfumes trazidos da Argentina. O clorofórmio é
conhecido desde 1847 como anestésico, mas foi abandonado porque
surgiram anestésicos mais eficientes e seguros. Assim também ocorreu com
o éter. Há referências ao abuso do éter como substituto do álcool durante a
Lei Seca nos Estados Unidos e durante a Segunda Guerra Mundial na
Alemanha.
Por volta de 1960, os lança-perfumes, que eram feitos de Cloreto de
Etila, começaram a ser aspirados para dar sensação de torpor, tontura e
euforia. O Quelene, anestésico local, formava par com o lança-perfume e era
empregado fora das épocas de Carnaval, quando a disponibilidade do lança-
perfumes era menor. Muitas pessoas morreram de parada cardíaca
provocada por essa droga e, por volta de 1965, o governo brasileiro proibiu a
fabricação dos lança-perfumes e do Quelene. Contudo, começaram a surgir
referências ao retorno do uso de lança-perfumes, só que como um produto
feito à base de clorofôrmio e éter.

INALANTES/SOLVENTES - EFEITOS FÍSICOS E PSÍQUICOS

Após a aspiração, o início dos efeitos é bastante rápido. Entre 15-40


minutos já desapareceram. O efeito dos solventes vai desde uma pequena
estimulação, seguida de uma depressão, até o surgimento de processos
alucinatórios. Os principais efeitos são caracterizados por uma depressão da
atividade do cérebro.
O aparecimento dos efeitos após a inalação foi dividido em 4 fases:
1a. fase: fase da excitação. A pessoa fica eufórica, aparentemente
excitada, ocorrendo tonturas e perturbações auditivas e visuais. Podem
aparecer náuseas, espirro, tosse, muita salivação e as faces podem ficar
avermelhadas.
2a. fase: a depressão começa a predominar. A pessoa entra em
confusão, desorientação, fica com a voz pastosa, começa a ter a visão
embaçada, perda do autocontrole, dor de cabeça, palidez e começa a ver e a
ouvir coisas.
3a. fase: a depressão se aprofunda com redução acentuada do estado
de alerta, incoordenação ocular, incoordenação motora, fala “enrolada”,
reflexos deprimidos, já podendo ocorrer processos alucinatórios.
23
4a. fase: aparece a depressão tardia, podendo chegar a inconsciência.
Há queda de pressão, sonhos estranhos, podendo ocorrer surtos de
convulsão. Há possibilidade de se chegar ao coma e à morte.
A aspiração repetida, crônica, pode levar à destruição dos neurônios,
lesões irreversíveis.
Os usuários podem apresentar-se apáticos, com dificuldade de
concentração e com déficit de memória.
Os solventes têm a propriedade de deixar o coração muito sensível à
adrenalina (uma substância produzida pelo corpo), o que faz com que os
batimentos cardíacos aumentem.
Os solventes, inalados crônicamente, podem levar a lesões da medula
óssea, dos rins, do fígado e dos nervos periféricos que controlam os nossos
músculos.
Não há, na literatura médica, afirmativas claras de que os solventes
possam levar à dependência. Também não se figura síndrome de abstinência.
A tolerância pode ocorrer, instalando-se em um ou dois meses.

NOMES COMERCIAIS: Os solventes estão presentes em muitos produtos


comerciais. Existem dois grupos principais:
1) Substâncias voláteis: éter, clorofórmio, gasolina, benzina, fluido de
isqueiro, carbex etc.
2) Substâncias usadas na indústria como solvente, diluente e adesivas: cola
de sapateiro, tintas, vernizes, removedores, limpa-manchas, esmaltes etc.
Estes produtos pertencem a um grupo químico chamado Hidrocarbonetos
Aromáticos ou Afiláticos cujas substâncias ativas são: Tolueno, N-hexano,
Benzeno, Xilol, Acetato de Etila, Cloretila ou Cloreto de Etila, etc.
NOMES POPULARES: Cheirinho da loló ou loló (preparado clandestino à base
de clorofórmio mais éter), lança-perfumes ou lança, cola etc.

[1] ÁLCOOL
[2] INALANTES/SOLVENTES
[3] ANSIOLÍTICOS
[4] BARBITÚRICOS
[5] OPIÁCEOS (ópio, morfina, codeína/ziprepol, heroína)

[3] ANSIOLÍTICOS - ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS

Os ansiolíticos surgiram em 1950, com o Meprobamato, que


praticamente desapareceu após a descoberta do Clorodiazepoxido, em 1959.
A partir daí, seguiu-se uma série de derivados que se mostraram muito
eficientes no controle da ansiedade, insônia e certos distúrbios epilépticos.
O Diazepam foi o segundo a surgir, sendo o mais destacado membro
desse grupo de substância conhecido como Benzodiazepinas. Assim, as
principais drogas pertencentes à classificação de “ansiolíticos” são os
Benzodiazepinicos.
A Benzodiazepina, sintetizada na década de 50, tem mais de 2.000
derivados. Existem 19 substâncias comercializadas no Brasil, com mais de
250 nomes comerciais.
O Meprobamato foi sendo abandonado e as Benzodiazepinas dominam
completamente os tratamentos farmacológicos das neuroses e das formas de
ansiedade. Além da grande eficiência terapêutica, mostraram-se drogas
muito seguras. Tem uso terapêutico como ansiolítico, hipnótico e síndrome
de dependência do álcool.
24
O crescimento de seu consumo foi vertiginoso entre 1960 e 1980 e
estima-se que cerca de 10% da população adulta dos países desenvolvidos
tomem Benzodiazepinicos, regular ou esporadicamente. Estas drogas têm
sido prescritas indiscriminadamente. Hoje assistimos ao desenvolvimento
de um novo padrão cultural, a “cultura das benzodiazepinas”, pelo qual as
pessoas encaram com permissividade o uso de um “calmante”. No Brasil,
essa situação é mais grave, pois esses MEDICAMENTOS são vendidos na
farmácia sem a exigência de receita médica.
Estas drogas estão sendo usadas acima do que se justificaria, do ponto
de vista exclusivamente médico. Não poucos autores tem comparado estas
substâncias ao “Soma”, descrito por Aldous Huxley em “O Admirável Mundo
Novo”.

ANSIOLÍTICOS - EFEITOS FÍSICOS E PSÍQUICOS

* Estimulam os mecanismos do cérebro que normalmente combatem


estados de tensão e
ansiedade, inibindo os mecanismos que estavam hiperfuncionantes,
ficando a pessoa
mais tranqüila, como que desligada do meio ambiente e dos
estímulos externos.
* Produzem uma atividade do cérebro que se caracteriza por
diminuição da ansiedade,
indução do sono, relaxamento muscular, redução do estado de alerta.
* Dificultam os processos de aprendizagem e memória.
* Prejudicam, em parte, as funções psicomotoras afetando atividades
como, por
exemplo, dirigir automóveis.

EFEITOS TÓXICOS
* Misturados com álcool, seus efeitos se potencializam, podendo levar
a pessoa a estado
de coma.
* Em doses altas a pessoa fica com hipotonia muscular (“mole”),
dificuldade para ficar
de pé e andar, queda da pressão e possibilidade de desmaios.
* O seu uso por mulheres grávidas tem um poder teratogênico, isto é,
pode produzir
lesões ou defeitos físicos na criança. Quando usados por alguns
meses, podem levar a
pessoa a um estado de dependência, ou seja, sem a droga a pessoa
passa a sentir muita
irritabilidade, insônia excessiva, sudoração, dor pelo corpo todo,
podendo, nos casos
extremos, apresentar convulsões. Há figuração de síndrome de
abstinência e também desenvolvimento de tolerância, embora esta última
não seja muito acentuada.

NOMES COMERCIAIS:
* Valium, Diempax, Kiatrium, Noan, Diazepam, Calmociteno
(substância ativa -
Diazepam)
* Psicosedim, Tensil, Relaxil (substância ativa - Clorodiazepoxido)
25
* Lorax, Mesmerin, Relax (substância ativa - Lorazepam)
* Deptran, Lexotan, Lexpiride (substância ativa - Bromazapam)
* Rohipnol, Fluzerin (substância ativa - Flunitrazepam)

NOME POPULAR: Calmantes.

[1] ÁLCOOL
[2] INALANTES/SOLVENTES
[3] ANSIOLÍTICOS
[4] BARBITÚRICOS
[5] OPIÁCEOS (ópio, morfina, codeína/ziprepol, heroína)

[4] BARBITÚRICOS - ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS

Os barbitúricos foram descobertos no começo do século XX e diz a


história que o químico europeu que fez a síntese de um deles, pela primeira
vez, foi fazer a comemoração em um bar. Lá encantou-se com a garçonete,
linda moca que se chamava Bárbara. Num acesso de entusiasmo, o cientista
resolveu dar ao composto recém descoberto o nome de Barbitúrico.
Em 1903, foi lançado no mercado farmacêutico o Veronal, que se
mostrava um promissor hipnótico, vindo substituir os MEDICAMENTOS
menos eficientes até então existentes. O próprio nome comercial era uma
alusão à cidade de Verona, sede da tragédia “Romeu e Julieta”, onde a jovem
toma uma droga que induz um sono profundo confundido com a morte para,
em seguida, despertar suavemente.
Os barbitúricos foram amplamente empregados como hipnóticos até o
aparecimento das Benzodiazepinas, na década de 60. A partir daí suas
indicações se restringiram. Hoje, alguns deles são úteis como
antiepilépticos.
Nos primeiros anos, não se suspeitava que causavam dependência.
Depois que milhares de pessoas já haviam se tornado dependentes é que
surgiram normas reguladoras que dificultavam a sua aquisição.
Até algum tempo atras, sedativos leves, que continham barbitúricos
em pequenas quantidades, não estavam sujeitos aos controles de venda,
podendo ser livremente adquiridos em farmácias. Era o caso dos
analgésicos. Vários remédios para dor de cabeça, além da aspirina e os
antigos Cibalena, Veramon, Optalidon, Fiorinal etc., tinham o Butabarbital
ou Secobarbital (dois tipos de barbitúricos) em suas fórmulas.
O abuso de barbitúricos foi muito mais freqüente até a década de 50 do
que é hoje em dia.
BARBITÚRICOS - EFEITOS FÍSICOS E PSÍQUICOS

* São capazes de deprimir (diminuir) várias áreas do cérebro.


* As pessoas podem ficar sonolentas, sentindo-se menos tensas, com
uma sensação de
calma e de relaxamento.
* A capacidade de raciocínio e de concentração também ficam
afetadas.
* Com doses maiores, causa sensação de embriaguez (mais ou menos
semelhante à de
tomar bebidas alcóolicas em excesso), a fala fica “pastosa”, a pessoa
pode sentir
dificuldade de andar direito, a atenção e a atividade psicomotora são
prejudicadas
26
(ficando perigoso operar máquinas, dirigir automóveis etc.). Em
doses elevadas, a
respiração, o coração e a pressão sangüínea são afetados.

EFEITOS TÓXICOS

São drogas perigosas, pois a dose que começa a intóxicar as pessoas


está próxima da que produz efeitos terapêuticos desejáveis. Os efeitos
tóxicos são: sinais de incoordenação motora, início de estado de
inconsciência, dificuldade para se movimentar, sono pesado, coma, onde a
pessoa não responde a nada, a pressão do sangue fica muito baixa e a
respiração é tão lenta que pode parar (a morte ocorre exatamente por parada
respiratória). Os efeitos tóxicos ficam mais intensos se a pessoa ingere
álcool ou outras drogas sedativas.
Os barbitúricos levam à dependência, desenvolvimento de tolerância,
síndrome de abstinência, com sintomas que vão desde insônia, irritação,
agressividade, delírios, ansiedade, angústia e até convulsões generalizadas.
A síndrome de abstinência requer obrigatoriamente tratamento médico
e hospitalização, pois há perigo da pessoa vir a morrer.

NOMES COMERCIAIS
* HIPNÓTICOS: Nembutal (substância ativa - Pentobarbital) Tiopental –
substância
ativa (utilizado por via endovenosa, exclusivamente por anestesistas
para provocar
anestesia em cirurgia).
* ANTIEPILEPTICOS: Gardenal, Comital, Bromosedan (substância ativa:
Fenobarbital)

NOMES POPULARES: Soníferos, bola, bolinha.

[1] ÁLCOOL
[2] INALANTES/SOLVENTES
[3] ANSIOLÍTICOS
[4] BARBITÚRICOS
[5] OPIÁCEOS (ópio, morfina, codeína/ziprepol, heroína)

OPIÁCEOS

Opiáceos ou drogas opiáceas são substâncias derivadas do ópio. Todas


produzem uma analgesia (diminuem a dor) e uma hipnose (aumentam o
sono). Em função disso, recebem o nome de NARCÓTICOS, sendo também
chamadas de HIPNOANALGÉSICOS ou ANALGÉSICOS NARCÓTICOS. São
classificadas como substâncias ENTORPECENTES podendo ser:
* OPIÁCEOS NATURAIS: derivados do ópio que não sofreram nenhuma
modificação
(Ópio - Po' de Ópio, Morfina, Codeína)
* OPIÁCEOS SEMI-SINTÉTICOS: resultantes de modificações parciais
das
substâncias naturais (Heroína)
* OPIÁCEOS SINTÉTICOS ou OPIÓIDES: totalmente sintéticos, são
fabricados em
laboratório e tem ação semelhante à dos opiáceos naturais (Zipeprol,
Metadona)
27
[A] Ópio [C] Codeína e Ziprepol
[B] Morfina [D] Heroína

[A] ÓPIO - ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS

O ópio (“suco”, em grego) é obtido a partir de um líquido leitoso da


cápsula verde da papoula (Papaver somniferum), planta que cresce
naturalmente na Ásia. É também chamada de “dormideira”, sendo originária
do Mediterrâneo e Oriente Médio.
Quando seco, o suco passa a se chamar pó de ópio. O ópio é
apresentado em barras de cor marrom e gosto amargo que podem ser
reduzidas a pó; aquecido produz um vapor amarelo que é inalado. Pode ser
dissolvido na boca ou ingerido como chá.
A papoula é legalmente cultivada, servindo de fonte de matéria-prima
a laboratórios farmacêuticos; contudo, em sua maioria, as plantações são
ilegais e destinam sua produção ao comércio clandestino de ópio e heroína.
Entre os gregos antigos, o ópio era revestido de um significado divino
como símbolo mitológico poderoso.
Os seus efeitos eram considerados como uma dádiva dos deuses,
destinada a acalmar os enfermos.
Na China, desde tempos imemoriais, a planta da papoula era símbolo
nacional (tal como os ramos do café no Brasil). Parece que o ópio foi
introduzido na China pelos árabes no século IX ou X.
As provas mais antigas do conhecimento do ópio remontam às
plaquinhas de escrever dos sumerianos, que viveram na baixa Mesopotâmia
(hoje o Iraque/Irã) há cerca de 7000 anos.
O conhecimento de suas propriedades medicinais chega depois à
Pérsia e ao Egito por intermédio dos babilônios. Os gregos e os árabes
também empregavam o ópio para fins médicos.
O primeiro caso conhecido de cultivo da papoula na Índia data do
século XI, no tempo do império Mongol (século XVI). A produção e o
consumo de ópio nesse pais já eram fatos normais.
O ópio era conhecido também na Europa, na Idade Média, e o famoso
Paracelso ministrava-o a seus pacientes.
Quando utilizado por prazer, era ingerido como chá. O hábito de fumar
ópio conta umas poucas centenas de anos. Em muitas sociedades orientais
tradicionais recorre-se ao ópio contra dores nas enfermidades do corpo, mas
também como tranqüilizante. É também instrumento do relaxamento e de
sociabilidade.
No século passado, a “British East Índia Company” produzia ópio na
Índia e o vendia para a China. A insistência do governo chinês em reprimir a
venda e o uso da droga que se alastrava levou a um conflito com a
Inglaterra, conhecido como a “Guerra do Ópio”. Os ingleses obrigaram a
China a liberar a importação da droga e como resultado, em 1900, metade
da população adulta masculina chinesa era descrita como dependente da
droga.
Amplamente aceita como droga recreativa no Oriente e comprado
livremente na Inglaterra e Estados Unidos, até fins do século passado, o ópio
provocou o surgimento de “casas de ópio” na maioria das cidades européias.
Foi somente no início deste século que o seu consumo começou a ser
proibido.

ÓPIO - EFEITOS FÍSICOS E PSÍQUICOS

28
* As pessoas não iniciadas podem experimentar náuseas, vômitos,
ansiedade, tonturas e
falta de ar.
* O dependente entra diretamente num estado de torpor, sentindo os
membros pesados
e o raciocínio lento.
* A dependência e tolerância se desenvolvem rapidamente e o
dependente passa a sentir
tudo, menos prazer.
* Privado da droga, tem tremores, suores, angústia, cólicas e câimbras
- sintomas da
síndrome de abstinência.

NOMES COMERCIAIS: Tintura de Ópio, Elixir Paregórico, Elixir de Dover


(substância ativa - Pó de ópio).
USO TERAPÊUTICO: Anti-diarréico e analgésico.

[A] Ópio [C] Codeína e Ziprepol


[B] Morfina [D] Heroína

[B] MORFINA - ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS

A morfina é a mais conhecida das várias substâncias existentes no pó


de ópio. A palavra morfina vem do deus da mitologia grega Morfeu, deus dos
sonhos.
Foi isolada em 1806, sendo uma das mais potentes drogas analgésicas.
Após a constatação das desastrosas conseqüências do seu largo
emprego, a morfina foi relegada a um plano secundário em medicina.
Os mecanismos de fiscalização sobre a sua produção e comercialização
são severos. Só está disponível em soluções injetáveis e comprimidos e seu
uso é restrito a algumas situações médicas onde se impõe o uso de um
analgésico potente (como cânceres, queimaduras extensas, grandes
traumatismos). O mercado clandestino é restrito, quase insignificante.

MORFINA - EFEITOS FÍSICOS E PSÍQUICOS

Os efeitos agudos da morfina são semelhantes aos do ópio, mas mais


potentes.
Tolerância e dependência também se instalam rapidamente. O
dependente de morfina vive em um estado de torpor e insensibilidade.
A síndrome de abstinência é muito grave, acompanhada de intensa
angústia, tremores, diarréia, suores e câimbras.
A hospitalização é sempre uma imposição nos tratamentos de
desINTOXICAÇÃO. A droga nunca é retirada bruscamente, havendo
necessidade de se estabelecer um programa de retirada progressiva da droga
ou sua substituição por derivados sintéticos mais seguros.

NOME COMERCIAL: Morfina.

[A] Ópio [C] Codeína e Ziprepol


[B] Morfina [D] Heroína

[C] CODEÍNA E ZIPREPOL - ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS

29
A codeína, ou metilmorfina, é um alcalóide natural (opiáceo natural)
que compõe o ópio. O Ziprepol é uma substância sintética (opióide), isto é,
fabricada em laboratório.
Indicadas para tosses irritativas e sem expectoração (tosse seca), são
chamadas de substâncias antitussígenas, estando presentes em xaropes e
gotas para tosse como, por exemplo: Belacodid, Gotas Binelli, Tussaveto,
etc. Os métodos usuais de administração são oral ou endovenoso. A duração
do efeito é de 3 a 6 horas.
A codeína é um narcótico de origem natural mais amplamente
empregado na clínica médica. Mesmo sendo menos potente que outros
opiáceos, seu uso continuado induz a certa tolerância.
O Zipeprol, devido a sua grande toxicidade, foi recentemente banido do
Brasil (ou seja, está proibido fabricar ou vender remédios à base desta
substância no território nacional). No ano de 1991, foram retirados do
comércio remédios com Ziprepol como, por exemplo: Eritos, Nantux,
Silentos e Tussaveto. Isto ocorreu pelo fato de que houve várias mortes de
jovens que abusavam destas substâncias, principalmente crianças de rua.
Os xaropes e gotas à base de codeína só podem ser vendidos nas
farmácias brasileiras com a apresentação da receita do médico, que fica
retida para posterior controle. Isto nem sempre acontece, pois há
estabelecimentos que, para ganhar mais dinheiro, vendem estas substâncias
por “baixo do pano”.

CODEÍNA E ZIPREPOL - EFEITOS FÍSICOS E PSÍQUICOS

A codeína possui os vários efeitos das drogas do tipo opiáceo. Assim, é


capaz de dilatar a pupila (“menina dos olhos”), de dar uma sensação de má
digestão e produzir prisão de ventre.
O Ziprepol, além da possibilidade de produzir convulsões, pode
também produzir náuseas.
O cérebro humano possui uma certa área - chamada centro da tosse –
que comanda os nossos acessos de tosse. A codeína e o Ziprepol são drogas
capazes de inibir e bloquear esse centro da tosse. Assim, mesmo que haja
um estímulo para retirá-lo, o centro estando bloqueado pela droga não reage.
A codeína e o Ziprepol também agem em mais regiões do cérebro, inibindo
outros centros que comandam as funções de nossos órgãos.
Com a codeína, a pessoa sente menos dor (é analgésico) e pode ficar
sonolenta. A pressão do sangue, o número de batimentos do coração e a
respiração podem ficar diminuídas.
O Ziprepol pode atuar no cérebro, fazendo a pessoa sentir-se aérea,
flutuando, sonolenta, vendo ou sentindo coisas diferentes. Com freqüência,
leva também a acessos de convulsão, o que é bastante perigoso.
A codeína, quando tomada em doses maiores do que a terapêutica,
produz uma acentuada depressão das funções cerebrais. Como
conseqüência, a pessoa fica apática, a pressão do sangue cai muito, o
coração funciona com grande lentidão e a respiração torna-se muito fraca. A
pele fica fria, pois a temperatura do corpo diminui, e meio azulada, por
respiração insuficiente. A pessoa pode ficar em estado de coma,
inconsciente, e, se não for tratada, pode morrer.
A codeína leva rapidamente o organismo a um estado de tolerância.
Assim, não é incomum saber-se de casos de pessoas que tomam vários
vidros de xaropes ou de gotas para continuar sentindo os mesmos efeitos. E,
se deixam de tomar a droga, já estando dependentes, aparecem os sintomas
da chamada síndrome de abstinência. Calafrios, câimbras, cólicas, nariz
escorrendo, lacrimejamento, inquietação, irritabilidade e insônia são os
sintomas mais comuns da abstinência.
30
Com o Ziprepol há, também, o fenômeno da tolerância, embora em
intensidade menor. O pior aspecto do uso crônico (repetido) dos produtos à
base de Ziprepol é a possibilidade da ocorrência de convulsões.

NOMES COMERCIAIS: Belacodid, Belpar, Benzotiol, Codelasa, Gotas Binelli,


Naquinto, Pastilhas Veabon, Pastilhas Warton, Setux, Tussaveto, Tussodina,
Tylex (substância ativa -Codeína)
USO TERAPÊUTICO: Antitussígeno e analgésico
Eritos, Nantux, Silentos, Tussiflex (substância ativa - Zipeprol)
USO TERAPÊUTICO: Antitussígeno

[A] Ópio [C] Codeína e Ziprepol


[B] Morfina [D] Heroína
[D] HEROÍNA - ASPECTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS

Obtida a partir da morfina, é muito mais potente do que ela.


Conhecida como a “rainha das drogas” por causa de seus efeitos. Foi
sintetizada em 1874, em Berlim.
A palavra heroína vem do termo “heroich” que, em alémão, significa
potente, enérgico.
De início foi preconizada como substituta da morfina e chegou a fazer
parte dos MEDICAMENTOS analgésicos, antitussígenos e hipnóticos. Hoje
em dia, não tem qualquer indicação médica.
Na sua forma pura, é um pó branco e amargo. Vendida
clandestinamente, tem coloração que varia do branco ao marrom escuro, por
causa das impurezas deixadas pelos processos primitivos de obtenção ou
pela presença de talco, açúcar, corantes químicos, leite em pó etc.
A via de administração preferida pelos usuários de heroína é a
endovenosa. Pode ser também aspirada ou fumada.
O comércio ilegal da heroína representa um dos segmentos mais
importantes e rentáveis do tráfico de drogas. A produção e a distribuição
estão sempre ligadas as grandes organizações clandestinas.
O uso de heroína é raro no Brasil. Por outro lado, os Estados Unidos
vivem uma situação epidêmica, cujo início se localiza por volta da metade
da década de 60, coincidindo com o envolvimento dos americanos na guerra
do Vietnã. Milhares de soldados adquiriram o hábito de tomar heroína junto
às populações do sudeste asiático. Foi grande a quantidade de jovens que
retornou da guerra dependente.
A grande dificuldade em ajudar os dependentes de heroína levou vários
países a criar os programas de “manutenção pela metadona” – opióide
sintetizado por químicos alémães, durante a Segunda Guerra Mundial, em
resposta à escassez de morfina. A metadona é utilizada no tratamento dos
dependentes de heroína. Não desenvolve tolerância e o seu efeito pode durar
até quatro vezes mais que os efeitos de outros opiáceos.

HEROÍNA - EFEIT0S FÍSICOS E PSÍQUICOS

Os efeitos agudos são semelhantes aos obtidos com os outros opiáceos:


torpor e tonturas misturados com um sentimento de leveza e euforia. As
primeiras doses podem provocar náuseas e vômitos.
Depois de instalada a dependência, há necessidade de ministrá-la mais
vezes a fim de prevenir os desprazeres da abstinência: cólicas, angústia,
dores pelo corpo, letargia, apatia e medo. A tolerância instala-se
rapidamente. A repetição das doses nada mais faz a não ser aliviar estes
sintomas.

31
As dependências fazem parte da natureza do homem, uma vez que
toda a existência humana está compreendida entre estados de dependência.
Durante a vida, o ser humano cria relações de dependência com
objetos, pessoas e situações. Algumas dessas relações são importantes para
o bem-estar, outras causam prejuízo, perda de autonomia etc.
A dependência cria um vínculo extremo onde a droga é priorizada em
detrimento de outras relações. Na falta da droga, as pessoas, que se
acostumaram a consumi-la, são invadidas por sintomas penosos, é a
conseqüência de um desejo sem medida.
“DEPENDÊNCIA” foi o termo recomendado em 1964, pela OMS, para
substituir outros com maior conotação moral como “vício”.
A dependência constitui-se a partir de três elementos:
a) a substância psicoativa com características farmacológicas peculiares;
b) o indivíduo com suas características de personalidade e sua singularidade
biológica;
c) o contexto sócio-cultural dinâmico e polimorfo, onde se realiza o encontro
entre o indivíduo e o produto.
ALGUNS CONCEITOS:

[1] DEPENDENTE [4] SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA


[2] DEPENDÊNCIA FÍSICA [5] TOLERÂNCIA
[3] DEPENDÊNCIA PSÍQUICA. [6] OUTROS CONCEITOS /
TERMINOLOGIAS

[1] DEPENDENTE

Uma pessoa só deve ser considerada dependente se o seu nível de


consumo incorrer em pelo menos três dos seguintes sintomas ou sinais, ao
longo dos últimos doze meses antecedentes ao diagnóstico:
* forte desejo ou compulsão de consumir drogas;
* consciência subjetiva de dificuldades na capacidade de controlar a
ingestão de drogas,
em termos de início, término ou nível de consumo;
* uso de substâncias psicoativas para atenuar sintomas de abstinência,
com plena
consciência da efetividade de tal estratégia;
* estado fisiológico de abstinência;
* evidência de tolerância, necessitando doses crescentes da substância
requerida para
alcançar os efeitos originalmente produzidos;
* estreitamento do repertório pessoal de consumo, quando o indivíduo
passa, por
exemplo, a consumir droga em locais não propícios, a qualquer hora,
sem nenhum
motivo especial etc.;
32
* negligência progressiva de prazeres e interesses outros em favor do
uso de drogas;
* persistência no uso de drogas, a despeito de apresentar clara
evidência de
manifestações danosas;
* evidência de que o retorno ao uso da substância, após um período de
abstinência, leva
a uma reinstalação rápida do quadro anterior.
Por ocasião da 9ª Revisão da Classificação Internacional das Doenças,
os aspectos psicológicos e físicos foram unificados sob a definição de
DEPENDÊNCIA de drogas. Esta mudança ocorreu, pois, no passado, julgou-se
erradamente que as drogas que induziam à DEPENDÊNCIA FÍSICA - e
conseqüentemente à SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA - seriam aquelas
perigosas (foram por isso chamadas de drogas pesadas (“hard drugs”) ao
contrário das que induziam apenas DEPENDÊNCIA PSÍQUICA - as drogas
leves (“soft drugs”).
Sabe-se hoje que várias drogas, sem a capacidade de produzir
dependência física, geram intensa compulsão para o uso e sérios problemas
orgânicos. Portanto, soaria estranho classificá-las como drogas “leves”.
Assim, hoje, aceita-se que uma pessoa seja DEPENDENTE, sem qualificativo,
enfatizando-se que a condição de DEPENDÊNCIA seja encarada como um
quadro clínico, existindo dois tipos de dependência: FÍSICA/PSÍQUICA.

[1] DEPENDENTE [4] SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA


[2] DEPENDÊNCIA FÍSICA [5] TOLERÂNCIA
[3] DEPENDÊNCIA PSÍQUICA. [6] OUTROS CONCEITOS /
TERMINOLOGIAS

[2] DEPENDÊNCIA FÍSICA

Quando a droga é utilizada em quantidade e freqüências elevadas e o


organismo se defende estabelecendo um novo equilíbrio em seu
funcionamento, adaptando-se à droga de tal forma que, na sua falta,
funciona mal.
Estado de adaptação do corpo, manifestado por distúrbios físicos
quando o uso de uma droga é interrompido.
Na dependência física, a droga é necessária para que o corpo funcione
normalmente.

[1] DEPENDENTE [4] SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA


[2] DEPENDÊNCIA FÍSICA [5] TOLERÂNCIA
[3] DEPENDÊNCIA PSÍQUICA. [6] OUTROS CONCEITOS /
TERMINOLOGIAS

[3] DEPENDÊNCIA PSÍQUICA.

É a dependência fundamental.
A dependência psíquica se instala quando a pessoa é dominada por um
impulso forte, quase incontrolável de se administrar a droga à qual se
habituou, experimentando um mal-estar intenso (“fissura”), na ausência da
mesma.

33
Condição na qual uma droga produz um sentimento de satisfação e um
impulso psicológico, exigindo uso periódico ou contínuo da droga para
produzir prazer ou evitar desconforto.
Apego ao estado onde as dificuldades do usuário são
momentaneamente apagadas pelos efeitos da droga, que acaba por
preencher a necessidade de “soluções” imediatas.
Os psicotrópicos causam uma mudança no psiquismo, da qual as
pessoas passam a depender. Em geral, estes efeitos são prazerosos.

[1] DEPENDENTE [4] SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA


[2] DEPENDÊNCIA FÍSICA [5] TOLERÂNCIA
[3] DEPENDÊNCIA PSÍQUICA. [6] OUTROS CONCEITOS /
TERMINOLOGIAS

[4] SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA

Conjunto de sinais e sintomas decorrentes da falta de drogas em


usuários dependentes.
Caracteriza-se por sensações de mal-estar e diferentes graus de
sofrimento mental e físico, particulares para cada tipo de droga.
Manifestação de um desajuste metabólico no organismo provocado
pela suspensão do uso de algumas substâncias.
Quadro clínico que revela a falta que determinada substância está
fazendo ao metabolismo orgânico.
Algumas síndromes de abstinência podem ser tão graves ao ponto de
colocar em risco a vida da pessoa, como é o caso da abstinência ao álcool e à
heroína.

[1] DEPENDENTE [4] SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA


[2] DEPENDÊNCIA FÍSICA [5] TOLERÂNCIA
[3] DEPENDÊNCIA PSÍQUICA. [6] OUTROS CONCEITOS /
TERMINOLOGIAS

[5] TOLERÂNCIA

Quando o organismo reage à presença de um produto químico, através


de um processo de adaptação biológica.
No caso da presença contínua de uma determinada substância, o
organismo se acostuma a ela e a incorpora em seu funcionamento. Assim,
ele responde cada vez com menor intensidade aos efeitos da droga
consumida, necessitando aumentar a dosagem para obter os mesmos efeitos.
O aumento de doses muito mais elevadas do que as iniciais eleva o
risco de uma morte súbita por overdose. Isto ocorre, por exemplo, quando se
administra um produto mais “puro”, isto é, menos adulterado que
habitualmente.

[1] DEPENDENTE [4] SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA


[2] DEPENDÊNCIA FÍSICA [5] TOLERÂNCIA
[3] DEPENDÊNCIA PSÍQUICA. [6] OUTROS CONCEITOS /
TERMINOLOGIAS

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[6] OUTROS CONCEITOS / TERMINOLOGIAS

[A] MANEIRAS DE USO [G] INTOXICAÇÃO


[B] TIPOS DE USUÁRIOS [H] SINERGISMO
[C] ABUSO [ I ] ENTORPECENTE
[D] ADICTO [ J ] NARCÓTICO
[E] ESCALADA [K] MEDICAMENTO
[F] OVERDOSE

[A] MANEIRAS DE USO

USO
Vínculo frágil com a substância que permite a manutenção de outras
relações.
É possível usar moderadamente certas substâncias sem abusar delas.
Assim, no caso dos MEDICAMENTOS, o uso correto tem a ver com a
dosagem adequada, além da indicação de um remédio apropriado.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), Órgão das
Nações Unidas com sede em Genebra, o uso de drogas deve ser classificado
em:
USO NA VIDA: quando a pessoa fez uso de qualquer droga pelo menos uma
vez na vida,
USO NO ANO: quando a pessoa utilizou drogas pelo menos uma vez nos
últimos doze meses,
USO NO MÊS OU RECENTE: quando a pessoa utilizou drogas pelo menos
uma vez nos últimos trinta dias,
USO FREQÜENTE: quando a pessoa utilizou drogas seis ou mais vezes nos
últimos trinta dias.
Quanto ao padrão de uso de drogas, a OMS define os seguintes tipos:
USO DE RISCO: padrão de uso ocasional, repetido e persistente, que implica
em alto risco de danos futuros à saúde física ou mental do usuário, mas que
ainda não resultou em significantes efeitos mórbidos orgânicos ou
psicológicos,

USO PREJUDICIAL: padrão de uso que já cause dano à saúde, físico e/ou
mental.

USO INVOLUNTÁRIO
Relacionado à poluição química ou ambiental, onde certos produtos
tóxicos podem ser absorvidos pela respiração, pela pele, por irradiação ou
ingestão. Ex.: sapateiro que aspira cola acidentalmente, fumante passivo.
Estas situações não são consideradas como uso de drogas - embora
prejudiciais à saúde.

USO RITUAL
O uso ritual de substâncias psicotrópicas é aquele onde o consumo,
geralmente de alucinógenos, é realizado dentro de um controle coletivo
codificado em normas simbólicas, semelhante ao ato cerimonial. Esse
controle coletivo pode se dar tanto dentro de culturas indígenas e
camponesas, quanto no contexto mais próximo das grandes metrópoles.
No primeiro caso, indígena e camponês, o uso ritual geralmente está
associado a uma experiência místico-religiosa em que os indivíduos
desenvolvem regras de contato com as entidades divinas nas quais
35
acreditam. Temos o exemplo do xamanismo, muito comum em povos
nativos da América Latina, onde um membro da tribo, tido como portador de
capacidades especiais, ingere altas doses de tabaco mascado e através disso
atua como interlocutor humano diante da autoridade transcendental ou
divina. Aqui o controle é feito basicamente pelos enquadramentos
simbólicos que são dados aos efeitos de alucinação provocados pela
substância; todas as imagens evocadas pelo xama são interpretadas em
função dos mitos, da realidade e dos anseios daquela tribo.
De modo semelhante, o culto do Santo Daime também é uma prática
ritual - onde o chá de ayahuasca é empregado por um grupo, orientado por
um “mestre”, para ter acesso a uma experiência mística.
Assim, nesses dois momentos, o USO RITUAL utiliza o psicotrópico
(especificamente o alucinógeno) como um meio de alcançar uma suposta
transcendência na qual a coletividade está inclusa como beneficiária.
No segundo caso, do contexto urbano, o uso ritual já assume algumas
diferenciações. Nele, a substância (alucinógena, mas também estimulante e
depressora) na maioria das vezes não é vista como um veículo para
transcendência mística. O consumo não deixa de ocorrer dentro de uma
prática grupal, organizada e controlada por um sistema simbólico, mas os
objetivos são definidos por questões mais circunscritas aos indivíduos
isoladamente. Assim, o que se tem é um RITUAL DO USO, no qual podem ser
inseridos o compartilhar de seringas e a alternância de um mesmo cigarro
de maconha no interior dos grupos. A forma de se fumar, aspirar ou aplicar a
substância, os gestos e olhares são elementos que compõem o ritual do uso
controlado.
Numa perspectiva formal, ambos os rituais têm em comum o controle
coletivo e codificado, diferenciado-se no que tange às aspirações definidas
pelas realidades especificas. De qualquer maneira, existe nuances que não
permitem uma visão fixa e fechada das diversas modalidades rituais. O que
se procurou fazer aqui foi um breve mosaico desse tema tão amplo e
complexo.

USO VOLUNTÁRIO
Todo o uso que ocorre pela própria vontade do usuário. Ex.: cheirar
cola de sapateiro, fumar cigarros.
[A] MANEIRAS DE USO [G] INTOXICAÇÃO
[B] TIPOS DE USUÁRIOS [H] SINERGISMO
[C] ABUSO [ I ] ENTORPECENTE
[D] ADICTO [ J ] NARCÓTICO
[E] ESCALADA [K] MEDICAMENTO
[F] OVERDOSE

[B] TIPOS DE USUÁRIOS

USUÁRIO
A OMS recomenda a seguinte classificação para as pessoas que
utilizam substâncias psicoativas:
NÃO USUÁRIO: nunca utilizou,
USUÁRIO LEVE: utilizou drogas, mas no ultimo mês o consumo não foi
diário ou semanal,
USUÁRIO MODERADO: utilizou drogas semanalmente, mas não diariamente
no ultimo mês,
USUÁRIO PESADO: utilizou drogas diariamente no ultimo mês.
Segundo considerações de saúde pública, sociais e educacionais, uma
publicação da UNESCO distingue entre quatro tipos de usuários:
36
* USUÁRIO EXPERIMENTAL ou EXPERIMENTADOR: limita-se a
experimentar uma ou várias drogas, por diversos motivos, como curiosidade,
desejo de novas experiências, pressão de grupo etc. Na grande maioria dos
casos, o contato com drogas não passa das primeiras experiências.
* USUÁRIO OCASIONAL: utiliza um ou vários produtos, de vez em quando, se
o ambiente for favorável e a droga disponível. Não há dependência, nem
ruptura das relações afetivas e sociais.
* USUÁRIO HABITUAL ou “FUNCIONAL”: faz uso freqüente de drogas. Em
suas relações já se observam sinais de rupturas. Mesmo assim, ainda
“funciona” socialmente, embora de forma precária e correndo riscos de
dependência.
* USUÁRIO DEPENDENTE ou “DISFUNCIONAL” (toxicômano, drogadito,
farmacodependente): vive pela droga e para a droga, quase exclusivamente.
Como conseqüência, rompe os seus vínculos sociais, o que provoca
isolamento e marginalização, acompanhados eventualmente de decadência
física e moral.

COMPORTAMENTOS E SINTOMAS FÍSICOS DE USUÁRIOS DE DROGAS:

Estaremos descrevendo abaixo algumas características que podem


apontar a possibilidade do jovem estar usando drogas: encontro de objetos
estranhos ao ambiente (papel de seda, seringas, colírios, cachimbos, lâminas
de barbear, cola, esmaltes, resíduos de pó branco e erva). Comportamentos
suspeitos como esconder objetos pessoais, troca do dia pela noite, rejeição
dos antigos amigos, mudanças na forma de se vestir, adquire o hábito da
mentira, inventa desculpas para não realizar tarefas, usa colírios e/ou
óculos escuros em ambientes fechados, rouba dinheiro ou objetos da casa.
Existem também alguns sintomas físicos que podem indicar o uso de
drogas, ou seja, calafrios no verão, suores no inverno, falta de coordenação
motora, pupilas dilatadas ou contraídas, reações retardadas, palidez, perda
ou aumento de peso, coriza constante, tonturas, taquicardia, vertigens,
secura na boca, entre outros.
É importante destacar que a observação de alguns destes sintomas não
deve causar pânico nos familiares, mas sim a iniciativa de procurar ajuda
profissional, nos grupos de ajuda mútua, ou se necessário, com internações
em Comunidades Terapêuticas.
Nas últimas páginas desta apostila, você encontrará alguns endereços
úteis onde poderá obter ajuda profissional.

[A] MANEIRAS DE USO [G] INTOXICAÇÃO


[B] TIPOS DE USUÁRIOS [H] SINERGISMO
[C] ABUSO [ I ] ENTORPECENTE
[D] ADICTO [ J ] NARCÓTICO
[E] ESCALADA [K] MEDICAMENTO
[F] OVERDOSE

[C] ABUSO

Vínculo forte com a substância que interfere nas outras relações.


Inclui a idéia de uso em excesso, a noção de descomedimento.
Todo abuso é um USO INDEVIDO. Nem sempre o USO INDEVIDO é um
abuso. Por exemplo: um MEDICAMENTO tomado erroneamente, a
automédicação, mesmo sem excesso, e uma dose moderada e até esporádica

37
de álcool, mas durante um tratamento com o qual não seja compatível,
constituem USO INDEVIDO.
Todo o uso de drogas ilícitas ou ilegais, de acordo com a lei,
corresponde a um abuso passível de sanção legal, uma vez que tais usos são
proibidos.
Alguns autores denominam de categoria especial de abuso às
substâncias desviadas do seu uso habitual, em particular inalantes ou
solventes, além da automédicação.

[A] MANEIRAS DE USO [G] INTOXICAÇÃO


[B] TIPOS DE USUÁRIOS [H] SINERGISMO
[C] ABUSO [ I ] ENTORPECENTE
[D] ADICTO [ J ] NARCÓTICO
[E] ESCALADA [K] MEDICAMENTO
[F] OVERDOSE

[D] ADICTO

Define-se como uma pessoa francamente propensa a uma determinada


prática – uma crença, uma atividade, um trabalho - ou partidária de
determinados princípios.
A OMS não classifica o usuário dependente como adicto uma vez que
considera-se que o abuso de drogas não pode ser definido apenas em função
da quantidade e freqüência de uso.

[A] MANEIRAS DE USO [G] INTOXICAÇÃO


[B] TIPOS DE USUÁRIOS [H] SINERGISMO
[C] ABUSO [ I ] ENTORPECENTE
[D] ADICTO [ J ] NARCÓTICO
[E] ESCALADA [K] MEDICAMENTO
[F] OVERDOSE

[E] ESCALADA

Envolvimento progressivo com drogas.


ESCALADA QUALITATIVA: passagem de um consumo de drogas “leves”
para o uso de drogas “pesadas”.
ESCALADA QUANTITATIVA: passagem de um consumo ocasional a um
consumo intenso, contínuo ou crônico.
É mais comum o usuário entrar em uma escalada quantitativa - única
droga de forma mais freqüente.
Pode passar a misturar várias drogas, à procura de efeitos permanentes
ou mais fortes.
A grande maioria dos usuários não entra em escalada.
A escalada não é um processo inevitável.

[A] MANEIRAS DE USO [G] INTOXICAÇÃO


[B] TIPOS DE USUÁRIOS [H] SINERGISMO
[C] ABUSO [ I ] ENTORPECENTE
[D] ADICTO [ J ] NARCÓTICO
[E] ESCALADA [K] MEDICAMENTO
[F] OVERDOSE
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[F] OVERDOSE (SUPER DOSE OU DOSE EXCESSIVA)
É um termo de língua inglesa utilizado cientificamente para
denominar a exposição do organismo a altas doses de uma substância
química, seja ela um MEDICAMENTO, uma droga de abuso ou outra
substância química qualquer.
Vulgarmente esse termo é utilizado para denominar a exposição aguda
a doses excessivas de uma droga de abuso, ocorrendo ou não a
INTOXICAÇÃO, isto é, havendo ou não sinais e sintomas clínicos, que
debilitam o organismo, provocando a falência de órgãos vitais, como coração
e pulmões.

[A] MANEIRAS DE USO [G] INTOXICAÇÃO


[B] TIPOS DE USUÁRIOS [H] SINERGISMO
[C] ABUSO [ I ] ENTORPECENTE
[D] ADICTO [ J ] NARCÓTICO
[E] ESCALADA [K] MEDICAMENTO
[F] OVERDOSE

[G] INTOXICAÇÃO

Manifestação clínica do efeito nocivo produzido em um organismo vivo


como resultado da interação de uma substância química com esse
organismo.
INTOXICAÇÃO AGUDA
Manifestação clínica, através de sinais e sintomas, do efeito nocivo
resultante da interação de uma substância química com um organismo vivo,
e que se apresenta de forma súbita, alguns minutos ou algumas horas após a
exposição ao agente químico, a qual é geralmente única e dentro de 24
horas.
INTOXICAÇÃO CRÔNICA
Manifestação clínica, através de sinais e sintomas, do efeito nocivo
resultante da interação de uma substância química com um organismo vivo
e que se apresenta após exposições repetidas, por um tempo prolongado
(superior a três meses).

[A] MANEIRAS DE USO [G] INTOXICAÇÃO


[B] TIPOS DE USUÁRIOS [H] SINERGISMO
[C] ABUSO [ I ] ENTORPECENTE
[D] ADICTO [ J ] NARCÓTICO
[E] ESCALADA [K] MEDICAMENTO
[F] OVERDOSE
[H] SINERGISMO

É a soma ou potencialização dos efeitos de certas drogas semelhantes


ou diferentes, como por exemplo a ingestão de barbitúricos e/ou álcool.

[A] MANEIRAS DE USO [G] INTOXICAÇÃO


[B] TIPOS DE USUÁRIOS [H] SINERGISMO
[C] ABUSO [ I ] ENTORPECENTE
[D] ADICTO [ J ] NARCÓTICO
[E] ESCALADA [K] MEDICAMENTO
[F] OVERDOSE

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[ I ] ENTORPECENTE

Em farmacologia, designa os psicotrópicos que têm por principal


função embotar ou insensibilizar. Trata-se principalmente dos OPIÁCEOS,
designados também de NARCÓTICOS.
Aquilo que traz torpor, sono.
Segundo Giuseppe Di Gennaro, o termo entorpecente ou
ESTUPEFACIENTE acentuaria o aspecto do efeito provocado pela substância.
Termo muito utilizado pelas convenções internacionais que tratam da
questão das drogas com conotação generalizada, designando todos os
psicotrópicos cuja distribuição e consumo devem ser regulamentados,
levando-se em conta sua presumida toxicidade.
Na opinião popular, refere-se à droga em geral.

[A] MANEIRAS DE USO [G] INTOXICAÇÃO


[B] TIPOS DE USUÁRIOS [H] SINERGISMO
[C] ABUSO [ I ] ENTORPECENTE
[D] ADICTO [ J ] NARCÓTICO
[E] ESCALADA [K] MEDICAMENTO
[F] OVERDOSE

[ J ] NARCÓTICO

Da raiz grega “narco”, de “narkosis” (entorpecimento), significa sonho,


estupor, torpor.
É uma categoria de drogas que provoca sono ou estupor e inclui os
opiáceos naturais, semi-sintéticos ou sintéticos.

[A] MANEIRAS DE USO [G] INTOXICAÇÃO


[B] TIPOS DE USUÁRIOS [H] SINERGISMO
[C] ABUSO [ I ] ENTORPECENTE
[D] ADICTO [ J ] NARCÓTICO
[E] ESCALADA [K] MEDICAMENTO
[F] OVERDOSE

[K] MEDICAMENTO

Toda substância ou associação de substâncias contida em um produto


farmacêutico empregado para modificar ou explorar sistemas fisiológicos ou
estados patológicos em benefício da pessoa a que se administra.
Todo MEDICAMENTO é uma droga.

“TUDO O QUE EXISTE, SERVE PARA CUMPRIR UMA DETERMINADA


FINALIDADE”, quer dizer: o perfume somente existe porque existem pessoas
que gostam e sentem-se bem quando estão perfumadas...
Assim também acontece com as drogas, que possuem várias
finalidades, quer sejam para curar doenças, para fins industriais, ou ainda
aquelas que causam entorpecimento (os psicotrópicos).

40
Seja qual for a finalidade, as drogas obedecem um ciclo tipicamente
econômico, que é:

PRODUÇÃO DISTRIBUIÇÃO

CONSUMO

A produção e a comercialização das drogas existe para servir a uma


necessidade de mercado, ou seja, para os laboratórios farmacêuticos
(MEDICAMENTOS), para a fabricação de produtos para a indústria
(solventes), para a indústria de calçados (cola de sapateiro), existindo ainda
as várias indústrias de cigarros e bebidas alcóolicas, para consumo da
população.
Da mesma forma, existe também a produção das drogas comumente
chamadas ilícitas como a cocaína, a maconha, o “crack”, a heroína, o LSD,
etc., que infelizmente possuem consumidores específicos (chamados
dependentes químicos), além de um mercado que não pára de crescer,
apesar da preocupação e esforço das autoridades ligadas à questão.

41
Lei nº 6.368 de 21 de outubro de 1976

Dispõe sobre medidas de prevenção e repressão ao tráfico ilícito e uso indevido de


substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica, e dá outras
providências.
[A] Capítulo I - Da Prevenção (arts. 1º a 7º)
[B] Capítulo II - Do Tratamento e Da Recuperação (arts. 8º a 11)
[C] Capítulo III - Dos Crimes e Das Penas (arts. 12 a 19)
[D] Capítulo IV - Do Procedimento Criminal (arts. 20 a 35)
[E] Capítulo V - Disposições Gerais (arts. 36 a 47)

[A] CAPÍTULO I - DA PREVENÇÃO (arts. 1º a 7º)

Art. 1º É dever de toda pessoa física ou jurídica colaborar na prevenção e repressão ao


tráfico ilícito e uso indevido de substância entorpecente ou que determine dependência
física ou psíquica.
Parágrafo único. As pessoas jurídicas que, quando solicitadas, não prestarem colaboração
nos planos governamentais de prevenção e repressão ao tráfico ilícito e uso indevido de
substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica perderão, a juízo
do órgão ou do poder competente, auxílios ou subvenções que venham recebendo da União,
dos Estados, do Distrito Federal, Territórios e Municípios, bem como de suas autarquias,
empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações.
Art. 2º Ficam proibidos em todo Território Brasileiro o plantio, a cultura, a colheita, e a
exploração, por particulares, de todas as plantas das quais possa ser extraída substância
entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica. (Vide Lei nº 8.257, 26-11-
91)
§1º As plantas dessa natureza, nativas ou cultivadas, existentes no Território Nacional,
serão destruídas pelas autoridades policiais, ressalvados os casos previstos no parágrafo
seguinte.
§ 2º A cultura dessas plantas com fins terapêuticos ou científicos só será permitida
mediante prévia autorização das autoridades competentes.
§ 3º Para extrair, produzir, fabricar, transformar, preparar, possuir, importar, exportar,
reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou
adquirir, para qualquer fim, substância entorpecente ou que determine dependência física
ou psíquica, ou matéria-prima destinada à sua preparação, é indispensável licença da
autoridade sanitária competente, observadas as demais exigências legais.
§4º Fica dispensada da exigência prevista no parágrafo anterior a aquisição de
MEDICAMENTOS mediante prescrição médica, de acordo com os preceitos legais ou
regulamentares.
Art. 3º As atividades de prevenção, fiscalização e repressão ao tráfico e uso de substâncias
entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica serão integradas num
Sistema Nacional de Prevenção, Fiscalização e Repressão, constituído pelo conjunto de
órgãos que exerçam essas atribuições nos âmbitos federal, estadual e municipal.
Parágrafo único. O sistema, de que trata este artigo, será formalmente estruturado por
decreto do Poder Executivo (Decreto nº 85.110, de 02 de setembro de 1980), que disporá
sobre os mecanismos de coordenação e controle globais de atividades, e sobre os
mecanismos de coordenação e controle incluídos especificamente nas áreas de atuação dos
governos federal, estaduais e municipais.
Art. 4º Os dirigentes de estabelecimentos de ensino ou hospitalares, ou de entidades
sociais, culturais, recreativas, esportivas ou beneficentes, adotarão, de comum acordo e sob
a orientação técnica de autoridades especializadas, todas as medidas necessárias à
prevenção do tráfico ilícito e do uso indevido de substância entorpecente ou que determine
dependência física ou psíquica, nos recintos ou imediações de suas atividades.
Parágrafo único. A não-observância do disposto neste artigo implicará a responsabilidade
penal e administrativa dos referidos dirigentes.
Art. 5º Nos programas dos cursos de formação de professores serão incluídos ensinamentos
referentes a substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica,
a fim de que possam ser transmitidos com observância dos seus princípios científicos.
42
Parágrafo único. Dos programas das disciplinas da área de ciências naturais, integrantes dos
currículos dos cursos de 1º grau, constarão obrigatoriamente pontos que tenham por
objetivo o esclarecimento sobre a natureza e efeitos das substâncias entorpecentes ou que
determinem dependência física ou psíquica.
Art. 6º Compete privativamente ao Ministério da Saúde, através de seus órgãos
especializados, baixar instruções de caráter geral ou especial sobre proibição, limitação,
fiscalização e controle da produção, do comércio e do uso de substâncias entorpecentes ou
que determinem dependência física ou psíquica e de especialidades farmacêuticas que as
contenham.
Parágrafo único. A competência fixada neste artigo, no que diz respeito à fiscalização e ao
controle, poderá ser delegada a órgãos congêneres dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios.
Art. 7º A União poderá celebrar convênios com os Estados, visando à prevenção e repressão
do tráfico ilícito e do uso indevido de substância entorpecente ou que determine
dependência física ou psíquica.
V - Disposições Gerais (arts. 36 a 47)

CAPÍTULO II - DO TRATAMENTO E DA RECUPERAÇÃO (arts. 8º a 11)

Art. 8º Os dependentes de substâncias entorpecentes, ou que determinem dependência


física ou psíquica, ficarão sujeitos às medidas previstas neste capítulo.
Art. 9º As redes dos serviços de saúde dos Estados, Territórios e Distrito Federal contarão,
sempre que necessário e possível, com estabelecimentos próprios para tratamento dos
dependentes de substâncias a que se refere a presente lei.
§1º Enquanto não se criarem os estabelecimentos referidos neste artigo, serão adaptadas,
na rede já existente, unidades para aquela finalidade.
§2º O Ministério da Previdência e Assistência Social providenciará no sentido de que as
normas previstas neste artigo e seu § 1º sejam também observadas pela sua rede de serviços
de saúde.
Art. 10. O tratamento sob regime de internação hospitalar será obrigatório, quando o
quadro clínico do dependente ou a natureza de suas manifestações psicopatológicas assim o
exigirem.
§1º Quando verificada a desnecessidade de internação, o dependente será submetido a
tratamento em regime extra-hospitalar, com assistência do serviço social competente.
§2º Os estabelecimentos hospitalares e clínicas, oficiais ou particulares, que receberem
dependentes para tratamento, encaminharão à repartição competente, até o dia 10 de cada
mês, mapa estatístico dos casos atendidos durante o mês anterior, com a indicação do
código da doença, segundo a classificação aprovada pela Organização Mundial de Saúde,
dispensada a menção do nome do paciente.
Art. 11. Ao dependente que, em razão da prática de qualquer infração penal, for imposta
pena privativa de liberdade ou medida de segurança detentiva, será dispensado tratamento
em ambulatório interno do sistema penitenciário onde estiver cumprindo a sanção
respectiva.

CAPÍTULO III - DOS CRIMES E DAS PENAS (arts. 12 a 19)

Art. 12. Importar ou exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor
à venda ou oferecer, fornecer ainda que gratuitamente, ter em depósito, transportar, trazer
consigo, guardar, prescrever, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a consumo,
substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, sem autorização
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - Reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 360
(trezentos e sessenta) dias-multa.
§1º Nas mesmas penas incorre quem, indevidamente:
I - importa ou exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda ou oferece,
fornece ainda que gratuitamente, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda
matéria-prima destinada à preparação de substância entorpecente ou que determine
dependência física ou psíquica;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita de plantas destinadas à preparação de entorpecente ou
de substância que determine dependência física ou psíquica.
§2º Nas mesmas penas, incorre ainda, quem:
I - induz, instiga ou auxilia alguém a usar entorpecente ou substância que determine
dependência física ou psíquica;
II - utiliza local de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou
consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, para uso indevido ou tráfico
ilícito de entorpecente ou de substância que determine dependência física ou psíquica;

43
III - contribui de qualquer forma para incentivar ou difundir o uso indevido ou o tráfico
ilícito de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica.
Art. 13. Fabricar, adquirir, vender, fornecer ainda que gratuitamente, possuir ou guardar
maquinismo, aparelho instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação,
produção ou transformação de substância entorpecente ou que determine dependência
física ou psíquica, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
Pena - Reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 360 (trezentos
e sessenta) dias-multa.
Art. 14. Associarem-se 2 (duas) ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou
não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 12 ou 13 desta Lei:
Pena - Reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 360 (trezentos
e sessenta) dias-multa.
Art. 15. Prescrever ou ministrar culposamente, o médico, dentista, farmacêutico ou
profissional de enfermagem, substância entorpecente ou que determine dependência física
ou psíquica em dose evidentemente maior que a necessária ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Pena - Detenção de 06 (seis meses) a 02 (dois anos) e pagamento de 30 (trinta) a 100 (cem)
dias-multa.
Art. 16. Adquirir, guardar, ou trazer consigo, para uso próprio, substância entorpecente ou
que determine dependência física ou psíquica, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Pena - Detenção, de 06 (seis) meses a 02 (dois) anos e pagamento de 20 (vinte) a 50
(cinqüenta) dias-multa.
Art. 17. Violar de qualquer forma o sigilo de que trata o art. 26 desta Lei:
Pena - Detenção, de 02 (dois) a 06 (seis) meses, ou pagamento de 20 (vinte) a 50 (cinqüenta)
dias-multa, sem prejuízo das sanções administrativas a que estiver sujeito o infrator.
Art. 18. As penas dos crimes definidos nesta Lei serão aumentadas de 1/3 (um terço) a 2/3
(dois terços):
I - no caso de tráfico com o exterior ou de extraterritorialidade da lei penal;
II - quando o agente tiver praticado o crime prevalecendo-se de função pública relacionada
com a repressão à criminalidade ou quando, muito embora não titular de função pública,
tenha missão de guarda e vigilância;
III - se qualquer deles decorrer de associação ou visar a menores de 21 (vinte e um) anos ou
a quem tenha, por qualquer causa, diminuída ou suprimida a capacidade de discernimento
ou de autodeterminação;
IV - se qualquer dos atos de preparação, execução ou consumação ocorrer nas imediações
ou no interior de estabelecimento de ensino ou hospitalar, de sedes de entidades
estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas ou beneficentes, de locais de trabalho
coletivo, de estabelecimentos penais, ou de recintos onde se realizem espetáculos ou
diversões de qualquer natureza, sem prejuízo da interdição do estabelecimento ou do local.
Art. 19. É isento da pena o agente que, em razão da dependência, ou sob efeito de
substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica proveniente de
caso fortuito ou forca maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido
a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se, por
qualquer das circunstâncias previstas neste artigo, o agente não possuía, ao tempo da ação
ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento.

CAPÍTULO IV - DO PROCEDIMENTO CRIMINAL (arts. 20 a 35)

Art. 20. O procedimento dos crimes definidos nesta Lei reger-se-á pelo disposto neste
capítulo, aplicando-se subsidiariamente o Código de Processo Penal.
Art. 21. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade policial dele fará comunicação
imediata ao juiz competente, remetendo-lhe juntamente uma cópia do auto lavrado e o
respectivo auto nos 5 (cinco) dias seguintes.
§1º Nos casos em que não ocorrer prisão em flagrante, o prazo para remessa dos autos do
inquérito a juízo será de 30 (trinta) dias.
§2º Nas comarcas onde houver mais de uma vara competente, a remessa far-se-á na forma
prevista na Lei de Organização Judiciária local.
Art. 22. Recebidos os autos em juízo, será aberta vista ao Ministério Público para, no prazo
de 3 (três) dias, oferecer denúncia, arrolar testemunhas até o máximo de 5 (cinco) e
requerer as diligências que entender necessárias.
§1º Para efeito de lavratura do auto de prisão em flagrante e do oferecimento da denúncia,
no que tange à materialidade do delito, bastará laudo de constatação da natureza da
44
substância firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea escolhida de
preferência entre as que tiverem habilitação técnica.
§2º Quando o laudo, a que se refere o parágrafo anterior, for subscrito por perito oficial, não
ficará este impedido de participar da elaboração do laudo definitivo.
§3º Recebida a denúncia, o juiz, em 24 (vinte e quatro) horas, ordenará a citação ou
requisição do réu e designar dia e hora para o interrogatório, que se realizará dentro dos 5
(cinco) dias seguintes.
§4º Se o réu não for encontrado nos endereços constantes dos autos, o juiz ordenará sua
citação por edital, com prazo de 5 (cinco) dias, após o qual decretará sua revelia. Neste
caso, os prazos correrão independentemente de intimação.
§5º No interrogatório o juiz indagará do réu sobre eventual dependência, advertindo-o das
conseqüências de suas declarações.
§6º Interrogado o réu, será aberta vista à defesa para, no prazo de 3 (três) dias, oferecer
alegações preliminares, arrolar testemunhas até o máximo de 5 (cinco) e requerer as
diligências que entender necessárias. Havendo mais de um réu, o prazo será comum e
correrá em cartório.
Art. 23. Findo o prazo do §6º do artigo anterior, o juiz proferirá despacho saneador, em 48
(quarenta e oito) horas, no qual ordenará as diligencias indispensáveis ao julgamento do
feito e designará, para um dos 8 (oito) dias seguintes, audiência de instrução e julgamento,
notificando-se o réu e as testemunhas que nela devam prestar depoimento, intimando-se o
defensor e o Ministério Público, bem como cientificando-se a autoridade policial e os órgãos
dos quais dependa a remessa de peças ainda não constantes dos autos.
§1º Na hipótese de ter sido determinado exame de dependência, o prazo para a realização
da audiência será de 30 (trinta) dias.
§2º Na audiência, após a inquirição das testemunhas, será dada a palavra, sucessivamente,
ao órgão do Ministério Público e ao defensor do réu, pelo tempo de 20 (vinte) minutos para
cada um, prorrogável, por mais 10 (dez), a critério do juiz que, em seguida, proferirá
sentença.
§3º Se o juiz não se sentir habilitado a julgar de imediato a causa, ordenará que os autos lhe
sejam conclusos para, no prazo de 5 (cinco) dias, proferir sentença.
Art. 24. Nos casos em que couber fiança, sendo o agente menor de 21 (vinte e um) anos, a
autoridade policial, verificando não ter o mesmo condições de prestá-la, poderá determinar
o seu recolhimento domiciliar na residência dos pais, parentes ou pessoa idônea, que
assinarão termo de responsabilidade.
§1º O recolhimento domiciliar será determinado sempre da referendum do juiz competente,
que poderá mantê-lo ou revogá-lo, ou ainda conceder liberdade provisória.
§2º Na hipótese de revogação de qualquer dos benefícios previstos neste artigo, o juiz
mandará expedir mandado de prisão contra o indiciado ou réu, aplicando-se, no que couber,
o disposto no §4º do art. 22.
Art. 25. A remessa dos autos de flagrante ou de inquérito a juízo far-se-á sem prejuízo das
diligências destinadas ao esclarecimento do fato, inclusive a elaboração do laudo de exame
toxicológico e, se necessário, de dependência, que serão juntados ao processo até a
audiência de instrução e julgamento.
Art. 26. Os registros, documentos ou peças de informação, bem como os autos de prisão em
flagrante e os de inquérito policial para a apuração dos crimes definidos nesta Lei serão
mantidos sob sigilo, ressalvadas, para efeito exclusivo de atuação profissional, as
prerrogativas do juiz, do Ministério Público, da autoridade policial e do advogado na forma
da legislação específica.
Parágrafo único. Instaurada a ação penal, ficará a critério do juiz a manutenção do sigilo a
que se refere este artigo.
Art. 27. O processo e o julgamento do crime de tráfico com o exterior caberão à justiça
estadual com interveniência do Ministério Público respectivo, se o lugar em que tiver sido
praticado for Município que não seja sede de vara da Justiça Federal, com recurso para o
Tribunal Federal de Recursos.
Art. 28. Nos casos de conexão e continência entre os crimes definidos nesta Lei e outras
infrações penais, o processo será o previsto para a infração mais grave, ressalvados os da
competência do júri e das jurisdições especiais.
Art. 29. Quando o juiz absolver o agente, reconhecendo por força de perícia oficial, que ele,
em razão de dependência, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento,
ordenará seja o mesmo submetido a tratamento médico.
§1º Verificada a recuperação, será esta comunicada ao juiz que, após comprovação por
perícia oficial, e ouvido o Ministério Público, determinará o encerramento do processo.
§2º Não havendo peritos oficiais, os exames serão feitos por médicos, nomeados pelo juiz,
que prestarão compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo.

45
§3º No caso de o agente frustrar, de algum modo, o tratamento ambulatorial ou vir a ser
novamente processado nas mesmas condições do caput deste artigo, o juiz poderá
determinar que o tratamento seja feito em regime de internação hospitalar.
Art. 30. Nos casos em que couber fiança, deverá a autoridade, que a conceder ou negar,
fundamentar a decisão.
§1º O valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder, entre o mínimo de Cr$
500,00 (quinhentos cruzeiros) e o máximo de Cr$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros).
§2º Aos valores estabelecidos no parágrafo anterior, aplicar-se-á o coeficiente de atualização
monetária referido no parágrafo único do art. 2º da Lei nº 6.205, de 29 de abril de 1975.
Art. 31. No caso de processo instaurado contra mais de um réu, se houver necessidade de
realizar-se exames de dependência, far-se-á sua separação no tocante ao réu a que interessa
o exame, processando-se este em apartado, e fixando o juiz prazo até 30 (trinta) dias para
sua conclusão.
Art. 32. Para os réus condenados com à pena de detenção, pela prática de crime previsto
nesta lei, o prazo para requerimento de reabilitação será de 2 (dois) anos.
Art. 33. Sob pena de responsabilidade penal e administrativa, os dirigentes, funcionários e
empregados dos órgãos da administração pública direta e autárquica, das empresas
públicas, sociedades de economia mista, ou fundações instituídas pelo poder público,
observarão absoluta precedência nos exames, perícias e na confecção e expedição de peças,
publicação de editais, bem como no atendimento de informações e esclarecimentos
solicitados por autoridades judiciais, policiais ou administrativas com o objetivo de instruir
processos destinados à apuração de quaisquer crimes definidos nesta lei.
Art. 34. Os veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer outros meios de transporte, assim
como os maquinismos, utensílios, instrumentos e objetos de qualquer natureza utilizados
para a prática dos crimes definidos nesta lei, após a sua regular apreensão, serão entregues
à custodia da autoridade competente.
§1º Havendo possibilidade ou necessidade da utilização dos bens mencionados neste artigo,
para sua conservação, poderá a autoridade deles fazer uso.
§2º (Revogado pela Lei nº 7.560, de 19-12-1986.)
Art. 35. O réu condenado por infração dos arts. 12 ou 13 desta lei não poderá apelar sem
recolher-se à prisão.
Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste Capítulo serão contados em dobro quando
se tratar dos crimes previstos nos arts. 12, 13 e 14. (parágrafo acrescentado pela Lei nº
8.072, de 25-07-1990)

CAPÍTULO V - DISPOSIÇÕES GERAIS (arts. 36 a 47)

Art. 36. Para os fins desta lei serão consideradas substâncias entorpecentes ou capazes de
determinar dependência física ou psíquica aquelas que assim forem especificadas em lei ou
relacionadas pelo Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia, do Ministério da
Saúde.
Parágrafo único. O Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia deverá rever,
sempre que as circunstâncias assim o exigirem, as relações a que se refere este artigo, para
o fim de exclusão ou inclusão de novas substâncias.
Art. 37. Para efeito de caracterização dos crimes definidos nesta lei, a autoridade atenderá
à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se
desenvolveu a ação criminosa, às circunstâncias da prisão bem como à conduta e aos
antecedentes do agente.
Parágrafo único. A autoridade deverá justificar, em despacho fundamentado, as razões que
a levaram à classificação legal do fato, mencionando, concretamente, as circunstâncias
referidas neste artigo, sem prejuízo de posterior alteração da classificação pelo Ministério
Público ou pelo juiz.
Art. 38. A pena de multa consiste no pagamento, ao Tesouro Nacional, de uma soma em
dinheiro que é fixada em dias-multa.
§1º O montante do dia-multa será fixado segundo o prudente arbítrio do Juiz, entre o
mínimo de Cr$ 25,00 (vinte e cinco cruzeiros) e o máximo de Cr$ 250,00 (duzentos e
cinqüenta cruzeiros).
§2º Aos valores estabelecidos no parágrafo anterior, aplicar-se-á o coeficiente de atualização
monetária referido no parágrafo único do art. 2º da Lei nº 6.205, de 29 de abril de 1975.
§3º A pena pecuniária terá como referência os valores do dia-multa que vigorarem à época
do fato.
Art. 39. As autoridades sanitárias policiais e alfandegárias organizarão e manterão
estatísticas, registros e demais informes, inerentes às suas atividades relacionadas com a
prevenção e repressão de que trata esta lei, deles fazendo remessa ao órgão competente
com as observações e sugestões que julgarem pertinentes à elaboração do relatório que será
enviado anualmente ao Órgão Internacional da Fiscalização de Entorpecentes.

46
Art. 40. Todas as substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou
psíquica, apreendidas por infração a qualquer dos dispositivos desta lei, serão
obrigatoriamente remetidas, após o trânsito em julgado da sentença, ao órgão competente
do Ministério da Saúde ou congênere estadual, cabendo-lhes providenciar o seu registro e
decidir do seu destino.
§1º Ficarão sob a guarda e responsabilidade das autoridades policiais, até o transito em
julgado da sentença, as substâncias referidas neste artigo.
§2º Quando se tratar de plantação ou quantidade que torne difícil o transporte ou apreensão
da substância na sua totalidade, a autoridade policial recolherá quantidade suficiente para
exame pericial, destruindo o restante, de tudo lavrando auto circunstanciado.
Art. 41. As autoridades judiciárias, o Ministério Público e as autoridades policiais poderão
requisitar às autoridades sanitárias competentes, independentemente de qualquer
procedimento judicial, a realização de inspeções nas empresas indústriais ou comerciais,
nos estabelecimentos hospitalares, de pesquisa, ensino e congêneres, assim como nos
serviços médicos que produzirem, venderem, comprarem, consumirem ou fornecerem
substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica, ou
especialidades farmacêuticas que as contenham, sendo facultada a assistência da
autoridade requisitante.
§1º Nos casos de falência ou de liquidação judicial das empresas ou estabelecimentos
referidos neste artigo, ou de qualquer outro em que existam tais produtos, cumpre ao juízo
por onde correr o feito oficiar às autoridades sanitárias competentes, para que promovam,
desde logo, as medidas necessárias ao recebimento, em depósito, das substâncias
arrecadadas.
§2º As vendas em hasta pública de substâncias ou especialidades a que se refere este artigo
serão realizadas com a presença de 1 (um) representante da autoridade sanitária
competente, só podendo participar da licitação pessoa física ou jurídica regularmente
habilitada.
Art. 42. É passível de expulsão, na forma da legislação específica, o estrangeiro que praticar
qualquer dos crimes definidos nesta lei, desde que cumprida a condenação imposta, salvo se
ocorrer interesse nacional que recomende sua expulsão imediata.
Art. 43. Os Tribunais de Justiça deverão, sempre que necessário e possível, observado o
disposto no art. 144, §5º, da Constituição Federal, instituir juízos especializados para o
processo e julgamento dos crimes definidos nesta lei.
Art. 44. Nos setores de repressão a entorpecentes do Departamento de Policia Federal, só
poderão ter exercício policiais que possuam especialização adequada.
Parágrafo único. O Poder Executivo disciplinará a especialização dos integrantes das
Categorias Funcionais da Polícia Federal, para atendimento ao disposto neste artigo.
Art. 45. O Poder Executivo regulamentará a presente lei dentro de 60 (sessenta) dias,
contados da sua publicação.
Art. 46. Revogam-se as disposições em contrário, em especial o art. 311 do Decreto-lei nº
1.004, de 21 de outubro de 1969, com as alterações da Lei nº 6.016, de 31 de dezembro de
1973, e a Lei nº 5.726, de 29 de outubro de 1971, com exceção do seu art. 22.
Art. 47. Esta lei entrará em vigor 30 (trinta) dias após a sua publicação.

47
“Não existe limite preciso separando de maneira clara um estado de
toxicodependência de um estado de não dependência. Trata-se bem mais de
uma evolução feita de várias fases. A passagem de uma etapa a outra não
segue o mesmo ritmo em todas as pessoas. Ela é fruto de uma
aprendizagem contínua da qual conhecemos muito mal os mecanismos. A
quantidade e a qualidade das drogas consumidas não são, afinal, o elemento
principal na carreira de uma pessoa dependente. O que importa é a carga
simbólica associada aos produtos consumidos. Não tem sentido falar de
“droga de patamar” para indicar o ponto de passagem de um estado de
dependência a um outro. O que é importante é identificar, na relação que o
jovem mantém com a droga, o que ele considera como indispensável à
satisfação de suas principais necessidades no plano social, cultural, afetivo e
cognitivo. Neste contexto, o efeito puramente fisiológico da droga importa
pouco. O que é decisivo é a reconstrução que o consumidor faz de sua
experiência, é a lembrança que dela tem.”
RICHARD BUCHER
(Extraído do livro: DROGAS E DROGADIÇÃO NO BRASIL. São Paulo, Artes
Médicas 1992.)

COMENTÁRIOS IMPORTANTES SOBRE A QUESTÃO DAS DROGAS:

É fato muito comum, entre as pessoas, comentar-se sobre qualquer


fenômeno como se ele fosse um evento isolado, fechado sobre si mesmo.
É o que ocorre com a questão do uso e abuso de drogas, ou seja, as
pessoas tendem a considerá-la como algo relacionado diretamente com a
substância psicotrópica (atribuindo o “problema” às propriedades
farmacológicas das drogas) ou com o indivíduo (rotulando-o de sem-
vergonha, desocupado, marginal etc.). Geralmente ignoram que a vida é uma
complexidade de causas e conseqüências.
Aí podemos inserir o uso e abuso de drogas, que não deve ser
entendido somente como uma causa ou como uma conseqüência, e muito
menos como um fato redutível ao fator específico.
Esta questão ultrapassa os limites simplistas do senso comum. Suas
possíveis causas e conseqüências estão referidas a uma articulação dinâmica
entre as esferas psíquica, social e biológica. Assim, o ato de consumo de
drogas de um indivíduo deve ser compreendido a partir:
* dos problemas psicológicos que ele esteja enfrentando,
* da tensão sócio-política e econômica que define sua sociabilidade,
* da propriedade farmacológica das drogas.
É bom ressaltar, quanto a esta última questão, que qualquer
substância não tem efeitos predeterminados sobre os indivíduos. Isso varia
48
de acordo com cada situação específica, seja ela social ou psíquica. Do
mesmo modo, um dado problema psíquico ou social não conduz,
necessariamente, alguém para as drogas. Tudo depende de como cada um
desses fatores estão dispostos na realidade.
Portanto, para que possamos diminuir o preconceito e o estigma em
torno do fenômeno das drogas e do seu consumo, é importante que saibamos
ponderá-lo dentro de uma discussão ampla e séria, ou seja, visualizá-lo a
partir daquilo que chamamos de TRIPÉ:
* INDIVÍDUO
* DROGA
* MEIO SOCIAL

Qualquer abordagem da questão do USO e ABUSO de drogas deve


atender a esses três vértices: o INDIVÍDUO, a DROGA e o MEIO SOCIAL no
qual ocorre o encontro entre os dois primeiros.
Se considerarmos apenas uma dessas questões isoladamente,
estaremos correndo o risco de fazer uma interpretação falha de uma
situação onde haja um consumo de drogas.

Este item pretende oferecer subsídios para o desenvolvimento de


reflexões acerca da prevenção e seus aspectos relevantes.
Para uma melhor compreensão destas questões, sugerimos que você
percorra os itens abaixo na seqüência estabelecida:

[1] Introdução e Considerações Históricas [4] Tipos de Intervenção


Preventiva
[2] Fatores de Risco e Fatores Protetores [5] Modelos de
Prevenção
[3] Ações Preventivas [6] Aspectos Relevantes
na Prevenção

[1] INTRODUÇÃO E CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS

A evolução recente do consumo de drogas é alarmante, em particular,


nos países do Primeiro Mundo, embora estudos epidemiológicos brasileiros
revelem alta prevalência do consumo de substâncias psicoativas entre
jovens, principalmente álcool e tabaco, de repercussões também alarmantes.
Existem divergências quanto à avaliação das razões, significações e as
maneiras de enfrentar o aumento deste consumo. Porém, há consenso no
tocante ao seu aumento em decorrência, por um lado, da organização do
narcotráfico e, por outro, da demanda crescente por produtos psicotrópicos,
por importante parcela da população. No entanto, a implantação de medidas
adequadas para enfrentar o “problema” deve ter como base a compreensão
profunda da FUNÇÃO SOCIAL da droga, ou seja, que papel ela desempenha e
que significado ela possui dentro da sociedade.
A partir disto, pode-se entender que os indivíduos acabam por
consumir drogas, pois a realidade social não está atendendo às necessidades
humanas (seja para mantê-lo integrado a uma sociedade que não está
49
podendo ocultar suas contradições, seja por que não se consegue uma
sintonia com uma sociedade incoerente, onde se vê a falência de valores
filosóficos, éticos e ideológicos). A droga surge, então, ou como um
“amortecedor” entre o indivíduo e o meio,ou como um recurso através do
qual se procura mascarar um profundo desconforto existencial.
O panorama mundial do consumo de drogas mostra, nos últimos anos,
duas mudanças que o alteraram radicalmente: o surgimento da AIDS,
propagando-se cada vez mais entre usuários de drogas injetáveis e a
constatação da ineficácia do “combate as drogas” a partir de uma abordagem
repressora e sensacionalista, percebendo-se a necessidade de abordagens
inovadoras, entre as quais, em particular, a PREVENÇÃO.
Inicialmente, tentou-se prevenir o abuso de drogas pela repressão e
fiscalização de sua comercialização. Diante da constatação da insuficiência
desses meios, comparados com a expansão do consumo, tentativas mais
recentes apostavam na educação dos jovens, visando responsabilizá-los
pelas opções de saúde a serem efetuadas durante sua vida.
A partir de 1972, a UNESCO destacou, como necessidade universal e
premente, o investimento na educação para prevenir o abuso de drogas.
Quando se fala em PREVENÇÃO AO USO INDEVIDO DE DROGAS, é
importante enfatizar que estamos considerando-a como uma intervenção
cujo objetivo é o de evitar o estabelecimento de uma relação destrutiva de
um indivíduo com uma droga, levando-se, pois, em consideração, o tipo de
relação que o sujeito mantém com a substância, seja esta lícita ou ilícita.
Portanto, não tem sentido falar em PREVENÇÃO DE DROGAS, já que elas
NÃO são “preveníveis”.
Lembramos Xavier da Silveira (Projeto PROAD/IMESC, 1993) quando
diz: “...As drogas são apenas substâncias psicoativas, naturais ou sintéticas,
que podem ser utilizadas pelo homem com finalidades diferentes, tais como
fins terapêuticos, obtenção de prazer, alívio de algum mal-estar, rituais de
celebração, ou negação de uma situação vivencial intolerável.”
Portanto, não é por demais enfatizar que, quando se trata de
programas de prevenção, é necessário pensar em que circunstâncias ocorre
o uso, com que finalidade e qual o tipo de relação que o sujeito estabelece
com a droga, não tendo sentido pensar na droga em si mesma,
descontextualizada da integração indivíduo-droga-sociedade.
Ainda, nas idéias do autor, nenhum nível de ação preventiva deve
confundir-se com uma política de total abstinência de álcool e drogas e, sim,
reconhecer a existência de distintos padrões de consumo (uso recreativo,
abuso, dependência) sendo que, alguns, não necessitam de intervenção.
Assim, uma política que prega a total abstinência e a busca de uma
sociedade livre de álcool e drogas torna-se irreal uma vez que:
* uma sociedade livre de drogas constitui um objetivo inatingível visto
que, enquanto
problemática humana, encontra-se presente desde os primórdios da
humanidade
conforme revelam os mais antigos vestígios arqueológicos;
* a maioria dos indivíduos experimenta ou usa drogas ocasionalmente
não
estabelecendo, na maioria dos casos, uma relação de dependência
com o produto;
* esse tipo de ação não tem qualquer efeito sobre a população de
usuários, induzindo, na
maioria das vezes, à estigmatização e, conseqüentemente,
desincentivando-os a
procurar ajuda;

50
* esse tipo de enfoque geralmente centraliza o problema no consumo
de drogas ilícitas,
desconsiderando o consumo indiscriminado de drogas lícitas (álcool,
cigarro,
MEDICAMENTOS etc.), como no caso do Brasil;
* essa política fere os princípios básicos de respeito a individualidade
de cada um, na
medida em que determina arbitrariamente regras de comportamento
e tenta impor
rígidos padrões de conduta.
Prevenir o USO INDEVIDO DE DROGAS é uma tarefa importante e
complexa, uma vez que diz respeito à educação em seu sentido mais amplo,
incluindo a questão dos valores. Neste sentido, educar corresponde a mais
do que a simples transmissão de informações. Corresponde à busca de
mudanças de atitudes, hábitos e comportamentos. A prevenção supõe,
então, uma visão integral e humana da questão. Isto implica ter claro que a
drogadição é um fenômeno complexo resultante do encontro de três fatores
primordiais:
* sujeito - dotado de personalidade, valores e crenças
* produto/droga - suas características e efeitos no organismo
* contexto sócio-cultural - momento em que ocorre o encontro entre o
produto e o
indivíduo
Para combinar esses elementos, deve-se partir de reflexões sobre os
valores éticos, políticos, sociais etc.
O ABUSO de drogas é um dos fatores agressores do nosso cotidiano
bem como a poluição, o trânsito, a pobreza, a fome, o desemprego... Estes,
dentre tantos outros, são SINTOMAS da desestruturação de instâncias que
determinam e sustentam a ordem social.
A proposta das ações preventivas fundamenta-se no “resgate das
possibilidades de realização humana, abandonadas em conseqüência das
opções operadas pela humanidade na evolução de seu próprio progresso”
(Bucher 1992).
A prevenção ao USO INDEVIDO DE DROGAS deve ser orientada por
idéias construtivas, considerando as necessidades biopsicosociais do
homem, objetivando a VALORIZAÇÃO DA VIDA que preconiza o homem
enquanto um ser social dotado de vontade e capaz de transformar a si e a
seu meio.
Educar corresponde a muito mais do que a simples transmissão de
informações: uma abordagem centrada na educação preventiva é aquela que
oferece subsídios para o posicionamento do homem no mundo, oferecendo
instrumental para que este possa lidar com os desequilíbrios sociais.
As propostas educativas devem estar preocupadas não apenas com a
transmissão de informações ao indivíduo mas, também, com a sua
formação, com a “construção” do cidadão que, ao se apropriar da
compreensão da vida, estimule a reflexão conjunta a partir da experiência
concreta de cada um, tornando possível uma prática em que efetivamente o
sujeito e o grupo apropriem-se de um método de reconhecimento da
realidade onde atuam- percebendo-se enquanto sujeitos transformadores - e,
criando possibilidades de superar os desafios impostos pela automatização
da sociedade, na busca constante de soluções modificadoras para a
organização e realização sociais (coletivas) e pessoais.

51
[1] Introdução e Considerações Históricas [4] Tipos de
Intervenção Preventiva
[2] Fatores de Risco e Fatores Protetores [5] Modelos de
Prevenção
[3] Ações Preventivas [6] Aspectos Relevantes
na Prevenção

[2] FATORES DE RISCO E FATORES PROTETORES

Em síntese do que até agora foi dito, as propostas preventivas devem


ser destinadas não apenas a prevenir o abuso de drogas, mas a resgatar toda
uma dimensão humana desrespeitada.
Trata-se de uma tarefa difícil e complexa, aquela de restabelecer
sentidos para a vida social, devolvendo valores e normas éticas baseadas no
respeito à pessoa e às suas diferenças, bem como ao ambiente e às tradições
culturais, religiosas e históricas.
É este conjunto, com suas númerosas interfaces transculturais, que
órgãos internacionais chamam de “MELHORIA DE QUALIDADE DE VIDA”,
focalizando mais do que o “COMBATE AS DROGAS”, não o produto, mas o
homem enquanto cidadão, pessoa e sujeito, bem como o meio no qual está
inserido.
Neste sentido faz-se necessário o desenvolvimento de ações
preventivas que, envolvendo tanto as drogas lícitas quanto as ilícitas,
estejam voltadas para o bem estar físico, psíquico e social do indivíduo.
Toda ação dirigida para o ser humano deverá levar em conta os
aspectos acima (físico, psíquico e social), uma vez que é da interação destes
que se constitui o homem e, é partir das características específicas de cada
um, que decorrem as múltiplas origens da drogadição.
Ao eleger a VALORIZAÇÃO DA VIDA e QUALIDADE DE VIDA como
diretrizes para o desenvolvimento de ações preventivas, considera-se que o
problema da drogadição é amplo e não se restringe a uma causa ou
motivação, revelando a existência de FATORES DE PROTEÇÃO e FATORES
DE RISCO ao uso indevido de drogas.
Como FATORES DE RISCO entende-se aqueles que ocorrem antes do
USO INDEVIDO DE DROGAS e que estão associados, estatisticamente, com
um aumento da probabilidade do abuso de drogas. São aqueles que poderão
levar o indivíduo a colocar-se diante de agressões. Este enfoque procura
prevenir o USO INDEVIDO DE DROGAS, eliminando, reduzindo ou mitigando
estes fatores.
Como alguns exemplos de FATORES DE RISCO tem-se:
* Fatores legais: a falta de cumprimento de pressupostos legais, como,
por exemplo, os
que proíbem a venda de bebidas alcóolicas a menores de 18 anos, ou
a inexistência de
legislação pertinente e atualizada, favorecem o abuso de drogas,
tornando-se um fator
de risco.
* Disponibilidade da droga: dependendo das leis e normas da
sociedade, sejam as drogas
legais ou não, o seu uso pode estar associado com o fácil acesso ao
produto.
* Fatores econômicos (pobreza ou alto poder aquisitivo): estão
relacionados com o
aumento da delinqüência pelos jovens bem como ao uso de drogas.

52
* Fatores comunitários: constantes mudanças de residência, perda dos
laços com a
vizinhança, violência urbana, desorganizam a vida social do
indivíduo.
* Fatores familiares: a família pode ser uma das variáveis para o
primeiro contato com as
drogas, já que os hábitos e os conflitos que o jovem percebe a sua
volta contribui para
uma introdução à costumes e práticas sociais. Os pais que tem por
hábito o uso de
drogas podem representar um comportamento tolerante ou indutor
do uso de drogas.

A perda dos vínculos familiares e do vínculo maternal podem, também,


estar relacionados ao uso de drogas.
* Problemas de comportamento precoces e persistentes: distúrbios de
conduta que se
iniciam muito cedo e continuam durante a vida, podem favorecer o
uso de drogas.
* Problemas escolares: repetências, faltas, pouco compromisso com as
atividades
escolares.
* Pressão de grupos: através do estimulo dos grupos de iguais ou, em
alguns casos,
conduzido por um colega que já fez uso de drogas. A droga passa a
ser um elemento
socializador compartido, possibilitando a cumplicidade e um
processo interativo com
os amigos.

Os FATORES PROTETORES são aqueles que protegem o indivíduo de


fatos que poderão agredi-lo física, psíquica ou socialmente, garantindo um
desenvolvimento saudável.
Estes fatores reduzem, abrandam ou eliminam as exposições aos
fatores de risco, seja reduzindo a vulnerabilidade ou aumentando a
resistência das pessoas aos riscos. Podem ser:
* Dinâmica familiar estruturada;
* Diversificação das opções de vida;
* Rigor com a ética;
* Respeito aos direitos humanos possibilitando o exercício pleno da
cidadania;
* Oferecimento de condições dignas de saúde, educação, trabalho,
alimentação, entre
tantas outras.
Para a implementação desses fatores é necessário o desenvolvimento
de um processo participativo que identifique e multiplique as ações
protetoras, potencializando os efeitos uns dos outros.
O reconhecimento dos fatores de risco e o conhecimento precoce de
problemas de dependência reforçam a cadeia de intervenções, podendo-se
evitar seu agravamento.
O compromisso com a qualidade de vida visa ao homem dentro do seu
contexto concreto de vida, discernindo suas dificuldades, seus conflitos e
sofrimentos decorrentes de desequilíbrios psicossociais e econômicos, a
procura de soluções mais adequadas passíveis de acarretar uma melhora
global das suas condições de existência.

53
Dentro desta concepção, não é mais possível isolar a prevenção ao
abuso de drogas da prevenção a AIDS ou da prevenção a outros agressores à
saúde.
Uma prevenção concebida em uma abordagem holística ultrapassa os
reducionismos e “humanizará“ as intervenções propostas que tocam,
inevitavelmente, em questões humanas fundamentais ligadas à sexualidade,
ao prazer, aos sentidos da vida.
Para que uma educação preventiva, circunscrita à qualidade de vida,
surta efeitos amplos e contínuos, deve fundamentalmente, não se limitar à
situações extremas, com riscos já acentuados. Ao contrário, deve permear
ações sociais e educacionais como um todo e de forma contínua, tanto para
adultos quanto para jovens, envolvendo valores universais que presidem um
verdadeiro progresso social, a saber: tolerância, solidariedade, paz, justiça e
direitos humanos.
Para que este progresso seja verdadeiro, tem que se basear no respeito
a diferença e na recusa a toda e qualquer discriminação – princípio
democrático elementar.
Por fim, para se concretizar uma efetiva VALORIZAÇÃO DA VIDA, a
educação preventiva deve incluir o respeito permanente aos valores
culturais e às necessidades e aspirações de uma determinada população,
independente do seu nível sócio-econômico. Visa, portanto, disseminar uma
verdadeira “cultura preventiva” que possa influenciar as opções que se
apresentam nos diversos segmentos da vida.
Neste sentido, necessita de ações que incentivem os processos
culturais e interpessoais para fortalecer atitudes, valores e estratégias
comunicativas que possam minimizar os mais diversos fatores de risco e
incrementar potentes fatores de proteção.

[1] Introdução e Considerações Históricas [4] Tipos de


Intervenção Preventiva
[2] Fatores de Risco e Fatores Protetores [5] Modelos de
Prevenção
[3] Ações Preventivas [6] Aspectos Relevantes
na Prevenção

[3] AÇÕES PREVENTIVAS

Para o desenvolvimento de ações preventivas é necessário firmar bases


objetivas e fundamentação para propostas de políticas que ofereçam espaços
reais para um programa, relacionando-o sempre com o bem-estar e o
desenvolvimento do indivíduo e da sociedade.
As ações preventivas têm como objetivos:
* sensibilizar e capacitar os recursos humanos das instituições e
grupos sociais
envolvidos em programas de forma sistemática e contínua;
* mobilizar a comunidade para as ações de prevenção;
* desenvolver o processo de comunicação social.
De acordo com os níveis de intervenção, as ações preventivas são
classificadas em: ações ESPECÍFICAS e INESPECÍFICAS.
As AÇÕES ESPECÍFICAS estão voltadas para a transmissão de
informações, servindo de base para a criação de atitudes, valores e
consolidação de comportamento.
O conteúdo desenvolvido nessas atividades está diretamente
relacionado às drogas - conceitos, classificação, histórico, dados
54
epidemiológicos, pesquisa etc. - e é o que dá fundamentação teórica ao
conteúdo dos projetos.
Embora sejam indispensáveis para a fundamentação e prática de
qualquer ação preventiva, a informação por si só NÃO garante o êxito de um
programa de prevenção. Já está constatado que a informação não consegue
prevenir nenhum comportamento, podendo, inclusive, ser
contraproducente.
Portanto, deve-se ter muito cuidado em contextualizar e buscar a
maior objetividade possível quando da utilização de ações especificas,
eximindo-se de posições extremistas.
No que diz respeito às ações especificas de prevenção, dois tipos de
perspectivas são distinguidas:
* as que dizem respeito às INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS,
desenvolvidas através
de cursos, seminários, material didático etc., visando a informações
objetivas e
verdadeiras sobre as drogas, seus efeitos e conseqüências.
* as que se referem à EDUCAÇÃO à SAÚDE, dando enfoque para a saúde
em geral,
atuando pedagogicamente, transmitindo conhecimentos, criando
atitudes, discutindo
valores, com a finalidade de estabelecer comportamentos, hábitos e
estilo de vida
saudáveis.
As AÇÕES INESPECÍFICAS estão voltadas para as causas ou fatores que
predispõem ao uso ou abuso de drogas, visando a potencializar a capacidade
preventiva da própria comunidade a partir da criação de uma mentalidade
de participação ativa na dinâmica social.
Elas devem ser priorizadas a partir do diagnóstico da comunidade onde
serão desenvolvidas. Os problemas detectados devem ser discutidos -
buscando-se suas possíveis causas - e, as ações programadas, devem estar
voltadas para impedir que estas se manifestem.
Este tipo de ação preventiva está relacionado de forma indireta com o
uso de drogas e parte de situações aparentemente triviais, porém com força
e peso suficientes para ter, por si só, capacidade preventiva.
Em um projeto de prevenção que tenha como linha a opção pela
VALORIZAÇÃO DA VIDA e MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA, as ações
inespecíficas devem ser priorizadas. Isto não quer dizer que as específicas
devam ser esquecidas.
As ações inespecíficas estão voltadas para temas abrangentes como:
resgate da cidadania; questões do bem-estar social; sexualidade; opção
profissional; discussão do Estatuto da Criança e do Adolescente; alternativas
de lazer; a questão do prazer; família; escola; trabalho; grupos.

[1] Introdução e Considerações Históricas [4] Tipos de


Intervenção Preventiva
[2] Fatores de Risco e Fatores Protetores [5] Modelos de
Prevenção
[3] Ações Preventivas [6] Aspectos Relevantes
na Prevenção

[4] TIPOS DE INTERVENÇÃO PREVENTIVA

55
O pressuposto para um programa preventivo é de que a prevenção deve
ser encarada como um ATO CONTÍNUO.
Antecipadamente à elaboração de um programa, é preciso se ter,
ainda, qual o objetivo que procuramos atingir.
Para controlar as conseqüências de saúde, sociais, financeiras e legais
do uso abusivo de drogas, foram desenvolvidos inúmeros programas em
diversas partes do mundo. Estes programas variam muito em relação aos
seus objetivos, metodologia e ideologia subjacente.
Embora tenha se postulado a possibilidade de importar alguns deles
para o Brasil, discute-se a validade de implantar aqui um programa pronto,
sem a necessária adaptação.
Como a questão do uso e abuso de drogas é complexa e
multidimensional, atingindo de forma diferenciada grupos distintos de
pessoas, torna-se impossível desenvolver um programa único, aplicável a
todos os casos. Deve, pois, respeitar a singularidade de cada localidade,
população, condição social, cultural, econômica etc., não cabendo, portanto,
“pacotes educacionais” que sirvam de forma genérica para o Estado e para o
País.
Desta forma, antes de se iniciar um programa de prevenção é
fundamental delimitar sua POPULAÇÃO-ALVO. Os programas dirigidos para
populações específicas são mais eficazes do que aqueles dirigidos à
população em geral. Uma vez determinada a população-alvo, deve-se
estabelecer os OBJETIVOS e as METAS do programa.
A partir disto pensar-se-á nos TIPOS DE INTERVENÇÃO PREVENTIVA
baseados nos três níveis de prevenção, tradicionalmente enfocados na
medicina, a saber, PRIMÁRIA, SECUNDÁRIA E TERCIÁRIA.

PREVENÇÃO PRIMÁRIA
A prevenção primária pretende intervir antes que surja algum
problema, no sentido de ser um conjunto de medidas que visam a uma
educação para a saúde. Aqui destacam-se três pontos essenciais:
* esta intervenção tem que ser precoce - tem que se aplicar a crianças
através do
oferecimento de atividades prazerosas, criativas e educativas;
* ela deve estar inserida numa visão mais ampla da educação para a
saúde, a fim de
tornar atraente as regras para uma vida saudável;
* ela tem que se apoiar em “educadores naturais”, em primeiro lugar
os pais e os
professores.
Em resumo, a PREVENÇÃO PRIMÁRIA é o programa que objetiva evitar
a ocorrência do problema-alvo, isto é, diminuir a incidência prevenindo o
uso da droga antes que ele se inicie.
A intervenção PRIMÁRIA destina-se a duas faixas:
* JOVENS - enfatizando medidas como a conscientização e
sensibilização para os
problemas da infância e da adolescência em todos os seus aspectos
(fisiológicos,
psicológicos e sócio-culturais). Visa, portanto, a TODOS os jovens e
não somente
àqueles considerados como de alto risco.
* ADULTOS - fornecendo conhecimentos básicos, provocando e
favorecendo uma
reflexão maior sobre os problemas abordados, bem como um maior
engajamento e
participação dos “educadores naturais”.
56
PREVENÇÃO SECUNDÁRIA
Aplicada aos problemas do consumo de drogas, a prevenção secundária
é um prolongamento da prevenção primária, cada vez que esta não alcançou
os objetivos pretendidos.
Como exemplo, podemos falar sobre o adolescente que está em
dificuldades (pessoais, familiares, sociais etc.) ou que já está consumindo
drogas, seja por curiosidade ou de maneira intermitente. Neste caso, apesar
dele não ser um toxicômano, existe um risco maior dele investir na droga.
Neste sentido, propõem-se o empreendimento de novas aproximações
em dois níveis:
* de uma comunicação mais dirigida para o jovem em questão,
tentando aprofundar o
diálogo baseado na compreensão recíproca;
* dos conhecimentos dos produtos utilizados pelo jovem, tratando-se
de um
aprofundamento de ambos os lados.
A PREVENÇÃO SECUNDÁRIA visa, pois, a diminuir a prevalência do
problema-alvo, buscando impedir a progressão do uso uma vez iniciado.

PREVENÇÃO TERCIÁRIA
Aplicada às drogas, a prevenção terciária tem como objetivo essencial
evitar a recaída, visando a reintegração do indivíduo na sociedade,
possibilitando-lhe novas oportunidades de engajamento na escola, nos
grupos de amigos, na família, no trabalho etc.
Pressupõe-se que, no caso de uso de drogas, a dependência já esteja
instalada. Neste caso, a prevenção terciária atuaria ANTES, DURANTE e
DEPOIS do tratamento.
* ANTES do tratamento, a intervenção visa a ajudar o indivíduo a
formular um pedido
de ajuda e ao favorecimento de uma relação terapêutica
efetivamente privilegiada;
* DURANTE o tratamento, visa a ajudar para que não se rompa um
processo
terapêutico ou de ajuda já iniciado, bem como desdramatizar a
situação sem, contudo,
minimizá-la;
* DEPOIS do tratamento, visa a uma ação conjugada com uma
instituição voltada para
a reinserção social.
A PREVENÇÃO TERCIÁRIA objetiva, assim, diminuir as conseqüências
de um uso já contínuo e intenso sendo, em geral, estratégias voltadas para a
reabilitação e reinserção social do sujeito.

[1] Introdução e Considerações Históricas [4] Tipos de


Intervenção Preventiva
[2] Fatores de Risco e Fatores Protetores [5] Modelos de
Prevenção
[3] Ações Preventivas [6] Aspectos Relevantes
na Prevenção

[5] MODELOS DE PREVENÇÃO

57
Em maio de 1989 foi publicado o artigo “Prevenção ao Abuso de
Drogas na Escola: Uma Revisão da Literatura Internacional Recente” (Carlini
Cotrim, B. e Pinsky, I.), que sistematiza as posturas teóricas (ideológicas e
políticas) que orientam os programas que visam prevenir o abuso de drogas
no sistema escolar. Apesar das propostas de atuação tratadas no artigo
estarem mais especificamente voltadas para o contexto escolar, não deixam
de ser uma referência fundamental para a orientação de outras organizações
institucionais que pretendem implantar um programa de prevenção.
No geral, há três propostas diferentes de atuação visando a prevenção
ao abuso de drogas:

[A] Aumento do Controle Social


[B] Oferecimento de Alternativas
[C] Educação

[A] AUMENTO DO CONTROLE SOCIAL


Os princípios teóricos desta linha afirmam que a natureza do problema
do aumento do uso de drogas entre jovens, nas últimas décadas, é a recente
e rápida diminuição do controle social exercido pelos adultos sobre o
comportamento dos jovens, ou seja, a mesma natureza de fenômenos como
a intensificação da delinqüência juvenil, da gravidez precoce e das doenças
venéreas na adolescência.
Para esta linha, o móvel principal que leva os jovens a terem estes
comportamentos é a busca impulsiva, desenfreada do prazer. Como este
prazer é nocivo à sociedade, cabe a ela colocar limites nesta busca.
Deste modo, tem-se como propostas: a recuperação do conceito de
punição, a diminuição à tolerância e o aumento do controle sobre os
indivíduos.
No âmbito da instituição escolar, a tradução prática destas propostas é
a volta a uma educação mais rígida, com maior controle, tentando encerrar
o que se chama da prática de “tratar os jovens como pseudoadultos”,
permitindo que eles tomem decisões e façam escolhas sem terem ainda a
responsabilidade sobre estas opções.
Estas propostas são vistas, por muitos teóricos, como conservadoras,
cujos pilares seriam: a noção do jovem como um ser incapaz de
discernimento de suas ações e a utilização de drogas como pretexto para
aumentar o controle social sobre todas as ações consideradas indesejáveis,
diminuindo o campo da autonomia das pessoas.
Esta linha de atuação é bastante utilizada nos Estados Unidos da
América do Norte, tendo se constituído numa importante vertente de
atuação dos últimos governos daquele pais.

[A] Aumento do Controle Social


[B] Oferecimento de Alternativas
[C] Educação

[B] OFERECIMENTO DE ALTERNATIVAS


Este modelo de prevenção defende a noção de que o abuso de drogas
tem suas raízes em problemas e tensões sociais enfrentados pelos jovens
que procurariam na droga uma fuga às pressões e frustrações vividas.
Falta de perspectiva no mercado de trabalho, um sistema educacional
inadequado e distante da realidade dos jovens, falta de opções de lazer e de
atividades culturais e fechamento do espaço de participação política são
alguns dos fatos associados, nesta teoria, ao abuso de drogas.

58
Este enfoque difere de outros por não propor uma intervenção no uso
de drogas em si, mas nas condições sociais que se acredita facilitarem o
consumo.
Alguns exemplos de intervenções adotadas por este modelo são:
estruturação de grupos culturais e esportivos atuantes fora do horário
escolar, implantação de programas extracurriculares de instrução
profissional, incentivo à formação de grupos de jovens para discussão de
seus problemas sociais e afetivos ou formação de escolas especiais que
levem em conta especificidades culturais de certos segmentos sociais, como
por exemplo, minorias étnicas.
A aplicação deste programa é encarada por vários autores como o
procedimento mais adequado de atuação no Terceiro Mundo e no caso de
populações marginalizadas e carentes de países desenvolvidos. No entanto,
sua aplicação não é restrita a estes segmentos, existindo vários programas
deste tipo com outros grupos populacionais.

[A] Aumento do Controle Social


[B] Oferecimento de Alternativas
[C] Educação

[C] EDUCAÇÃO
Atualmente, existem os seguintes modelos de educação preventiva ao
abuso de drogas:

[1] O Modelo do Princípio Moral


[2] O Modelo do Amedrontamento
[3] O Modelo do Conhecimento Científico
[4] O Modelo da Educação Afetiva
[5] O Modelo do Estilo de Vida Saudável
[6] O Modelo da Pressão de Grupo Positiva

[1] O MODELO DO PRINCÍPIO MORAL


O enfoque aqui utilizado prega que o abuso é condenável dos pontos de
vista ético e moral. Geralmente tem como base princípios religiosos ou
movimentos políticos baseados em valores como patriotismo, ou sacrifício
pessoal pelo bem comum.
Em alguns momentos históricos este modelo foi efetivo como, por
exemplo, na situação de Cuba imediatamente após a revolução socialista.
Atualmente sua utilidade e pertinência são negadas pelos profissionais
da área, existindo avaliações que concluíram ser este enfoque
contraproducente na maioria dos casos.

[2] O MODELO DO AMEDRONTAMENTO


Há algumas décadas, acreditou-se que campanhas de informação, que
expusessem somente os lados negativos das drogas, seriam eficientes para
persuadir as pessoas a não começarem ou a pararem de usar drogas.
Atualmente esta crença está bem abalada, particularmente quando se trata
de atuar junto à populações mais jovens.
Os resultados decepcionantes desta linha educacional podem ser
explicados pela tendência dos jovens de se sentirem atraídos por
comportamentos que envolvam ao desafio ao perigo. Outro fator seria a falta
de credibilidade que o modelo de Amedrontamento geraria - uma razoável
parcela dos jovens tem ou teve experiência com drogas e pode contrastar
sua própria vivência com as informações unilaterais fornecidas neste tipo de
educação. Como a maioria dos problemas mais sérios com drogas só aparece

59
em usuários crônicos, esta estratégia de amedrontamento acabaria
desmoralizada.

[3] O MODELO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO


Este modelo educacional surge da crítica do modelo anterior (do
amedrontamento) e propõe o fornecimento de informações sobre drogas de
modo imparcial e cientifico. A partir destas informações, propõe o modelo,
os jovens poderiam tomar decisões racionais e bem fundamentadas sobre as
drogas.
Infelizmente, as avaliações realizadas sobre a eficácia deste tipo de
educação foram bastante desanimadoras. Vários autores constataram que,
apesar de uma grande parcela dos jovens revelar ter assimilado as
informações oferecidas, isto não implicava na diminuição da porcentagem
de usuários de drogas, sendo possível encontrar até, em alguns casos, um
aumento dos níveis de consumo.
A explicação mais corrente para este fato é a de que as informações
imparciais sobre as drogas influem de maneira dupla: gerando um maior
nível de conhecimento formal sobre as mesmas entre os que usam drogas,
mas não uma mudança de atitude e/ou comportamento; enquanto que,
dentre os que não usam drogas, por temerem os seus efeitos, o conteúdo
deste modelo serviria para rebaixar o medo e a tensão, proporcionando uma
mudança de atitude e comportamento favorável ao uso.
Mas alguns autores não acreditam que esta associação entre o
conhecimento científico e uso de drogas seja tão simples assim. Não
acreditam, também, que simples informações sejam capazes de provocar nas
pessoas a decisão de usar drogas. Isto não quer dizer que eles sejam
defensores desta estratégia educacional, mas que questionam os resultados
pessimistas obtidos.
De qualquer maneira, o modelo de informação ainda é muito utilizado,
principalmente como auxiliar na estruturação de programas educativos mais
amplos.

[4] O MODELO DA EDUCAÇÃO AFETIVA


A proposta deste modelo é a modificação de fatores pessoais que são
vistos como predisponentes ao uso de drogas. Constitui-se de um conjunto
de técnicas que visa a melhorar ou desenvolver a auto-estima, a capacidade
de lidar com a ansiedade, a habilidade de decidir e interagir em grupo, a
comunicação verbal e a capacidade de resistir às pressões de grupo. A droga
em si nunca é tratada como questão central, mas freqüentemente é um dos
vários tópicos destes programas.
A eficácia deste tipo de intervenção é um item bastante pôlemico, o
que em parte pode se dever aos poucos anos de experiência com ele. Vários
trabalhos relatam um impacto positivo destes programas, embora de
pequena dimensão. Outros autores apontam para uma melhora de algumas
deficiências pessoais dos alunos (auto-estima, por exemplo), mas sem a
diminuição nos níveis de consumo de drogas.
A literatura aponta com freqüência, também, as dificuldades de
implementar programas desta natureza nas instituições escolares,
permeadas pela tradição e pela dificuldade em absorver mudanças. Os
professores teriam que passar por um treinamento bastante intenso e
estarem dispostos a estabelecer uma dinâmica diferente na sala de aula para
conseguirem lidar com características pessoais e psicológicas dos seus
alunos. Isto nem sempre é fácil, e vários programas europeus apontaram a
“pouca disposição dos professores para mudar” como um fator limitante
desta linha de atuação.

60
[5] O MODELO DO ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL
A estratégia deste modelo é o de promover estilos de vida associados à
boa saúde. Assim, não usar drogas seria um dos elementos de uma maneira
de viver que incluiria também alimentação balanceada, controle de peso, das
taxas de colesterol e da pressão arterial, exercícios físicos regulares etc.
Estes comportamentos tem sido muito incentivados pelos meios de
comunicação e encontram adeptos atualmente. Na Franca, tal proposta tem
sido trabalhada, na escola, através da matéria “Ecologia Médica”, onde se
discute uma série de problemas advindos do avanço tecnológico e da
sociedade urbano-indústrial, assim como estratégias para superá-los.
Poluição, barulho, trânsito, substâncias cancerígenas, perigo atômico,
drogas, álcool e tabaco são os principais tópicos da “Ecologia Médica”.

[6] O MODELO DA PRESSÃO DE GRUPO POSITIVA


Ainda pouco desenvolvido, porque é muito recente, tem como tese
central a utilização da pressão de grupo como um fator de influência para
não usar drogas.
A pressão de grupo, argumentam os autores, foi até agora considerada
um elemento muito importante para a determinação do comportamento de
consumir drogas entre os jovens. Por que então não usá-la de maneira
inversa? Para isso, este modelo prega o afastamento dos adultos e a
utilização dos próprios jovens para liderarem programas de prevenção de
drogas.
Propõe, assim, o contato com líderes naturais dos adolescentes, para
treiná-los a lidarem com o problema, o incentivo de festas onde não existam
psicotrópicos (“drug free parties”) e o fortalecimento de organizações de
solidariedade e ajuda entre os jovens.

[1] Introdução e Considerações Históricas [4] Tipos de


Intervenção Preventiva
[2] Fatores de Risco e Fatores Protetores [5] Modelos de
Prevenção
[3] Ações Preventivas [6] Aspectos Relevantes
na Prevenção

[6] ASPECTOS RELEVANTES NA PREVENÇÃO

As idéias aqui apresentadas servem como ponto de partida para


aqueles que desejam planejar intervenções preventivas nos diferentes
grupos sociais, na questão do uso indevido de drogas, visando apenas e tão
somente o desenvolvimento de alguns elementos de reflexão.
Neste sentido, lembramos Roberto Evangelista (IMESC) quando
enumera uma série de “recomendações” a serem consideradas no
planejamento de intervenções preventivas, das quais reproduzimos algumas:
* “refletir sobre os desafios do cotidiano da comunidade, das
instituições e dos diferentes
grupos sociais, analisando as situações tais como elas se apresentam
e propor
respostas, enunciando os objetivos do trabalho”;
* “trabalhar de forma mais comprometida e pautada nas realidades
sociais, de forma a
perceber a necessidade de reaprender com suas práticas,
reintegrando seus

61
conhecimentos através de uma postura constante de investigação
sobre elas”;
* “buscar o conhecimento da população alvo de seu trabalho,
direcionando os objetivos
às necessidades apontadas pela população, buscando conhecer suas
dificuldades,
valores, atitudes, comportamentos, preferências, práticas, estilo de
vida, afeto, formas
de relacionamento, representações sociais etc.”;
* “realizar um diagnóstico grupal e/ou institucional levando em conta
os objetivos
destes, as características e necessidades reais de suas demandas”;
* “apreender a diade droga-usuário em sua dimensão social,
percebendo o modo como
isto se articula”;
* “apreender como os diferentes grupos sociais organizam, pensam e
vivênciam, no
imaginário social, as drogas e os usuários de drogas”;
* “apreender o objeto de trabalho como coletivo, planejando
coletivamente as práticas
de atuação”;
* “perceber o seu trabalho dentro de uma função social, como área de
estudo das
relações interpessoais e do processo de desenvolvimento humano”;
* “refletir à respeito de seu compromisso profissional dentro de uma
atitude crítica e
uma postura Ética”;
* “refletir sobre o trabalho em equipe, planejado sobre as necessidades
apreendidas
coletivamente”;
* “possibilitar a diferenciação das atuações preventivas aos níveis
primário, secundário e
terciário e seus reflexos sobre o indivíduo e a sociedade” e,
finalmente,
* “possibilitar discussões e conhecimentos de situações de crise
durante o processo de
desenvolvimento humano de todo o ciclo vital e possíveis
intervenções para a
promoção da saúde”.
Diante deste quadro, é possível colocar as ações preventivas e os
profissionais que a elas se dedicam, dentro do trilho da promoção de
condições satisfatórias de vida.

Quando se pensa na saúde dos indivíduos, significa abordar as


condições objetivas e subjetivas da vida de modo indissociado. Da mesma
forma, tal abordagem implica na desconstrução das representações sociais
negativas acerca da figura do “drogado”, seno este um aspecto decisivo para
a vida de relação e, como afirma Tsu (1991): “As práticas sociais mantém
legitimadas por pensamentos e sentimentos relativos à imagem do drogado”.

62
BIBLIOGRAFIA
DISQUE-DROGAS-ELETRÔNICO – IMESC (Instituto de Medicina Social e de Criminologia de
São Paulo)
APOSTILA PROGRAMA DE VALORIZAÇÃO DA VIDA – CONSELHO MUNICIPAL DE
ENTORPECENTES DE JUNDIAÍ:
Bucher, R. - A droga à luz da razão, São Paulo, Imprensa oficial do Estado, 1993.
Inaba, B.S. e Cohen, W.E. - Drogas estimulantes, Depressoras, Alucinógenas.Efeitos físicos
e mentais das drogas psicoativas, Rio
de Janeiro, Jorge Zahar Ed. , 1991.
Jezierski, M.A. e Palma, R.H.B.F. - Drogas, Prevenção e Tratamento, São Paulo, Ed. Icone,
1988.
Kalina, E. - Drogadição I, São Paulo, Ed. Francisco Alves, 1988.
Kalina, E. - Drogadição II, São Paulo, Ed. Francisco Alves, 1988.
Mansur, J. - O que é Toxicomania, São Paulo, Ed. Brasiliense, 1993.
Tiba, I. - 123 Respostas sobre drogas, São Paulo, Ed. Scipione, 1994.
Wüsthof, R. - O que é prevenção de drogas, São Paulo, Ed. Brasiliense, 1991.

DIGITAÇÃO E ELABORAÇÃO:
Edmilson Borges

REVISÃO DE TEXTO:
Profª. Maria Cristina Castilho de Andrade

63
Antes de mais nada, tenha uma certeza: não existem métodos
miraculosos no tratamento da dependência química. Os modismos que
existem nesta área são normalmente tratados de maneira sensacionalista,
prometendo soluções rápidas e eficazes como se os seres humanos tivessem
saído de uma mesma linha de montagem. Vale destacar o pensamento do Dr.
Dartiu Xavier da Silveira Filho, psiquiatra, consultor científico em
farmacodependência da Organização Mundial de Saúde (OMS), quando diz
que “a toxicomania é um fenômeno polimórfico”. “Cada estratégia de
tratamento tem de ser personalizada”, conclui. Basicamente, existem três
tipos de tratamento para dependentes de drogas: grupos de auto-ajuda,
terapias psicológicas e internação. Podem ser aplicados separadamente ou
em conjunto, variando de caso a caso.
Dos grupos de auto-ajuda, o mais conhecido de todos atende por A.A.,
sigla de Alcoólicos Anônimos. Com milhares de grupos espalhados por todo
mundo, pessoas de todas as religiões, sexo, idade, raça e condição social têm
conseguido deixar de beber ao entrar para A.A. desde o início de suas
atividades, em 1935. Talvez a melhor definição sobre Alcoólicos Anônimos
esteja resumida nos dois parágrafos que são lidos na abertura das reuniões
de muitos grupos:
“Alcoólicos Anônimos é uma irmandade de homens e mulheres que
compartilham suas experiências, forças e esperanças, a fim de resolver seu
problema comum e ajudar outros a se recuperarem do alcoolismo.”
“O único requisito para se tornar membro é o desejo de parar de beber.
Para ser membro de A.A. não há necessidade de pagar taxas nem
mensalidades; somos auto-suficientes graças as nossas próprias
contribuições. A.A. não está ligado a nenhuma seita ou religião, nenhum
movimento político, nenhuma organização ou instituição; não deseja entrar
em qualquer controvérsia; não apóia nem combate quaisquer causas. Nosso
propósito primordial é manter-nos sóbrios e ajudar outros alcoólatras a
alcançar a sobriedade.”
Para os membros de A.A., não existe cura para o alcoolismo; uma vez
que a pessoa tenha perdido a possibilidade de controlar a bebida, nunca
mais é possível beber normalmente. Mas o dependente pode tornar-se
sóbrio, um alcoólico em recuperação. Para alcançá-la, foram elaborados os
Doze Passos de A.A., orientando-o na busca de uma vida feliz e útil.
Na mesma linha, existem ainda os grupos de Narcóticos Anônimos
(NA), Amor Exigente (AE), Comunidade Casa Esperança e Vida
(CCEV),Neuróticos Anônimos (NA) para usuários de outros tipos de drogas.
Estes grupos preenchem uma grande lacuna existente no Brasil dos dias
atuais, onde os tratamentos clínicos em hospitais e consultórios são
insuficientes para atender a demanda. Na área dos serviços públicos a
situação é ainda pior, pois não existem verbas disponíveis para um
atendimento especializado.
As terapias psicológicas, segundo descreve o Dr. Içami Tiba no livro
123 Respostas Sobre Drogas, “...são importantes em todas as etapas do
64
envolvimento com a droga, pois atuam nos valores pessoais, na filosofia de
vida de cada um, resolvem os conflitos e modificam a postura do indivíduo
perante a droga”. “Tudo isso favorece o entendimento do vício, de modo que
o drogado tenha forças para enfrentar e solucionar a questão...”. Conclui
dizendo que “mesmo quando o tratamento é biológico (internação para
desintoxicação), a ajuda das terapias psicológicas é importantíssima para
que a pessoa compreenda tudo o que está acontecendo com ela”.
A escolha do terapeuta é fundamental para a obtenção de bons
resultados neste processo. Muitas vezes não basta ser um bom profissional
ou a família gostar do terapeuta. É necessário que o paciente sinta confiança
em quem está tratando dele, desenvolvendo um relacionamento sincero,
sensível e afetuoso. Para tanto, troque de terapeuta quantas vezes forem
necessárias. Experimente pessoas com mais idade ou mais jovens, do sexo
masculino ou feminino, de linhas terapêuticas mais duras ou mais suaves,
enfim; até encontrar o profissional que melhor se adapte ao caso. Um bom
método, para observar se a terapia está surtindo efeito ou não, é analisar a
qualidade global de vida de quem está em tratamento. Se esta qualidade
estiver dando sinais de melhora, por menores que sejam, significa que o
caminho está correto. Notas melhores na escola, menor agressividade nos
relacionamentos, disposição para fazer coisas que antes o paciente não fazia
são alguns exemplos.
A internação de um dependente químico é algo que deve ser analisado
com muito cuidado. Em primeiro lugar deve ser levado em consideração que
este tipo de tratamento tem um índice de sucesso que varia de 30% a 40%
em clínicas e hospitais que prestam realmente bons serviços. Internar o
dependente deve ser o último recurso, utilizado quando todas as demais
tentativas fracassaram. Interná-lo contra sua vontade só pode ser cogitado
se o paciente apresentar grande risco de vida para si ou para as pessoas que
o cercam. Não são raras as ocasiões em que as famílias internam seus filhos
em uma clínica apenas para transferir o seu problema para outros.
Em todo Brasil, existem excelentes hospitais e clínicas com
tratamentos sérios e competentes, sendo que alguns servem de referência
até no exterior. Infelizmente, funcionando paralelamente a estes serviços,
criou-se uma verdadeira indústria no tratamento de usuários de drogas, que
vendem ilusões e ganham muito dinheiro. Para ajudar a diferenciá-los,
seguem algumas dicas:

1.Solicite referências. Informe-se com um médico de sua confiança a


respeito do lugar onde você pretende internar seu filho. Procure também
outros profissionais da área e recolha mais informações. Referências de
pacientes que já foram tratados no local também podem ajudar, desde que
não sejam indicados pela própria clínica ou hospital. Explica-se: se o
tratamento não for sério, nada impedirá que se monte um verdadeiro teatro
para convencer pais e dependentes da eficácia do tratamento.
2.Informe-se sobre detalhes do tratamento. Tempo de internação,
MEDICAMENTOS utilizados, acompanhamento clínico, terapias
ocupacionais, atividades físicas, número de consultas semanais e tempo de
duração, terapias em grupo, etc.
3.Conheça o local. Visite quartos, banheiros, refeitórios, pátios,
quadras de atividades esportivas, enfermarias, salas de televisão e tudo mais
que houver para conhecer. Verifique a higiene e o estado de espírito dos
pacientes e funcionários. Se isto lhe for negado, troque de clínica ou
hospital. Este não é apenas um dever seu como familiar, mas também um
direito como consumidor.

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