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Sondas especiais estão sendo enviadas ao espaço, para, entre outras coisas,
tentar um contato com inteligências alienígenas. Acredita-se que muitos
mistérios e enigmas da história deverão ser desvendados e, quem sabe, isso
ajudará os seres humanos a resolver seus problemas mais agudos e, mais
ainda, poderá responder àquelas clássicas perguntas: "De onde viemos? Quem
somos? Para onde estamos indo?" A humanidade sente-se insegura diante dos
problemas que se avolumam sem solução: desequilíbrio ecológico, perigos
biológicos, escalada da violência, crime organizado, tráfico de drogas,
acidentes nucleares, desemprego, fanatismo religioso, terrorismo, pobreza,
fome, opressão. De alguma forma maneira, sentimos que precisamos
desesperadamente, de respostas mas não sabemos onde econtrá-las. O
fracasso das utopias tem deixado um sentimento de torpor e desânimo, como
aquela sensação do homem perdido no deserto que, ao ver uma miragem,
pensou ter visto e só encontrou areia. Tendo, durante muito tempo, rejeitado
qualquer revelação nos antigos escritos sagrados, o homem se viu num
imenso, misterioso e silencioso universo.
Ultimamente, um número cada vez maior de esperançosos abandona o
materialismo dos pais e segue à busca do místico, tentando resgatar a herança
cultural e espiritual. Daí o renascimento de antigos cultos pagãos. Daí a
voracidade pelos escritos sagrados da Antigüidade. Daí a crença no poder dos
cristais e no uso de mantras. Do Livro dos Mortos às profecias de
Nostradamus, a nova geração começa a acreditar que a resposta estava ali o
tempo todo.
Mas quem garante que a sabedoria dos antigos merece confiança? E se tudo
não for mais uma panacéia enganadora que, a seu tempo, também vai
decepcionar? Muitos céticos se recusam a acreditar em verdades absolutas,
por uma razão muito simples: como o homem, limitado em seu conhecimento
e compreensão, pode chegar à certeza? A História é testemunha de que os
homens erram muito. O máximo que podemos tentar é o chute filosófico, é a
opinião que pode ou não pode ser mais válida que as opiniões dos outros.
A única possibilidade da verdade absoluta estaria na existência de um ser
infinito, possuidor de todo conhecimento, sabedoria e poder. Esse ser faria
afirmações verídicas e absolutas por que não estaria, como nós estamos,
limitados ao espaço e ao tempo. Assim, esse ser poderia nos ajudar a
compreender as coisas que estão além do nosso alcance. Certamente, esse ser
não revelaria todo o seu conhecimento. Primeiro, porque seria necessário
sermos infinitos para ter todo o conhecimento. Segundo, esse ser saberia o
que era e o que não era apropriado revelar a nós. Dependeria de sua infinita
sabedoria administrar a concessão do seu conhecimento. Milhões, hoje,
acessam a rede internacional de computadores. A informação disponível é
estonteante. Basta um computador, um modem e uma linha telefônica. Mesmo
assim, esse conhecimento é limitado. Como seria ter uma Mente Infinita? Que
tipo de pesquisa faríamos? Que área iria nos interessar mais?
Até agora consideramos isso uma hipótese. Não obstante, se isso for
realidade? E se, de fato, esse ser já se revelou e entrou em contato com os
seres humano? Existe algum indício na História de que isso já terá acontecido?
Muito mais do que indícios. Através dos séculos, diversos homens alegaram ter
recebido revelações do próprio Criador. Certamente muitos deles não
passavam de enganadores e provaram isso pela fragilidade das suas
informações ou pela falta do cumprimento de suas profecias. Mas isso significa,
necessariamente, que todos aqueles que alegaram receber revelações de Deus
estão mentindo? Não é um fato que a existência do dinheiro falso pressupõe a
existência do verdadeiro? Não seria de se esperar que o mesmo Deus que nos
criou se preocuparia em se comunicar conosco? Não seria o próprio sentimento
religioso um sinal, dentro da personalidade humana, de que há alguém lá em
cima e desejoso de se relacionar conosco? Vejamos alguns homens que
afirmam acreditar nessa revelação.
Mais Evidências
Se o próprio Espírito Santo supervisionou a entrega e o registro da revelação,
Ele, sendo Deus onipresente, onisciente e onipotente, garantiu que isto seria
feito sem erros. De imediato, as pessoas dizem que a Bíblia é livro de homens.
Em outras palavras, falha e imperfeita. Por mais sinceros, eruditos e criteriosos
que fossem os profetas, eles ainda estavam sujeitos às limitações da sua
época e do seu conhecimento. Como poderiam deixar de errar? É natural,
assim, esperar que a Bíblia apresente erros gritantes em questões filosóficas,
científicas, literárias ou históricas. Os milagres, por exemplo, são vistos como
lendas da Antigüidade, tão verdadeiros e históricos quanto Branca de Neve e
os Sete Anões. De fato, tais conclusões seriam inevitáveis se o fator
sobrenatural fosse descartado. Mas, se o Espírito Santo, sendo o mesmo Deus,
estava por trás da produção da Bíblia, então é perfeitamente admissível que
homens falhos fossem instrumentos para transmitir informações infalíveis. E
foi exatamente isso o que ocorreu. Acostumamo-nos tanto a destacar as
chamadas discrepâncias da Bíblia que, muitas vezes, perdemos de vista fatos
relacionados com ela tão fantásticos que somente poderiam ser explicados por
sua origem divina.
A Unidade da Bíblia
A Bíblia, na verdade, não é um livro mas uma coleção de livros. São sessenta e
seis escritos distinto. Alguns deles têm autoria em comum como, por exemplo,
o Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos. Mas, na sua maioria, foram
escritos por pessoas distintas, em épocas e locais diferentes e locais
diferentes. Entre seus escritores, figuram um erudito como Isaías e um caipira
como Amós, um rabi e um médico, além de profetas, reis, pescadores, poetas,
historiadores. Viveram num período de pelo menos mil e quatrocentos anos em
lugares tão diversos, como a Grécia, a Palestina e a Pérsia. Apesar dessa
diversidade, o que chama a atenção do leitor da Bíblia é a sua espantosa
unidade. Parece uma só história, grandiosa e abrangente. Do Gênesis ao
Apocalipse, Deus figura como protagonista. As promessas da chegada do
Messias, no Velho Testamento, são cumpridas no Novo. Como explicar esta
unidade sem levar em conta a intervenção daquele que é o único e infalível
Senhor da História?
Juiz Supremo
É uma afirmação fantástica conferir à Bíblia a autoridade do próprio Deus. O
caminho mais fácil é receber os escritos judaico-cristãos como impressões
pessoais, sujeitas ao crivo de nossa razão ou preferência pessoal. Entretanto,
como vimos, esta alternativa não é deixada para aqueles que crêem em Cristo
como Filho de Deus. Na verdade, os cristãos têm afirmado, através dos
séculos, que acreditam num milagre, aliás, numa série de milagres ocorridos
no espaço e no tempo. Homens limitados e falhos receberam e registraram,
sobrenaturalmente, revelações do próprio Deus, as quais deveriam ser
publicadas a todos os homens. Sem dúvida, tais reivindicações são tão sérias
quanto o fato de acreditar na ressurreição literal de Cristo e no julgamento
final. Em última instância, trata-se de uma questão de fé. Entretanto, esta fé
não é um salto no escuro, mas uma firme convicção na veracidade e no poder
de Deus.
A partir do instante em que aceitamos a autoridade da Bíblia, somos chamados
pela força da Palavra a nos submetermos à autoridade de Deus. Se Ele, o
Criador, de fato se revelou aos homens através de palavras, tal revelação tem
a força de lei para as Suas criaturas. Como Soberano do Universo, Deus tem o
direito de exigir plena obediência às Suas ordens e fazer valer Sua autoridade
através de justo julgamento. Deus, sendo onisciente e eterno, faz da Sua
Palavra autoridade para todas as áreas da vida humana, sejam elas espirituais,
morais, intelectuais e físicas.
No atual clima de relativismo, a opinião parece ser o único referencial para o
que a pessoa deve crer ou praticar. Dentro desse contexto, o aborto e o
homossexualismo devem ser analisados por critérios puramente pragmáticos.
O fato de Deus ter revelado os limites da sexualidade humana e o respeito pela
vida não é mais válido para o homem moderno. Ele não acredita que Deus
tenha falado. Entretanto, para os evangélicos que aceitam a Bíblia como a
Palavra de Deus, pesa a responsabilidade de levar essa convicção a sério. Não
obstante, é triste notar que, também neste caso, a teoria está longe da
prática. Hoje em dia, supostas revelações místicas têm mais autoridade do que
a clara exposição da Bíblia. Cremos em idéias jamais ensinadas pelos profetas,
por Jesus ou pelos apóstolos: regressão psicológica, decreto, entre outras
coisas que jamais foram ensinadas na Bíblia. Então, por que as praticamos? [O
motivo é ] Por que funcionam? [O motivo é] Por que atraem as pessoas?
Assumir a autoridade da Bíblia implica enfatizar aquilo que ela enfatiza. Em
nome da relevância, estamos assimilando filosofias da época atual e saímos à
busca de textos fora de contexto para justifica-las. Uma pregação teocêntrica
enfatizará a mensagem da Bíblia. Certamente, ela não é popular. Nunca o foi.
Se o crescimento numérico fosse o critério para a verdade, Jesus não teria tido
muito sucesso na Sua vida terrena, pois até alguns dos Seus discípulos mais
próximos O abandonaram quando Ele começou a expor todas as implicações
do discipulado. Se cremos na Bíblia como a Palavra de Deus, devemos prega-
la, quer ouçam quer deixem de ouvir. Em flagrante contraste com a mensagem
bíblica, a pregação atual promete benesses sem compromisso, auto-afirmação
em lugar de auto-negação. Foi o próprio Senhor Jesus quem disse: Quem
quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. (Mc
8.34).
Assumir a autoridade da Bíblia implica recebê-la como a sabedoria de Deus na
solução dos problemas humanos. Já na época de Jeremias, havia profetas
auto-proclamados que ofereciam cura barata, mas ineficaz. Deus diz através
do profeta: Curam superficialmente a ferida do meu povo. (Jr 6.14; 8.11). O
povo de Deus abandona as águas cristalinas da verdade para beber nas
cisternas furadas e apodrecidas do erro. O remédio de Deus parece ser mais
amargo, porém é eficaz.
Assumir a autoridade da Bíblia implica em fazer de seus princípios referencias
absolutos de ética. Não é de hoje que o mundo é pervertido e corrupto. Os
cristãos da Igreja Primitiva tinham que enfrentar, diariamente, as pressões
corruptoras do degradado Império Romano – o que, muitas vezes, os
conduziram à tortura e ao martírio. Eles levaram a sério o mandamento de
Jesus para serem sal da terra e luz do mundo. Atualmente, muitos evangélicos
não têm sido conhecidos pela integridade. Pelo contrário, os mesmos critérios
ou a falta de critérios são usados nos negócios e nas relações interpessoais.
Pessoas não-evangélicas ficam impressionadas com a alta cumplicidade, entre
alguns evangélicos, na corrupção praticada com tanta naturalidade. Se
afirmamos ser a Bíblia a Palavra do próprio Deus, somos responsáveis de
acatar as ordens do Rei.
À época em que o texto foi publicado, Jorge Noda era co-pastor da Igreja
Presbiteriana de Campina Grande (PB) e professor de Teologia no Seminário do
Betel Brasileiro.
Revista Raio de Luz
Ano 28 – Edição 111
Outubro de 1998