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Património

Vernacular
Construído 1

o beiral,
o espigueiro

— Formas, Usos e Contextos —


e a eira
Formas, Usos e Contextos

Ana Sofia Ribeiro


Faculdade de Letras
da Universidade do Porto
2 3
— o beiral, o espigueiro e a eira —

o beiral,

— Formas, Usos e Contextos —


o espigueiro
e a eira
Formas, Usos e Contextos

Autor Ana Sofia Ribeiro


Coordenação gráfica e paginação Catarina Ribeiro
Fotografia Ana Sofia Ribeiro e Catarina Ribeiro
índice

01 Apresentação 05 Origem ou origens?


p ág . 0 6 pág. 2 4

— —
02 Introdução 06 A Vernaculidade Contemporânea
p ág . 0 8 e os Novos Usos
— pág. 32


03 A cultura do milho
p ág . 0 9 07 Celeiros pelo mundo
— pág. 44


04 Tratamento do Milho:
Ciclos e Processos – Tradição Imaterial 08 Bibliografia
p ág . 1 6 pág. 52

— —
6
01 Apresentação 7

onde pudemos fotografar e observar aten- se realizam, embora reduzidamente, práticas


tamente as construções existentes em todo agrícolas tradicionais das quais boa parte da
o concelho de Penafiel. população mais envelhecida se ocupa.
É no sentido de divulgar, preservar e dinamizar
Apesar da sua relevância no desenvolvi- as tradições construtivas locais que surge o
mento de todo o nosso trabalho, aperce- projeto Património Popular Construído: O
bemos-nos que seria necessária uma maior Beiral, o Espigueiro e a Eira – Formas, Usos
ampliação da área estabelecida, alargando e Contextos, resultado da concretização de
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a pesquisa aos concelhos de Lousada e um objetivo específico, visando a valorização

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Paredes, para que fosse possível efetuar das tradições construtivas relacionadas com
algumas analogias a nível formal, estético a prática de cultivo do milho.
e, essencialmente, funcional. Deste modo, _
O presente produto de comunicação do Da arquitetura vernacular fazem parte os Penafiel constitui o ponto de partida para
património é resultado de um longo trabalho modos de construir próprios de uma comu- a execução e desenvolvimento de todo
de pesquisa e análise, bem como do levan- nidade; o reconhecido caráter local ou o trabalho, culminando neste produto de
tamento fotográfico da arquitetura verna- regional vinculado ao território; a coerência comunicação do património.
cular relacionada com a prática da cultura formal, estética, bem como tipologias arqui- Com um Centro Histórico bastante desen-
do milho no concelho de Penafiel. tetónicas tradicionalmente estabelecidas; volvido, essencialmente a partir do século
Foi com base na Carta del Património a sabedoria tradicional no desenho e na XVIII aquando da elevação da Vila a Cidade,
Vernáculo Construído, de 19991, que defi- construção que é transmitida de geração Penafiel é ainda hoje uma região muito
nimos o termo a ser utilizado no âmbito do em geração; a existência de uma resposta marcada por um caráter rural, quer a nível
estudo desta arquitetura. Segundo este docu- direta aos requisitos funcionais, sociais da sua paisagem, quer ano respeita ao seu
mento internacional, o património vernacular e ambientais e também a aplicação de património construído.
é expressão fundamental da identidade de sistemas, ofícios e técnicas tradicionais de É precisamente neste contexto rural, que se
uma comunidade, dos seus vínculos com o construção3. apresentam algumas das mais antigas estru-
território e, em simultâneo, a expressão da Definido o conceito, partimos para a pesquisa turas de apoio ao cultivo do milho, onde ainda
diversidade cultural do mundo2. bibliográfica e para a exploração territorial

1. Carta del Património Vernáculo Construído (1999), ICOMOS. México, Outubro de 1999. [Em linha] http://www.
icomos.org/charters/vernacular_sp.pdf. [pdf].
2. Idem. p. 1.
3. Idem. p. 1 e 2.
8
02 Introdução 03 A cultura do milho 9
— —

O estudo da arquitetura vernacular, associada para os quais não foram destinadas.


às práticas de cultivo do milho, do concelho Apesar do decréscimo das práticas agrícolas,
de Penafiel, surge no âmbito da realização de resultando no consequente abandono e
um estágio curricular no Museu Municipal de degradação das infraestruturas, é possível
Penafiel para a conclusão do Mestrado em em muitos casos ser observada uma nova
História da Arte Portuguesa na Faculdade de adaptação, necessária a uma realidade cada
Letras da Universidade do Porto. vez mais exigente, competitiva e urbaniza-
O presente produto de comunicação do dora do mundo rural.
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património pretende contribuir para a Esta é uma das mais interessantes facetas de

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compreensão das estruturas estudadas, todo o processo desenvolvido, culminando
contextualizando-as, valorizando-as e apro- em conjugações genuínas entre o rural e o
ximando-as do leitor, tendo como principal urbano e em reconversões lógicas, onde as O milho é um cereal tropical originário da tipos de farinha diversos: milho, centeio e
objetivo o registo fotográfico da arquitetura construções tomam obviamente papel de América, introduzido em Portugal entre 1515 e trigo. Atualmente, o milho é o cereal mais
relacionada com as práticas agrícolas e com destaque. 1525. Para que fosse distinguido dos restantes frequentemente semeado, em detrimento
as suas atuais funções. O resultado final é, fundamentalmente, cereais já existentes, como o milho miúdo, dos restantes5.
Contudo, é importante referir que este produto de um gosto, de uma vontade e painço e zaburro, os portugueses passam Este cereal será por muitos séculos o mais
trabalho não pretende ser genérico, mas de uma valorização necessária ao seu (re) a designa-lo por milho grosso, milhão ou cultivado pelas suas caraterísticas bastante
alertar para a importância da existência de conhecimento, o qual não seria possível sem maçaroca4. rentáveis e por ser um dos alimentos mais
olhares diversificados, novas interpretações, a preciosa colaboração dos proprietários e A importância do milho para a cultura portu- eficazes contra a fome.
investigações, bem como atividades peda- do Museu Municipal de Penafiel. guesa é indiscutível, quer por garantir a Apresenta-se como um cereal de verão,
gógicas dinamizadoras dos espaços e das _ sobrevivência das populações através da propagando-se em zonas de clima moderado
comunidades respetivas. confeção do pão, quer pela alimentação dos mas necessariamente húmido, sendo uma
Um dos aspetos tidos em conta no decorrer animais domésticos que o consomem em das suas particularidades o seu total apro-
desta investigação foi, não só a antiguidade grão ou farinha. veitamento para diversos fins, desde tabaco
das construções analisadas, como também O pão, um dos alimentos ainda hoje essen- a chás diuréticos. A sua rápida maturação,
a forma como estas se adaptam às necessi- ciais para a alimentação das populações, é alcançada em apenas quatro ou cinco meses,
dades contemporâneas e a novos contextos, confecionado a partir da utilização de três é outra das suas especificidades6.

4. Câmara Municipal do Seixal, Ecomuseu – Terra Mãe, Terra Pão. Seixal: CMS, 1997. ISBN: 972-9149-59-3. p.19.
5. IBERNARDO, Edgar; MARTINS, Elisabete – Vivências Passadas, Memórias Futuras: A cultura do linho,
pão e vinho. Felgueiras: Município de Felgueiras, 2011. ISBN: 978-989-8221-07-0. p.63.
6. Idem. p.67.
10 11

O fabrico de mortalhas de tabaco em Penafiel, Cultivava-se nos Açores, Madeira, Cabo


inserido num contexto de reaproveitamento Verde, África ocidental (Angola, Congo), na
do folhelho do milho, surge no século XVIII costa oriental de Madagáscar e Ásia (Índia,
como uma das principais fontes de rendi- China e Japão). Os navegantes utilizavam
mento da cidade, pois para além de um o milho como moeda de troca por outros
elevado número de exportação (destinada produtos locais que lhes interessasse, contri-
sobretudo ao mercado brasileiro e ibero-a- buindo para uma difusão mundial do cereal10.
mericano), a mão-de-obra utilizada para o Existente essencialmente nas áreas de climas
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trabalho era feminina7. mais húmidos, o milho deve ser muito bem

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O milho torna-se então um dos mais impor- seco, em grão ou em espiga, antes de ser
tantes constituintes da alimentação e armazenado nas estruturas de apoio, como
da economia das populações, trazendo o beiral ou o espigueiro, de modo que o seu
inúmeras repercussões a nível social, econó- apodrecimento possa ser evitado.
mico e cultural, considerado por autores Esta cultura cerealista surge assim fortemente
como Orlando Ribeiro como um dos maiores ligada à construção de estruturas de apoio
avanços das sociedades europeias, ao que à sua produção, sendo estas perfeitamente
utiliza a expressão revolução do milho para o adequadas às funções que desempenham,
descrever8. desde o seu armazenamento à secagem
Os navegantes portugueses e espanhóis e à proteção contra o acesso de animais
foram os primeiros exploradores responsá- roedores, bem como da formação de bolores.
veis pela introdução do milho na Europa9. A estas construções auxiliares atribuímos a
designação de beiral, espigueiro e eira11.
_

7. SOEIRO, Teresa – A indústria de mortalhas em palha de milho no concelho de Penafiel. Penafiel: Cadernos do
Museu, MMP, 1995 vol.1 ISSN: 0873-5484. p. 6 e 7.
8. RIBEIRO, Orlando – Portugal: o Mediterrâneo e o Atlântico. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1986. 4ª Edição.
>>>> • Indigna com espiga de milho. Fonte desconhecida.

Depósito legal: 14092/86. p. 115


9. BERNARDO, Edgar; MARTINS, Elisabete – Vivências Passadas, Memórias Futuras: A cultura do linho, pão e
vinho. op. cit. p. 66.
10. Câmara Municipal do Seixal, Ecomuseu – Terra Mãe, Terra Pão. Op. cit. p. 27.
11. PÊGO, Maria Carlos Chieira - Legados de Sever do Vouga: Espigueiros. Sever do Vouga: Câmara Municipal
Sever do Vouga, 1999. Depósito legal: 137217/99. p. 11.
12 13
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>>>> • Mapa dos Descobrimentos Portugueses.
(Fonte: http://realbeiralitoral.blogspot.pt/2010/12/mapas-dos-descobrimentos-portugueses.html)
14 15
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>>>> • José Malhoa “Milho ao sol” 1927
(Fonte: http://blogdaruanove.blogs.sapo.pt/34180.html)
>>>>>>>>>>

• Mulher e criança da costa do Congo»,


AlbertEckhout, 1641. Museu Nacional da Dinamarca.
(Fonte: http://www.institutoricardobrennand.org.br/pinacoteca/eckhout/pint20.htm)
16
Tratamento do Milho:
04
17
Ciclos e Processos – Tradição Imaterial

O ciclo dos cereais é um processo bastante semeio, acreditando que a semente germi- segundo o método tradicional, onde irão vermelha, pela sua forma e cor, é associada
complexo, variando consoante as necessi- nará mais rápido. É importante que este apodrecendo com o passar do tempo, a fim à fecundidade e ao relacionamento sexual15.
dades do tipo, do clima meteorológico e deva ter em conta a direção do vento e a de fertilizarem a terra. Terminado este processo, as espigas,
do terreno onde é cultivado. boa repartição dos grãos, para que estes Algumas semanas depois, já na eira, proce- expostas inicialmente alguns dias na eira,
O início do ciclo dá-se com a preparação cresçam uniformemente pelo terreno. Por de-se à desfolhada, sendo este um trabalho eram então armazenadas nos espigueiros ou
do solo, a sementeira propriamente dita e este mesmo motivo, as sementes, lançadas que consiste em separar a espiga das folhas no sobrado do beiral, quando o espigueiro
a cobertura das sementes. A preparação pelo homem, são atiradas ao alto e para que a envolvem. era inexistente.
do solo passa pela lavragem da terra que, longe12. Depois de realizada a desfolhada, as espigas Estas construções, erguidas junto à eira ou
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com o sol e a chuva, vai ficando endurecida Após a sementeira, o milho é sachado para de melhor qualidade eram depositadas no próximo das casas, permitem manter as

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e ressequida. Esta é uma fase imprescin- que sejam enterradas e arranjadas as ervas espigueiro para serem malhadas ou debu- colheitas protegidas dos animais roedores
dível para uma boa colheita, pois através e as plantas desnecessárias que nascem lhadas – processos que resultam da sepa- e aves, bem como do seu apodrecimento,
dela a terra fica mais solta, misturada e por entre o milho. É somente após a sacha, ração do grão de milho em relação ao carolo através das suas eficientes condições de
limpa de ervas, que irá facilitar e favorecer executada correntemente pela forma – a fim de serem distribuídas pelas restantes ventilação16.
a germinação das sementes e o cresci- manual, que este começa a ser regado, já no épocas do ano, enquanto as espigas mais Pelo seu valor cultural, social e histórico,
mento do cereal. Depois de lavrada a terra início do verão, pois a água é indispensável degradadas eram imediatamente malhadas a as desfolhadas são parte constituinte da
com o arado ou a charrua, é necessário ao desenvolvimento deste. Assim, vai sendo fim de ser rapidamente aproveitado o grão14. memória das comunidades e representam
gradá-la para que esta fique lisa e fina, mas regado constantemente até serem total- No decorrer da desfolhada, quem encon- aquilo que em tempos seria um dos maiores
também para soterrar a semente. Numa mente colhidas as espigas13. trasse o milho-rei, semeado casualmente por e mais importantes fenómenos relacionados
fase seguinte procede-se ao semeio. Este Cumpridas todas as fases do processo, as entre os restantes grãos, teria que dar um com a cultura cerealista portuguesa.
funciona quase como um ritual, dando-se espigas são retiradas das canas do milho e abraço a todos os presentes ou um beijo a _
grande importância aos luares da lua levadas em cestos ou sacos para as estru- uma pessoa do sexo oposto. Trata-se de um
nova. É de manhã bem cedo, ainda com o turas de apoio, para lá secarem ao sol, aparente jogo que, na realidade, resulta de
orvalho matinal, que o semeador começa o enquanto as canas são mantidas no campo, um ritual de fecundidade no qual a espiga

12. Câmara Municipal do Seixal, Ecomuseu – Terra Mãe, Terra Pão. Op. cit. p.49 e 53. 14. BERNARDO, Edgar; MARTINS, Elisabete – Vivências Passadas, Memórias Futuras: A cultura do linho, pão e
13. Idem. p. 57. vinho. Op. cit. p.72.
15. Câmara Municipal do Seixal, Ecomuseu – Terra Mãe, Terra Pão. Op. cit. p.75.
16. Idem. p.76.
18 19
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>>>> • Canas do milho deixadas no campo para
que lá se degradem e fertilizem a terra.
Fotografia Ana Ribeiro.
>>>> • Espigas transportadas em cestos para o beiral.
Fotografia de Ana Ribeiro.
20 21
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>>>> • Casal a desfolhar espigas.
Fotografia de Catarina Ribeiro.
>>>>
• Espigas de menor qualidade depositadas no sobrado do beiral a fim
de se proceder um tratamento prioritário: debulha e secagem na eira.
Fotografia de Ana Ribeiro.
22 23
>>>>

>>>>
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• Espigas de boa qualidade depositadas no espigueiro. • Espigas de milho-rei.


Fotografia Ana Ribeiro.

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Fotografia de Catarina Ribeiro.

>>>>
>>>> • Grão de milho e carolo.
Fotografia de Catarina Ribeiro.
• Espigueiro junto à residência habitacional.
Fotografia de Ana Ribeiro.
24
05 Origem ou Origens? 25

As construções estudadas no âmbito das de nómada a sedentário e começa a dedi- Este é um elemento fundamental na nossa um obstáculo, sendo os seus limites aquilo
práticas do cultivo do milho representam o car-se à agricultura. perceção sobre a existência de estruturas que é, de um modo geral, a antiga Gallaecia
início de uma discussão vasta, iniciada já no A certeza da remota existência de constru- similares ao espigueiro já na Idade Média, que ou Regnum Suevorum21.
século XX, sobre o surgimento concreto das ções formalmente muito similares às que à época arrecadavam trigo. Procurando uma maior aproximação à
construções para o tratamento e armazena- conhecemos hoje fundamenta-se, por um O termo castelhano hórreo, referido por origem, vários foram os autores que abor-
mento de produtos alimentares. lado, naquele que é considerado o primeiro Afonso X nas Cantigas, tem a sua origem daram esta questão apresentado novas
É notória, através da bibliografia, a discor- registo visual de espigueiros, presentes nas no termo latino horreum e é citado por várias prescritivas: a formalista ou palafí-
dância entre os autores, ao que concluímos Cantigas de Santa Maria17, de Afonso X, historiadores romanos, como Varrón, na tica, a neolítica ou funcionalista, romana e
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que, na ausência de uma origem determi- datada do século XIII e por outro lado, pela literatura romana como horreum pensilis a suévica.

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nada, todas as teses sobre ela são aceitáveis e associação simbólica e formal a uma arca ou granaria sublimia19. A teoria formalista, defendida por um dos
passíveis de discussão e reflexão. Assim, uma funerária germânica, datada da Idade do Atualmente o termo hórreo é conhecido e autores mais citados pela bibliografia espa-
vez fundamentadas, assumimo-las como Bronze18. Constituem igualmente exemplos utilizado na língua espanhola para designar nhola, Eugeniusz Frankowski, com a obra
verdadeiras e afirmamos a existência não da de uma remota existência os hórreos medie- os locais destinados a conservar alimentos, Hórreos y Palafitos de la Península Ibérica,
origem mas das origens destas construções. vais da região de Navarra. criando condições adequadas para os assenta na ideia de que é no noroeste da
Vários são os elementos, dados pelos autores, A iluminura correspondente à cantiga repre- proteger do apodrecimento, destinando-se Península Ibérica que o povo edifica singu-
que suscitam todas estas dúvidas quanto à senta um conjunto de três celeiros, junta- especialmente à armazenagem de cereais, lares graneros levantados sobre colunas22.
origem precisa, ainda assim, sabemos que a mente com uma série de monges em oração, em grão ou em espiga20. Segundo o mesmo autor, o hórreo é uma
tradição de arrecadar alimentos em ocasiões dizendo-nos que os monges não tinham É clara a disseminação dos espigueiros forma cultural de remota antiguidade, a
de maior abundância para as restantes o que comer e, como tal, rogaram a Santa pela Península, provando-nos que a sua última sobrevivência de uma civilização
épocas do ano é uma prática bastante Maria que os socorresse. No dia seguinte, os origem é sem dúvida muito anterior à palafítica da Península Ibérica, sendo que
remota na civilização humana inerente à sua monges encontraram os hórreos cheios de formação da nacionalidade portuguesa, formula toda a sua tese na semelhança entre
própria evolução, desde que o homem passa muito bom trigo. pois caso contrário a fronteira política seria hórreos e palafítos, afirmando partilhar uma

17. Cantiga nº 186 das Cantigas de Santa Maria de Afonso X do século XIII. 19. ARMESTO AIRA, Antonio - Los hórreos de la Península Ibérica. Breve ensayo sobre el ethymon de lo monu-
18. Arca funerária em forma de celeiro datada da Idade do Bronze. Esta arca foi encontrada em Obliwitz, mental en arquitectura. [Em linha] https://proyectocuatro.files.wordpress.com/2012/07/hc3b3rreos-ya-antonio-
Lauemburgo, na Pomerânia, região de origem dos antepassados dos suevos. -armesto-aira.pdf. [pdf] p.2.
20. Idem. p. 1.
21. DIAS, Jorge; OLIVEIRA, Ernesto Veiga de; GALHANO, Fernando – Espigueiros Portugueses. Lisboa: Publica-
ções Dom Quixote, 1994. ISBN: 972-20-1138-3. p. 198.
22. FRANKOWSKI, Eugeniusz – Hórreos e Palafitos de la Península Ibérica. Madrid: Museo Nacional de Ciencias
Naturales, 1918. [pdf] p. 7.
26 27

mesma genealogia, tendo sido inspirados adjacentes, declarando que os celeiros se apoiando-se na influência alemã pela
nos palafítos de povos primitivos23. farão de um piso alto e com vistas para lá chegada dos Suevos à Península no século
A segunda teoria, denominada por neolí- das montanhas, para que lá se conservem V d.C28.
tica, é da autoria de W. Carlé. Este, por sua por bastante tempo, protegidos dos insetos Estes autores acreditam que, aquando da
vez, afirma não existirem provas a favor da nocivos para o trigo. Vitrúvio utiliza neste sua chegada a Portugal, os suevos depa-
herança palafítica dos hórreos e que estes contexto a metáfora para demonstrar o quão ram-se com construções ancestrais, rudi-
são construções que respondem direta- alto deveriam estar os celeiros26. mentares, semelhantes a grandes cestos de
mente a uma função e que, para o desem- Esta perspetiva ganha mais visibilidade ao varas entrelaçadas, denominados por nós
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penho aperfeiçoado da mesma, as constru- termos em conta a existência do celeiro hoje por canastros de varas. Posteriormente

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ções necessitam de estar isoladas do solo romano designado por Horrea Epagathiana vão sendo implementados modos e formas
com aberturas para ventilação. Assim, estes et Epaphroditiana, situado no porto da de construir próprias dos povos dominantes,
celeiros surgem por uma questão unicamente cidade de Ostia Antiga, datado do século II mais evoluídas, sendo uma delas a planta
funcional preventiva dos povos neolíticos a.C., como é possível observar no capítulo alongada, coberta por duas águas. Esta
que deles necessitava para sobreviverem24. dedicado à escavação da construção de forma geométrica terá sido adaptada e aper-
Porém, I. Martínez Rodríguez25 atesta a utili- Ostia do autor Javier Salido Domínguez27. feiçoada a partir do modelo de urnas fune-
zação do vocábulo horreum na Literatura Por fim, a tese Suévica surge-nos como rárias germânicas, tomando como exemplo
Romana, sendo esta a primeira fonte docu-
mental histórica sobre estes celeiros.
Vitrúvio foi um dos autores a citar estas
a detentora de maior rigor científico. São
autores como H. Gadow, ainda no século
XIX, e Jorge Dias, juntamente com Ernesto
a urna funerária encontrada na Pomerânia
(região germânica dos antepassados dos
suevos, datada da Idade do Bronze29 .
>>>> • Cantiga nº 186 das “Cantigas de
Santa Maria” de Afonso X, séc. XIII.
(Fonte: https://upload.wiki-
media.org/wikipedia/commons/
construções. Na sua obra De Architectura, o Veiga de Oliveira e Fernando Galhano, já _ thumb/6/69/Cantiga_de_Santa_
arquiteto romano dedica um capítulo do seu no século XX, que nos fornecem uma outra Maria_CLXXXVI_-_Horreos.
VI livro às casas de campo e suas construções perspetiva sobre esta desconhecida origem, jpeg/220px-Cantiga_de_Santa_
Maria_CLXXXVI_-_Horreos.jpeg)

23. ALGORRI GARCÍA, Eloy – Evolución y distribuición territorial de las técnicas constructivas en la arquitectura 28. H. Gadow e Jorge Dias apud Idem. p. 68 e 69.
popular : El caso del hórreo cantábrico. Tese de doutoramento inserida no Departamento Artístico e Documental. 29. ALGORRI GARCÍA, Eloy. Op. Cit. p. 69.
Espanha: Universidade de León, 2015.[Em linha] https://buleria.unileon.es/bitstream/handle/10612/4727/horreo.
PDF?sequence=1. [pdf] p. 62.
24. W. Carlé apud Idem. p.63.
25. I. Martínez Rodríguez apud Idem. p. 66.
26. ALGORRI GARCÍA, Eloy. Op. Cit. p. 66.
27. SALIDO DOMÍNGUEZ, Javier - La investigación sobre los horrea de época romana: Balance historiográfico
y perspectivas de futuro. CuPAUAM 34, 2008, pp. 105-124. [Em linha] http://www.uam.es/otros/cupauam/pdf/
Cupauam34/3405.pdf. [pdf]. p. 106.
28 29
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>>>>

• Urna funerária datada da Idade do Bronze.


(Fonte: http://www.scielo.mec.pt/img/revistas/dia/v27n2/27n2a16f3.jpg)
>>>> • Horreo medieval em Lusarreta, Navarra.
Catálogo Monumental de Navarra.
(Fonte: http://www.valledearce.com/pueblos/lusarreta/)
30 31
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>>>>
• Horrea Epagathiana, localizado em Óstia, Roma. Datado de 145-150 a.C.
(Fonte: http://www.jeffbondono.com/TouristInRome/RomeImages/
IMG_0718-IMG_0720-20131003.jpg)

>>>> • Hórreo medieval com tabernae, em Valdorba, Navarra.


(Fonte: http://turismo.navarra.com/wp-content/uploads/
Horreo_de_Iracheta_Valdorba_Navarra-1024x575.jpg)
32
06 A Vernaculidade Contemporânea 33
e os Novos Usos

O beiral, o espigueiro e a eira constituem uma o possuímos no presente, sendo o Património, o olhar interessado e atento dos arquitetos. impostas, independentemente do local, do
trilogia arquitetónica construída para apoio todo ele, um fenómeno contemporâneo. Apesar do progressivo avanço tecnológico clima e dos recursos de que dispõe.
ao cultivo do milho, quer para tratamento, Assim, partimos do princípio de que, tal e industrial, estas construções têm sido São variados os termos utilizados para
quer para armazenamento. como refere C.A Ferreira de Almeida31 , a mantidas através de várias intervenções designar as estruturas que estudamos, sendo
São construções que, pela sua longevidade arquitetura tradicional, popular, camponesa, de reabilitação levada a cabo pelos seus que o beiral pode ser igualmente denomi-
e pelas intervenções de que são alvo, ainda é resultado da experiência, aperfeiçoamento proprietários. nado por casa da eira, alpendre, sequeiro
se mantêm presentes no quotidiano das e conhecimento empírico, intrinsecamente O interesse na sua recuperação prende-se ou até mesmo palheiro. O espigueiro tem
populações, não obstante estarem situadas ligados à paisagem, às populações, bem com a sua funcionalidade e atividade no também a variante de canastro, sendo a eira
— o beiral, o espigueiro e a eira —

em locais urbanizados, sendo comum a sua como às suas funções e hábitos. Poderíamos âmbito das práticas produtivas, pelo grande o único elemento denominado como tal.

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presença junto de construções contempo- tirar bem mais partido destas construções se valor afetivo que os proprietários nutrem O beiral é talvez a estrutura mais versátil e
râneas, por um lado porque já lá estavam melhor as estudássemos, as valorizássemos e pelas construções e também por serem, complexa, uma vez ser dependente da
aquando da construção da mesma, por outro as transmitíssemos. grande parte das vezes, reflexo do poder existência do espigueiro para se definir em
pela vontade do proprietário em construi-la Embora considerada como arquitetura dos económico das famílias que os possuíam. termos estético-formais. É normalmente
posteriormente. Isto acontece em grandes não arquitetos ou sem pedigree32, termo Assim, vamos sendo confrontados com inter- constituído por dois pisos, sendo que em
Quintas de lavoura e residências possuidoras consagrado na exposição fotográfica de venções que mantêm a funcionalidade das alguns casos pode atingir os três, tendo
de terreno na sua proximidade, permitindo Bernard Rudofsky no MOMA, em 1964, ela construções degradadas, atribuindo-lhes por sempre como extensão uma eira, comple-
que os moradores possam, ainda que em possui imensas qualidades estéticas, cons- vezes uma nova função. mento à sua fachada. A sua forma retan-
pequenas quantidades, produzir milho para trutivas e funcionais, mostrando-se respei- A valorização destas construções vai muito gular é uma constante, sendo o seu aspeto
autoconsumo. tadora dos locais onde se enquadra, afir- além dos núcleos construídos. Ela foca-se na estético e construtivo variável consoante
Do ponto de vista do seu estudo, interessa-nos mando-se como um dos melhores exem- essência formal, concetual e funcional destas, a existência do espigueiro, o que signi-
sobretudo a forma, o uso e o contexto onde plos daquilo a que designamos por susten- uma vez serem universais, mostrando que, fica que, na existência deste, o beiral tem
estas se inserem, sendo que de uma forma geral, tabilidade. É exatamente este o conceito face às mesmas necessidades, o ser humano apenas a função de arrecadar, a nível do
como diria Benedetto Croce30, o Património, tal que a arquitetura contemporânea tenta consegue adaptar-se e responder de formas rés-do-chão, as alfaias agrícolas necessárias
como o é, só pode ser contemporâneo porque trazer para si, despertando cada vez mais muito similares às questões que lhes são à sua produção, bem como sacos, cestos e

30. CROCE, Benedetto apud ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de – Património. O Seu Entendimento e a Sua
Gestão. 2ª Ed. Porto: Edições ETNOS, 1998. Pág. 18.
31. Ibidem. p. 14.
32. Termo utilizado pela primeira vez na exposição fotográfica Arquitecture without Architects, realizada no
MOMA, em 1964, pelo autor Bernard Rudofsky.
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a diversa maquinaria. No sobrado deposi- de vista estético e formal. Este elemento é servia por vezes como local de reunião e espaço destinado à receção, ao convívio e
tam-se as espigas, espalhadas pelo soalho construído essencialmente para a função debate. Após a secagem estar concluída, as à realização de eventos.
de madeira, que aguardam uma secagem que desempenha e por isso é perfeita- espigas seguem para o espigueiro e o grão As práticas de reabilitação permitem às
prévia antes de serem depositadas defini- mente adaptado a essa necessidade assim, é colocado em sacos para ser moído ou construções vernaculares subsistirem ao
tivamente no espigueiro. Neste contexto, a génese da construção do espigueiro é partido para que possam ser alimentados os longo dos tempos, ainda que distantes do
o beiral é na sua totalidade construído em a madeira, sendo que noutros casos esta animais e feito o pão. seu caráter primitivo e da sua função inicial.
pedra granítica, estando a madeira presente pode ser totalmente em pedra ou até conju- Feitas as distinções, entramos num dos mais Nestes casos, os materiais locais são substi-
apenas nos grandes vãos que se abrem à gada com uma estrutura de pedra, resul- interessantes capítulos do trabalho, que se rela- tuídos por outros industrializados, criando-
— o beiral, o espigueiro e a eira —

eira. Por sua vez, nos casos em que o espi- tando numa construção mista. ciona com as práticas correntes de reabilitação. -nos uma ambivalência entre uma génese

— Formas, Usos e Contextos —


gueiro é inexistente, o beiral assume uma A sua forma longa e estreita, associada à Juízos de valor à parte, foram alguns os exem- vernacular e um protótipo contemporâneo.
dupla função, passando o sobrado a ser madeira, como material construtivo, torna plos de construções reconvertidas registadas. A justificação para estas intervenções é
o local de armazenamento definitivo das a construção mais leve, quente e seca, faci- O que acabamos de referir são os usos clara. Deixando de exercer a função para a
espigas. Desta forma, o granito é utilizado litando assim a fácil circulação do ar entre tradicionais dos elementos que compõe a qual foram destinadas (tratamento e arma-
apenas no rés-do-chão e o sobrado cons- as espigas. Apesar de este constituir o trilogia arquitetónica de apoio ao cultivo de zenagem do milho, em grão ou em espiga),
truído em ripas de madeira para que o areja- modelo-tipo do espigueiro, muitas são as milho no entanto, estes são muitas vezes os proprietários aproveitam-nas para
mento e a circulação do ar se tornem mais variantes que podem surgir de acordo com alvo de reconversões, através da reabili- outros fins, sejam eles de caráter público ou
simples, impedindo o apodrecimento das os materiais locais utilizados, a sua implan- tação, a fim de responderem ativamente privado.
espigas. Esta variante construtiva corres- tação e gosto do seu proprietário. a novas funções, sem que seja necessária É através da simplicidade e da funciona-
ponde à junção parcial de dois elementos A eira, por seu turno, é um espaço amplo a sua total ou parcial destruição. É o caso lidade, que caraterizam esta arquitetura,
num único: beiral e espigueiro. e aberto, orientado a sul, juntamente com de alguns dos beirais fotografados, apre- que se torna possível a apropriação e a
O espigueiro, apesar de servir uma função a fachada do beiral, onde são colocadas as sentando-se atualmente como suites, permeabilidade das construções a funções
simples, a de armazenar definitivamente as espigas, o grão e outros alimentos como gabinetes de trabalho, ou até locais de diversificadas.
espigas de milho é, tal como o beiral, uma o feijão, espalhados uniformemente para lazer, sendo a eira o elemento primeiro de _
construção bastante diversificada do ponto secarem ao sol. A par desta função, a eira receção, uma espécie de praça, sendo um
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— o beiral, o espigueiro e a eira —

— Formas, Usos e Contextos —


>>>> • Beiral reabilitado em Pias, Lousada.
Fotografia Ana Ribeiro
38 39
>>>>
— o beiral, o espigueiro e a eira —

• Beiral reabilitado em Romariz, Meinedo.


Fotografia Ana Ribeiro.

— Formas, Usos e Contextos —


>>>> • Beiral reabilitado em Barrosas, Lousada.
Fotografia de Ana Ribeiro.

>>>> • Beiral reabilitado em Barrosas, Lousada.


Fotografia de Ana Ribeiro.
40 41
— o beiral, o espigueiro e a eira —

— Formas, Usos e Contextos —


>>>>

• Perspetiva de um beiral reabilitado em Barrosas, Lousada.


Fotografia de Ana Ribeiro.
>>>> • Interior do sobrado de um beiral reabilitado em Barrosas, Lousada.
Fotografia de Ana Ribeiro.
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— o beiral, o espigueiro e a eira —

— Formas, Usos e Contextos —


>>>>
>>>>
• Conjunto arquitetónico construído em Santa Margarida, Lousada.
• Beiral reabilitado em Barrosas, Lousada. Fotografia de Ana Ribeiro.
Fotografia de Ana Ribeiro.
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07 Celeiros pelo Mundo 45

As estruturas de que temos vindo a falar cultivado. Cultivou-se nas ilhas atlânticas
existem espalhadas um pouco por todo o dos Açores e da Madeira e quase exclusiva-
mundo pela necessidade que o Homem mente em Cabo Verde. Propaga-se de igual
tinha de armazenar os alimentos que modo em África, onde será combinado com
produzia, sendo que, no que respeita ao outros cereais locais como o milho miúdo, o
caso português, elas desenvolvem-se sorgo e fundo. Desde logo é aceite e propa-
essencialmente no noroeste do país, pois gado entre os habitantes do litoral da África
sendo especialmente húmido, é bastante Ocidental (Angola e Congo), costa oriental
— o beiral, o espigueiro e a eira —

propício ao cultivo deste cereal. de Madagáscar e continente asiático (Índia,

— Formas, Usos e Contextos —


É face às necessidades deste, independen- China e Japão) 33.
temente do local onde vive, que se cons- Construídas com uma finalidade comum,
troem edifícios que respondem a essas arrecadando os mais diversos tipos de
carências. Assim, este desenvolve estru- alimentos, podemos observar estas cons-
turas simples e sustentáveis para que nelas truções em variados contextos, adaptadas
pudesse guardar e proteger de insetos e a qualquer clima, até mesmo à neve, sob
animais roedores as suas colheitas. diversas variantes formais.
É com base neste princípio universal, de É distinta a terminologia utilizada para
necessidade de armazenamento e proteção designar estes celeiros, sendo esta
das colheitas, que notamos a existência consoante a região onde se encontram.
de construções que seguem um modelo Termos como granary, hórreo, corn crib,
simples e orgânico enquadrando-se em Treppenspeicher, Ghorfa, Parish granary,
total harmonia com o meio onde se insere. pataka e kozolec são exemplos da diver-
O sistema de secagem e armazenagem do sidade das construções existentes pelo
milho, através das construções a ele desti- mundo com fim à arrecadação alimentar,
nadas, devidamente arejadas e elevadas desde o milho, às leguminosas e até mesmo
do solo sobre pés ou pilares, é transversal ao arroz, no Japão.
a diversos locais do mundo onde este é _
>>>> • Celeiros Noruegueses.
Fonte desconhecida.

33. Câmara Municipal do Seixal, Ecomuseu – Terra Mãe, Terra Pão. Op. cit. p.27.
46 47

>>>>
— o beiral, o espigueiro e a eira —

• Celeiro em Itália designado por Fienile.


Fonte desconhecida.

— Formas, Usos e Contextos —


>>>>

• Celeiro em Okin Awa no Sul do Japão.


Origem desconhecida.

>>>>
• Horreo em Combarro, Pontevedra.
(Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/21/H%-
C3%B3rreo,_Combarro,_Poio_02.jpg)
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— o beiral, o espigueiro e a eira —

— Formas, Usos e Contextos —


>>>> • Celeiro na Nova Zelândia designado por Pataka.
Em exposição na New Zealand Exhibition, Christchurch, 1906.
Fonte desconhecida.

>>>> • Celeiro na Eslovênia designado por Kozolec.


Fonte desconhecida.
50 51
— o beiral, o espigueiro e a eira —

— Formas, Usos e Contextos —


>>>>

• Construção japonesa reconstruída do período Yayoi


(300 a.C. a 250 d.C.), na ilha Kyushu.
Fonte desconhecida.
>>>> • Celeiro na Ásia denominado por Vern Arch.
(Fonte: https://heritageofjapan.files.wordpress.com/2009/01/cimg3037.jpg)
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08 Bibliografia 53

ALGORRI GARCÍA, Eloy – Evolución y distribuición territorial de las técnicas constructivas FRANKOWSKI, Eugeniusz – Hórreos e Palafitos de la Península Ibérica. Madrid: Museo
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— o beiral, o espigueiro e a eira —

— Formas, Usos e Contextos —


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Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1994. ISBN: 972-20-1138-3.
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Superar a estrita função é, pois, uma condição
— o beiral, o espigueiro e a eira —

fundamental para que as construções se transformem


em obras de Arquitectura. Superá-la sem a obliterar, é óbvio.
Dar aos elementos funcionais poder emotivo, mas sem para
isso os mascarar ou lhes anular as razões de ser.

Arq uite ct ur a Popular em Por t ugal. Lisboa:
O rd em dos A r quit et os, 2004. 1 º Vol.
ISB N : 972-97668-7-8. p. 309.

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