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Materiais de Construção Mecânica Difusão Atômica

2 DIFUSÃO ATÔMICA

2.1 Introdução
A difusão atômica pode ser definida como um mecanismo pelo qual a matéria é
transportada através da matéria.
Os átomos em gases, líquidos e sólidos estão em constante movimento.
Particularmente no caso dos sólidos, o movimento atômico é bastante restrito, em função
das elevadas forças de ligação atômica e da existência de posições de equilíbrio bem
definidas nesse estado.
Todavia, as vibrações atômicas de origem térmica existentes em sólidos permitem
movimentos atômicos limitados.
A difusão atômica em metais e ligas é particularmente importante, pois a maioria das
reações no estado sólido, que são fundamentais em metalurgia, envolve movimentos
atômicos.
Exemplos de reações de estado sólido ocorrem: na nucleação e crescimento de novas
fases em sólidos cristalinos, na cementação dos aços, na produção de semicondutores
(difusão de dopantes) etc.

2.2 Mecanismos de movimentos atômicos


Em um cristal, os átomos somente ficam estáticos no zero absoluto (-273,15ºC).
Nestas condições, os átomos permanecem na posição correspondente ao mínimo de
energia. Acima desta temperatura os átomos começam a vibrar e, à medida que a
temperatura se eleva, as vibrações térmicas tornam-se mais intensas fazendo com que os
átomos se dispersem ao acaso em torno da posição de menor energia.
Deslocamentos atômicos podem também ocorrer sob a ação de campos elétricos ou
magnéticos, se as cargas dos átomos interagem com o campo (átomos na forma de íons são
facilmente deslocados em um campo elétrico).
Movimentos atômicos para novas posições serão observados se a temperatura ou
campo aplicado for suficiente para fornecer a energia necessária à retirada do átomo (ou
íon) de sua posição original no reticulado.
Existem dois mecanismos básicos de difusão de átomos em um sólido cristalino,
ambos envolvendo defeitos pontuais: mecanismo substitucional ou de vazios e mecanismo

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intersticial. Além desses dois, o movimento atômico pode se dá por meio do mecanismo de
anel, de ocorrência mais difícil, pois envolve maior gasto de energia.

a) Mecanismo substitucional ou de vazios


Os átomos podem se mover no interior do cristal, de uma posição atômica para outra,
se apresentarem energia de vibração suficiente e se existirem posições atômicas vazias
(vazios ou lacunas) ou outros defeitos cristalinos na estrutura atômica.
A energia de vibração é resultante da energia térmica dos átomos. Por outro lado, os
vazios ou lacunas em metais e ligas são defeitos de equilíbrio e, assim, estão sempre
presentes para permitir o movimento atômico pelo mecanismo substitucional.
Em metais, com o aumento da temperatura mais lacunas podem ser observadas (a
concentração de vazios é termicamente ativada) e mais energia térmica estará disponível.
Assim, a taxa de difusão atômica aumentará com a temperatura.
Na Figura 2.1, se um átomo próximo ao vazio tem energia suficiente, ele poderá
mover-se até essa posição.
Energia

Percurso
de difusão

Figura 2.1 – Mecanismo de vazios.

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b) Mecanismo intersticial
O mecanismo intersticial em sólidos cristalinos ocorre quando um átomo se move de
uma posição intersticial para outra posição intersticial vizinha, sem que exista
deslocamento de átomos da matriz cristalina, como mostra a Figura 2.2.

Energia

Percurso
de difusão

Figura 2.2 – Mecanismo intersticial.

Para que o mecanismo de difusão intersticial seja ativo, o tamanho do átomo em


difusão deve ser pequeno comparativamente aos átomos da matriz. Pequenos átomos,
como o hidrogênio, o carbono, o nitrogênio e o oxigênio, podem apresentar difusão
intersticial em alguns sólidos cristalinos. O carbono, por exemplo, pode difundir-se
intersticialmente na rede do ferro-α e na rede do ferro-γ.

c) Mecanismo de difusão em anel


Podem ocorrer movimentos em cristais que não envolvam defeitos pontuais. Esse
mecanismo, denominado difusão em anel, envolve o movimento simultâneo de três ou
quatro átomos, como mostra a Figura 2.3, e é mais raro devido às suas particularidades.
Uma simples troca entre dois átomos vizinhos é teoricamente possível; entretanto,
seria mais difícil que a difusão em anel, em função da necessidade de altos níveis de
energia para ocorrer.

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Figura 2.3 – Mecanismo de difusão em anel. (a) Anel de três átomos;


(b) anel de quatro átomos.

2.3 Energia de ativação


Em condições uniformes, cada um dos átomos adjacentes ao vazio tem a mesma
probabilidade de se mover para ele. Analogamente, o átomo intersticial tem a mesma
probabilidade de se mover em cada um dos interstícios à sua volta.
Se os átomos devem mudar de posições, as “barreiras de energia” devem ser
superadas. Energia de ativação é a energia requerida para superar tais barreiras, somada à
energia de formação do defeito, quando houver.
Portanto, necessita-se de energia para retirar o átomo dos seus vizinhos originais; na
difusão intersticial necessita-se de energia para forçar o átomo a um maior contato com os
átomos vizinhos, conforme o mesmo se move entre eles.
A energia de ativação varia com diversos fatores. Abaixo são listados alguns
exemplos:
• Um átomo pequeno tem uma energia de ativação menor que um átomo grande ou
molécula;
• Os movimentos intersticiais requerem mais energia que os movimentos de vazios;
• São necessárias elevadas energias de ativação para a difusão em materiais fortemente
ligados e de alto ponto de fusão, como o tungstênio, o carbeto de boro e outros.

Autodifusão
Normalmente não se observa difusão em um material puro, monofásico, já que os
movimentos atômicos são ao acaso e os átomos são todos idênticos; entretanto, por meio
do uso de isótopos radiativos, é possível identificar a difusão dos átomos dentro de sua
própria estrutura; a esse fenômeno dá-se o nome de autodifusão.

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2.4 Gradientes de concentração


Embora haja a mesma probabilidade de um átomo individual se mover em qualquer
direção, o gradiente de concentração favorece o movimento preferencial dos átomos,
conforme ilustra a Figura 2.4.
Superfície

Superfície

Superfície
1,0 1,0 1,0
% de soluto

0 0 0
Distância

Figura 2.4 – Esquema ilustrativo da difusão atômica em função do gradiente de


concentração de soluto (adaptada de VAN VLACK, 1977).

2.5 Distribuição de energia térmica


Os átomos de um material, em uma determinada temperatura, apresentam diferentes
níveis de energia, sendo esta uma distribuição estatística como mostra a Figura 2.5.

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Figura 2.5 – Distribuição estatística dos níveis de energia atômica de átomos.

Assim, em um dado instante, muito poucos átomos têm energia nula, muitos átomos
possuem energias próximas à energia média, e alguns átomos têm energias extremamente
altas, ou seja, possuem energia de ativação suficiente para “saltar” de suas posições
originais ou mover-se na rede cristalina.
Aumentando-se a temperatura do sistema, a energia de cada átomo aumenta, e alguns
átomos que na temperatura anterior não podiam saltar de suas posições, podem agora fazê-
lo, pois têm energia maior que a energia de ativação.
Muito frequentemente necessita-se conhecer a probabilidade dos átomos possuírem
mais energia que um dado valor especificado. Por exemplo, a fração dos átomos com
energia superior à energia de ativação.
A solução do problema foi elaborada por Boltzmann a partir do estudo do efeito da
temperatura na energia das moléculas em um gás. Usando os fundamentos estatísticos
empregados por Boltzmann, pode-se calcular o número de átomos com energia maior que a
energia de ativação, como:

 E 
n = N ⋅ a ⋅ exp − A 
 kT 

onde n = número de átomos com energia maior que a de ativação; N = número total de
átomos do sólido; a = constante típica do sistema; EA = energia de ativação; T =
temperatura absoluta; k = constante de Boltzmann (1,38 x 10-23J/átomo.K).

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2.6 Coeficiente de difusão atômica


A análise estatística de Boltzmann aplicada ao movimento atômico permite
estabelecer a intensidade de difusão atômica em materiais. A difusão de um material A
(soluto) dentro da estrutura de um material B (solvente) é representada pelo coeficiente de
difusão (D), definido pela equação de Arrhenius:

 Q 
D = Do exp  − 
 RT 

onde D = coeficiente de difusão; Do= constante do sistema soluto/solvente; Q = energia


de ativação; R = constante molar dos gases (8,314 J/mol.K ou 1,987 cal/mol.K); T =
temperatura absoluta.
A difusividade atômica depende de diversos fatores, sendo que os mais importantes
são:
a. Tipo de mecanismo de difusão (substitucional ou intersticial) – dependendo dos
tamanhos atômicos envolvidos, o mecanismo de difusão influencia a intensidade de
difusão (átomos de tamanhos próximos têm difusão elevada quando o mecanismo é
substitucional; quando os átomos apresentam tamanhos muito diferentes, o mecanismo
apropriado é o intersticial);
b. Temperatura na qual a difusão ocorre – como pode ser observado na equação, quanto
maior a temperatura, maior será o coeficiente de difusão;
c. Tipo de estrutura cristalina do solvente – estruturas compactas (CFC e HC) dificultam a
difusão atômica por serem mais compactas;
d. Tipo e quantidade de imperfeições presentes na rede cristalina – defeitos como
discordâncias e lacunas aumentam a intensidade de difusão.

A Tabela 2.1 apresenta os valores de Q e Do para vários sistemas de difusão


(ASKELAND & PHULÉ, 2003):

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Tabela 2.1 – Valores de Q e Do para sistemas mais comuns.


Do Q
Soluto Solvente
(cm2/s) (cal/mol)
Difusão intersticial
Carbono Ferro CFC 0,23 32.900
Carbono Ferro CCC 0,011 20.900
Nitrogênio Ferro CFC 0,0034 34.600
Nitrogênio Ferro CCC 0,0047 18.300
Hidrogênio Ferro CFC 0,0063 10.300
Hidrogênio Ferro CCC 0,0012 3.600
Autodifusão (em lacunas)
Chumbo Chumbo CFC 1,27 25.900
Alumínio Alumínio CFC 0,10 32.200
Cobre Cobre CFC 0,36 49.300
Ferro Ferro CFC 0,65 66.700
Zinco Zinco HC 0,1 21.800
Magnésio Magnésio HC 1,0 32.200
Ferro Ferro CCC 4,1 58.900
Tungstênio Tungstênio CCC 1,88 143.300
Silício Silício (covalente) 1800,0 110.000
Carbono Carbono (covalente) 5,0 163.000
Difusão em lacunas
Níquel Cobre 2,3 57.900
Cobre Níquel 0,65 61.500
Zinco Cobre 0,78 43.900
Níquel Ferro CFC 4,1 64.000
Ouro Prata 0,26 45.500
Prata Ouro 0,072 40.200
Alumínio Cobre 0,045 39.500
Alumínio Alumina 28,0 114.000
Oxigênio Alumina 1900,0 152.000
Magnésio Óxido de magnésio 0,249 79.000
Oxigênio Óxido de Magnésio 0,000043 82.100

2.7 Primeira Lei de Fick


A taxa de difusão dos átomos ou íons em um material pode ser medida por meio do
fluxo J, o qual é definido como o número de átomos que atravessa um plano de área
unitária por unidade de tempo (Figura 2.6).

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Área unitária

Figura 2.6 – Fluxo de átomos por um plano de área unitária.

O fluxo de átomos neste tipo de sistema pode ser representado pela equação:

dc
J = −D
dx

onde J = fluxo de átomos; D = difusividade ou coeficiente de difusão; dc/dx = gradiente de


concentração.
Dependendo da situação, a concentração pode ser expressa em porcentagem atômica,
porcentagem em peso, porcentagem em mol, fração atômica ou fração molar. As unidades
do gradiente de concentração e do fluxo também serão modificadas de acordo.
Tomando a direção x como referência, o sinal negativo na equação mostra que o
fluxo de massa tem sentido contrário ao aumento da concentração, e é usado porque o
fluxo de átomos ocorre no sentido do maior para o menor gradiente de concentração,
tornando o termo dc/dx negativo para J positivo.
A equação acima é denominada de primeira lei de Fick e define que para condições
estacionárias ou permanentes (concentrações constantes com o tempo), o fluxo de átomos
por difusão atômica é igual à difusividade D multiplicada pelo gradiente de concentração.
No sistema SI tem-se:

 átomos   m 2  dc  átomos 
J 2  = − D  ⋅  3 
 m ⋅s   s  dx  m ⋅ m 

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O gradiente de concentração mostra como a composição do material varia com a


distância: ∆c é a diferença na concentração ao longo da distância ∆x (Figura 2.7).

∆x

Átomo A

Átomo B

Co ∆x
100
% atômico A

∆C

Cf

0
Distância

Figura 2.7 – Gradiente de concentração para regime estacionário.

O gradiente de concentração pode ser criado quando dois materiais de diferentes


composições são colocados em contato; quando um gás ou um líquido está em contato com
um material sólido; quando estruturas fora do equilíbrio são produzidas em um material
devido ao processamento; e por meio de outras fontes.
O fluxo em uma temperatura particular é constante somente se o gradiente de
concentração também é constante, isto é, a composição em cada lado do plano da Figura
2.7 permanece inalterada (regime estacionário).
Entretanto, em muitos casos práticos a composição varia quando os átomos são
redistribuídos e, portanto, o fluxo também muda (regime não estacionário).
Frequentemente, é encontrado que o fluxo inicialmente é alto e então decresce
gradualmente à medida que o gradiente de concentração é reduzido pela difusão.

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2.8 Segunda Lei de Fick


O movimento atômico em condições estacionárias não é comum em engenharia de
materiais. Na maioria dos casos, este movimento ocorre em regime transitório ou em
situações onde as concentrações variam com o tempo. A Figura 2.8 mostra a variação da
concentração, à medida que o tempo de processamento aumenta.
Concentração das espécies de difusão

t3 > t2 > t1

t3
t2
t1

Distância

0 t>0 x

Figura 2.8 – Gradiente de concentração em regime transitório.

A segunda lei de Fick descreve a dinâmica, ou o estado não-estacionário, da difusão


de átomos, por meio da equação diferencial:

∂C ∂  ∂C 
= D 
∂t ∂x  ∂x 

Assumindo-se que o coeficiente de difusão D não é função da localização x e da


concentração C, a equação acima pode ser reescrita na forma da versão simplificada de
Fick, como:

∂C  ∂ 2C 
= D 2 
∂t ∂ x

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A solução desta equação depende das condições de contorno para uma situação
particular. A seguir serão estudados alguns casos mais comuns.

a) Cementação dos aços


Na construção de máquinas, é freqüente a necessidade de peças dotadas
simultaneamente de uma boa resistência ao choque e uma dureza muito elevada para
resistir bem ao desgaste, como por exemplo, os dentes de engrenagens (Figura 2.9), certas
matrizes para estampagem, pinos móveis, eixos, articulações esféricas, e outros elementos.

Figura 2.9 – A superfície dos dentes da engrenagem deve ser resistente ao desgaste, mas o
seu interior da peça deve ser dúctil para poder absorver choques.

Essas duas propriedades são incompatíveis pelo menos nos aços carbono. Mas como
a dureza que interessa é sempre a superficial, basta que a peça tenha essa qualidade apenas
na parte periférica. Isto se consegue com o auxílio do tratamento de cementação.
Esse processo permite, portanto, elevar o teor de carbono junto à superfície e, assim,
aumentar a dureza da camada periférica, conservando, entretanto, a ductilidade no interior
da peça, cuja composição não será alterada.
Para que isso seja possível, o aço deve ser aquecido acima da zona crítica (900°C a
1000°C), permanecendo nesta temperatura por algumas horas, o que permitirá que dissolva
mais carbono no estado sólido, como também absorva este elemento por difusão quando
em contato com substâncias ricas no mesmo, chamados de cementos.

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Na cementação pelo carbono empregam-se, em geral, cementos sólidos; entretanto,


quando o objetivo é introduzir no aço também o nitrogênio (ou somente este), são
empregados cementos líquidos (cianetos fundidos), gases carbonetantes ou nitretantes.
A Figura 2.10 mostra o processo difusional para o tratamento de cementação.

INÍCIO (t = 0) APÓS UM TEMPO t

Cs Composição Cs
após um tempo t
Concentração

Concentração

C(x,t1)
Cx Composição inicial C(x,t2)
C(x,t3)

Co Co t=0
x
Distância (x) Distância (x)

Figura 2.10 – Processo difusional esquemático para o tratamento de cementação.

O tratamento de cementação dos aços por meio das equações da difusão envolve o
emprego da função erro.
A solução da equação de Fick para esta situação é dada por:

 x 
C( x ,t ) = C s − ( C s − C o ) ⋅ erf  
 2 Dt 
ou
C s − C( x , t )  x 
= erf  
C s − Co  2 Dt 

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onde C(x,t) = concentração atômica na posição x a partir da superfície, após um tempo t;


Cs = concentração atômica constante na superfície do material; Co = concentração atômica
uniforme inicial no material.
Nestas equações, é assumido basicamente um modelo unidirecional, ou seja, átomos
ou outras espécies difusionais se movem somente na direção x.
A função erro, “erf”, é uma função matemática com valores tabelados.

Função Erro (erf)


a. Definição:

2  Z5 
Z
2 Z3
∫ e du =
2
erf ( Z ) = −u
 Z − + ...
π 0 π  3 ⋅ 1! 5 ⋅ 2! 

b. Características:
erf(-Z) = – erf(Z)
erf(–∞) = –1
erf(0) = 0
erf(+∞) = +1

c. Derivação:

∂erf ( Z ) 2
= exp( − Z 2 )
∂Z Z
∂ 2 erf ( Z ) 4
2
=− ⋅ Z ⋅ exp( Z 2 )
∂Z Z

d. Função Erro complementar (erfc):


2
∫ exp( u
2
erfc( Z ) = 1 − erf ( Z ) = )du
Z Z
Aproximações:

Z > 2 → erf ( Z ) ≅ 1
2
Z < 2 → erf ( Z ) ≅ Z
π
erf ( Z ) = 1 − ( uy + by 2 + cy 3 ) exp( − Z 2 )

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onde
1
y= (Z >0)
1 + Zd

sendo: a = 0,348; b = - 0,096; c = 0,748; d = 0,471

e. Representação gráfica esquemática:

erf(Z)

+1

Z
-2 -1 0 +1 +2

-1

f. Valores tabelados da função erro:

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Z erf (Z) Z erf(Z) Z erf(Z) Z erf(Z)


0,00 0,00000 0,26 0,2869 0,52 0,5379 0,78 0,7300
0,01 0,01128 0,27 0,2974 0,53 0,5465 0,79 0,7361
0,02 0,02256 0,28 0,3079 0,54 0,5549 0,80 0,7421
0,03 0,03384 0,29 0,3183 0,55 0,5633 0,81 0,7480
0,04 0,04511 0,30 0,3286 0,56 0,5716 0,82 0,7538
0,05 0,05637 0,31 0,3389 0,57 0,5798 0,83 0,7595
0,06 0,06762 0,32 0,3491 0,58 0,5879 0,84 0,7631
0,07 0,07886 0,33 0,3593 0,59 0,5959 0,85 0,7707
0,08 0,09008 0,34 0,3694 0,60 0,6039 0,86 0,7761
0,09 0,1013 0,35 0,3794 0,61 0,6117 0,87 0,7814
0,10 0,1125 0,36 0,3893 0,62 0,6194 0,88 0,7867
0,11 0,1236 0,37 0,3992 0,63 0,6270 0,89 0,7918
0,12 0,1348 0,38 0,4090 0,64 0,6346 0,90 0,7969
0,13 0,1459 0,39 0,4187 0,65 0,6420 0,91 0,8019
0,14 0,1569 0,40 0,4284 0,66 0,6494 0,92 0,8068
0,15 0,1680 0,41 0,4380 0,67 0,6566 0,93 0,8116
0,16 0,1790 0,42 0,4475 0,68 0,6638 0,94 0,8163
0,17 0,1900 0,43 0,4569 0,69 0,6708 0,95 0,8209
0,18 0,2009 0,44 0,4662 0,70 0,6778 0,96 0,8254
0,19 0,2118 0,45 0,4755 0,71 0,6847 0,97 0,8299
0,20 0,2227 0,46 0,4847 0,72 0,6914 0,98 0,8342
0,21 0,2335 0,47 0,4937 0,73 0,6981 0,99 0,8385
0,22 0,2443 0,48 0,5027 0,74 0,7047 1,00 0,8427
0,23 0,2550 0,49 0,5117 0,75 0,7112 1,10 0,8802
0,24 0,2657 0,50 0,5205 0,76 0,7175 1,20 0,9103
0,25 0,2763 0,51 0,5292 0,77 0,7238 1,50 0,9661

g. Valores tabelados da função erro complementar:

Z erfc(Z) Z erfc(Z)
1,0 0,15730 1,6 0,02365
1,1 0,11980 1,7 0,01621
1,2 0,08969 1,8 0,01091
1,3 0,06599 1,9 0,007210
1,4 0,04777 2,0 0,004678
1,5 0,03389 - -

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b) Tratamento de homogeneização de fundidos


Esta abordagem é aplicada na minimização de microssegregação em peças obtidas
pelo processo de fundição.
Em geral, a microssegregação de solutos ocorre em torno de braços dendríticos, o
que leva o perfil de concentração de solutos a apresentar uma variação senoidal, conforme
mostra a Figura 2.11.

Dendrita Soluto

t=0
t=τ
t=∞
C

x=0 x=l x = 2l

Figura 2.11 – Perfil de concentração de solutos em torno de braços dendríticos.

Assumindo-se que a concentração de solutos antes do tratamento de homogeneização


tem variação do tipo

 πx 
C( x ,t = 0 ) = C + β sen  ,
 l 
a solução desse processo de difusão é dada por

 πx   Dtπ 2 
C( x ,t ) = C + βsen  ⋅ exp − 2 
 l   l 

2.9 Difusão Atômica em Contornos de Grão e Discordâncias


A existência de defeitos cristalográficos como discordâncias e contornos de grão,
pode influir no transporte atômico por difusão.
Nos contornos de grão ocorre uma maior concentração de lacunas, o que facilita o
movimento de átomo.

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Nas regiões onde existem discordâncias, a rede cristalina sofre deformações (fica
com a estrutura mais aberta), facilitando, da mesma forma, a difusão atômica.
Como conseqüência, os coeficientes de difusão em contornos de grão e nas
vizinhanças de discordâncias são maiores. Porém, as regiões associadas a contornos de
grão e discordâncias são pequenas, comparadas como o volume de material, de modo que,
em geral, a contribuição desses defeitos é pequena.
Em temperaturas elevadas, o coeficiente de difusão é alto no cristal, facilitando o
movimento de átomos na rede, tornando desprezível, portanto, a difusão em contornos de
grão. Por outro lado, se a temperatura é baixa, a difusão na rede cristalina é difícil e a
contribuição de contornos de grão passa a ser significativa, conforme pode ser observado
na Figura 2.12.

Figura 2.12 – Curvas experimentais do coeficiente de autodifusão na prata.

No caso das discordâncias, essa contribuição é, em geral, desprezível nos materiais


recozidos (tratamento térmico para recuperar a ductilidade de um material), onde a
densidade desse defeito é geralmente baixa. Em materiais com alto grau de deformação
plástica, a densidade de discordâncias é elevada e o efeito das mesmas na difusão atômica
pode ser significativo.

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2.10 Dedução das Leis de Fick


a) 1ª lei de Fick
O fenômeno da difusão atômica pode ser analisado considerando o movimento de
átomos entre duas regiões em contato, como mostra a Figura 2.13.

Plano de referência
Região 1 Região 2

N1,2
N2,1

A
C1 ∆x ∆x C2

Figura 2.13 – Movimento de átomos entre duas regiões rm contato.

Considerando que as concentrações C1 e C2 não se alteram com o tempo (regime


permanente), o processo de difusão é provocado pelo gradiente de concentração

(C2 – C1)/(x2 – x1).

O movimento de átomos por difusão atômica ocorre devido à vibração térmica dos
mesmos, a qual faz com que cada átomo permaneça “saltando” de uma posição para outra.
O equacionamento do fluxo atômico em regime permanente, que é dado pela 1ª lei de
Fick, é implementado pela definição das seguintes variáveis:

∆x – Espessura das regiões;


A – Área de contato entre as regiões 1 e 2;
f – Freqüência de saltos dos átomos (saltos/s), igual em todas as direções;
C1 – Concentração de átomos de soluto na região 1 (at/cm3);
C2 – Concentração de átomos de soluto na região 2 (at/cm3);
J – Fluxo de átomos entre as regiões 1 e 2 (at/cm2.s).

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Considerando o movimento atômico no espaço, um átomo tem possibilidade de saltar


nos dois sentidos das três direções (seis possibilidades). Assim, entre as regiões 1 e 2 da
Figura 2.13, a freqüência de saltos pode ser dada por f/6 e, consequentemente, em um
intervalo de tempo ∆t, o número de átomos saltando da região 1 para a região 2 é
proporcional aos valores de C1, ∆t, f e do volume da região 1, que pode ser representado
por sua espessura, ∆x, pois a área de contato é igual para as duas regiões. Assim,

f
N 12 = KC1 ∆t∆x
6
onde k é uma constante.

O fluxo de átomos entre as regiões 1 e 2 é dado pela diferença entre o número de


átomos que saltam da região 1 para a região 2 e aqueles que fazem o caminho inverso.
Assim,
f f
J∆t = N 12 − N 21 = KC1 ∆t∆x − KC 2 ∆t∆x
6 6
ou
f
J = K ( C1 − C 2 ) ∆x
6

Desta equação é possível prever que, se as concentrações das regiões 1 e 2 são iguais,
o fluxo de massa entre elas será nulo. Por outro lado, se existe um gradiente de
concentração de átomos de soluto, o fluxo de átomos será diferente de zero. Uma relação
entre as concentrações C1 e C2 pode ser obtida se a concentração é contínua ao longo da
direção x (paralela ao fluxo de átomos), ou seja:

 ∂C 
C 2 = C1 + ∆x 
 ∂x  t
Substituindo o valor de C2 na equação do fluxo, o fluxo de átomos entre as regiões 1
e 2 torna-se igual a:

f  ∂C 
J = − K ( ∆x ) 2  
6  ∂x  t

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Esta equação é conhecida como a 1ª lei de Fick, sendo o coeficiente de difusão


atômica, D, dado por:
f
D = K ( ∆x ) 2
6

Se no sistema em difusão considerado não ocorrem reações químicas entre os átomos


de soluto e os de solvente, a diferença de concentração entre as regiões 1 e 2 resultará em
um fluxo atômico que vai do ponto de maior para o de menor concentração. O fluxo de
átomos neste tipo de sistema pode ser representado pela equação:

 ∂C 
J = − D 
 ∂x 

onde J é o fluxo de átomos, D é o coeficiente de difusão e ∂C ∂x é o gradiente de


concentração.

b) 2ª lei de Fick
Considere uma barra de um material qualquer de concentração C, exibindo transporte
de massa do soluto por difusão, como mostra o diagrama da Figura 2.14.

Cs
Concentração

C(x,t1)
C(x,t2)
C(x,t3)

Co t=0

Distância (x)

Figura 2.14 – Distribuição de soluto em uma barra em função da distância e do tempo.

Considere também a existência de um elemento de volume de largura ∆x e área de


seção transversal A. Suponha que em tal elemento está entrando um fluxo de massa J1 e
saindo um fluxo de massa J2.

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Após um intervalo de tempo ∆t a variação na concentração de soluto em tal elemento


é dada por:

J 1 A∆t − J 2 A∆t = A∆x∆C

onde J = fluxo de átomos do soluto (at/cm2.s); A = área (cm2); ∆x = largura (cm); ∆t =


intervalo de tempo (s); ∆C = variação na concentração de soluto (at/cm3).

Se o fluxo atômico é contínuo ao longo de x, pode-se escrever:

 ∂J 
J 2 = J 1 +   ∆x
 ∂x 
A substituição de J2 na equação na equação anterior permite obter:

 ∂J 
−   ∆xA∆t = A∆x∆C
 ∂x  t

Fazendo ∆t tender a zero, tem-se:

 ∂J   ∂C 
−  =  
 ∂x  t  ∂t  x

O fluxo de átomos pode ser dado pela substituição da 1ª lei de Fick na equação
acima, obtendo-se:

 ∂J  ∂  ∂C 
−  = D 
 ∂x  ∂x  ∂x 
ou

∂C ∂ 2C
=D 2
∂t ∂x

Esta equação é denominada 2ª lei de Fick e é aplicada a casos de difusão atômica em


regime transitório.

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2.11 Referências bibliográficas

ASKELAND, Donald R.; PHULÉ, Pradeep P. The science and engineering of materials.
4.ed. California: Brooks/Cole-Thomson Learning, 2003.

CALLISTER JR., William D. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8.ed.


Rio de Janeiro: LTC, 2012.

CARAM JR., Rubens. Estrutura e propriedades dos materiais. Apostilha de aula.


Campinas: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), 2000.

SMITH, William F. Princípios de ciência e engenharia de materiais. 3.d. New York:


McGraw-Hill, 1998.

VAN VLACK, L.H. Princípios de ciência dos materiais. 3.d. São Paulo: Edgard Blücher,
1977.

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