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A transformação da música, da ópera e do balé no período da

Revolução Russa
Desde sua origem como um movimento nacionalista em meados do século XIX, a
música russa, em suas expressões mais espetaculares, como as óperas nacionais e
as grandes temporadas de balé, expressará, desde cedo, o aflorar da nova
consciência revolucionária refletida na produção desses artistas, até sua
metamorfose decisiva com os movimentos modernistas que dominaram a Rússia
revolucionária de 1917

O nascimento da música erudita na Rússia

Os primeiros movimentos, dentro da Rússia, no sentido de uma real abertura às


tradições artísticas européias, vieram apenas em meados do século XVIII, quando o czar
Pedro, o Grande, governou o País.

Ele foi o responsável pelo processo de modernização que aproximou novamente o


atrasado Império dos czares das modernas nações ocidentais européias como França,
Itália, Alemanha e Inglaterra.

Um dos aspectos marcantes dessas sociedades desenvolvidas era suas sofisticadas


tradições artísticas.

Desde a renascença esses países viviam em um intenso intercâmbio cultural,


desenvolvendo suas expressões musicais não apenas através de grandes compositores,
tais como Monteverdi, Cavalieri, Purcell, Haendel e Bach; mas também através de
outros refinados gêneros, como a dança, o teatro e a ópera.

É com grande interesse em propagandear o que de melhor havia no ocidente, que Pedro
manda construir um teatro de madeira na Praça Vermelha, em Moscou.

No teatro, eram apresentados espetáculos de drama, música e dança, sempre com


artistas convidados de outros países.

O espaço, entretanto, era freqüentado apenas por aristocratas e membros da corte,


servindo como um instrumento para educar seus príncipes.

A música erudita ocidental tornou-se um entretenimento acessível à população apenas


cerca de 20 anos depois, quando a czarina Isabel Petrovna ordenou que fosse construído
em Moscou um imenso teatro de pedra, aos moldes das grandes óperas francesas e
Italianas.

Com o teatro em funcionamento, essas artes encontram de fato um terreno sólido para
se assentarem, desenvolvendo a partir daí uma real tradição criativa, regular e
disciplinada no País.

Em pouco tempo se estabelece um enorme intercâmbio cultural entre o público russo e


alguns dos grandes mestres tanto da música quanto da ópera e do balé franceses e
italianos.
Satisfeita com as turnês regulares que atravessavam o País, a czarina Catarina II decide
fundar um novo teatro na capital do império, a grandioso Teatro Imperial de São
Petersburgo.

Também é por esses anos que começam a surgir os primeiros músicos, cantores, atores
e dançarinos nacionais, que apesar de gosto e sensibilidade para o ofício, não
dispunham de nenhuma escola de formação, tempo livre, ou instrumentos adequados
para seus estudos, de modo que os artistas que aparecem no período eram de um
amadorismo atroz.

A consolidação de uma tradição

O surgimento dessa classe de artistas tem a ver com a própria formação social da
Rússia.

Num certo período, a partir do final do século XVIII, generaliza-se entre a nobreza
feudal, o hábito de organizar e manter companhias pessoais, tanto de músicos quanto de
dançarinos e atores.

Esses grupos eram constituídos pelos próprios servos desses senhores feudais.

Escravos destinados a entreter a família e os convidados de seus donos.

Desta maneira, pequenos grupos musicais amadores se espalharam pelas propriedades


feudais ao longo de todo o Império, dado que era considerado sinal de refinamento e
cultura um nobre possuir sua própria orquestra particular.

Em 1806 é fundado o Teatro Imperial de Moscou nos moldes da Ópera de Paris.

Quatro anos depois, surge também a primeira escola de dança da Rússia, também em
Moscou.

Essas ações eram destinadas a formar de maneira mais organizada uma classe artística
no País,dirigida, não para servos iletrados, mas sim para os filhos da nova nobreza culta,
funcionários públicos e membros da corte.

O balé é também um gênero que rapidamente amadurece na Rússia, devido,


principalmente, às largas temporadas de grandes mestres e artistas estrangeiros no País,
como os coreógrafos Gasparo Angiolini, Charles le Picq, Franz Hilverding, Charles-
Louis Didelot e Carlo Blasis, entre outros.

Outro resultado desse grande interesse às artes musicadas foi a fundação, ainda no final
do século XVIII, do Teatro Bolshoi, cujo dono era o príncipe Urusov.

O Bolshoi foi o primeiro teatro destinado exclusivamente para apresentações de


orquestras, óperas e balés, um sintoma do crescente interesse que essas artes
despertavam em solo russo.
Entretanto, o Bolshoi só adquiriria a fama que tem hoje após a Revolução de Outubro,
em 1917, no período em que Diaghilev apresentaria seus espetáculos modernistas que
revolucionariam o mundo do balé.

No século XIX, o palco dos maiores espetáculos de ópera e balé levados à cena seria o
do Teatro Mariinsky, fundado em 1849, pela czarina Maria Alexandrovna.

A música romântica do século XIX

O romantismo era a forma expressiva típica de todas as esferas das artes européias da
primeira metade do século XIX.

Surgido em oposição ao racionalismo neoclássico, os românticos proclamavam agora o


império da sensibilidade, da intuição e da imaginação nas artes.

“O sentimento é tudo”, proclamava Goethe, o pioneiro do romantismo alemão na


Alemanha.

No início do século XIX surgiram os maiores expoentes do estilo no mundo tanto em


literatura quanto em poesia, que influenciariam como nunca antes todos os gêneros
musicais, tais como os ingleses Shelley, Keats e Byron, os alemães Hölderlin, Schiller e
Goethe, os franceses Victor Hugo, Dumas e Lamartine, e italianos como Giacomo
Leopardi e Alessandro Manzoni.

Na Rússia, suas maiores expressões poéticas foram Mikhail Liermontov, o chamado


“Byron russo” e Alexander Puchkin, considerado o grande pai da literatura russa e o
mais influente poeta que o País já teve.

Na música, a expressão romântica impôs-se ainda com mais força, dominando a cena
durante quase a totalidade do século.

No contexto da Rússia, o século XIX presencia a formação da primeira escola que


procura criar uma música nacional.

Desde a derrota das tropas Napoleônicas que invadem o país em 1912, o País é tomado
pelo início de um processo revolucionário que desembocaria na Revolução Russa de
1917.

Um aspecto chave desse processo é o surgimento de uma nova consciência nacional por
parte da população, em particular da incipiente burguesia e da chamada inteligentsia.

Este movimento adquiriria um caráter nacionalista de esquerda, como oposição à


dominação cultural e econômica tanto da Alemanha, quanto da Itália e França.

Esse processo se refletiu na formação de uma tradição musical de oposição à cultura


ocidental européia.

Buscavam, por outro lado, explorar as particularidades do idioma russo e dos ritmos
populares e folclóricos típicos de seu País.
Essa disposição nacionalista influenciou também a criação de uma interessante e muito
particular ópera nacional na Rússia.

Foram empreendidas, desde finais do século XVIII, diversas tentativas de criar uma
ópera em língua própria.

Algumas apresentações desse tipo ocorreram nos teatros imperiais em São Petersburgo
e Moscou, o fraco resultado, porém não permitiu que se criasse de uma verdadeira
tradição nesse sentido.

Muitas tentativas foram feitas, principalmente pelos compositores russos Mickhail


Matinki, Alexis Vertovski, e pelo veneziano Catterino Cavos.

O resultado de todas essas obras, porém, é considerado medíocre.

Apesar dos temas serem tirados do folclore russo, suas estruturas musicais eram ainda
completamente subordinadas à tradição da ópera italiana.

Apesar disso, quando apresentadas, as óperas fizeram um certo sucesso entre o público,
e a idéia da criação uma ópera verdadeiramente russa, ecoou entre os meios musicais da
época.

Surge uma música nacional russa

O primeiro compositor relevante da história da música na Rússia é Mikhail Glinka,


considerado o fundador da escola russa.

Sua música é a primeira que consegue organizar de maneira consistente a tradição da


grande música erudita da Europa com os ritmos folclóricos típicos de sua nação.

Tendo permanecido a vida toda entre amadores, Glinka adquiriu uma formação
autodidata caótica.

A história de sua vida é recheada de empreendimentos inacabados.

Seus estudos foram fragmentados organizados de maneira dispersa com dezenas de


professores diferentes.

Realizou também numerosas viagens principalmente para a Itália e Alemanha, de


maneira que estava sempre em trânsito constante.

Acumulou uma série de amizades efêmeras, projetos abandonados e entusiasmos


dispersos.

Apesar de tudo, era um músico de talento, ainda que indisciplinado.

O ponto alto de sua carreira criativa vem com a composição da ópera “A vida pelo
czar”, de 1836, identificada hoje como a primeira ópera nacional da Rússia.
Sua segunda ópera “Ruslan e Ludmilla”, 1846, é considerada sua obra-prima,
tecnicamente muito mais madura que a anterior, é também já completamente
independente dos moldes italianos.

A influência da música de Glinka marcou profundamente a evolução da música erudita


e da ópera na Rússia.

Tanto que todo o desenvolvimento dessa arte dentro do país é baseado em suas teorias
de composição.

Seu primeiro herdeiro musical é Alexander Dargomijski, que se iniciou como um


amador de talento até conhecer Glinka, que o introduziu nos meios artísticos russos e o
ajudou a aperfeiçoar sua formação.

Suas principais realizações forma seis óperas, entre elas “O conviva de pedra”, a
favorita do poeta Puchkin.

Dargomijski desenvolve um tipo de declamação melódica bastante pessoal, que


prenunciava já o caminho que Mussorgski trilharia de maneira muito mais consistente
algumas décadas depois.

O Grupo dos Cinco

Um compositor que desempenhou um papel tão importante quanto o de Glinka na


formação da música russa, foi Mili Balakirev, um autodidata que exerceu uma
formidável influência intelectual sobre alguns dos seus melhores compatriotas músicos
devido ao seu conhecimento profundo tanto do folclore russo quanto dos estilos da
música ocidental.

Balakirev é o principal responsável pela formação de um pequeno grupo de jovens


compositores autodidatas, cujas criações estão na base do prestígio e originalidade a que
se atribui à música russa, o aclamado “Grupo dos Cinco”, pedra fundamental da música
russa, o equivalente dos escritores realistas do século XIX para a tradição cultural do
País.

Balakirev, quando ainda era um jovem estudante de matemática, encontrou sua vocação
apenas após conhecer Mickhail Glinka, em 1855, dono de uma expressividade musical
que o fascinou.

Decidiu, a partir daí, iniciar-se na carreira musical como pianista e em pouco tempo ,
começou a freqüentar o salão de música de Alexander Dargomijski, local onde
conheceu a principal cena musical russa de sua época.

Nesses encontros também trava relações com alguns excelentes músicos amadores, tais
como o futuro general e engenheiro militar, Cesar Cui e Modesto Mussorgski, também
oficial do exército, mas que rapidamente abandonaria tanto a guarda imperial quanto os
círculos da alta sociedade russa.
Em 1861 conhece também Nicolai Rimski-Korsakov, um jovem estudante da escola da
marinha imperial; e, por fim, se junta a eles Alexandre Borodin, estudante e futuro
professor de Química Orgânica na Academia Militar de São Petersburgo.

Juntos, esses cinco jovens músicos trabalham de maneira obstinada - ainda que apenas
aos finais de semana, uma vez que todos eles tinham outras ocupações - e causam
estrondosas polêmicas nos meios musicais conservadores de São Petersburgo.

Seu grupo é batizado de “Grupo dos Cinco”, ou “Os Cinco Poderosos”, famoso por suas
idéias nacionalistas e seu desejo de criar uma tradição de música erudita com um caráter
verdadeiramente nacional.

Seu grupo está na origem do que a música russa tem de mais original e ousado,
passando pelas grandes sinfonias românticas de Tchaikovski e Rachmaninov até as
inovadoras composições modernistas de Stravinsky a Shostakovitch.

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