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Revolução Russa
Desde sua origem como um movimento nacionalista em meados do século XIX, a
música russa, em suas expressões mais espetaculares, como as óperas nacionais e
as grandes temporadas de balé, expressará, desde cedo, o aflorar da nova
consciência revolucionária refletida na produção desses artistas, até sua
metamorfose decisiva com os movimentos modernistas que dominaram a Rússia
revolucionária de 1917
É com grande interesse em propagandear o que de melhor havia no ocidente, que Pedro
manda construir um teatro de madeira na Praça Vermelha, em Moscou.
Com o teatro em funcionamento, essas artes encontram de fato um terreno sólido para
se assentarem, desenvolvendo a partir daí uma real tradição criativa, regular e
disciplinada no País.
Também é por esses anos que começam a surgir os primeiros músicos, cantores, atores
e dançarinos nacionais, que apesar de gosto e sensibilidade para o ofício, não
dispunham de nenhuma escola de formação, tempo livre, ou instrumentos adequados
para seus estudos, de modo que os artistas que aparecem no período eram de um
amadorismo atroz.
O surgimento dessa classe de artistas tem a ver com a própria formação social da
Rússia.
Num certo período, a partir do final do século XVIII, generaliza-se entre a nobreza
feudal, o hábito de organizar e manter companhias pessoais, tanto de músicos quanto de
dançarinos e atores.
Esses grupos eram constituídos pelos próprios servos desses senhores feudais.
Quatro anos depois, surge também a primeira escola de dança da Rússia, também em
Moscou.
Essas ações eram destinadas a formar de maneira mais organizada uma classe artística
no País,dirigida, não para servos iletrados, mas sim para os filhos da nova nobreza culta,
funcionários públicos e membros da corte.
Outro resultado desse grande interesse às artes musicadas foi a fundação, ainda no final
do século XVIII, do Teatro Bolshoi, cujo dono era o príncipe Urusov.
No século XIX, o palco dos maiores espetáculos de ópera e balé levados à cena seria o
do Teatro Mariinsky, fundado em 1849, pela czarina Maria Alexandrovna.
O romantismo era a forma expressiva típica de todas as esferas das artes européias da
primeira metade do século XIX.
Na música, a expressão romântica impôs-se ainda com mais força, dominando a cena
durante quase a totalidade do século.
Desde a derrota das tropas Napoleônicas que invadem o país em 1912, o País é tomado
pelo início de um processo revolucionário que desembocaria na Revolução Russa de
1917.
Um aspecto chave desse processo é o surgimento de uma nova consciência nacional por
parte da população, em particular da incipiente burguesia e da chamada inteligentsia.
Buscavam, por outro lado, explorar as particularidades do idioma russo e dos ritmos
populares e folclóricos típicos de seu País.
Essa disposição nacionalista influenciou também a criação de uma interessante e muito
particular ópera nacional na Rússia.
Foram empreendidas, desde finais do século XVIII, diversas tentativas de criar uma
ópera em língua própria.
Algumas apresentações desse tipo ocorreram nos teatros imperiais em São Petersburgo
e Moscou, o fraco resultado, porém não permitiu que se criasse de uma verdadeira
tradição nesse sentido.
Apesar dos temas serem tirados do folclore russo, suas estruturas musicais eram ainda
completamente subordinadas à tradição da ópera italiana.
Apesar disso, quando apresentadas, as óperas fizeram um certo sucesso entre o público,
e a idéia da criação uma ópera verdadeiramente russa, ecoou entre os meios musicais da
época.
Tendo permanecido a vida toda entre amadores, Glinka adquiriu uma formação
autodidata caótica.
O ponto alto de sua carreira criativa vem com a composição da ópera “A vida pelo
czar”, de 1836, identificada hoje como a primeira ópera nacional da Rússia.
Sua segunda ópera “Ruslan e Ludmilla”, 1846, é considerada sua obra-prima,
tecnicamente muito mais madura que a anterior, é também já completamente
independente dos moldes italianos.
Tanto que todo o desenvolvimento dessa arte dentro do país é baseado em suas teorias
de composição.
Suas principais realizações forma seis óperas, entre elas “O conviva de pedra”, a
favorita do poeta Puchkin.
Balakirev, quando ainda era um jovem estudante de matemática, encontrou sua vocação
apenas após conhecer Mickhail Glinka, em 1855, dono de uma expressividade musical
que o fascinou.
Decidiu, a partir daí, iniciar-se na carreira musical como pianista e em pouco tempo ,
começou a freqüentar o salão de música de Alexander Dargomijski, local onde
conheceu a principal cena musical russa de sua época.
Nesses encontros também trava relações com alguns excelentes músicos amadores, tais
como o futuro general e engenheiro militar, Cesar Cui e Modesto Mussorgski, também
oficial do exército, mas que rapidamente abandonaria tanto a guarda imperial quanto os
círculos da alta sociedade russa.
Em 1861 conhece também Nicolai Rimski-Korsakov, um jovem estudante da escola da
marinha imperial; e, por fim, se junta a eles Alexandre Borodin, estudante e futuro
professor de Química Orgânica na Academia Militar de São Petersburgo.
Juntos, esses cinco jovens músicos trabalham de maneira obstinada - ainda que apenas
aos finais de semana, uma vez que todos eles tinham outras ocupações - e causam
estrondosas polêmicas nos meios musicais conservadores de São Petersburgo.
Seu grupo é batizado de “Grupo dos Cinco”, ou “Os Cinco Poderosos”, famoso por suas
idéias nacionalistas e seu desejo de criar uma tradição de música erudita com um caráter
verdadeiramente nacional.
Seu grupo está na origem do que a música russa tem de mais original e ousado,
passando pelas grandes sinfonias românticas de Tchaikovski e Rachmaninov até as
inovadoras composições modernistas de Stravinsky a Shostakovitch.