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ae} ea =} ae) a i a 5 oO oa 7 ar eal aul cad S2 | aa) Ee] Fd mi ba ymogeneizacao reside na o1 global que sobrepde a superest sscentes, me condu; ipulagdes ide revistas. Além CAPITULO 3 A hipdtese de uma nova economia ‘Aap ile que envolve a hip em relacao tuldades de Tals excessos e deficits sinalizam mudancas na economia libi nal mas também um novo tipo de relago com o Outro, com o sa- ber. Neste contexto, interessa-me observar de que maneira as trans- formagées econdmicas e socioculturais, especialmente dec orrentes da incidéncia da industria c ral e dos mecanismos ideolégicos na formacio do sujeito, m contribuido para a emergé {tos makestares do desejo, Assim, antes de avangarmos em diregdo a deserigao da pes "a, considero importante um breve exame das principais transformagées que anunciam a chamada -modernidade e as pos iéncias no investimento nal ena topologia do aparelho psiquico. Para iniciar, introduzo a cussio sobre a subjetividade na pés-modernidade, segundo a perspectiva do fildsofo Dany-Robert Dufour, ia dos chama- © Outro da pés-modernidade ‘Tracos perenes ¢ efé- ubjaz e 0 futuro lateja, quase sem- ragados. Nessa incompletude langamo-nos no desafio de ha tentativa de compreender a fic famos imersos. Ainda que a inteneao a nomeacdo para os tempos atuais, torna-se importante i bate da pés-modernid: e fildsofos da atual aprendé: subjetividades contemporaneas. Certamente, as discusses travadas em tomo da den inagéo de nossa época extrapolam consideravelmente o escopo deste traba iquiea na pés-modernidade 75 mms A hipotese de uma nove economia pst tho, e, mais do que advogarmos em prol de uma ou de outra deno- ver aspectos n jninagao, nosso intui ‘obras te proficuas. 0 livro A Arte de Reduzir Cabegas, escrito por Dufour, foi um dos " rabalhos que inspiraram o projeto de pesquisa “O Adolescente e a Internet”. No lvro, autor propde uma interloeugdo com a psicanae tise: analisa a transico da modernidade & pés-modernidade, demons- trando que a figura do Outro, como um discurso ancoradouro e fun- isto €, 0 Outro da cultura, te sofrido mutagoes importantes que alteram significativamente o modo de constituigio da subjetividade, Para cle, o discurso capi sua asticia e capacidade de renovacio permanente, realizaria uma vyerdadeira antropofagia do espirito, reduzindo corpo e alma aos ob- jetos de consumo, Em suas palavras: dante de uma anterioridade do suc novidade seria a reducao dos espiritos. Como se o pleno de- Agra senvolvimenta da razio instrum priori quanto ao que é verdadeiro ou falso, inclusive o bem ¢ o mal. E bem le esse traco que nos parece propriamente caracterizar a virada igencia smo se ps a servi- ir cabecast solo, 0 discurso fundador do mercado evocando uma ‘sta liberdade e autonomia do sujeito, a0 espalhar-se amplamen- nais € nas teorias pedagégicas, tem con- te nas insti iferagdo as criangas raga nos contedidos transmitidos pelo Arte de Rede Cabegas, 2005, p. 10. Professor em virtude da defasagem simbi consumo de imagens prontas, bem como do s Ao psiquicas fortemente vinew. até mesmo definidoras da modernidade. 0 Seria definido por sua capacidade singular de, por meio da razio, organizar o que é pereebido, estabelecendo relacées e 10s Por meio de categorias racionais. 0 sujelto neurético, warcado Pela culpa, pela divida com o Outro, pelo con! raver e principio de realidade, estaria démodé, 0 compromisso de racionalizacio das pulsbes, de negoci Son 2 lei e como Outro, nao faria mais sentido em uma socieda. de que incita o pra er imediato, que estimula a liberago dos dese- (05. Obviamente uma liberacdo de palsies que nfo se coloca em ra, {aco a Eros, ou a alteridade, mas sim aos vineulos estabelecidos com os objetos fabricados pela indiist ral. Nao haveria mais 5 mediagdo entre o sujeto eo objeto: oinvestimento libidinal noe Obletos de consumo é imediatoe vem associado a promessa de ne isfacdo e de supressio de todas as meiro momento da ito Kantian ntre 05 abje- 'o entre principio de S. Portanto, se em um pri usttializagio destacava-se a explora trabalho operdrio~sob a forma da al iio, a Cnfase recai sobre a exploracdo do gozo do i corre quando a indistria cultural pulsi objetos de se cobra uma taxa de explor © caso da expanso da pornograf observada no contexto da pes 95 jovens, bem como dos games on-line. Obser “irio ~ por exemplo, a narr 3. Ck Dany-Rot 1 pornographic, 209, lo intensg. contribuindo para 0 apac to neurstico D conteviam uma rrativas, que trama social, aparece ouiro¢ ", um novo “Estado” que, a grande sujeito: 0 “divino mercado”, um novo “Estado” q a todos, passando a agenciar as re ensio do mercado advém de uma série de circunstai sapaepaat lo-Nacdo, que ndo mais 0 da soberania do E clas a rlatvizagio " fnerpe empeclios para ole eénlo de capa, junament Stovall tarista que exalta 0 fortalecimento do dis q ai T que = jbretudo a0 gozo. O mercado entra com a promessa de se eos ifagées pulsionais a todos, de- tornar o supremo provedor das oat ain z fo entre economia de mere raticamente. Esta conexio ent H a I tornaria 0 mercado eada vez mais possante, uma nal tornari = nomia pul ver que ela faz, com que cada desejot, que por d os lspci pris deconmmoumcrseene O novo deus, o “mercado”, nio é mais um deus da interdigao; beracdo das pulsdes, pois a marché, Dufour faz uma analised é two do desejo que é 0 fantasma erate, 2007, tersubje: '88 pelo mercado nos coloca diante d “iuiGao subletiva que devem ser cuidadosamente anaieades Dufour sustenta que a preponderincia do mercado assu figura do grande Outro nos processos de Subjetivacao é uma das pen obals caracteisticas da pés-modernidade. No seu ente, “so da terminologia pés-modernidade justifica-se e n decorréncia {lea episteme de nossa época ter seu germe na moder © surgimento do liberalismo no sécuto xv; uma tensao entre cont da m novas formas de cons loa dade, com M1, guardando-se assim luidade e ruptura, Os ideais d lernidade, pouco a pouco, deixam de se financeira para assumir outras econom 4 Prépria economia psiquica, tomando-se mesmo Pensamento totalizante que permeia todas econom simb as esferas da vida’, No contexto da modernidade jé havia um con entre os ideais ‘Tuministas alemies, representados sobretudo por Kant, de um la 0 advogar a regulagio moral, © pensamento anglo-americano de Siro, Postilando que as virtudes moras néo irariam benef io ao peeatesso econdmico,representado pelo pensamento de Adam s Assim, 0 fildsofo observa que, ao instaurar progressivameni Wdo-se 0 goz0 no aq ° e agora, 0 ele proprio o seu desejo, quando, pa- ‘adoxalmente, 6 incitado, de todas as maneiras, ao desmedie ional como forma de li ersas insta educagao; entretanio, é pela in« do potenci + ac Processo ideolégico. Para o autor, nlo se trata tials de acreditarmos que ha um compld de empresirios de nds tia cultural que tém como objetivo red as das p 0as. A situacdo é m: prios empresiios est complexa, & medida que os pro- mersos nessa logica e Ima ampla m 1¢ contribui para fundamentar a cadolégico liberal que vem sendo ica na pos-modernidede 79 [A hipstese de uma nova economia nsiau jostos dominados, uma ve tanto a classe dominante quanto aos supostos d Fue todos, parentement, gozam dos bene Beco cts tets mio pn, S othe ara explicar a propagagao e assimilacao 2 opera 2, bilge, ment e soci pets qual uma Wel se propaga 's evocados sem transmissio de mensagens que no sfo necessariamente traduziveis em palavras, mas que podem se manifestar no corpo, nos habitos, na materi ide ct ae produtos reais e virtuais, nas ours si mane ot e vertical. 0 conceito de transiducdo nao se atém a um duelo sil 7 cioso entre dominador ¢ dominado, como se houvesse uniani essas duas posiges subjetivas: hé um entrelacamento multifatorial eno deveria ser negligenciado. Os seres humanos, at de suns experiéneiasecomplexdade, esto vulnerives&s ideas ai i didas, mas também sao criadores de ideias, que tém maior ou me- nor poder de aderéncia a depender do potencial de gozo, da pro incutidas’. mesa de satisfacaio n Em La cité perverse, liberalisme et pornographi lise sobre o liberalismo econdmico, demons- trando de que maneira as ideias de Mandeville, Sade e Adam Smith Taranr-se grandes lemas da soctedade contemporinea, promo- 6 em todas as esferas da vida, nao Dufour" realiza uma interessante an ta € filésofo escocés que escrevew A rigueza das nacdes, obra pul cada em 1776, em Londres. Nesse livro, Smith" defende que ¢ pessoa deveria poder agir livremente segi esses egoistas, pois uma “mao invisivel” guiaria tudo em direcao ao bem-estar da sociedade. Ainda que o mérit invisive dda concep¢ao da “mao conduzindo todas as ages egoistas ao bem-estar social te- ha sido atribuido a Adam Smith, Dufour assinala que antes dele how- ve outros importantes precursores de ideia: iberais, entre eles Man- deville (1670-1733), médico e fildsofo holandés, que publicou a obra La fable des abeilles (A Fabula das Abelhas), em 1714. Essa historia retrata uma comunidade de abelhas que, a0 dar vazio a todos os seus icios, tornam-se prdsperas, mas, ao observar a moral e a virtude, en- ‘ram em decadéncia. Citemos um pequeno trecho representativo da mento... Eo maior Dufour rev bul para o bem comum’ que Mandeville, além de que se ocupava das “questées da deville observara que alguns sofrimentos psiquicos derivavam da re- Pressio das palxées, como consta em Traité des passions hystériques et hypocondriaques. Mandeville sugeria que a cura da histeria nas mulheres, e da € hipocondria nos homens, estaria na lie beragio do “espitito animal”. E 0 processo de liberacdo nao Jos banhos ou purgagdes, mas sim pela palavra, Por esse motivo, Mandevil ia pe- foi considerado precursor da psica- reracdo das paixdes seria possivel pela fala. . “homem dsofos de sua época, suas ideias se espalharam fortemente pela Europa e América, sendo digno de nota a presenca 10s eseritos de Adam St que cap- avra vicio por self-love, evocando 0 amor prdprio como um ideal de prosperidade’* ciosamente sul Anipétese de uma nova economia psiquica na poxmiauetnives ws pode-se observar semelhangas entre 0 pensamento de Mande- ie, Sade © Adam Smith Os tts apregonm uma sociedade guiada aon snare divin’, eo que havea demas rtural 70 ho » oem seria sua propensdo ao egoismo, as paixdes mundanas, seu ‘or ao poder, sintetizados na difusdo da ideta de que “os vicios pri am “yados fariam a virtude piblica”, Sade revelou que, sob 0 pri de uma democracia liberal, o outro nfo € nada, serve apenas c hjeto de go2o. Assim, cada um deve oeuparse de seu proprio ozo, a natureza se ocupari do resto: é 0 principio do laser faire da na - ureza. Dufour considera Sade um grande profete da cidade perver- sa, pois ele anunciara a indiistria do sexo, em cujo processo de ro ducdo/consumagio nao haveria mais resto, tudo seria passivel de exploragio pelo gozo perverso, ‘Adorno e Horkheimer, em “Excurso II", na Dialética do Esclare- cimento, observaram como os escritores sombrios, entre eles Ma quiavel, Hobbes ¢ Mandeville, tornaram-se porta-vozes de ideais egoistas que emergiam como principio destruidor no capitalismo. Consideram ainda que Sade, com seus textos cortantes, exercera também a funcio de deniincia intransigente dos limites da razio. ‘Aanilise da personagem Juliette, de Sade, realizada por Adorno e Horkheimer, revela de que maneira os vieios passam a ser exaltados as virtudes negligenciadas ou conspurcadas. O arrependimento, a compaixio, 0 amor paterno, 0 amor roméntico, a hondade, todos es- nais de fraqueza do espi tudes, bem eo ses sentimentos tornar-se-iam essas vi Zo instrumental decreta a falén r 1a da familia na condigdo de micleo da sociedade, a qual esti sendo substituida ps Adorno e Horkheimer ob 's vicios privados sfio em Sade, como ja foram em las virtudes piiblicas na era servaram que ia antecipada totalitaria és da vel, 2008, A hipétese de Dufour é de que na América se ®u Por ocasido da crise de 1929, momento propicio. ios libertinos, 0 em nome do selflove. Em segundo lugar, a validagdo das Berversbes ordinérias se daria sob a égide do mercado, disposto a Gilt todo tipo de produto para satisfazé-tas. O sadismo ordinirie ‘Ho Poderia ser difundido por um grande discurso (como, por xen, plo, o ‘mas poderia ser disseminado gens propagadas incessantemente pela in exemplo da ideia do self-made man como u elas pequenas mensa- ria cultural. Ele cita 0 falsa autonomia regi difundida na América 'gacio historica e metapsicolagica da ralismo econdmico, qi ge & economia nem a py nio se restrin- le se embrenha em todas Ele considera que a propagacao ante enraizadas 0s do mercado, Fartindo dessas concepgées, suponho que a indistria cultural 5 fantasias individuais, m acordo com ientacao perversa ny Robert Dufour, op. cf, 2009, 4 propagagio das ideias de Sade 3 econoimiapslauica na pés-modemidade 83 ne cultura ao mal-estar do desejo rncepeiio de economia psfquica esta presente desde as primeiras Bias acerca ao tunclonateaw ment eabbrsta por Freud e S cissoars ona ano ponto de vista econdmico freudia- compa e e € definido por Laplanche e Pontalis como “tudo o que se refere pipstesesogendoa ql os poset priqucs conse ne er repartigao de uma energia quai mento, de dimil ‘i te” escrito em 1915, artigo “Inconscient ; cho gumentos da chamada metapsicologia para descrever o funciona: mento do inconsciente e 0 conjunto de forgas atuantes, observa pouco a pouco fomos levados a introduzir, na exposi¢do enmenos psiquicos, um terceito ponto de vista, além do dindmico ¢ do imico, que procura acompanhar os destinos das quantida- procurou deserever 0 iente (ics), cconsciente (cs), considerando, contudo, a pe sibilidade de que uma ideia pudesse existir simultaneamente em intos, Ressalt -a dos atos les entre 0 mao, ¢ uma palavra derivada do gre- Pontalis esclarecem que lqulea na pés-modernidade 8S ‘Anipotese de uma nova econom| esse termo foi adotado por Freud den; ientifico vinewlado & Patologicas, porém nao “se mais em deserever 05 pene de ate popriamente lugares an los pela cultura, o homem abriria mao de uma 0 de determi *Orias neurolégicas, psicofis Se manteve restrito a elas, Frey jua felicidade. ; ; PS imporinte cboevmos qs busca de edt dept eae tui uma caracteristica especifica dos tempos inicia o debate sobre o mal-estar da cul- idade: s por um funcionamento energético ding “oneepeéo dinamica do aparetho psiquico, ele de do conti pelo homem ndo con: atuais. Freud, ja em 19 tora questionando a busca da isto é, de um constante jogo de forcas ambivalentes, 'Na segunda elaboracto topolégica, conhecida como segunda t6- Pita, iniciada a partir de 1920, conforme aponiam lanche e Pon- Freud avanca na teoria do aparelho psi omens acerca da finalidade da vida (0 que revela a propria conduta dos home: ane aod ite, ue pede ee di E itchaie a felicidade, querem se tornar & eaieayea s. No sentido restrito, « palavra, “Felicidade” se refere ape- rio acertar a resposta: eles busca uma meta positiva e outra ido de libido n: 0 superego, instancia que julga e critica’ ©, por fim, inte esclarecer a a NoGHO ante- nte e que as duas or- ‘4 a Segunda envolva "2B impo Aue esta Segunda eoncepao topoldgica nao el ré-consciente e consci genizagdes se complementam, embor: complexidade entre nas & segunda®, o Se a busca da felieidade esta relacionada ao prazer, sstines @ a busea da felicida r ae , teas vivencias fortes de prazer, a abdicacio de tal finalid ie is forga maior, no caso do medo do abandono e da a a 63 le fragilidade na de protegio e de amor, tendo em vista a condicao de f : H rebento humano nasce. 0 contrato civilizatério demanda do i i ido-as em ai sbes, convertendo- aco de parte de suas pul men ie em troca receba pro- ade 'ento acerca dos aspectos econd- to psiquico, gostaria de avancar economia psiquica e os questionam acerca das mutagdes topold mal-estar da cul mico e topolégico do funcionament no debate sobre uma nova tos "8S, observando a transieio entre 0 2 € 0 que estou chamando de mal-estar do de jo. '4¢40", publicado em 1930, de- inteira soma das realizagdes ¢ ins- indivi idades socialmente cons : tecao d yngéneres, Freud observou, porém, que a fe ie le seus cor a derivada da sublimago é menos intensa do que aquela advin atta represadas. Ora, satisfagdo repentina de necessidades represadas. tivas, para igdese técnica, diferente do uma culture em que ha desenvolvimento dein sentido antropoligico, 4 isfacio direta das pulsdes sexuais, s? Além disso, Freud notou que c tuagio de prazer também sim frase de Goethe: tensidade, recorrendo as- de suportar do q 'uar os paradoxos do prazer, 'o mais incisiva da vida sexual 1a primeira fase da cu escolha objetal incestuosa. Na verdade, ele havi perempt: ia iden ci de ido parental, et tum recénlitoideal de ple dade. Desta © 05 lnpuss agrssvs uma princes gna inerentes aos seres hum: imac red ident que const 'sticulos da pulsdo de morte m Posito sexual. Esta, desvinculada de Eros, poderis i Hs yo tess ia assumir uma fi ‘a freudiana fot al- imento de culpa, o que permi- O sentimento d ‘dade por meio do Supereu, 0 Eu, em decorréncia do medo de ser agred erder 0 amor, seriam a base lento inconsciente de culpa introjecao dos aspect Curioso, es, 6 culpa que é evocada « a do sentimento de do muy A hipotese do uma nove economia pslques ne pée-medernidede 87 jernet vor’ pode fazer tudo o que quiser e ndo se sente culpado” © pra, sea culpa estaria na origem da eivilizacao, o que se passa quan- © do ela ¢ tomada como um mal-estar que deve ser su lo? Qui venciar suas fantasias pr idas te um sinal de que os adolescentes teriam dif de introjetar o Supereu, ou ainda, iante das mudancas socioecondmicas da pos-modernidade, teria- ‘nos um novo tipo de Superey, nao coercivo como d por Freud, tudo? ‘mas um Supereu que desculpabi Lacan desenvolve 0 conceito de Outro como uma instancia que remete 0 individuo & cultura, referindo-se assim a uma estratura sim- bélica anterior ao sujeito e que impée um modo de socializagao, dai sua famosa frase: “O desejo do homem é o desejo do Outro”. Esse Outro a prineipio encarna-se na figura materna, depois na paterna, im sucessivamente nos transmissores desta ordem. 0 Outro lacionado ao complexo de Edipo e a eas maitisculo também esti nterdita 0 incesto. Todavia, Lacan mostra-se sensivel as trans- formagées na sociedade de consumo, observando que esse Outro, i se tornando mais propenso aos imperatives possiveis consequéncias para a constituigao do sujeito 0 Outro na figura materna é inicialmente percebido pela crianga complexo de Edipo, em que se impa ameaca de castragao, espera-se qu lum ser barrado, a quem também falta algo. Nesta condigao a mae é a interdi¢ao do incesto e a ctianga possa percebé-lo como uum terceiro, supostamente o pai. Na triade priméria de desejos am- ite que a crianca se dé cont mente bivalentes e idemtificacdes, de que tanto ela quanto sua mae e pai sio seres inscritos em determinadas leis de uma cultura que os antecede. Retomarei mais detalhadamente a tem Gio da subjetividade no iltimo cay tante ressaltar que a figura do Out do Supereu 25, Jacques Lacan, Esritos, 1998, p. 624, freudian instancias de 'o tem se apresentado na sociedade terdicao pulsional, A esse propésito, Vladimir Safatle of ra como 0 verdadei Pordinea; Goz és-moderna como, capturada pela necessidade de expansio do mercado con: , sustenta que uma Dbservou o que Lacan c jidor. Safatle, apoiando-se na leitura de Bell, sustenta qi imperative do Supereu n Nas palavras de Safatle tresdo do gozo transformou-se na verdadeira mol, pr Stonomia pulsional da sociedade de consumo". Assing ‘ue tal fendmeno fora observado pelos franktu te Marcuse, com 0 conceito de dessublimagaio cando uma forma de instrumental fosse nec 'a Sociedade contem- ; tio “patho ascético & ética do gozo permanente: o crédito. Com o cart © @ adminis. set * dade de gozo é imediata, as pessoas gozam an- 0 0 prazer. também, MOS, especialmen- Tepressiva, impli- 'c80 social das pulsdes sem que cia de consumo, que prove aque inal a dos poders institucional reguladres da economia bin fen indivi ISSA a Ser asse- tarefa de autocontrole é dirigida ao individuo, que p : essério o recalcamento, A passagem de uma economia basea nio, na acumulacio Para uma economia de regulagem 4 uma voraz inchistria de prazeres. Doravante, o mal-estar Bim io deixaria de ser o sacrificio libidinal em prol da cultu- re per a ser o mal-estar dos desejos desmedidos. Obesliate, bulimia, toxicomanias com ou sem drogas, Clerdepenéncis com pulsao por jogos, por sexo, por pornografia, por comps ou P. ores porte fazem parte dos ios do desejo da atualidade ue so destacados por Valleur e Matsyak® no lvro Le désir malade, tum monde libre et sans tabous. Ao se libertar dos grilh6es ins , dividuo bem-adaptado aos ideais de consumo torna-se escra ei es, consumindo a si prdprio. ida na produgdo, no patrim; bens ou na exploragao do trabalho operirig Consumo implicou uma nova significacéo da io j0S do individuo, Por conse- alvo de repressio para vo das pulsdes desenfreadas e sem Ta que o Supereu repressor, p atisfacio dos desejos, era condizente com a gi e produgao quiada pelo ethos protes observara Max Weber. Uma li rificio das mogdes pulsionais ica da sociedade gica econdmica que exigia o sa- mo de crack, 180 dos profissionais da ned 'S em prol da internalizacdo da a0 0 Supereu. Contudo, iedade, progre: le de consumo que Diamte da di ivamente, Passa a se ancorar fhe oheelcmacimet tect sem 29, Mare Valleure e Sociedade de MIS, Ziel Creo: Po 20 a Sa osfica do Pensamento Nontade do sujeito em querer se libertar do vio sem consider : vein it vl 01 ‘que essa “vontade” estaria ha m PO Cooptada pelo tade" estaria hé muito tempo cooptada pelos i ais Gozo absoluto socialmente proferidos, especi Imente na ha s de un tun Supereu extremamente potente, cial exterior e a0 1 ancorado em um aparato so. | eta eOtS 0 mesmo tempo transcendente. Para alem da nin ide an eMC 40 Poder do trtco~ que nao ¢desprentel nt lida em 6 desprezivel, na me- ter connate Suplantao poder do Estado, outa questo que pene contribu : + ie mbuido para assungao de uma droga migica de hin da excitagio ser ica da fel vida peto psicanalist analista fran © pelo psiquiatra bel oe : Iga Jean-Pierre Lebrun’? xa lvr0 0 Homem sem Gravidade, Melman emn ‘um diilogo oud mM, sustenta a hipétese de ( ah que a sociedade contempordi 3 ns “ iempordnea Passando de uma economia da repressio para uma econom died bigdo do gozo, me Diode ses, eum ted sepencspat ns area por un nove ti de enc desperate a meds bjt a ress obj amad agg mEnte0 cy, ein cetera ny a funda o desejo de outras Possibilidades de escoiha, de lum semblant em face da perda do fo. A intey Primeiro objet terdig que clalmente, a escolh: le par. escolha do objeto de satistagao fi suscetivel as Satisfacao fica comprometida e ani onais Pulsionais. Para Melman, esse fracasso esti re 83. Charles Melman, op. et ‘A hipétese de uma nova economia psiquica ne pos-modernigade Yt E - atualmente, nao ocu~ ial legitimado para que possa fazer o corte na re- is se autoriza a ser aquele que \ga do gozo incestuoso tar e privar o contrario, 0 pai “€ convidado a renunciar a sua fun- ar da festa, A figura do pai tornou- “se anacronica”™, sm Um Mundo sem Limite, Lebran® prope uma reflexio sobre os problemas impostos & psicandlise em face das novas formas de estru- ica. Segundo ele, o discurso técnico-cientifico tem con- aco p' yuido para uma imersio do sujeito no mundo imaginério, em detri- se cada vez. mais virtual que tende a to “mento do mundo sim [Acisseminada ilo de que “tudo é possivel" ou “nada é impossivel faz alusio a uma satisfaco plena que impossibilita a confrontagio “com o interdito estrutural do sujeito do desejo. Quem emerge dese teritado, buscando no sim- \s dividas e culpas. 0 novo | proceso ni é mais 0 sujeito ne blico as compensagées para suas falta, sujeito do mundo sem limites carregaria a prevaléncia de tragos per: vvers0s, cujo imagindrio seria sua fragil sustentacao. Sem a interdigdo paterna e a internaliza¢ao da lel, sujeito pés- nento neurético, -moderno no estaria mais ancorado em um funcioné calcado no conflito e na culpa. Em La perversion ordinaire: vivre en semble sans autrui, Lebrun’ descreve 0 neossujeito da pés-moder- hidade como um pseudoperverso, isto é, alguém que se abstém da confrontagao ao regime paterno, que tenta negar a lei mantendo-se fortemente vinculado a uma modalidade de atuacdo perverso-p« 0 pseudoperverso re- lidade de um gozo total. Pode-se 1a, por vezes, como um perverso, em- adaptado as normas sociais, dizer que 0 neossuj bora se mantenha, em certa medid de uma possivel estru 07. de uma nove econamia pslauica na eésrmodernidade YS centrado no mercado e que pulsées perverso-polimorficas Lastéria real economia psi 2 una aproximacdo entre a hipétese de uma nova, | , proposta por Melman e Lebrun, e a critica de Adorno quanto as predisposigies psic ieopoder tecnoldgico e dissimulad .gsa 2 explorar comercialmente io ee 2 .nte disso, tenho desenvolvido a hipétese de que a adesio fe soak ai suas fan- it aa cnet decorre especialmente da manipulagao de st — ral global, que atua icas emergentes a part do capitalismo tardio. Observa que a passagem de uma economia bidinal fundada na repressdo do gozo para a apresentagdo do mes. ‘mo implicaria uma inducdo a perversio generalizada. Diante da fale {a de um referente estavel na sociedade contemporanea, Lastéria considera que “todo e qualquer referente fica prejudicado, e dessa Sorte 0 eu vé-se obrigado a aderir nao mais 8 referéncia ‘deal’, res tando-lhe apenas a referéncia objetal A regressio psiquica, apontada por Melman, e a tendéncia as Perversbes ordinarias,indicada por Lebrun, estariam em consonan- cit com a regressio da cultura, fato jé apontado por Adorno algu- mas décadas antes. Depreende-se desta analise que de fato estamos lante de mudancas na economia libidinal, como aponta Melman, ca, com as mutagdes no Supereu ¢ imento do Eu, como assinalaram Safatle® e Lastéria®. Observarse, assim, que o Eu tem diminuida a sua capacidade de om ganizacio da realidade, de julgamento e de conciliacio pulsional, {enclo em vista que as realidades virtuais e as (teleWisbes oferecem ‘uma configuracdo protocolar de como interpretara realidade. De ou- ‘ro lado, a fineio do Supereu atravessada pelos ideais impostos pela inddstria cultural assume o imperativo do id: goze, impondo ao su- Jeito a adesdo tacita aos imperativos da indiistria cultural como for- ma de pertencimento social. ' Se trata apenas de nos reportarmos a uma falha na fangao paterna instaurando os novos sintomas, como se referem os lacanianos. As novas configuracdes topolégicas parecem decorrem. tes, sobretudo, da substituicio do poder fa Tepresentantes, bem como das instituigdes si : -polimérficas pela Indistia cul ; as perverso-polim ; a seers camades do psquismo, desde amas tenra dade do FC 7 0 hpoinvest- iminaria em un \ vestimento nas tes cu Ero ia 05 objetos de conhe- Grento Ibi es intrsubjetivas e n inal nas reac = © mento . Fireto As excitagdes promovidas no ambiente virtual contrib, io pulsio- "para uma fixagio do adolescente em um modo de satisfacao pul ie | fal caracterisico da sexualidade infant, dfeulando a ets cm iblimagdo dos desejos. 3s processos de stl ra a vida adulta, bem como o : es PP passemas agora A segunda parte do lio, que i door ne .a empitica e seus principais resultados, destacando alguns isa empiri med feces da beret je ove resend 0 qu 5 ove " veem e fazem no eiberespago. ~ mie, pai e seus lizadoras ~ por um Mutagbes Topleas?” em: Fabio 6,

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