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LER O FILME, CONSTRUIR CONCEITOS: O CONCEITO DE VIOLÊNCIA

MEDIADO PELO FILME “ELEFANTE”

Fabricia Teixeira Borges - Universidade Tiradentes (Unit)


Danyelle Natacha dos Santos Gois - Universidade Tiradentes (Unit)
Maria Salete Peixoto Gonçalves - Universidade Tiradentes (Unit)

RESUMO: Este artigo descreve e analisa a construção dos significados de violência


para os professores de uma escola publica mediado pelo filme “Elefante”, utilizando uma
técnica de pesquisa qualitativa, entrevistas individuais semi-estruturada e o grupo focal sobre
o filme apresentado como dados. Obtendo assim, informações de como as relações dialógicas
entre as mídias e os professores entrevistados contribuem para a construção dos significados
em relação ao conceito de violência. Tendo como abordagem a psicologia histórico-cultural,
analisaremos a construção do conceito de violência a partir da linguagem oral e
cinematográfica. O trabalho não só aludiu a importância e o enriquecimento tanto das ações
da educação construtora de uma cultura pautada na educação como forma de socialização,
mas também como posicionamentos do si-mesmo na cultura. Pesquisa financiada pelo edital
universal FAPITEC e pela bolsa IC CNPq a partir do que os docentes entendem por violência.
Palavras - chave: Conceito; Violência; Linguagem.
Abstract: This article describes and analyzes the construction of the meanings of
violence at a public school teacher mediated by the movie "Elephant", using a qualitative
research technique, semi-structured individual interviews and focus groups about the film
presented as data. Obtaining information about the dialogical relations between media and
interviewed teachers, contribute to the construction of meanings in relation to the concept of
violence. With the fundamental approach to historical-cultural psychology, language and
movies, analyze the construction of the concept of violence from the oral language and film.
The work not only alluded to the importance of both actions and enrichment of the education
building of a culture based on education as a means of socialization, as well as positioning the
self in culture. Research funded by the edict universal FAPITEC and IC CNPq scholarship
from what teachers mean by violence.

INTRODUÇÃO

“A leitura do mundo precede a leitura da palavra”. (Paulo Freire)

Um grupo e várias vozes, línguas, linguagens, pensamentos, percepções, decepções,


contentamentos, expectativas, construções, significados, ressignificações, olhares, diversas
leituras, leituras de mundo, temporalidade. A escola, professores, alunos este é o ambiente
inicial onde se desenvolveu nossa pesquisa, com a perspectiva da construção coletiva do
conceito de violência com professores em uma escola pública da periferia de Aracaju-SE,
tomando como base a abordagem histórico-cultural Vigotskiana. O estudo desenvolve uma
analise sobre a construção do conceito e significados de violência para os professores.
Entendemos que ao assistir a um filme e compreendê-lo como um processo de leitura está
articulando conhecimentos, diálogos e ideologias de um grupo.
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MEDIADO PELO FILME “ELEFANTE”

Fabricia Teixeira Borges - Universidade Tiradentes (Unit)


Danyelle Natacha dos Santos Gois - Universidade Tiradentes (Unit)
Maria Salete Peixoto Gonçalves - Universidade Tiradentes (Unit)
A pesquisa realizada foi financiada pelo edital universal FAPITEC/ FUNTEC -
06/2009 e pela bolsa IC CNPq, os participantes foram 04 professores de uma escola
localizada em Aracaju, os quais discorreram sobre o conceito de violência, situações de
agressões tanto físicas como verbais vivenciadas pelo docente.
Desenvolvemos o estudo da construção dos significados de violência para os
professores, através de entrevistas individuais e o filme elefante apresentado aos participantes
e o grupo focal sobre o filme.
Para tanto utilizamos como referencial teórico a teoria psicológica histórico-cultural
de Vigotski, Luria e Bakhtin, articulando os aspectos do pensamento e da linguagem e
teóricos do cinema e os mecanismos de leitura de um filme. Vigotski (1993) classifica a
linguagem como procedimento de abstração e generalização que liberta o pensamento do
contexto perceptual imediato, tornando o individuo capaz de fazer uso de suas funções
psicológicas, reestruturando a sua ação consciente.
A representação do mundo em palavras possibilita pelo menos uma duplicação do
mundo, uma concreta e uma abstrata. (Luria, 1987). Como sabemos que a linguagem, como a
fala, medeia todas as nossas relações, o mundo é entendido através de uma leitura simbólica
providenciada por palavras e conceitos. Segundo Vigotski, o processo de construção de
conceitos passa por três fases básicas, que estão divididos em vários estágios. Durante os
primeiros estágios de desenvolvimento a criança “agrupa alguns objetos numa agregação
desorganizada ou amontoada” (Vigotski, 1993, p.51). Este período é particularmente marcado
por não ter nenhum principio norteador deste agrupamento de objetos, há o predomínio da
percepção infantil. Neste momento o que prepondera é a subjetividade dos objetos.
A segunda fase do processo de construção de conceitos se refere ao que Vigotski
(1993) intitula de “pensamento por complexos”, que é uma composição de objetos isolados
associam-se na mente da criança não apenas devido às relações que de fato existem entre
esses objetos. Neste exato momento podemos observar uma alteração na forma de
pensamento, tornando-se este mais avançado. A criança consegue aqui ultrapassar sua
subjetividade dando lugar as impressões e relações objetivas das coisas. “O pensamento por
complexos já constitui um pensamento coerente e objetivo, embora não reflita as relações
objetivas do mesmo modo que o pensamento conceitual”. (Vigotski, 1991, p. 53). Nesta fase
do processo se inicia certa organização, agrupando os objetos tendo um propósito, de forma
relacional, os objetos agora já não estão mais isolados entre si. “Em um complexo, as ligações
entre os componentes são concretas e factuais e não abstratas e lógicas.” (Vigotski, 1989, p.
53). Assim o complexo é um reunir definido de objetos unidos por ligações factuais. Sendo
essas ligações consequentes da pratica determinada, imediata, acatando uma logica ligada aos
fatos presentes, levando a união de elementos.

No período final denominado Complexo de Pseudoconceito, que é o período mais


próximo da construção de conceitos, visto que nesta fase a criança possui capacidade de
domínio da linguagem verbal, porem não raciocina de forma conceitual, ou seja, emprega o
instrumento verbal, mas neste momento ainda não possui desenvolvimento dos significados,
os conceitos das palavras empregadas.
Trataremos agora da terceira fase pesquisada por Vigotski (1993) que estabelece uma
segunda consideração do processo, onde o autor observa que o movimento inicial da criança
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dar-se rumo à abstração, quando a mesma agrupa objetos que possuam o que ele chama de
“grau máximo de semelhança” entre si, este estágio é permutado pelo “agrupamento com base
em um único atributo” essas concepções são decorrentes dos verdadeiros conceitos chamados
por Vigotski (1993) de “conceitos potenciais”. Os conceitos potenciais podem ser formados
tanto na esfera do pensamento perceptual como na esfera do pensamento prático, voltado para
a ação com base em impressões semelhantes, no primeiro caso, e em significados funcionais
semelhantes no segundo. (Vigotski, 1993).
Para Vigotski, um conceito só será construído quando os traços abstraídos são
recapitulados, resumidos novamente, e este resumo tornar-se-á o principal instrumento do
pensamento. Através de experimentos o autor nos deixa claro o importância fundamental e
decisivo da palavra na formação do conceito. “O papel decisivo nesse processo é
desempenhado pela palavra” (Vigotski, 1993, p. 68). Desta forma pretendemos aqui
estabelecer relações entre o que a literatura histórico-cultural afirma especialmente sobre a
construção de conceitos, especificamente em nossa pesquisa a construção coletiva do conceito
de violência para professores mediada pelo filme “elefante”.
“O cinema é uma forma de produção artística, sendo assim, os filmes são ferramentas
culturais também capazes de influenciar na construção dos significados que as pessoas criam
sobre si e sobre o mundo. São inegáveis as relações que se estabelecem entre espectadores e
os filmes, e que têm caráter educativo. Desde que houve a popularização do cinema, e
posteriormente dos filmes assistidos em casa, ver filmes tornou-se uma prática social
importante na formação cultural e educacional do individuo” (Borges 2008, p.22). Tendo este
ponto de vista, desenvolvemos, assim, um trabalho que analisa o conceito de violência em
professores a partir dos significados construídos ao longo da realização do estudo por
professores do ensino fundamental de uma escola de Aracaju-SE.
A escolha do filme deu-se por abordar o conceito de violência na escola e a ação do
educador frente a esta situação. O filme apresenta histórias de personagens que vivem
realidades e agressões diferenciadas. Verbal ou física as agressões acontecem em um mesmo
local: a escola. Organizado em uma linguagem não linear, com pausas e retrocessos, conta um
fato que aconteceu nos Estados Unidos Na “Columbine High School” mostrando a
intolerância e a agressividade desta comunidade.
Destacando a ausência da família na vida de determinados alunos o filme pontua a
dificuldade de diálogo de pais e filhos. O filme é uma sucessão de imagens paradas que,
apresentadas em rápida sucessão de tempo, provocam a ilusão de ótica do movimento. Bem
mais do que uma ilusão de ótica, pode-se dizer de uma ilusão da vida, porque este mecanismo
pode provocar no espectador a comparação de sua vida ou de vivenciar a história
desenvolvida pelo enredo do filme como sendo sua.
Ouvimos muito falar de violência na escola, nos jornais em televisão nas mídias, mas
ao assistir a um filme remontamos passo a passo uma história e mergulhamos em um conjunto
de informações organizado em uma linguagem específica, a do cinema, e que nos faz sentir
como se estivéssemos no momento de cada ação. O cineasta russo Eisenstein dizia que os
filmes têm a missão de fazer seu relato não apenas com coerência e lógica, mas, sobretudo,
com o máximo de emoção. E o filme Elefante traduz esta mensagem.
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Quando Bernardet (2004) define cinema, destaca que o que impressiona é a sua
semelhança com a realidade representada. O que faz do cinema uma forma de espetáculo é a
sua semelhança com o real, ou seja, a sua não-espetacularidade. O que faz um meio de
espetáculos é a forma de contar o que não deveria ser espetáculo de um ponto de vista
cotidiano. Sua história começa com a possibilidade da reprodutividade do real e não com a
história ficcional; em outros momentos, é a sua possibilidade de contar o cotidiano como uma
ficção que marca sua expressividade moderna. Enfim, é esse misto de realidade que se
transforma na ficção e vice-versa que faz o cinema.” (B0rges 2008, p.03).
O autor destaca o cinema como a arte do real. “Não era uma arte qualquer.
Reproduzia a vida tal como ela é - pelo menos essa era a ilusão" (Bernardet, 2004, p.15).
Cabe ressaltar, porém, que a "imagem cinematográfica não reproduz realmente a
visão humana" (p.17), se diferencia em cores, formas e perspectivas, mas o que está em jogo é
o poder que o filme tem de garantir aos espectadores o convencimento de que estão em frente
ao "movimento da vida", como coloca o autor: a vida também é uma ilusão.
Dessa forma através da assistência do filme analisamos a construção do conceito e
significados de violência para os professores. Sabemos hoje que a violência acontece em
vários âmbitos não só na escola, mas nas ruas, em casa, enfim está presente em diversos
lugares. A discriminação racial, a diversidade cultural, temas bastante abordados no filme, é
considerado também um ato de violência onde muitas pessoas perdem suas vidas, tanto no
aspecto físico como no social por causa deste tipo de violência. A segurança, contrapondo a
idéia de violência, para o ser humano carrega consigo uma série de significados.
Segurança está ligado à preservação da vida, mas também do lugar conseguido em
uma sociedade em que a luta se caracteriza, muito mais pela conquista de bens e valores do
que pela sua possibilidade de viver em coletividade de uma forma harmoniosa.
Para Peralva (1995), a definição de violência não é uma tarefa fácil, ate porque na
própria teoria da violência, não se encontra resposta satisfatória, no sentido a contemplar
todas as variáveis que contribuem ou interferem para a prática da violência. Ainda que seja
difícil definir violência, ela é sentida cotidianamente. Nos relatos individuais, nos noticiários,
na sensação de fragilidade que assusta cada vez mais o país e o mundo. Se no Brasil, justifica-
se a violência pela falta de políticas públicas eficazes para combatê-la ou pela diversidade
econômica vivida no país, em outros lugares, outras causas se evidenciam, como a luta pelos
territórios, a luta política ou a religiosa.
O que objetivamos em nosso trabalho
Nosso trabalho teve como objetivo identificar e analisar o conceito cotidiano de
violência em professores a partir dos significados construídos em entrevistas individuais e por
filme que apresente situações de violências em escolas.

Como fizemos nosso estudo?


Estabelecemos o primeiro contato com a Instituição Pública de Ensino fundamental
do 1º ao 5ºano, com uma das Coordenadoras pedagógicas, a quem expomos em linha geral a
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proposta da pesquisa em seguida agendou-se uma data posterior para apresentarmos a todo
staff da instituição o projeto de pesquisa na integra.
A pesquisa teve como participantes 04 professoras (Marta, Rosa, Margarida e
Valeria), de uma escola da periferia da cidade de Aracaju-SE, que aderiram à pesquisa
voluntariamente. Para realização da mesma utilizamos os seguintes materiais: 03gravadores,
uma câmera filmadora e o DVD do filme “Elefante”. O ambiente onde transcorreu a pesquisa
foi na própria Escola que aqui denominaremos de “Escola Diamante”, onde utilizamos para
assistência do filme a sala de vídeo contendo cadeiras e carteiras escolares, TV “29” e
aparelho de DVD.
Nesta pesquisa utilizamos a metodologia qualitativa para construção dos dados
baseadas nos pressupostos histórico-culturais e do dialogismo, envolvendo os processos de
construção do conceito de violência, usando entrevistas semiestruturadas individuais com os
professores onde estes discorreram sobre o conceito de violência e historias de vidas onde
essas foram gravadas, as entrevistas transcorreram em cerca de vinte e cinco minutos cada
uma delas, logo após fizemos a assistência do filme Elefante, O filme apresenta histórias de
personagens que vivem realidades e agressões diferenciadas.
Organizado em uma linguagem não linear, com pausas e retrocessos, conta um fato
que aconteceu nos Estados Unidos Na “Columbine High School” mostrando a intolerância e a
agressividade desta comunidade. Destacando a ausência da família na vida de determinados
alunos o filme também pontua a dificuldade de diálogo de pais e filhos todos os fatos
acontecem em um mesmo local: a escola. Logo após a assistência do filme desenvolvemos o
grupo focal coordenado pelas pesquisadoras. A análise dos dados foi feita a partir da
transcrição das entrevistas individuais gravadas, os gravadores foram estrategicamente
posicionados em diferentes locais da sala.
As gravações totalizaram aproximadamente 1h. Todas as entrevistas seguiram a
mesma metodologia de análise, utilizamos a análise temática por meio da análise dialógica da
conversação adaptada à psicologia (Myers, 2000; Pentecorvo, Ajello & Zuchermaglio, 2005).
Inicialmente, foi feita a transcrição literal das entrevistas. A partir das transcrições foram
identificados os temas desenvolvidos nos turnos de fala, as alternâncias das falas dos
componentes do grupo e os subtemas que melhor caracterizam cada etapa do discurso. Foram
construídos os mapas de significados onde conteve as relações das interações linguísticas que
evidenciaram o conhecimento construído pelo grupo. Após a análise temática das entrevistas,
foram selecionados alguns episódios da conversação e foi feito análise dos diálogos com o
objetivo de analisar o processo de construção dos significados durante as entrevistas.

Entrelaçamento de linguagens: cinema e narrativas sobre a vida

O Grupo Focal ocorreu na sala de vídeo da instituição onde desenvolvemos o estudo.


Para desenvolvimento do (GF) 1 os professores se acomodaram nas cadeiras que estavam
estrategicamente dispostas em forma de “U” pelos pesquisadores, para que a câmera

1
GF - Grupo focal é um grupo de discussão. Nesta pesquisa te o propósito de construir os significados coletivos
do conceito de violência de professoras em uma escola da rede pública.
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filmadora atingisse todos os ângulos necessários para a filmagem, ou seja, para que
pudesse filmar todos os participantes do grupo, para que posterior análise dialógica da
conversação fosse desenvolvida eficazmente identificando percepções, sentimentos, atitudes e
ideias dos participantes a respeito do conceito de violência. A moderadora conduziu várias
perguntas ao grupo estimulando a discussão e proporcionando a interação dos participantes.
Percebemos através da filmagem que as professoras expressaram suas opiniões sobre
a mídia apresentada como também fizeram relação da violência com as suas histórias de vida
pessoal e profissional, indo e vindo de fatos passados e presente. Alguns participantes do (GF)
se posicionavam em alguns momentos sobre determinados aspectos da discussão e em outros
momentos silenciavam expressando uma reavaliação e em momentos seguintes abordavam o
mesmo assunto, mas agora com outro posicionamento. Assim, percebemos os aspectos
valorativos e normativos do grupo, bem como os significados para a construção dos conceitos
de violência. Logo, construímos o mapa de significados contendo as relações das interações
linguísticas que evidenciam o conhecimento construído pelo grupo.
Segundo o objetivo do trabalho “analisar o conceito cotidiano de violência em
professores a partir dos significados construídos em entrevistas individuais e por filmes que
apresentam situações de violência em escola”, podemos perceber através das entrevistas e
discussão no (GF) após a assistência do filme. Foram feitas as transcrições das narrativas e
foram definidos os temas e subtemas que estavam articulando a narrativa de cada momento
dialógico, a partir dai foram construídos os mapas dos significados e assim analisando as
relações das interações verbais que evidenciaram o conhecimento construído pelo grupo.

Os significados construídos pelos professores foram organizados em três grandes


tópicos: Mídia, Família, Professor/aluno – de acordo com o mapa semiótico construído a
partir das análises das falas do (GF). Os temas encontrados nas analises do (GF), revelam os
significados que participam da construção do conceito de violência em professores durante as
discussões sobre o filme. Abaixo o mapa semiótico construído a partir dos temas das
conversações no grupo focal.


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• Mídia: a suas influências e semelhanças na construção do conceito de violência: Vida


real X fictício

O filme foi uma das mediações da construção do conceito de violência neste


trabalho. A mediação é toda intervenção de um terceiro elemento que possibilite a interação
entre os termos de uma relação. (Vigotski, 2000, p.38)

O primeiro questionamento direcionado ao grupo foi o que acharam do filme, e nas


falas ficou representado por: uma rejeição ao filme, a angústia, semelhança do filme com o
caso de Realengo2. Essas representações foram identificadas nas falas transcritas e analisadas,
explicitas na seguinte afirmação:

Eu condeno esse tipo de filme é uma coisa que me angustia muito com o
propósito de vê morte eu nem assisto, então eu condeno e acho que não
deveria existir filmes de violência porque mentes fracas eles copiam.
(Professora Marta)

Essas representações do filme para a professora citada acima trás consigo um


significado que ao assistir o filme vai estimular a criança a praticar uma ação de violência.
Não vê a pratica de assistir filme como um pratica cultural e como uma possível construção
do conhecimento. Através das analises do mapa semiótico podemos perceber as interações
dialógicas no grupo e os diversos posicionamento. Através das analises dos mapas
identificamos que a professora Rosa coloca mais alguns fatores que pode influenciar a
criança.
Eu acho que num é só uma questão do filme porque hoje em dia os desenhos
da criança estão tudo com violência... Ate nem pela maldade em si acha
aquilo bonitinho ai quando vai crescendo já vai se acostumando com isso.
(Professora Rosa)

O processo de mediação auxilia a criança na utilização de suas operações mentais,


possibilita a aquisição e o uso dos signos e instrumentos sociais, criando novas modalidades
de pensamento. É preciso ter claro que, ao se deparar com conceitos desconhecidos,
cientificamente elaborados, a criança se atém aos conceitos já formados e internalizados
buscando aproximá-los entre si, ressignificá-los.

Já a professora Valeria usa o filme como um mediador para uma construção do


conhecimento, mas que só poderá ser utilizado em outras instancias e não nas escolas,
explicita na afirmação:


2
O caso de Realengo foi um ato violento ocorrido em 07 de abril de 2011 no Brasil em uma escola do Rio de
Janeiro onde um homem invadiu a escola armado com dois revolveres e começou a atirar contra os alunos,
matando doze deles, com idade entre 12 e 14anos.
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Eu acho que seria um filme totalmente inadequado pra uma faixa etária ate
adolescência eu acho um filme pro curso de formação de professores ou pro
trabalho acadêmico como vocês estão fazendo é uma coisa né?
(Professora Valeria)

Ela não concorda que o filme seja utilizado como um instrumento de mediação de
aprendizagem para o aluno, pelo o fato do filme conter cenas de violência, mas não percebe
que no filme tem vários outros aspectos a serem trabalhados, tais como: As diversas relações,
professor-aluno, professor-família, aluno-aluno, comunidade, sistema escola dentre outros.
Na seqüência das analise detectamos que a professora Marta construiu, pois ela cita
acima que o filme irá influência a ação da criança e no decorre da analise ficou explicito na
fala da mesma que:
Se a gente volta pra esse filme aqui a gente vê que o que leva o aluno a
pratica esses atos de violência é o que eles já trazem de lá de fora então é do
nada ah eles fez esse menino tão bem comportado né? É aquele calmo é
aquele sereno aquele tranquilo. (Professora Marta)

Para Bakhtin (2004), o nosso discurso é composto do eu e dos outros, pois, estamos
repletos pelas diversas vozes, será sempre ou eu e as várias vozes nos constituindo nas
interações sociais.
Mais adiante com as relações dialógicas a professora Marta relata ter medo que o
aluno se identifique com os personagens do filme e pratique o ato de violência contra o seu
próprio professor:
Ai faz medo é numa hora dessa é uma criança dessa assiste um filme desse
pensa e programa ah menino de cinco anos matando o professor né?
(Professora Marta)

• Família: a contribuição para a construção do conceito de violência. Falta de limites e


família do Brasil X família EUA

A falta de limites dos filhos foi um dos temas mais recorrentes na fala dos
professores a formação familiar é fundamental para o desenvolvimento comportamental da
criança, gerando ou não ato de violência, pois a criança imita o adulto em algumas fases do
desenvolvimento humano. No entanto fica explicito na fala da participante:
...extremamente preconceituoso mais e so são valores que ele traz de
casa [ ] porque quando você vai conversar com ele já tem opinião
formada (Professora Valeria)
“Na criança em desenvolvimento, as primeiras relações sociais e as primeiras
exposições a um sistema linguístico (de significado especial) determinam as formas de sua
atividade mental". (Luria, 1994, p.23). Durante o desenvolvimento infantil desde o
nascimento, a criança está em contato com produtos historicamente construídos pela
sociedade, através da interação com o meio a criança estabelece relações com objetos
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mediados por adultos, sendo a linguagem o mais forte instrumento mediador de análise da
realidade e de suma importância para o desenvolvimento conceitual do indivíduo, por ser a
palavra uma generalização que constitui segundo Vigotski um ato verbal de pensamento.

Família do Brasil VS família EUA


A partir da assistência do filme no grupo focal as participantes relataram que o
modelo família apresentada no filme transcorrido no EUA é muito diferente do Brasil, pois
alegam que nos EUA não há de fato uma relação entre pais e filhos que é colocada na fala das
professoras, em relação ao filme:
Esses casos acontecem muito né em vários colégios lá então a família é
como se pequeno ele tivesse tem um certo cuidado mais chega um ponto que
eles não sustentar aquele grude a gente tem uma historia diferente de família
então eles chegam nessa idade e cada um tem eu tomar seu rumo e eles
ficam muito distantes num tem assim eu vejo muita diferença a família no
Brasil por exemplo ela ainda tem um laço muito grande (Professor
Margarida)

Para Vigotski (1993) o a adulto é um mediador no processo de desenvolvimento da


criança apropriando-as do conhecimento através de instrumentos.

• Relação Professor -Aluno

O que foi relatado pelas participantes é que o professor é visto na sociedade como o
salvador tendo que prever e solucionar os problemas dos alunos que muitas das vezes não é o
seu papel. A crença de que para ser um bom professor é necessário apenas gostar de ensinar,
não é o suficiente. De acordo com Libâneo (1994) partindo do senso comum algumas pessoas
pensam que o desempenho satisfatório do professor na sala de aula depende de vocação
natural ou somente da experiência prática, descartando a teoria. No entanto as entrevistadas
são todas formadas e tendo assim uma pratica pedagógica, mas ficou evidenciado nas
falas que é necessários outros profissionais para que haja um progresso no ambiente escola
explícita na afirmação:
A gente num tem tempo nem tempo nem experiência de um psicólogo ou de
um assistente social num adianta eu entrar na sua área não psicopedagogo
num pode entra na área do psicólogo não psicopedagogo ta ali pra descobre
os problemas de estudo e o psicólogo pra trabalhar o emocional muitas das
vezes a gente faz esse papel certo ou errado mais voluntário a gente tenta
entendeu a agressividade a gente consegui dessa maneira a gente consegue
resolver e ate a questão tenta (Professora Marta)

Fato como estes citados fazem com que os professores se constranjam ou se sintam
agredidos, o que é uma violência por não pode ajudar o solucionar uma dificuldade do aluno.
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...eu fico assim com a consciência eu num sei se é consciência mais assim
que eu pude fazer ate aonde eu não pude fazer por que entendeu? Existiria
teria que ter o que mais teria que ter um apoio psicológico que eu não pude
dar eu não tenho estrutura pra isso eu não tenho conhecimento (Professora
Margarida)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em suma, o presente estudo sublinha a importância de se considerar as relações entre


o que a literatura a partir de um ponto de vista da psicologia histórico-cultural afirma sobre a
construção de conceitos, em nosso caso o conceito de violência para professores. O filme
participa como um instrumento de mediação semiótica para a construção deste conceito, como
um produto cultural, pois através dele os professores construíram os significados de violência,
não apenas percebendo como uma agressão física ou verbal entre alunos e professores, mas
em relação a seu posicionamento de professor, questionando também o respeito a essa classe
de profissional. Apesar de o filme ter sido produzido em outra realidade, a dos EUA, as
participantes se identificaram e se compararam fazendo parte de cada ação das personagens,
possibilitando, através da interação dialógica, criar novas estratégias para atuarem em sala de
aula para relação entre professor-aluno, família e escola. O filme, então, propiciou aos
professores dialogarem com outras facetas do conceito de violência e, a partir de suas
comparações com as situações vividas e compartilhadas no grupo, reorganizaram novas
formas de entender a violência, trazendo para si e para os outros do grupo uma tomada de
consciência sobre a violência na escola.

REFERÊNCIAS:
MARRA, Célia Auxiliadora dos Santos. Violência Escolar.1ºEdição.São Paulo: 207.
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 11. ed. SãoPaulo: Hucitec, 2004.
BERNARDET, J-C. O que é cinema. São Paulo: Brasiliense, 2004
BORGES, Fabricia Teixeira. Olhares de Mulheres: um estudo a partir do filme janela da
alma. Maceió: EDUFAL, 2008
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. – (Coleção magistério 2º grau.
Série formação do professor).
LURIA, Alexander Pensamento e linguagem: as últimas conferências de Luria. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1987.
VYGOTSKY, L.S. ; LURIA, A.R. e LEONTIEV, A.N. Linguagem, Desenvolvimento e
Aprendizagem. São Paulo ; Ícone, 1989.
VIGOTSKI, L. A formação social da mente. São Paulo, Martins Fontes, 1989.
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Danyelle Natacha dos Santos Gois - Universidade Tiradentes (Unit)
Maria Salete Peixoto Gonçalves - Universidade Tiradentes (Unit)
___________. Psicologia da Arte. São Paulo, Martins Fontes, 1998.
___________. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
___________. Psicologia pedagógica. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
PONTECORVO, C., AJELLO, A.M. & ZUCCERMAGLIO, C. (orgs) (2005). Discutindo se
aprende: interação social, conhecimento e escola. Porto Alegre: Artmed.
SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying:mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2010

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